Você está na página 1de 29

Prática Integrativa I

(Estágio Básico):

Ana França
ana.franca@unama.br
Um pouco de história

Bock (2003, apud SANDES, 2017), a Psicologia era cúmplice dos
dominantes. Estigmatização da criança e do ensino

Com o desenvolvimento da Psicologia, a clínica passou a ser a
modalidade dominante e o interesse no campo educacional foi
diminuindo.

Houve também uma tendência a tratar a educação como um fator
clínico.

Atualmente, esse movimento tem se modificado e a Psicologia tenta se
redimir com a sociedade, tornando-se menos elitista e mais
preocupada com a coletividade. Já a Educação procura servir menos à
classe dominante e não produzir tantas desigualdades e preconceitos.
Psicologia Escolar e
Psicologia Educacional

Antunes (2011): Psicologia Escolar como aplicação dos conhecimentos
na escola e Psicologia Educacional campo de estudo em que será
aplicado. Não é possível dissociar uma da outra, ambas embasadas em
saberes educacionais e psicológicos.

Psicologia Educacional como uma subárea de conhecimento da
Psicologia, “… que tem como vocação a produção de saberes relativos
aos fenômenos psicológicos constituinte do processo educativo”.
(BARBOSA, 2012 apud PORTAL, 2017)

Psicologia Escolar como campo de ação delimitado à escola. Baseia-se
nos fundamentos teóricos da Psicologia Educacional e outras subáreas.

Leva em consideração principalmente os fenômenos relacionados ao
Desenvolvimento, Aprendizagem e Socialização.
O que faz um Psi na
escola?

Desenvolve atividades direcionadas com alunos, professores e
funcionários e atua e parceria com a coordenação da escola,
familiares e profissionais que acompanham os alunos fora do
ambiente escolar.

A partir de uma visão sistêmica, age em duas frentes: a
preventiva a remediativa. Desta forma, contribui para o
desenvolvimento cognitivo, humano e social de toda a
comunidade escolar.
Sociedade

Escola
“Os psicólogos em escolas não devem realizar uma prática clínica, isto é,
de tratamento de problemas emocionais, familiares, distúrbios etc, mas
devem se ocupar de uma prática mais macroscópica que busque
compreender os processos educacionais que levam a algumas crianças
apresentar dificuldades enquanto outras não apresentam dificuldades.
Essas questões podem ser em virtude de problemas das crianças sim, mas
também podem ser (e na maioria das vezes são) problemas relacionados a
métodos de ensino, professores ou demais condições da escola.”
(SARGIANI, 2013, s.p.)
O que faz um Psi na
escola?

“… O Psicólogo Educacional pode contribuir com o demais profissionais
envolvidos em atividades educacionais (professores, diretores,
coordenadores, educadores) oferecendo contribuições da Psicologia
(do Desenvolvimento, Aprendizagem, Ensino, Social), para melhorias
nos processos de ensino e aprendizagem.” (SARGIANI, 2013, s.p.).

Pode atuar em todos os segmentos do sistema educacional, realizando
diagnósticos e intervenções preventivas ou corretivas, em grupo ou
individual.

Behr e Machado (2017) ressaltam a importância do psicólogo escolar
se posicionar como mediador das relações que se estabelecem na
escola, sendo necessário conhecer as realidades objetivas e subjetivas
no âmbito escolar.

Aprender melhor e não aprender mais.
O que faz um Psi na
escola?

Martinez (2010): Para que serve o psicólogo? O que pode realmente resolver?
Qual a especificidade de seu trabalho em relação ao dos outros profissionais da
escola?

Apresenta possibilidades de atuação do psicólogo na instituição escolar a partir da
sua experiência e da produção científica sobre o tema.

“ Sua atuação se associa frequentemente ao diagnóstico e ao atendimento de
crianças com dificuldades emocionais ou de comportamento, bem como à
orientação aos pais e aos professores sobre como trabalhar com alunos com esse
tipo de problema. Essa situação é resultado do impacto do modelo clínico
terapêutico de formação e atuação dos psicólogos no Brasil na representação
social dominante sobre a atividade desse profissional.” (MARTINEZ, 2010, p. 40)
Formas de atuação
“tradicionais”

Avaliação, diagnóstico, atendimento e encaminhamento de alunos com dificuldades
escolares

Orientação a alunos e pais

Orientação profissional

Orientação sexual

Formação e orientação de professores

Elaboração e coordenação de projetos educativos específicos (em relação, por
exemplo, à violência, ao uso de drogas, à gravidez precoce, ao preconceito, entre
outros)
Formas de atuação
“emergentes”

Diagnóstico, análise e intervenção em nível institucional, especialmente no que diz
respeito à subjetividade social da escola, visando delinear estratégias de trabalho
favorecedoras das mudanças necessárias para a otimização do processo educativo.

Participação na construção, no acompanhamento e na avaliação da proposta
pedagógica da escola

Participação no processo de seleção dos membros da equipe pedagógica e no
processo de avaliação dos resultados do trabalho

Contribuição para a coesão da equipe de direção pedagógica e para sua formação
técnica

Coordenação de disciplinas e de oficinas direcionadas ao desenvolvimento integral
dos alunos

Contribuir para a caracterização da população estudantil com o objetivo de subsidiar o
ensino personalizado

Realização de pesquisas diversas com o objetivo de aprimorar o processo educativo

Facilitar de forma crítica, reflexiva e criativa a implementação das políticas públicas
Questão ética

Para quem fazemos?

O que fazemos?

Com que finalidade?

A quem servimos?
Fracasso escolar?

Reprovação

Evasão
A culpa é de quem?
O que a Psicologia
pode fazer?

Existe mesmo um culpado para a não aprendizagem?

Buscar Responsabilidade ao invés de Culpa

Forças internas e externas: no contexto escolar são várias as forças que
influenciam na aprendizagem ou não, no sucesso ou fracasso, na permanência o
evasão.

Ajudar a compreender essas forças é imprescindível para uma sociedade melhor.

Visão crítica e não normativa do fracassoXsucesso.

Dificuldade de aprendizagem ou de “ensinagem”?
O que o Psi pode fazer?

O Psicólogo enquanto um desses agentes pode ser o elo propulsor de
mudanças, ajudando a buscar soluções para o fracasso escolar.

Pode desenvolver projetos que visem aproximar pais, professores, técnicos,
direção escolar, estudantes e demais agentes, em busca de melhorar o
desenvolvimento do ensino: Propor aos pais, uma maior participação do
desenvolvimento imposto a seus filhos; Auxiliar os professores, no
desenvolvimento da tarefa do ensinar; Procurar ter uma maior participação,
com atuação mais eficaz nas tarefas impostas ao educando.

Não patologizar o estudante mas em ampliar este foco, abrindo espaço para
outras variáveis que também influenciam no processo da aprendizagem,
como a instituição, o método de ensino, as relações ensinante-aprendente,
os aspectos sócio culturais, a história de vida do sujeito, entre outras.
Exemplos de atuação
(Cassins, 2007)
Para uma visão crítica
em Psicologia Escolar

Substituir a visão clínica/individual por uma visão política/social:
… espera-se que, pautados num referencial teórico crítico, os psicólogos
escolares rompam com as explicações pseudocientíficas, que buscam a
origem dos problemas educacionais no aluno ou em sua família. Esse eixo
é o mais fundante, porque, com base nessa concepção de fracasso o
profissional estrutura a sua prática, define as áreas de intervenção,
organiza sua ação, delimita os procedimentos de avaliação e a construção
de vínculos com os usuários do seu trabalho. (LESSA e FACCI, 2009, p.8)

Compreender o fracasso escolar de forma ampla:
… o psicólogo que busca enquadrar a criança com o problema numa
categoria, reforça a crença de que a criança seria a culpada pelo fracasso.
Essa ideia vem do pressuposto de que o indivíduo é o único responsável
pelo seu sucesso ou fracasso, ou seja, de que existe igualdade de
oportunidades e cada um aproveita e desenvolve melhor que os outros de
acordo com sua capacidade.(LESSA e FACCI, 2009, p.9)

Para além do atendimento de queixas escolares

Recursos familiares como fonte de suporte na superação das
dificuldades escolares:
A atuação do psicólogo escolar, junto às crianças que apresentam dificuldades no
processo de aprendizagem escolar, tem recebido muitas críticas, sobretudo as que
afirmam ser esse tipo de atendimento uma transposição a-crítica dos modelos da
Psicologia Clínica para a educação, culpabilizando o aluno pelo próprio fracasso e
isentando os fatores intra-escolares e as questões sociais da promoção do fracasso
escolar. Aponta-se, ainda, ser uma atuação remediativa, em detrimento de uma
atuação preventiva com atendimento indireto ao aluno. (NEVES e MARINHO-
ARAÚJO. 2006, p. 168)
Referências

ANTUNES, M. A. M. Psicologia Escolar e Educacional: história, compromissos e perspectivas. Revista Semestral da Associação
Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) • Volume 12 Número 2 Julho/Dezembro de 2008 • 469-475. Disponível em
http://www.scielo.br/pdf/pee/v12n2/v12n2a20.pdf. Acesso e 21 ago 2017.

BEHR, L. B.; MACHADO, N. Compreendendo o papel do psicólogo enquanto mediador na escola. Disponível em
https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/compreendendo-o-papel-do-psicologo-enquanto-mediador-na-escola. Acesso em 21
ago 2017.

CASSINS, A. M. Manual de psicologia escolar. Curitiba: Grafica e Editora Unificado, 2007.

LESSA, P. V.; FACCI, M. G. D. O Psicólogo escolar e seu trabalho frente ao fracasso. 2009. Disponível em
http://www.abrapee.psc.br/documentos/cd_ix_conpe/ixconpe_arquivos/19.pdf. Acesso em 04 nov 2017.

MARTINEZ, A. M. O que pode fazer o psicólogo na escola?Em Aberto, Brasília, v. 23, n. 83, p. 39-56, mar. 2010. Disponível em
http://rbep.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/2250/2217. Acesso em 04 set 2017.

NEVES, M. M. B. J.; MARINHO-ARAUJO, C. M. A questão das dificuldades de aprendizagem e o atendimento psicológico às queixas
escolares. Aletheia , n.24, p.161-170, jul./dez. 2006. Disponivel em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
03942006000300015. Acesso em 04 nov 2017.

PORTAL EDUCAÇÃO. Psicologia da educação: Conceitos, Objetivos, Funções e Finalidades. Disponível em
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/psicologia-da-educacao-conceitos-objetivos-funcoes-e-finalidades/37945.
Acesso em 21 ago 2017.

SANDES, A. Psicologia e pedagogia: uma estreita relação. Disponível em
http://www.andersonsandes.net/2013/05/psicologia-e-pedagogia-uma-estreita.html. Acesso em 21 ago 2017.

SARGIANI, R. O que faz um psicólogo na escola? Disponível em http://www.psicologiaexplica.com.br/o-que-faz-um-psicologo-na-escola/.
Acesso em 21 ago 2017

Você também pode gostar