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GREGORY RAMOS
COMPORTAMENTO:
COMO O AMBIENTE MOLDA QUEM VOCÊ É
@GREG.RELACIONADAMENTE
Os prazeres da fuga
Quando não há nada na balança, ela fica nivelada com o chão. Quando
sentimos prazer, a dopamina é liberada em nosso circuito de
recompensa, e a balança inclina-se para o lado do prazer. Quanto mais
ela se inclina, e quanto mais rápido, mais prazer sentimos.
Mas aqui está o importante sobre a balança: ela quer permanecer
nivelada, ou seja, em equilíbrio. Ela não quer ficar inclinada por muito
tempo para um lado ou outro. Sendo assim, sempre que a balança se
inclina em direção ao prazer, mecanismos autorreguladores poderosos
entram em ação para nivelá-la novamente.
Depois que a balança está nivelada, ela continua a se inclinar numa força
igual e oposta para o lado do sofrimento.
O que quero dizer aqui é que: quanto mais intenso e duradouro for um
estado de prazer, a tendência é a mesma “pressão” e intensidade para o
lado oposto. É a ideia de que “tudo que vai volta”.
Pense em um pêndulo, quanto mais alto e forte você puxá-lo, mais forte
e rápido será sua volta. O mesmo para experiências de prazer de longa
durabilidade e intensidade.
Para mim, em uma época, passar a noite inteira jogando Counter Strike
(um jogo de tiro) era agradável, mas não tanto quanto na primeira vez
que eu fiz isso com os meus amigos.
Uma vez que nossa balança esteja nivelada, somos novamente capazes
de obter prazer das recompensas simples e cotidianas: sair para uma
caminhada, ver o sol nascer, aproveitar uma refeição com amigos.
Essa ferramenta que você acabou de ganhar, pode mudar a sua vida, a
vida da sua família e das pessoas ao seu redor.
Sim, suas decisões não aparecem do nada. Não existe uma parte no seu
cérebro que simplesmente decide do nada, a partir do zero absoluto ou
do além. Suas decisões são baseadas nas suas experiências anteriores e
o ambiente dispara gatilhos para acessá-las e executá-las no agora.
Tudo isso que citei, de alguma maneira, está amarrado com a ideia de
que, um evento desperta uma memória via gatilho ambiental
(principalmente microambiental) e que então, gera uma ação ou
comportamento ativo.
Com toda essa informação que você tem agora, vamos dar alguns
exemplos de como você pode usar isso ao seu favor.
O que vocês fariam aqui? Sabendo que o ambiente gera gatilhos, que
esse puxa memória/experiência e que geram então a reação. Por quais
mudanças você começaria?
Eu te digo.
Pegue esse exemplo que eu vou dar e você verá que é possível aplicar
em qualquer situação.
Está entendendo o caminho aqui? Não é uma dica barata que estou te
dando, é a neurociência do comportamento e o uso inteligente dos
estímulos ambientais formadores de comportamentos.
Pare e pense. Faça esse exercício que fiz sobre o objetivo de alcançar
um físico melhor, adaptando para um objetivo teu. Seja parar de ver
pornografia, parar de beber, fumar, de ter medo de falar em público, de
se relacionar, de aprender uma nova habilidade, praticar um esporte ou
qualquer coisa do tipo.
Você vai perceber que esse conceito poderá funcionar para times, para
gestão de pessoas, desenvolvimento de grupos e principalmente de
desenvolvimento individual. Se você é gestor, lidera algo, ou só quer
melhorar suas relações, pratique essa ideia, teste e, quando criar a
habilidade de lidar com esses mecanismos, use a favor do
desenvolvimento das pessoas que estão ao seu redor também.
Tudo isso forma o seu micro ambiente. Tudo que está no seu campo de
visão, tudo que você pode alcançar ou ter rapidamente com fácil acesso.
Tudo que te faz engatilhar pensamentos, desejos e ações.
Pode ser que você esteja pensando “Então é quase como adestrar um
animal? Você dá um petisco quando ele faz algo e não dá quando ele
deixa de fazer ou faz errado?”. SIM, é isso (na verdade, quase isso).
Está confuso aí? Normal, mas guarda essa informação que as coisas
vão clarear ali na frente.
Agora, digamos que você, por algum motivo, coma o dobro ou o triplo
para cumprir algum objetivo na academia, ganhar massa magra ou algo
do tipo. Você come uma quantidade consideravelmente superior ao que
seu corpo estava adaptado.
Você não está “acostumado” à prática de falar em público e isso faz com
que essa habilidade esteja atrofiada (ou pouco expandida) como aquele
estômago acostumado com pouca comida.
Para a pessoa que passou apresentar agora para 40 pessoas com certa
frequência, a ansiedade talvez só apareça para palestras grandes,
presenciais, para 100 ou 200 pessoas e por aí vai. Essas barreiras são
ampliáveis conforme o aumento e vivência sobre novos desafios sobre o
tema.
Pegou o conceito?
Não adianta olhar para o amiguinho do lado e lamentar por não ser tão
bom quanto ele sem considerar quantos desafios foram experimentados
até expandir seu leque de habilidades e percepção de limiar de esforço.
É justo com você essa comparação? É óbvio que não. Se você quer ser
como ele, como ela, se quer desempenhar melhor ainda, se exponha a
tantas experiências quanto aquela pessoa passou.
Não adianta fugir ou se lamentar pela pura comparação desleal. Não me
leve a mal, a ideia é te dar um chacoalhão aqui (e essa dura serve para
mim mesmo também hehe).
O senso de pertencimento
Quero mostrar para vocês como funcionam os nossos sistemas de
percepção de dor e como isso influência nosso comportamento social.
O mesmo sistema que faz com que você sinta a dor física e procure uma
solução, também é o sistema que permite que você sinta uma dor
"social" (vou usar esse termo para uma melhor didática).
Isso talvez mostre para você o quanto de fato somos animais sociais e o
quanto essa socialização é crucial para perpetuar a nossa espécie e nos
trazer "bem-estar".
O fato de sentirmos a dor de uma possível (ou factual) perda social no
mesmo sistema da dor física, nos mostra que a evolução quer que
procuremos soluções para "sair" daquele efeito danoso.
Tá, Greg. Quais são as reflexões que podemos tirar desse fato? Vamos
pegar como exemplo o ambiente das organizações.
O ser humano consegue sentir uma dor real ao perceber que está sendo
excluído do meio/grupo/ambiente ou que existe um potencial para isso.
Aos que encaram isso como "mimimi", sinto muito, o tempo dirá o quanto
de fato isso é irrelevante. A ciência fala por nós, aqui e agora.
Falamos sobre tudo isso para te mostrar alguns estudos que relacionam
o potencial recompensador de receber dinheiro e receber estímulos
sociais como elogios. Focaremos em apenas um deles, mas, caso se
interesse, você pode procurar o tema na internet.
Você entra no trabalho pulando todas as manhãs? Claro que não, você
não é um desenho animado da Disney. Mas, se você sair da cama de
segunda a sexta-feira e sentir que não se importa de ter oito horas de
trabalho pela frente, talvez queira agradecer aos seus colegas de
trabalho.
"Os resultados desta pesquisa reforçam algo que sabemos ser verdade
há muito tempo — mostrar aos funcionários um pouco de amor e deixar
claro que sua empresa se importa, aumenta seu engajamento e os
conquista a longo prazo", disse Chris Boyce, CEO da Virgin Pulse, em um
comunicado de imprensa.
A surpreendente
Psicologia do Networking
Você está jantando com um amigo que está procurando emprego. Ele
diz que está muito interessado em trabalhar na empresa de um outro
amigo seu de longa data. Acontece que você não fala com esse amigo
há alguns anos. O que você faria?
A. Digo ao meu amigo desempregado que você fará uma "ponte" com o
outro.
B. Digo que vou fazer a "ponte" com o outro amigo, mas aproveito para
"engatilhar um outro favor meu para que ele faça em troca.
C. Digo ao meu amigo que não me sinto à vontade para fazer a "ponte",
pois está há muito tempo sem falar com esse outro amigo (que poderia
indicar para uma vaga).
Adam Grant, autor de "Give and Take" (livro) diz que existem três tipos
diferentes de reciprocidade: doadores (givers), tomadores (takers) e
compensadores (matchers). Vamos dar uma olhada em alguns dos
insights que podem ser colhidos de seu influente livro.
Os doadores são focados nos outros e tendem a dar apoio aos outros
sem "amarras". Eles se perguntam: “Como posso agregar valor para essa
pessoa? O que posso contribuir?”
A essa altura, você deve estar se perguntando: que passos posso dar
para me tornar um doador de sucesso? Afinal, ser um doador de sucesso
traz muitas vantagens: relacionamentos mais fortes, maior felicidade e
melhor desempenho no trabalho.
Que bom que você perguntou. Aqui estão alguns "truques" e ferramentas
que os doadores de sucesso têm nas mangas para ajudar os outros,
evitando o esgotamento.
Como ser um doador de sucesso
1. Favores de 5 minutos
O que fazer:
Faça pequenos favores a outras pessoas que não levem mais de 5
minutos – como fazer a "ponte" com alguém, dar feedback ou oferecer
conselhos.
2. Peça ajuda
O que fazer:
Peça ajuda a um amigo ou colega de trabalho em um problema/dúvida
que você está tendo, sem tomar muito tempo dele.
O que fazer:
Dedique um determinado dia ou parte de um dia a cada semana para
ajudar as pessoas.
Por que funciona:
Existem duas maneiras de doar: você pode espalhar atos aleatórios de
bondade ao longo da semana ou dividir todos os seus atos de doação
em um dia. Qual é mais eficaz? Pequenas "doações" diárias ou mais
frequentes. Isso vai fazer você criar o hábito de ser um "doador".
Quer mais? Confira o livro de Adam Grant Dar e Receber: Por que ajudar
os outros impulsiona nosso sucesso.
Que o ser humano é um animal social, creio que não seja novidade para
nenhum de vocês após ler até aqui..
Temos necessidades que relacionam a qualidade das nossas vidas e a
qualidade dos nossos relacionamentos, quase como uma
interindependência.
Quero te contar (ou tentar te provar) como o seu cérebro foi feito para
socializar.
Ela não atua em alguns dos nossos processos, entre estas atividades não
atuantes, é possível citar tarefas cognitivas, em geral, atividades que
demandam exercício de memória, linguagem, tarefas de atenção. Estes
tipos de atividade parecem, inclusive, ser prejudicadas quando a DMN
está ativa.
É provável que agora você faça uma reflexão e pense: quantas vezes,
quando não estou "fazendo nada" estou divagando sobre mim ou sobre
as pessoas do meu cotidiano? Pois é, esse é a sua DMN funcionando. Em
resumo: quando seu encéfalo (cérebro) não está "fazendo nada" ou com
foco ativo, ele está te preparando para experiências sociais.
Para o primeiro grupo, foi informado que o nome do jogo era "O jogo de
Wall Street" e, para quem não sabe, Wall Street é um símbolo americano
(local) com total referência ao dinheiro, ao acúmulo de fortunas, do
enriquecimento, ações, investimentos, etc.
O comportamento dos jogadores desse primeiro grupo foi de 68% das
vezes jogarem de modo individualizado e egoísta, tentando angariar o
máximo de fundos para si.
Mais uma vez, seres humanos são seres sociais, possuem a capacidade
de serem egoístas, mas, tem como uma natureza mais forte a
socialização, o apoio do grupo, vide a nossa história evolutiva. Porém,
alguns fatores podem ser cruciais para direcionar esses
comportamentos, como grande exemplo de estímulo ambiental: a
comunicação.
Digamos que você começa gostar de rock por alguma influência dos
seus pais. Conforme vai pegando gosto, começa se envolver com algum
grupo que também gosta de rock, começa frequentar os shows, as
festas e conhecer mais pessoas com os mesmos gostos musicais.
Para escalarmos mais ainda essa ideia, entendamos como se forma uma
religião ou até mesmo a cultura de um país.
O ser humano experimenta dor e tristeza (sim, dor quase que física)
quando se sente, de alguma maneira, rejeitado pelo grupo, como já
vimos em páginas anteriores.
Vou ser repetitivo aqui em alguns pontos já citados, com o único objetivo
de "martelar" a cabeça de vocês para fixação das ideias principais.
Somos animais sociais, carregamos em nossos genes a ideia de que se
eu não pertencer ao grupo eu estou sozinho e tenho mais chances de
morrer (pense na época onde éramos presas em uma savana na África,
por exemplo).
Muitas vezes você nem sabe porque age como age, porque pensa o que
pensa, é apenas assim e pronto. Você não toma consciência das raízes
desses comportamentos. MAS, estou aqui te afirmando pela
Neurociência do Comportamento. Você vem sendo moldado desde os
seus primeiros segundos de vida (atenção aos pais de plantão).
Mais uma vez galera, todos exemplos e tons aqui foram usados para fins
didáticos. Não se ofendam, a ideia é só clarear a mente para agirmos da
melhor maneira sobre o nosso autoconhecimento.
Espero que alguma faísca de boas ideias tenha surgido por aí.
Sim, eu sei que você já fez isso, ou que passou horas namorando aquele
carro que você tanto quer. O prazer também é gerado nesses momentos
de expectativa pré-prazer consumado e é por isso que você consegue
passar horas nesse comportamento.
É daí que nasce aquela dor viva, quase que física, quando o seu
chocolate predileto está acabando, ou quando o tempo para jogar mais
uma partida de videogame está chegando ao final. O sofrimento e o
prazer andam lado a lado.
Todos nós temos nossos vícios, das mais diversas formas, das mais
diversas fontes.
Alguns são dominados por jogos eletrônicos, jogos de apostas. Outros
têm como suas fontes dopaminérgicas o sexo, a comida, a leitura, as
compras e até, sim, os exercícios físicos.
Não importa sua classe social, o quão bem a sua vida está, qual seu
cargo, onde você mora, quanto ganha ou a sua cultura. Você encontrará
formas de gerar prazer desacerbado, você enfrentará descontroles e
será sequestrado por sua “mente automática”.