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CONCEITOS EM PSICOPEDAGOGIAINSTITUCIONAL

O enfoque preventivo em Psicopedagogia Institucional tem como foco os processos de desenvolvimento e as


alterações destes processos e não se restringe apenas à escola, mas também à família e à comunidade. É
realizado, basicamente, a partir da formação continuada dos elementos da instituição e no caso da escola, sobre
as etapas do desenvolvimento humano, o processo de aprendizagem e suas dificuldades.
A Psicopedagogia nas instituições escolares, de forma geral, está voltada para o enfoque preventivo, tornando a
instituição e sua complexa rede de relações o objeto de trabalho do psicopedagogo.
De acordo com Porto (2011), o psicopedagogo institucional atua para amenizar as dificuldades de aprendizagem,
a partir da análise das práticas didático – metodológicas, orientando professores e pais; realiza diagnósticos na
instituição para encontrar as causas para as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos; realiza
intervenções em relação às dificuldades encontradas através de oficinas e projetos pedagógicos.
Trabalha com variadas fontes de dados, provindas da observação, de conversas casuais, entrevistas e análise de
documentos; deve estar em contato com as secretarias de educação, orientadores educacionais, especialistas em
currículo, gestores, professores, deve estar presente em reuniões de diversos tipos e oficinas de trabalho
pedagógico.
Nas instituições escolares, o trabalho preventivo tem a função de trabalhar as questões pertinentes às relações
entre professor - aluno e redefinir os procedimentos pedagógicos, integrando o afetivo e cognitivo, através da
aprendizagem dos conceitos, nas diferentes áreas do conhecimento (FAGALI e VALE, 2003).
O objetivo do trabalho do psicopedagogo institucional é estimular a reflexão e a criticidade na busca de
superação dos obstáculos enfrentados, assegurando que a escola atue de forma integrada.
Considerando o trabalho na instituição escolar, Fagali e Vale (2003) identifica dois tipos de trabalhos
psicopedagógicos:

- Atuação psicopedagógica com grupos: voltada para os alunos que apresentam dificuldades na escola e com
objetivo de reintegrar o aluno à aprendizagem, respeitando suas necessidades e ritmos. Objetiva o
desenvolvimento das funções cognitivas e afetivas, canalizando a motivação dos alunos para a aprendizagem
formal. Acompanha e supervisiona os trabalhos da instituição diante da problemática da aprendizagem escolar e
instrumentaliza a equipe docente;

- Atuação psicopedagógica como assessoria: o trabalho do psicopedagogo no enfoque preventivo relaciona-se ao


desenvolvimento de assessorias para educadores, orientadores e gestores das instituições. Tem como objetivo
trabalhar as questões pertinentes às relações institucionais e redefinir os procedimentos pedagógicos, através da
aprendizagem de conceitos e procedimentos, nas diferentes áreas do conhecimento.
Porto (2011), afirma que o psicopedagogo na instituição escolar pode auxiliar no desenvolvimento da autonomia
do professor, no repensar de sua postura diante da ação pedagógica e na sua autoria de pensamento. Na
Educação Infantil, é evidente o caráter preventivo e tem como foco a formação continuada dos educadores e dos
pais.

É essencial que psicopedagogo conheça as teorias sobre o desenvolvimento infantil e de construção do


conhecimento, como no caso da abordagem socioconstrutivista.
O psicopedagogo institucional escolar deve perceber perturbações no processo aprendizagem dos alunos,
participar da dinâmica da comunidade educativa e promover orientações metodológicas, de acordo com as
características e particularidades dos indivíduos e do grupo. Deve participar da elaboração de planos e projetos
teórico/práticos das políticas educacionais, auxiliando educadores, gestores e coordenadores a repensar o papel
da escola frente às necessidades de aprendizagem da criança. (BOSSA, 2000)
Outro desafio do psicopedagogo institucional é a promoção da resiliência.
A resiliência, na Psicologia, significa a capacidade que uma pessoa tem de, ao passar por uma situação muito
grave e dolorosa, seja em grupo ou individualmente, conseguir se sair bem e retornar ao seu estado anterior sem
muita dificuldade. Assim, pessoas resilientes conseguem superar as dificuldades da vida sem se desesperar ou
“perder a cabeça”. Conseguem buscar soluções de maneira ativa para as suas dificuldades, mesmo sob enorme
pressão psicológica (SAMPAIO, 2019).
O estudo da resiliência revelou que esta não é uma qualidade única e extraordinária de um grupo especial de
pessoas, mas a resultante de qualidade comuns que a maioria das pessoas já possui e que precisam estar
corretamente articuladas e suficientemente desenvolvidas (COSTA, 1995).
No entanto, não basta que a pessoa seja forte para aguentar as pressões, pois há um limite para a resiliência
psicológica, assim como um elástico, que mesmo sendo flexível, sob fortes pressões, se rompe.
Existem três tipos de resiliência, de acordo com Garcia (2001): a emocional, a acadêmica e a social. A resiliência
emocional relaciona as experiências positivas que levam a sentimentos de autoestima, autoeficácia e autonomia,
que capacitam a pessoa a lidar com mudanças e adaptações, obtendo um repertório de abordagens para a solução
de problemas. A resiliência acadêmica engloba a escola como um lugar onde habilidades para resolver
problemas podem ser adquiridas com a ajuda dos agentes educacionais. E a resiliência social envolve fatores
relacionados ao sentimento de pertencimento, supervisão de pais e amigos, relacionamentos íntimos, ou seja,
modelos sociais que estimulem a aprendizagem de resolução de problemas.

Metáfora da resiliência: a flor do deserto

Fonte: http://ritmoexpansao.com.br/3-maneiras-de-desenvolver-resiliencia/
Segundo Sampaio (2019), o psicopedagogo pode promover a resiliência ao ajudar o sujeito a desenvolver
autonomia, independência, a buscar novas alternativas para resolução de situações, refletir sobre suas atitudes,
aprender a lidar com as frustrações, aceitar e respeitar a si mesmo e aos outros.
Situações do cotidiano escolar que envolvem a resiliência de professores e alunos, funcionários e pais são:
doenças graves de membros da comunidade, violência e insegurança, suicídios, uso de drogas, bullying, inclusão
de pessoas com deficiências e com distúrbios de aprendizagem e aprendizagem de novas formas de
comunicação e uso de novas tecnologias para aumentar a inclusão, como no caso do uso de LIBRAS.
Atividade Extra

A possibilidade de atuação de profissionais da Psicopedagogia junto a Organizações Não-Governamentais é


voltada para o resgate da cidadania. O artigo recomendado para leitura trata do relato de uma experiência que
acontece desde 2003, na cidade de Pirapora do Bom Jesus, São Paulo, e que interfere direta e indiretamente na
comunidade, através de ações centradas em grupos de crianças de 6 a 12 anos.
Leia este artigo sobre a atuação da psicopedagogia no terceiro setor, de Gilson Leonardi, acessando o link:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542005000100008

Referência
LEONARDI, G. A atuação da psicopedagogia no terceiro setor: Em busca de um espaço amplo de ação em
resgate da cidadania. Revista Construção Psicopedagógica, São Paulo, v. 13, n. 10, 2005. Disponível em
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542005000100008&lng=pt&nrm=iso
Acesso em 19 mar 2021.

Referências Bibliográficas

 COSTA, A. C. G. Resiliência: pedagogia da presença. São Paulo: Modus Faciend, 1995.


 FAGALI, E. Q.; VALE, Z.D. R. Psicopedagogia Institucional aplicada: aprendizagem escolar dinâmica e
construção na sala de aula. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003
 GARCIA, I. Vulnerabilidade e resiliência. Adolescência Latino-americana, 2001, n. 2, 128-130.
 PORTO, Olivia. Psicopedagogia Institucional: teoria, prática e assessoramento psicopedagógico. Rio de
Janeiro: Wak, 2011
 SAMPAIO, S. A psicopedagogia como promovedora de resiliência.
https://www.psicopedagogiabrasil.com.br/em-branco-chwu Acessado em 22/11/2019

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