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Revisão Literária
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1. Introdução
Este trabalho discute os conceitos de revisão de literatura, bem como sua utilidade e seu status
em relação à pesquisa, mais especificamente à pesquisa bibliográfica. Por fim apresenta-se
sua tipologia e são apontadas algumas estratégias para sua confecção. A actividade científica
resulta de um processo cumulativo de aquisição do conhecimento. A elaboração de uma
pesquisa se faz à partir do conjunto de dados acumulados de todas as outras pesquisas
precedentes realizadas naquela área, sobre um determinado assunto. Cada pesquisa acrescenta
um elo adicional de conhecimento para formar uma rede complexa de resultados sobre um
determinado fenómeno.
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2. Revisão de Literatura
Os trabalhos de revisão são definidos por Noronha e Ferreira (2000, p. 191) como sendo
estudos que analisam a produção bibliográfica em determinada área temática, dentro de um
recorte de tempo, fornecendo uma visão geral ou um relatório do estado da arte sobre um
tópico específico, evidenciando novas ideias, métodos, subtemas que têm recebido maior ou
menor ênfase na literatura seleccionada.
Trata-se, portanto, de um tipo de texto que reúne e discute informações produzidas na área de
estudo. Pode ser a própria revisão um trabalho completo, ou pode aparecer como componente
de uma publicação, ou ainda organizadas em publicações que analisam o desenvolvimento de
determinada área no período de um ano, os chamados annual reviews. Taylor e Procter (2001)
definem revisão de literatura como uma tomada de contas sobre o que foi publicado acerca de
um tópico específico.
A produção de um trabalho científico, como se sabe, tem como ponto focal o estabelecimento
dos objectivos de pesquisa. São os objectivos que determinam o posicionamento inicial do
pesquisador. Estabelecidos os objectivos é forçoso reconhecer o aspecto cumulativo do
conhecimento científico, ou seja, é necessário tomar como base o os avanços já realizados e,
por que não, as limitações dos estudos anteriormente dedicados ao tema. Por esta razão é
quase impossível pensar uma monografia, uma dissertação, uma tese ou outro trabalho
académico ou científico sem a necessária revisão de literatura.
Ainda que teoricamente seja reconhecida nos círculos académicos e (em alguns casos nos)
editoriais sua importância, há uma curiosa relação inversa quando se trata da produção de
textos sobre o assunto. A falta de boas revisões foi creditada por Virgo (1971) ao fato dos
próprios cientistas não colocarem a revisão de literatura como um trabalho de alto nível, que
não traz prestígio. Além disso, argumenta, consomem muito tempo e é tedioso organizá-las.
Woodward (1977) também aponta a falta de pesquisas sobre o papel que as revisões de
literatura desempenham na disseminação da informação.
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Revisar significa olhar novamente, retomar os discursos de outros pesquisadores, mas não no
sentido de visualizar somente, mas de criticar. Só pode haver crítica se, como descrito acima,
os objetivos estiverem claros e bem formulados.
Serve para posicionar o leitor do trabalho e o próprio pesquisador acerca dos avanços,
retrocessos ou áreas envoltas em penumbra. Fornece informações para contextualizar a
extensão e significância do problema que se maneja. Aponta e discute possíveis soluções para
problemas similares e oferece alternativas de metodologias que têm sido utilizadas para a
solução do problema.
Para Figueiredo (1990, p. 132) a revisão de literatura, possui dois papéis interligados:
É importante notar que a revisão de literatura serve também ao próprio autor do trabalho, pois
aumenta seu conhecimento do assunto e torna mais claro seu objectivo, pode até mesmo
perdê-lo, se este não estiver bem formulado. O contacto com os desenvolvimentos já
alcançados por outras pesquisas pode reforçar a necessidade do cumprimento dos objectivos
anteriormente propostos ou, pode, ao contrário, torná-lo insignificante em função dos mesmos
avanços mencionados.
Uma investigação pode ser definida como sendo o melhor processo de chegar a soluções
fiáveis para problemas, através de recolhas planeadas, sistemáticas e respectiva interpretação
de dados. É uma ferramenta da máxima importância para incrementar o conhecimento e, deste
modo, promover o progresso científico permitindo ao Homem um relacionamento mais eficaz
com o seu ambiente, atingindo os seus fins e resolvendo os seus conflitos (Cohen & Manion,
1980; Santos, 1999, 2002).
Como referem Ludke e André (1986, cit. Miranda, R. J. P. (s/d) e Santos (1999, 2002)
investigar é um esforço de elaborar conhecimento sobre aspectos da realidade na busca de
soluções para os problemas expostos. Consideramos que, tal como Bell (1997 cit. Miranda, R.
J. P. (s/d), “uma investigação é conduzida para resolver problemas e para alargar
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conhecimentos sendo, portanto, um processo que tem por objectivo enriquecer o
conhecimento já existente”.
Relacionadas com a investigação e, num sentido mais vasto, com o processo científico,
encontram-se sempre questões epistemológicas ligadas a três aspectos: (1) Natureza do
objecto da investigação (o quê); (2) Questões sobre a relação investigador/objecto, ou seja,
sobre o processo do conhecimento científico (o como); (3) Objectivo inerente a uma
investigação, ou seja, a finalidade da actividade científica (o porquê).
4. Procedimento
Na prática, o procedimento que se adopta geralmente para se fazer uma revisão de literatura
sobre um problema começa consultando-se alguns poucos artigos chaves sobre aquele
problema. Em seguida, as referências mais importantes e interessantes citadas ali são então
anotadas e devemos ler estes novos artigos de pesquisa. Por sua vez, estes novos artigos
também citam outras referências que nos chamam a atenção tanto pela contribuição teórica
quanto pela abrangência ou então porque abordam um aspecto inusitado do problema ou o
testam em situações novas. Mais uma vez, anotamos as novas referências e lemos as
pesquisas ali citadas.. E assim por diante, até chegarmos a um ponto de saturação, em que não
encontramos muito mais coisas novas sobre o assunto. (Miranda, s/d)
Uma maneira complementar de proceder consiste em consultar os índices das revistas mais
conceituadas de uma área que queremos investigar e através da leitura dos resumos dos
artigos ali contidos podemos então seleccionar os mais interessantes e pertinentes para uma
leitura detalhada. (Miranda, s/d)
5. Fonte de leitura
A fonte de leitura para se fazer uma revisão de literatura inclui principalmente artigos de
relatos de pesquisa em revistas científicas. Algumas vezes, também incluímos teses de
mestrado ou doutorado sobre o problema que queremos investigar. Mais raramente, também
incluímos capítulos de livros na nossa lista de leitura. Porém, os artigos de pesquisa são
privilegiados devido ao fato de conterem informações mais recentes sobre o que os
pesquisadores descobriram sobre o fenómeno em questão, devido à maior rapidez da
publicação de revistas do que de livros. Além disso, os artigos de pesquisa são informações de
primeira mão, contendo todos os detalhes da pesquisa, pelo próprio autor, enquanto a leitura
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de livros nos fornece apenas um resumo pouco detalhado das principais pesquisas feitas na
área, descritas por uma segunda pessoa. (Miranda, s/d)
Artigos de pesquisa que ainda nem foram publicados também circulam entre os pesquisadores
da área dando-lhes informações bastante novas sobre o assunto. Além destas fontes citadas
acima, há ainda os documentos oficiais que algumas vezes são utilizados na revisão de
literatura, dependendo do tipo de problema que estamos investigando. (Miranda, s/d)
Primeiro, devemos comentar sobre as pesquisas que foram feitas sobre problemas similares ao
que vamos estudar, seja sobre a mesma população de sujeitos ou então sobre a mesma
intervenção que vamos utilizar. Por exemplo, se nosso problema de pesquisa se refere à
avaliação de um treinamento da competência social de pacientes psicóticos, devemos
comentar sobre as principais pesquisas que tratam da competência social e dos diferentes
métodos de treinamento desta habilidade. Devemos ainda ler sobre pesquisas que tratam em
geral de pacientes psicóticos, selecionando aspectos particulares à esta população que podem
ser pertinentes à nossa pesquisa. Por exemplo, algumas pesquisas que tratam do processo de
aprendizagem em psicóticos têm indicado que o procedimento mais eficaz para que estes
pacientes aprendam melhor consiste na modelação e não apenas o reforçamento positivo.
Informações deste tipo devem ser incluídas na revisão de literatura do exemplo acima, embora
não trate especificamente da competência social. (Miranda, s/d)
7. Formulação de Hipóteses
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Como afirma Miranda (s/d), para elaborarmos a hipótese específica que queremos testar em
uma pesquisa, é preciso partir de um modelo teórico ou uma concepção a respeito do
fenómeno que estamos estudando. A formulação da hipótese a partir do modelo teórico faz
parte da actividade dedutiva que compõe o processo cíclico da ciência. A ciência implica em
um processo cíclico constituído de duas partes: dedutiva e indutiva. Ou seja, a ciência se
processa dedutivamente e, em seguida, indutivamente e assim por diante, em um processo
cíclico. O diagrama abaixo exemplifica este processo. A parte direita deste ciclo constitui a
parte dedutiva, onde as hipóteses são derivadas de teorias ou modelos conceituais sobre um
determinado fenómeno.
As hipóteses são derivadas de um modelo conceitual, a fim de que possamos fazer um teste
empírico do valor de uma explicação ou proposição teórica. As pesquisas pressupõem sempre
a existência explícita ou implícita de um modelo teórico para guiar o pesquisador na
elaboração de suas hipóteses ou questões de pesquisa. Esta dimensão teórica vária muito de
uma área de investigação para outra. As vezes, trata-se de teorias explícitas e elaboradas sobre
o fenómeno. (Miranda, s/d)
8. Metodologia
Por este facto, e no âmbito de uma investigação educativa, o comportamento deve ser
contextualizado, pois as características únicas dos fenómenos em estudo tornam-nos
impossíveis de repetir (Arnal et al., 1994). A captação desta realidade complexa, dinâmica,
interactiva, é um desafio para qualquer investigação educacional (Santos, 1999, 2002).
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O paradigma interpretativo, englobando os aspectos qualitativo, fenomenológico, naturalista,
humanista, engloba um conjunto de correntes humanístico/interpretativas cujo interesse é
centrado no estudo dos significados das acções humanas e da vida social (Erikson, 1986;
Santos, 1999, 2002). A orientação interpretativa parece centrar-se mais na descrição do que é
único e particular do objecto de estudo, do que no generalizável. O seu objectivo principal é
desenvolver conhecimento ideográfico, aceitar a realidade educativa como dinâmica, múltipla
e holística, construída e divergente, realçando a compreensão e interpretação da realidade,
desde os significados das pessoas implicadas nos contextos educativos, estudando as suas
crenças, intenções, motivações e outras características do processo educativo não observáveis
directamente nem susceptíveis de experimentação (Tenreiro-Vieira, 1999).
Desta forma, optando por uma investigação qualitativa com abordagem multimetodológica,
utilizaram-se como técnicas de recolha de dados a observação, a análise documental e a
entrevista semi-estruturada.
Segundo Ludke e André (1986), a observação é um dos instrumentos básicos para a recolha
de dados na investigação qualitativa. Na verdade, é uma técnica de recolha de dados,
utilizando os sentidos, de forma a obter informação de determinados aspectos da realidade.
Obriga o investigador a um contacto mais directo com a realidade, ajudando-o a identificar e a
obter provas a respeito de objectivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas
que orientam o seu comportamento (Lakatos & Marconi, 1990; Santos 1999, 2002, cit.
Miranda, R. J. P. (s/d).
Para obter informações e colectar dados que não seriam possíveis apenas através da
observação e da análise documental, pode realizar-se uma entrevista. Haguette (1997, cit.
Miranda, R. J. P. (s/d) define entrevista como “um processo de interacção social entre duas
pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objectivo a obtenção de informações por
parte do outro, o entrevistado”. A entrevista como colecta de dados sobre um determinado
tema científico é a técnica mais utilizada no processo de trabalho de campo. Através dela, os
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pesquisadores buscam obter informações, ou seja, colectar dados objectivos e subjectivos. Se
os dados objectivos podem ser obtidos também através de fontes secundárias tais como
questionários, testes, etc., os dados subjectivos só podem ser obtidos através da entrevista,
pois que, estes se relacionam com os valores, às atitudes e às opiniões dos sujeitos
entrevistados.
A preparação da entrevista é uma das etapas mais importantes da investigação que requer
tempo e exige alguns cuidados, destacando-se entre eles: o planeamento da entrevista, que
deve ter em vista o objectivo a ser alcançado; a escolha do entrevistado, que deve ser alguém
que tenha familiaridade com o tema pesquisado; a oportunidade da entrevista, ou seja, a
disponibilidade do entrevistado em fornecer a entrevista que deverá ser marcada com
antecedência para que o investigador se assegure de que será recebido; as condições
favoráveis que possam garantir ao entrevistado o segredo das suas confidências e da sua
identidade e, por fim, a preparação específica que consiste em organizar o roteiro ou
formulário com as questões importantes (Lakatos & Marconi, 1996, cit. Miranda, R. J. P.
(s/d).
No que diz respeito à formulação das questões o investigador deve ter cuidado para não
elaborar perguntas absurdas, arbitrárias, ambíguas, deslocadas ou tendenciosas. As perguntas
devem ser feitas levando em conta a sequência do pensamento do entrevistado, ou seja,
procurando dar continuidade na conversação, conduzindo a entrevista com um certo sentido
lógico para o entrevistado. Para se obter uma narrativa natural muitas vezes não é interessante
fazer uma pergunta directa, mas sim fazer com que o entrevistado relembre parte da sua vida,
podendo o investigador ir suscitando a memória do entrevistado (Bourdieu, 1999, cit.
Miranda, R. J. P. (s/d).
8.1. Das várias formas de entrevistas, as mais relevantes são: a entrevista estruturada,
semi-estruturada e aberta.
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nem sempre é necessária a presença do investigador para que o respondente responda às
questões. Além disso, o questionário consegue atingir várias pessoas ao mesmo tempo,
obtendo um grande número de dados, podendo abranger uma área geográfica mais ampla, se
for esse o objectivo da investigação.
9. Investigação Empírica
Esta primeira fase tem como objectivo geral a programação do estudo investigativo onde se
incluiu: a escolha e estudo do contexto onde iria decorrer o trabalho, elaboração de estratégias
auxiliadoras à investigação pretendida e o estudo dos instrumentos de recolha de dados.
Nesta segunda fase, com a implementação das actividades experimentais relativas aos
conteúdos escolhidos, ocorreu a recolha de dados no âmbito deste trabalho empírico.
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O trabalho empírico desenvolvido assentou no pressuposto de que, se os alunos forem
treinados nas capacidades e disposições do pensamento crítico, então irão reflectir este facto
através da utilização de um pensamento reflexivo e sensato sempre que confrontados com a
necessidade de decidir como cidadãos activos numa sociedade. Deste modo, a construção de
actividades que operem sobre o Trabalho Experimental de modo a que este contemple o
ensino de capacidades de pensamento crítico é necessária para que os alunos realizem um
trabalho experimental de carácter investigativo, na sala de aula, que contemple e exija o uso
de capacidades do pensamento crítico. (Miranda, s/d),
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10. Conclusão
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11. Referência bibliográfica
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