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Básica
Formação Inicial e
Continuada
+
IFMG
Bruno da Fonseca Gonçalves
Jorddana Rocha de Almeida
Belo Horizonte
Instituto Federal de Minas Gerais
2021
© 2021 by Instituto Federal de Minas Gerais
Todos os direitos autorais reservados.Nenhuma parte desta publicação poderá ser
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico
ou mecânico. Incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de
armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização por escrito do
Instituto Federal de Minas Gerais.
FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
G623o Gonçalves, Bruno da Fonseca.
Orientação de projetos na educação básica [recurso
eletrônico] / Bruno da Fonseca Gonçalves, Jorddana Rocha de
Almeida. – Belo Horizonte : Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, 2021.
91 p. ; il. color.
E-book, no formato PDF.
Material didático para Formação Inicial e Continuada.
ISBN 978-65-5876-089-4
1. Educação. 2. Ciência – Metodologia. 3. Orientação. 4.
Aprendizagem. I. Título.
CDD 371.4
2021
Direitos exclusivos cedidos ao
Instituto Federal de Minas Gerais
Avenida Mário Werneck, 2590,
CEP: 30575-180, Buritis, Belo Horizonte– MG,
Telefone: (31) 2513-5157
Sobre o material
Formulário de
Sugestões
Caro/a cursista,
Mas você deve estar se perguntando: por que falar sobre orientação de
projeto na educação básica?
Sabemos e apostamos em um processo educacional em que é possível
construir conhecimento com as pessoas envolvidas na experiência de aprender
e ensinar durante o percurso formativo proposto no período de escolarização
chamado de Educação Básica. Da mesma maneira, sabemos que este é ainda
um considerável desafio colocado cotidianamente frente a frente para os
professores e professoras, gestores e gestores e estudantes. É possível
construir algo palpável e possível de ser colocado em prática?
Seguimos conversando...
Bons estudos!
Bruno e Jorddana.
Apresentação do curso
Este curso está dividido em três semanas, cujos objetivos de cada uma são
apresentados, sucintamente, a seguir.
Os ícones são elementos gráficos para facilitar os estudos, fique atento quando
eles aparecem no texto. Veja aqui o seu significado:
Objetivos
Conversar sobre alguns motivos para desenvolver projetos na
educação básica e sobre a importância de ter o jovem como
protagonista do projeto.
Chiamaka (Chia, para os mais íntimos) tinha acabado de chegar à sala dos
professores. Estava cansada, mas depois de uma aula daquelas, não poderia ser diferente.
Foram tantas interações, tantas perguntas, alunos explodindo seu potencial de
investigadores e ela ali, mediando as interações e incentivando a busca pelas respostas. Os
jovens fervilhavam, naquele anseio, vontade de mostrar todo o potencial de sua juventude e
persistência. Aquela vida era o que sempre sonhou. Mas não era sempre assim. Também
tinha dias que as coisas não iam bem. Mas conversando com os estudantes, conseguia
entender o que precisava fazer para corrigir o rumo. As oficinas que o Observatório da
Juventude promoveu durante a faculdade abriram seus olhos para a invisibilidade que o
jovem tem na sociedade e como ele precisa ser entendido e ouvido.
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Nesse momento entra a diretora, com uma tabela nas mãos e alguns cartazes
debaixo do braço. Amara tinha aquele estilo de direção que Chiamaka gostava: dava corda
para as inovações, mas sempre cobrava os resultados de seus professores, mesmo que o
resultado não fossem notas, propriamente ditas.
– Chia, preciso de você pra coordenar a feira de ciências deste ano. Aristeu não vai
voltar a tempo da licença e não posso deixar pra última hora. O tema deste ano será
Amazônia e vai ser daqui a três meses. Pode dividir cada turma pra um professor orientar.
Eles já têm o material do ano passado pra fazer a montagem das salas, aproveitando o tema
de Mata Atlântica. É só repassar para os alunos que deverão fazer os cartazes, podem usar
o computador da biblioteca, só combinar com o Diego. O que foi? Que cara é essa,
Chiamaka? Nem venha com desculpas. Você que sempre insiste em organizar esses
eventos!...
– O problema não é esse, Amara. Amazônia é super importante, mas estamos em
pleno cerrado. Isso que você propôs é uma mostra de conhecimentos, super válida. Mas os
alunos mal aparecem nos trabalhos. Você bem sabe que vira sempre aquela disputa entre
os professores sobre quem fez a sala mais bonita. Não gosto muito disso. Queria que os
alunos fossem o centro desse processo. Já pensou se os alunos propusessem os próprios
temas? E se eles fizessem ciência? Tipo assim, se os próprios estudantes identificassem e
escolhessem os problemas e investigassem, usando método científico? Podemos dar um
tema norteador, mas sem exigir que seja relacionado. Assim, poderíamos ajudá-los a olhar
criticamente para sua realidade, quem sabe até encontrando soluções e abordagens que
façam a diferença na vida deles.
– Bom, deixe-me pensar... Monta o projeto e me manda. Até semana que vem, senão
fica uma confusão. E cuidado com essa história de colocar o jovem no centro do processo.
Está com cara que vai ser uma bagunça, se deixar por conta deles. – Disse Amara.
Chiamaka sorriu. Sabia que os alunos dariam conta. Já ia marcar uma conversa com
eles, um momento pra ouvir o que eles pensavam e gostariam de incluir no processo e em
quê poderiam atuar. E, claro, se eles topavam a ideia. Ela sabia que sem a colaboração
deles, nada seria tão produtivo. Se toparem, precisam apenas da orientação certa.
Agora vinha a parte mais complicada: convencer os professores. Não que eles fossem
ruins, mas porque sempre fizeram do mesmo jeito. Ela já estava na escola há 5 anos e todas
as ditas “feiras de ciências” eram do mesmo jeito. Além disso já eram muito sobrecarregados
com o trabalho. Então ela pensou e uma pequena lâmpada se acendeu sobre sua cabeça:
a lâmpada do sinal. Acabou o intervalo. Já estava na hora de voltar à sala de aula. A ideia
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de como desenvolver o trabalho ainda precisava esperar. Mas já sabia o que tinha que fazer:
mostrar e convencer os professores da importância de desenvolver projetos onde os alunos
fossem os protagonistas.
Vamos caminhar juntos e ajudar Chia a desenvolver este projeto?
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Trazendo esta reflexão para o contexto educacional escolar, que é o nosso campo de
atuação comum no trabalho educativo com jovens, podemos ainda questionar: e o jovem da
escola ou instituição de ensino que você trabalha é levado a sério? Já parou para pensar se
você, no exercício da sua prática pedagógica, leva os/as jovens a sério?
Essas várias questões iniciais são para nos mobilizar sobre qual é o sentido e
necessidade de pensarmos sobre o protagonismo juvenil na prática pedagógica pautada na
abordagem teórico-metodológica de projetos. Vale ressaltar que essa abordagem, também
muito conhecida como “pedagogia de/por projetos”, vem sendo desenvolvida e disseminada
desde os estudos de intelectuais considerados/as os/as precursores da educação infantil
como John Dewey, Froebel, Frenet, Decroly, Montessori, Piaget, Vygotsky e muitos outros.
Esses estudos são referências para a continuidade de análises e pesquisas mais
contemporâneas sobre processos de ensino-aprendizagem, os sujeitos neles envolvidos
(crianças, jovens, adultos), bem como sobre as relações entre os saberes escolares e os
saberes socioculturais, o mundo da escola e o mundo fora dela e, no nosso caso mais
específico, sobre a relação entre jovens e escola.
Após essas palavras iniciais, anunciamos a nossa questão central: Por que e para
que o jovem precisa ser (o/a) protagonista do projeto?
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Antes de mais nada, precisaremos abordar algumas dimensões que, para nós, são a
linha de largada e a base sólida dessa problemática. A primeira delas se refere à noção de
educação que nos ancora. É claro que não é possível neste único material fazermos uma
retrospectiva histórica completa e aprofundada sobre o conceito de educação, para isso
precisaríamos de outro curso, não é mesmo?! Mas, cabe a nós fazermos uma breve
contextualização sobre o que estamos compreendendo e defendendo ser educação.
É possível afirmar que a educação é um processo mais amplo que ocorre na vivência
da experiência humana desde a nossa gestação e chegada ao mundo, através das relações
que estabelecemos com as pessoas que nos cercam. Isto é, a educação é uma via de mão
dupla, na qual aprendemos com as pessoas ao nosso redor e essas pessoas também
aprendem conosco. Significa compreender a educação como um processo de socialização
e de construção de aprendizados mútuos. São esses aprendizados que nos ajudam a nos
constituir como seres-humanos, sujeitos sociais e a viver em sociedade. É um processo que
acompanha toda a nossa existência e pode acontecer em diferentes lugares e espaços
sociais, dentre eles a escola/instituição de ensino.
Nesse sentido, afastamo-nos da perspectiva de educação resumida ao ato de
transmitir conhecimento. Trata-se de algo mais amplo, mesmo no âmbito da educação
escolar. Essa perspectiva compreende que a educação tem uma centralidade na dimensão
humana, ou seja, no processo pelo qual vamos nos tornando humanos, na dinâmica das
relações sociais que estabelecemos em diversos, diferentes e desiguais contextos. Isto é,
compreendemos educação como processo de formação humana que não considera o ser
humano como um dado, mas sim um constante tornar-se e, por isso, tem razão de ser.
Dialogamos com pesquisadores como Paulo Freire (1979; 1996; 2007), Bernard Charlot
(2000; 2013), Carlos Brandão (2012), Marília Sposito (2005), Geraldo Leão (2006) e Juarez
Dayrell (2016). A educação, nesta perspectiva é um processo ambíguo de autoconstrução
e, ao mesmo tempo, apropriação de um conjunto de conhecimentos e práticas socioculturais
produzidas pela humanidade.
Seguindo esse raciocínio, partimos do pressuposto de que todo processo educativo,
incluindo os processos de escolarização expressa determinada abordagem político
pedagógica. O tempo todo o/a professor/a-educador/a faz uma escolha. Qual método vou
utilizar, qual abordagem pedagógica, qual tipo de avaliação etc. O que implica também
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afirmar que não existe neutralidade, especialmente nas práticas educativas mais
sistematizadas, como é o caso da educação formal. Pensando nisso, qual é a sua escolha?
Qual é a educação com a qual se compactua no exercício da sua prática docente?
Após refletir sobre isso, retomamos as provações da música Não é sério (Charlie
Brown Jr) que iniciou esse tópico. Na concepção de educação e abordagem pedagógica que
você acredita, aposta, pratica, os/as jovens são levados a sério? Seria possível identificar
em quais momentos isso acontece? Com que frequência os/as jovens e suas demandas,
anseios são levados a sério? Se essas perguntas fossem direcionadas aos/as jovens com
os/as quais você atua, o que eles/as diriam? Será que eles diriam algo parecido com este
outro trecho da música?
Sempre quis falar
Nunca tive chance
Tudo que eu queria
Estava fora do meu alcance (...)
O outro aspecto que nos parece central no debate sobre o tema aqui proposto “o
jovem como protagonista de projeto”, se refere a concepção de juventude que estamos
abordando neste material. Afinal, o que é ser jovem? O que é juventude? Parecem até
perguntas simples, mas, não são.
Em geral, essas questões causam muita confusão, dúvidas, generalizações, até
mesmo padronizações e estereótipos. Essas mesmas questões têm mobilizado um conjunto
muito extenso de pesquisas tanto no contexto mundial, desde o século XIX, quanto na
América Latina e no Brasil, especialmente no contexto mais contemporâneo no campo de
estudos da Sociologia da Juventude. Também não temos a intenção de fazer uma retomada
histórico-social do conceito, mas sim de irmos mais direto ao ponto, trazendo alguns
elementos que podem nos ajudar a compreender como que esta categoria se insere na
nossa prática educativa. Que pistas ela pode nos oferecer, visto que atuamos diretamente
com estudantes jovens?
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A própria ideia de fase da vida não é consensual e pouco precisa, pois não sabemos
exatamente quando entramos ou saímos em um ciclo etário. Assim por diante, outras
imagens são construídas e muitas vezes reproduzidas, apontando a tendência e o risco que
corremos em reforçar estereótipos que nos distanciam cada vez mais dos/as jovens reais
com o quais atuamos.
O mais importante é compreender que buscamos romper com uma noção de
juventude reduzida apenas à faixa etária, a uma fase cronológica e/ou fase de transição.
Compreendemos a juventude como uma categoria socialmente e historicamente produzida,
e por isso não se trata de um conceito único e estático. A experiência juvenil se apresenta
de diferentes formas para os/as diferentes jovens que a vivenciam. Trata-se de um grupo
social com demandas específicas, conforme os diferentes contextos socioculturais vividos.
Isso significa compreender que não há uma única juventude no sentido de uma
categoria universal, que impõe uma única representação sobre ser jovem. Ao contrário, há
juventudes, no plural, demarcando os diferentes modos de ser jovens existentes, no contexto
das diferentes situações juvenis, que se constituem tanto na relação dos/as jovens com as
instituições (escola, trabalho, igreja, família), quanto na construção dos seus processos
sócio-culturais, políticos e identitários (classe, gênero, sexualidade. raça, religião, território
e outros).
Resumindo, podemos dizer que a juventude é um momento do ciclo da vida marcada
por transformações de diversas ordens. Os/as jovens são diretamente afetados pelas
transformações que passam pelo seu corpo, suas emoções, suas relações sociais, bem
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como pelas suas condições sociais, de classe, gênero, raça, identidades culturais e
religiosas, diferenças nos territórios vividos, nas configurações familiares, as aspirações de
futuro, a relação com as novas tecnologias e as mídias digitais e demais transformações e
mutações da sociedade contemporânea. Dizemos tudo isso para reforçar a importância de
construirmos uma noção de juventude que possa nos ajudar a de fato conhecer os/as jovens
com os quais atuamos, diferentemente de enquadrá-los em concepções previamente
definidas, formatadas e estereotipadas.
Outro eixo que pode ser considerado basilar na nossa reflexão sobre protagonismo
juvenil no desenvolvimento de projetos é a relação jovem e escola. Sabemos que a escola
é uma instituição central na vida dos jovens, embora ainda tenhamos um considerável
número de jovens fora das instituições de ensino e considerando que ela não é o único
espaço social onde os/as jovens aprendem, como já mencionamos anteriormente. É também
uma relação de longa data, visto que tanto a ‘instituição escolar’, quanto ‘o aluno’ vem sendo
constituídos ao longo de séculos. Nesse ponto específico, gostaríamos que você fizesse um
exercício mental. Feche os olhos por alguns instantes e imagine uma escola. Como ela é?
O que você vê na sua estrutura física? Quais espaços a compõem, suas cores, texturas?
Imagine também uma sala de sala e faça as mesmas perguntas mentalmente e vai
imaginando. Repita o exercício imaginando agora a figura do aluno. Como é este aluno?...
Terminado o seu exercício de imaginação, propomos agora um exercício de pesquisa.
Faça uma breve e simples pesquisa, utilizando a ferramenta do Google imagem. Digite as
seguintes palavras: escola; sala de aula; e aluno, separadamente no campo de busca. O
que você vê? Algo te chama atenção, te intriga? Que observações você faria?
Sabemos que certamente você conseguiu observar muitas coisas. É claro que não
conseguiríamos inferir sobre todas essas possíveis considerações! No entanto,
provavelmente na imaginação e nas pesquisas de vocês predominaram imagens de uma
estrutura com muitos compartimentos, portões, grades, portas, carteiras enfileiradas, salas
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de aulas quadradas, com quadro branco centralizado na frente da sala, jovens sentados
olhando para frente, um/a professor/a também à frente, alunos/as, em geral, solitários com
um livro ou um caderno ou uma folha de atividade, ou ainda caderno de prova etc. Não
estamos aqui constatando e nem tirando conclusões precipitadas e genéricas. Mas, com
esses dois simples exercícios, podemos perceber questões centrais deste debate, que são
problematizadas em muitas pesquisas na área da educação e no campo de estudos da
sociologia da juventude. Dentre elas, ressaltamos a naturalização de um formato de escola,
currículo, métodos avaliativos, consolidando-se assim uma cultura escolar com seus tempos,
espaços, regras bem definidas e quase que cristalizadas no tempo.
A sensação é de que estamos repetindo a mesma cena, reproduzindo muitas vezes
o processo de escolarização que nós tivemos, esquecendo-se de que os sujeitos são outros,
de outras gerações, de outros tempos sociais, históricos e políticos. E por que insistimos
nessa repetição? Insistimos em naturalizar a nossa visão de aluno/a e de professor/a? Para
quê insistimos em reduzi-los/as a essas visões que anulam os sujeitos de desejos, saberes
e demandas que eles e elas são?
Nesse sentido, é ressaltada a questão da relação tensa que se estabelece entre
jovens e escola. Os/as estudantes adolescentes e jovens de hoje não se adaptam mais a
esse formato de escola e de ensino, no qual precisam ficar quietos, sentados, obedientes
aos comandos do/a professor/a. Quando podem participar, na maioria das vezes trata-se de
uma participação limitada, na qual o jovem deve se engajar em tarefa predeterminada com
pouco ou nenhuma autonomia. Espera-se que esses/as jovens respeitem e sejam
disciplinados à rotina escolar, que tem, em geral, poucas brechas para perceber, reconhecer
e incorporar a diversidade juvenil que ali se encontra. Espera-se um jovem aluno/a passivo/a!
Sobra pouco tempo para debates sobre temas que interessam os/as jovens. Nesse sentido,
a sociabilidade juvenil é outro importante ponto-chave, pouco explorado e proporcionado
pela escola fora dos controles da sala de aula.
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e de interações com outras pessoas, grupos e instituições. Isto é, compreender que os/as
jovens são ativos no processo de escolarização e produzem uma maneira própria de ver e
valorizar a escola. Sim, eles/as vão constituindo diversas trajetórias escolares. Não é a
escola que formata ou preestabelece esta trajetória, de forma única e generalizada. Já parou
para pensar sobre isso?
Outro passo importante é voltar o mesmo olhar, com lente de estrangeiro, para as
suas próprias práticas educativas. Como elas estão quando o assunto é participação juvenil,
protagonismo, e/ou reconhecimento do jovem como sujeito ativo do processo?
Depois se fazer esse caminho reflexivo, podemos retomar a questão que nos une
aqui: Por que e para que o/a jovem precisa ser protagonista do projeto?
Os elementos que já abordamos acerca das relações entre educação, juventudes e
escola já compõem uma parte dessa questão central, não acha? É claro que reconhecemos
que foi necessário pegar alguns atalhos, pois não era o nosso objetivo alongarmos mais do
que necessário para este material. No entanto, estamos alinhados nos seguintes
pressupostos: a) a concepção de educação como formação humana, b) de juventude como
condição social que tem uma importância em si mesma e se constitui na pluralidade e nas
diferenças dos contextos socioculturais vividos por jovens e c) do reconhecimento da
necessidade de dedicarmos atenção às relações entre jovens e escola rumo a
desnaturalização de uma cultura escolar estática e pragmática.
Visto isto, cabe perguntar: o que estamos entendendo por protagonismo juvenil? O
que significa dar centralidade ao protagonismo juvenil nas práticas educativas? É sabido que
para falar disso precisamos compreender que esta questão está diretamente ligada à
abertura para o processo de construção de autonomia. Aqui, o nosso entendimento de
autonomia se refere a um processo que é constante na vida das pessoas, que se constitui
ao longo da experiência humana de várias, inúmeras decisões que vão sendo tomadas. É,
ao mesmo tempo, um processo de construção de si na relação com os outros. Implica fazer
escolhas, tomar decisões e assumir postura ética e responsável em relação às
consequências que se emerge em cada escolha feita. No âmbito da prática educativa,
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Juventude da UFMG trazer e informar alguns elementos, pistas, diretrizes que dão vida para
uma determinada prática educativa desenvolvida com jovens.
Depois de tudo que já foi falado até aqui, enfatizamos ainda que todo processo
educativo que tem uma intencionalidade formativa é envolvido por pelo menos quatro
elementos:
os sujeitos que
aprendem
Processo
Educativo
os sujeitos que
conhecimento
organizam a
em si
aprendizagem
Ação
Formativa
o contexto em
que se
desenvolvem
as ações
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Se você prestar atenção, vai perceber que em outras palavras estamos mencionando
esses elementos ao longo de todo esse material, não é mesmo? Por isso eles são
considerados fundamentais.
Dito isto, nos resta agora enfatizar que um dos pressupostos principais da nossa
busca pela “Pedagogia das Juventudes” é enxergar os jovens com os quais trabalhamos,
perceber a suas especificidades e compreender a sua condição juvenil nos contextos onde
vivem. A centralidade está nos/as sujeitos/as jovens, com destaque para o seu papel ativo
como estudantes que, como já ressaltamos ao abordarmos sobre a perspectiva da sociologia
da juventude, é considerado como sujeito de direitos e também sujeito de saberes e de
desejos. Todo processo educativo pressupõe um “desejo de”. Mas esse desejo só pode ser
encontrado na relação significativa com outro(s), constituindo possibilidades de gerar
mobilização. Daí a importância, também central, da qualidade das relações estabelecidas
entre educador/a-professor/a e estudante-educando/a e da busca pela aprendizagem
significativa no sentido de possibilitar a construção de significados pelos/as estudantes entre
o que conhecem e o que aprendem, nos processos de ensino-aprendizagem.
No sentido de inspirar a você e lançar mais pistas no desenvolvimento de práticas
educativas no trabalho com jovens, considerando o protagonismo juvenil e a metodologia de
projetos, compartilhamos a Figura 03 com possíveis atividades de serem desenvolvidas com
jovens, respeitando sempre as especificidades, diversidades e diferentes realidades
existentes.
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Depois de todo o trabalho pra organizar o projeto, Chiamaka estava pronta para
mostrar a Amara o projeto. E a diretora ficou perplexa. Em apenas uma semana, Chiamaka
havia conseguido organizar as ideias, reuniu-se com os estudantes (que, aliás, ficaram muito
felizes em participar da proposta), e convenceu Amara que a proposta poderia dar certo. Os
jovens liderando o processo, desde a concepção do problema até o desenvolvimento do
projeto. Amara ficou radiante com a proposta. Os professores, embora preocupados,
aceitaram que seria uma oportunidade de fazer algo diferente. Se não funcionasse, seria
ainda assim uma boa experiência. Mas pediram que Chiamaka fizesse alguns encontros,
explicasse melhor a proposta para finalmente poderem desenvolver bem seus papéis de
orientadores com os estudantes.
Na próxima semana, Chiamaka irá começar a discutir alguns temas para ajudar os
jovens e professores nesse processo. Vem com a gente estudar um pouco mais?
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Objetivos
Apresentar algumas possibilidades sobre a orientação dos
alunos a respeito do Método Científico utilizando algumas
técnicas das Metodologias de Projetos.
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outro horário pra repor. Mas isso não é o mais importante. O importante é todo mundo
trabalhar junto, para que ninguém se sinta prejudicado. Vocês vão achar a orientação mais
produtiva que as aulas, tenho certeza disso. O que vocês acham?
Chiamaka sabia que nem todos achariam que daria certo, mas esperava que pelo
menos aceitassem. E foi o que aconteceu. Para surpresa de Chia, todos pareceram
empolgados com a proposta. Muitos estavam até ansiosos.
Na semana seguinte, com os dados que os alunos preencheram em mãos, chegou à
reunião com uma proposta de divisão. Cada professor recebeu um conjunto de trabalhos
que mais se aproximavam de sua área de formação e de seus gostos pessoais. Foi incrível
a diversidade de assuntos. O professor de sociologia ficou abismado com tantos assuntos
na sua área. Trabalhos muito interessantes. Dois deles faziam referência a um dos
conteúdos que sempre trabalhava, mas outros três abordavam problemas bem mais
complexos. Um deles ele sequer havia lido os autores que os alunos citaram. Foram cerca
de 5 trabalhos por professor. A proposta de divisão não agradou a todos, mas Chiamaka fez
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questão de dizer que era uma proposta. Depois de algumas conversas rápidas, conseguiram
alinhar a divisão. Mas não sem um pouco de reclamação, pois vários temas não tinham
ninguém que soubesse ou tivesse facilidade. Ela percebeu que muitos ainda estavam
fechados em suas caixinhas de conteúdo, o que impede a interdisciplinaridade. Ela também
sabia que isso era um processo, assim como foi para ela. Por isso, Chia garantiu que a
orientação poderia acontecer assim mesmo. Eles deveriam ser guias, não donos do
processo de desenvolvimento do trabalho.
Assim, com os temas alinhados aos orientadores, deu início ao processo das oficinas
com os professores e os jovens estudantes. Com os alunos, explicou qual seria a dinâmica,
suas responsabilidades, qual a postura esperada dos professores-orientadores e qual a
postura esperada dos estudantes. Com os professores, além dessa orientação, abordou o
método científico e algumas dicas de orientação dos trabalhos.
Vamos ver a proposta de Chia para a oficina com os professores? Essa história
continua...
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Figura 06 – Método científico no formato linear: mais parece uma receita. Tradução livre: Método Científico
(serve 1 pessoa) 1. Faça uma pergunta. 2. Formule uma hipótese. 3. Faça um experimento. 4. Colete os dados.
5. Tire conclusões. Asse até ficar bem cozido. Decore com observações adicionais. Simples demais!
Fonte: https://undsci.berkeley.edu/article/howscienceworks_01 (Acesso em: 29 ago. 2020)
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Figura 07 – Fluxograma de Berkeley (adaptado). Tradução livre: 1 - Novas tecnologias; Problema prático;
Curiosidade. 2 - EXPLORAÇÃO E DESCOBERTA: Fazendo observações; Fazendo perguntas;
Compartilhando dados e ideias; Buscando inspiração; Explorando a literatura. 3 - Motivação pessoal; Sorte ou
acaso; Observações inesperadas. 4 - TESTANDO IDEIAS: Juntando informação. Hipóteses; Observações
esperadas; Resultados/observações atuais. Interpretando dados. Dados de suporte, contraditórios,
surpreendentes ou inconclusivos podem...: Apoiar uma hipótese; Opor uma hipótese; Inspirar uma hipótese
nova/revisada; Inspirar suposições revisadas. 5 - BENEFÍCIOS E RESULTADOS: Desenvolver tecnologia;
Abordar questões sociais; Construir conhecimento; Satisfazer a curiosidade; Resolver problemas do dia-a-dia;
Informar a política. 6 - ANÁLISE DA COMUNIDADE E FEEDBACK: Feedback e revisão por pares; Discussão
com colegas; Réplicas; Publicação; Chegando com novas perguntas/ideias; Construção de teorias.
Fonte: https://undsci.berkeley.edu/images/us101/flowchart_noninteractive.gif (Acesso em: 29 ago. 2020)
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Figura 08 – Fluxograma de Berkeley (adaptado). Tradução livre: Exploração e Descoberta; Testando Ideias;
Benefícios e Resultados; Análise da Comunidade e Feedback;
Fonte: https://undsci.berkeley.edu/article/0_0_0/howscienceworks_03 (Acesso em: 29 ago. 2020)
Figura 09 – Fluxograma de Berkeley (adaptado). Tradução livre: Exploração e Descoberta; Testando Ideias;
Benefícios e Resultados; Análise da Comunidade e Feedback;
Fonte: https://undsci.berkeley.edu/article/0_0_0/howscienceworks_03 (Acesso em: 29 ago. 2020)
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Figura 10 – Fluxograma de Berkeley (adaptado). Tradução livre: TESTANDO IDEIAS: Juntando informação.
Hipóteses; Observações esperadas; Resultados/observações atuais. Interpretando dados. Dados de suporte,
contraditórios, surpreendentes ou inconclusivos podem...: Apoiar uma hipótese; Opor uma hipótese; Inspirar
uma hipótese nova/revisada; Inspirar suposições revisadas.
Fonte: https://undsci.berkeley.edu/article/0_0_0/howscienceworks_03 (Acesso em: 29 ago. 2020)
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do dia a dia. Os resultados da investigação científica muitas vezes levam a novas questões
e ideias a serem testadas e exploradas.
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Maia e Mion (2007) citam Paulo Freire (1996) discutindo os termos curiosidade
ingênua e curiosidade epistemológica. Para elas, Paulo Freire aponta que
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Os projetos geralmente são (ou pelo menos se espera que sejam) desenhados e
desenvolvidos pelos alunos, que realizam suas investigações com autonomia. Conforme vão
desenvolvendo o projeto, utilizam conhecimentos e competências de diferentes áreas. Com
os projetos, os estudantes acabam desenvolvendo diversas habilidades de pesquisa,
tomada de decisões, de resolução de problemas, de colaboração, aspectos de pensamento
crítico etc. Nas palavras de Vincent-Lancrin et al. (2020),
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avaliando individualmente os estudantes. Você observou que o mesmo acontece nas outras
propostas metodológicas? O professor age como mediador, fomentando o trabalho em
equipe e suscitando a aprendizagem e o trabalho interdisciplinar, organizado a partir de
problemas reais do cotidiano dos estudantes.
A atividade formativa dá-se na busca de soluções, em que o conhecimento adquirido
pode ser utilizado em vários contextos. A partir da mediação docente, ela se desenvolve com
base na resolução de problemas propostos, com a finalidade de que o aluno estude e
aprenda determinados conteúdos.
De acordo com esta proposta, sabemos que estimular o estudante a interagir com o
problema requer algumas adequações e/ou um mínimo de estrutura disponível para que
possam ocorrer aulas de campo para pesquisa e investigação, espaços diferenciados para
os grupos se encontrar e discutir, bibliotecas para que possa haver consulta e preparação
dos bibliotecários quanto à necessidade de informação destes como usuários, o uso de
laboratórios para algum tipo de análise que estes desejem fazer e o acompanhamento
técnico caso necessário (ANTUNES; NASCIMENTO; QUEIROZ, 2019). Ressaltamos que a
viabilização de cada estrutura deve estar de acordo com as possibilidades que cada
escola/instituição de ensino. Assim, reforçamos também sobre a importância de ao propor
os problemas, sempre levar em conta as possibilidades de recursos, infraestrutura, entre
outras questões que estão ou não disponíveis em cada realidade.
O pesquisador Ventura (2002), em seu artigo “Por uma pedagogia de Projetos: Uma
síntese introdutória” discute os papéis do professor na orientação dos projetos. Ele aponta
que:
Durante a realização do projeto, o papel dos professores é, principalmente, o
de tutor. Se tudo se passa tranquilamente, eles observam, encorajam e
anotam em portifólio próprio o desenrolar das ações. Se problemas surgem,
eles passam a uma relação de ajuda sem, no entanto, resolver o problema
para os alunos. Ajudar significa criar condições para que o problema seja
resolvido pelos próprios alunos. Cabe, então, aos professores:
a) Criar, junto com os alunos, as situações-problema a serem resolvidas.
Uma situação-problema é uma situação de aprendizagem na qual o enigma
proposto ao aluno permite-lhe, em sua movimentação de representações, de
identidades, a aquisição de uma competência irreversível, após negociar
soluções novas com os diversos elementos da rede de construção de saberes
montada para a solução do enigma proposto;
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Plataforma +IFMG
Esses termos são alguns dos passos que podemos utilizar com nossos alunos na
execução de projetos. Não significa que esta é a única forma de fazer, pelo contrário, esta é
uma referência, no sentido de inspirar e apontar possibilidades, a partir de um estudo já
realizado. Nesse sentido, vamos apenas discutir cada um deles, visando a melhor
compreensão, além de propor algumas ferramentas que podem contribuir com os processos.
O primeiro ponto importante é que o professor entenda seu papel dentro do projeto:
ele é um orientador, um TUTOR do aprendizado do estudante. A cultura docente muitas
vezes nos impõe uma responsabilidade de donos do saber, de que temos que saber tudo
sobre o assunto, como nesse item estivesse lastreada nossa condição de professor. Mas
não é assim: nossa condição de professor está muito além de possuir conhecimentos.
Podemos não conhecer o assunto ou não ter muitas informações, mas temos experiência
de vida, maturidade ao lidar com os diversos conhecimentos, sensibilidade de conduzir o
aprendizado em uma turma com tantos níveis de conhecimento diferentes. Como já nos
ensinou o educador-pesquisador Paulo Freire (2007) que enquanto educadores/as é mais
coerente termos uma postura de nos reconhecer como pessoas que também aprendem ao
ensinar e por isso não tem que saber tudo. Mas, ao mesmo tempo, tem o dever de pesquisar,
buscar saber mais junto com os estudantes. Esse é nosso diferencial. Somos mais que
enciclopédias, fadadas ao pó de uma estante nesse mundo onde o conhecimento está na
palma da mão, não é mesmo?!
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O segundo ponto se refere ao papel do docente de ajudar o estudante, junto com ele,
a desenvolver melhor a situação-problema a ser abordada no projeto. O jovem estudante
muitas vezes elabora o problema em uma dimensão muito maior da possível de ser resolvida
dentro do tempo disponível. O orientador deve, junto ao estudante ou seu grupo, delimitar o
escopo do projeto. Por exemplo: Um grupo pode sugerir como tema a ser desenvolvido
“Acabar com a fome no mundo”. O tema é muito amplo. Mas podemos trabalhar este tema
sob várias abordagens. Pode-se inicialmente discutir as motivações do estudante naquele
tema. Se for uma motivação local, pois conhece alguém que passou fome, pode-se sugerir
mecanismos de produção de alimentos a baixo custo, hortas comunitárias, compreensão
dos mecanismos de acesso e atendimento da assistência social no município, entre outras
abordagens. Ainda é possível abordar sob a ótica de várias áreas distintas, sempre com um
caráter interdisciplinar. Já se a motivação for as cenas de fome na África, pode-se buscar
inicialmente analisar as causas geopolíticas da fome no continente, estratégias de
superação dessas situações, pesquisa de projetos internacionais de ajuda humanitária e
focos de ação, desenvolvimento de tecnologias e técnicas para ajudar pessoas naquele
continente... São muitas as possibilidades.
Outro ponto de atenção é o cuidado para não diminuir a capacidade do estudante,
subestimar sua vontade, ‘podar’ sua criatividade, coibir seu potencial de desenvolvimento.
Sugerimos que você, após compreender tanto quanto possível a ideia, o sonho do jovem e
seu grupo, estabeleça uma sequência de pontos-chave na proposta. Quebre o problema em
vários pequenos pedaços, sugerindo que o estudante desenvolva um de cada vez. Se for
possível, estabeleça uma relação de hierarquia entre os pequenos problemas, de modo a
ter alguns a serem resolvidos antes dos demais. Assim poderiam ser trabalhados vários
aspectos do trabalho, conforme o tempo e o ritmo do grupo permitirem. Se a opção for pela
fome na África, continuando o exemplo, pode-se abordar, a partir da discussão com os
estudantes, a situação de apenas um país, por exemplo Eritreia, Sudão, Etiópia, Somália,
Quênia, Uganda etc. A partir daí, deve-se estabelecer com o estudante como o problema
será abordado, se pela análise da situação, propostas de intervenção, análise crítica das
intervenções que já acontecem (ou não acontecem), entrevistas com especialistas,
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moradores dos países através da internet e/ou refugiados, entre outras. Aqui vale relembrar
que o docente deve ser o orientador do trabalho, devendo sempre apresentar escolhas e
possibilidades aos jovens, sendo eles os responsáveis pelas escolhas e caminhos a serem
trilhados.
Definidas as linhas principais do desenvolvimento do projeto, é o momento de o/a
professor/a orientador/a realizar reunião com o grupo de estudantes, com objetivo de
construir o contrato pedagógico com eles/as. Isso implica em definir combinados, tanto das
obrigações de estudante, quanto das tolerâncias em relação a atrasos nos prazos
acordados, como serão tomadas as decisões dentro do grupo, quem será o responsável por
cada uma das atividades a serem desenvolvidas, os prazos gerais da atividade e os prazos
do grupo, entre outros. É extremamente importante ressaltar que esse contrato é de mão
dupla. Não é a imposição das regras do professor, assim como não é a aceitação de todas
as condições dos estudantes. É importante ressaltar que, quando os estudantes ainda não
têm a experiência autônoma bem desenvolvida, em suas primeiras experiências com
projetos, eles tendem a participarem menos da construção das regras. Sendo assim, o
docente deve conduzir rumo à autonomia, apontando caminhos e valorizando as falas dos
jovens, enquanto estimula sua participação. Muitas vezes o estudante não está acostumado
a ser ouvido, carrega experiências de julgamento sobre suas opiniões e não é esse o
tratamento que deve receber. Daí a importância de criar espaços para que a participação
do/a estudante aconteça durante todo o processo.
Este também é o momento de construir um cronograma do desenvolvimento do
trabalho. Ele deve conter as datas de entrega do projeto e das etapas do desenvolvimento
do trabalho. Se for um projeto de feira de ciências, por exemplo, podem ter sido
estabelecidas datas de envio do resumo, dos cartazes e a própria data da feira. Além destas
datas, o cronograma deve conter as datas de reuniões entre os alunos e o professor, datas
de finalização de cada etapa de desenvolvimento do projeto, assim como outras datas que
o grupo entenda necessário, como datas de entrega para correção do professor e datas de
devolutiva. A construção em si do cronograma, já é um processo educativo valioso no
trabalho com jovens, ao contribuir também na construção de tomada de decisões e da sua
autonomia, compromisso com os combinados e organização do tempo, das tarefas, das
prioridades.
Devem ser realizadas reuniões regulares com os envolvidos no projeto, para
acompanhar o desenvolvimento, cobrar o cumprimento das etapas acordadas, retirar
dúvidas, conversar com outros professores sobre pontos do projeto em comum. Essa troca
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Plataforma +IFMG
é muito rica e irá contribuir com todos os atores. A educação sob a perspectiva da formação
humana está baseada na construção de vínculos. Esta é uma excelente oportunidade para
reforçar estes vínculos.
O orientador deve, sempre que necessário ou desejável, se reunir com os estudantes
a fim de incentivá-los na construção do projeto. Ela deve ocorrer também quando algum
problema aparecer no projeto, quando algo dá errado, quando um resultado esperado não
aparece. Projetos são assim mesmo: pode acontecer de não ter resultado. Talvez a proposta
não seja viável. Nesse momento o orientador deve questionar aos estudantes sobre o que
aquele resultado implica para a compreensão do trabalho e deixar claro que não ter resultado
também é resultado, pois irá ajudar quem estiver pensando na mesma ideia a não utilizar o
caminho escolhido, por exemplo.
Quando um problema de relacionamento dentro do grupo começa a atrapalhar seu
desenvolvimento ou a incomodar qualquer um dos integrantes, o orientador também deve
intervir, em uma postura de mediação de conflitos. Essa atuação deve ser no sentido de
identificar e contornar os problemas, de preferência encaminhando a resolução do mesmo
através de acordos entre as partes envolvidas. Deve-se começar, novamente, praticando a
escuta dos envolvidos, em separado e juntos e buscando a resolução do conflito (que é
extremamente natural em ambientes de colaboração. Quem nunca teve atrito com alguém
no trabalho?). Se quiser ou for necessário, chame alguém da área pedagógica da instituição
para te ajudar.
Ao final do projeto, lembre-se de construir um relatório junto com os estudantes. Esse
tipo de registro ajuda na conclusão e fechamento dos conhecimentos envolvidos. Será
também gratificante ver o trabalho concluído e pronto para ser divulgado!
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Figura 18 – Ilustração da Professora Chiamaka com seus colegas professores. (Ícone foto criado por
rawpixel.com - br.freepik.com)
Fonte: <https://br.freepik.com/fotos/icone>(Acesso em: 29 ago. 2020)
Houve também alguns grupos de trabalho que chegaram até Chiamaka e reclamaram
do orientador. Em alguns casos, os grupos diziam que se sentiam sozinhos, pois esperavam
mais suporte do orientador. Quando Chia tentava aprofundar a conversa, via que era mais
uma dificuldade com a autonomia dos jovens estudantes desses grupos, pois era a primeira
vez que estavam desenvolvendo um trabalho do tipo. Uma simples conversa com o
professor e uma sugestão de ter mais de uma conversa por semana, mesmo que fosse 2
minutos durante a semana, já ajudava o grupo a se organizar melhor. Já outros grupos foi
necessário fazer uma reunião com a coordenação pedagógica e o professor, pois esse
simplesmente não estava cumprindo seu papel. Na conversa ficou claro que ele desejava a
autonomia dos estudantes como algo inato, que já estivesse desenvolvida. Esse professor
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Plataforma +IFMG
deu exemplos de sua própria trajetória, dizendo que foi ele que sempre correu atrás e que
seus alunos deveriam fazer o mesmo. Na conversa, Amara perguntou se ele sabia para onde
queria ir quando era jovem, ao que ele respondeu rapidamente que sim. Então Amara contou
rapidamente a situação de vida de um dos alunos, parte do grupo deste professor. Ao final,
o professor ficou sem palavras, e muito afetado emocionalmente com toda a situação pela
qual passa o estudante. Amara finalizou:
- Você espera que esse aluno saiba para onde ir, se não consegue nem ao menos
conversar com ninguém fora dessa escola? Às vezes a gente só olha para o jovem como
aluno e esquece que ele é um jovem, um sujeito que também passa por problemas, dilemas,
contextos precários e até de violação. O caso desse jovem é um exemplo da importância de
trabalharmos mais a empatia na nossa prática pedagógica. Se você fizer o exercício de “se
colocar no lugar dele”, vai perceber que nem sempre é uma questão somente de vontade,
pode ser que ele sequer pode ter vontade, sem que isso coloque a sua vida em risco.
Gostaria que você revisse a sua postura e decisão frente a este grupo.
Chia também sentiu fundo na alma a história daquele aluno, sabia que não era um
caso isolado, mas apenas acreditou que o professor mudaria um pouco sua postura, se
fazendo mais presente em relação à orientação. (E funcionou!!!)
Chiamaka não podia perder tempo. Com as orientações em andamento, encaminhou
com a equipe de divulgação os cartazes da feira, com a equipe de filmagem e fotografia
deixou combinado o que seria mais interessante focar naquele trabalho. Os alunos gostaram
tanto de fazer parte das equipes que criaram a página do evento nas redes sociais e já
estavam alimentando com fotos dos projetos em andamento.
Agora Chia estava buscando apoio para a premiação. Ela não queria que fosse uma
questão de disputa, mas queria muito valorizar as ideias mais legais, os alunos que mais se
empenharam, aqueles que surpreenderam. Dentre eles, ela não parava de pensar na
mudança de postura de três alunos, considerados como “difíceis” pelos professores. A ideia
deles estava na boca de todo mundo. E o comportamento deles nas aulas estava diferente,
estavam mais concentrados, mais engajados. Saiu com alguns integrantes do grupo de
premiação, buscando patrocínio em todas as lojas da cidade, buscou até em cidades
vizinhas. Conseguiram um bom número de prêmios: balas, doces, vale pizza, pares de meia,
alguns livros... Montaram kits e guardaram para o grande dia. E ele já estava chegando.
Vamos continuar acompanhando a história de Chiamaka na próxima semana. Espero
vocês lá!
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Concluída essa semana de estudos é hora de uma pausa para a reflexão. Faça a
leitura (ou releitura) de tudo que lhe foi sugerido, assista aos vídeos propostos e analise
todas essas informações com base na sua experiência profissional. Esse intervalo é
importante para amadurecer as novas concepções que esta etapa lhe apresentou!
Bons estudos!
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Semana 3 – Apresentando Resultados
Objetivos
Discutir sobre a apresentação dos resultados dos projetos:
participar e organizar feiras de ciências e mostras de
conhecimento.
Eis que é chegada a hora. Hora de organizar a feira. As equipes de montagem dos
espaços estavam em dilema: parte do grupo queria que a feira fosse nas salas de aula, como
sempre era feito. Outra parte queria na área da quadra. A questão só foi resolvida quando
foram verificar a questão dos pontos de energia, que eram abundantes nas salas de aula,
mas precisariam ser improvisados na quadra. Ficaram nas próprias salas de aula. Chiamaka
queria que fosse na quadra, mas como muitos alunos iriam utilizar computadores e outros
aparelhos para a apresentação, a quadra tinha essa limitação. No entanto, Chia deixou claro
que se fosse fazer outra feira, iria se programar pra conseguir o apoio necessário para
colocar na quadra. Colocar as mesas umas do lado das outras, como uma feira de alimentos
ou como FEBRACE (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, da qual iremos falar mais
adiante), seria incrível! Gostava desse contato, da energia que brotava. Mas não seria
possível este ano.
Definido que seriam nas salas de aula, organizou os espaços, colocando trabalhos
semelhantes próximos uns dos outros. Isso ajudaria pois os professores ficariam próximos
aos grupos que estavam orientando, caso fosse necessário ajudar.
A equipe de divulgação havia feito um excelente trabalho, pois já tinha visto várias
pessoas ligando pra escola pra confirmar o horário da feira. Sinal que estavam atingindo as
pessoas, mas que precisariam melhorar a percepção do dia e horário nas próximas
divulgações.
Chiamaka pediu ajuda dos professores para que convidassem colegas e conhecidos
para avaliar os trabalhos. Cada um dos avaliadores deveria avaliar um certo número de
trabalhos. Essa avaliação seria importante pois seria um momento de escuta crítica da
apresentação dos estudantes. Deveriam ouvir, perguntar, questionar alternativas e indicar
possibilidades de melhoria, referências e estudo, entre outras coisas. Mas deveriam fazer a
Figura 19 – Ilustração da Professora Chiamaka com seus colegas professores. (Ícone foto criado por
rawpixel.com - br.freepik.com)
Fonte: <https://br.freepik.com/fotos/icone>(Acesso em: 29 ago. 2020)
Alguns problemas sempre apareciam, como alunos reclamando que o colega estava
atrasado, outros que a maquete quebrou quando estavam chegando, outros que o colega
estava doente e não viria. Mas, Chia e os professores os acalmavam, encaminhava às
soluções possíveis, pedia que aguardassem um pouco mais a chegada dos demais
membros, anotavam as reclamações ou sugestões pra usar depois no relatório. Tudo na
maior felicidade. Isso mesmo, felicidade. Chia estava feliz. Seus colegas estavam felizes.
Vamos acompanhar algumas anotações sobre feiras de ciências que a Professora
Chiamaka usou. Quem sabe você pode usar também?
Pré-evento
O primeiro ponto é que seja um evento da instituição, não um evento apenas seu ou
da equipe mais diretamente envolvida. Isso implica que o evento tem de ser previsto no
calendário acadêmico ou calendário letivo da instituição, contar com o apoio técnico e
material da direção, especialmente no momento da orientação dos trabalhos e organização
dos espaços de aprendizado e orientação.
Você pode (e no nosso entender deve) montar uma comissão organizadora, contando
inclusive e preferencialmente com vários alunos, convidados ou indicados pelas próprias
turmas. Divida as tarefas entre equipes menores, pra que cada pequeno grupo seja
responsável por um item diferente. Facilita fazer o controle das atividades e
responsabilidades.
A utilização das próprias mesas dos alunos para a disposição dos trabalhos é uma
excelente opção. Utilizar as mesas de professor, do refeitório, sala dos professores, podem
ajudar em trabalhos cuja montagem sejam maiores. Busque, dentro de conversas com a
comissão organizadora, delimitar um pouco o espaço de apresentação, por exemplo, duas
mesas para a maquete, meia parede para os cartazes, um ponto de tomada por grupo. Esses
detalhes vão ajudar na organização do espaço.
Como saber o que as pessoas estão pensando sobre a feira? Será que elas estão
gostando dos projetos, da organização, do acesso aos banheiros e bebedouros? Será que
tem alguma sugestão de melhoria? Essas são perguntas importantes para que sua feira de
ciências possa melhorar todos os anos. Através de uma pesquisa de satisfação será possível
fazer um diagnóstico sobre o evento. Procure colocar perguntas simples e diretas, para não
constranger as pessoas que forem responder. Se desejar, insira questões discursivas, mas
que não sejam muito longas e que não atrapalhem a experiência do visitante. Lembre-se de
colocar as respostas do questionário no relatório da feira e analise os resultados do
questionário e socialize com os/as estudantes e profissionais envolvidos. Quando for
organizar a próxima feira, verá que existem sugestões importantes nesse instrumento.
Quando a feira se encaminha para o final, você já deve ter as avaliações dos
trabalhos. Se você utilizou fichas impressas, é importante ir digitando ou fazendo a apuração
de notas individualmente até que todas as fichas cheguem até você. É importante que se
defina como será feita média das notas dos diferentes avaliadores e quais os critérios de
desempate. A equipe de apuração deve ir acompanhando a entrega das avaliações de modo
a garantir que nenhum trabalho fique sem avaliação. Com os resultados em mãos, chegou
a hora da premiação.
Sobre a cerimônia de premiação, há algumas escolhas importantes a serem feitas:
Quais trabalhos serão premiados? Quando será feita a premiação? Definir quais trabalhos
serão premiados na verdade é dizer se haverá separação por categorias, áreas de
concentração, nível de ensino, ano escolar... Sugerimos que sejam premiados o maior
número de trabalhos possível. Vários alunos terão na premiação uma experiência de vitória
que até então não haviam tido. Pode-se até criar uma premiação pela participação na feira
de ciências: só de participar o estudante já receberia uma premiação.
Sobre quando será feita a premiação, temos que nos perguntar se será possível fazer
a apuração das notas no mesmo dia, enquanto a feira acontece, sem demorar demais ou se
é melhor aguardar o próximo dia de aula. A premiação é um momento muito importante para
o estudante e nossa experiência mostra que ter o retorno logo após a feira provoca uma
maior comoção nos resultados, com alunos se emocionando, pais e visitantes na torcida,
Pós evento
Logo após o evento, é bom que tenha sido definida uma equipe que irá organizar e
limpar os espaços. Geralmente as escolas tem os profissionais de serviços gerais ou
zeladores que podem ajudar. Mas é interessante que tenha outros membros pra ajudar,
afinal, todos são responsáveis pelo espaço escolar.
Assim que as aulas forem retomadas, faça a divulgação para cada grupo das
avaliações que seus projetos receberam. Esse feedback é importante para que sejam vistas
as sugestões e elogios, notas e outros apontamentos sobre os projetos que podem contribuir
para crescimento do grupo e melhorias do trabalho.
Sugerimos que faça a emissão dos certificados de apresentação dos trabalhos. Os
estudantes e professores geralmente apreciam um certificado, não é mesmo? Esse tipo de
comprovação é importante também para o currículo acadêmico de alunos e professores,
quando forem buscar outras experiências.
A elaboração de um relatório de finalização é muito importante. Você pode colocar os
pontos que funcionaram e aqueles que não foram tão bem, esclarecer a metodologia
utilizada e as adaptações que precisou fazer, as intervenções que foram realizadas. Pode
fazer também a prestação de contas financeira do evento e colocar algumas fotos e o link
do vídeo, quando for o caso. Esse relatório pode ser disponibilizado aos outros professores,
enviado aos apoiadores do projeto. Esse tipo de registro muitas vezes não é feito. Passamos
por muita correria no dia-a-dia e acabamos não fazendo. Mas é muito importante que
tenhamos o registro. Ele é nosso maior aliado quando formos fazer outro evento ou projeto
semelhante na escola. A partir dele outras propostas teórico-metodológicas também podem
emergir.
Muitos dos trabalhos apresentados em feiras de ciências são de muita qualidade.
Avalie junto a sua equipe de professores, estudantes e direção a possibilidade de fazer a
Agora que seu trabalho já está pronto, que tal promover seu trabalho na internet?
Essa divulgação tem se tornado cada vez mais importante nos dias de hoje. A utilização de
blogs, canais do YouTube, revistas digitais, ebooks, podcasts e audiolivros fazem seu
conteúdo chegar ao mundo inteiro. O meio preferido dos jovens hoje em dia é o Youtube,
mas também se tem utilizado o Instagram. Neste último há uma convergência de
Figura 21 – Ilustração da Professora Chiamaka com seus colegas professores. (Ícone foto criado por
rawpixel.com - br.freepik.com)
Fonte: <https://br.freepik.com/fotos/icone>(Acesso em: 29 ago. 2020)
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Currículo do autor
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Glossário de códigos QR (Quick Response)
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Plataforma +IFMG
Formação Inicial e Continuada EaD