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Uma escola é tida como estabelecimento ou instituição de Educação que monitora o PEA,
desde a antiguidade. Neste processo, o envolvimento de entidades que possam garantir a eficácia
do ensino tem sido discutido com maior relevância, de modo a integrar cada vez mais, elementos
que possam ajudar, de algum modo, para o bom andamento da escola.
Pretende-se que se perceba, também, que a família é a primeira instituição, na qual o cidadão
aprende os símbolos primitivos da vida em sociedade e que é fundamental na formação de
valores humanos, daí que surge a necessidade de se chamar para provar a sua missão e
responsabilidade na educação das crianças.
A Escola e a comunidade sua operacionalização
1. Ate que ponto a ligação escola comunidade tem ajudado no processo de ensino e
aprendizagem?
Perante esta situação, em confrontação com a lei, percebemos que o artigo 2 da Lei nº 6/92,
referenciado, defende os princípios pedagógicos que orientam a educação moçambicana, sobre a
ligação entre a escola e a comunidade. E uma das formas previstas é a criação de um órgão
representativo da comunidade, denominado Conselho Escolar, onde tanto a comunidade, quanto
a escola, fazem parte, visando ligar as partes, para garantir que haja:
Assim, na base destes elementos, a família, comunidade e a escola, estarão a par das
actividades lectivas da escola, acompanhando todo processo educacional, desde os fracassos até
aos sucessos, bem como os desafios necessários.
Mas, como a nossa análise não se esgota, apenas em afirmar se usam ou não dispositivos
legais, fez-se necessário confrontar sobre as formas de participação usadas no concreto, isto é, na
prática, como se pode verificar no subtítulo que se segue.
Para a materialização deste subcapítulo, tomamos como base o questionário que consta do
apêndice I, direccionado ao director da EPC Unidade 11, como parte integrante do Conselho de
Escola, segundo a informação por ele dada aquando da entrevista feita no campo da pesquisa.
Nesta óptica, quando questionado se havia alguma interacção efectiva entre a comunidade e a
escola, o Director respondeu nos seguintes moldes:
Existe mas não é muito regular, isto porque estes precisam de ser
chamados, sempre que acharmos que fazem falta para interagir connosco
nas actividades lectivas. (Director da escola aos, 08/4/2014)
Neste contexto, foi nos revelado que os membros representativos da comunidade, na maior
das vezes não se faz à escola quando solicitada, pois não dá importância sumária as actividades
desenvolvidas na escola, ou seja, não ajuda na planificação das actividades curriculares, quando
se faz àquele estabelecimento de ensino, não se mostra incluida nas actividades ou mesmo nos
processos daquele ôrgão. Disvincula se deste modo de todo um órgão uno capaz construir as
decisões ou propostas para o crescimento da Esclola. Esta não coloca ponto de vista algum, ou
seja, não se opõem a nada, nada resolve, apenas cinge-se a aceitar as propostas havidas.
Esta mesma Comunidade não faz o acompanhamento da execução do plano traçado, quer
anual, semestral, trimestral, bem como mensal. Não se preocupa em ver se, está a ser efectivado
ou não.
Nesta perspectiva, achamos que o acompanhamento que se espera da comunidade diante dos
planos curriculares, redunda-se a nada, pois consta-nos que cabe a escola apenas de planificar,
executar e informar aos membros da comunidade que fazem parte do conselho de escola, como
objectos receptivos pois a voz destes não se faz sentir nas decisões-chave sobre a vida da escola.
Assim, percebemos mais uma vez que, os actores envolventes da escola não partilham ideias,
não discutem os problemas que possam facilitar uma boa gestão do processo, pois as partes não
se aproximam, visto que os membros da comunidade mostram um estado de latência nas
decisões da vida da escola:
Esta forma de proceder dos membros da comunidade, traz consigo um ponto de reflexão, no
qual supomos que estes não conhecem o verdadeiro papel que possuem sobre a escola, e muito
menos sobre como podem dar o seu contributo para a gestão do PEA, com vista a ajudar a escola
a garantir um ensino eficiente e eficaz, para atingirmos a qualidade que tanto se almeja nos
educandos.
É preciso garantir o vínculo entre a escola e a realidade vivencial do aluno, as condições reais
e concretas de sua vida.
A escola deve estar aberta aos pais, para que tragam sua experiência, participem de
programas e eventos, vejam os trabalhos e conquistas dos filhos. Os pais devem ter espaço para
colaborar com escola.
Assim, os serviços serão tanto mais eficazes e eficientes, quanto mais a escola conhecer a
comunidade, as características do local, as suas potencialidades e dificuldades, e quanto mais a
comunidade conhecer a escola e sentir aquele equipamento como seu, podendo inclusive usufruir
dele nos dias e horários normais. Uma parceria assim, seria de grande benefício para todos.
O bom contacto com as famílias dos alunos é, talvez, o ponto mais importante da relação
escola-comunidade. Quem são os pais dos alunos ou seus responsáveis, como vivem, o que já
aprenderam em casa, são informações preciosas que todo professor deve procurar obter para que
possa, aí sim, encontrar a melhor forma de apresentar a seus alunos a escola e os conteúdos que
serão ensinados.
Nas situações práticas que favorecem a valorização da escola, os alunos e a comunidade,
devem saber, para a posterior prática no seu dia-a-dia, sob exigência da comunidade, como por
exemplo, a limpeza, a conservação do meio, a produção escolar, a ligação da teoria com a
prática, deve ser um aspecto que a comunidade deve interagir para melhor exigir aos educandos
no contexto diário.
As apresentações de trabalhos por alunos poderiam ser assistidas por seus pais. Com certeza,
o aluno vai caprichar bastante e os laços da parceria escola-pais-comunidade, serão fortalecidos.
Avaliações frequentes ajudam os pais a acompanhar os avanços e recuos escolares dos filhos.
Mas não se deve confundir avaliação com queixa.
Assim, para nós, considerar a escola como comunidade envolve uma asserção de carácter não
apenas pedagógico mas igualmente político, no sentido de prescrever a sua própria construção.
De facto, parece-nos que, ninguém concebe o sistema de trocas sociais que estrutura a realidade
social que é a escola como apenas a relação individual e estreita professor-aluno, mas antes como
sentidos partilhados e multidireccionais pelos que nela se movimentam.
Assim, a comunidade educativa acaba por tornar possível a intervenção de todos os que
mantêm um interesse legítimo na actividade e na vida de cada escola, ou seja os diferentes
agentes do sistema de interacção escolar. Para além dos actores óbvios que são os alunos, os
professores, e o pessoal não docente, temos os pais e encarregados de educação, os
representantes das autarquias mas também da comunidade local, nomeadamente representantes
de instituições, organizações e actividades económicas, sociais, culturais e científicas.
A responsabilização dos membros da organização não é feita apenas perante o Estado numa
perspectiva de escola serviço local, mas, também, perante a comunidade local através da
avaliação e controlo da execução do Projecto Educativo da Escola. A prestação de contas, como
refere Formosinho (1989:7), “na comunidade educativa ela própria é uma prestação de contas
profissional porque é, sobretudo, do tipo democrático, no sentido de que procurará justificar os
meios usados em função dos resultados atingidos e não se satisfará com a mera verificação da
legalidade desses meios, independentemente dos fins prosseguidos”.
Que se crie uma estratégia de capacitação dos membros eleitos na comunidade, que fazem
parte do conselho de escola, para que saibam interagir, discutir, propor soluções permanentes,
que ajudem a própria escola, no lugar de se retraírem diante das decisões ou dos planos
curriculares;
Que se criem condições para que os membros da comunidade conheçam o seu verdadeiro
papel diante da escola, para que se sintam activamente integrados no processo de gestão e não
passem a esperar, apenas pelo chamamento, mas sim trabalhar em coordenação e consentimento;
Que tanto a escola quanto a comunidade comunguen as actividades para que, no caso de
maus resultados saibam como resolve-las em comum.
CONCLUSAO
Torres (2006), na sua análise, concluiu que a escola e a comunidade dão uma imagem
dinâmica da metamorfose da organização escolar, no que respeita às relações estabelecidas com
o meio. Os dinamismos inerentes à influência da comunidade local tendem a conquistar um
espaço crescente na sucessão das representações, sobretudo pelo aumento crescente da
participação institucional dos pais e encarregados de educação e pelo alargamento da
participação a outros sectores da propalada comunidade educativa. (Ibid,p.38)
FORMOSINHO, J., “De serviço do Estado à comunidade educativa – uma nova concepção
para a escola portuguesa”, In Revista Portuguesa de Educação, Braga, UM, n.º 2, vol. 1, 1989.