Psicologia e

inclusão na
escola
 Carvalho, Michela - Silva, Stephane Juliana Pereira da
SST Psicologia e inclusão na escola / Michela Carvalho,
Stephane Juliana Pereira da Silva
Ano: 2021
nº de p. : 11

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 Psicologia e inclusão na
escola

Apresentação
Neste momento, estudaremos como a Psicologia vem dando suporte à educação
inclusiva nas escolas brasileiras. Primeiramente, é preciso pensar que a inclusão não
se configura somente na inserção de alunos com os mais variados problemas, como
distúrbios, dificuldades ou transtornos de aprendizagem ou deficiências físicas e
mentais nas salas de aula das escolas regulares.

No primeiro tópico, estudaremos o papel da Psicologia no contexto da inclusão

escolar, atuando como suporte ao professor na sala de aula. Já no segundo,
veremos como a Psicopedagogia pode ser uma aliada da Psicologia no contexto da
inclusão. Por fim, teceremos comentários sobre a realidade das escolas brasileiras
no quesito educação inclusiva.

Bons estudos!

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O papel da Psicologia no contexto de
inclusão escolar e como suporte ao
professor na sala de aula
De acordo com Silva (2017, p. 18):

O princípio da educação para todos é colocado em prática quando as

instituições de ensino se estruturam e se organizam em todas as suas
instâncias para acolher e oferecer uma educação de qualidade aos
alunos com necessidades especiais, atingindo progressos educacionais
significativos com esses estudantes.

Quando a autora menciona que a escola deve se estruturar e organizar em todas as

instâncias para receber os alunos com necessidades educacionais especiais, está
se referindo também aos recursos humanos que a escola disponibilizará para o
atendimento deles. Para que a inclusão aconteça de fato, é necessário que todos os
alunos (com ou sem necessidades especiais ou deficiências) sejam incluídos em um
planejamento de conteúdos que seja adequado a todos, em atividades em sala de
aula, em eventos da escola, participando em conjunto e sem distinção de tudo o que
a escola oferecer em matéria de socialização.

Atenção
Além da inserção do aluno, é importante lembrar que é essencial
que exista uma equipe preparada para lidar tanto com os grupos
quanto com as individualidades. Para atender aos grupos, temos
os professores, monitores e auxiliares de sala; e para atender às
individualidades, a figura do psicólogo se torna importantíssima no
ambiente escolar.

O psicólogo escolar, ou educacional, pode contribuir com os demais profissionais da

educação, dentro do ambiente escolar, oferecendo as contribuições da Psicologia
com o objetivo de melhorar o processo de ensino e aprendizagem. Por isso, a figura
do psicólogo é muito importante para realizar diagnósticos e intervenções, não
somente voltadas ao corpo discente, mas dando suporte à equipe de professores e
funcionários que tratam diretamente com os alunos.

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 Curiosidade
Intervenção: é uma interferência que um profissional (educador,
psicopedagogo ou psicólogo) realiza sobre o processo de
desenvolvimento ou aprendizagem do sujeito que pode estar
apresentando problemas de aprendizagem. Entende-se que na
intervenção o procedimento adotado interfere no processo, com
o objetivo de compreendê-lo, explicitá-lo ou corrigi-lo (TORRES,
2009).

A função do psicólogo na escola não se resume a atendimentos individuais para

aqueles alunos que deles necessitem. Sua atuação pode se estender à ajuda aos
setores pedagógicos como orientação e supervisão, auxiliando no planejamento e na
execução de várias tarefas, que poderão refletir nas práticas do professor na sala de
aula.

O trabalho do psicólogo escolar

Fonte: Plataforma Deduca (2021).

#PraCegoVer: Mãe e filha em um consultório. À frente delas, uma mulher com
uma planilha nas mãos. Ao fundo, uma estante de livros.

O público-alvo do psicólogo escolar é constituído por todas as crianças e

adolescentes que apresentam alguma dificuldade, transtorno ou necessidade
educacional especial, acometido por alguma deficiência ou não. Também são fortes
candidatos alunos:

• Com paralisia cerebral;

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 • Com síndrome de Down;
• Com outras síndromes que possam causar dificuldades na aprendizagem; e
• Que apresentem alguma necessidade de resolver questões psicológicas que
estejam dificultando o seu desempenho escolar, a aprendizagem ou a intera-
ção com os outros no contexto escolar.
Crianças com comportamentos desequilibrados

Fonte: Plataforma Deduca (2021).

#PraCegoVer: Duas meninas com comportamento agressivo. Uma está
tentando agredir a outra.

Tendo estudado os distúrbios de aprendizagem, no próximo tópico abordaremos

a Psicopedagogia como uma ferramenta importante no contexto educacional e,
principalmente, da educação inclusiva.

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A psicopedagogia como aliada da
psicologia na educação inclusiva
Além de comentarmos a importância do trabalho do psicólogo escolar, gostaríamos
de chamar a atenção também para o desempenho do psicopedagogo, grande
aliado dos psicólogos nos casos de crianças e adolescentes com dificuldades
de aprendizagem. Na verdade, na grande maioria dos casos de tratamentos de
dificuldades de aprendizagem, o aluno é encaminhado ao atendimento com os dois
profissionais, cada qual desenvolvendo as questões do aluno de acordo com a sua
área de atuação.

No caso de alunos com dificuldades de aprendizagem oriundas de problemas

psicológicos, o mais indicado é que se faça o acompanhamento com o psicólogo.
Esse profissional vai trabalhar as questões psicológicas que estão impedindo o
aluno de aprender. E o psicopedagogo ajudará no desenvolvimento das habilidades
cognitivas com as quais o aluno está tendo dificuldades. É quase sempre um
trabalho feito em conjunto.

Atenção
O papel do psicólogo no acompanhamento dos alunos de inclusão
e a presença do psicopedagogo na escola são fundamentais.
Esses são os profissionais mais capacitados para avaliar,
atender e acompanhar cada aluno de inclusão, em conjunto com
os professores regentes das turmas e com a equipe diretiva da
escola. É importante também não esquecer que a participação
das famílias dos alunos nesse processo é essencial para que a
verdadeira inclusão aconteça.

A Psicopedagogia é vista como aliada da Psicologia nos casos de dificuldades de

aprendizagem, pois pode oferecer recursos para que os indivíduos em tratamento
psicológico retomem ou iniciem o processo de aprendizagem por meio de técnicas e
procedimentos adequados a cada caso (FLETCHER et al., 2009).

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A realidade da educação inclusiva
nas escolas brasileiras
Apesar de todos os argumentos apresentados aqui, principalmente os que são
a favor da presença e da atuação do psicólogo escolar e do psicopedagogo nos
espaços escolares, é de senso comum que a grande maioria das escolas brasileiras
não oferece esse tipo de atendimento, sendo elas públicas ou privadas.

Saiba mais
Quer saber mais sobre o papel do psicólogo escolar? Pesquise
sobre as atribuições desse profissional no ambiente escolar e faça
um levantamento sobre a quantidade de escolas que oferecem
esse tipo de atendimento.

Ainda não se desenvolveu, por parte dos governantes e dos responsáveis pela
elaboração das leis referentes à educação, a consciência da importância do trabalho
desses profissionais junto ao corpo discente e ao corpo docente das escolas.
De acordo com Silva (2017), a escassez de recursos destinados à educação e,
mais especificamente, à educação inclusiva é um dos motivos pelos quais não se
tem ainda, nos dias de hoje, uma educação inclusiva de qualidade, com todos os
subsídios necessários para que o andamento das atividades dentro do ambiente
escolar se dê sem maiores problemas.

Além das questões que envolvem a formação [dos professores], há uma

precarização do ensino no Brasil, que resulta das dificuldades relativas
ao orçamento e da escassez dos recursos destinados à educação no
geral, o que afeta também os investimentos na área da inclusão. Para a
implantação e a manutenção da educação inclusiva, é necessária uma
ampliação da destinação de recursos orçamentários. Isso implicaria uma
melhor distribuição desses valores entre as necessidades educacionais
essenciais para a inclusão, como a adaptação da arquitetura dos
estabelecimentos de ensino, a aquisição de material didático adequado e
a formação dos professores. (SILVA, 2017, p. 19).

E, além dos investimentos na formação dos professores para o trabalho com a

educação especial e com a inclusiva, incluímos nesse rol de questões a contratação

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de psicólogos escolares e psicopedagogos como investimentos nessa área da
educação. Essas contratações são importantes, pois as funções desempenhadas
pelo psicólogo e pelo psicopedagogo são exclusivas a esses profissionais, uma
vez que têm a sua formação voltada para o objetivo de fazer atendimentos em nível
individual e institucional.

Infelizmente, o quadro que temos hoje em dia ainda é o de a escola orientar a família
da criança ou do adolescente com problemas psicológicos ou de aprendizagem a
procurar atendimento psicológico no Sistema Único de Saúde (SUS).

Professora e aluno em uma classe inclusiva

Fonte: Plataforma Deduca (2021).

#PraCegoVer: Um aluno cadeirante estudando com sua professora em uma
biblioteca.

O atendimento psicopedagógico é indicado com profissionais particulares, pois esse

tipo de serviço não é oferecido pelas redes públicas escolar ou de saúde, ficando
somente a cargo da família disponibilizar os recursos necessários para o tratamento
desses alunos. Um dos problemas enfrentados é a demora na disponibilização do
serviço de Psicologia da rede pública de saúde. Além disso, nem sempre essas
famílias tem condições de arcar com esses investimentos, permanecendo o
problema da criança sem resolução.

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Fechamento
Chegamos ao final dos nossos estudos sobre a Psicologia e inclusão no ambiente
escolar. Vimos que a proposta é de que as crianças com e sem deficiências, assim
como aquelas que possuem alguma dificuldade para aprender, possam conviver
juntas e, por meio dessa interação, enriquecerem as suas aprendizagens pelo
compartilhamento das vivências e da ajuda mútua.

A Psicologia e a psicopedagogia são duas áreas muito importantes para a

educação inclusiva e deveriam ter presença constante nas situações escolares.
Porém, sabemos que a realidade da maioria das escolas é bem outra e que esses
profissionais devem ser procurados fora do ambiente escolar, quase sempre gerando
custos para as famílias.

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Referências
FLETCHER, J. M. et al. Transtornos de Aprendizagem. Porto Alegre: Grupo A, 2009.

SILVA, M. C. da. Educação inclusiva. Porto Alegre: Sagah, 2017.

TORRES, B. N. O que é intervenção psicopedagógica. Webartigos, [S. l.], 4. jan.

2009. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/o-que-e-intervencao-
psicopedagogica/13076/. Acesso em: 20 jul. 2021.

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