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Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão,
para a correção e para a instrução na justiça. 2 Tm 3.16
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Se eu tivesse que reduzir toda a psicologia educacional a um
único princípio, diria isto: o fato isolado mais importante que
informação na aprendizagem é aquilo que o aprendiz já
conhece. Descubra o que ele sabe e baseie seus
ensinamentos nisso.
Para Ausubel, nenhum conhecimento novo pode ser incorporado pelo aprendiz
se não houver uma ideia previa para aquele conceito se ancorar. Em termos
práticos, a instrução (construção de novas ideias, conceitos, caminhos) só
acontece mediante ao que já foi ensinado (marcado, pontuado, significado).
Educar significa conduzir para fora. Juntando os conceitos, podemos dizer que
ensinamos para instruir a fim de educar. Ou seja, colocamos uma marca, dando
significado a algo, para que isso possa ser construído na mente e no coração do
aluno, de maneira que gere prática de vida.
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FIDES REFORMATA XIII, Nº 2 (2008): 155-174
http://cpaj.mackenzie.br/webnovo/fidesreformata/artigos.php#XIII
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É aquela perspectiva educacional cuja atenção é
horizontalmente dirigida ao século atual. Neste caso, a
abordagem da educação é feita a partir da concepção da
realidade como um sistema fechado, regido por leis fixas e
universais de causa e efeito, cujas explicações passam pela
teoria evolucionista com relação do surgimento e
funcionamento do universo e do ser humano.
Sob esse aspecto, podemos perceber claramente que a educação secular está
na contramão da cristã por seus princípios. O objetivo da educação secular é
horizontal, terreno, com o objetivo de preparar o aluno para conquistar coisas,
ter status dentro da sociedade e torna-se dono do seu destino, especificamente
no que diz respeito ao que pode ser realizado nesse século. Em nenhum
momento a educação secular está preocupada com o espiritual, com aquilo que
é de cima, que não perece, mas é eterno, e Paulo diz em Colossenses 3.2:
Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas.
Educação cristã, contudo, não é ensino religioso. A escola secular pode oferecer
ensino religioso, sem que este seja, de fato, educação cristã. O ensino religioso
é a transmissão de valores religiosos sobre o universo, o indivíduo, a família e a
vida diária onde abre-se espaço para discutir questões éticas, morais e
religiosas, mas que, não necessariamente, são fundamentadas em Cristo.
A perspectiva da educação cristã é uma prática de vida pautada nos princípios
bíblicos, onde o progresso reflete-se na santificação do indivíduo. Podemos
compreender essa prática nas palavras de Paulo:
Mas agora que vocês foram libertados do pecado e se tornaram escravos de
Deus, o fruto que colhem leva à santidade, e o seu fim é a vida eterna. Rm 6.22
É interessante notar que o cristão produz mas também colhe fruto, de maneira
que, tanto o que ele produz como o que colhe, o aperfeiçoa para uma vida
dedicada a Deus. É um processo, como tudo o que remete à educação, mas o
seu alvo consiste em vida eterna. Assim, uma educação cristã sem princípios,
descompromissada do deu propósito, tem consequências desastrosas, pois
compromete a eternidade do indivíduo, diferente da secular, que traz desconforto
momentâneo.
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Ensine-as [leis do Senhor] com persistência a seus filhos.
Converse sobre elas quando estiver sentado em casa,
quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e
quando se levantar. Dt 6.7
Essa referência mostra o cuidado que o judeu deveria ter com seus filhos, pois
o amor de Deus deveria ser revelado e ensinado pela presença constante dos
pais. Não se trata de uma ordenança aleatória, mas um contraponto aos
costumes pagãos dos povos que Israel não deveria se relacionar, onde as
crianças muitas vezes eram oferecidas em sacrifício aos deuses, fato que
ocorreu entre o povo de Deus (Lv 20.1-6; Jr 32.35).
O pecado e suas práticas levam a sociedade ao caos, e hoje temos a
responsabilidade de trazer a criança ao centro da discussão sobre o cristianismo
que pregamos e praticamos. A ideologia marxista tem propagado a ideia de que
a criança deve ter liberdade de escolha e estar apta ao prazer, mas o que se
pretende de fato é descontruir o ideal de Deus para os pequeninos.
Mateus 18 traz o relato de Jesus em meio a uma discussão dos seus discípulos;
queriam saber quem seria o maior no Reino dos céus. Jesus toma uma criança
e traz para seu colo, ensinando que, quem quisesse ser o maior, deveria ser
como aquele pequenino. O Mestre resgata o papel da criança na sociedade. Sua
inocência, sua simplicidade no modo de pensar e ver as coisas, sua pureza em
enxergar as pessoas e sua capacidade de acreditar deveriam ser tidas como um
princípio para aqueles que almejavam (e almejam) o Reino.
2. Onde erramos
O primeiro ponto a ser levado em consideração no ensino de Mateus 18 é a
necessidade de transformação. Aquele que almeja o Reino deve mudar a sua
rota e a maneira de ser (v.3-4), pois não é possível habitar em santidade com
Deus sem compreender que a simplicidade e a humildade são requisitos para
estar na Sua presença (pv 22.4; Ef 4.2; Cl 3.12; Tg 3.3; Sl 116.6).
Jesus enfatiza no versículo 5 que quem recebe uma criança, o recebe. Muitas
vezes a interpretação dada a esse texto é Jesus de fato não se referia a criança,
e embora seja totalmente coerente aplicar o exemplo ao novo na fé, ao simples
de entendimento, o certo é que a criança foi trazida para o meio dos discípulos
como uma referência concreta. Livre de qualquer interpretação, se nos
detivermos apenas a cena apresentada, a pergunta que fica é: Temos recebido
a criança em nosso meio, valorizando o seu status?
Com base na Shemá judaica (Dt 6.4-9), a criança tinha lugar de importância na
sociedade e deveria ter uma educação contínua dos princípios divinos, algo que
precisamos resgatar.
Afastar a criança do seio familiar foi a primeira estratégia de Satanás para
implementar seu reino maligno. A mulher deixou o lar e foi em direção ao
mercado de trabalho, deixando a educação dos filhos nas mãos de cuidadores,
um movimento que educadores classificam como “terceirização do papel
parental”. A escola passou a ditar regras e a instruir nossos filhos na verdade
relativista e humanista de um novo âmbito social. A estratégia aqui é clara, a
família já não é mais a detentora da educação, e sendo parte do processo, já
não determina sozinha sobre a formação da criança. Achamos essa ideia
interessante (de partilhar a responsabilidade) e apoiamos.
A desconstrução da família gerou a necessidade de novas regras familiares,
onde a recolocação no mercado de trabalho e engajamento da mulher foi
empurrado pelo empoderamento feminino. Mais atividades, mais
responsabilidades, mais autonomia individual, mais desgaste físico e emocional
levaram as relações familiares a se desgastarem.
Como consequência da nova estrutura social, o cristão voltou-se para Deus, mas
negligenciou o espaço infantil. Por espaço não nos referimos apenas ao lugar
físico, mas ao tempo, ao cuidado e às necessidades desse segmento que requer
tanta atenção, afinal, quando o adulto se perde, a criança o segue e se perde
junto. Quando o adulto adoece emocionalmente, a criança sem parâmetro,
adoece também. Quando o pai e a mãe travam uma guerra em busca de mostrar
quem está mais certo ou errado, a criança é alvejada pela insegurança e pelo
medo.
Jesus coloca a criança no meio de uma discussão sobre quem é mais para
ensinar que é necessário menos para conquistar Seu Reino. Menos autonomia
individual, arrogância, verdade absoluta, poder e capacidade.
Deuteronômio 32:2