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Introdução

A Psicologia Escolar, área tradicional da profissão de psicólogo no Brasil, sofre


diversas críticas referentes ao modo como são conduzidas determinadas práticas em
seu contexto, por isso necessita ser constantemente repensada e discutida. O presente
artigo propõe uma reflexão sobre a Psicologia Escolar e sua(s) possibilidades de
atuação. Inicialmente realiza-se uma contextualização histórica sobre a Psicologia
Escolar, com a observação de que esse é um campo ainda em construção no Brasil.
Em um segundo momento, busca-se elucidar alguns aspectos que hoje tornam a
Psicologia Escolar uma área específica e de grande importância na atuação do
psicólogo. Por fim, discute-se a necessidade tanto de o psicólogo atuar com os
diferentes atores presentes no contexto educacional quanto de trabalhar de forma
interdisciplinar na escola e em qualquer outro ambiente no qual sejam desenvolvidos
processos de ensino-aprendizagem.

Actuação do psicólogo
Num primeiro momento, relacionar os conhecimentos específicos da Psicologia com os
conhecimentos educativos. Para isso é necessário conhecer os temas da educação e o
funcionamento da escola enquanto instituição característica para que estes
conhecimentos possam ser articulados.
Cabe ressaltar que o trabalho prático, a que se refere Vygotsky, não é um trabalho
afastado da teoria, nem uma superposição do campo psicológico sobre o educacional, e
sim um trabalho de reflexão da prática a partir da teoria.
Assim, apoiado em seus pressupostos teóricos e estes, por sua vez, já articulado ao
conhecimento educativo, a grande contribuição do psicólogo escolar reside nos
bastidores da instituição, isto é, sua ação deve desenvolver-se prioritariamente com os
professores e não com os alunos, contribuindo para que eles estejam cada vez mais
fortalecidos e instrumentalizados para uma atuação de qualidade junto ao alunado.
Hoje não temos dúvidas de que o trabalho mais importante que um psicólogo possa
desenvolver nas instituições de educação é a formação em serviço de seus educadores.
Neste sentido, sua contribuição pode apontar algumas direções: Ajudar o educador a
refletir sobre sua infância, para melhor compreender a infância de seus alunos;
Contribuir para que o educador infantil possa rever sua identidade enquanto
profissional, encontrando um sentido cada mais significativo par seu fazer pedagógico;
Auxiliar o educador no convívio das relações grupais; - nas
Ajudar o educador a refletir sobre sua família para melhor compreender a dinâmica
familiar de seus alunos e novo perfil familiar ; Ajudar o educador a refletir e
conhecer sobre o desenvolvimento humano e os processos ensino/aprendizagem com
base nos fundamentos teóricos que sustentam sua prática, possibilitando que ele possa
compreender e encaminhar, com clareza, o percurso de escolarização de seus alunos
evitando os excessivos encaminhamentos a sessões psicopedagógicas. Além disso, não
se deve perder de vista algumas questões éticas e políticas: É preciso que o psicólogo
compreenda que no cenário escolar, da mesma forma que outros técnicos presentes na
escola, ele não é o protagonista da cena. Seu trabalho é nos bastidores, buscando
promover o educador em suas necessidades de reflexão e de construção de
conhecimento. Para isso é fundamental que tenha uma visão integrada desse educador
sujeito, pois seu trabalho é ajudá-lo a se descobrir, a se desvelar, alcançando
segurança, autonomia na sala de aula. E isso só é possível através do respeito –
respeito por um conhecimento que o professor construiu referente ao cotidiano da sala
de aula e que é o objetivo primeiro da escola; e respeito pela pessoa do educador, não
lhe lançando interpretações que não está preparado para ouvir – a escola não espaço
para clínica psicológica. Mas, além disso o que pode fazer o psicólogo escolar? Pode:
desenvolver trabalhos de Orientação Vocacional e Profissional com os alunos;
desenvolver ações preventivas junto com o corpo docente no que se refere à uso de
drogas ; desenvolver ações esclarecedoras junto com o corpo docente para os alunos
sobre sexualidade, ética, agressividade.
para as famílias sobe desenvolvimento humano, prevenção do uso de drogas,
sexualidade, agressividade, ética . desenvolver ações esclarecedoras junto com o corpo
docente para as famílias sobre o desenvolvimento acadêmico dos alunos; desenvolver
ações esclarecedoras junto com o corpo docente para famílias e alunos sobre a
metodologia e os objetivos da escola; participar com toda equipe da escola da
construção de seu projeto político pedagógico; desenvolver trabalho de relações
grupais para que a equipe da escola possa cada dia melhorar suas relações
interpessoais.
Como é hoje e (ou) como poderia ser?
Embora a atuação do psicólogo escolar tenha se modificado, continua apresentando-se
problemática, tanto em função do sistema educacional brasileiro (que está distante das
condições de excelência no ensino) como pela formação oferecida aos futuros
profissionais da Psicologia que atuarão nesse campo. A formação geralmente é
deficiente e não contempla as especificidades presentes nos processos educacionais e no
contexto escolar (Guzzo, 2001; Guzzo e cols., 2010). A literatura especializada utiliza
diferentes denominações para se referir ao psicólogo que atua junto às escolas e aos
processos educacionais, principalmente as de psicólogo escolar e psicólogo educacional.
O primeiro psicólogo, o escolar, seria aquele que, atuando diretamente na escola,
ocupa-se das questões práticas a ela referentes, enquanto o segundo, o psicólogo
educacional, seria aquele ocupado em pensar, refletir e pesquisar sobre os processos
educacionais em geral. Este seria uma espécie de produtor de conhecimentos a serem
utilizados pelos psicólogos escolares (Guzzo, 2001; Marinho-Araújo & Almeida, 2005).
Apesar dessa diferenciação de termos, atualmente diversos autores (Andrada, 2005;
Patto, 1997, 2004) não concordam com essa divisão, pois consideram que o psicólogo
escolar ou educacional é aquele que se ocupa tanto da prática como do pensar sobre os
processos educacionais, estando esses presentes ou não no contexto escolar. Segundo
essasautoras, é preciso pensar em um psicólogo que se ocupe dos processos
educacionais ao longo da vida, uma vez que estes não ocorrem apenas no contexto
escolar, nem se encontram restritos a alguma etapa especifica do desenvolvimento
humano. Embora não seja um pré-requisito para atuar na área, atualmente um
psicólogo pode obter seu reconhecimento como especialista na área de Psicologia
Escolar/Educacional a partir da realização de uma prova realizada pelo Conselho
Federal de Psicologia para concessão de titulo, ou mediante a realização de um curso
de especialização reconhecido pelo referido Conselho. Para habilitar-se para a prova o
profissional deve apresentar alguns critérios exigidos pelo CFP, como estar inscrito no
Conselho Regional de Psicologia há pelo menos dois anos, comprovar prática
profissional na área escolar e educacional por pelo menos dois anos (CFP, 2007). Essa
área foi reconhecida como uma especialidade pelo Conselho Federal de Psicologia
(CFP) através da Resolução n.º 013/07. Nesse sentido, o CFP descreve algumas tarefas
que cabem a esse campo de atuação do psicólogo. Na descrição das atividades, podem
ser observados alguns aspectos que descrevem e qualificam a atuação do psicólogo
escolar, propondo um trabalho interdisciplinar e integrado aos contextos educacionais,
que pode ser desenvolvido tanto individualmente como em grupo, em diferentes níveis,
como promoção, prevenção e tratamento. Segundo o Conselho Federal de Psicologia
(2007, p.18), o psicólogo.
Conclusão
Para concluir, considera-se que o campo da Psicologia Escolar ou Educacional
encontra-se em consolidação. É necessário utilizar os conhecimentos psicológicos já
adquiridos e buscar novos conhecimentos dentro da própria Psicologia e em outros
domínios, como a Educação, as Sociologia, a Filosofia, etc., com vista a uma
atuação que trabalhe com a complexidade apresentada pelos processos de ensino-
aprendizagem em suas dimensões históricas e políticas. O psicólogo não deve ser
aquele que traz um saber ou uma resposta pronta; ele vai interagir com os demais
atores para construir uma solução viável dentro do contexto da Educação, tanto na
escola quanto na universidade ou em uma organização não governamental. Nesse
processo, é importante que o psicólogo construa uma postura crítica e criativa e esteja
aberto aos múltiplos desafios e possibilidades presentes nos contextos educacionais.
Para isso, é necessário que haja investimento na formação desses profissionais, desde a
graduação, de forma a capacitá-los a exercer uma psicologia que promova as qualidades
apontadas.

Referências bibliográficas
402. Psicologia Escolar e Educacional Bock, A. M. B. (2003). Psicologia da educação:
cumplicidade ideológica. Em M. E. M. Meira & M. A. M. Antunes (Orgs.), Psicologia
escolar: Teorias críticas (pp.79-103). São Paulo: Casa do Psicólogo.

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