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AS CONTRIBUIÇÕES COTIDIANAS DA NEUROPSICOPEDAGOGIA E

DA PSICOPEDAGOGA NO TRABALHO DOCENTE DIANTE DA


PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A educação constitui hoje uma das principais formas de


comunicação, penetrando todas as estruturas sociais. Ela é um dos recursos mais
eficazes e necessários de mobilidade social e profissional, já que se refere tanto a
um processo sistemático, como o que ocorre em escolas, faculdades e
universidades, quanto a um processo assistemático de formação e promoção, como
o que ocorre em uma empresa (SOBRINHO, 2015, p. 13).
Todavia, é possível dizer que a educação se encontra há algum
tempo em crise. Nesse sentido, de acordo com Sobrinho (2015, p. 13), é uma crise
de fundamentos e de precisão de objetivos devidamente organizados em um
sistema estável de valores e princípios consistentes, que não se encontram submeti-
dos a pressões do momento.
A formação escolar é necessária em um mundo tão complexo e
avançado tecnologicamente como este. Pode-se sair dela com muito proveito ou de
forma penosa e traumática (SOBRINHO, 2015, p. 80).
O aprender se dá a partir do saber, da apropriação de uma
informação fornecida, da construção do conhecimento, processo no qual intervém
inteligência e desejo. O processo de aprender cumpre a função de possibilitar a
adaptação criativa do indivíduo e sua humanização, com o desenvolvimento
simultâneo enquanto sujeito subjetivo, epistêmico e social (SOBRINHO, 2016, p. 60-
61).
Entretanto, é importante esclarecer que muitas vezes transferimos
problemas da aprendizagem para o aluno, que é constantemente rotulado de “não
adaptado”. A escola, como tal, assume-se como inquestionável. Nesse sentido, a
escola cobra a criança para se adaptar a ela, contudo, não faz esforços para se
adaptar à criança.
Ao longo do processo escolar, as crianças podem apresentar
dificuldades que frequentemente se associa à má adaptação do aluno na escola.
Fonseca (2007) define as dificuldades de aprendizagem como um
conjunto heterogêneo de desordens, perturbações, transtornos, incapacidades, ou
outras expressões de significado similar ou próximo, manifestando dificuldades
significativas, e ou específicas, no processo de aprendizagem verbal, isto é, na
aquisição, integração e expressão de uma ou mais das seguintes habilidades
simbólicas: compreensão auditiva, fala, leitura, escrita e cálculo.
Esses alunos apresentam, portanto, necessidades especiais e
precisam de apoio especializado para cuidar de situações que podem ser um
obstáculo ao desenvolvimento de uma personalidade sã e integrada dos educandos.
Nesse caso, podemos destacar as contribuições da
neuropsicopedagogia com o objetivo de conhecer as bases neurobiológicas do
processo de aprendizagem, tão importante para o ato pedagógico.
De acordo com Figueiredo e Duarte (2019), a neuropsicopedagogia
é uma ciência transdisciplinar fundamentada nos conhecimentos da neurociência
aplicada à educação e tem como objetivo formal de estudo relacionar o
funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de
reintegração pessoal, social e educacional, ou seja, “é uma ciência que estuda o
sistema nervoso e sua atuação no comportamento humano, tendo como enfoque a
aprendizagem”.
Conforme expõe Sobrinho (2015, p. 61): aprender é uma
“possibilidade que todo ser humano tem ao longo de sua existência, incorporando
experiências e conhecimentos de modo sucessivo que, por sua vez, afetam e
produzem mudanças em seu contexto”.
Assim, a atenção à diversidade de capacidades, motivações e
interesses dos alunos é um objetivo que os profissionais da educação estão
tentando abordar há muitas décadas com maior ou menor sucesso (SANTOS, s/d).
Os familiares podem demorar a suspeitar do problema atribuindo as
manifestações das crises a outras causas. Diante de dúvidas, o profissional
especializado deve ser procurado e o médico deve ser consultado para avaliar a
possibilidade de tratamento farmacológico em casos mais graves (METRING e
SAMPAIO, 2019).
Ademais, a promoção de estratégias pedagógicas realizadas com o
objetivo de atuarem no sistema nervoso, requer o conhecimento de como funciona
este cérebro, objeto de estudo da neurobiologia. A educação, portanto, teria que ter
como uma das áreas fundamentais para o seu desenvolvimento, tais

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conhecimentos, afinal o cérebro é o órgão principal da aprendizagem (SANTOS,
s/d.).
O professor, assumindo uma postura mediadora, deve estar ciente
do seu papel e agir de forma que os alunos possam vê-lo como par educativo,
criando vínculos que favoreçam a relação e a aprendizagem. Para isso, sugere-se
ao professor que descubra suas características e busque compreender suas
reações perante os fatos ocorridos, visto que uma simples atitude pode
comprometer sua relação pedagógica com determinado aluno, que o registra no
inconsciente de forma desprezível (OLIVEIRA, 2019, p. 55).
Isso implica promover situações de aprendizagem que favoreçam o
desenvolvimento de habilidades, capacidades e potencialidades em que se
considere o cognitivo, o emocional e o evolutivo, assim como as interações que
sustentam os diferentes contextos, observando o aprendente como um sujeito em
crescimento constante, que deve ser percebido integralmente (SOBRINHO, 2016, p.
64).
Assim sendo, é imprescindível que os professores conheçam as
características individuais dos alunos, principalmente aqueles que possuem indícios
de necessidades educacionais especiais, a fim de traçar o melhor meio de
intervenção e atendimento, além de buscar conhecimentos e promover práticas
pedagógicas inclusivas, respeitando as diversidades e singularidades dos alunos.

2
CONCLUSÃO

O presente trabalho abordou a importância da neuropsicopedagogia


no processo de inclusão. Assim, a neuropsicopedagogia tem como objetivo abordar
a relação do cérebro aos processos neurocognitivos, potencializando o processo de
aprendizagem e aplicar seus métodos nas estratégias pedagógicas nos espaços da
escola.
A relação entre a criança e a escola é um problema que diz respeito
não só a professores e a autoridades escolares, mas a um conjunto de indivíduos
como os pais, a família, a sociedade e o Estado. Dessa forma, é imprescindível que
se avance nos debates sobre a educação e o processo de inclusão.
A escola deve se tornar um lugar de inclusão social, de produção
cultural, de geração de conhecimento e de renovação pedagógica. Vale notar que a
inclusão educacional é a melhor maneira de acabar com o preconceito e que ela
beneficia toda a sociedade. Portanto, recuperar a dimensão mais humana e
essencial da educação torna-se fundamental.

3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

FIGUEIREDO, Ana Valéria de; DUARTE, Ilda M. B. Nazareth (orgs.). Diálogos em


neuropsicopedagogia na educação e saúde. ed. Rio de Janeiro: Autografia, 2019.

METRING, Roberte; SAMPAIO, Simaia (orgs.). Neuropsicopedagogia e


aprendizagem. 2 ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2019.

OLIVEIRA, Denise Abadia Pereira. Prática pedagógica: decisões de múltiplas


conexões. ed. Londrina-PR: Thoth, 2019.

SANTOS, Denise Russo. Contribuições da neurociência à aprendizagem escolar


na perspectiva da educação inclusiva. Disponível em:
<http://files.cdirscomunidadespraticas.webnode.com/200000100-
6b2f46d264/artigo_deniserusso.pdf>. Acesso em: 24/11/2020.

SOBRINHO, Patrícia Jerônimo. Psicopedagogia Clínica e Institucional. ed. São


Paulo: Cengage Learning Brasil, 2015.

_______________. Fundamentos da psicopedagogia. ed. São Paulo: Cengage


Learning Brasil, 2016.

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