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Mediação e adaptação

de atividades para o
estudante em processo
inclusivo
Mediação e adaptação de atividades para o estudante
em processo inclusivo
Delinea, 2021
nº de p. : 14

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Mediação e adaptação de
atividades para o estudante
em processo inclusivo

Abertura
Caro estudante, nessa unidade, será compreendido a respeito das possibilidades de
atuação dos psicólogos escolares na dimensão psicoeducativa da instituição
escolar e, quais as características se fazem necessária para que um psicólogo atue
como mediador no processo de inclusão social, tendo em vista que a criança é um
ser integral, em seus aspectos cognitivo, emocional e social.

Observaremos a ação do psicólogo junto, a equipe multidisciplinar, como


mediadores da aprendizagem, que buscam analisar os comportamentos das
crianças em sua rotina, buscando estímulos e possibilidades a fim intervir em
limitações e dificuldades de aprendizagem e possibilitar uma melhor aprendizagem.

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1 Mediação e adaptação
O conceito de mediação no processo educativo significa adaptar, (a partir do mesmo
conceito de mediação) Se compreendemos as atuações do educador, do psicólogo
escolar, numa perspectiva sociointerativista que observa o desenvolvimento humano
das pessoas com deficiência, a partir das interações do sujeito com o meio onde
está inserido, fica mais claro o que significa mediação num processo de inclusão
social (RAMOS, 2015). Assim, o mediador é:

[...] aquele que no processo de aprendizagem favorece a interpretação


do estímulo ambiental, chamando a atenção para os seus aspectos
cruciais, atribuindo significado à informação recebida, possibilitando que
a mesma aprendizagem de regras e princípios sejam aplicados às novas
aprendizagens, tornando o estímulo ambiental relevante e significativo,
favorecendo o desenvolvimento. (MOUSINHO et al., 2010, p. 94)

O mediador escolar pode ser um profissional das mais diversas formações,


psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, pois isto variará conforme a demanda da
pessoa com deficiência.

Característica de um mediador

A principal característica de um mediador é a capacidade de facilitar a


aprendizagem, identificando estímulos e possibilidades da pessoa com
deficiência no ambiente escolar.

Neste processo, o mediador atuante na mediação da aprendizagem de pessoas com


deficiência precisa conhecer e os limites e às diferenças de aprendizagem inerentes a
uma deficiência específica; deve observar alguns pontos: dependendo da deficiência,
e em uma perspectiva inclusiva, uma parcela considerável das pessoas com
deficiência prefere ser tratada sem nenhuma distinção especial (RAMOS, 2015); para
cada pessoa se faz necessário um diagnóstico e um acompanhamento adequados;
ter uma visão da escola como espaço de convivência e aprendizagem para além de
imediatismos e que a convivência da criança com deficiência junto a outras que não
são deficientes pode ajudar no desenvolvimento de ambas (RAMOS, 2015).

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Processo de mediação

Fonte: Plataforma Deduca (2021).


#PraCegoVer: na imagem temos duas pessoas. Uma mulher
sorrindo, com as mãos apontadas para um homem que apare-
ce de costas. Na mesa onde estão com as mãos apoiadas, há
um notebook.

Uma pessoa com deficiência e as limitações físicas e intelectuais inerentes à


deficiência não perde seus sentimentos, habilidades sociais, temperamento
(RAMOS, 2015). Assim o mediador é aquele que:

[...] pode levar a criança a detectar variações por meio da diferenciação


de informações sensoriais, como visão, audição e outras; reconhecer que
está enfrentando um obstáculo e identificar o problema [...] contribuir para
que a criança tome mais iniciativa mediante diferentes contextos, sem
deixar que este processo siga automaticamente e encorajar a criança a ser
menos passiva no ambiente [...] pode atuar criando pequenas mudanças e
problemas para que a criança perceba, inicie, tolere mudanças e aprenda
a lidar com estas situações. (MOUSINHO et al., 2010, p. 94)

Na escola, o papel do psicólogo é o de uma atuação de mediação. Podendo atuar de


forma tradicional, pois o psicólogo escolar em sua formação e atuação é:

[...] um profissional que utiliza os conhecimentos produzidos sobre o


funcionamento psicológico humano para colaborar com os processos
de aprendizagem e desenvolvimento que têm lugar no contexto escolar,
tendo em conta a complexa teia de elementos e dimensões que nos
caracterizam e que, de alguma forma, nos determinam [...]. (MARTINEZ,
2010, p. 42)

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Para Martinez (2010) a atuação do psicólogo escolar se daria em diversos níveis,
como: diagnóstico, avaliação, orientação, atendimento, prevenção, formação,
consultoria e pesquisa. Nos ambientes inclusivos as possibilidades são as
mesmas, pois são atividades de mediação e intervenção, já que, ao realizar um
diagnóstico, o profissional também é interventivo, pois não existe uma neutralidade
da ação deste profissional.

O preconceito está presente na concepção histórica que vincula a deficiência a


aquilo que falta, inclusive no ambiente escolar. A pessoa deixa de ser observada
na sua integralidade, sendo observada exclusivamente por sua deficiência. Não
se pode vincular a pessoa com deficiência ao fracasso escolar antes mesmo
do próprio fracasso se constituir, se é que vai se constituir. A criança se torna a
própria queixa escolar.

Saiba mais
Para mais informações, acesse o link para ler o artigo “Sobre a
atuação do psicólogo escolar” em: https://repositorio.uniceub.br/
jspui/bitstream/123456789/2893/2/20162482.pdf

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2 O psicólogo e as intervenções junto
à educação inclusiva e as formas de
atuação
No fim do século XIX, a forte presença do positivismo que permeia a medicina às
questões psicológicas são estudadas com base no “organismo”, “centros corticais”,
entre outros que reforçam esse caráter de organismo e nesse contexto que a
psicologia se desenvolve vinculada às faculdades de medicina e direito (ALMEIDA,
2010). A psicologia de base experimental se desenvolve a partir dos anos de 1900
e na República Velha começam a ser exercitados os conhecimentos e práticas
inerentes ou próprios da psicologia, como testes psicológicos que eram realizados
em instituições médicas e educacionais.

Psicologia escolar

Fonte: Plataforma Deduca (2021).


#PraCegoVer: na imagem temos duas mulheres adultas e uma
criança. Uma das adultas está de costas, preenchendo uma
prancheta com um lápis. A outra, está olhando para a mulher,
com o dedo no rosto. Ao lado, uma garota olhando para um
aparelho, com a cabeça abaixada.

Por meio de testes e classificações a psicologia adentra a área educacional e se


inicia ainda no século XIX. As teorias que sustentavam esta modalidade de saber
psicológico têm como referência a psicometria e a eugenia, de Francis Galton e a
hereditariedade e degenerescência, de Morel. Essas teorias tinham como suposição
que a mistura de raças era um dos fatores das deficiências, no caso da eugenia
e são a base da puericultura, do controle social de populações indesejadas, da
disciplina como modelo educacional, entre outras questões (ALMEIDA, 2010).

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Esse olhar e conceitos clínicos e médicos no espaço educacional têm críticos que
se baseiam em duas questões principais: a patologização do espaço educacional,
na qual a solução para todos os problemas é efetivamente clínica ou médico,
inclusive os de ordem social; a consideração de que a criança, e a sua família, são
os únicos responsáveis por eventuais fracassos escolares, pela própria deficiência,
desconsiderando outros aspectos e responsabilidades envolvidas por demais
atores sociais.

Atuação do psicólogo

Pesquisas realizadas consideram que ainda há muito que mudar na relação


e atuação do profissional de Psicologia no contexto escolar, já que ainda
persiste uma demanda de país, de educadores, de gestores por uma atuação
baseada no paradigma clínico e médico, que, como vimos, data do século XIX.

A Política Nacional de Educação Especial, vigente desde o ano de 2008 no Brasil e


que, entre outras questões, define o conceito de educação especial:

[...] uma modalidade de educação escolar que permeia todas as etapas e


níveis de ensino. Esta definição permite desvincular “educação especial”
de “escola especial”. (Permite também, tomar a educação especial como
um recurso que beneficia a todos os educandos e que atravessa o trabalho
do professor com toda a diversidade que constitui o seu grupo de alunos).
(BRASIL, 2005, p. 19)

A definição de educação especial como uma modalidade de educação escolar,


nos ajuda a pensar na participação do psicólogo numa equipe multidisciplinar
de forma mais específica. No contexto de uma educação especial, um psicólogo
escolar poderá contribuir de diversas maneiras. As possíveis ações mediadoras nos
seguintes contextos de atuação possíveis ao psicólogo escolar são: o diagnóstico,
orientação a pais e alunos, formação e orientação de professores, diagnostico e
intervenção institucional e, mediar, facilitar e discutir as políticas públicas.

Em uma perspectiva que vá além dos aspectos clínicos que eventualmente


possam exigir encaminhamentos e adaptações específicas para o atendimento
da pessoa com deficiência, é importante observar o diagnóstico em seu caráter
essencialmente processual (MARTINEZ, 2010). Significa observar para além das
limitações inerentes a uma deficiência específica, o psicólogo escolar deve pensar
em formas diversas de diagnosticar.

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Essa variedade de instrumento determinará as adaptações necessárias tanto na
relação ensino e aprendizagem quanto nas adaptações físicas, metodológicas e de
materiais que facilitem a integração da pessoa com deficiência.

A orientação a pais e alunos diferentemente do trabalho clínico e terapêutico,


pauta-se pela ação para a resolução de uma dificuldade específica de
aprendizagem ou limitação inerente à deficiência apresentada. Essa orientação
pode se dar de forma individual ou em grupos e decorre da avaliação e diagnóstico
realizado (MARTINEZ, 2010).

Já que a atuação do psicólogo escolar deve se pautar na sua integração a


multidisciplinaridade, é muito importante a orientação e a formação de professores
e gestores por estes. O profissional deve ter como meta nas suas formações
contribuir para jogar luz sobre os aspectos contextuais e correlacionais envolvidos
no processo de ensino e aprendizagem e a subjetividade envolvida.

Uma das formas de atuação para o psicólogo no contexto educacional e de inclusão


numa perspectiva multidisciplinar é a avaliação institucional que, contribui para
um ambiente profissional e educacional de acordo com as políticas de educação
especial que norteiam o atendimento a pessoas com deficiência, possibilitando
um atendimento efetivo e a circulação das informações em um ambiente de ensino
e aprendizagem que tenha como objetivo a integração de todos os atores sociais
presentes no processo educativo. Os aspectos psicossociais das instituições que
atuam junto a pessoas com deficiência ou da escola que tem que acolher as crianças
não é separado das formas de atuação individuais dos profissionais que nela atuam.

Os maiores avanços ao atendimento a pessoas com deficiência é mediar, facilitar


e discutir políticas públicas. Sua inserção como beneficiários das mais diversas
políticas públicas nas áreas de saúde, educação, cultura, trabalho, entre outras
que estão previstas na Constituição Brasileira de 1988 e nas respectivas leis que
ordenam a sua implantação, o Sistema Único de Saúde (SUS), o Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA), e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

A discussão sobre políticas públicas tem sido negligenciada, porém, se


observarmos que considere os aspectos psicossociais que estão presentes no
atendimento a pessoas com deficiência fica claro a importância de se discutir e
avaliar os impactos destas políticas na subjetividade e na autonomia das pessoas
(MARTINEZ, 2010). Essas formas de atuação e intervenção do psicólogo em
ambientes de inclusão que prescindem de adaptação ou utilização de materiais
específicos desenvolvidos para intervir junto a pessoas com deficiência, são
ações que demandam do profissional uma formação técnica na área de psicologia

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tanto no atendimento individual quanto nos atendimentos em grupo. Além dessas
formações, o profissional precisa conhecer a legislação, os acordos e diretrizes que
norteiam a educação especial no Brasil.

Saiba mais
Para mais informações, acesse o link para ler o artigo
“Possibilidades de intervenção do psicólogo escolar na educação
inclusiva” em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1983-82202018000100010

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3 Sala de estimulação precoce,
classe comum, classe especial, escola
especializada, classe hospitalar,
oficina pedagógica, atendimento
domiciliar, sala de recursos e centro
de apoio
No desenvolvimento humano, o processo de maturação do Sistema Nervoso Central
(SNC) e suas implicações no processo de ensino e aprendizagem incluem estímulos
sensoriais, motores, afetivos, táteis, auditivos e visuais. O MEC, por meio das
Diretrizes Educacionais para a Estimulação Precoce, orienta e utiliza a terminologia
e o conceito de estimulação precoce assim definido:

assim, para melhor esclarecimento, o conceito da “estimulação precoce”


adotado é: ”Conjunto dinâmico de atividades e de recursos humanos e
ambientais incentivadores que são destinados a proporcionar à criança,
nos seus primeiros anos de vida, experiências significativas para alcançar
pleno desenvolvimento no seu processo evolutivo”. (BRASIL, 1995, p. 11)

Na literatura cientifica, o período entre 0 e 3 anos de idade é fundamental para o


desenvolvimento pleno da criança. Embora tenha sua origem voltada para crianças
com deficiência, os recursos utilizados na metodologia de estimulação precoce
são fundamentais para todas as crianças nesta faixa etária. É fundamental que a
prevenção, o diagnóstico e a intervenção junto a crianças que necessitem de um
apoio clínico e psicológico via programas de estimulação precoce sejam rápidos e
eficazes para garantir uma intervenção adequada.

Classes hospitalares e atendimento domiciliar são espaços voltados à garantia


de acesso à educação e escolarização de crianças convalescentes ou com assim
classes hospitalares são:

Denomina-se classe hospitalar o atendimento pedagógico- educacional


que ocorre em ambientes de tratamento de saúde, seja na circunstância
de internação, como tradicionalmente conhecida, seja na circunstância
do atendimento em hospital-dia e hospital-semana ou em serviços de
atenção integral à saúde mental. (BRASIL, 2002, p. 13)

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Esses serviços devem ser garantidos pelos municípios em convênio com os
ministérios da educação e da saúde. Já o atendimento domiciliar ocorre quando
criança é impossibilitada de frequentar a escola.

Existem ainda as oficinas pedagógicas, que têm como premissa a preparação das
pessoas com deficiência para o mundo do trabalho, e que podem ser ofertadas
em municípios de forma direta pela administração municipal ou em conjunto com
organizações não governamentais.

Saiba mais
Para mais informações, acesse o link para ler o artigo “Diretrizes
de Estimulação Precoce do Ministério da Saúde” em http://
portalarquivos2.saude.gov.br/images/ pdf/2016/novembro/34/
Diretrizes-de-estimulacao-precoce.pdf

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Fechamento
Abordamos a descrição das formas de atuação do psicólogo, discutindo o vínculo
do trabalho do psicólogo escolar com o trabalho dos outros profissionais da escola,
destacando a necessidade do trabalho em equipe, o conhecimento acerca da
legislação e das diretrizes que norteiam a educação especial no País.

A importância de se considerar as políticas públicas se dá pela viabilização da


educação em todas as etapas do desenvolvimento da criança. O conhecimento
do processo de desenvolvimento do ser humano, enquanto ser integral, visa a da
estimulação precoce, principalmente dos zero aos três anos, a todas as crianças, a
fim de se detectar possíveis dificuldades de aprendizagem.

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Referências
ALMEIDA, S. Psicologia escolar. Campinas: Alínea, 2010.

BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial


na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF, jan. 2008. [Documento elaborado
pelo Grupo de Trabalho nomeado pela portaria n. 555/2007, prorrogada pela
portaria n. 948/2007, entregue ao ministro da Educação em 7 de janeiro de 2008.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ politicaeducespecial.pdf>.
Acesso em: 3 dez. 2017.

MARTÍNEZ, A. M. Psicologia Escolar e Educacional: compromissos com


a educação brasileira. Campinas, v. 13, n. 1, p. 169-177, jan./jun. 2009.
Disponível em: http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_
issuetoc&pid=1413855720090001&lng=pt&nrm=iso

_______. Inclusão escolar: desafios para o psicólogo. In: MARTÍNEZ, A. M.

(Org.). Psicologia Escolar e compromisso social: novos discursos, novas práticas.


Campinas: Alínea, 2005. Em Aberto, Brasília, v. 23, n. 83, p. 39-56, mar. 2010 .

_______. O psicólogo escolar e os processo de implantação de políticas públicas:


atuação e formação. In: CAMPOS, H. R. (Org.). Formação em Psicologia Escolar:
realidades e perspectivas. Campinas: Alínea, 2007. Cap. 5, p. 109-133.

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