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A importância do coordenador pedagógico no Ensino fundamental II

Resumo

Este artigo visa elucidar os pontos principais relacionados a atividade de coordenação


pedagógica dentro do ambiente educacional, em especial com o nicho do Ensino
fundamental II, fazendo com que os docentes possam compreender as principais
atribuições por parte da escola, utilizando como ponto primordial seu papel dentro do
ambiente escolar, a fim de agrupar de maneira positiva todos os envolvidos no processo,
fazendo com que o conhecimento seja compreendido de maneira clara tanto pelos
professores, bem como por todos aqueles envolvidos no âmbito escolar. Compreender e
analisar sobre a forma como as práticas pedagógicas são distribuídas aos professores e,
por consequência, em seu ambiente de trabalho. Trabalhar com pesquisa é algo que
demanda um investimento amplo de tempo e conhecimento, principalmente porque é
indispensável que o pesquisador desenvolva um senso crítico, o que permite ao mesmo
uma maior reflexão para que no momento de exercer seu papel de coordenador
pedagógico na prática.

PALAVRAS-CHAVE: Coordenação Pedagógica, Projeto Político Pedagógico.ensino


Fundamental II

Introdução

Um animal age por instinto, um ser humano age de acordo com a


maneira que foi educado. Sendo assim, o homem é o único capaz de passar pelo
processo educacional de forma racional, absorvendo conhecimento. Nas palavras de
Saviani (1980, p.17), a natureza da educação só pode ser compreendida a partir da
análise do comportamento humano. Diferentemente dos demais animais que possuem a
capacidade de se inserir e desenvolver diante de realidades diversas, assegurando a
perpetuação da sua espécie, o homem se encontra em processo constante de construção.
Para tal, o ser humano faz com que a natureza se adapte a ele, trazendo assim mudanças
constantes. É o desenvolvimento deste processo que faz com que o homem se eduque e
também se humanize. Sendo assim, é possível concluir que o objetivo principal da
educação é humanizar o homem. Porém, este processo passa a ser construído antes
mesmo do indivíduo adentrar em uma instituição de ensino, recebendo influência de
fatores internos e externos aquela pessoa. Por estas razões, é importante fundar a
educação em princípios éticos, ensinando sobre respeito e dignidade, o que permitirá
que aquele indivíduo desenvolve sua capacidade de compreender-se como como sujeito
histórico-cultural (SAVIANI, 1980).
Veiga (1995) afirma em seu texto Projeto Político-Pedagógico da Escola: uma
construção coletiva, que o projeto político-pedagógico deve contar com aquilo que a
instituição de ensino realmente deseja implementar e desenvolver, afinal, é este projeto
que será o responsável por guiar o processo educacional como um todo. Ou seja, o
projeto não é apenas uma formalidade burocrática, mas sim, um projeto importante, que
assume contornos amplos e que devem nortear tal instituição. Na visão da autora, todo
projeto pedagógico envolve uma parte politica, afinal, ele é desenvolvido a fim de unir o
compromisso sóciopolítico com os interesses reais e coletivos dos envolvidos naquela
comunidade. A parte política é íntrinseca a este tipo de projeto, uma vez que trata-se da
formação de um cidadão que será inserido em uma sociedade. (VEIGA, p. 13).

A partir deste cenário, a forma como o coordenador pedagógico exerce sua função está
ligada a maneira como ele intervém no sentido de qualificar o trabalho do corpo docente
da instituição. Essa qualificação contém relação direta a inserção no plano de formação,
o que é primordial para gerar professores com pensamento crítico e reflexivo capazes de
desenvolver seu trabalho da maneira esperada (Perrenoud, 2002, p. 169).

Diante disso, este trabalho busca aprofundar a análise sobre as atitudes pertinentes a
função do coordenador pedagógico dentro do âmbito escolar. Um dos pré-requisitos
principais para este trabalho é o amplo conhecimento a respeito daquilo que é sua real
responsabilidade. A princípio, o foco principal será desenvolver o perfil profissional
com o intuito de descobrir quais são os conhecimentos indispensáveis, a partir daí, é
preciso aprofundar-se para descobrir como a formação do coordenador pedagógico é
capaz de agregar na identificação e superação das dificuldades e desafios que ele irá
encontrar para desempenhar sua função e ainda pontuar e avaliar como é possível
identificar os percalços e desafios que surgem em seu cotidiano, identificando as razões
que os colocam em pauta. A forma como o coordenador pedagógico atua tem trazido
questionamentos, em especial como ele classifica a qualidade do trabalho dos
professores. Perrenoud (2002, p. 169) pontua que só é possível ter um corpo docente
crítico e reflexivo sem a atuação do coordenador pedagógico. É ele o responsável por
encontrar as competências adequadas a fim de atingir os objetivos propostos. Com isso,
compreende-se que a meta principal do coordenador pedagógico consiste em superar
desafios, o que o autor reitera que são inúmeros. Portanto, avaliar as atitudes do trabalho
do coordenador pedagógico, permite que seja possível perceber quais são os
conhecimentos primordiais para melhor desenvolver tal função, evidenciando assim
como este profissional pode contribuir mais intensamente, bem como sobrepor-se diante
das dificuldades que terá que enfrentar em seu ambiente de trabalho.

Este presente trabalho busca especificamente aprofundar-se na atuação do coordenador


pedagógico nas escolas públicas e particulares do munícipio de Cambé. Paratanto, foi
desenvolvida uma pesquisa bibliográfica a respeito do tema, juntamente com uma
pesquisa de campo, a fim de proporcionar uma base para melhor avaliar o espectro de
atuação do coordenador pedagógico. Este estudo tem está pautado em uma abordagem
qualitativa, onde o material coletados em encontro com os coordenadores pedagógicos,
servirá como base teórica para este trabalho. Cabe ressaltar que, através desta pesquisa,
se tornará mais fácil promover uma discussão acerca do tema, uma vez que os dados são
coletados diretamente com os sujeitos da pesquisa, envolvendo questões de referência
teórica e prática.

A partir daí, acredita-se que seja mais simples provocar a reflexão do coordenador
pedagógico acerca de sua posição, lembrando-o sempre da necessidade de atuar de
maneira democrática e ética, principalmente quando envolve a administração de
conflitos já presentes nas relações interpessoais, colocando como prioridade a inovação
do processo de aprendizado, através de uma prática inclusiva capaz de estimular os
agentes da educação a contribuírem. O coordenador pedagógico é formado em
pedagogia, na maioria dos casos sua especialidade está anos iniciais do Ensino
Fundamental (no processo de escrita e leitura, compreensão matemática, orientação
educacional ou teorias do aprendizado, em outras palavras, em um sentido mais amplo).
O professor do Fundamental 2 é focado em uma determinada área do conhecimento
específica do currículo. Na maioria das vezes, ele é o único com conhecimento sobre
aquele tema na instituição de ensino. Por esta razão, em muitos casos os professores se
sentem em conflito com a presença do coordenador pedagógico, contudo, esta
insegurança não é uma via de mão única, uma vez que, em muitos casos, o coordenador
também se sente inseguro, pois acredita não ter conhecimento amplo sobre aquele
assunto, o que por vezes, acaba minando sua autoridade para lidar com questões que
tangem a relação com o professor especialista. Em contraponto, este professor é tomado
por um sentimento de isolamento, pois não há a presença de outros profissionais com os
quais ele possa conversar e refletir sobre suas experiências. E esta é uma discussão
ampla e que ocorre frequentemente no cotidiano escolar, que permite discurir de
maneira concreta o real papel e responsabilidade do coordenador pedagógico.
2 Referencial teórico

2.1 A historia do coordenador pedagógico

Para entender de forma mais ampla e completa a função do coordenador


pedagógico dentro do ambiente escolar, é indispensável compreender que assim que o
sistema escolar foi concretizado, ainda que não houvesse a função do coordenador
pedagógico, as funções pertinentes a este cargo já existiam, porém não havia este nome
para tal trabalho. Nas palavras de Foucault (1987), no período da Idade Média, o
indivíduo responsável por este tipo função exercia um trabalho relacionado à vigilância.
De acordo com o âmbito social daquele tempo permeado por muitos costumes ligados à
moralidade e a punição diante de qualquer tipo de manifestação dos alunos, em especial
aquilo que tangia temas como sexualidade ou qualquer tipo de demonstração de afeto
público entre alunos, ou ainda a prática de atos obscenos. Em suma, a ideia era manter o
controle sobre os estudantes, aplicando punições de acordo com o que foi estabelecido
no regimento da escola.

Para Foucault (1997), a premissa se baseava na ideia de que a disciplina, se levada ao


extremo, era capaz de produzir docilidade e eficácia, por meio da domesticação e dos
bons costumes ensinados. Em sua visão, aplicar uma punição não era o suficiente, era
indispensável vigiar, aplicar correções, educar quantas vezes fosse preciso, pois assim
era possível organizar o tempo e o espaço, bem como desenvolver novas técnicas para
vigiar.

No século XIII surgem às escolas municipais de nível elementares, que consiste


nas instituições pioneiras dentro de um sistema de ensino e ao com o passar do tempo,
nos séculos XVII e XIX, a supervisão passa a ser vista como uma função de inspeção, e
como este trabalho exigia apenas observação podia ser exercido por pessoas sem
nenhum conhecimento específico. O supervisor era quem exercia a função de inspetor e
seu trabalho estava mais relacionado a julgar do que, de fato, executar. Todavia, em
1827, o território brasileiro ganhou suas primeiras escolas de letras, vilas e lugares que
contavam com um amplo número de moradores, o modelo de inspeção baseada na
vigilância e punição dos alunos ainda era difundido em larga escala. Com a chegada do
século XX, a função de supervisão no Brasil estava concentrada em atividades de
fiscalização, como realizar a matrícula dos alunos, verificar as condições do prédio, a
frequência do professor, entre outras funções pertinentes ao dia a dia do ambiente
escolar.

Libâneo (2003, p. 18) pontua que somente na década de 80 que a escola passou a
ter uma real percepção das modificações pelas quais a sociedade vinha passando, como
por exemplo, a abertura política, a busca para diminuir os índices de analfabetismo no
Brasil e consequências de um país mais globalizado fizeram com que o ambiente
escolar precisasse se modernizar, adotando uma postura mais crítica e outros níveis de
especialização para que fosse possível compor um corpo docente que atendesse estas
novas necessidades. Em um aspecto mais amplo, a instituição escolar naquele momento
precisava ir além de um ensinamento básico, era preciso assumir uma função social, e
isso envolvia o papel que seus profissionais desenvolviam, assim como a prática do
ensino e o fazer pedagógico. A partir daí, segui-se um rumo natural na formação
contínua dos profissionais da educação, o que deixou evidente a importância da
especialização de professores, coordenadores pedagógicos e diretores.

Ao longo desse processo de desenvolvimento, surgiu a Lei de Diretrizes e Bases


da Educação (1996) que tornou esta área ainda mais forte. Com isso, o papel primordial
do coordenador evoluiu para alguém responsável por controlar a aplicação dos métodos
que fossem capazes de aperfeiçoar as condições do ensino e aprendizagem de cada
estudante (LIBANEO, 2007). Desta forma, com o intuito de trazer respostas às
necessidades da instituição de ensino, o coordenador pedagógico acaba se distanciando
do seu referencial atributivo, passando a desenvolver um trabalho mais voltado para o
planejamento e contextualização das demandas do ambiente escolar. Por esta razão o
coordenador assume o papel de agente transformador, uma vez que é o responsável por
orquestrar todas as ações em âmbito escolar, tornando-se o porta-voz de qualquer
mudança. Por esta razão é indispensável que este profissional esteja atento a tudo o que
ocorre no dia a dia daquele ambiente de trabalho, seja por parte dos docentes, ou
estudantes, uma vez que é sua responsabilidade, intervir a fim de assegurar o sucesso do
processo de ensino e aprendizado (ALMEIDA, 2011).

Atualmente, o papel do coordenador pedagógico já ganhou maior amplitude e


respeito, sendo reconhecido como um articulador, capaz de trazer uma transformação
positiva para o ambiente escolar, é responsabilidade deste profissional fazer com que
aquilo que foi delimitado no currículo seja difundido por parte dos professores e
absorvido por parte dos estudantes. Por esta razão, é de extrema importância que o
coordenador conheça amplamente as competências e habilidades de seu corpo docente e
também dos alunos, além disso, a realidade sociocultural e pedagógica daquele
ambiente de trabalho também torna-se um fator determinante para o sucesso de sua
função.

O papel do coordenador professor pedagógico passa a existir em período repleto


de avanços na área da educação, em meio a tantos projetos diferenciados, não foi
possível enxergar a necessidade de qualificar de maneira especializada este profissional
a fim de que ele pudesse exercer de maneira satisfatória sua função. A profissão do
coordenador pedagógico nasceu a partir de uma concepção progressista, em meio a
novas maneiras de gerenciar o ambiente escolar e seu processo de ensino. Porém,
mesmo diante da necessidade evidente deste profissional, até hoje o coordenador
convive com problemas para exercer sua função, sejam elas condições de trabalho
adequadas, formação técnica, materiais capazes de compor seu referencial teórico,
organização coletiva, entre outras dificuldades, o que não permite que esse profissional
possa exercer de fato seu trabalho de coordenar, planejar e gerenciar o processo didático
pedagógico do ambiente escolar.

Levando-se em conta que hoje o cenário educacional necessita de uma gestão com
ampla participação de todos os envolvidos, é papel do coordenador organizar a forma
como educadores, pais e alunos irão interagir, trazendo assim, os melhores resultados
para todos os envolvidos.

Apesar de todo o avanço ao longo dos últimos anos, o século XXI trouxe consigo novas
dúvidas e questionamentos sobre o papel da educação diante de um novo cenário
ideológico e político. Assim como anteriormente foi discutido, isso traz um grande
impacto no âmbito educacional, trazendo inúmeras vezes sensações de pessimismo
diante do desconhecido. Nas palavras de Guilherme (2013), superar um paradigma
sempre demanda uma certa resistência. E é exatamente durante o período de transição
entre o velho e o novo, que é possível vislumbrar as possibilidades. Os novos
paradigmas de gerenciamento demandam funções que não precisam de uma grande
centralização, mas sim, de muita participação para que possa haver uma atuação
interdependente e integrada.
2.2 A função do coordenador pedagógico

O coordenador pedagógico é uma peça central no nicho da educação, ainda que


anteriormente esta função tenha tido um papel completamente distinto daquilo que
conhecemos atualmente. Sobre esta questão, Salvador (2014) faz um recorte histórico
avaliando a janela temporal anterior. No século XII a inspeção escolar era
responsabilidade da igreja, ficando à cargo dos bispos, que exerciam total influência no
meio educacional naquele período. Conforme a necessidade de escolas foi se
ampliando, esta responsabilidade passou a ser delegada para o mestre escola.

Para Watanabe et al. (2012, p.63), o professor não pode realizar sua jornada pedagógica
completamente só e é aí que entra o papel do coordenador pedagógico. Ao desenvolver
um trabalho de reflexão e colaboração, ambos os profissionais são capazes de aprender
mais diante das situações. Sobre a conexão entre ambos, Domingues (2014) aponta que
o coordenador pedagógico, que tem sua função intrínseca à escola, não pode ser
dissociado dos educadores e de todos os alunos. É exatamente a mediação entre os
envolvidos que lhe compete. Sendo assim, é responsabilidade do mesmo garantir um
espaço democrático, onde o diálogo e a produção coletiva de ideias sejam peça chave
para a abordagem metodológica e norte para a coordenação pedagógica.

Domingues reflete sobre o real papel do coordenador pedagógico, uma vez que para
coordenador e fornecer assistência didática e pedagógica aos professores, não é preciso
uma total compreensão de todo o conteúdo e método utilizado para cada disciplina. O
coordenador, na realidade, traz sua influência a partir dos seus conhecimentos dentro do
processo educativo, realizando uma ponte entre as teorias pedagógicas e as práticas
presentes em cada matéria. Não é obrigação do coordenador pedagógico controlar cada
professor e aprender tudo aquilo que eles ensinam. O coordenador tem um papel mais
amplo que é desenvolver o compromisso, uma educação competente e eficaz, fornecer
segurança para que os docentes possam desenvolver seu trabalho de uma forma eficaz.
Quando o coordenador oferece suporte aos professores cria-se uma relação de confiança
extremamente produtiva para o processo educacional, uma vez que os docentes sentem-
se seguros para expor suas dúvidas e dificuldades, o que permite que o coordenador o
auxilie a melhorar sua prática cotidiana.

Cabe ressaltar também que o trabalho do coordenador pedagógico é bastante difundida


no Brasil, mesmo assim, ainda não recebe o devido reconhecimento profissional. Em
alguns lugares, estes profissionais encontram um ambiente e condições de trabalho mais
favoráveis, porém, isto não é uma condição geral. Contudo, ainda faltam recursos para
que sua prática possa ser realizada por completo.

Domingues (2014) relata como esta falta de recursos pode impactar, uma vez que estas
criam uma noção imprecisa sobre o real papel da coordenação pedagógica, o que faz
com que surja um determinado sincretismo de natureza pragmática sobre a função. Esta
é apenas uma das razões que dificulta o trabalho destes profissionais e faz com que
muitas vezes acabem exercendo funções que não são de sua alçada. Coordenar um
projeto pedagógico é estar relacionado a diversas decisões que irão guiar as escolhas de
um projeto educacional que envolve toda uma comunidade, assim como, os professores
serão direcionados para alcançar os resultados esperados.

Diante do explicitado fica evidente a importância do papel do coordenador pedagógico


na liderança do processo de formação desenvolvido pela instituição de ensino. Seu
papel de maior destaque consiste em promover a formação continuada. Ainda sobre o
papel deste profissional, Lemos e Guerra (2012) ressaltam a importância do trabalho do
coordenador pedagógico a partir da reflexão crítica, levando em conta preceitos como a
cadeia criativa, argumentação e colaboração. Sobre estes conceitos, as autoras pontuam
que ao atuar com o pensamento em cadeia criativa, as atividades realizadas pelo
profissional passarão a ter um significado compartilhado o que será capaz de agregar
um conhecimento mais amplo para todos os envolvidos no processo educacional. Por
esta razão é de extrema importância a utilização da argumentação como ferramenta
colaborativa e não simplesmente como uma forma de persuadir os demais. Utilizar esta
ferramente é muito importante, pois permite uma expansão coletiva de significados. Por
fim, há a colaboração que desenvolve um trabalho criativo utilizando a colaboração de
todos os envolvidos.

A partir daí o coordenador pedagógico precisa atuar levando em conta a importância da


formação continuada para o seu time. Diante do que já foi apresentado até aqui, é
possível perceber a variedade de atividades desenvolvidas por este profissional,
contudo, uma das partes mais importantes para obter sucesso em seu trabalho está em
conhecer bem a realidade do local em que se trabalha para que possa haver uma real
transformação. Para que isso seja possível, é preciso estreitar laços com os professores,
para descobrir de verdade as maiores dificuldades destes profissionais, caso contrário,
todo o projeto educacional desenvolvido pode falhar.

2.3 O que Esperar do trabalho do coordenador pedagógico

Na visão de Cunha (2005) três ações tornam-se primordiais a fim de tornar


possível a construção da autoridade e de valores. A primeira delas consiste na
necessidade de lidar com as diferenças entre os seus próprios valores no momento em
que se exerce o trabalho de coordenador pedagógico, uma vez que isso causa grande
influência na maneira como este profissional desempenha sua função. A partir daí, é
preciso partir para uma discussão que envolve a participação de todos os envolvidos no
Projeto Político Pedagógico Escolar, a fim de manter e assegurar o respeito a
compreensão de todos aqueles que compõem o ambiente escolar e seus valores. Para
fechar, a terceira ação que precisa ser tomada pelo coordenador pedagógico é a
compreensão das especificidades do coletivo, assim como entender o coletivo no
singular, e isso só é possível a partir da interação, focando nas metas em comum e
nunca pressupondo que todos são idênticos.

Ainda seguindo esta linha de pensamento, Placco (2010) evidencia a importância do


espaço coletivo como algo benéfico para todos os envolvidos no processo educacional.
Não é necessário que todos pensem da mesma maneira ou desejem as mesmas coisas,
mas é indispensável a existência de um espaço onde os conflitos, as construções e os
embates possam ser manifestados, sem que haja uma perda de conhecimento, nem
mesmo um desmerecimento entre aqueles que ensinam e aqueles que aprendem. O
coletivo deve ser um espaço coletivo onde cada um tenha a sua singularidade respeitada.

Diversos questionamentos surgem a partir do estudo de Cunha (2005), como por


exemplo, as dificuldades para o exercício do papel de coordenador pedagógico, tais
como o acúmulo de funções, falta de preparo, condições de trabalho insuficientes,
jornadas exaustivas, múltiplas funções, etc, o que deixa ainda mais em voga a
necessidade de equalizar a maneira como este profissional atua em seu ambiente. A
partir daí, a autora chama a atenção para um ponto crucial: não existe ambiente sem
conflito em seu cotidiano, contudo, é necessário saber mediar estas questões de tal
forma que o trabalho principal não seja prejudicado devido a estes problemas.
Sendo assim, passamos a compreender a importância do planejamento em vários níveis,
seja ele em relação ao método organizacional do trabalho do coordenador, ou mesmo na
clareza das suas metas na proposta de trabalho, a fim de que sua real função não seja
falha e que não haja um acúmulo de funções em excesso.

Todavia, apesar de tudo que foi evidenciado até aqui no presente trabalho, Mate (2009)
ressalta que não existe uma fórmula exata para o bom desempenho no trabalho do
coordenador pedagógico, cada profissional precisa encontrar o seu estilo de acordo com
o cotidiano do seu ambiente de trabalho. Outra questão que se destaca para o autor é a
singularidade dessa função que passa a ser definida a partir das relações que se criam a
partir da prática pedagógica cotidiana dentro do ambiente escolar, através de
mecanismos individuais, pautados na inovação e na singularidade, que emergem diante
das novas e constantes necessidades que surgem diariamente.

Diante deste cenário, vem à tona a preocupação com a compreensão do trabalho e do


alcance que o coordenador pedagógico pode conquistar para a escola. Uma vez que uma
das maiores responsabilidade deste profissional consiste em planejar, guiar, acompanhar
e fornecer suporte à proposta pedagógica desenvolvida, analisando sempre através de
uma perspectiva de trabalho coletivo, espera-se que o coordenador pedagógico atue em
sincronia com os demais funcionários do ambiente escolar, uma vez que é total
responsabilidade dele delegar horários e alcançar os melhores resultados para o grupo
como um todo (VASCONCELOS, 2009).

Ainda sobre o papel do coordenador pedagógico, André e Vieira (2011) apontam que as
diversas funções delegadas a este profissional fazem com que o mesmo seja capaz de
acionar as mais diversas áreas do saber com o intuito de buscar a inovação,
principalmente porque dentro do ambiente escolar inúmeras situações surgem no dia a
dia. Outra função muito importante do coordenador pedagógico consiste na formação
continuada dos profissionais que lecionam em seu ambiente escolar, sendo este um dos
temas mais recorrentes na literatura nacional a respeito deste tema.

Todavia, é importante ressaltar que o papel do coordenador é colaborar tanto para o


coletivo quanto para o individual quando se trata do aperfeiçoamento do corpo docente
de sua gestão, devendo focar-se nos processos de aprendizagem em qualquer lugar, não
importa onde estes se desenvolvem (VASCONCELOS, 2009, p. 90).
Resultado da pesquisa

Agradecimento

Referências

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