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COMPORTAMENTO

COMO O AMBIENTE MOLDA QUEM VOCÊ É


GREGORY RAMOS
COMPORTAMENTO:
COMO O AMBIENTE MOLDA QUEM VOCÊ É

@GREG.RELACIONADAMENTE

Que tal um tour pelo comportamento


humano? Você encontrará nesse e-book temas
que podem mudar (para melhor) algumas
coisas aí na sua cabeça.

Como os nossos comportamentos são


formados?;
O seu microambiente controla o seu
comportamento;
A fuga de nós mesmos: depressão e
ansiedade;
Recompense o processo e mude
comportamentos;
Como mudar a sua percepção de esforço
sobre alguma atividade (ou habilidade);
;
A dor social e a dor física (senso de
pertencimento nas organizações e grupos
sociais);
Dinheiro é o melhor caminho?;
Por que as pessoas amam seus empregos?;
A surpreendente Psicologia do Networking;
A cultura é sensível à comunicação;
O seu cérebro não está preparado para o
mundo atual (se cobre menos).
Quem é esse que vos fala?

Meu nome é Gregory Ramos. Agora em 2022 tenho


28 anos. Sou nascido em São Bernardo do
Campo/SP, filho do Marcelo e da Paula. Criado
sempre com milhares de pets em torno de mim,
atuando como meus irmãos e irmãs.
Sou formado em Gestão da Qualidade e Processos
(formação que aparece ainda em um momento
indeciso sobre minhas paixões e vocações). O
tempo passou e me encontrei. Hoje sou pós-
graduado em Neurociências da Aprendizagem
(Facuminas) e pós-graduando em Neurociências do
Comportamento (PUCRS).
Possuo dezenas de certificados em torno do tema
"Comportamento Humano", sendo hoje a minha
maior paixão. De formações em instituições
internacionais como o Disney Institute, até
certificações nacionais em institutos referencia
como o Contectomus.
Espero conseguir compartilhar com vocês muito do
que aprendi até aqui.
A fuga de nós mesmos:
depressão e ansiedade
Nunca em nossa história tivemos tanta abundância de informação, de
acesso e prazeres em geral. É o menor período de escassez da história
da raça humana e junto a isso, o período de maior depressão e
ansiedade histórica, sem precedentes.

Apesar de tudo isso, atualmente, mais de um a cada quatro americanos


adultos, e mais de uma em cada vinte crianças estadunidenses, ingere
medicamentos psiquiátricos diariamente.

Os prazeres da fuga

É provável que o uso massivo de antidepressivos e ansiolíticos nasceram


para ser uma ferramenta de fuga de nós mesmos. Uma forma
desesperada de lidar química e fisicamente com eventos
negativamente intensos da vida que o nosso sistema ainda não está
preparado para receber.

O prazer e o sofrimento andam literalmente lado a lado. Eles são


ativados na mesmas regiões e circuitarias em nosso cérebro. É natural
que usemos cada vez mais prazer para fugir do sofrimento. É “natural”
que esse seja um ciclo infinito e destruidor.

Além de exemplos extremos de fuga do sofrimento, perdemos a


capacidade de tolerar até formas menores de desconforto.
Constantemente, procuramos nos distrair do momento presente, nos
entreter.

Nas fugas, criamos sensibilidade ao processo de fugir, seja qual o


método. As ferramentas devem nos ajudar, mas não nos tornar reféns.

Neil Postman, um escritor e educador americano, escreveu: “Os


americanos já não conversam uns com os outros, eles se entretêm uns
aos outros. Não trocam ideias, trocam imagens. Não argumentam com
propostas, argumentam com boas aparências, celebridades e
comerciais”.
Todos nós fugimos do sofrimento. Alguns tomam comprimidos. Alguns
se estendem no sofá, maratonando a Netflix. Outros bebem, usam
drogas e por aí vai. Fazemos praticamente qualquer coisa para nos
distrair de nós mesmos. No entanto, parece que toda essa tentativa de
nos isolarmos do sofrimento apenas torna nosso sofrimento pior.

Segundo o Relatório de Felicidade Mundial, que classifica 156 países


segundo a extensão de felicidade que seus cidadãos consideram ter, os
residentes nos Estados Unidos, que para muitos é uma referência,
declararam estar menos felizes em 2018 do que em 2008, um dos piores
anos da história dos EUA com a quebra da bolsa de valores.

Outros países com nível semelhante de riqueza, assistência social e


expectativa de vida viram um declínio semelhante em pontuações
autodeclaradas de felicidade, incluindo Bélgica, Canadá, Dinamarca,
França, Japão, Nova Zelândia e Itália. Esses são outros países que
podem aparecer na lista dos nossos sonhos.

Os pesquisadores entrevistaram quase 150 mil pessoas em 26 países


para determinar a prevalência de transtorno de ansiedade generalizada
(TAG), definida como preocupação excessiva e descontrolada, afetando
a vida delas negativamente.

Entre 1990 e 2017, o número de novos casos de depressão cresceu 50%


mundialmente. Os maiores aumentos de novos casos foram vistos em
regiões com o indicador sociodemográfico (renda) mais alto, em especial
a América do Norte.

A pergunta é: por que, numa época sem precedentes de prosperidade,


liberdade, progresso tecnológico e avanço médico, parecemos estar
mais infelizes e com mais dores do que nunca? Talvez o motivo de
estarmos todos tão infelizes seja porque estamos dando duro demais
para evitar sermos infelizes.

Mais prazer, mais sofrimento

Para entender melhor os mecanismos que governam o sofrimento e o


prazer, traremos ideias de pôr que e como o prazer em excesso leva ao
sofrimento.
A dopamina não é o único neurotransmissor envolvido no processo de
gratificação, mas a maioria dos neurocientistas concorda que é um dos
mais importantes.

A dopamina pode desempenhar uma função maior na motivação para se


conseguir uma gratificação do que o prazer da própria gratificação.
Querer mais do que gostar.

Camundongos geneticamente modificados, incapazes de produzir


dopamina, não buscarão alimento e morrerão de fome, mesmo quando a
comida é colocada a centímetros da sua boca. No entanto, se a comida
for colocada diretamente na boca, os camundongos mastigarão e
comerão, parecendo sentir prazer.

A dopamina é o gatilho que te faz ter vontade, levantar e ir buscar o


prazer. É o que te move até lá. Não necessariamente é o prazer direto.

A despeito de discussões sobre as diferenças entre motivação e prazer,


a dopamina é usada para avaliar o potencial aditivo de qualquer
comportamento ou droga. Quanto mais dopamina uma droga libera no
caminho de gratificação do cérebro, e quanto mais rápido ela libera
dopamina, mais adicta é a droga, ou seja, viciante. Lembre-se, isso será
construído tanto com o uso de uma droga direta, quanto um
comportamento. Comportamentos também são viciantes.

As substâncias de alta dopamina não contém literalmente dopamina. Em


vez disso, elas disparam a liberação de dopamina em nosso circuito de
recompensa do cérebro.

Para um rato confinado, o chocolate aumenta em 55% a liberação basal


de dopamina no cérebro; o sexo em 100%, a nicotina em 150%, e a
cocaína em 225%. A anfetamina, ingrediente ativo em drogas ilícitas, bem
como em medicamentos usados para tratar transtorno do déficit de
atenção, aumenta em 1.000% a liberação de dopamina. Por esse cálculo,
por curiosidade, a dose de um cachimbo de metanfetamina equivale a
dez orgasmos.
Somando-se à descoberta da dopamina, os neurocientistas verificaram
que o prazer e o sofrimento são processados em regiões sobrepostas do
cérebro e trabalham via um mecanismo de processo oponente.

Outra maneira de dizer isso é que o prazer e o sofrimento funcionam


como uma balança. Imagine que nosso cérebro contenha uma balança
com um ponto de apoio no centro.

Quando não há nada na balança, ela fica nivelada com o chão. Quando
sentimos prazer, a dopamina é liberada em nosso circuito de
recompensa, e a balança inclina-se para o lado do prazer. Quanto mais
ela se inclina, e quanto mais rápido, mais prazer sentimos.
Mas aqui está o importante sobre a balança: ela quer permanecer
nivelada, ou seja, em equilíbrio. Ela não quer ficar inclinada por muito
tempo para um lado ou outro. Sendo assim, sempre que a balança se
inclina em direção ao prazer, mecanismos autorreguladores poderosos
entram em ação para nivelá-la novamente.

Esses mecanismos autorreguladores não exigem um pensamento


consciente nem um ato de vontade. Eles simplesmente acontecem,
como um reflexo.

Imagine esse sistema autorregulador como pequenos gremlins


(monstrinhos) pulando no lado do sofrimento da balança, para
compensar o peso no lado do prazer. Os gremlins representam o
trabalho da homeostase: a tendência de qualquer sistema vivo a manter
uma estabilidade fisiológica.

Depois que a balança está nivelada, ela continua a se inclinar numa força
igual e oposta para o lado do sofrimento.
O que quero dizer aqui é que: quanto mais intenso e duradouro for um
estado de prazer, a tendência é a mesma “pressão” e intensidade para o
lado oposto. É a ideia de que “tudo que vai volta”.

Pense em um pêndulo, quanto mais alto e forte você puxá-lo, mais forte
e rápido será sua volta. O mesmo para experiências de prazer de longa
durabilidade e intensidade.

Existem muitos outros processos fisiológicos do corpo, governados por


sistemas autorreguladores semelhantes.

Criando tolerância (neuroadaptação)

Todos nós experienciamos o desejo na sequência do prazer. Seja buscar


um segundo pacote de batata frita, seja clicar no link para mais uma
rodada de video games, é natural querer recriar aquelas boas
sensações, ou tentar não deixar que sumam.

A solução simples é continuar comendo, jogando, assistindo, ou lendo.


Mas existe um problema nisso.

Com a repetida exposição ao mesmo estímulo de prazer, ou a um


estímulo semelhante, o desvio inicial para o lado do prazer fica mais
fraco e mais curto [...]
[...] e a resposta posterior para o lado do sofrimento fica mais forte e mais
demorada, um processo chamado pelos cientistas de neuroadaptação.

Ou seja, com a repetição, nossos gremlins ficam maiores, mais rápidos e


mais numerosos, e precisamos de uma maior quantidade da droga ou
comportamento de nossa escolha para obter o mesmo efeito.

Precisar mais de uma determinada substância ou comportamento para


sentir prazer. Sentir menos prazer com uma determinada dose, é
chamado de tolerância. A tolerância é um fator importante no
desenvolvimento da dependência de qualquer coisa.

Para mim, em uma época, passar a noite inteira jogando Counter Strike
(um jogo de tiro) era agradável, mas não tanto quanto na primeira vez
que eu fiz isso com os meus amigos.

Na quarta vez em que passei a noite jogando, meu prazer foi


significativamente menor. O encontro com os amigos na madrugada
para jogar nunca mais teve a mesma reação interna da primeira vez.
Além disso, a cada vez que jogava, passava a ter uma sensação maior de
insatisfação, e um desejo mais forte de recuperar a sensação que tive na
primeira vez.

Conforme fiquei “tolerante” ao prazer das jogatinas noturnas, fui forçado


a procurar formas novas e mais potentes da mesma “droga” para tentar
recuperar aquela sensação inicial.
Mais tempo, mais intensidade, muitas vezes passando entre 18 e 20
horas de jogatina.

Com isso, o equilíbrio entre o prazer e o sofrimento acaba pesando para


o lado do sofrimento. Nosso ponto de ajuste hedônico (prazer) muda
conforme nossa capacidade de vivenciar prazer diminui e nossa
vulnerabilidade ao sofrimento sobe.

Imagine os gremlins acampados no lado do sofrimento da balança, com


barracas, colchões infláveis e churrasqueiras portáteis a reboque.

Isso tudo resultaria numa sensibilidade reduzida de circuitos


compensatórios para a estimulação de recompensas naturais”. Uma vez
que isto acontece, nada continua parecendo bom.
O paradoxo é que o hedonismo, a busca pelo prazer por si só, leva à
anedonia, a incapacidade de desfrutar qualquer tipo de prazer.

Agora, a boa notícia. Se esperarmos tempo suficiente, nosso cérebro


(geralmente) se readapta à ausência da droga, e restabelecemos nossa
homeostase basal (equilíbrio natural antes da droga/comportamento).

Uma vez que nossa balança esteja nivelada, somos novamente capazes
de obter prazer das recompensas simples e cotidianas: sair para uma
caminhada, ver o sol nascer, aproveitar uma refeição com amigos.

Espero que essas informações tragam para a luz da sua consciência


ferramentas ativas para o autoconhecimento e o desenvolvimento
positivo do mundo ao seu redor.

Essa ferramenta que você acabou de ganhar, pode mudar a sua vida, a
vida da sua família e das pessoas ao seu redor.

Pense ativamente em como o seu cérebro e comportamento funcionam


e, esteja preparado para agir consistentemente e racional para uma
melhor qualidade de vida.

Não... Não é fácil, mas o primeiro passo é o conhecimento. Vamos


continuar juntos por aqui.
O seu microambiente
controla o seu comportamento
A máxima que diz “o ambiente molda os seus comportamentos” é uma
realidade comprovada cientificamente. Mas, o que isso significa?

Somos animais (sim, somos animais) responsivos aos estímulos


ambientais. Esses estímulos são eventos de diversos níveis que
consideram pontos como o ambiente de criação, sua geolocalização,
sua classe social, como era sua casa, quem eram os seus amigos, quais
ambientes você frequentou e quais experiências passou, além de outras
milhares de variáveis ambientais.

O ambiente molda seu comportamento. Guardamos as experiências em


nossas memórias, dos mais diversos tipos e, reagimos a elas. Isso
significa que basicamente o seu cérebro acessa memórias para tomar
“as melhores” decisões no presente.

Sim, suas decisões não aparecem do nada. Não existe uma parte no seu
cérebro que simplesmente decide do nada, a partir do zero absoluto ou
do além. Suas decisões são baseadas nas suas experiências anteriores e
o ambiente dispara gatilhos para acessá-las e executá-las no agora.

Guarde bem esse último parágrafo, fechado? Vamos lá.

Quando falamos em ambiente, não podemos nos limitar apenas aos


grandes eventos. Somos moldados também pelo microambiente.

Aqui vem um ponto-chave: o nosso microambiente tem mais potencial


de influência do que você imagina. É, sem dúvidas, o que direciona os
seus comportamentos atuais e os reforça internamente.

O que forma o meu microambiente?

Ele é formado, principalmente atualmente, por quem você segue nas


redes sociais, por quem são seus amigos mais próximos, pelo ambiente
do seu trabalho, por onde você frequenta, por quais conteúdos você [...]
[...] consome na internet, pelas músicas que escuta e outras milhares de
possibilidades.

Você lembra o que eu acabei de dizer? Vivemos experiências, essas são


acessadas por gatilhos ambientais e que então nos movem a
determinado comportamento ou decisão. Pense nos exemplos que dei,
quantos deles te geram gatilhos de motivação, desejo, impulsividade e
outros.

Por exemplo, quem nunca se pegou com uma vontade enorme de


comer um lanche depois de um comercial de TV? Quem nunca ficou
com água na boca depois de, em um dia de sol, ver uma propaganda de
cerveja gelada na tela? Ou, após ver aquele sapato maravilhoso no
Instagram, surgir um desejo nunca visto antes de tê-lo “para ontem”.

Podemos dar mais exemplos, alguns mais trágicos. O homem ou mulher


com vício em pornografia, que ao ver um Tiktok de um homem ou
mulher bonito(a), com pouca roupa, dançando, de repente, “tchanan”, já
está acessando o seu site de pornografia predileto.

Aquela música sofrida que te faz lembrar da ex-namorada ou do ex-


namorado. Aquela música que te dá vontade de jogar um jogo
específico de vídeo game, ou um cheiro que te faz lembrar de um dia ou
de alguém.

Tudo isso que citei, de alguma maneira, está amarrado com a ideia de
que, um evento desperta uma memória via gatilho ambiental
(principalmente microambiental) e que então, gera uma ação ou
comportamento ativo.

Vocês estão entendendo onde quero chegar? Estão acompanhando?

Com toda essa informação que você tem agora, vamos dar alguns
exemplos de como você pode usar isso ao seu favor.

Daí em diante, é só ajustar para qualquer mudança comportamental


desejada.
Digamos que eu queira melhorar o meu físico, que eu queira perder
alguns quilos e alcançar o objetivo de uma barriga chapada, MAS, eu
tenho dificuldade de me alimentar bem, tenho costume de comer
besteira para fugir do estresse e tenho pouca motivação para ir treinar.

O que vocês fariam aqui? Sabendo que o ambiente gera gatilhos, que
esse puxa memória/experiência e que geram então a reação. Por quais
mudanças você começaria?

Eu te digo.

Pegue esse exemplo que eu vou dar e você verá que é possível aplicar
em qualquer situação.

Se eu quero ficar em forma, eu paro de seguir nas redes sociais as


páginas de comidas fast-food que eu sigo. Eu vou tirar da minha
geladeira todas as comidas de baixa qualidade nutricional. Começo a
seguir pessoas com a rotina/lifestyle que eu preciso ter para conseguir
chegar ao objetivo.

Eu também vou acompanhar páginas que falam de dieta, figuras que


ensinam treinar, que falam de suas rotinas saudáveis, que postam dicas
de treino e coisas do tipo.

No meu celular, vou ter aplicativos que me avisem para tomar a


quantidade correta de água. Vou entrar em páginas e grupos, nas redes
sociais, de pessoas no mesmo objetivo que eu. Vou me inscrever em
comunidades de saúde e bem-estar, etc.

Está entendendo o caminho aqui? Não é uma dica barata que estou te
dando, é a neurociência do comportamento e o uso inteligente dos
estímulos ambientais formadores de comportamentos.

“Ah, Gregory… Mas isso é tão extremo”. Não gente, isso é o


funcionamento do nosso cérebro. É a neuroplasticidade agindo, a neuro
adaptação sendo utilizada de forma consciente por você. São novos
engramas sendo formados, neurônios criando sinapses e formando
novas memórias (de todos os tipos) pela exposição ambiental
modulando seus comportamentos.
Se você passou dos 21 anos, você VAI precisar de mais foco para mudar
qualquer comportamento da sua vida.

Não é uma fórmula barata, nem receita de dieta. É neurociência


comportamental.

O seu cérebro vai reagir e te motivar, ou seja, buscar a recompensa via


dopamina (falaremos mais sobre isso) em torno das suas experiências e
dos gatilhos ambientais que te despertam para as ações que você
deseja executar.

Só com uma imersão e exposição aos gatilhos ambientais diferentes


você poderá criar experiências e ressignificar suas “histórias”.

Pare e pense. Faça esse exercício que fiz sobre o objetivo de alcançar
um físico melhor, adaptando para um objetivo teu. Seja parar de ver
pornografia, parar de beber, fumar, de ter medo de falar em público, de
se relacionar, de aprender uma nova habilidade, praticar um esporte ou
qualquer coisa do tipo.

Você vai perceber que esse conceito poderá funcionar para times, para
gestão de pessoas, desenvolvimento de grupos e principalmente de
desenvolvimento individual. Se você é gestor, lidera algo, ou só quer
melhorar suas relações, pratique essa ideia, teste e, quando criar a
habilidade de lidar com esses mecanismos, use a favor do
desenvolvimento das pessoas que estão ao seu redor também.

Serve para absolutamente tudo em relação à mudança comportamental


e a mudança de hábitos.

Tudo isso forma o seu micro ambiente. Tudo que está no seu campo de
visão, tudo que você pode alcançar ou ter rapidamente com fácil acesso.
Tudo que te faz engatilhar pensamentos, desejos e ações.

Descubra de onde os gatilhos veem e revolucionem as suas vidas com a


modulação consciente do seu ambiente. Não é do dia para a noite. Eu
preciso falar isso? Não né?

A “fórmula” é: mudança do microambiente + tempo e regularidade =


Mudança comportamental.
Recompense o processo
e mude comportamentos
A neurociência da mudança comportamental

Vamos falar de comportamento e como podemos mudá-los, além de,


poder ressignificar experiências punitivas anteriores que te causaram
traumas ou medos.

Somos sensíveis às nossas experiências. Isso significa que o nosso


sistema dopaminérgico nos recompensa ou pune ao agir em torno de
algum comportamento, e por neuroplasticidade aos estímulos, criamos
nosso sistema comportamental.

Essa afirmação de que somos sensíveis aos nossos comportamentos e


experiências significa que voltamos a repetir comportamentos que nos
geram memórias e experiências gostosas, confortantes e positivas, por
outro lado, repelimos as que nos geram memórias experienciais
negativas, ruins, desconfortáveis, etc.

Isso, por exemplo, mostra o motivo de pessoas com medo de falar em


público não desejarem realizar esse comportamento. Provavelmente
elas tiveram experiências diretas ou indiretas (factuais ou imaginárias) de
que algo dará errado e ela será punida por tal.

Inclusive, esse é um dos motivos do nosso estresse e ansiedade


hiperativados atualmente: a nossa capacidade excessiva de alerta e
criação de cenários não-factuais projetados como punição no futuro.

Essas experiências citadas reforçam ou repulsam comportamentos


específicos baseados nas experiências vividas e internalizadas.

Mas, vamos ao que nos interessa. Como essa afirmação científica da


neurociência comportamental pode nos beneficiar?
Sabendo que somos sensíveis aos resultados dos nossos
comportamentos baseados em experiências passadas (e projetadas no
presente/futuro), então, apenas a exposição a eventos compensatórios
podem mudar o seu histórico passado que geraram essas reações já
criadas no seu leque comportamental.

Por exemplo: se você um dia você fez uma apresentação de resultados


e deu tudo errado, você travou, esqueceu coisas importantes e sofreu
algum tipo de punição direta ou indireta (não factual), é preciso que você
se prepare (e sim, eu sei que não é fácil e que não é uma simples virada
de chave) e se exponha a novas experiências para redefinir seu atual
status quo relacionado ao comportamento específico.

É importante (preste atenção aqui) que essas exposições, visando


mudanças concretas, sejam cuidadosas, pequenas, progressivas e, se
possível e recomendável, feita com acompanhamento de um psicólogo.

Se você conseguir fazer de um evento punitivo no passado ser melhor


preparado para ser um evento gostoso, recompensador e prazeroso, seu
sistema dopaminérgico irá te recompensar, e então, pela
neuroplasticidade ou neuro adaptação, você poderá ressignificar o
comportamento.
O maior desafio é quebrar essa barreira da repulsa, do medo da punição
e da rejeição. Uma vez que você consiga, seja por meio do
autoconhecimento ou de apoio psicológico feito por profissionais (muito
recomendado) e conseguir ressignificar suas experiências passadas,
você terá virado a chave para um novo comportamento.

Se você conseguir manipular o seu sistema dopaminérgico para


recompensar o processo de algo, seja um comportamento, crença, dieta
ou qualquer coisa do tipo, você estará se moldando.

Pode ser que você esteja pensando “Então é quase como adestrar um
animal? Você dá um petisco quando ele faz algo e não dá quando ele
deixa de fazer ou faz errado?”. SIM, é isso (na verdade, quase isso).

Portanto, está mais que explicado o quão importante é você fazer um


acompanhamento psicológico para racionalizar essas experiências,
ganhar força para se expor frente aos eventos e então ressignificar.

Estamos em 2022, né? Já é mais que sabido que passar com um


psicólogo ou psiquiatra não é coisa para louco. E para com o “Ah, eu não
preciso”. Você precisa, sim, todos precisamos.

Como mudar a sua percepção de


esforço sobre alguma atividade
(ou habilidade)

Quer saber o motivo pelo qual algumas pessoas fazem coisas


complexas (ou não) parecerem fáceis? Sabe qual o motivo de, muitas
vezes, suas comparações (desleais) com os outros causarem tanta
desmotivação e ansiedade?

Proponho entendermos como a sua percepção de esforço é formada.


No começo desse tema tudo ficará meio nublado para se entender, mas
tenha paciência, no final tudo será esclarecido, eu prometo.

Vamos juntos nesse tema?


Gosto sempre de usar o exemplo da dilatação de um estômago.
Digamos que você passe algumas semanas em uma dieta restritiva
visando perder peso e, durante esse tempo, seu estômago se adapte a
uma média de quantidade de comida, definindo por si, a dilatação
“correta” do seu estômago.

Nesse momento, sua percepção sobre o quanto você “aguenta” comer é


teoricamente pequena, afinal, você se expôs durante um tempo a uma
realidade restritiva onde seu corpo “encontrou a homeostase” (é a
condição de relativa estabilidade da qual o organismo necessita para
realizar suas funções adequadamente para o equilíbrio do corpo) e se
adaptou.

Apenas um parêntese aqui: o conceito de homeostase pode ser aplicado


(logicamente) não apenas para questões dos funcionamentos vitais do
ser humano, mas, também, para analisarmos o comportamento e suas
zonas de funcionalidade e equilíbrio..

Comer um pouco a mais do que seu estômago se adaptou já causaria


uma sensação “ruim” de esforço não-padrão para aquela zona de
equilíbrio em relação à quantidade de comida necessária para a
saciedade
É um sinal de “ops, tem algo fora do equilíbrio aqui”. É aí que entra a
alostase.

Quando um parâmetro gerado pela homeostase (nesse caso,


comportamental) sai do equilíbrio esperado, você entra em alostase (que
representa a energia metabólica/comportamental gerada para regular
determinado desequilíbrio), sendo basicamente é seu corpo lutando fora
da zona homeostática (padrão esperado físico ou comportamental) para
se adaptar e continuar funcionando.

Está confuso aí? Normal, mas guarda essa informação que as coisas
vão clarear ali na frente.

Baseado na sua exposição sobre experiências e a frequência delas, seu


corpo literalmente se adapta e encontra a melhor maneira para se
trabalhar gastando menos energia possível, ou seja, menos esforço. Um
estado que para ele tenha parâmetros relativamente estabilizados
(homeostase).

Voltando ao exemplo do estômago.

Sua percepção de saciedade foi reduzida pela quantidade de tempo em


um comportamento padrão (comer pouco para a dieta). Comer pouca
comida já te trará uma sensação de estar “cheio” e satisfeito. Você se
adaptou em um ponto de equilíbrio.

Agora, digamos que você, por algum motivo, coma o dobro ou o triplo
para cumprir algum objetivo na academia, ganhar massa magra ou algo
do tipo. Você come uma quantidade consideravelmente superior ao que
seu corpo estava adaptado.

Presta atenção aqui, olha a fórmula aparecendo de novo.

Exposição a experiência de “comer mais”, adicionando o tempo,


frequência, regularidade e pimba… Adaptação do seu corpo em perceber
um novo “limite” de esforço.

Você acaba de mudar sua percepção de esforço.


Seu corpo agora consegue comer mais comida sem se sentir mal por
estar muito cheio. A “fronteira” do seu estômago foi ampliada.

Está clareando? Vamos agora puxar esse conceito para um


comportamento ou desenvolvimento de uma nova habilidade.

Digamos que você tem muita dificuldade de falar em público. Só de


pensar em ter que apresentar um resultado, apresentar um trabalho na
faculdade ou, às vezes, só de ter que fazer um pedido em um
restaurante já se cria uma ansiedade imensa dentro de você. Aquele frio
na barriga e a vontade gigante de dar uma desculpa para não ter que
fazer, o famoso se “esquivar”.

Pense na sua habilidade de falar em público como aquele estômago


inicialmente pouco dilatado do exemplo anterior, onde comer qualquer
coisa já te deixava “cheio”.
É exatamente como o exemplo que estou dando agora. Qualquer
pequeno desafio de falar em público já é suficiente para atingir os
gatilhos de ansiedade, medo e fuga (te deixar cheio e gerar desconforto).

Você não está “acostumado” à prática de falar em público e isso faz com
que essa habilidade esteja atrofiada (ou pouco expandida) como aquele
estômago acostumado com pouca comida.

Apenas a exposição regular (frequente) as experiências de falar em


público poderão expandir (dilatar) sua habilidade. Com essa regra você
consegue fazer com que a sua percepção física e psicológica de esforço
seja alterada.

Para a questão comportamental sua homeostase é flexível. É possível


“empurrar” os muros dela para uma expansão, fazendo com que para
seu gatilho de ansiedade aparecer precise de muito mais esforço.

Uma simples apresentação para 5 pessoas em uma reunião é percebida


como algo “fácil” para quem já empurrou essa barreira para
apresentações, por exemplo, para 40 pessoas quinzenalmente.

Pela exposição às experiências diferentes do equilíbrio homeostático


comportamental anterior, você conseguiu ampliar o seu leque, ampliar
as paredes ou barreiras daquele comportamento, ou habilidade.

Para a pessoa que passou apresentar agora para 40 pessoas com certa
frequência, a ansiedade talvez só apareça para palestras grandes,
presenciais, para 100 ou 200 pessoas e por aí vai. Essas barreiras são
ampliáveis conforme o aumento e vivência sobre novos desafios sobre o
tema.

Pegou o conceito?

Não adianta olhar para o amiguinho do lado e lamentar por não ser tão
bom quanto ele sem considerar quantos desafios foram experimentados
até expandir seu leque de habilidades e percepção de limiar de esforço.

É justo com você essa comparação? É óbvio que não. Se você quer ser
como ele, como ela, se quer desempenhar melhor ainda, se exponha a
tantas experiências quanto aquela pessoa passou.
Não adianta fugir ou se lamentar pela pura comparação desleal. Não me
leve a mal, a ideia é te dar um chacoalhão aqui (e essa dura serve para
mim mesmo também hehe).

Espero que tenha feito sentido o conceito de limiar de percepção de


esforço para você e, talvez, você nunca mais olhará para o
desenvolvimento de habilidades, comportamentos e comparações com
o alheio da mesma forma que antes.

Até o próximo tema.

O senso de pertencimento
Quero mostrar para vocês como funcionam os nossos sistemas de
percepção de dor e como isso influência nosso comportamento social.

Em nossa evolução como espécie, ter um sistema de sensibilidade a dor


é a garantia de sobrevivência e possibilidade de reprodução. Ter esse
sistema que nos alerta quando "algo está errado" garante que
mecanicamente iremos procurar ajuda ou soluções sempre que
sofrermos algum tipo de dano físico (ou a expectativa dele).

Qual é o "pulo do gato" disso aqui?

O mesmo sistema que faz com que você sinta a dor física e procure uma
solução, também é o sistema que permite que você sinta uma dor
"social" (vou usar esse termo para uma melhor didática).

Sim, isso mesmo. Em nossa evolução (ou adaptação, se preferir), o


sistema de dor física e social foram colocados no mesmo lugar. Você
sente a dor de um término de relacionamento, uma briga com teus pais,
a sua demissão no trabalho, o feedback negativo, a sua exclusão do
grupo no mesmo lugar do seu cérebro que você sentiria se tivesse
topado o dedinho na quina da cama.

Isso talvez mostre para você o quanto de fato somos animais sociais e o
quanto essa socialização é crucial para perpetuar a nossa espécie e nos
trazer "bem-estar".
O fato de sentirmos a dor de uma possível (ou factual) perda social no
mesmo sistema da dor física, nos mostra que a evolução quer que
procuremos soluções para "sair" daquele efeito danoso.

A ideia não é aprofundar muito nisso, mas para efeito de curiosidade, as


áreas responsáveis pela percepção de dor física/social que estamos
comentando, estão (superficialmente falando) no Córtex Cingulado
Anterior e em regiões da Ínsula.

Você pode se perguntar... Então aquele término de relacionamento


terrível que eu tive, que me deixou mal, cheio de "dor no coração", se eu
tivesse tomado um paracetamol, iria me ajudar? Provavelmente sim
(PELO AMOR DE GOD, EIN? NÃO ESTOU FALANDO PARA VOCÊ FAZER
ISSO!).

Tá, Greg. Quais são as reflexões que podemos tirar desse fato? Vamos
pegar como exemplo o ambiente das organizações.

“Dor social é a dor associada a uma ameaça real ou potencial às


conexões sociais de alguém”.

O ser humano consegue sentir uma dor real ao perceber que está sendo
excluído do meio/grupo/ambiente ou que existe um potencial para isso.

Traduzindo para a realidade corporativa, quais são as ações que as


empresas tomam para as pessoas se sentirem parte do grupo, parte
ativa e criativa na definição dos objetivos e do caminho até eles?
Às vezes na rotina, na estratégia, gestores esquecem de serem as
pessoas e seu senso de pertencimento pela cultura e objetivos da
organização que farão com que a empresa chegue até o lugar almejado.

É muito fácil que isso se corrompa no estresse padrão da vida


organizacional, principalmente para cargos/posições de alta cobrança
por resultados.

NÃO TEM MILAGRE, MEU AMIGO!

Ou você comunica com clareza, abre espaço para as pessoas, cria um


ambiente transparente e socialmente conectado, ou você está fadado a
mediocridade (estar na média). Isso serve para qualquer relação social
(família, grupo de amigos, relacionamento amoroso, etc.)

Com qual transparência estamos fazendo isso? Com qual frequência? As


pessoas realmente podem participar para dar ideias, criticar, trazer
soluções?

Aos que encaram isso como "mimimi", sinto muito, o tempo dirá o quanto
de fato isso é irrelevante. A ciência fala por nós, aqui e agora.

Nesse exemplo citado, o bem-estar dos colaboradores está relacionado


não apenas ao salário e benefícios. Ele está diretamente relacionado
como aquele individuo de sente parte do grupo, qual é a qualidade das
relações dele com os gestores e com os pares. É sobre o quanto ele se
sente parte crucial do contexto cultural e ambiental.

Vou te dar algumas ideias de como poderíamos resolver essas questões


no âmbito corporativo (use a cabeça para adaptar em outras realidades).

(1) Seja transparente com todos os colaboradores sobre os objetivos,


problemas, vitórias e derrotas. Não peque pela falta de contexto para
qualquer tipo de informação.

(2) Parece "bobo" para alguns, mas é preciso criar momentos/eventos


onde as pessoas possam se conectar não apenas sobre temas do
trabalho, mas sobre as tuas vidas. É sobre criar vinculo emocional.

(3) Não tenha medo de comunicar, reforçar e repetir.


(4) Não tenha medo de dar espaço para todos darem ideia, criarem,
criticarem e trazerem soluções. Isso é mais importante para o ambiente
do que você possa imaginar.

Não cuidar do senso de grupo e de pertencimento, é fadar o bem-estar


dos seus colaboradores e da qualidade do seu ambiente organizacional
ao fracasso. Não deixe que trabalhar para você/sua organização seja
doloroso.

Tirar a possibilidade de se sentir parte importante/crucial para o negócio


é quase como "machucar" aquele individuo fisicamente. É uma dor que
doí, e se dói, a gente evita, repele, descarta e procura um lugar melhor.

Coloquei tudo isso em um contexto do mundo corporativo, mas, onde


houverem grupos de pessoas (família, amigos, relacionamentos) essas
ideias servirão.

Dinheiro é o melhor caminho? (o


sistema de recompensa humano)
Já que citamos o mundo corporativo no último exemplo e esse é um
exemplo real na vida da maioria de nós, relacionarei mais uma vez esse
universo com a ideia aqui passada.

Quando falamos em recompensas no mundo corporativo (ou social


como um todo), a primeira coisa a se pensar é "dinheiro, dinheiro e
dinheiro". Claro, talvez até natural. Fomos criados em torno dessa crença
central.

Mas, será que esse é o melhor caminho para recompensar os seres


humanos? Como isso é percebido pelo nosso cérebro? Como funciona o
nosso sistema de recompensa encefálico? Proponho entendermos aqui.

Possuímos um complexo sistema de recompensa capaz de produzir


hormônios relacionados a motivação e prazer baseado na predição de
recompensa (expectativa de ganhar algo e se satisfazer) de um evento
experienciado.
O que isso significa?

Conseguimos analisar eventos e definir quais serão os níveis de


recompensa para cada resultado ou decisão. O resultado nos inclinará
para uma tomada de decisão baseada no que teoricamente é mais
recompensador para nós e reforçará um comportamento relacionado ao
nível de recompensa.

Um exemplo: digamos que você tenha uma reunião muito importante e


ainda está decidindo como montará sua apresentação para revelar os
dados do seu projeto. Após tentar vários modelos, você toma a decisão e
vai para a apresentação. Ela foi um sucesso, todos seus colegas e líderes
te elogiaram pelo formato.

O que aconteceu no seu cérebro nesse momento? Você teve um pico


de dopamina que te motivou a tomar a decisão de usar o modelo x, já
imaginando (predição de recompensa) o sucesso da apresentação.
Ao realizar a apresentação e receber os elogios, seu cérebro recebeu
um grande reforço social que elevou seus hormônios relacionados a
prazer e recompensa. Isso gera uma espécie de "marcação" neuronal,
criando uma "memória" associativa de que aquele
comportamento/decisão que você tomou foi recompensador. Isso fará
com que você seja inclinado a repetir o comportamento (mesmo que
inconsciente).

Pense que essas marcações acontecem desde o começo da sua criação


e que possivelmente moldaram seus comportamentos na fase adulta.
Mas, o tema de hoje não é neuroplasticidade e nem desenvolvimento,
falaremos de recompensas financeiras (grana, money, cascalho,
dinheiro) x recompensas sociais.

Falamos sobre tudo isso para te mostrar alguns estudos que relacionam
o potencial recompensador de receber dinheiro e receber estímulos
sociais como elogios. Focaremos em apenas um deles, mas, caso se
interesse, você pode procurar o tema na internet.

Um estudo feito em 2008 (Izuma, Liked by Strangers) convidou diversos


estranhos para jogarem um jogo onde eles poderiam ganhar dinheiro e,
além disso, existiriam um sistema onde durante o jogo você precisaria
fazer comentários sobre o outro jogador.
Durante o jogo você faria elogios, críticas, ganharia dinheiro e receberia
elogios ou críticas também. Os elogios poderiam ser de alto impacto,
modestos ou simplesmente nada.

Enquanto toda essa dinâmica acontecia, seus cérebros eram


monitorados para garantir informações do nível de ativação do sistema
de recompensa enquanto eles recebiam dinheiro, quando não recebiam
e quando eram elogiados ou criticados pelos outros desconhecidos
jogadores.

E aí vem a surpresa, repare nos resultados (foram feitos diversos testes,


com diversas turmas, repetidamente e, os resultados permaneceram
semelhantes para todos)...

A ativação no sistema de recompensa foi grande ao receber dinheiro,


porém, foi maior ainda quando os elogios sobre o comportamento/perfil
dos jogadores aconteceram de forma elevada e significativa.

Ganhar dinheiro de fato é muito prazeroso e recompensador. Mas, ser


reconhecido pelo grupo sobre o teu comportamento ou ações, é ainda
mais recompensador. Sentimo-nos melhores sendo reconhecidos por
uma ação/comportamento do que quando ganhamos dinheiro.
Faço uma pergunta para os gestores das empresas. Como anda o seu
sistema de feedback dentro da sua organização ou time? Quais são os
momentos de reconhecimento? Como andam os reconhecimentos
sociais atrelados ao monetário? (esse é poderoso).

É muito mais motivador e recompensador irmos além do dinheiro ou


material. Ter momentos constantes de reconhecimento por entregas de
fato concretas é de suma importância para o engajamento dos
indivíduos. Mesmo fora das organizações, essa regra serve para qualquer
tipo de relação social.

Nosso cérebro é social, se sente dependente de elogios e


reconhecimento para uma sensação primitiva de pertencimento ao
grupo. Pertencer a um grupo que te reconhece é um sinal ancestral de
que você irá prosperar e se manter vivo (sim, isso mesmo). Mostra que
você é aceito e, se aceito, terá quem cuidar de você caso precise, terá
como manter os seus genes, se reproduzir e garantir a sequência da
espécie (seu cérebro pensa assim).

Reforçando aqui, dinheiro importa (e muito), MAS, não é só isso. Existem


formas de criar um ambiente saudável, propagar saúde e bem-estar
psicológico sem gastar um centavo. Reconhecimento é gratuito. Espero
que tenha feito sentido.

Por que as pessoas


amam seus empregos?

Você entra no trabalho pulando todas as manhãs? Claro que não, você
não é um desenho animado da Disney. Mas, se você sair da cama de
segunda a sexta-feira e sentir que não se importa de ter oito horas de
trabalho pela frente, talvez queira agradecer aos seus colegas de
trabalho.

De acordo com uma nova pesquisa da Virgin Pulse, o Virgin Group


programa de software de bem-estar dos funcionários, quase 40% das
pessoas dizem que seus colegas de trabalho são a principal razão pela
qual eles amam seus empregos.
Além disso, os trabalhadores com um melhor amigo no escritório têm
sete vezes mais chances de um alto nível de engajamento com os
propósitos e missões da organização.

A pesquisa, intitulada "Labor of Love: What Employees Love About Work


& Ways to Keep the Spark Alive", incluiu 1.000 trabalhadores nos Estados
Unidos e Canadá. Além de ter sua felicidade geral no trabalho
influenciada pelos colegas de trabalho, mais da metade dos
entrevistados disse que seus fortes relacionamentos com colegas
diminuíram seus níveis de estresse, e dois terços disseram que esses
relacionamentos também os tornaram mais produtivos.

Outras considerações importantes: 53% dos participantes disseram que


um trabalho "interessante e desafiador" é fundamental para amar a
empresa em que trabalham, e 38% disseram que a missão da empresa é
a principal atração.

Em outras palavras, as pessoas gostam de trabalhar com pessoas legais,


valorizam ser valorizadas e querem acreditar no que estão fazendo. Não
é ciência de foguetes, mas não faz mal confirmar o papel extremamente
importante que o respeito mútuo e a energia positiva desempenham na
criação (ou manutenção) de um ambiente de trabalho bem-sucedido.

"Os resultados desta pesquisa reforçam algo que sabemos ser verdade
há muito tempo — mostrar aos funcionários um pouco de amor e deixar
claro que sua empresa se importa, aumenta seu engajamento e os
conquista a longo prazo", disse Chris Boyce, CEO da Virgin Pulse, em um
comunicado de imprensa.

A pesquisa descobriu que os empregadores podem mostrar aos


trabalhadores que eles se importam "apoiando o equilíbrio entre vida
profissional e pessoal". Há espaço para melhorias: quase 40% dos
participantes disseram quererem que seu empregador mostrasse mais
preocupação nessa área (mais uma vez, isso serve para fora do mundo
corporativo também).

Principalmente, os colaboradores querem acordos de trabalho flexíveis,


como a possibilidade de trabalhar em casa – 44% disseram que esse
seria o benefício que eles mais gostariam de ter. Quase um terço dos
entrevistados também quer que os empregadores ofereçam programas
gratuitos de saúde e bem-estar.
Me parece não custar caro preparar as altas lideranças e seus gestores
para criarem momentos de conexão humana entre seus times. Aquele
happy hour ou os joguinhos na sexta-feira parecem agora menos
"mimimi" do que se comenta por aí, não? Não se trata de uma ação da
moda, mas é uma ciência social (com estudos sérios pela neurociência
social) e vou te tentar provar superficialmente:

Questões sociais (a qualidade dos nossos relacionamentos) matam mais


do que o vício em cigarro, por exemplo. Somos animais sociais e o nosso
bem-estar está diretamente conectado com as nossas conexões sociais.

Onde você passa mais tempo na sua vida? Provavelmente que a


respostá será "no trabalho". Se você gestor, empreendedor, CEO ou
qualquer cargo com poder de decisão ambiental racionalizar esse fator
biológico, chegará a conclusão da importância de criar momentos de
conexão, comunicação e transparência entre as pessoas do seu time ou
da sua organização.

Esse não pode ser apenas um diferencial, é um decisor estratégico de


qualidade de vida, turn over, retenção de talentos, impacto social e
diversos outros temas que esse pequeno cuidado cruza nas entregas e
resultados de pequenas e grandes organizações.
Não deixe de cuidar do ambiente (de forma séria e proposital). Ou
poderá ser tarde demais.

O que você achou dos resultados da pesquisa? Seus colegas de trabalho


são uma grande razão pela qual você ama seu trabalho? O que faria
você amar ainda mais a empresa em que trabalha?

A surpreendente
Psicologia do Networking

Você está jantando com um amigo que está procurando emprego. Ele
diz que está muito interessado em trabalhar na empresa de um outro
amigo seu de longa data. Acontece que você não fala com esse amigo
há alguns anos. O que você faria?

A. Digo ao meu amigo desempregado que você fará uma "ponte" com o
outro.

B. Digo que vou fazer a "ponte" com o outro amigo, mas aproveito para
"engatilhar um outro favor meu para que ele faça em troca.

C. Digo ao meu amigo que não me sinto à vontade para fazer a "ponte",
pois está há muito tempo sem falar com esse outro amigo (que poderia
indicar para uma vaga).

Sua resposta a essa pergunta reflete o seu 'estilo de reciprocidade',


sendo a maneira como você relaciona as suas interações com os outros.

Adam Grant, autor de "Give and Take" (livro) diz que existem três tipos
diferentes de reciprocidade: doadores (givers), tomadores (takers) e
compensadores (matchers). Vamos dar uma olhada em alguns dos
insights que podem ser colhidos de seu influente livro.

Doadores, tomadores e compensadores

Qual a diferença entre esses tipos?


Os tomadores são autocentrados e colocam seus próprios interesses à
frente das necessidades dos outros. Eles tentam ganhar o máximo
possível com suas interações enquanto contribuem o mínimo possível
em troca.

Os compensadores gostam de preservar um equilíbrio igual entre dar e


receber. A mentalidade deles é: “Se você tirar de mim, eu tirarei de você.
Se você me der, eu te dou”.

Os doadores são focados nos outros e tendem a dar apoio aos outros
sem "amarras". Eles se perguntam: “Como posso agregar valor para essa
pessoa? O que posso contribuir?”

Então, que tipo você é? A maioria das pessoas paira no meio e se


comporta como matchers, respondendo opção B acima (farei a "ponte"
para uma vaga, mas preciso da sua ajuda atual ou futura).

Os seres humanos têm uma tendência inata de serem recíprocos.


Doadores e recebedores representam dois extremos dessa ideia.

Mas, enquanto os doadores são os mais generosos em nossa sociedade,


os compensadores desempenham um papel importante. Eles garantem
que o que vai, volta. Eles recompensam os doadores por seu
comportamento generoso e buscam "vingança" quando eles ou outros
estão sendo maltratados.
Doadores, tomadores e compensadores no trabalho

Adivinha qual desses tipos é o mais bem-sucedido no trabalho?

Os doadores tendem a ter o pior desempenho. Eles estão em


desvantagem em uma ampla gama de ocupações, porque sacrificam
seu próprio sucesso para ajudar os outros a terem sucesso, conforme a
pesquisa de Grant.

Então, isso deve significar que os tomadores ou compensadores são os


melhores, certo? Não exatamente!

São os doadores novamente (calma, respira).

Sim, você leu certo. Os piores e melhores desempenhos no trabalho são


focados nos outros, e os tomadores e compensadores tendem a ficar no
meio disso.

Você deve estar se perguntando o motivo disso acontecer, né?

Como os tomadores desenvolvem a reputação de colocar os outros por


último, os compensadores tendem a retribuir o favor (aquela ideia da
vingança do olho por olho) e tentam derrubá-los, mostram as pesquisas.
Por outro lado, os compensadores torcem para que os doadores tenham
sucesso, pois tendem a combinar as boas ações com boas ações (ou
seja, o compensador também ganha nesse formato). Todos amam,
confiam e apoiam os doadores, pois agregam valor aos outros e
enriquecem o sucesso das pessoas ao seu redor.

Em suma, os doadores são bem-sucedidos porque suas doações


constroem relacionamentos de qualidade, que os beneficiam a longo
prazo. Com relacionamentos tão fortes, não é de admirar que os
doadores também sejam pessoas mais felizes do que os tomadores.

Mas espere, respira mais uma vez. Se ser um doador cria


relacionamentos mais fortes (e até o deixa mais feliz), por que alguns
doadores estão na base (abaixo) da escala do sucesso, enquanto outros
estão no topo?

Doadores altruístas vs. doadores "outros"

Existem dois tipos de doadores: doadores 'altruístas' e doadores 'outros'.


Doadores altruístas, como você pode imaginar, são aqueles que largam
tudo para ajudar as pessoas o tempo todo, o que significa que eles
tendem a ficar para trás em seu próprio trabalho. Portanto, eles
geralmente acabam na parte inferior da escala do sucesso (embora
ainda sejam pessoas mais felizes do que tomadores).

Por outro lado, os doadores "outros" são inteligentes e estratégicos sobre


suas doações. Embora sejam tão doadores quanto os doadores
altruístas, eles aprenderam a navegar com sucesso em um mundo com
compensadores e tomadores, para que os outros não se aproveitem
deles.

A essa altura, você deve estar se perguntando: que passos posso dar
para me tornar um doador de sucesso? Afinal, ser um doador de sucesso
traz muitas vantagens: relacionamentos mais fortes, maior felicidade e
melhor desempenho no trabalho.

Que bom que você perguntou. Aqui estão alguns "truques" e ferramentas
que os doadores de sucesso têm nas mangas para ajudar os outros,
evitando o esgotamento.
Como ser um doador de sucesso

1. Favores de 5 minutos

O que fazer:
Faça pequenos favores a outras pessoas que não levem mais de 5
minutos – como fazer a "ponte" com alguém, dar feedback ou oferecer
conselhos.

Por que funciona:


Se tornou famoso pelo empresário em série Adam Rifkin, os "favores de
5 minutos" são aqueles favores pequenos, porém impactantes, que você
faz para outras pessoas e que não levam mais de 5 minutos. Fazer esses
favores rápidos para um colega de trabalho ou amigo pode ajudar
bastante a fortalecer seus relacionamentos.

2. Peça ajuda

O que fazer:
Peça ajuda a um amigo ou colega de trabalho em um problema/dúvida
que você está tendo, sem tomar muito tempo dele.

Por que funciona:


Embora pedir ajuda não pareça um movimento de um doador por
excelência (nato), isso traz alguns benefícios surpreendentes. É você dar
oportunidade para o outro ser 'doador', fazendo com que se sintam bem
e inteligentes.

De acordo com Grant, uma das melhores maneiras de construir


relacionamentos fortes é procurar conselhos, porque isso cria
oportunidades significativas para alguém contribuir com a sua vida e se
sentir realizado por isso (é natural do ser humano).

3. Dê tudo de uma vez?

O que fazer:
Dedique um determinado dia ou parte de um dia a cada semana para
ajudar as pessoas.
Por que funciona:
Existem duas maneiras de doar: você pode espalhar atos aleatórios de
bondade ao longo da semana ou dividir todos os seus atos de doação
em um dia. Qual é mais eficaz? Pequenas "doações" diárias ou mais
frequentes. Isso vai fazer você criar o hábito de ser um "doador".

Dê, dê, dê!

Pratique essas dicas e truques e você será um doador de sucesso em


pouco tempo. Mas a chave para ser um doador de sucesso também é
ser um doador autêntico. Quanto menos você tentar dar para receber,
mais você terá sucesso.

Você é um doador, tomador ou compensador?

Vou deixar algumas perguntas do questionário no livro "Dar e Receber"


de Adam Grant para ajudá-lo a descobrir. Pega um papel e caneta (ou
abre um bloco de notas) e anota suas respostas, te dou o resultado no
final.

1. Você e um estranho receberão dinheiro. Você tem três escolhas


sobre o que você e o estranho recebem, e você nunca verá ou
conhecerá o estranho novamente. Qual opção você escolheria?

a) Eu recebo $ 8, e o estranho recebe $ 4


b) Eu recebo $ 5, e o estranho recebe $ 7
c) Eu recebo $ 5, e o estranho recebe $ 5

2. Em 2006, após a devastação causada pelo furacão Katrina, um


executivo de um banco americano liderou uma equipe de funcionários
em uma viagem para ajudar a reconstruir Nova Orleans. Por que você
acha que ele fez isso?

a) Ele queria gerar manchetes positivas por ser uma organização


generosa
b) Ele sentiu compaixão pelas vítimas e queria fazer o que pudesse para
ajudar
c) Ele queria mostrar seu apoio aos funcionários do banco que tinham
familiares em Nova Orleans
3. Você está trabalhando em um projeto com dois colegas e há três
tarefas que precisam ser feitas. À medida que você discute como
dividir as tarefas, fica claro que todos os três estão extremamente
interessados em duas das tarefas, mas consideram a terceira muito
chata. O que você faria?

a) Tentar convencer um dos meus colegas a fazer a tarefa chata


b) Me ofereço para a tarefa chata sem pedir nada em troca
c) Me ofereço para a tarefa chata e pedir um favor aos meus colegas
mais tarde

4. Há alguns anos, você ajudou um conhecido chamado João a


encontrar um emprego. Vocês estão sem fazer contato desde então.
De repente, João envia um e-mail apresentando você a um potencial
parceiro de negócios. Qual é a motivação mais provável por trás do e-
mail de João?

a) João quer pedir ajuda novamente


b) João realmente quer me ajudar
c) João quer me pagar de volta

Se você respondeu principalmente A's, você é um tomador. Se você


respondeu principalmente Bs, você é um doador. Se você respondeu
principalmente Cs, você é um matcher (compensador).

Quer mais? Confira o livro de Adam Grant Dar e Receber: Por que ajudar
os outros impulsiona nosso sucesso.

A cultura é sensível à comunicação


(Rede de Modo Padrão)
Quero compartilhar com vocês alguns estudos sobre a psicologia social
baseada em experimentos das neurociências e suas aplicações nos
ambientes sociais (focaremos em culturas organizacionais).

Que o ser humano é um animal social, creio que não seja novidade para
nenhum de vocês após ler até aqui..
Temos necessidades que relacionam a qualidade das nossas vidas e a
qualidade dos nossos relacionamentos, quase como uma
interindependência.

Quero te contar (ou tentar te provar) como o seu cérebro foi feito para
socializar.

Rede de modo padrão (DMN)

Esse é um conjunto de regiões do cérebro humano que interagem e


possuem atividades correlacionadas entre si e distintas de outras redes
do cérebro. É basicamente um conjunto de áreas que se ativam no
cérebro quando estamos pensando sobre nós ou nos outros seres
humanos da nossa rede social (não o Instagram, tá? aliás... pode ser
também).

Esta rede fica ativa durante o repouso passivo e a divagação mental, ou


seja, quando o corpo está exercendo atividades mecânicas do dia a dia,
que não necessitam de atenção, esta rede fica ativa. A rede de modo
padrão está envolvida quando, por exemplo, a pessoa está pensando
em si ou nos outros; ou quando está relembrando coisas do passado
ou planejando o futuro.
Um exemplo é quando alguém está indo do seu trabalho para sua casa,
e frequentemente as pessoas relatam apenas perceber que chegaram,
sem ter tido a noção de ter realizado todo o trajeto. O cérebro entrou em
repouso passivo, por ser uma atividade do cotidiano do indivíduo, e os
devaneios mentais (provavelmente sobre você, seu futuro, seu passado
ou sobre os outros seres humaninhos da sua vida) ocorreram enquanto a
pessoa se deslocava para seu destino quase que anulando a percepção
de tempo.

O que a Rede de Modo Padrão (DMN) faz?

Ela não atua em alguns dos nossos processos, entre estas atividades não
atuantes, é possível citar tarefas cognitivas, em geral, atividades que
demandam exercício de memória, linguagem, tarefas de atenção. Estes
tipos de atividade parecem, inclusive, ser prejudicadas quando a DMN
está ativa.

Como assim prejudicadas?

A Rede de Modo Padrão, então, não é ativada em tarefas cognitivas, mas


sim em processos da cognição social: pensar em si próprio e seu estado
mental, assim como também pensar sobre as outras pessoas e seus
estados mentais.

Está entendendo onde quero chegar? Temos uma função (ativação de


áreas em conjunto) no nosso cérebro que funciona especialmente
quando estamos tendo experiências sociais, nos relacionando ou
pensando em temas relacionados aos outros seres humanos, temas
sociais.

É provável que agora você faça uma reflexão e pense: quantas vezes,
quando não estou "fazendo nada" estou divagando sobre mim ou sobre
as pessoas do meu cotidiano? Pois é, esse é a sua DMN funcionando. Em
resumo: quando seu encéfalo (cérebro) não está "fazendo nada" ou com
foco ativo, ele está te preparando para experiências sociais.

“Estamos interessados no mundo social como seres humanos, por causa


dessa tendência de ativar repetidamente o modo de rede padrão toda
vez que há uma pausa na ação”.
Trouxe tudo isso para te provar de que somos animais sociais e o nosso
cérebro meio que foi desenvolvido em torno dessa capacidade de nos
relacionarmos, nos imitarmos, nos avaliarmos, nos ajudarmos e todas as
construções físicas e mentais que só podem acontecer na relação entre
seres humanos.

Podemos ser egoístas, mas, também podemos ser completamente


sociais, às vezes, colocando até a nossa vida em risco por pessoas que
nem mesmo conhecemos.

Tudo vai depender do ambiente e seus estímulos. Tudo vai depender de


como você se relaciona com os estímulos ambientais. E, preciso te
contar que a comunicação é parte principal dos estímulos ambientais.

Nada é mais poderoso que uma comunicação clara voltada para o


objetivo e mensagem desejada. Só a qualidade do fluxo de comunicação
sobre um tema moldará a percepção dos seres humanos sobre o tema e
unir o "social" em prol do objetivo desejado. Somos prontos para se
relacionar e se unir para um objetivo, seja para sobreviver perdidos em
uma floresta, reconstruir cidades ou entregar projetos no tempo
determinado.

Vou trazer um experimento social conhecido para fechar esse raciocínio


aqui, beleza? Quero te mostrar como somos sensíveis à comunicação
quando o tema é sentir, experimentar e concluir a qualidade de um
ambiente, das relações e da motivação em se juntar para atingir um
objetivo.

Jogo de Wall Street x Jogo Comunitário

Foi feito um experimento social com presidiários, onde convidaram


alguns deles para jogar um jogo temático relacionado a dinheiro. Foram
então divididos em dois grupos isolados.

Para o primeiro grupo, foi informado que o nome do jogo era "O jogo de
Wall Street" e, para quem não sabe, Wall Street é um símbolo americano
(local) com total referência ao dinheiro, ao acúmulo de fortunas, do
enriquecimento, ações, investimentos, etc.
O comportamento dos jogadores desse primeiro grupo foi de 68% das
vezes jogarem de modo individualizado e egoísta, tentando angariar o
máximo de fundos para si.

Porém, para o segundo grupo, o jogo foi passado da mesma maneira,


com as mesmas explicações, mas apenas alterando o nome para "O
Jogo Comunitário".
A maioria dos jogadores colaborou entre si, jogando pelo resultado do
grupo. Apenas 28% jogaram de forma egoísta. Consideramos que rolou
uma bela queda em relação ao primeiro grupo, não?

O que tudo isso significa?

Mais uma vez, seres humanos são seres sociais, possuem a capacidade
de serem egoístas, mas, tem como uma natureza mais forte a
socialização, o apoio do grupo, vide a nossa história evolutiva. Porém,
alguns fatores podem ser cruciais para direcionar esses
comportamentos, como grande exemplo de estímulo ambiental: a
comunicação.

Nas empresas, devemos nos perguntar: o que a nossa cultura


organizacional passa como mensagem? Quais sãos os comportamentos
padrões? Como levamos clareza pela comunicação sobre os objetivos
desejados? Quanto as pessoas estão compradas (e cientes) de onde
vocês querem chegar? As suas decisões envolvem apenas alguns níveis
hierárquicos ou elas consideram as opiniões dos grupos massivos?

Enfim, qual e a mensagem passada? Somos extremamente sensíveis à


comunicação e os símbolos percebidos. Sua cultura é como um símbolo,
então, o que ele representa? Você estimula o "Jogo de Wall Street" ou "O
Jogo Comunitário"? Qual é teu nível de transparência?

Se criarmos um ambiente onde exista a informação clara, aliada com a


possibilidade de divagar, criar, se conectar com as outras pessoas, é
provável que haverá um alinhamento dos indivíduos em direção aos
objetivos da organização (desse grupo social).

Comunicação é a ferramenta base da construção cultural. Quantas vezes


você repetir, aprofundar e clarear uma informação, mais ela será
absorvida pelo grupo alvo.

Se você aguentou ler até aqui, é porque tem um real interesse em


entender o comportamento humano e suas relações ambientais.

Obrigado, você foi paciente, afinal é um tema complexo para se explicar


em algumas linhas.
O “adestramento” do
animal humano
Calma, não se ofenda pelo título, leia até o final e você entenderá. Essa
ideia pode te ajudar a mudar a sua realidade.

Os comportamentos se formam quase da mesma maneira que a seleção


Darwiniana ocorreu. Eles são selecionados baseados na necessidade
do ambiente e então reforçados pelo resultado da ação.

Por exemplo, você quando criança vai lá e coloca o dedo na tomada e


toma um choque. Qual é a chance desse comportamento se repetir?
Bem baixa, já que o resultado da ação foi negativo física e
psicologicamente.

Proponho ampliarmos um pouco mais a escala da “seleção” dos nossos


comportamentos. Antes disso, lembre-se que somos animais sociais e
que um dos nossos maiores reforçadores vem por meio da “palavra do
grupo” ou a palavra individual.

Entenderemos no decorrer, vem comigo.

Digamos que você começa gostar de rock por alguma influência dos
seus pais. Conforme vai pegando gosto, começa se envolver com algum
grupo que também gosta de rock, começa frequentar os shows, as
festas e conhecer mais pessoas com os mesmos gostos musicais.

Animais sociais que somos, temos como comportamento padrão nos


adaptar para sermos aceitos ao grupo.

Então, o seu novo pessoal zomba de outros ritmos musicais, como o


funk, por exemplo. Indiretamente, estão reforçando “para ser um
roqueiro do grupo, você precisa não gostar de funk e zombar deles”
(aqui é só um exemplo didático).
No outro dia, você foi para o encontro do grupo com uma camiseta
branca. Dois amigos fazem piada e dizem que isso não é roupa de
roqueiro e que você está “traindo o movimento”.

Pronto, punição via palavra, reforço negativo garantido e grande


probabilidade de adaptação do comportamento para aceitação no
grupo.

Vamos um pouco mais para um extremo agora, usando o mesmo


exemplo.

Semanas depois, essa mesma pessoa no grupo de WhatsApp dos


amigos roqueiros, começa mandar fotos de funkeiros e zombar deles,
fazer algumas piadas pesadas e por aí vai. Diante disso, o grupo começa
dar risada e dizer o quanto ele é “engraçado” e outros começam copiá-
lo.

TCHANAN, reforço positivo de aceitação. Automaticamente, pelo


reforço positivo, selecionamos esse comportamento como algo
aceitável e que me aproxima do grupo.

Vocês estão entendendo onde quero chegar?

É literalmente um adestramento comportamental acontecendo em


diversas escalas. O grupo pune comportamentos não aceitáveis e
premia comportamentos desejáveis (no contexto deles).

Para escalarmos mais ainda essa ideia, entendamos como se forma uma
religião ou até mesmo a cultura de um país.

Pegue essa mesma ideia de punição e recompensa e pense em uma


religião. Algumas atitudes são aceitas, outras são repelidas. Excluímos os
comportamentos e ideias que não vão de encontro com o interesse do
grupo e nos colocamos no centro.

O ser humano experimenta dor e tristeza (sim, dor quase que física)
quando se sente, de alguma maneira, rejeitado pelo grupo, como já
vimos em páginas anteriores.

Vou ser repetitivo aqui em alguns pontos já citados, com o único objetivo
de "martelar" a cabeça de vocês para fixação das ideias principais.
Somos animais sociais, carregamos em nossos genes a ideia de que se
eu não pertencer ao grupo eu estou sozinho e tenho mais chances de
morrer (pense na época onde éramos presas em uma savana na África,
por exemplo).

Pense agora como é formada a cultura de um estado ou de um país. Isso


explica o motivo de alguns serem mais patriotas, outros não, etc. São
reforços históricos, de milhares de anos, sobre comportamentos
selecionados (desejados) pelo grande grupo. Novas pessoas vão
chegando e nem sabem porque agem como agem e isso se espalha.

A regra é a mesma para o microambiente e para o macro. Com o passar


do tempo as pessoas vão selecionando via reforço de punição ou
recompensa cada um dos comportamentos desejados. Em grande
escala, é assim que se formam as culturas, seja de uma empresa, de um
estado ou país.

Muitas vezes você nem sabe porque age como age, porque pensa o que
pensa, é apenas assim e pronto. Você não toma consciência das raízes
desses comportamentos. MAS, estou aqui te afirmando pela
Neurociência do Comportamento. Você vem sendo moldado desde os
seus primeiros segundos de vida (atenção aos pais de plantão).

Ao longo da criação de um país, de um estado, de uma empresa ou até


mesmo da tua criação, o ambiente te moldou. E o ambiente molda de
milhares de maneiras, seja aprovação ou reprovação, seja sobre
questões naturais como o calor, o frio, altitude, música, até questões
como classe social, arte, acesso à informação e uma porrada de outras
coisas.

Você funciona dessa maneira porque o ambiente te moldou das mais


diversas formas. Você é quem é pelo micro e macro ambiente ao teu
redor. E não pense que você já está pronto, meu querido ou minha
querida… Você continua sendo moldado.

Você entende agora o título do capítulo? Não se ofenda, somos animais


e somos adestrados a todo momento, é o biscoito quando o cachorro
obedece ao comando e a falta dele quando não. Você tem seu viés
político por um motivo, tem sua religião por um motivo… Motivo esse que
vem da junção das suas experiências e quais resultados elas tiveram de
recompensa (reforço ou punição).
Seus comportamentos foram selecionados pelo que resultou na sua
jornada. Se foi punido, você repele ou encontra outras maneiras. Se foi
recompensado, você reforça, melhora, adapta e continua fazendo. É
simples assim.

Com essa informação em mãos, apenas tendo ela na luz da consciência,


muita coisa pode mudar aí na sua vida. Você ficará mais atento a quais
gatilhos despertam determinados comportamentos e principalmente
agora irá tentar buscar a raiz de cada um deles, não mais agindo
completamente no automático.

Com essa informação você pode mudar questões do seu microambiente


(e até do macro) para caminhar para onde de fato tem um desejo
genuíno e consciente. Chega de ser um gado de fontes que muitas
vezes você nem tem certeza de onde vieram.

Líderes, gestores de pessoas, área de RH. ou curiosos sobre


comportamento humano, atenção nessa ideia citada.

Mais uma vez galera, todos exemplos e tons aqui foram usados para fins
didáticos. Não se ofendam, a ideia é só clarear a mente para agirmos da
melhor maneira sobre o nosso autoconhecimento.

Espero que alguma faísca de boas ideias tenha surgido por aí.

O seu cérebro não está preparado


para o mundo atual
Uma era de abundância sem precedentes

Temos um cérebro evolutivo ainda adaptado para a escassez das nossas


antigas e distantes gerações. Um cérebro em busca da sobrevivência da
espécie, ainda alerta pelas ameaças do seu “habitat” original.

Talvez, um cérebro ainda “não pronto” para a forma de vida atual.


O que eu quero dizer é que o nosso cérebro ainda é primitivo em relação
ao formato das nossas vidas atuais. Ainda não tivemos tempo para uma
verdadeira evolução (ou adaptação, se preferir) para lidar com os
diversos estímulos e gatilhos da nossa sociedade moderna.

Um cérebro adaptado por milhares de anos no modo “escassez”,


baseado no primitivo, onde éramos caçadores-coletores, onde o esforço
era grande para ter o alimento e para garantir a sobrevivência da
espécie.

Esse mesmo cérebro vivendo na época mais abundante experimentada


em nossa história.

Drogas, comida, jogos, mensagens instantâneas, sexo a la carte,


Facebook, Instagram, Tiktok, Twitter, Youtube e muito mais, tudo em
nossas mãos, literalmente.

Abundância essa que gera prazer. A nossa busca primitiva, inconsciente


e natural da máquina orgânica que somos. Nunca foi tão fácil e rápido ter
acesso aos estímulos que geram desejo e prazer.

Somos uma geração plugada com bolsas de dopamina conectadas


diretamente em nossas veias, ou, via wifi (hehe).

Alguns pesquisadores dizem que a dopamina é basicamente a moeda


de troca universal. Da forma mais simples possível, dopamina é o
hormônio que nos motiva buscar prazer. Não exatamente é quem nos dá
a sensação do prazer, mas é quem faz nós queremos levantar o
bumbum do sofá e atender os desejos da mente e do corpo.

Sabe quando você está vendo um vídeo no Youtube e de repente


aparece aquele comercial de um lanche famoso e te desperta um
desejo gigante de comer um daqueles? É basicamente o comercial
gerando um gatilho dopaminérgico para você ter vontade e, então, vá
buscar o prazer final.

Uma curiosidade é que, apesar de a dopamina não ser o hormônio do


prazer, mas o que te leva a busca dele, foi descoberto que o gatilho, ou
seja, apenas o desejo gerado já é suficiente para experimentar parte da
sensação prazerosa.
Quando você visualiza aquele lanche na sua tela, o seu corpo já
experimenta prazer e claro, ele vai querer mais, vai te pedir para ir até o
fim.

As mesmas pesquisas mostram que, por exemplo, o “adicionar itens no


carrinho” de compra em sites, exerce os mesmos gatilhos de satisfação
da compra consumada.

Sim, eu sei que você já fez isso, ou que passou horas namorando aquele
carro que você tanto quer. O prazer também é gerado nesses momentos
de expectativa pré-prazer consumado e é por isso que você consegue
passar horas nesse comportamento.

Em resumo, a dopamina é a moeda de troca universal que vai identificar


qual experiência pode te gerar mais prazer para então priorizar as suas
ações.

Quanto mais dopamina é gerada em uma experiência, mais adictiva ela


é, mais viciante. Somos buscadores natos de prazer, acontece que,
nunca tivemos tanto acesso a ele historicamente, como temos
atualmente.

Uma grande descoberta

Uma das grandes descobertas recentes da neurociência, é que o


cérebro processa prazer e sofrimento na mesma região. Eles funcionam
como se fossem dois lados de uma balança.

É daí que nasce aquela dor viva, quase que física, quando o seu
chocolate predileto está acabando, ou quando o tempo para jogar mais
uma partida de videogame está chegando ao final. O sofrimento e o
prazer andam lado a lado.

"Todos nós temos comportamentos, vícios e gatilhos dopaminérgicos


dominantes que em tese nos fazem mal, que nós gostaríamos de
eliminar para uma vida mais plena. Muitas vezes somos cientes, porém,
química e eletricamente dominados por nossos sistemas primordiais".

Todos nós temos nossos vícios, das mais diversas formas, das mais
diversas fontes.
Alguns são dominados por jogos eletrônicos, jogos de apostas. Outros
têm como suas fontes dopaminérgicas o sexo, a comida, a leitura, as
compras e até, sim, os exercícios físicos.

Quanto mais adictivo for a experiência, maior a dependência. Adicção é o


consumo contínuo e compulsivo de uma substância ou comportamento.
Lembre-se, os comportamentos também geram prazer e são adictivos,
tanto quanto as drogas, obviamente cada um em seus níveis de
agressividade, mas precisamos ter essa ideia clara em nossas mentes.

Temos consciência do mal que esses comportamentos e substância nos


fazem, sabemos o quanto tudo isso pode impactar o mundo e as
pessoas ao nosso redor e mesmo assim fazemos.

Não importa sua classe social, o quão bem a sua vida está, qual seu
cargo, onde você mora, quanto ganha ou a sua cultura. Você encontrará
formas de gerar prazer desacerbado, você enfrentará descontroles e
será sequestrado por sua “mente automática”.

Pense nessa balança prazer-sofrimento que guia as nossas vidas. Elas se


sobrepõem. Isso significa que o corpo buscará a homeostase, ou seja,
buscará o equilíbrio. Nem muito prazer, nem muito sofrimento.

Quanto maior for a busca e as experiências por prazer, mais adaptado o


seu corpo ficará e mais difícil será chegar a esse estado esperado. É
como o usuário de uma droga, com o tempo ele precisa de doses
maiores para chegar ao mesmo pico de sensação, afinal, o corpo
buscará se adaptar para o equilíbrio homeostático. Isso é chamado
neuroadaptação.

A mesma coisa acontece no sofrimento, quanto mais imerso a


comportamentos que te gerem sofrimento, mais difícil será sair dele,
mais difícil será chegar ao equilíbrio. Será necessária uma força muito
maior para empurrar essa balança para o meio.

Apenas o autoconhecimento, a clareza de trazer as coisas para a luz da


consciência dará mais autonomia para uma vida minimamente mais
saudável.
Você só conseguira uma vida minimamente plena se buscar se
conhecer. Entender os seus mecanismos é a libertação para "todo mal".
Não estou aqui vendendo uma solução pronta, nem indicando quais
serão essas ferramentas para você usar em sua vida. É algo muito
subjetivo e pessoal.

A ideia aqui é apenas te explicar como neurobiologicamente prazer e


sofrimento funcionam dentro da sua cabeça.

Busque fontes que te ensinem sobre esses temas. Você proporcionará


uma vida melhor para você mesmo(a).
E aí?
Te fez pensar?
Está pronto(a) para
aplicar o que esse
ambiente te
proporcionou?
Não pare de buscar
conhecimento. Ele é o
ambiente crucial para
o seu crescimento
como ser humano!
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