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Um aprendizado sobre a felicidade

e outras questões da vida

DANILO MOURA
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Meu agradecimento a meus pais e a todas
as pessoas que passaram pela minha vida,
me ajudando a aumentar o meu nível
de consciência.

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O livro
Esse livro começou a ser escrito, quando eu percebi que era uma pes-
soa ansiosa e estava num momento de evolução em que pouco a pouco,
conseguia me tornar uma pessoa menos ansiosa. O foco então do livro
era a ansiedade e como diminuí-la.

Como sou uma pessoa que possui infinitos interesses, não me prendi
a um assunto específico, mas deixei o livro aberto a tudo que vinha a mi-
nha mente durante o ato de escrever. Foi assim que escrevi desde fatos
científicos e não científicos, falando também sobre saúde física e mental.

Como comecei aos poucos e fui me entregando a fluidez do ato de


escrever, o livro acabou se transformando num apanhado de tópicos
sobre felicidade e vários outros assuntos que a meu ver contribuem para
uma vida mais feliz, e assim termos relações muito melhores com as
pessoas que amamos.

Este livro não é só pra você, na verdade eu escrevi esse livro para por
pra fora, todas as minhas agustias e como venho conseguindo acalmá
-las, dia após dia, aumentando o meu nível de consciência. Desculpe a
sinceridade, mas é a mais pura verdade. Esse livro é um presente para
eu mesmo.

Felicidade é uma vibração intensa, um momento em que sentimos


a vida em plenitude dentro de nós e queremos que aquilo se eternize.
Felicidade é a capacidade de ser inundado por uma alegria imensa por
determinado instante ou situação, aliás, segundo Mário Sergio Cortella
felicidade não é um estado contínuo, mas sim uma ocorrência eventual.

A felicidade é sempre episódica e nós sempre a percebemos quando


temos também a carência como contraponto. Caso a felicidade fosse
contínua, nós não a perceberíamos pois não existiria base de compara-
ção.

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Ansiedade
A ansiedade é uma epidemia mundial, uma em cada três pessoas
sofre ou vai sofrer de um quadro ansioso em suas vidas.

Ao contrário do medo, que é uma reação a ameaças concretas, a


ansiedade está mais para um mecanismo de antecipação dos aborreci-
mentos futuros. A dificuldade começa, quando deixamos de nos mover
pra frente por conta de uma preocupação e antecipação exagerada dos
problemas ou desafios futuros.

Pode-se dizer que a ansiedade num nível controlado, é algo positivo


que nos põe dispostos para as lutas diárias. O problema é que com as
redes sociais, pressões com o trabalho, busca por resultados, e cobrança
pessoal, ficamos o tempo inteiro em estado de alerta, preocupados an-
tecipando coisas que muitas vezes nem sabemos explicar. A ansiedade
em muitos casos podem levar a um ataque cardíaco ou evoluir para um
quadro de depressão.

Dizer para uma pessoa ansiosa que ela deve relaxar, se preocupar
menos, e diminuir seu ritmo mental, pode até parecer algo que ajudará,
porém muitas vezes nem a própria pessoa consegue explicar como esse
transtorno mental e físico acontece.

Às vezes podemos achar que estamos ficando loucos, pois como an-
tes conseguíamos controlar as nossas emoções e pensamentos, num es-
tado ansioso ou depressivo, ficamos a mercê das nossas emoções.

Desânimo, cansaço físico, taquicardia e falta de ar são alguns dos


sintomas que uma pessoa ansiosa pode sentir. Após anos com esses sin-
tomas a vida pode começar a desandar e a pessoa antes ansiosa, pode se
tornar depressiva.

No Brasil, 5,8% da população sofre com a depressão e 16% das pes-

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soas terão depressão ao longo da vida. Ela afeta um total de 11,5 milhões
de brasileiros. Segundo os dados da Organização Mundial da Saúde
(OMS), o Brasil é o país com maior prevalência de depressão da Amé-
rica Latina e o segundo com maior prevalência nas Américas, ficando
atrás somente dos Estados Unidos, que têm 5,9% de depressivos.

A depressão é uma das doenças que mais afasta pessoas do mercado


de trabalho. Em 2016, 75,3 mil trabalhadores brasileiros foram afastados
de suas atividades por causa da depressão, com direito a recebimento de
auxílio-doença em casos episódicos ou recorrentes. Eles representaram
37,8% de todas as licenças em 2016 motivadas por transtornos mentais
e comportamentais, que incluem não só a depressão, mas também o es-
tresse, ansiedade, transtorno bipolar, esquizofrenia e transtornos men-
tais relacionados ao consumo de álcool e cocaína.

O estresse mata
Além de afetar muito a nossa qualidade de vida, pode levar a sin-
tomas de depressão e ansiedade, cada vez mais sabemos que o estresse
pode sim levar ao comprometimento da saúde física e até a morte.

Até 80% das consultas em prontos socorros com clínicos gerais são
devido a quadros ocasionados pelo estresse, e mais ainda, no Brasil o es-
tresse é a quarta principal causa de infarto agudo do miocárdio, perden-
do apenas para o colesterol, cigarro e pressão alta. Mas como o estresse
afeta nossa parte física e principalmente cardiovascular?

Os cientistas vêem dois principais mecanismos pelos quais isso


acontece. O estresse faz com que nossa medula óssea, produza mais leu-
cócitos, que são glóbulos brancos, responsáveis pelo nosso sistema imu-
nológicos e combate a infecções. Com a produção excessiva de glóbulos
brancos, que são células de defesa, começam a se acumular nas paredes
dos vasos sanguíneos, isso faz com que o fluxo de sangue fique mais
lento e que possa haver a formação de trombos que entopem os vasos

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sanguíneos, levando tanto a infarto como a AVC. Essa hiperprodução
do sistema imunológico que o estresse causa não é boa para o nosso
coração nem para nosso cérebro.

Existe também outro mecanismo. O gene responsável pela forma-


ção do cortisol, principal hormônio responsável pelo estresse, também
aumenta o risco de infarto. Pacientes que possuem esse gene, possuem
risco maior de ter um acidente vascular.

O estresse então é um dos principais fatores de risco para um AVC.


Combatendo o estresse, ocorre uma diminuição do risco de morte em
pessoas saudáveis, além de melhorar a nossa performance.

Um dos melhores tratamentos para o estresse é a prática de medita-


ção, que diminui a pressão arterial. Segundo estudos, após dois meses
de meditação constante, os pacientes apresentaram significativamente
menos pressão arterial que estes mesmos pacientes antes da prática me-
ditativa.

A realidade não está nem aí para nós


Quando nascemos e somos bebês, possuímos uma expectativa de
sermos amados. O bebê é um pequeno ser humano que nasce com an-
seio fortemente enraizado de ser amado e protegido. Assim como sua
inclinação natural pelo seio da mãe, ele também possui uma inclinação
natural a buscar o amor dos pais. Quando isso não é atingido, graves
consequências ocorrem na vida do indivíduo.

Nascemos com a expectativa de sermos o ser mais especial para os


nossos pais, de darmos a eles o preenchimento necessário. Pai e mãe,
precisam dar ao bebê a ilusão temporária de que ele é o centro do uni-
verso e de que tudo está a seu favor e de que não há ser mais importante
no planeta, na psicanálise isso se chama ilusão de onipotência. No início
da vida, o bebê se sente um ser divino, capaz de suprir as necessidades

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dos pais.

Ter recebido amor nessa fase da vida, dá ao adulto mais tarde a con-
vicção de que ele é capaz e que dará conta das demandas da vida.

Pouco a pouco e de forma inconsciente e instintiva, os pais começam


a mostrar para o bebê que aquilo era uma ilusão e vão apresentando a
ele a necessidade do desligamento gradual entre as partes, e permitindo
que o bebê pouco a pouco se depare com a realidade.

Aos poucos o bebê vai percebendo as coisas como são, e assim vai
passando por um processo de luto da sua ilusão, percebendo a realidade
como ela é.

Na idade adulta é esperado que o bebê já seja capaz de reconhecer


como é a realidade e assim o adulto experimenta o desamparo. Perce-
bemos que a realidade não está nem ai para os nossos desejos. Quando
algo acontece de ruim, não quer dizer que haja uma conspiração do
universo, mas apenas a realidade funcionando.

Como uma formiga andando normalmente quando é pisoteada por


um pé de um humano qualquer, que nem sabia da sua existência. Não
há nada por trás ou alguma explicação floreada, mas sim que apenas a
realidade está acontecendo como ela é.

A experiência do desamparo que sentimos quando adultos é apenas


a percepção da realidade dura como ela é. Por que seríamos poupados?

Quando não aceitamos um fato, ou ficamos travados buscando res-


postas onde não existem, estamos nos comportando como bebês. São
os bebês que acreditam que tudo gira em volta dele e é tudo sobre ele. O
bebê precisa experimentar isso no início de sua vida, porém nós adultos
já passamos desse ponto.

Quando acreditamos que existe algo no universo indo contra as nos-

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sas ambições, estamos nos achando, acreditando que o mundo gira ao
nosso redor e isso não significa que não sejamos especiais. Apenas não
somos o centro do universo, como várias vezes acreditamos.

A realidade não está nem aí para nós.

Expectativas
As expectativas, são experiências do passado, que misturadas a ima-
ginações de um futuro ilusório, criam uma alegoria de que algo deveria
ser de determinada forma projetada.

Criar expectativas, quase que invariavelmente cria frustração, pois


se nossa experiência for boa e imaginávamos algo melhor, sofremos. E
caso a experiência seja ruim, o sofrimento é amplificado.

Se imaginarmos a felicidade como um alvo, as expectativas seriam


tentar adivinhar onde o dardo acertaria, mesmo atirando o mesmo a 5
metros de distância.

O polêmico guru e filósofo Osho, defende que aprendemos a viver,


quando deixamos as expectativas de lado, pois só assim, abandonare-
mos as frustrações de projeções ilusórias criadas com base no nosso
passado, que somado a nossa ansiedade, característica do mundo atual,
produz doenças mentais sérias. Segundo Osho, a maioria da população
possui doenças mentais, mesmo que não admita.

Abandonar as expectativas não significa que não teremos um alvo na


vida, mas sim que nosso foco será o alvo como um todo, e não somente
o centro dele. Estar aberto a tirar o melhor proveito, seja lá onde o dardo
espetar é que nos levará à apreciação da vida.

É preciso ter em mente de que a felicidade depende mais do nosso


interior, isto é, em como percebemos as nossas experiências e lições que

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tiramos dela, do que do fato externo em si.

O córtex pré-frontal
O córtex pré-frontal fica localizado na parte de trás da nossa testa,
ele é uma dar partes mais importantes do nosso cérebro e em boa parte
o que nos diferencia do resto dos animais.

Ele é responsável pela execução do que planejamos, controla as nos-


sas emoções, memória e a nossa capacidade de aprender e planejar. O
córtex pré-frontal é estimulado por meio de leitura, aprendizado de um
novo idioma, aprendizado de um instrumento musical ou uma simples
leitura consciente.

Com o nosso rítmo de trabalho, deixamos de estimular o córtex pré-


frontal, nos fazendo tomar decisões precipitadas e passamos por um
processo de falta dememória.

O hábito da leitura é o mais simples e que pode ser o divisor de águas


para várias doenças mentais e aumento dos níveis de felicidade.

Reclamação
Segundo o dicionário reclamar significa exigir o que lhe pertence,
pedir de maneira veemente, reivindicar algo, suplicar, pedir insistente-
mente, clamar por aquilo.

Ao reclamar, estamos cobrando do universo que as coisas tivessem


saído da forma exata que planejávamos.

A reclamação é uma das coisas que mais drena nossa energia e que
além disso nos deixa alinhados na frequência da ingratidão. As pessoas
se acostumaram a reclamar, de modo que a mente age reclamando em

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modo padrão. Reclamam se está frio, se está quente e até mesmo quan-
do não está quente nem frio. Algumas pessoas reclamam se acordam
cedo, se acordam tarde, se trabalhamos muito, se estão sem emprego,
então elas tendem a reclamar sobre absolutamente tudo.

E quando entramos nessa frequência, drenamos o nosso campo


energético, nos fragmentando e drenando a nossa energia vital, atraindo
assim energias negativas e pessoas que também reclamam.

Todos nós queremos ser felizes e ter uma vida abundante, não signi-
fica uma vida sem desafios, mas sim como lidamos com eles.

Diante de um fato negativo, temos duas opções: a primeira é ficar


reclamando e a segunda é juntar os cacos, se existirem e agradecer as
outras coisas sublimes que não nos damos conta. Por exemplo a saúde,
família, amigos, conquistas e várias outras coisas que experimentamos
sem as vezes perceber conscientemente.

É um desafio, porém quando algo de ruim acontece em nossas vidas,


é importante primeiro pensar o que podemos aprender com isso. Estar
consciente é fazer escolhas sábias durante nossas vidas. É uma escolha
focar no que tem de bom, pois quando focamos no que tem de bom,
sempre tiramos lições valiosas do processo, enquanto reclamando fa-
zemos apenas um exercício de culpar o universo, algo que não temos,
como se o universo nos devesse algo.

Um exercício é anotar quantas vezes reclamamos durante o seu dia,


seja lá o motivo e ver como esse padrão se repete pelos outros dias. Re-
pare que a maioria das coisas que reclamamos, são coisas que um dia
pedimos. Se reclamamos do trabalho, um dia pedimos aquele trabalho.
Se reclamamos de um relacionamento, um dia pedimos aquele relacio-
namento. É por isso que a reclamação nos coloca na frequência da in-
gratidão, pois o universo nos brindou com a vida e agora nos vemos não
gratos por essa dádiva.

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Paciência com o processo
A paciência é uma das formas de nos expandirmos e nos tornarmos
pessoas melhores. Principalmente nos dias de hoje, com a tecnologia,
redes sociais e smartphones, nós estamos querendo tudo rápido demais,
na velocidade dessas coisas.

A quantidade de pessoas ansiosas e depressivas no mundo só au-


menta, pois estamos querendo tudo na hora. Perder peso rápido, ficar
rico rápido, encontrar o amor rápido. Ninguém mais pensa na vida
como uma construção e entender que existe um tempo para esse pro-
cesso acontecer, que cada pessoa possui tempos diferentes e que para se
tornar algo sólido e duradouro, precisa de um processo e esse processo
leva tempo.

Para que a nossa jornada de vida seja prazerosa, a gente precisa


aprender a ter paciência. Não só paciência com o tempo, mas paciência
com nós mesmos.

Pense na sua vida como um bebê de um grande amigo, ele está dan-
do sinais de que está começando a andar, ele já engatinha, ele faz força,
se inclina. Só que ele começa a cair e a errar. Você por acaso falaria pra
esse beber parar se fazer o que estava fazendo? Falaria para ele desistir,
pois está muito ruim? Que aquilo nem está perto de ser como uma pes-
soa realmente anda. De esse bebê realmente não tem talento pra isso.
Diria a seus pais para desistirem, pois se não andou em um dia, é por
que não é pra andar mais? Claro que não.

Então por que fazemos isso com nós mesmos? Por que quando es-
tamos engatinhando em alguma coisa não temos paciência com nós
mesmos e paciência com o processo? Logo nos irritamos, logo jogamos
tudo para o alto e desistimos. Por que não nos encorajamos, como se
estivéssemos encorajando uma criança? Por que não fazemos, como de-
veríamos fazer com um bebê? Dar a mão e falar para nós mesmos: cal-

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ma, tá tudo bem, no seu tempo você chega lá. Continue tentando. Você
ainda vai cair muito, vai se machucar, ralar o joelho, mas um dia você
vai andar tão bem, que um dia nem se lembrará desse esforço e nem vai
precisar pensar pra andar direito.

Não importa em qual processo estejamos agora, precisamos ter cal-


ma. Ter paciência com esse processo. Confiar nesse tempo. Tudo leva
um tempo para ser plantado, gerado e colhido. Todas as plantas são lin-
das, mas não podemos comparar o tempo de maturação de cada uma. A
analogia com os seres humanos é bem-vinda.

A partir do momento que começarmos a nos valorizar e começar-


mos a ter paciência com nós mesmos, como se fosse um bebê aprenden-
do a andar, veremos as coisas acontecerem e mudarem.

Hoje o que mais vemos são pessoas desistindo dos 60%, 70%, 80% e
até 99% do processo nos últimos metros de corrida. Às vezes mal sabe-
mos que se dermos mais um passo, chegaremos lá. Seja lá o que esse lá
signifique para cada pessoa.

Quando sentir que quer tudo pra ontem, faça um plano daquilo que
você quer. Seja até mesmo racional nesse processo. Se queremos abrir
uma empresa, concretamente, não adiantar acharmos que em um ano o
negócio deve estar grande, sabendo que segundo as estatísticas, a maio-
ria morre antes do primeiro ano de vida.

Se queremos perder peso, não adianta achar que um esforço imenso


na primeira semana, mudará completamente sua vida. A constância é
muito melhor que a pressa de resolver logo.

A necessidade de estar no controle


O controle perante a vida, vai contra o próprio fluxo da maioria das
coisas que vivemos. Nossa necessidade de controle, nos joga para ima-

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ginações de como as coisas deveriam ser e caso não saiam como gosta-
ríamos, uma sensação de frustração toma conta.

Existem quatro palavras que nos ajudam a sair desse lugar tóxico
de controle: ENTREGO, CONFIO, ACEITO, AGRADEÇO. Repeti-las
como um mantra, nos ajuda a voltar para o presente e nos entrega a sen-
sação de fluidez tão importante na vida e em nossas relações, com pais,
amigos ou até relações amorosas.

ENTREGAR significa que não estaremos o tempo todo, tentando


alterar todas as peças do tabuleiro da vida, a fim que as coisas saiam
exatamente no nosso modo.

CONFIAR é saber que da forma que a vida acontecer, seja com ex-
periências boas ou ruins, teremos a fluidez necessária para passar pelas
situações da forma mais leve possível.

ACEITAR é não tentar alterar ou ficar remoendo a forma como a


vida se apresentou, se ela aconteceu de determinado jeito, é por que
tinha que ser dessa forma.

AGRADECER o jeito em que cada coisa aconteceu, entendendo que


tinha que acontecer daquela forma específica, seja para o nosso amadu-
recimento pessoal, ou por que não tínhamos consciência para que fosse
de outra forma.

Pense em como nossas vidas seriam vazias caso tivéssemos controle


sobre tudo, será que você estaria lendo esse livro nesse exato momento?
Será que você teria tido um grande amor que já teve um dia? E aquela
aleatoriedade que te fez tão feliz certa vez?

Controle é igual a poder e quando o poder entra por uma porta, o


amor e a fluidez saem pela outra porta. A incerteza da vida é um fato,
podemos aceitar isso de forma amorosa e lidando com a vida de forma
leve, ou ficarmos constantemente ansiosos, com algo que novamente,

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não possuímos controle. Você tem absoluta certeza que estará vivo no
final do dia de hoje?

Repare que na necessidade de controle normalmente está envolvido


pessoas e o caos está, quando não entendemos que não é possível mudar
a cabeça de outras pessoas, de forma que elas sejam nossas marionetes.
Na verdade se a vida fosse assim, ela seria muito previsível, chata e in-
suportável.

Em se tratando de amor, será que nós amamos quem nós queremos,


ou será que amamos apenas quem faz eco com as nossas expectativas e
nos afastamos das pessoas que saem diferentes do que imaginávamos?

Colocando de forma clara, nossa necessidade de controle está inti-


mamente ligada a nossa insegurança. Quando estamos leves, deixamos
as coisas fluírem e fazemos o melhor da forma que eles virem, pois sa-
bemos que temos os requisitos necessários para mudar o que deve ser
mudado e fazer diferente o que deve ser feito.

Faça uma viagem na sua memória e veja se em algum momento da


sua vida, você já se sentiu fora de controle sobre a sua vida, onde as coi-
sas estavam um caos. Perceba se esse momento, seja na infância, adoles-
cência, ou início da vida adulta, não significou um completo descontro-
le para a sua vida, onde tinha a impressão de que você estava num carro
desgovernado. Veja se você não trouxe para o momento atual toda essa
insegurança. Lembre-se de que apesar das coisas terem sido da forma
que foram, você está aqui e a vida continuou acontecendo.

No fundo sabemos que quanto mais nos dedicamos a controlar as


coisas, mais elas saem do nosso controle. Quanto mais queremos que
as coisas aconteçam da forma que queremos, mais nossa vida se torna
um caos, pois colocamos pressão nos relacionamentos e na vida em si.
Deixemos ir, deixemos fluir.

“Peço a serenidade

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Para aceitar aquilo que não posso mudar,
A coragem para mudar o que me for possível
E a sabedoria para saber discernir entre as duas.
Vivendo um dia de cada vez,
Apreciando um momento de cada vez,
Recebendo as dificuldades como um caminho para a paz...”

A lei da atração e da visualização


Quando criamos causas e condições daquilo que queremos e faze-
mos um esforço nessa direção, algo acontece. O que ocorre na maioria
dos casos, é que todos nós possuímos sonhos, porém não vibramos na
mesma frequência desses sonhos.

Todos nós queremos ter tranquilidade financeira, porém passamos


os dias vibrando escassez, com medo de não ter dinheiro para pagar o
aluguel ou as contas de casa. Dessa forma não conseguimos projetar em
nossa mente, a visualização correta para alcançarmos essa tranquilidade
financeira.

Todos nós queremos um amor para nossas vidas, porém vibramos o


medo de passarmos a vida inteira sem encontrá-lo. A lei da atração diz
que quando possuímos a visualização correta e vibramos na frequência
correta, nossos sonhos se tornam realidade.

Quando vibramos prosperidade, mesmo sem estarmos na condição


financeira ideal que sempre sonhamos, atraímos para nós, abundância
financeira. Da mesma forma, quando vibramos amor, dando amor as
outras pessoas e querendo o bem de todos, atraímos pessoas amorosas,
dispostas e abertas ao amor.

Uma técnica comprovada que uso desde meus 18 anos, que me aju-
dou a passar no vestibular e fazer a faculdade dos meus sonhos, comprar
um carro, me tornar piloto de parapente, realizando meu sonho de voar

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sozinho e abrir minha empresa, foi colar os meus sonhos num lugar
onde eu tenha que os ver todos os dias, no meu caso, meu guarda-roupa,
para que sempre que eu me arrumasse para ir trabalhar ou fazer qual-
quer coisa, eu já abrisse a porta do guarda-roupa e visualizasse os meus
sonhos. Dessa forma, eu começava o dia vibrando meus objetivos.

Veja que todos nós temos sonhos, porém com o passar dos dias e
com a rotina diária, vamos nos esquecendo deles e quando nos damos
conta, já se passaram meses sem darmos um passo em direção a eles.

Ainda hoje, 12 anos após ter iniciado o meu quadro dos sonhos,
como gosto de chamar, ainda faço exatamente da mesma forma, porém
com os sonhos atualizados.

É claro que para não gerar ansiedade, precisamos equilibrar sonhos


de curto, médio e longo prazo, de forma a podermos riscar, ou retirar
sonhos de curto prazo já alcançados e colocar outros no lugar, dando a
nós mesmos, pequenas sensações de conquista.

A importância dos amigos


Amigo é diferente de colega ou de conhecido, pois leva tempo e mui-
tas experiências até uma amizade verdadeira se formar. Uma amizade
verdadeira é cultivada, muitas vezes com lágrimas e momentos intensos.

Amizades verdadeiras são aquelas que passamos por vezes meses ou


anos sem ver a pessoa e quando nos vemos, parece que havíamos nos
visto ontem. A força só aumenta com o tempo e a distância. Um amigo
consegue nos ler, mesmo que não digamos especificamente tudo.

Se percebe um amigo verdadeiro quando ele chora quando chora-


mos, ri quando rimos, comemora nossas vitórias. Uma amizade verda-
deira não diz o que queremos ouvir, mas aquilo que precisamos ouvir,
pois tem horas que estamos errando e não percebemos isso. Quem não

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é nosso amigo possui receio da nossa reação, então se cala.

O tempo passa e em determinado momento teremos talvez apenas


os amigos e os momentos que foram vividos juntos, por isso devemos
ser o melhor amigo que uma pessoa possa ter.

Seja lá o que acontecer em nossas vidas, devemos cuidar das nossas


amizades, pois a vida acontece, experiências relevantes aparecem em
nossas vidas e muitas vezes cada pessoa vai pra um lado, porém quando
a amizade é sincera, ela continua, apesar do tempo e da distância. Pou-
cas coisas na vida são tão incríveis como ter pessoas que nos conhecem
em nosso íntimo e que podemos contar.

Estoicismo - o que de pior pode acontecer?


O estoicismo é uma escola de filosofia fundada na Grécia, em Ate-
nas, por Zenão de Cítio no início do século III a.C.

Para os estóicos, a felicidade era encontrada na dominação do ho-


mem ante suas paixões em detrimento da razão. O estoicismo propunha
que os homens vivessem em harmonia com a natureza, o que, para eles,
significava viver em harmonia consigo próprios, com a humanidade e
com o universo.

Para os estóicos, o universo era governado pela razão, ou logos, um


princípio divino que permeava tudo. Portanto, estar em harmonia com
o universo significava viver em harmonia com Deus.

Um dos mais conhecidos pensadores dessa época é Sêneca, conse-


lheiro do imperador romano Nero.

“A maioria dos homens míngua e flui em miséria entre o medo da


morte e as dificuldades da vida; eles não estão dispostos a viver, e ainda
não sabem como morrer. Por essa razão, torne a vida como um todo

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agradável para si mesmo, banindo todas as preocupações com ela. Ne-
nhuma coisa boa torna seu possuidor feliz, a menos que sua mente este-
ja harmonizada com a possibilidade da perda; nada, contudo, se perde
com menos desconforto do que aquilo de que, quando perdido, não se
sente falta. Portanto, encoraje e endureça seu espírito contra os percal-
ços que afligem até os mais poderosos.”

Uma das ideias de Sêneca é que diante de uma situação difícil, de-
vemos imaginar qual seria o pior desfecho possível para essa situação.
Visualizar detalhadamente os piores cenários de que temos medo e que
nos impedem de tomar uma atitude, para tomarmos uma atitude e su-
perarmos o medo.

Se você já sabe qual seria o pior resultado possível, pode começar a


se preparar para ele. O exercício serve para lembrar-nos que, se o pior
acontecer, seremos perfeitamente capazes de lidar com isso. E na verda-
de, na maioria das vezes, o pior não acontece.

Segundo Tim Ferriss, palestrante do TED que conta em alguns ví-


deos como leva sua vida de forma leve, o estoicismo pode ser encarado
como um sistema operacional que nos faz prosperar em ambientes es-
tressantes, para tomar decisões melhores.

Para nós o estoicismo nos faz separar o que podemos e o que não po-
demos controlar e que devemos focar exclusivamente no que podemos
controlar. Isso diminui a reatividade emocional. Segundo Sêneca, nós
sofremos mais vezes na imaginação do que na realidade.

Nesse sentido uma poderosa técnica criada por Tim aponta que de-
vemos criar três páginas. Na primeira colocaremos um quadro chama-
do “e se?” onde devemos colocar o que queremos fazer, ou algo que
pode acontecer, escrevendo nela, o pior cenário possível caso venha a
acontecer e como nós lidaríamos com isso concretamente caso os piores
cenários possíveis viessem a se tornar realidade.

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Numa segunda página intitularíamos “quais seriam os benefícios de
uma tentativa ou de um sucesso parcial?”. Nessa página não focaremos
nos medos, mas sim olharemos para o lado positivo. Se arriscarmos fa-
zer o que estamos pensando, quais seriam os benefícios disso? Cons-
truiríamos confiança, criaríamos habilidades emocionais e financeiras?

Por fim na terceira página escreveremos “o custo de não fazer nada


a respeito”. Nessa página escreveremos como estará nossas vidas em 6
meses, 12 meses ou 3 anos, caso escolhamos não fazer absolutamente
nada a respeito do assunto. Nesta página detalharemos como estaremos
emocionalmente, financeiramente e fisicamente.

Segundo Tim pensar esses cenários, nos mostra de forma concreta


o quão prejudicial pode ser a inatividade, pois nestas três páginas, es-
taremos definindo os nossos medos, que muitas vezes nos fazem sofrer
na imaginação, e nos retiram do concreto, da ação. Não quer dizer que
todos os medos sumirão, porém grande parte deles, se tornarão mais
fáceis de lidar, pois como já foi dito, a maior parte dos nossos medos
vem da imaginação e quando colocamos no plano real, eles se mostram
as vezes nem tão ameaçadores assim, pois saberemos como agir caso
venham a se realizar.

Um dos mentores de Tim, Jerzy Gregorek e praticante do estoicismo


o escreveu em uma carta: “Escolhas fáceis, vida difícil. Escolhas difíceis,
vida fácil.” Escolhas difíceis, o que mais tememos fazer, perguntar, di-
zer, são geralmente as que mais precisamos fazer e os maiores desafios
e problemas que enfrentamos, nunca serão resolvidos com conversas
confortáveis.

Voltando a Sêneca, nós sofremos mais vezes na imaginação do que


na realidade, nesse sentido, definir nossos medos, talvez seja mais im-
portante do que definirmos simplesmente as nossas metas.

O que de pior pode acontecer caso o seu medo venha a se tornar


realidade?

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Solidão e solitude
A solidão nos coloca frente a frente com nós mesmos, nós podemos
fugir de tudo, menos de nós mesmos. A solidão nos ensina o que gos-
tamos e o que não gostamos. As redes sociais nesse sentido, criam uma
névoa, onde achamos que estamos acompanhados e não estamos. Likes
não são companheirismo.

É importante também tomar o devido cuidado para não descolar-


mos da realidade, já que sozinhos somos donos da nossa razão. O outro
é uma referência, ele nos baliza, nos delimita.

Sozinhos aprendemos os nossos limites e até mesmo entendemos a


hora em que devemos parar de chorar e teremos que começar a agir.
Na dúvida, ninguém melhor que nós mesmos e antes de querermos ser
felizes com outras pessoas, precisamos ser felizes sozinhos.

Precisamos urgentemente descobrir quem somos nós, e nos apaixo-


narmos por nós mesmos.

Saber ser feliz sozinho


Quando estamos na companhia de outras pessoas, nós estamos tro-
cando, se relacionando, então o foco acaba senso no exterior, na comu-
nicação, no visual nas sensações, o foco acaba ficando numa parte mais
exterior, ao mesmo tempo, estamos executando papéis, que estabelece-
mos dentro das relações. Se estamos com nossa mãe, estabelecemos um
papel de filho, com a esposa um papel de cônjuge.

Estamos o tempo todo interpretando papéis e muitas vezes colocan-


do máscaras, revelando apenas o que nós queremos revelar para cada
pessoa. É muito raro ter relacionamentos tão íntimos e profundos em

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que podemos ser completamente verdadeiros, sem jogos e máscaras,
apenas entregue do jeito que somos.

É interessante tentar atingir esse tipo de relação, e é sim possível,


mas uma outra porta para se conectar com a nossa verdade, com quem
realmente somos, é quando estamos sozinhos. É aí que o ego de muitas
pessoas fica angustiado, ansioso, e o ego nada mais é que a identificação
com o externo e com esses papéis que cumprimos, com as máscaras que
usamos.

Quando estamos sozinhos, querendo ou não, acabamos olhando


mais pra dentro, então o ego se sente ameaçado e com razão, pois quan-
do olhamos cada vez mais para nós mesmos, nós saímos do ego, desper-
tando para nossa essência, é por isso que passar alguns momentos a sós
é muito importante para o despertar da nossa busca e nos conectarmos
com a nossa paz interior, assim teremos a oportunidade de transcen-
der esse ego, de olhar para o sofrimento e ir além dele. Para isso nada
adianta se isolar e ficar com a mente perdida em mil pensamentos e em
dramas da nossa mente, alimentando ainda mais o nosso ego.

Para a alegria interior vim de dentro, de estar bem sozinho, de conse-


guir transcender o ego, é preciso estar desperto, no momento presente,
não se deixando levar pela nossa mente. Então seja lá o que estamos
fazendo, caminhar na rua, ir a praia, passear no shopping, ler um livro,
é preciso estar no momento presente, no aqui e agora, com a consciência
totalmente no presente.

Precisamos ser atentos também aos pensamentos, sentimentos e


sensações que podem surgir, talvez um sentimento de estar se sentindo
um pouco perdido, deslocado, um sentimento ruim de solidão, pensa-
mentos negativos de memórias, comparações, tudo isso pode surgir e é
bem provável que surja se temos essa dificuldade de ficarmos sozinhos.
Quando esses pensamentos surgirem, precisamos observar, pois a ideia
é transcendê-los, voltando a nossa mente pro aqui e agora, pois existe
um mundo da nossa mente, com nossas histórias, dos nossos condicio-

21
namentos, do nosso ego e o mundo real, que são coisas concretas que
realmente estão acontecendo.

Colocar a atenção nos cinco sentidos, ajuda muito a nos tirarmos do


mundo da mente, um mundo que não existe e nos trazer para o mundo
real. Ou seja, o que meus olhos estão vendo no momento atual? Como
está o céu? Como o vento bate em nosso rosto? Qual o real sabor do que
estamos comendo?

Perceber o que conseguimos captar com os nossos sentidos, nos aju-


da a ultrapassar o ego, ultrapassarmos nossa mente e nos conectarmos
com a nossa essência e verdadeira identidade.

A partir do momento que deixamos de nos identificar com os pen-


samentos, numa viagem mental sem fim e conseguimos visualizar que
tudo não passa de uma imaginação mental, nós já estamos nos conec-
tando com o presente.

Normalmente quando nos perdemos no mundo da nossa mente, e


nos tocamos disso, um tempo enorme fora da realidade já passou e já
estamos imersos num ciclo de negatividade, então quanto antes conse-
guimos perceber esses pensamentos, melhor.

Após perceber esses pensamentos que nos tiram do presente, o pri-


meiro passo é respirar bem fundo, apenas isso, já nos trás para um esta-
do presente e ajuda a equilibrar as nossas emoções. Outra ferramenta é
sentir como o nosso corpo sente o presente, isto é, como os nossos pés
tocam o chão ou como sentimos a nossa roupa tocar nossa pele, sentir
cada estímulo da vida real, nos ajuda a se conectar ao momento presen-
te, que na verdade é o que importa e que nos tira do mundo da ilusão.

Aprender a ficar sozinho é aprender a viver o momento presente


como ele é, sem imaginações que nos retiram do real. A função da men-
te será nos puxar para as histórias dela, pois é isso que ele faz, cabe a nós
voltarmos novamente nossa atenção para o momento presente.

22
Quanto mais treinados para trazer a mente para o momento presen-
te, mais estaremos controlando essas emoções e transcendendo o ego, e
é aí que começa a surgir a paz interior, a felicidade pura e simples de ser
quem somos de verdade.

É uma prática como tudo na vida, que precisa ser treinada e expe-
rimentada até conseguirmos o domínio da habilidade de estarmos no
presente. Estar atento ao momento presente, é uma habilidade como
qualquer outra, que é uma habilidade que já tínhamos, porém que fo-
mos perdendo com o tempo. O processo se trata de recuperar essa ha-
bilidade e notar que somos uma ótima companhia para nós mesmos.

A felicidade segundo Osho


O que é a felicidade? A felicidade nada tem a ver com o sucesso,
nada tem a ver com a ambição, nada tem a ver com dinheiro, poder ou
prestígio. A felicidade tem a ver com a sua consciência, e não com o seu
caráter. Depende de você.

O que é felicidade? Depende de você. Do seu estado de consciência


ou de inconsciência, se você está adormecido ou desperto. Há um con-
ceito antigo famoso de Murphy que diz que existe dois tipos de pessoas,
as que dividem as pessoas em dois tipos e as que absolutamente não di-
vide a humanidade. Eu pertenço ao primeiro tipo, a humanidade pode
ser dividida em dois tipos, os adormecidos e os despertos. E é claro, um
pequeno grupo entre os dois.

A felicidade está em onde está a sua consciência, se você estiver


adormecido, então o prazer é felicidade. Prazer significa sensação, ten-
tar alcançar algo por meio do corpo, algo que não é possível de atingir
por meio do corpo, forçando o corpo a alcançar algo que ele não é capaz
de alcançar. De todas as maneiras, as pessoas estão tentando alcançar
a felicidade por meio do corpo. O corpo pode lhe dar apenas prazeres

23
momentâneos e cada prazer é equilibrado na mesma medida, no mes-
mo grau, pelo sofrimento.

Cada prazer é seguido pelo seu oposto, pois o corpo existe no mundo
da dualidade, assim, como o dia é seguido pela noite, a morte é seguida
pela vida, e a vida é seguida pela morte, tratasse de um ciclo vicioso, seu
prazer está seguido pela dor, sua dor será seguida pelo prazer, mas você
nunca ficará a vontade.

Quando você estiver num estado de prazer, ficará com medo de per-
dê-lo e esse medo, o envenenará e quando você estiver perdido na dor, é
claro, estará em sofrimento e fará todo o esforço possível para sair dele.
Apenas para voltar a ele mais tarde. Buda chama isso de roda do nasci-
mento e da morte. Seguimos nos movendo nessa roda e nos apegamos
a ela. E a roda segue em frente. As vezes aflora o prazer, as vezes o sofri-
mento, mas somos esmagados entre essas duas rochas.

A pessoa adormecida, não conhece mais nada além de algumas


sensações do corpo. Comida e sexo. Esse é o seu mundo, ela segue se
movendo entre esses dois. Esses dois terminais do seu corpo, comida
e sexo, se ela reprime o sexo, fica viciada em comida, se ela reprime a
comida, fica viciada em sexo. A energia, segue se movendo como um
pêndulo, no máximo, tudo o que você chama de prazer, é apenas alívio
de um estado tenso. A energia sexual se junta, se acumula e você fica
tenso e pesado, desejando liberá-la, para a pessoa adormecida a sexu-
alidade nada mais é do que um alívio, ela nada lhe dá exceto um certo
alívio. Havia uma tensão e agora ela não está mais presente, mas ela se
acumulará novamente, a comida lhe dará apenas um sabor na língua,
não é muito para se viver, mas muitas pessoas estão vivendo apenas para
comer, há muito poucas pessoas que comem pra viver.

A história de Colombo era bem conhecida, era uma longa viagem,


por três meses eles só viam água, então um dia, Colombo olhou o ho-
rizonte e viu árvores e se você acha que Colombo ficou feliz ao ver ár-
vores, você deveria ver o cachorro dele. Esse é o mundo do prazer, o

24
cachorro pode ser perdoado, mas você não.

Durante o primeiro encontro, o jovem, procurando um jeito de se


divertir, perguntou a jovem se ela queria jogar boliche, então ela lhe res-
pondeu que não. Então ele lhe sugeriu que eles fossem ao cinema, mas
a resposta também foi negativa, enquanto ele pensava no que mais su-
gerir, ofereceu a ela um cigarro, no qual ela recusou, então ele a pergun-
tou, se gostaria de dançar ou ir beber alguma coisa na danceteria, mas
novamente ela recusou, ao dizer que não estava afim dessas coisas. De-
sesperado ele pediu para ela ir ao apartamento dele para uma noite de
amor, ela concordou com entusiasmo, beijou apaixonadamente e disse,
veja, você não precisa de nenhuma daquelas outras coisas pra se divertir.

O que chamamos de felicidade, depende da pessoa, para a pessoa


adormecida sensações prazerosas são a felicidade, ela vive de prazer
em prazer, ela está simplesmente correndo de uma sensação a outra,
vivendo de pequenas excitações, sua vida é muito superficial, não tem
profundidade, não tem qualidade, ela vive o mundo da quantidade, e há
pessoas que estão no meio, na orla, um pouco adormecidas e um pouco
despertas, as vezes você tem essa experiência na cama, no começo da
manhã, ainda com sono, mas não pode dizer que está dormindo, pois
pode ouvir os barulhos da casa. Seu companheiro ou companheira pre-
parando o café da manhã, o som da chaleira ou as crianças se aprontan-
do pra ir pra escola. Você pode ouvir essas coisas, mas ainda assim não
está acordado. Vagamente, indistintamente esses sons chegam a você,
como se houvesse uma grande distância entre você em tudo o que está
acontecendo a sua volta. Dá a impressão de ainda ser parte de um so-
nho. Não é parte de um sonho, mas você está num estado intermediário,
o mesmo acontece quando você começa a meditar, um não meditador
dorme e sonha. Um meditador começa a se afastar do estado adorme-
cido em direção a um estado desperto, ele está em estado transitório,
então a felicidade tem um significado totalmente diferente. Ela se torna
mais uma qualidade e menos uma quantidade, é mais psicológica e me-
nos fisiológica, o meditador desfruta mais a música a poesia, desfruta a
criar alguma coisa, desfruta a natureza, e sua beleza, o silêncio. Desfruta

25
o que nunca desfrutou antes e isso é muito mais duradouro. Mesmo se a
música acabar, algo se prolonga nele, e a felicidade não é um alívio. A di-
ferença entre o prazer e a qualidade de felicidade, é que essa última não
é um alívio, mas um enriquecimento. Você fica mais perplexo e repleto
e começa a transbordar.

Ao escutar uma boa música, algo se desencadeia em seu ser, uma


harmonia surge em você, você se torna um musical ou ao dançar subita-
mente, você se esquece do seu corpo, ele fica leve, deixa de existir a força
da gravidade sobre você, de repente você está num espaço diferente, o
ego não é mais tão sólido, o dançarino se dissolve e se funde na dan-
ça, isso é bem superior, bem mais profundo do que o prazer que você
obtém na comida e no sexo. Isso tem uma profundidade, mas também
não é o final, o final acontece quando você está completamente desper-
to, quando você é um Buda. Quando todo o sono e o sonhar se foram,
quando todo o seu ser estiver repleto de luz, quando não houver escuri-
dão dentro de você. Toda a escuridão desapareceu e com ela o ego se foi.
Todas as tensões desapareceram, toda a angústia, toda a ansiedade, você
fica num estado de total satisfação e vive no presente, sem mais nenhum
passado e nenhum futuro, você fica completamente no aqui e agora.

Esse momento é tudo, o agora é o único tempo e o aqui é o único


espaço. Então de repente todo o céu repousa sobre você. Esse é o estado
de plenitude, a felicidade verdadeira. Procure o estado de plenitude, ele
é seu direito inato. Não fique perdido na floresta dos prazeres, eleve-se
um pouco mais, alcance a felicidade e depois a plenitude. O prazer é
animal, a felicidade é humana e a plenitude é divina. O prazer o prende,
o acorrenta, ele é uma escravidão a felicidade lhe dá um pouco mais de
corda, um pouco mais de liberdade, mas somente um pouco. A plenitu-
de é a liberdade absoluta.

Você começa a se elevar, ela lhe dá asas você deixa de ser parte da ter-
ra grosseira e passa a ser parte do céu, você se torna luz, alegria. O pra-
zer depende dos outros a felicidade não depende tanto dos outros, mas
ainda está separada de você, o estado de plenitude não é dependente e

26
também não está separado e é o seu próprio ser e sua própria natureza.

O caminho do amor
Quando estamos vivenciando momentos dolorosos, de dúvida, mui-
tas vezes escolhemos o caminho da raiva, pois com a raiva nos fechamos
e petrificamos sentimentos, criamos até mesmo histórias negativas para
dar base aos nossos sentimentos, de forma a aparentemente tornar o
processo de superação mais fácil.

O problema é que cultivar um sentimento de raiva, nos consome por


dentro. Nos torna pessoas amargas e que deixam até mesmo de tratar o
amor como algo possível e passamos a tratá-lo como algo ilusório, que
pode ser encontrado apenas nos filmes.

Todo mundo conhece alguém negativo demais, pessimista e recla-


mão. Geralmente essas pessoas tiveram desilusões ou traumas na vida
tão fortes, que se envenenaram com a própria dor e se fecharam para o
novo.

Nutrir sentimentos negativos, nos consome, drena a nossa energia


vital, pois geralmente colocamos a culpa sempre no próximo ou em al-
guma coisa pelos nossos fracassos e assim, ficamos cada vez mais longe
de resolver as nossas próprias questões.

Escolher o caminho do amor, não significa que seremos idiotas, po-


rém daremos um outro olhar para as mesmas questões que nos ator-
mentam, trocando a raiva e medo por exemplo, pela gratidão. Gratidão
pelas experiências, mesmo que duras que a vida nos impõe. Pela opor-
tunidade de podermos crescer, mesmo na dor.

Não é fácil, mas trocando sentimentos negativos pela gratidão em


poder passar por determinada experiência e adquirir conhecimento,
deixamos de olhar pra fora e olhamos para nós mesmos como eternos

27
aprendizes e não com a solidez de algo acabado.

Ao passar por uma experiência negativa, devemos agradecer, pois


analisar se uma experiência foi negativa apenas pela dor momentânea
que ela causa, é cometer um erro de avaliação, já que muito frequente-
mente, experiências negativas se transformam em positivas com o pas-
sar dos anos.

Tente lembrar das experiências negativas que com o passar dos anos,
lhe ensinaram lições valiosas que só foram entendidas meses ou anos
depois, mas no auge do sofrimento, a dor era tanta que te deixava inca-
paz de visualizar qualquer coisa positiva que pudesse vir a acontecer. Na
verdade quando estamos negativos e fechados, até fatos positivos não
são percebidos, pois estamos contaminados por sentimentos opostos ao
amor.

Antes de tudo, precisamos ser amor, para depois recebermos amor.


Quantas vezes não invertemos isso e queremos que o amor venha pri-
meiro, em pessoas, em momentos, para depois mudarmos. Para receber
amor, antes precisamos dar amor.

“Você sabe qual é a parada da vida?”


“É dar amor, sem esperar nada em troca.”

Essa frase foi dita por mim, em meu primeiro ritual de ayahuasca.
Pareceu tão incrível e genial para as pessoas que ouviram, que até hoje
elas repetem em suas conversas. É engraçado como falamos certas frases
com propriedade, como se elas fizessem tanto sentido para nós mesmos.

Dar amor quando tudo está perfeito é fácil, dar amor quando parece
que tudo vai contra é difícil.

É por isso que deixamos de abrir negócios, seguir nossos sonhos e

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arriscar um pouco mais na vida. Queremos a certeza absoluta antes de
pular em qualquer aventura. A certeza não existe, ela é apenas uma ilu-
são criada por nós mesmos para não enlouquecermos em meio ao caos
em que vivemos.

É preciso de muito amor e um pouco de loucura para encarar a vida.

O medo de sofrer nos faz sofrer por antecedência


Certa vez ouvi uma analogia muito interessante, que dizia que a
mente ansiosa se parece com um vigia de um navio, que é responsável
pelos alertas de perigos que o navio possa se chocar. Porém esse vigia é
muito estressado, medroso e afoito e dessa forma, entra em pânico e soa
o alarme de emergência, colocando toda a tripulação em pânico, quan-
do avista um casco de tartaruga, baleias ou golfinhos, sem ao menos
refletir a respeito ou pedir uma segunda opinião.

A tristeza é uma emoção útil. Quando perdemos um emprego ou al-


guma pessoa importante em nossas vidas se vai, sentir tristeza é normal,
pois é o processamento da perda. A dor é real, o sofrimento que é um a
mais na dor.

Sofrimento é ficar voltando na dor, mesmo sem mais a necessidade


de processar as informações dos acontecimentos. Mesmo depois de já
termos compreendido a situação, ainda ficamos remoendo e remoendo.
Isso não é dor, é sofrimento.

Sempre que voltamos em um pensamento de perda, a dor vem e com


ela vem também o sofrimento, mesmo após anos do que já aconteceu.
Então além da dor, transformamos ainda tudo em sofrimento, enquanto
ficamos remoendo e remoendo o que aconteceu. São os chamados pen-
samentos ruminativos.

A dor é importante, ela nos ensina coisas e devemos aprender com

29
ela. A dor pode ser trabalhada sem que voltemos nela durante um tem-
po sem fim. Para não entrarmos num sofrimento por antecipação.

Sofrimento por antecipação é sofrer por algo que ainda não aconte-
ceu e talvez nunca chegue, porém supomos que virá, então já começa-
mos a sofrer logo.

A dor nem existe e já estamos colocando o adicional do sofrimento


em algo que concretamente nem existe ainda. Qual a utilidade nisso?
Quando sofremos por antecedência, estamos limitando a nossa capaci-
dade de ação, pois quando estamos ansiosos e sofrendo, não consegui-
mos pensar direito e assim trocamos os pés pelas mãos.

Achamos que quanto mais tempo pensamos no problema antecipa-


damente, mais aparatos teremos para resolvê-lo, porém enquanto pen-
samos tanto no problema que ainda nem aconteceu, ele se transforma
em outra coisa completamente diferente. A vida adora fazer isso.

O que de pior pode acontecer? Quais são as piores consequências?


Às vezes levando ao extremo, já temos a noção que todo esse sofrimento
é desnecessário, pois lidaremos concretamente com a questão envolvi-
da. Olhar para a situação de frente nos retira esse peso do que não domi-
namos e caso não pudermos fazer nada a respeito, devemos aprender a
entregar e deixar fluir. Pensar em outra coisa, em algo que nos faça bem
já é um grande feito.

Mente vazia, oficina do fracasso


A nossa mente precisa estar ocupada, pois a ociosidade é a porta de
entrada para comportamentos e pensamentos negativos. Estar com a
mente vazia leva uma pessoa à completa inércia e sem estímulos, o cé-
rebro não trabalha, não tem ideias e nem motivação para agir. Quando
não se tem bons pensamentos, objetivos e sentimento de utilidade, abre-
se espaço para a criação de crenças limitantes, que levam à estagnação e

30
à falta de objetivos na vida.

Isso não quer dizer que todos os momentos de distração podem nos
levar a uma mente vazia, da mesma maneira não quer dizer que deve-
mos estar o tempo todo realizando uma atividade mental. Todos nós
precisamos descansar e aliviar a mente, ter momentos de lazer, desde
que não sejam uma constante em sua vida. Uma mente vazia provoca
desmotivação, insatisfação e pode até tornar tal pessoa amarga, depres-
siva e sem vida.

Sentir-se útil é uma das necessidades básicas de qualquer ser hu-


mano. Por isso, é interessante encontrar formas positivas de se ocupar,
para preencher o vazio com ideias que estimulem a sua evolução, o ama-
durecimento, o desenvolvimento e a satisfação.

Tenha projetos paralelos ao seu trabalho, crie coisas novas, coloque


aqueles seus sonhos guardados em prática, mesmo que aos poucos.

Melhor feito do que perfeito


Sempre aguardamos pelo melhor momento para começar a colocar
os nossos projetos de vida em prática, o grande problema é que não
contamos com o fato de que a evolução vai vindo durante o processo.
Quando colocamos todas as nossas fichas em iniciar algo, apenas
quando tudo estiver perfeito, deixamos de dar importância ao processo
e passamos a focar no fim, já que queremos a perfeição, que não existe.

A perfeição pode se transformar em procrastinação, e ela muitas ve-


zes é acompanhada de uma boa dose de comparação, pois olhamos para
outras pessoas ou projetos e sentimos que não aceitaremos nada menos
que o padrão de qualidade das pessoas que admiramos.

Assim nossos sonhos vão sendo adiados para o mês que vem, para o
ano que vem ou quem sabe nunca, afinal, não temos controle sobre o fu-

31
turo, quem disse que a vida é obrigada a esperar que tudo fique perfeito
para nós ou que ainda continuaremos com a saúde e energia necessária?

A frase do tópico, talvez iluda algumas pessoas a acreditar também


que devem fazer tudo de qualquer jeito, pois assim será melhor, isso se
trata de um grande engano. A intensão é que o progresso é melhor que
a perfeição.

Quando entramos no jogo da comparação, nós já começamos per-


dendo, ainda mais num mundo virtual que tantas pessoas incríveis, com
projetos incríveis e bem articulados nos mostram diariamente como
ainda precisamos evoluir. Não importa quanto inteligente ou rico você
for, sempre terá alguém mais inteligente ou rico que você. Porém as suas
experiências são únicas e é com elas que o feito, mesmo que pequeno,
pode ter sua cara e servir de aprendizado para algo maior, ou então te
mostrar que não era aquilo que você queria de verdade, por isso a im-
portância de começar, até mesmo para saber se era isso mesmo que você
queria.

O princípio de Pareto (também conhecido como regra do 80/20, lei


dos poucos vitais ou princípio de escassez do fator) afirma que, para
muitos eventos, aproximadamente 80% dos efeitos vêm de 20% das cau-
sas. Seguindo a lógica do nosso texto, você precisa de 20% de um esforço
de um grande empresário para chegar a 80% do seu resultado. Ou 20%
do esforço de um campeão mundial de surf, para atingir 80% da sua
habilidade.

Sendo assim, a prática do melhor feito do que perfeito, nos retira da


inércia e pode nos levar a lugares incríveis.

Chorar é importante, chorar demais é um alerta


Para os bebês, o choro é a única forma de demonstrar que estão com
dor ou fome, e é encarado como algo normal nessa fase da vida.

32
Nossa sociedade supervaloriza a felicidade o tempo inteiro e dá uma
importância além do normal à juventude, ocultando as manifestações
de dor. Somos encorajados inconscientemente e não chorar, a guardar
nossas dores e enterrá-las onde ninguém possa vê-las, nem nós mesmos.

Enterrar nossas dores, nos faz cultivar uma angústia que pode até
nos moldar para o resto de nossas vidas. Podemos acreditar que as pes-
soas não são tão boas, que nossas conquistas não são tão importantes ou
que os nossos sentimentos não devem ser levamos tão a sério.

O luto é necessário para que possamos colocar as ideias no lugar e


nesse sentido o choro é importantíssimo. Através do choro, o equilíbrio
emocional pode ser restaurado, não só em situações tristes, mas tam-
bém com outras emoções fortes. O choro age liberando a tensão que
estava presa.

O ato de chorar deve ser um alerta quando vem sem motivo aparente
e choramos sem saber a real razão e assim atrapalha nos nossos afazeres.
Nesse caso, procurar a ajuda de um especialista é de extrema importân-
cia, investir em nossa saúde emocional é tão importante quanto investir
na saúde física.

Finitude da vida
Nós vivemos sob uma ilusão de imortalidade. Em nosso aniversário,
pessoas chegam até nós e nos dizem, parabéns, mais um ano de vida.
Mas não seria menos um ano de vida? Muito triste não? Claro que não!

Triste é chegar no fim da vida e perceber que investimos nosso pre-


cioso tempo, nossa preciosa energia, com pessoas ou projetos que não
valeram a pena. Triste é se arrepender por não ter tentado, não ter ar-
riscado.

33
Nas relações por exemplo, as vezes a pessoa está a nossa disposição,
ao nosso alcance e o que fazemos infelizmente é se adaptar e cair na
ilusão que a pessoa ficará para sempre a nossa disposição e ao nosso
alcance. Essa ilusão é perigosa, por que um dia a pessoa vai embora e
isso acontece muitas vezes num estalar de dedos. Todos nós, chegamos
num momento em que somos tratados com descaso ou quando nossa
presença não é valorizada, nós tendemos a ir embora. E é aí que no vazio
chega, sentimento mais comum que existe, que é deixado pelas pessoas
que vão embora. O arrependimento.

Na raiz do arrependimento, existe um certo tipo de esperança, só


que é o pior tipo de esperança que existe, que é a esperança que vem do
verbo esperar. O arrependido é ou foi esperançoso, esperou a coragem
aparecer, esperou o momento certo, esperou a hora certa, esperou as
coisas mudarem. Esperou invés de agir. E isso remete ao ponto inicial,
de que nós temos uma ilusão de imortalidade.

Por que se nós tivéssemos a percepção de que cada minuto é um


minuto a menos, de que cada instante é um investimento, então prova-
velmente veríamos a vida de uma forma diferente e a grande maioria da
mesquinharia tenderia a desaparecer.

Atentos a nossa própria mortalidade, talvez não brigaríamos no trân-


sito. Talvez atentos a nossa própria mortalidade, não nos focaríamos em
picuinhas que temos nos relacionamentos com as pessoas que amamos.

Talvez refletiríamos que o tempo é um investimento e que deve ser


feito da melhor forma possível, pelo simples fato de que ele vai acabar.

Conscientes de que um dia morreremos e que esse tempo aqui é um


passeio, então com certeza seríamos mais agradecidos a natureza, por
ter nos dado essa oportunidade de passearmos por esse universo, ainda
que durante poucas décadas, e ainda dotados de uma mente que é uma
das coisas mais complexas que existe na natureza e que nos dá a oportu-
nidade de sermos melhores a cada dia.

34
Pensamentos trazem sentimentos
Normalmente quando nos reparamos com pensamentos negativos,
eles nos trazem sentimentos ruins, e a reação instintiva é ficarmos an-
siosos e com mais medo ainda daqueles pensamentos. Ficamos chatea-
dos por te pensado naquilo de novo e tentamos lutar contra nossa pró-
pria mente, para retirar o pensamento da cabeça.

O grande problema é que quando nos identificamos com nossos


pensamentos ruins, nós vamos ainda mais fundo na areia movediça,
começamos então a colocar cada vez mais camadas de pensamentos e
sentimentos negativos.

Quanto mais damos energia pra qualquer tipo de pensamento ou


sentimento, mais ele cresce e se fortalece. Toda vez que tentamos nos
livrar de certo pensamento e entramos numa luta interna com ele, mais
entregamos a nossa energia para esse pensamento e assim ele vai se for-
talecendo.

O nosso cérebro possui cadeias de neurônios e cada vez que alimen-


tamos um pensamento com novos pensamentos, nós tornamos as co-
nexões neuronais ainda mais fortes e assim, ainda mais fácil que essas
conexões neuronais fiquem mais fortes e ativem os pensamentos por
qualquer tipo de gatilho.

Pensamento obsessivo são armadilhas, pois aprofundamos ainda


mais as conexões cerebrais, fortalecendo ainda mais os pensamentos
disfuncionais.

Os pensamentos em si são neutros, porém nós atribuímos significa-


dos a esses pensamentos. Pensamentos em sí são passageiros, tempo-
rários, porém nos agarramos a eles dando extrema importância a cada
um, principalmente aos negativos.

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Perceba que nossa mente, mente e nós tratamos todos os nossos pen-
samentos como verdades absolutas. Nós somos a consciência por trás
dos pensamentos, nós temos o poder. Quando um pensamento negativo
vem, se estivermos com a mente treinada e meditando todos os dias,
conseguiremos até mesmo ser gratos pelos ensinamentos que as nossas
experiências nos trouxeram, a nossa mente interpretará com emoções
boas e não ruminativas e negativas.

A mudança de significado não acontece da noite para o dia e é aos


poucos, quanto mais pararmos de fortalecer a cadeia de pensamentos
negativos, criando ainda mais conexões neurais e dizendo ao cérebro
para continuar na loucura de criações negativas sem sentido, mais leves
os pensamentos vão ficando.

Se conseguirmos substituir uma decepção passada por um senti-


mento de gratidão à vida pela oportunidade do aprendizado, mesmo
que duro, substituímos as conexões neurais negativas por conexões po-
sitivas.

Geralmente as conexões neurais negativas ficam fortes pois nos iden-


tificamos com os pensamentos, ou vamos atrás da dor, isto é, cutucando
a dor, com imagens mentais e físicas que só nos afundam ainda mais.

Se queremos que a dor diminua ou se encerre, precisamos permitir


ao cérebro que as conexões neurais sejam diminuídas e pra isso preci-
samos tomar as rédeas da nossa vida, escolhendo de fato ser feliz. Para
se libertar de memórias negativas, é preciso não ficar voltando nestas
memórias, assim as conexões neurais perdem força e se tornam mais
fracas.

Pico da crise de ansiedade


A sensibilidade de perceber o início de uma crise de ansiedade é im-

36
portantíssima para conseguir tomar atitudes que não provoquem um
aumento dela, ou mesmo uma nutrição do que está trazendo a crise.

Repare em duas coisas em meio a crise ansiosa: 1- a sua respiração


2- os seus pensamentos.

No meio de uma crise de ansiedade ocorre uma desorganização da


nossa respiração, isto é, perdemos o sincronismo e fluidez da respiração.
Com pouco oxigênio, o cérebro entra numa espiral negativa que piora
ainda mais a respiração, deixando a crise ainda pior. Identificando o iní-
cio da crise, temos que focar em dar boas respiradas lentas e profundas,
oxigenando o cérebro e ajudando a diminuir os sintomas do problema.

Numa crise de ansiedade é comum os pensamentos ruminativos e


disfuncionais virem à tona. São aqueles pensamentos repetitivos que
não servem para nada além de nos deixar pra baixo. Esses pensamentos
não apontam caminho algum, vem como uma forma de defesa do cére-
bro, mas que parecem não ter fim e gritam cada vez mais alto.

Uma estratégia para silenciar esses pensamentos é focar num ponto


do corpo e sentir com ele, as várias sensações, para que dessa forma os
pensamentos possam se organizar e silenciar.

Numa crise de ansiedade é importante tomar cuidado para não agir


de forma precipitada, acreditando totalmente nos pensamentos e os
deixando dominar a ponto de tomar grandes decisões no meio dessas
crises, como terminar um relacionamento ou pedir demissão. Essas ati-
tudes de grande impacto, devem ser tomadas com a cabeça fria e sem a
urgência da crise ansiosa.

Por isso, acalmar o cérebro dando a ele boas respiradas lentas e pro-
fundas e trazer a mente para o presente, focando num ponto do corpo
é tão importante.

37
Nível de consciência
Todo ser humano possui um nível de consciência diferenciado, e é
por isso que vemos tanta diversidade, pois cada ser humano pensa de
uma forma e vê o mundo de uma forma.

Uma pessoa que possui um nível elevado de consciência é capaz de


aceitar o presente da maneira como ele se revela, e uma pessoa de pou-
ca consciência é aquela que resiste ao presente da maneira como ele se
revela. Podemos dizer então que existe um gradiente de resistência e
aceitação.

Existem os níveis de consciência negativos, que resistem ao presente,


que podem ser identificados como preguiça, teimosia, arrogância, or-
gulho, presunções, ceticismo, ignorância, irritação, indignação, medo,
ansiedade, insegurança, resistência etc.

Para atingirmos um nível de consciência elevado, precisamos dimi-


nuir a presença desses níveis de consciência negativos, que são as resis-
tências ao momento presente e aumentar a nossa aceitação do momento
presente, que se desdobra através de coragem, neutralidade, disposição,
entendimento puro, aceitação, amor as outras pessoas e seres, bondade,
generosidade etc.

Para que consigamos atingir um nível elevado de consciência, preci-


samos deixar de resistir as coisas como eles são e como elas se revelam e
passar a aceitar, as coisas como elas são. Isso não significa ser negligente
ou simplesmente concordar com tudo, mas sim aceitar as coisas como
elas se apresentam e então tomar as atitudes necessárias.

Grande parte do nosso sofrimento, vem da resistência para com o


presente, ou seja, a resistência com algo que não saiu conforme as nossas
expectativas. Precisamos lembrar que na maior parte da vida, as expec-
tativas não condizem com a realidade e para alcançarmos um nível mais
elevado de consciência, precisamos aceitar esse fato.

38
A aceitação do momento presente e a elevação do nível de consciên-
cia é relativamente ligado ao nível de felicidade. Quanto menos resisti-
mos, mais somos felizes.

A lei da impermanência
Nós vivemos a lei da impermanência o tempo todo, ela nos diz que
tudo nessa vida passa e nada é eterno. Hoje você pode estar casado e
amanhã não estar mais casado, hoje nossos pais podem estar vivos e
amanhã não mais, ou seja, tudo é passageiro. O grande problema é que
nós temos o hábito de nos apegarmos a pessoas, momentos e bens ma-
teriais. Hoje podemos ter bens materiais e amanhã não mais, isso só
comprova que as coisas passam. Hoje estamos vivos e não existe nada
que nos dê a certeza de que amanhã estaremos.

O que gera grande sofrimento é ficarmos apegados, acabamos não


vivendo o momento presente e deixamos assim que ele passe e depois
que ele passa, queremos continuar vivendo os mesmos sentimentos e
sensações de ontem.

O ontem já foi, é passado, esses sentimentos já passaram e não temos


nem a possibilidade de sentirmos exatamente a mesma coisa que sen-
timos ontem, já que a cada dia tudo se renova. Podemos sentir coisas
diferentes, maiores ou menores, mas iguais jamais.

Usufruir o momento presente é viver o que deve ser vivido, na hora


em que deve ser vivido, com abundância e discernimento para investir-
mos no que deve ser investido e desinvestirmos no que não nos torna
pessoas melhores.

A consciência da impermanência nos empodera com o fato de que


sentimentos ruins passam e que os bons também. Quantas vezes briga-
mos, querendo acabar logo com o sofrimento, de forma que aquela sen-

39
sação passe o mais rápido possível e assim acabamos não entendendo o
processo.

Muitas vezes substituímos sentimentos e emoções de forma que


aquilo passe o quanto antes, as vezes um sentimento de amor, pode ser
transformado em raiva, conscientemente, apenas por que a raiva nos
deixa mais racionais e assim fica mais fácil lidar com a perda de um
amor.

Quantas vezes estragamos tudo, pois quando estamos vivendo mo-


mentos incríveis, queremos que esse momento dure pra sempre. Como
um tecido, vamos esgaçando o momento para que ele dure o máximo
de tempo possível, porém agindo assim, em determinado momento, o
tecido acaba se rasgando.

Desapegando e abrindo mão do que já passou e com a atenção total


no presente, conseguimos viver de forma mais leve, livre e a felicidade
se torna cada vez mais próxima, pois a felicidade mora no presente, não
no passado ou futuro. O apego nos aprisiona e nos faz sofrer, pois não
conseguimos deixar ir e consequentemente sofremos muito com coisas
que não irão mais nos trazer sensações positivas.

Repetir momentos e querer trazer o passado para o presente, só nos


torna passageiros da vida, vivendo um sonho acordado. Só o autoco-
nhecimento nos liberta desse ciclo de sofrimento e por isso a terapia é
tão importante.

Sem julgamento
Cada um de nós já perdeu a energia ou afastou alguém através do
julgamento. Cada vez que julgamos alguém, nós assumimos os proble-
mas dessa pessoa e em seguida nós precisamos resolver esses problemas
como se eles fossem nossos. Sempre que julgamos alguém, o que na
verdade queremos dizer é que somos melhores e que sabemos mais que

40
a outra pessoa ou que somos mais inteligentes.

Mal paramos para pensar que o outro é uma pessoa completamen-


te diferente, com experiências diferentes e que está seguindo o seu ca-
minho, com suas próprias qualidades e limitações. Quando julgamos,
dizemos a outra pessoa que faríamos muito melhor que ela, naquele
mesmo momento de sua vida.

Assim gastamos a nossa energia vital, saúde, juventude, potencial e


em última análise a nossa vida, para resolver os problemas que não são
nossos. Problemas que nem teríamos se não julgássemos.

O julgamento inicia um processo de autodestruição, pois tiramos o


foco de nós mesmos e passamos para terceiros, mesmo sem ter as infor-
mações precisas que achamos que temos. Por isso precisamos ficar tão
atentos ao ato de julgar, pois sempre que apontamos o dedo pra alguém,
estamos na verdade olhando para nós mesmos, porém de uma forma
negativa e pesada.

O ego
Deixando Freud de lado, que considera que o ego é parte da persona-
lidade que media as demandas do id, superego e da realidade. Segundo
ele o ego nos impede de agir em nossos impulsos básicos (criados pelo
id), mas também trabalha para alcançar um equilíbrio com os nossos
padrões morais e idealistas (criados pelo superego).

Pelo ponto de vista espiritual mais abrangente, pensando o ser hu-


mano como corpo, mente e alma, ego é a identificação com seus pensa-
mentos e sentimentos. Ego então é achar que somos as coisas que pas-
sam pela nossa cabeça, os pensamentos, emoções que sentimos e papéis
que exercemos.

Nos identificar somente com o passado, futuro e com essa imagem

41
de que temos sobre nós mesmos, e dessa forma perder a conexão com
a nossa essência. É esquecer de que somos uma centelha passando por
essa experiência temporária nesse corpo com essa história e essa perso-
nalidade.

É como se um ator ou um atriz fosse interpretar um filme e eles rece-


bessem todas as descrições do personagem, seus dramas, preocupações,
padrões de pensamento e emoções que se repetem. É como que esses
atores se entregassem tanto a esse drama que se esquecesse de que são
apenas atores que estão passando temporariamente interpretando esse
papel e esquecesse até mesmo quem realmente são, tamanha a conexão
com seu personagem.

Se identificar com o ego é ficar preso a essa história, não conseguin-


do mais se distanciar do papel que estamos interpretando.

Lembre-se, nós não somos os nossos pensamentos e os nossos pen-


samentos não nos definem. Não devemos acreditar em todo pensamen-
to que passa pela nossa cabeça, pois em grande maioria das vezes, é o
nosso ego gritando para ser ouvido. Dar ouvido em demasia ao ego, nos
trás ansiedade e nos tira do eixo da paz interior, pois se identificar com
o ego, é acreditar nas nossas histórias mentais, que na maioria das vezes,
não passam de ilusões.

O ego tem o seu papel em nossas vidas, não devemos acreditar tam-
bém de que ele é todo ruim, o grande problema está em acreditar que é
só isso, de que essas histórias mentais são verdadeiras, nutri-las e depo-
sitar todas as nossas esperanças e angústias nisso.

Quando damos extrema importância ao passado, a coisas que nem


existem mais, ou ao futuro, em coisas que nem aconteceram, e talvez
nunca aconteçam ou aconteçam de um modo completamente diferente
do que imaginávamos, estamos deixando o nosso ego crescer e se forta-
lecer, e isso causa sofrimento e tira a nossa paz.

42
Quando nos conectamos com nós mesmos e sabemos quem real-
mente somos, conseguimos ter certo nível de domínio sobre o ego, a
ponto de alcançar a paz e silêncio mental que tanto procuramos.

Você já achou que sua mente é seu maior crítico? Este é seu ego gri-
tando. Para o ego, tudo é uma ameaça, tudo é uma competição e quando
estamos mais conectados com nós mesmos, conseguimos a distância
necessária para enxergar as coisas da vida com menos pressão e ansie-
dade.

Quantas vezes numa discussão ou conversa, pegamos os argumentos


das outras pessoas e acreditamos que são ataques diretos a nós mesmos
e não apenas uma expressão de uma opinião?

E quando nos culpamos ou culpamos alguém pelo passado? Tudo


isso é ego. Tudo isso é a identificação com uma história.

Sabendo que passado e futuro são ilusões da nossa mente, pois o


passado já passou, são apenas lembranças e o futuro ainda não chegou,
controlar o ego é um trabalho de estar momento a momento não nos
identificando com o nosso passado ou futuro, não nos perdendo em
nossos pensamentos, estando com a consciência no aqui e agora, res-
pondemos concretamente ao fluxo da vida no momento presente.

Superego - o nosso carrasco interior


Sigmund Freud foi o descobridor de uma realidade subjetiva que
chamou de superego, que diferente do que muitos acreditam, não se
trata de um anjo interior, mas sim de um acusador interno. A função do
superego não é nos tornar pessoas do bem ou moralmente aceitáveis,
mas sim nos impor limites, o que muitas vezes se traduz em nos mal-
tratar e acusar.

O superego nos compara com nós mesmos idealizados, um eu fan-

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tasioso onde somos engraçados, felizes, inteligentes e perfeitos o tempo
inteiro. O superego nos compara então, com o nosso eu ideal, e nessa
comparação oriunda da nossa mente, nós sempre saímos perdendo.

O superego é um derivado direto do cuidado que recebemos quan-


do crianças, dos nossos pais ou cuidadores, sendo então uma forma de
internalização dos nossos pais, porém dos aspectos coercitivos deles.

Na nossa infância, nossos pais buscam ser atenciosos, acolhedores e


amáveis, porém esses mesmos pais, precisam ser duros, pois caso con-
trário ficaremos estagnados. Os pais então de uma forma ou de outra,
precisam nos aplicar punições, nos colocar de castigo e até fazer ame-
aças.

O respeito nasce de uma idealização que criamos dos nossos pais


e pra isso é necessário um pouco de medo, por mais amáveis que eles
sejam. Quando crescemos, já longe dos pais, passamos a nos sentir ame-
açados por nós mesmos, aquelas lembranças da infância continuam co-
nosco.

Temos então dentro de nós mesmos um acusador implacável que


carregamos da infância e ele é o melhor em fazer isso, pois ninguém nos
conhece melhor que nós mesmos.

O superego muitas vezes nos entrega uma sensação constante de in-


suficiência, quando somos dominados pelo superego, fica muito difí-
cil nos considerarmos alguém capaz, bom e suficiente. Para o superego
nunca está bom, por mais que nos esforcemos.

Um dos objetivos da psicanálise é nos tornar independentes do supe-


rego, diminuindo a pressão desse carrasco interior, nos dando autono-
mia para vivermos nossas vidas com mais leveza e fluidez.

44
Quando a crise de ansiedade bater
Precisamos ter em mente que a ansiedade existe e é algo ruim, ao
menos na proporção que deixamos tomar nos dias atuais, mas é no pico
da crise de ansiedade que podemos cometer ações que nos arrepende-
remos no futuro.

O pico da crise de ansiedade é caracterizado pela falta de ar e pen-


samentos extremamente acelerados, num ritmo que mal conseguimos
controlar, entramos então num carro em alta velocidade e desgoverna-
do.

Durante uma crise de ansiedade, é preciso gastar energia cerebral, ti-


rar o foco dos pensamentos, para que o cérebro possa encontrar o cami-
nho do descanso. É comum ficarmos paralisados em meio a uma crise
de ansiedade, a angústia e os pensamentos são tão fortes, que ficamos
inertes.

É necessário cortar esse ciclo, correr ou praticar qualquer atividade


física que possa nos deixar cansados e retirar a energia e o foco da nossa
própria mente, nos ajuda a superar o auge da crise. Não podemos es-
quecer que existe uma conexão muito forte entre mente e corpo. Exer-
citando o corpo, nossa mente ganha e exercitando a mente, nosso corpo
ganha.

Quando a crise de ansiedade bater, se possível, não fique parado,


mude o foco, corra, faça algo diferente, isso será o combustível para o
início de uma melhora.

Fechamento de ciclos
Quanto mais nós vamos vivendo, mais pesada vai ficando a nossa
bagagem, nós vamos acumulando coisas demais e de vez em quando
precisamos aliviar um pouco essa bagagem interior.

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Cuidar das mágoas do passado é não permitir um ciclo, onde tudo
está bem e logo após as mágoas vem à tona, nos tirando do eixo, para
logo após ficar bem e assim por diante. Precisamos entender que quanto
maior a dor, maior a mudança, se estivermos abertos a mudar, mas caso
escolhermos apenas a dor, é isso que carregaremos.

Por vezes, mudanças exteriores promovem transformações internas,


como mudar o corte de cabelo, comprar roupas novas, mudar de em-
prego, mudar de casa, mas a maior mudança vem do nosso interior, sem
alarde e sem que ninguém além de nós perceba. Por vezes insistimos
tanto em carregar uma bagagem que de uma hora pra outra, sem motivo
aparente, aquilo nos cansa e simplesmente deixamos pra trás a bagagem
pesada e que não nos acrescenta.

Nós conhecemos ritos de passagem como casamento e aniversário


que simbolizam que a partir daquele momento a vida mudou, porém
nem sempre haverá um rito de passagem para anunciar que dentro de
nós é necessário haver uma mudança.

Ninguém precisa nos contar para sabermos quando precisamos en-


cerrar um ciclo, nós simplesmente sabemos, é quando a dor já não faz
sentido algum, e se torna dor pela dor, e vamos nos cansando, pois sabe-
mos que há infinitas possibilidades na vida, para sofrermos pelo simples
ato de se apegar ao sofrimento.

Uma técnica usada para fechar um ciclo, é escrever a mão, cartas


para as pessoas que nos magoaram, descrevendo tudo o que passamos
e sentimos com essa pessoa, é importante escrever todas as mágoas e
desilusões e após isso, queimar as cartas, deixando ir simbolicamente
aqueles sentimentos pesados que nos magoavam.

Ficar no presente com o pensamento ruins do passado, é sempre um


desastre, pois a carga emocional afetará o nosso presente, mesmo que de
forma inconsciente.

46
Fechar um ciclo é saber também as lições e aprendizados que tira-
mos de cada situação ou relacionamento, não deixando que apenas o
lado ruim florescer dentro de nós. É preciso ter gratidão com o proces-
so, mesmo que ele seja duro, as lições muitas vezes levam tempo.

O ego ferido
O ego é um esquecimento de quem nós realmente somos, e uma
identificação com os nossos pensamentos e emoções, isto é, com a his-
tórias que criamos e contamos para nós mesmos. Com o tempo, vamos
inconscientemente nos apegando a essa parte superficial de quem nós
somos e vamos cada vez mais nos distanciando da nossa verdadeira es-
sência. Nos esquecemos da simplicidade e da pureza que é ser. De ape-
nas ser.

As mágoas do passado, são histórias que vamos colocando umas em


cima das outras e assim vamos nos esquecendo que podemos simples-
mente ser. E é aí que vem a ansiedade, o estresse, o pânico, a depressão,
sintomas que nos mostram que estamos fora do nosso centro.

Por vezes nos esquecemos de simplesmente ser e ficamos travados


em pensamentos ruminativos. Boa parte desses pensamentos, podem
vim de um ego ferido, alguma situação que fez o nosso ego entrar em
estado de alerta e que por não sabermos controlar esses pensamento e
nos mantermos no presente, nos levam a uma sensação de ferimento
interno.

Esse tipo de pensamento ruminativo do ego ferido, nos tira da reali-


dade e nos prendem a uma dimensão superficial, fazendo com que nos
esqueçamos da espontaneidade que é viver.

A planta do ego ferido caso seja regada, irá gerar sentimentos de rai-
va, angústia e por fim tristeza. É importante notar que esses sentimentos

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apenas aparecem pois estamos cultivando esse ego, ao invés de nos fo-
carmos no presente, que é o que de fato existe.

Sempre que sentirmos que nosso ego foi ferido, devemos prestar
atenção em nossa respiração, não deixando que os pensamentos fujam
do nosso controle, pois caso isso aconteça, rapidamente entraremos
num estado reativo e perderemos nossa capacidade momentânea de
afeto e amor.

Não devemos deixar de forma alguma o nosso ego controlar os nos-


sos pensamentos, pois caso isso ocorra, provavelmente começaremos a
ser percebidos pelas outras pessoas como alguém triste, que só consegue
olhar para as coisas negativas da vida.

Há pessoas que já tiveram tanto o ego ferido durante suas vidas, seja
por meio de relacionamentos que não foram pra frente, ou foram pra
frente porém tiveram desilusões amorosas, ou cicatrizes gigantescas que
não foram curadas que se tornaram pessoas carrancudas, raivosas e no
final tristes.

Quando damos ouvido demais para o nosso ego, que em grande par-
te das vezes está ferido, nos identificamos com as emoções e é isso que
nos tira do momento presente e nos deixa imerso em pensamentos que
não possuem função alguma, na maioria das vezes.

Conseguir não se identificar com o ego, não achando as vezes que


por que algumas coisas aconteceram de determinada forma, elas serão
sempre assim é um bom caminho para se viver bem.

Sem demonizar o ego, ele é uma ferramenta de proteção, porém


quando damos voz demais a ele, nos tornamos sempre em estado de
alerta, não nos abrimos para as coisas maravilhosas e amorosas que po-
dem acontecer por acaso na vida. Daí a importância vital de se manter
no presente, que na verdade é o que importa.

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Meditação
Na busca por silenciar o ego, a melhor forma é o autoconhecimento
e para isso, meditar todos os dias é um dos melhores remédios para
alcançar a paz mental.

Quando temos o hábito de meditar, aprendemos a permanecer no


nomento presente, vendo as coisas como elas são e não acrescentando
combustível às nossas histórias mentais, assim conseguimos silenciar o
ego.

A meditação ainda é cheia de misticismo e muita gente confunde a


sua prática como um caminho exclusivamente religioso, de uma cultura
que nos é estranha. Esquecendo a questão espiritual, que é de importân-
cia gigantesca, ela reduz o estresse e a ansiedade fortalecendo o sistema
nervoso e imunológico, melhora a memória, a autoestima e aumenta a
capacidade de concentração.

A ansiedade nos consome, deixa o coração acelerado constante-


mente e libera substâncias nocivas à nossa saúde, produzindo prejuízos
mentais e também físicos. Nos sentimos cansados, esgotados, muitas
vezes por pensarmos demais e constantemente. São os chamados pensa-
mentos ruminativos, aqueles que ficamos ruminando em nossas mentes
e não vão embora nem se resolvem.

A meditação desacelera os nossos pensamentos e nos dá consciência


das nossas questões internas. Muitas vezes nos sentimos ansiosos e nem
sabemos nomear os motivos de tamanha inquietude.

Meditar nos propicia um conhecimento sobre nós mesmos e sobre


o que nos cerca, deixando-nos mais assertivos na resolução dos nossos
problemas. Tente pensar em quantas vezes você se sentiu ansioso, com
uma angústia que mal sabe explicar de onde vem.

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Quando meditamos, pensamentos vem e vão, são depurados até se
silenciarem, nos permitindo viver o momento presente de forma mais
profunda, prestando atenção em nós mesmos, nossos sentimentos e
sensações.

Em nosso dia a dia, não respiramos corretamente, não entregamos


oxigênio suficiente a nosso cérebro. Lembre-se que a energia do nosso
cérebro vem do oxigênio e da glicose, não adianta comermos bem e
não fornecermos o oxigênio necessário para o nosso cérebro trabalhar
corretamente.

O ansioso é aquele que está sempre no futuro tentando solucionar


problemas que ainda não existem e que possivelmente nem existirão. A
meditação é uma forma de se colocar no aqui e agora, pois ajuda a tirar
a mente das ocupações do futuro que são geradoras de ansiedade.

Os níveis de desatenção no mundo atual são muito grandes, e os da-


dos científicos nos indicam que em aproximadamente 47% do tempo
não estamos atentos ao que estamos fazendo no momento. O estado de
mindfulness seria então como um antídoto a viver desatento, no pilo-
to automático, e reagindo sem consciência às situações. O objetivo da
meditação, portanto, é obter maior reconhecimento dos estados inter-
nos, sensações corporais e impulsos. A partir daí, podemos lidar melhor
com o estresse do dia a dia, além de amenizar a ansiedade, depressão,
dores crônicas e doenças em geral.

Como meditar da forma mais simples possível?


Não deixe para outro momento, comece seu dia bem. No best seller
O Milagre da Manhã o autor Hal Elrod mostra que a nossa atitude na
primeira hora do dia, reflete em todas as outras. Ao acordar, separe 15
minutos em um local silencioso e tranquilo, só não pode ser sua cama,
pois cama dá sono.

50
Posicione sua coluna ereta de forma confortável, relaxe seus braços e
pernas, se fique da maneira mais confortável possível e comece a prestar
atenção em sua respiração.

Inspire e expire lentamente, sentindo o ar entrar e sair por completo


do seu pulmão. Solte seus ombros que provavelmente estão tensos. Sinta
seus braços, pescoço e pernas leves, solte-os, enquanto inspira e expira
lentamente. Deixe a tensão para mais tarde, no trabalho ou em seus afa-
zeres e foque apenas no momento atual e nas sensações que você está
sentindo no presente.

O foco da meditação deve ser na respiração. Você pode se sentir


incomodado, inquieto, com a sua cabeça a mil, porém, continue com
o foco em sua respiração, inspirando e expirando lentamente, extraia
prazer nisso. Inspire apenas energias boas e ao expirar, coloque todas as
energias ruins pra fora. Quando os pensamentos virem, deixe-os passar,
sinta o barulho das suas narinas, seus batimentos cardíacos, o movi-
mento do seu abdômen.

Observe que vários pensamentos virão à sua mente, e isso é comple-


tamente normal, acontece com todos que meditam. Deixe que os pensa-
mentos passem como nuvens, não se apegue a eles.

Essa é a sua hora, o seu momento. De forma mais simplificada pos-


sível, permaneça com o foco apenas em sua respiração, entregando oxi-
gênio ao seu cérebro e respirando lentamente. Após 15 minutos, abra os
olhos devagar e comece o seu dia de forma mais leve.

Não desista, tente com que a meditação ao começar o dia, por pelo
menos menos 15 minutos, se torne um hábito e você faça todos os dias
para que possa começar a colher os benefícios.

Não deixe com que o fato da meditação ainda não seja um hábito
em sua vida, desanime de você fazer o que deve ser feito, que é focar no
agora e suas sensações.

51
A meditação também é uma poderosa forma de nos conhecermos,
pois em silêncio e com atenção apenas no momento presente, podemos
digerir com mais clareza assuntos que remoemos diariamente sem re-
solução.

Há vários aplicativos e vídeos no Youtube onde se pode fazer me-


ditação guiada ou mesmo aprender a meditar sozinho. Tente até virar
rotina, pois poucas coisas dão mais paz e diminuem a ansiedade como
a meditação.

Meditação não é digging


Digging significa escavar uma crença limitante até chegar à crença
raiz que sustenta uma pilha de crenças acima dela. Por vezes ao parar-
mos para meditar, acreditamos que deixar os nossos pensamentos se-
rem levados a questões cada vez mais profundas, nos dará a iluminação
de resolvermos as nossas questões internas. O problema é que isso, só
dá ainda mais combustível a nossa mente tagarela. Escavar nossos pen-
samentos, não nos entrega paz e muitas vezes pode gerar um estresse
ainda maior.

Meditar é silenciar a mente, deixando-a tranquila e fluida, isto é,


quase o oposto do digging. Na meditação buscamos diminuir o ritmo
dos pensamentos e o grande objetivo, mesmo que muito desafiador, é
não pensarmos em nada, sentindo apenas a fluidez da existência.

Sobre parar de falar consigo mesmo sobre si mesmo


Quando ficamos pensando sobre nós mesmos, nos esquecemos do
mundo e não vivemos o presente. A vida passa e nem percebemos.

O ato de falar consigo mesmo sobre si próprio aflora o nosso su-

52
perego, que segundo Freud simboliza os julgamentos dos nossos pais
para conosco. Comece a reparar que sempre que conversamos conosco,
temos uma tendência a ser mais críticos do que as outras pessoas são
com nós mesmos.

Claro, o superego nos conhece, sabe dos nossos defeitos e se faze-


mos determinado ato com amor puro ou com algum nível de interesse.
Então conversar com nós mesmos, pode trazer a tona sentimentos de
medo e ansiedade, pois nos trarão julgamento sobre nós mesmos, que
são os piores e mais sinceros, pois como já foi dito, nós nos conhecemos
mais que ninguém.

O exercício de calar a voz interna é um desafio, já que não podemos


sair de perto da nossa mente, como fazemos com conversas indesejadas
com outras pessoas. Treine sua mente para voltar a realidade sempre
que sua mente fugir para pensar sobre você mesmo, ao invés disso, volte
para a realidade. Sinta cada sensação real, viva o real. Você pode até
acreditar nos seus pensamentos, mas boa parte deles não passa da sua
imaginação querendo te proteger e assim acaba te colocando pra baixo,
pois essa proteção, vem com o julgamento.

Existe uma saída, você precisa encontrá-la


Muitas pessoas após anos sendo ansiosas, já se acostumaram ao pro-
blema a ponto de acreditarem totalmente que a ansiedade já é parte da
sua personalidade.

Seja por dezenas de motivos que podem ter causado esse seu quadro
ansioso, saiba que assim como você entrou nele, também existe uma sa-
ída ou ao menos um tratamento que o faça descobrir os gatilhos quando
eles começarem.

Identificando os gatilhos e o início das crises ansiosas, fica muito


mais fácil aplicar soluções, como respirar fundo por alguns minutos.

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A cada três horas, inspire e expire fundo três vezes
Lembra que o nosso cérebro precisa de oxigênio para funcionar cor-
retamente? De três em três horas ou sempre que lembrar, inspire e expi-
re profundamente de forma lenta, oxigenando o seu cérebro e fazendo-o
funcionar assertivamente.

Sua ansiedade pode ser melhorada significativamente apenas com o


hábito de respirar melhor.

Lavagem nasal
Quando digo que o cérebro utiliza oxigênio como fonte de energia,
isso que dizer que caso você tenha algum tipo problema respiratório
como rinite, isso pode impactar na sua capacidade respiratória, e entre-
gando menos oxigênio ao seu cérebro, você pode sem perceber, ter uma
crise de ansiedade.

Torne a lavagem nasal um hábito, assim como escovar os dentes, os


ganhos para a sua vida podem ser gigantescos.

A limpeza diária é a melhor maneira de desentupir o nariz e con-


trolar o fluxo de ar do nariz. Aprenda como realizar essa limpeza para,
enfim, respirar bem.

1. O preparo

O produto ideal para fazer a lavagem nasal é o soro fisiológico co-


mum, disponível em qualquer farmácia. Ao comprar um frasco maior,
guarde-o na geladeira para preservar o conteúdo e retire o líquido uns
minutos antes para que ele não fique tão gelado. Se preferir, existem
opções específicas para essa finalidade. Uma pequena porção de sal de

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cozinha, misturado com água, também pode ser usado. A recomenda-
ção é aquecer o líquido de forma que ele fique levemente morno e traga
mais conforto a suas narinas.

2. A ação

O melhor cômodo para fazer esse processo é o banheiro. Posicione-


se em frente ao espelho. Depois, aponte o nariz na direção do ralo da
pia, com a cabeça levemente inclinada para a frente e a boca aberta.
Com uma seringa sem agulha, pegue de 10 a 20 mililitros de soro fisio-
lógico e aplique em cada uma das narinas. Nas farmácias, vende-se um
recipiente específico para a realização da lavagem nasal.

3. O efeito

Ao entrar pelas cavidades, o líquido ajuda a eliminar impurezas,


especialmente o excesso de muco que está acumulado por ali. Isso já
amplia o espaço e permite que o oxigênio e o gás carbônico transitem
melhor.

Em longo prazo, a prática ainda reduz a inflamação e o inchaço.

4. A periodicidade

No final, use um lenço para tirar o excesso de umidade. O indicado


é realizar o procedimento ao menos duas vezes ao dia, ao acordar e an-
tes de dormir — no inverno e na primavera, mais limpezas podem ser
necessárias.

Antes de fazer sua primeira lavagem nasal, busque no Youtube por


“lavagem nasal”, lá você encontrará vários exemplos de como fazer da
forma correta.

55
TDAH
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é ca-
racterizado, como o próprio nome indica, pela hiperatividade, desorga-
nização, agitação, falta de atenção, impulsividade, entre outros. De acor-
do com estimativas, ele atinge de 3% a 6% pessoas em todo o mundo.

Segundo levantamentos, o número de pessoas com TDAH que tam-


bém são diagnosticadas com depressão chega a 30% dos casos.

Procure um bom psiquiatra ou neurologista e tente descobrir se você


possui esse transtorno. As pessoas hiperativas, ficam constantemente
com a cabeça a mil, fato que os deixa exaustos, de tanto sobrecarregar a
cabeça com tantos pensamentos. Caso você seja um TDAH e for trata-
do, seus problemas podem ser diminuídos ou até solucionados.

O questionário abaixo é denominado ASRS-18 e foi desenvolvido


por pesquisadores em colaboração com a Organização Mundial de Saú-
de.
ESTE QUESTIONÁRIO É APENAS UM PONTO DE PARTIDA
PARA LEVANTAMENTO DE ALGUNS POSSÍVEIS SINTOMAS PRI-
MÁRIOS DO TDAH.
O DIAGNÓSTICO CORRETO E PRECISO DO TDAH SÓ PODE
SER FEITO ATRAVÉS DE UMA LONGA ANAMNESE (ENTREVIS-
TA) COM UM PROFISSIONAL MÉDICO ESPECIALIZADO (PSI-
QUIATRA, NEUROLOGISTA, NEUROPEDIATRA).
MUITOS DOS SINTOMAS ABAIXO RELACIONADOS PODEM
ESTAR ASSOCIADOS A OUTRAS COMORBIDADES CORRELATAS
AO TDAH E OUTRAS CONDIÇÕES CLÍNICAS E PSICOLÓGICAS.
LEMBRE-SE SEMPRE QUE QUALQUER DIAGNÓSTICO SÓ
PODE SER FORNECIDO POR UM PROFISSIONAL MÉDICO.

Parte A

1. Com que frequência você comete erros por falta de atenção quan-

56
do tem de trabalhar num projeto chato ou difícil?

2. Com que frequência você tem dificuldade para manter a atenção
quando está fazendo um trabalho chato ou repetitivo?

3. Com que frequência você tem dificuldade para se concentrar no
que as pessoas dizem, mesmo quando elas estão falando diretamente
com você?

4. Com que frequência você deixa um projeto pela metade depois de
já ter feito as partes mais difíceis?

5. Com que frequência você tem dificuldade para fazer um trabalho
que exige organização?

6. Quando você precisa fazer algo que exige muita concentração,
com que freqüência você evita ou adia o início?

7. Com que frequência você coloca as coisas fora do lugar ou tem de
dificuldade de encontrar as coisas em casa ou no trabalho?

8. Com que frequência você se distrai com atividades ou barulho a
sua volta?

9. Com que frequência você tem dificuldade para lembrar de com-
promissos ou obrigações?

Parte B

1. Com que frequência você fica se mexendo na cadeira ou balan-


çando as mãos ou os pés quando precisa ficar sentado por muito tem-
po?

2. Com que frequência você se levanta da cadeira em reuniões ou em
outras situações onde deveria ficar sentado?

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3. Com que frequência você se sente inquieto ou agitado?

4. Com que frequência você tem dificuldade para sossegar e relaxar
quando tem tempo livre para você?

5. Com que frequência você se sente ativo demais e necessitando fa-
zer coisas, como se estivesse “com um motor ligado”?

6. Com que frequência você se pega falando demais em situações
sociais?

7. Quando você está conversando, com que freqüência você se pega
terminando as frases das pessoas antes delas?

8. Com que frequência você tem dificuldade para esperar nas situa-
ções onde cada um tem a sua vez?

9. Com que frequência você interrompe os outros quando eles estão
ocupados?

Como avaliar:
Se os itens de desatenção da parte A (1 a 9) E/OU os itens de hipera-
tividade-impulsividade da parte B (1 a 9) têm várias respostas marcadas
como FREQUENTEMENTE ou MUITO FREQUENTEMENTE existe
chances de ser portador de TDAH (pelo menos 4 em cada uma das par-
tes).
O questionário ASRS-18 é útil para avaliar apenas o primeiro dos
critérios (critério A) para se fazer o diagnóstico.

Caso você queira se informar mais sobre o TDAH, indico fortemente


o livro da Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva, chamado Mentes Inquietas.

58
Fazer as pazes com nós mesmos
A felicidade depende de nosso estado mental, não de nossa con-
ta corrente. Concretamente, “nosso nível de felicidade vai determinar
aquilo ao qual nos apegamos e a força do sucesso ou do fracasso”. Isso é
conhecido como locus de controle, ou “o lugar em que situamos a res-
ponsabilidade pelos fatos” – um termo descoberto e definido pelo psi-
cólogo Julian Rotter em meados do século 20 e muito pesquisado com
relação ao caráter das pessoas: os pacientes depressivos atribuem seus
fracassos a eles próprios e o sucesso a situações externas à sua pessoa,
enquanto as pessoas positivas tendem a pendurar-se medalhas no peito,
atribuindo os problemas a outros.

Podemos e devemos nos olhar com um olhar de amigo, sem julga-


mentos e nos dar conselhos e agradecimentos por ter feito determinada
coisa da forma correta. Muitas vezes nos olhamos com olhar de julga-
mento e somos mais duros com nós mesmos do que com qualquer pes-
soa. Às vezes pensamos sempre no pior cenário possível de coisas que
temos o pleno controle. Como assim? Não estamos confiando mais em
nós mesmos?

Do que é feita uma vida boa? - Harvard


Segundo uma pesquisa a maioria das pessoas sonha em ser rica ou
famosa, essas são as duas maiores ambições de suas vidas. A maioria
das pessoas nos dão a impressão de que são essas as coisas que devemos
correr atrás para se ter uma vida boa.

Quase tudo que sabemos do passado das pessoas, é conseguido per-


guntando a elas sobre o que se lembram do seu passado. O problema é
que olhar nesse tipo de perspectiva acaba perdendo dados importantes
pois nos esquecemos boa parte do que passamos na vida e além disso,
nos lembramos de forma diferente dos fatos.

59
E se pudéssemos estudar as pessoas em tempo real com o passar dos
anos e desde muito jovens, na adolescência até sua velhice para analisar
o que realmente mantém as pessoas felizes e saudáveis?

O Estudo do desenvolvimento adulto de Harvard é o estudo mais


longo sobre o desenvolvimento da vida adulta já feito. Durante 75 anos
foram acompanhadas as vidas de 724 homens, ano após ano pergun-
tando sobre seus trabalhos, vidas domésticas, saúde e descobrindo ao
longo do caminho o que lhes deixavam felizes, sem saber como suas
vidas seriam.

Estudos como esse são extremamente raros, pois devido a mudanças


de administração da faculdade, pessoas que abandonam o estudo, mor-
rem, políticas e interesses, os estudos acabam por não durar mais que 10
anos. Boa parte dos 724 homens originais permaneceram vivos até os
90 anos, e agora a faculdade começou a estudar os filhos desses idosos.

Desde 1938 foram acompanhadas as vidas de dois grupos de ho-


mens, o primeiro grupo começou o estudo quando estavam no segundo
ano da Universidade de Harvard, todos terminaram a faculdade durante
a Segunda Guerra Mundial e a maioria serviu na guerra. O segundo
grupo era de meninos pobres que moravam nos bairros mais pobres de
Boston. Esses meninos foram escolhidos por fazerem parte das famí-
lias mais problemáticas e desfavorecidas em Boston na década de 30. A
maioria dos meninos vivia em casas que não tinham sequer água.

Ao iniciarem os estudos, todos os adolescentes fizeram exames médi-


cos e receberam em suas casas os pesquisadores que entrevistaram seus
pais. Então todos esses adolescentes cresceram e seguiram diferentes
caminhos na vida. Um dos adolescentes inclusive se tornou presidente
dos Estados Unidos, outros desenvolveram alcoolismo, outros poucos
esquizofrenia. Alguns subiram na vida, indo da pobreza à riqueza e ou-
tros foram na direção oposta.

A cada dois anos a equipe pesquisadores de Harvard entra em conta-

60
to com os indivíduos, fazendo perguntas sobre suas vidas. Muitos per-
guntam aos pesquisadores o por que de estarem sendo entrevistados, já
que acreditam que suas vidas são entediantes.

Não apenas perguntas eram feitas, mas os cérebros dos pesquisados


eram escaneados, exames de sangue eram feitos e conversavam até mes-
mo com seus filhos e esposas.

Dezenas de milhares de páginas foram geradas sobre essas vidas e


as lições não são sobre dinheiro, fama ou sobre trabalhar cada vez mais
pesado. A mensagem clara que os pesquisadores tiraram desse estudo
de 75 anos é que bons relacionamentos nos mantêm mais felizes e sau-
dáveis. Ponto final.

Os pesquisadores aprenderam três lições sobre relacionamentos.

A primeira é que conexões sociais são muito boas para nós e que a
solidão mata. As pessoas que estão mais conectadas socialmente com a
família, amigos e a comunidade, são mais felizes e fisicamente mais sau-
dáveis do que as pessoas que possuem poucas conexões. E a experiência
de solidão é tóxica. Pessoas que são mais isoladas do que gostariam, des-
cobrem que são menos felizes e tem sua saúde reduzida precocemente
na meia-idade. O cérebro dessas pessoas se deteriora mais cedo e eles
vivem vidas mais curtas do que aqueles que não são solitários.

A segunda lição é de que não é apenas o número de amigos que você


tem, e não é se estamos ou não num relacionamento sério, mas sim a
qualidade dos relacionamentos mais próximos que importa. Viver em
meio a conflitos é ruim para a nossa saúde e viver em meio a relações
boas e reconfortantes nos protege. Os pesquisadores descobriram que as
pessoas que tinham mais relacionamentos saudáveis aos 50, chegaram
aos 80 consideravelmente melhor de saúde que o restante.

A terceira lição é que relações saudáveis protegem não apenas o nos-


so corpo, mas também nosso cérebro. Os pesquisadores perceberam

61
que as pessoas que tinham relacionamentos de confiança, tinham suas
memórias preservadas por mais tempo.

Esses relacionamentos bons, não tinham que ser tranquilos o tempo


todo. Alguns casais de mais de 80 anos discutiam uns com os outros,
mas no final do dia, sabiam que podiam contar um com o outro.

Como seres humanos, queremos algo fácil que tornaria as nossas vi-
das boas e as manteria assim. Porém relacionamentos são complicados
e zelar por amigos e família dá trabalho e é para a vida inteira.

A vida, segundo o estudo, pode ser muito mais feliz, quando tro-
camos momentos sem afeto, por momentos afetivos. Como entrar em
contato com aquela pessoa que não falamos há meses, ou anos. Ou bus-
car mais contato com nossos pais e parentes.

Uma vida boa se constrói com boas relações.

Notícias vs felicidade
Existe diferença entre informação e conteúdo. Muitas pessoas acre-
ditam que vendo jornais ou sites de notícias todos os dias, estarão ad-
quirindo cada vez mais conteúdo, porém na verdade estarão sendo
bombardeadas com informações, muitas vezes enviesadas e repetidas.

Notícias boas não vendem tão bem como notícias ruins, tragédias
dão muito mais dinheiro do que algo positivo, então você estará en-
chendo o seu cérebro com notícias ruins, e acabará com o sentimento de
que tudo está perdido, aumentando ainda mais a ansiedade.

Antes de resolver ver as notícias do dia, se pergunte em que aquilo


poderá te ajudar, ou o que você poderá fazer para mudar as coisas. Não
adianta nada receber passivamente certas informações enquanto não
fará nada a respeito.

62
O estresse gerado pelos noticiários, diminuem seus hormônios bons
e aumentam a sua ansiedade.

Foque em notícias da sua área, direito, engenharia, medicina, design


etc. Além de te manter informado sobre algo que lhe interessa, lhe man-
terá sempre atualizado quanto as novidades da profissão, tornando o ato
de recebe informação, muito mais produtivo.

Sobre se fechar
Em determinados momentos da vida, principalmente diante de
acontecimentos ruins que nos desanimam, somos tentados a nos fechar
para a vida e situações. Não queremos mais sair de casa, pegar sol, ir
a praia, conhecer novos locais e pessoas. Entramos num estado de fe-
chamento, queremos apenas que a vida passe, pois a nos invade uma
sensação de repetição, como se não fizesse sentido ter mais esses tipos
de experiências.

Claro que sair compulsivamente apenas por sair, ver pessoas ape-
nas por ver, também não faz bem e pode causar problemas até maiores
quando é forçado, também não quero retirar a importância dos mo-
mentos de reflexão, onde queremos e precisamos ficar sozinhos, porém
se fechar por meses e anos, como acontece com muitas pessoas, pode
levar a um quadro depressivo, pois quadros depressivos são acompa-
nhados por diminuição da frequência das conexões neurais e quando
nos fechamos, estamos dando carta branca para a diminuição dessas
conexões.

Quando conhecemos novas pessoas e locais, pegamos sol ou passa-


mos por situações que demandam algum nível de investimento mental,
estamos dando o combustível para novas conexões dos nossos neurô-
nios e assim nos mantemos com mais energia para a vida. Essa energia é
importantíssima para passarmos pelos momentos turbulentos.

63
Gratidão
A palavra gratidão foi sendo banalizada ao longo do tempo, hoje
usamos a palavra, a qualquer coisa que nos traga algo, mesmo que não
estejamos muitas vezes sentindo de verdade a gratidão dentro de nós. É
como um tudo bem que iniciamos nossas conversas no Whatsapp, em
que muitas vezes não queremos saber de verdade como a pessoa está.

A gratidão é ao mesmo tempo uma emoção, um sentimento e tam-


bém um comportamento, ou seja, uma forma de agir. No dicionário,
gratidão é o reconhecimento de elementos de valor na vida. Quando
falamos de gratidão, estamos falando de um investimento de energia no
reconhecimento daquilo que merece valor em nossas vidas.

Quando não agradecemos as coisas que temos hoje, é muito difícil


vibrarmos numa energia que nos traga mais coisas boas. Muitas vezes
queremos tanto que as coisas aconteçam em nossas vidas, que nos es-
quecemos da quantidade de coisas boas que já aconteceram e assim,
deixamos de agradecer.

Nos esquecemos de agradecer por coisas simples, como quando sen-


timos o sabor de um alimento, podemos respirar de forma normal, ou
mesmo andar sem grandes dificuldades. Parece que apenas se lembra-
mos dessas coisas, quando nos faltam e agradecer pelas coisas simples,
é importantíssimo.

O exercício da gratidão, diferente da reclamação, acalma a nossa


alma, pois é um exercício de memória, onde olhamos para as nossas
experiências com carinho e paciência com o processo de evolução, sem
a pressão de termos de ser algo acabado.

A felicidade tende a estagnar em um ponto de equilíbrio, a pessoa


que ganha na loteria por exemplo, tende a ficar extremamente feliz, po-

64
rém com o passar dos anos ela volta para aquele nível médio de felici-
dade que ela tinha antes de ficar milionária. Algo semelhante acontece a
uma pessoa que sofre um terrível acidente, no primeiro momento a pes-
soa experimenta uma grande infelicidade mas com o passar dos anos,
ela também tem a tendência de voltar a um nível próximo de felicidade
anterior.

Adaptação hedônica é o conceito de que nós tendemos a manter um


nível médio de felicidade, onde os impactos iniciais nos tiram do eixo
central, porém com o tempo, tendemos voltar à média de felicidade.

Existem estudos que mostram que a felicidade possui um importan-


te componente genético, porém como na maioria dos casos esse compo-
nente não pode ser mudado, devemos nos concentrar no componente
comportamental.

Gratidão é o reconhecimento consciente dos implementos inespe-


rados de valor em nossa experiência, é quando reconhecemos as expe-
riências positivas que acontecem inesperadamente em nossas vidas. A
gratidão pode ser por um acontecimento específico, algo que ganhamos
ou que nos fez bem por exemplo, ou um sentido mais amplo, de agrade-
cermos a vida que temos por exemplo, mesmo com seus desafios.

A palavra gratidão deriva da palavra graça, ou presente. Esse presen-


te só chega até nós caso nós aceitemos, então gratidão é dar e também
saber receber.

Estudos científicos tentam mensurar o poder da gratidão em nos-


sas vidas. Em um desses estudos os participantes foram encorajados a
escrever coisas positivas que aconteceram ao longo da sua semana e no
final desses sete dias, o nível de felicidade desses participantes aumen-
tou consideravelmente. O impressionante é que o nível de felicidade dos
participantes continuou elevado durante os próximos seis meses.

Outro estudo feito em pacientes com problemas cardíacos, usando o

65
mesmo método de anotar as coisas boas acontecidas durante a semana,
percebeu uma melhora importante na saúde na saúde do coração dos
participantes.

O interessante é que podemos usar essa mesma técnica para aumen-


tar o nosso nível de felicidade, onde durante uma semana, por não mais
que cinco minutos por dia, escreveremos em um caderno as coisas em
que somos gratos, desde nossa saúde, até experiências que nos fazem
pessoas melhores. No final do sétimo dia, faremos a leitura das coisas
em que somos gratos.

Colocar o nosso cérebro em um modo de busca pelas coisas boas,


exemplos e lições que aprendemos, nos trás benefícios incríveis.

Empatia
Algo que acabamos nos esquecendo e que muitas das vezes é a causa
dos nossos problemas, é a nossa capacidade de nos colocarmos no lugar
do outro.

“Patia” deriva da palavra grega patos, que pode ser traduzida como
emoção. A ideia de empatia é uma tentativa de sentir a emoção que o
outro está sentindo, compreender assim o que está se passando no inte-
rior da outra pessoa, da mesma forma que tentamos compreender o que
está se passando no nosso interior.

Empatia é diferente de simpatia, sim em grego é aquilo que vinha


junto, então simpatia é trabalhar na mesma vibração. Empatia é uma
tentativa não de ficar junto com aquele que está na mesma sintonia,
mas entender aquele que está em outra vibração, e justamente por ser
diferente é que requer um esforço pra tentar entender o que o outro está
sentindo.

A capacidade de criar empatia é fundamental para estreitar nossa

66
relação com o outro e pra lembrar que o outro por mais diferente que
seja, possui pontos em comum conosco.

Ter empatia não é falsificar estar no lugar do outro, pois estar no


lugar do outro é impossível, mas a tentativa de estar junto ao outro é
importantíssima. Isso nos faz superar algumas barreiras e até lembrar
que o nosso adversário não é nosso inimigo e que podemos conversar e
descobrir até mesmo muitas coisas em comum.

Crenças limitantes
Crenças limitantes são pensamentos cristalizados, que nos fazem
conduzir nossas vidas respeitando essa configuração que está dentro de
nós.

Podemos ter vivido algo no passado, que pode ser um trauma ou si-
tuações que se repetiram muitas vezes, ou algo passado dos nossos pais
para nós, que vivemos na pele e acreditamos que é dessa forma que a
vida funciona. Na maioria das vezes nem questionamos isso.

Geralmente nossas crenças limitantes não podem ser notadas por


nós, sem o auxílio profissional, pois estão tão enraizadas que conside-
ramos normais. Algumas pessoas por exemplo possuem crenças limi-
tantes em relação aos relacionamentos de que todo homem trai, ou que
toda mulher é interesseira e dessa forma vão funcionando nas intera-
ções prevendo esse desfecho, o que as torna pessoas ansiosas e que aca-
bam levando inconscientemente a aquele fim.

Existe também uma sensação de falsa segurança, quando aquilo que


tememos e que não paramos de pensar acontece, pois se temos uma
crença e aquilo acontece, então há uma confirmação do pensamento.
Assim, no caso da mulher que acredita inconscientemente que todo ho-
mem trai, intuitivamente acaba atraindo para si pessoas que transmitam
uma espécie de insegurança que confirme a certeza da possibilidade de

67
traição.

As crenças limitantes recebem esse nome pois elas nos limitam a


aquilo que eles dizem. Superar as crenças limitantes, é saber quais são
as crenças e tomar escolhas mais assertivas, apesar das limitações. A
mudança para superar as crenças limitantes, requerem esforço, pois no
início deveremos fazer escolhas que não são naturais para nós.

No amor por exemplo, as vezes nós temos uma configuração tão dis-
funcional que precisamos aprender a amar de um jeito saudável que
nos faça felizes de verdade. Há pessoas que só conseguem sentir atração
por pessoas com corpos sarados, então todas as suas escolhas são nesse
sentido. Não que não há pessoas incríveis com corpos sarados, a gran-
de questão que uma escolha apenas baseada nisso, pode trazer grandes
decepções.

Identificar os desfechos semelhantes e que não foram produtivos, é


um passo para identificarmos as crenças e padrões limitantes e fazermos
as alterações necessárias para termos uma vida mais saudável.

Rever o que realmente nos trás felicidade, colocar limites em rela-


ções que estão caminhando para desfechos já conhecidos, saber o que
queremos para as nossas vidas, quais são os perfis de pessoas que não
queremos e as que nunca deixamos entrar e poderiam nos mostrar algo
diferente, são passos importantes para não nos deixarmos apenas levar
pelas circunstância.

Sobre nossas angústias


Faz parte da natureza humana tentar sumir com as nossas angústias,
seja por meio de drogas ou com outro escape. O que acontece também
é querermos sumir com esse buraco interno ou tapá-lo com a areia de
outras pessoas.

68
É importante ter em mente que todos nós temos buracos e eles, caso
seja possível só podem ser tapados com a nossa própria areia interna. O
preenchimento é interno.

Importante também é passar pela angústia sem anestesiá-la, seja


com drogas, compras ou mesmo trabalhando excessivamente. Só de-
pois de superarmos essa angústia é que nos encontramos de verdade
com nós mesmos.

Cuidado com a saúde intestinal


Segundo estudos, uma das principais fontes dos desequilíbrios emo-
cionais está no desequilíbrio intestinal. A flora bacteriana intestinal é
composta por uma média de 100 trilhões de bactérias e é um sistema
extremamente rico em sinalização para o sistema imunológico. As bac-
térias do intestino degradam os nutrientes obtidos a partir dos alimen-
tos e entregam também ao intestino a regulação do PH.

Um bom equilíbrio do PH intestinal é fundamental para que ocor-


ra a conversão de uma matéria prima chamada 5-hidroxitriptofano em
serotonina. A serotonina regula não só os movimentos peristálticos do
intestino, como também a estabilidade do humor, comportamento e ní-
veis de energia.

Uma mal funcionamento do intestino provoca uma profunda redu-


ção dos níveis de serotonina o que causa um desequilíbrio no humor da
pessoa.

Nosso intestino é extremamente complexo e emana aproximada-


mente 80% da atividade do sistema imunológico, assim quando há um
desequilíbrio neste órgão, pode desencadear problemas em vários ou-
tros órgãos do nosso corpo.

Nós possuímos um mecanismo chamado barreira hematoencefálica,

69
que impede o cérebro de utilizar a serotonina produzida pelo intestino,
porém estudos comprovam que na falta da serotonina produzida pelo
cérebro, ele se utiliza da serotonina produzina no intestino, que corres-
pondem a incríveis 85% do total produzido pelo corpo.

Praticar atividade física!


De tudo o que eu falei neste livro, este tópico é um dos mais impor-
tantes.

Tem muita gente que é viciada em esporte, não porque quer só ficar
forte ou sarado, é que essas atividades oxigenam o cérebro, deixando as
respostas neurais mais assertivas, e com o ganho muscular, consegue-se
fazer as atividades diárias com mais disposição e sem sentir dor, além
do fato de que a prática de atividade física libera endorfinas que nos dão
prazer e relaxamento.

Com o esporte, ficamos ofegantes, respiramos fundo, pensamos ape-


nas naquilo que estamos fazendo e por isso acaba sendo uma forma de
meditação. Além disso, nossos músculos ficam fortes, retirando nossas
dores nas costas, braços e pernas.

Com o cérebro mais oxigenado, dormimos melhor e por dormir me-


lhor nosso dia é muito melhor.

Exercícios físicos liberam diversos hormônios e endorfinas que fi-


cam conosco o resto do dia. Exercícios com peso por exemplo, aumen-
tam a testosterona no homem e com mais testosterona, sua libido au-
menta, se sente menos cansado, sua vida sexual melhora, ganha mais
elogios, o que aumenta sua autoestima. Os benefícios são tantos, que
mal é possível enumerar.

Se é tão bom, por que tanta gente desiste? A resposta é por que não
dão tempo para colherem os frutos do exercício físico. Como todo

70
mundo geralmente desiste no primeiro mês, que é o mês que sentimos
apenas a dor de sair da inércia, não colhemos os frutos de permanecer
focados. Caso nosso foco de mudança nos leve a continuar praticando
exercício, após 6 meses nos olharemos no espelho de uma forma dife-
rente, com sorriso no rosto. Os elogios após os 6 meses começam a se
tornar frequentes, a disposição de viver o dia, começa a te fazer nunca
mais querer voltar para o estado anterior de sedentarismo.

Inacreditavelmente, quem malha, por exemplo, pode até se dar ao


luxo de comer doce ou massa sem a sensação de culpa, pois seu corpo
irá metabolizar muito melhor, os carboidratos e proteínas ingeridos.

No início você só irá sentir dor. Apenas comece, você não precisa
gostar, mas precisa fazer. O prazer virá depois.

Rotina saudável
Temos uma inclinação a acreditar que rotina é invariavelmente algo
ruim, porém uma rotina bem trabalhada, nos coloca no caminho para
os nossos objetivos, e nos dá paz interior, pois com a repetição diária
de coisas que nos engrandecem, ficamos mais perto dos nossos sonhos
mais profundos.

Horários e atividades estabelecidos ajudam a diminuir o senso de


caos interno e externo.

Quando estamos com uma crises de ansiedade constantes, não se-


guimos uma rotina, nossos dias não tem sentido e são apenas levados.

A linguagem corporal
Quanto mais longe do cérebro, menos controle nós temos sobre de-
terminada parte do corpo. É por isso que nossas mãos dizem tanto sobre

71
o que estamos sentindo ou querendo e os nossos pés ainda mais.

Um estudo feito em uma universidade realizou dois experimentos,


foram apresentadas duas palestras para um grupo de pessoas, na pri-
meira os participantes se sentaram em cadeiras que possuíam descan-
sos para os braços e na segunda palestra os descansos de braços foram
retirados.

No final de cada palestra foi feita uma pesquisa com os participantes


para saber o grau de fixação do conteúdo. Notou-se que os participantes
que se sentaram em cadeiras sem encostos para os braços, tinham maior
propensão a cruzar os braços e ao cruzar os braços, tinham menor re-
tenção do conteúdo. Da mesma forma os participantes que tinham um
apoio para o braço, tinham menores chances de cruzá-los, então tinham
maior fixação das informações. Isso nos mostra de forma prática a im-
portância da linguagem corporal em nossas vidas.

Outro exemplo é que quando não estamos alinhados ou fechados a


algum assunto, temos a tendência de cruzar os braços, o que nos torna
fechados para a informação. Pessoas que conhecem a linguagem cor-
poral e estão conversando com pessoas que estão de braços fechados,
dão algo para a outra pessoa segurar, fazendo com que seus braços se
descruzem e assim estejam mais abertas a o que tem a ser dito.

Os pés também falam muito, basta reparar que quando estamos con-
versando com uma pessoa, ficamos com os pés apontados para ela, e
quando não estamos a vontade com a conversa, tendemos a apontar um
dos pés para longe da pessoa.

Quando estamos conversando com três pessoas por exemplo, cada


pé das três fica apontado para uma pessoa. Olhando a configuração
dos nossos pés, formamos uma figura como um triângulo. Repare que
quando não estamos a vontade com determinada pessoa da conversa,
tendemos a não apontar nosso pé para ela, de forma a quebrar esse tri-
ângulo.

72
O lugar para onde nossos pés apontam, diz muito sobre o que que-
remos, basta notar que quando estamos prestando atenção em alguma
informação, mesmo que com os pés cruzados, tendemos a apontá-los na
direção do nosso foco. Por falar nisso na linguagem corporal, os pés são
mais sinceros que as mãos ou braços, já que por estarem mais distantes
do cérebro, há menos controle racional sobre eles.

Começando o dia
Se você arrumar a sua cama de manhã, você terá cumprido a primei-
ra tarefa do dia, o que vai lhe dar uma pequena sensação de orgulho e
vai encorajá-lo a fazer outra tarefa. E no final do dia, essa pequena tarefa
cumprida se transformará em várias tarefas cumpridas.

Arrumar a cama também nos mostra que as pequenas coisas da vida


importam e que se não fizermos as pequenas coisas direito, jamais con-
seguiremos fazer as grandes coisas direito.

Se por algum caso tivermos um dia ruim, teremos a certeza que vol-
taremos para a nossa casa sabendo que a nossa cama está feita e que
foi feita por nós. Uma cama feita lhe dá a esperança que amanhã será
melhor.

Arrumar a cama ao acordar nos trás uma sensação de organização,


tão importante no caos em que vivemos e que pode permear todo o
nosso dia caso se transforme em um hábito.

Sinais de uma crise de ansiedade


Durante uma crise de ansiedade, nosso corpo entra em um estado
de luta ou fuga, o que acarreta várias reações químicas que modificam o
nosso funcionamento corporal.

73
Em nosso cérebro, nossa atenção fica voltada ao perigo e as sensa-
ções físicas, então ficamos mais atentos ao que o corpo está sentindo.

Nos pulmões acontece um aumento da frequência respiratória, o que


pode dar uma sensação de sufocamento, como se o ar estivesse faltando,
o que diminui o gás carbônico e aumenta o nível de oxigênio, dando
uma sensação de formigamento e sensação de desmaio.

Nossos músculos recebem mais sangue, o que gera uma tensão mus-
cular, o que muitas vezes é percebido como tremedeiras.

A nossa pele fica com menos sangue o que a torna mais fria, pálida
e com um aumento de suor.

Há uma diminuição da nossa saliva, o que a torna mais viscosa. Te-


mos então uma sensação de boca seca e por vezes sensação de que nossa
garganta está arranhando.

Em nosso coração, há um aumento da frequência cardíaca, o que


aumenta a pressão arterial, o que acarreta uma sensação de palpitação.

Acontece uma diminuição do funcionamento do intestino e estôma-


go, dando dores e sensação de náusea, vômito e queimação que pode
levar a uma diarréia aguda. A liberação de cortisol pelo corpo, faz a
adrenalina aumentar e com a adrenalina alta, o intestino é um dos pri-
meiros órgãos a serem afetados.

Todos essas reações do corpo, são uma resposta de luta ou fuga o


que é igual a uma crise de ansiedade isto é, o corpo está reagindo a uma
ameaça para lutar ou fugir para que tenhamos mais energia para lidar
com esta ameaça.

A resposta de luta ou fuga é algo normal e até saudável para o nosso


organismo, pois nos retira de ameaças reais, o grande problema é que

74
hoje as ameaças, diferentes das ameaças reais, onde um animal nos ata-
cava por exemplo, se transformou em problemas de trabalho ou de re-
lacionamento, que ativam essa resposta de luta ou fuga por vezes várias
vezes ao longo do dia, consome a nossa energia nos deixando cansados
e exaustos.

Segundo o Dr. Marco Antonio Abud algumas coisas precisam ficar


guardadas na mente de quem sofre com ansiedade. É importante sa-
ber que essas sensações são ruins, mas não são perigosas num primeiro
momento, isto é, são sensações ruins que não nos trarão letalidade e
quanto mais lutamos com essas sensações, mais elas pioram. Além disso
possuem um tempo de duração limitada, ou seja, não dura pra sempre.
No caso do pânico por exemplo atinge o seu pico em 10 minutos e pode
durar no máximo 30 minutos.

Monitorar os hormônios
Estudos mostram que o homem de hoje possui metade da testostero-
na do homem da década de 40. Isso se deve entre outros fatores ao estilo
de vida atual, onde temos fobia a luz solar, que em contato com nossa
pele estimula a produção da vitamina D, importantíssima para a nossa
regulação hormonal.

Outro fator importante apontado é que estamos cada vez mais se-
dentários em relação aos nossos antepassados, aumentando assim nosso
percentual de gordura. É sabido que as enzimas chamadas aromatases,
que ficam em nosso tecido adiposo, convertem testosterona em estrogê-
nio, baixando os níveis de testosterona.

Estudos ainda apontam que os produtos embalados em plástico libe-


ram hormônios femininos que a longo prazo desbalanceiam a produção
hormonal do homem. De todos os fatores o que mais contribui para o
desbalanço hormonal é o estresse.

75
O estresse aumenta muito o cortisol, hormônio que nos deixa em
posição de luta ou fuga. Não podemos demonizar o cortisol, mesmo por
que, sem ele não duraríamos algumas horas vivos, porém com a vida es-
tressante e ansiosa de hoje, este hormônio é liberado de forma excessiva
pelo organismo, causando um completo desbalanço em nosso corpo.

Se comparar com nós mesmos


Muitas vezes nós construímos padrões tão elevados, estudando pes-
soas fora da média e que jamais expõem suas fragilidades que achamos
que nós é que estamos pra trás e que o mundo continua avançando en-
quanto nós ficamos pra trás, por maior o esforço que façamos.

Quando nos comparamos com outras pessoas, estaremos sempre


um passo atrás, pois como já foi dito, nós vemos sempre o palco dos
outros, enquanto vivenciamos apenas o nosso backstage.

A melhor forma de nos compararmos é com nós mesmos, olhando


para os desafios passados que superamos e como saímos mais fortes.
Sentindo gratidão pelos momentos de vitória pessoal e lembrando do
esforço para se chegar ali.

Você não está sozinho


Em meio a um falatório mental que não acaba e não chega a conclu-
são alguma, podemos achar que estamos perdendo a sanidade mental,
pois o controle mental que tínhamos em outras fases da vida, pode ter
sido perdido.

Veja, a maioria das pessoas sofrem com ansiedade em maior ou


menor grau. Algumas pessoas são paralisadas pela ansiedade e outras
possuem eventos ansiosos em suas vidas, que podem evoluir ou não,
porém a grande maioria das pessoas, tem problemas em lidar com suas

76
questões internas.

No meio do caminho de autodescobrimento, que dói, estamos acos-


tumados a olhar apenas para o nossos bastidores, enquanto vemos ape-
nas o palco das outras pessoas, achando então que apenas nós temos
problemas.

Pessoas que idealizamos, inclusive psicólogos, também podem so-


frer de ansiedade num grau até mesmo maior que seus pacientes, porém
olhando seu palco, isto é, suas redes sociais, passamos a acreditar que
essa pessoa já possui todas as suas questões resolvidas, o que é uma per-
cepção completamente distorcida da verdade.

Poucas pessoas tem essa oportunidade, porém conhecer a fragilida-


de de pessoas que achamos que são completamente bem resolvidas com
suas questões, nos abre portas para enxergar que perfeição não existe e
que tudo não passa de uma projeção.

Pessoas que falam de amor com propriedade, podem ter dificulda-


de para amar outra pessoa de forma mais íntima ou ter problemas até
mesmo em se amar. Acredite, caso você esteja passando por momentos
desafiadores, você não está sozinho nessa.

A energia do sol
A partir do momento que o nosso corpo se expõe ao sol, a incidência
de raios ultravioleta, provoca uma quebra e liberação de uma substância
chamada 7-dehidrocolesterol que vai para o fígado se transformar em
25-hidróxi-vitamina D e colecalciferol, já nos rins, o corpo irá produzir
o calcitriol ou a vitamina D, que na verdade não se trata de uma vita-
mina.

Hoje já sabemos que a vitamina D na verdade é um hormônio es-


teróide que controla em nosso corpo, mais de 3500 genes. O hormônio

77
D é de extrema importância para o nosso sistema imunológico, produ-
ção de antibióticos naturais e metabolismo da glicose, pois controla a
nossa produção de insulina, sem contar o papel imprescindível no de-
senvolvimento dos neurônios, principalmente nos primeiros meses de
gravidez.

Mães com deficiência de vitamina D por não se exporem adequa-


damente ao sol ou por não suplementarem, geram crianças deficientes
com autismo ou transtorno do déficit de atenção e hiperatividade.

A deficiência de vitamina D na gravidez, também está ligado à baixa


estatura, diabetes tipo 1, retardo do desenvolvimento intelectual, do-
enças autoimunes e várias outras doenças que podem atingir os filhos
dessas gestantes.

Estudos feitos com pessoas que possuem câncer, apontam que em


sua grande maioria, estão com deficiência de vitamina D, assim como
pessoas que sofrem com a depressão.

As pessoas deixam de tomar sol por medo do câncer de pele. A vi-


tamina D é um fator natural potente que nós podemos disponibilizar
ao nosso organismo. Estima-se que se nós dermos a metade da dose
fisiológica de 10.000 UI, ou seja, somente 5.000 UI, nós teríamos uma
redução de 40-50% do número de novos casos de câncer no mundo.

Existem vários fatores que condicionam a síntese cutânea de vitami-


na D, tais como a latitude da zona geográfica, a estação do ano, a hora
do dia, a superfície corporal exposta e duração da exposição, o uso de
protetor solar, a pigmentação da pele, a obesidade e a idade

As profissões em que as pessoas têm mais alta exposição solar, como


pescadores, agricultores, são as pessoas que têm os mais baixos índices
de incidência de melanoma. Então, não é verdade que a exposição solar
aumenta a exposição ao melanoma. É verdade, sim, que ela aumenta a
ocorrência de outros tipos de câncer muito mais benignos que o mela-

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noma, que raramente levam à mortalidade, porque são visualizados e
extraídos a tempo em sua quase totalidade mas, mesmo nestes tipos de
câncer, se a exposição solar fosse adequada, e não houvesse uma expo-
sição solar suficiente para deixar a pele avermelhada, não haveria riscos.

A vitamina D, ou hormônio D, ainda é importante no aumento nos


níveis de testosterona nos homens e atua ajudando no emagrecimento
nas mulheres. Estudos mostram ainda que a suplementação de vitamina
D ou exposição correta ao sol, diminui os sintomas depressivos.

A importância de dormir bem


O sono é essencial para o bom funcionamento do nosso corpo e da
nossa mente, ele afeta a regulação dos nossos níveis hormonais, regula a
nossa frequência respiratória e os nossos pensamentos.

O sono é dividido em cinco estágios, 4 estágios de sono não REM,


isto é, sem o movimento repetido dos olhos e 1 estágio de sono REM,
onde esse movimento acontece.

No primeiro estágio acontece a passagem do estado de vigília para o


sono, onde começa a acontecer a diminuição da nossa atividade mental.

No segundo estágio o sono propriamente dito acontece, com a di-


minuição do tônus muscular, o movimento lento dos olhos de um lado
para o outro, a temperatura corporal diminui e a respiração começa a
ficar mais regular e lenta.

No terceiro e quarto estágios, acontece uma maior redução no pro-


cesso de excitação do cérebro, a frequência cardíaca e a respiração dimi-
nuem, a respiração continua lenta e os músculos relaxam.

Toda essa passagem do primeiro estágio de sono até o quarto está-


gio, acontece num tempo médio de 30 minutos. Após cerca de mais 30

79
minutos no quarto estágio, passamos rapidamente por todos os esdados
novamente e entramos no quinto estágio, chamado de sono REM.

No quinto estágio é onde acontecem os sonhos vívidos e um intenso


relaxamento muscular perdido durante o dia e a temperatura corporal
diminui.

Durante o sono, passamos por todos os cinco estágios, com ciclos


em média de noventa minutos, indo do um ao quatro, do quatro ao um
e passando levemente pelo REM, tendo sua duração aumentada a cada
ciclo.

Os seres humanos passam em média 1/3 de suas vidas dormindo e


o principal motivo é conservar as energias. O corpo humano consome
cerca de 10% a menos de energia quando estamos dormindo, pela queda
dos batimentos cardíacos, respiração etc. Durante o sono acontece tam-
bém a restauração do nosso corpo, onde tecidos se regeneram, as células
sintetizam proteína e os hormônios do crescimento são liberados.

Durante o sono, por meio de um processo chamado plasticidade ce-


rebral, acontece também o rejuvenescimento e reorganização cerebral,
ele repassa e armazena os eventos do dia, ajudando na consolidação das
memórias importantes e descartando os lixos mentais adquiridos du-
rante o dia.

Acontece também uma limpeza de substância tóxicas, para que o


cérebro consiga funcionar da maneira correta, assim como o resto do
nosso corpo.

Se você está passando por problemas de depressão ou ansiedade, re-


pare como está o seu sono. Você está dormindo na hora correta? Está
dormindo a quantidade de horas corretas? Está ficando até tarde na in-
ternet ou vendo televisão e quando se toca já é de madrugada?

Temos uma ideia equivocada de que rotinas são sempre ruins, po-

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rém darmos as horas corretas de sono ao nosso corpo, proporciona uma
melhora gigantesca em nossas vidas. Ganhamos disposição, energia e
assertividade para agir.

Caso você esteja com problemas para dormir, mesmo não comendo
demais, bebendo café ou fazendo coisas que deixam o seu cérebro em
alerta antes de dormir, como mexer no celular ou no computador, existe
um suplemento que pode ajudar, que é a melatonina. A melatonina é
um hormônio produzido naturalmente pelo corpo humano. Também
conhecido como hormônio do sono, uma de suas funções básicas é in-
duzir a pessoa a dormir.

Tenha uma rotina para dormir, estipule horários para deitar e acor-
dar. No início é um desafio, porém com o tempo se transforma em saú-
de, disposição e energia de viver. Não adianta em nada alterar o estilo de
vida para viver melhor sem dar a devida atenção ao sono. Deixe o seu
quarto bem escuro, feche todas as entradas de luz durante a noite. Ape-
nas se atentando ao seu sono, você já irá perceber uma melhora incrível
em sua vida.

Fazer o que deve ser feito


A ansiedade se manifesta muitas vezes, por não estarmos dando pas-
so algum ou imaginando que não estamos dando passo algum em re-
lação aos nossos anseios internos. Nesse sentido, retirar as dificuldades
do caminho e simplesmente começar a fazer o que deve ser feito, ajuda
a diminuir a ansiedade.

Muitas vezes, buscamos prazer imediato, porém prazeres imediatos


vêm rápido e vão rápido. Projetos terminados rápido, geralmente são
rasos e superficiais. Precisamos focar em começar nossos projetos, do
nosso jeito, o caminho nos mostrará se é isso que queremos seguir ou se
devemos desistir logo.

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Nós focamos demais no resultado, acreditando que é o troféu que
fará toda diferença, porém esquecemos que o troféu simboliza um es-
forço. Um troféu ganho, por um esforço mínimo, não tem valor algum.

No final o que fica guardada na memória são os momentos chave, e


muito mais o processo do que o final em si.

Círculo social
Lembre-se que nós somos a média das 5 pessoas com que mais con-
vivemos, parece frase de autoajuda, porém a energia, trejeitos e caracte-
rísticas das outras pessoas, são compartilhadas quando estão próximas.

Se você vive com pessoas negativas e que reclamam demais, isso só


irá piorar seu quadro ansioso e talvez seja a causa dele.

Buscar relacionamentos, não só amorosos, mas que sejam leves e


sinceros, com pessoas positivas e honestas com sigo mesmas trás resul-
tados incríveis em nosso estado mental. Devemos buscar nas pessoas ao
nosso redor, as características positivas que queremos, assim por osmo-
se, acabamos internalizando essas características.

Terapia
Terapia ou psicoterapia refere-se ao tratamento de problemas psico-
lógicos, emocionais e comportamentais. Através de técnicas verbais e
não verbais, o psicólogo ajuda o paciente a refletir sobre suas questões
e a encontrar formas diferentes e criativas de aliviar o seu incômodo
e melhorar seu relacionamento consigo mesmo e com os outros. Ge-
ralmente, o foco da psicoterapia é em mudar pensamentos, emoções e
comportamentos ineficientes e desfuncionais do paciente.

E se você acha que terapia é coisa de rico, saiba que existem tera-

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peutas que praticam preços sociais, de forma a atender pessoas que não
possuem condições financeiras de sobra a ponto de se tratarem.

O principal é saber, que resolvendo ou entendendo as suas questões


internas, você irá viver uma vida mais plena, o que irá se refletir até mes-
mo no seu padrão financeiro, que irá acabar melhorando.

A terapia são encontros regulares que se estabelece com o paciente a


partir de uma busca ou algo que o paciente esteja vivendo, sentindo que
tem algo estranho ou notando que está num looping de pensamentos
ruminativos que não chegam a conclusão alguma e que poderia estar
vivendo de uma forma diferente do que ele está.

Você sabia que até mesmo os terapeutas fazem terapia? Eles são se-
rem humanos e também possuem suas questões a serem resolvidas.

O início de um processo terapêutico é o início de uma busca do pró-


prio paciente, ele trás essa busca ao terapeuta e ele junto com o paciente,
no seu tempo, vai esmiuçando, esclarecendo e procurando sempre uma
melhor qualidade de vida de modo que suas questões internas sejam
enxergadas.

A terapia não possui o propósito de ser algo arrastado e com tempo


longo demais, porém é importante entender, que quando um paciente
chega ao ponto de perceber que precisa de ajuda de um profissional, ele
já acumulou muito lixo mental durante a vida e não é fácil entender e
superar esses desafios de forma tão rápida em pouquíssimas sessões.

Lembre-se que por se tratar de uma busca pessoal, a verdade não


está com o terapeuta, mas o profissional levanta questões que fazem o
paciente refletir sobre suas próprias emoções e sentimentos. Não é dever
do terapeuta julgar ou aplicar a sua verdade para com o paciente, já que
as questões são pessoais e únicas.

A saúde mental está intimamente ligada a saúde física e a saúde físi-

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ca está intimamente ligada a saúde mental. Nesse sentido, alinhando as
questões mentais e deixando elas mais claras, isso se reflete na saúde físi-
ca. Quem nunca ficou com a cabeça tão cheia de pensamentos rumina-
tivos que se sentiu exausto fisicamente? Quando estamos com questões
mentais mal resolvidas, adoecemos com mais facilidade e possuímos
dores pelo corpo com razões emocionais.

Ter um hobby
Um hobby é uma atividade feita por vontade própria em busca de
satisfação e momentos de alegria. Pode ser um esporte, um passeio, uma
arte ou outra atividade que dê prazer a quem a realiza.

Ter um hobby é fundamental para aliviar as tensões e o estresse do


dia a dia de trabalho e ainda ter um momento dedicado exclusivamente
para si mesmo.

Eles podem ser atividades práticas, como cozinhar, tirar fotos, correr
ou praticar algum esporte, ou podem ser intelectuais como ler, escrever
ou assistir a bons filmes.

A preferência vai depender dos gostos pessoais de cada um, só é ne-


cessário ser algo que proporcione entretenimento e distração.

Ter um hobby é ter um escape. Em um mundo no qual os ambientes


de trabalho estão cada vez mais caóticos e os relacionamentos compli-
cados, repletos de cobranças e ciúmes, ter um momento para relaxar e
esquecer-se dos problemas é mais do que necessário.

Muitas pessoas vivem momentos de estresse e ansiedade justamente


por não possuírem uma atividade fixa que lhes cause prazer. O hobby
não pode ser apenas uma opção.

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Redes sociais
As redes sociais nos ajudam a nos conectarmos com quem nós gos-
tamos, nos deixando mais perto de entes queridos e assim facilitando
o contato com pessoas que muitas vezes estariam distantes. Elas tam-
bém nos ajudam no trabalho, a identificar pessoas incríveis que são as
melhores em nossas áreas e mesmo encontrar clientes para as nossas
empreitadas empreendedoras. Não há dúvida que as redes sociais trou-
xeram inúmeros benefícios à nossa sociedade.

Parece inocente, mas uma série de likes pode desencadear bem mais
do que um bom status nas redes sociais. Na verdade, eles servem como
um gatilho para sensações bem reais em nosso corpo, que ajudam a ex-
plicar o motivo de cada vez mais estamos dependentes das tecnologias.

Uma das principais responsáveis por isso é a dopamina, um neuro-


transmissor relacionado ao bem-estar e à recompensa. Ela é a substân-
cia do prazer, e todo mundo quer essa sensação no cérebro. A dopamina
é liberada quando você realiza atividades agradáveis ou quando deseja
muito alguma coisa.

Uma pesquisa realizada pela Universidade do Estado da Califórnia


mostrou que o mesmo sistema acionado pela cocaína é observado em
usuários dependentes do Instagram. Não notamos quando a dopamina
é liberada, mas como sentimos prazer, vamos atrás novamente do que
nos trouxe uma sensação boa.

Um grande problema das redes sociais está no alto nível de compa-


ração a que somos submetidos e que submetemos os outros. Quando
visitamos algum local, muitas vezes deixamos de aproveitar o momento
presente para tirarmos fotos e criarmos a ideia de que somos felizes o
tempo inteiro, o que não passa de uma inverdade. Ninguém é feliz o
tempo todo, na verdade o que se percebe em pessoas que passam muito
tempo nas redes sociais é um nível ainda mais acentuado de infelicida-
de, pois estão o tempo todo se comparando.

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Sua viagem incrível pode inconscientemente se transformar em me-
nos prazerosa quando você ver fotos que parecem ser de uma viagem
ainda melhor de outra pessoa próxima.

Encontrar o equilíbrio entre vida real e vida digital é a base para a


felicidade nos tempos de hoje, escolhendo muitas vezes ser econômico
nas postagens a fim de não supervalorizar as coisas que fazemos. Ao
mesmo tempo precisamos ter a consciência de que a vida digital dos
outros não passa de uma ilusão e que a vida é muito mais normal e sem
glamour do que aparenta.

Algo importante a saber é que perfis com muitos seguidores são de


produtos e não de pessoas, isto é, as próprias pessoas se vendem como
produtos, selecionando a imagem que querem passar para o objetivo
que querem atingir.

A ilusão de que as pessoas são o tempo todo felizes e nossa vida é ba-
nal é tentadora, ficar atento para não funcionar num modo automático,
é o primeiro passo para sair dessa armadilha.

Passado é passado
Precisamos estar cientes que se não temos problemas mentais sérios
de memória, como uma doença neurodegenerativa por exemplo, en-
tão querer esquecer o passado é impossível, ele seguirá nos cutucando
sempre que possível, esfregando certas coisas na nossa cara e até nos
colocando pra baixo em momentos que eram pra ser bons. Mesmo que
o tempo cuide de apagar certas coisas, os resquícios ainda ficarão.

Devemos usar o passado para aprender onde erramos, pois sabendo


dos nossos erros é que conseguimos evoluir, mas lembrando-se sempre
que o nosso passado não nos define.

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Jamais devemos cair no erro de achar que as nossas decepções passa-
das irão nos definir pelo resto da nossa vida, pois elas não irão, a não ser
que nos entreguemos aos nossos pensamentos disfuncionais.

Um grande sinal de maturidade é aprendermos com os nossos erros


e buscarmos ser uma pessoa melhor, sem ficar remoendo o passado ou
mesmo querendo mudá-lo.

Estar presente
Parece óbvio falar que devemos viver o momento presente, já que
como podemos estar num lugar, sem verdadeiramente viver o presente?

Nós vivemos um estado de piloto automático, como se fossemos ro-


bôs, simplesmente reagindo aos estímulos externos. Claro que nós so-
mos seres pensantes, mas não necessariamente somos seres conscientes
do momento presente.

Quantas vezes, ficamos por horas, sem se tocar que estamos num
modo automático, onde nos acostumamos tanto com os afazeres em
nosso dia, que estamos pensando em uma coisa e realizando alguma
outra tarefa num modo sem reflexão ou atenção nas coisas que estão nos
rodeando. Isso acontece muito mais do que podemos imaginar, nossos
pensamentos constantemente vão para longe, nos fazendo perder o que
se passa no agora.

O passado são informações, memórias que nós guardamos, que con-


cretamente não existem mais, por mais que queiramos traze-lo à tona.
Já o futuro, são possibilidades, que como o passado, não são concretas,
ainda não existem e talvez nunca cheguem a existir, ao menos da forma
que imaginamos.

Se pudéssemos escrever todas as ideias que passam em nossas ca-


beças e por vezes nos prendem por minutos ou horas, veremos que são

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na verdade ideias repetitivas que na maioria das vezes não nos levam a
lugar algum.

Viver o momento presente melhora o nosso desempenho e aumenta


a nossa consciência. Quando estamos no presente, nós não julgamos,
apenas sentimos, ouvimos e vemos as coisas como elas são, sem cama-
das adicionais de interpretação, julgamento ou rótulos, mas vendo as
coisas como elas são.

Os rótulos são atalhos que usamos para tomar decisões rápidas com
quantidades mínimas de informação, buscando em nossa base de dados
de preconceitos as informações para rotular as pessoas. Os rótulos desu-
manizam as pessoas, pois as transformam em conceitos, como tímido,
imprudente, desleixado ou desatento.

Para cada rótulo, atribuímos um conjunto de expectativas, onde já


presumimos como cada pessoa deve se comportar. Viver o presente é se
concentrar nas coisas como elas são e experimentar a vida como ela é.

Com o tempo percebemos que as atividades mais valiosas da vida,


demandam prática e para estarmos no momento presente, é preciso
muita prática e atenção plena. Um truque para se estar presente, é sem-
pre que estivermos conversando com alguém e a cabeça começar a fugir
do momento, voltarmos nossa atenção para detalhes da pessoa, como
formato do nariz, olhos, sobrancelhas. Seguindo o mesmo principio,
notar o vento, as cores e formas por onde passamos, nos conectam com
o agora e nos permitem viver o presente de forma mais intensa.

Transitoriedade
Tudo está em constante mudança, acreditamos que as coisas são sóli-
das, imutáveis, porém nos esquecemos que tudo, inclusive nós, estamos
se alterando dia a dia, mesmo que de forma lenta a ponto de não per-
cebermos.

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Já notou que quando passamos muito tempo sem ver uma pessoa
e voltamos a nos ver, ela sempre consegue notar mudanças na gente,
enquanto nós mesmos, às vezes acreditamos que estamos há meses ou
anos sem mudar em nada.

A própria percepção de que a ansiedade existe e que queremos uma


vida sem ela, já é uma mudança interna que muitos passam a vida sem
experimentar. Muitos acreditam que a ansiedade faz parte da gente, po-
rém não somos ansiosos, mas estamos ansiosos.

Nos momentos bons, por vezes estamos imersos em tantas expec-


tativas e desconexão com os momentos, que não curtimos o suficiente.
Nos momentos ruins, nós mergulhamos na dor, ouvindo demais o nos-
so ego.

Nos dois casos, esquecemos que tanto os momentos felizes, como


os tristes são transitórios. Apesar da dor nos consumir, ela em última
análise nos dará aprendizados pra vida.

Muitos em meio a crises de ansiedade escolhem o caminho da raiva,


porém a raiva nos ensina, ela é movida pelo ego. A raiva nos levará ao
caminho reativo, sempre se comparando.

Nós estamos em transição, basta lembrar como os momentos pas-


sados, felizes e tristes (muito mais os tristes) nos ensinaram coisas im-
portantes.

Ter a percepção da transitoriedade nos faz entender que até quem


nos magoa está em transição e vivendo um processo de evolução. Al-
guns evoluem mais rápido, outros demoram mais, porém todos nós es-
tamos no processo.

Nós não somos, nós estamos. Entender que não somos algo, mas
estamos num processo de constante mudança, nos ajuda a perceber

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que nossos erros são transitórios e que quando errarmos, se estivermos
abertos, tiraremos algum aprendizado daquilo, mesmo que na dor, que
é de onde a maioria dos aprendizados vem.

Freud diz: “Não deixei, porém, de discutir o ponto de vista pessimis-


ta do poeta de que a transitoriedade do que é belo implica uma perda de
seu valor. Pelo contrário, implica um aumento! O valor da transitorieda-
de é o valor da escassez no tempo. A limitação da possibilidade de uma
fruição eleva o valor dessa fruição. Era incompreensível, declarei, que
o pensamento sobre a transitoriedade da beleza interferisse na alegria
que dela derivamos. Quanto à beleza da Natureza, cada vez que é des-
truída pelo inverno, retorna no ano seguinte, do modo que, em relação
à duração de nossas vidas, ela pode de fato ser considerada eterna. A
beleza da forma e da face humana desaparece para sempre no decorrer
de nossas próprias vidas; sua evanescência, porém, apenas lhes empres-
ta renovado encanto. Uma flor que dura apenas uma noite nem por isso
nos parece menos bela.”

A beleza de tudo que nos cerca, está ligada ao fato de que nada dura
para sempre e sabendo disso, a vida nos dá a possibilidade de aproveitar
melhor o tempo e deixar que as nossas experiências fluam.

As estações do ano, como Freud nos mostrou, se repetem ano após


ano, girando numa roda de morte e renovação.

A beleza existe em todas as estações, apesar das nossas preferências


pessoais, cada estação possui suas belezas. A natureza possui ciclos e
nós também. Somos os únicos animais com consciência da morte, nas-
cemos, crescemos, nos reproduzimos (formamos família), ficamos ve-
lhos e morremos.

Com o culto a juventude infinita, podemos achar que apenas uma


determinada fase da vida possui sua beleza, e quanto mais envelhece-
mos, mais perdemos as esperanças.

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Estudos científicos mostram que o ser humano passa por um mo-
mento de muita felicidade no início da vida e ela começa a declinar com
o passar dos anos, atingindo o pico por volta dos 45 anos de idade e aí
acontece algo inesperado, ela começa a aumentar novamente.

Há evidências de que os seres humanos em determinado momento


percebem que a vida é isso mesmo, esse misto de desencontros e situa-
ções mal resolvidas, e está tudo bem!

Assim como nas estações, há beleza em todas as fases da nossa vida,


e aprender que não existe uma fase melhor que a outra nos mostra que
em todas há vantagens e desvantagens.

Um jovem não possui a sabedoria de um idoso de 70 anos, nem um


idoso possui a energia do jovem. Não estamos conseguindo enxergar a
beleza que existe nas fases da vida e na sua transitoriedade.

A beleza não perde sua beleza, a beleza se transforma.

Lembre-se sempre, as flores de plástico não morrem. Muitos querem


transformar a vida numa flor de plástico, que possui uma beleza artifi-
cial e não podemos dizer se ela possui 10, 20 ou 30 anos de idade. É isso
mesmo que buscamos para nossas vidas? Uma vida fake?

Se todas as coisas não fossem mutáveis, um tédio infinito tomaria


conta do nosso corpo e sem movimento não há beleza. As luzes de natal
só são belas pois acontecem apenas num determinado ponto do ano,
caso fossem eternas, seriam ou bregas, ou desnecessárias.

Quando nos conhecemos, começamos a nos achar


interessantíssimos
O que acontece é que conforme vamos ficando mais velhos, vamos
nos esquecendo dos momentos que fizeram nosso coração bater mais

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forte, que sentimos o frio na barriga de nos arriscar para o desconheci-
do e inovamos em meio ao caos. É natural que nosso cérebro não se re-
corde mais com tantas cores de momentos que aconteceram há 5 ou 10
anos atrás, mas se fizermos uma força, conseguiremos sim nos lembrar
dessas loucuras que dão brilho a tudo.

Guardando as proporções, todos nós temos esses momentos, o pro-


blema é que o tempo é implacável e nossa memória vai se esquecendo e
em meio a rotina, acreditamos de verdade que nossa vida é e sempre foi
uma repetição, o que não é verdade.

Todos nós possuímos qualidades, algo que fazemos bem e que rece-
bemos elogios. A grande questão é que parece que pegamos esses elogios
e jogamos no lixo, como se fossem obrigações da vida e amplificamos
nossos erros como se eles devessem ser passados num telão em nossas
cabeças com uma grande exclamação amplificando tudo.

A meditação é tão importante pois conseguimos observar nossa vi-


vência do presente como um presente e que a vida é isso mesmo, com
coisas boas e ruins. Nós nada mais somos que um ser inserido nela, com
todas as imperfeições e qualidades que nos fazem únicos.

Coincidências não existem


Quantas vezes pensamos em alguém e alguns minutos depois, es-
barramos com essa pessoa na rua, ou então recebemos uma mensagem
dela? Nós não conseguimos assumir, que de alguma forma nós temos
responsabilidade sobre a atração que exercemos sobre a atração dessa
pessoa, então colocamos o título de coincidência.

Quantas vezes vibramos energias ruins reclamando, resmungando e


parece que começamos a atrair coisas e pessoas que estão na mesma fre-
quência? Ou então mesmo acontecendo coisas positivas, mas estamos
fechados e cegos para ver o que está acontecendo de bom.

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Podemos achar que no momento presente nada faça sentido, porém
somente olhando pra trás, percebemos o por que de experiências de 10
anos atrás, apenas hoje parecerem ter sido exatamente o que precisáva-
mos para o nosso desenvolvimento.

Todos os momentos em que nós atribuímos ao acaso ou a sorte que


acontecem no nosso dia a dia, nada mais são que consequências vibra-
cionais, isto é, se nossos pensamentos e ações emitem determinada fre-
quência energética e puxam ou repelem, tudo aquilo que tendemos a
pensar, então toda vibração que damos ao universo, ele nos retorna por
meio de experiências, mesmo que não consigamos visualizar a conexão
de forma imediata e óbvia.

O termo coincidência se dá, quando vemos algo que não consegui-


mos explicar de uma forma racional, então preferimos atribuir os acasos
a aleatoriedade.

Aquilo que nós vivemos em termos de experiências, são consequên-


cias ou respostas do universo à vibração que emitimos ao longo do dia,
isso se dá tanto para vibrações positivas ou negativas.

Quando tiramos a aleatoriedade e passamos a acreditar na energia


que emitimos, entendemos que somos cocriadores da nossa realidade,
e nos tornamos muito mais responsáveis pelos nossos pensamentos e
ações, já que agindo de forma amorosa, atrairemos pessoas amorosas,
agindo de forma alegre, atrairemos pessoas alegres e agindo de forma
ansiosa, atrairemos pessoas ansiosas.

Liberdade vs obsessão
Muitas vezes confundimos liberdade com obsessão, achamos que só
por que possuímos liberdade, precisamos fazer a todo momento coisas
que nos deixam alegres, sob o risco se sermos infelizes. A liberdade está

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justamente em poder fazer determinada coisa e escolher não fazer, pois
não é o momento ou determinada coisa não lhe agrada.

Quantas vezes nos submetemos a ir a locais que não gostamos e nos


sentimos traindo a nós mesmos, pois forçamos algo que não deveria ser
forçado.

A obsessão acontece quando buscando um prazer imediato e muni-


do da liberdade para agir, nos pegamos fazendo a mesma coisa repetidas
vezes com o intuito de manter o prazer sempre elevado. Isso retira boa
parte do prazer em fazer determinada atividade, pois se torna um ato
compulsório de prazer e nesse sentido, até mesmo a liberdade é perdida.

Saber ficar sozinho


Você acorda pela manhã e se olha no espelho, geralmente com cara
amassada e com uma aparência que não atrairá nem a paixão mais louca
desse mundo. A primeira imagem do seu dia, pode ser você, com uma
aparência desorganizada tendo que vestir todos os seus escudos e pegar
suas armas internas para mais um dia.

A vida é tão complexa que muitas vezes preferimos fugir de nós mes-
mos e jamais ficar sozinhos. Hoje com as redes sociais, ficar sozinho, ter
seu momento, é encarado como solidão, já que todos estão na correria
frenética de fazer tudo, estar com todo mundo e ser feliz o tempo intei-
ro. Afinal o que vão pensar de uma pessoa que tira tempo pra si mesma
e além disso aproveita a liberdade que é curtir a própria companhia?

Às vezes nos pegamos sempre em companhia de outras pessoas, pois


nossa voz interna é tão alta e por vezes cruel, que queremos abafá-la
com as vozes de outra ou outras pessoas.

Só no silêncio, nos ouvindo, deixando nossos pensamentos irem e


fluírem, sem apego, é que nos descobrimos interessantes. Até nossas di-

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ficuldades se tornam um charme, já que é óbvio que queríamos que elas
fossem logo superadas, mas sabemos que todos temos um tempo, que
difere de pessoa pra pessoa.

Quando começamos nossa jornada de ficar sós, nossas vozes inter-


nas gritam por atenção e cuidados e o grande segredo é que a maioria
desses pensamentos, caso forem negativos, não possuem fundamentos,
é preciso continuar com a cabeça de que preenchimento é interno. Nes-
sa busca por não estarmos sós, nos esquecemos de nós mesmos, e quan-
do nos esquecemos de nós mesmos, em algum momento a conta chega.

Curtir a própria companhia, buscar as coisas que ama, mesmo que


seja ficar no conforto do sofá assistindo a um filme ou série pode ser
libertador.

Usar as palavras certas


Usar a palavra difícil, só torna as coisas realmente difíceis ou até
mesmo impossíveis. Quando estamos diante de um obstáculo e dize-
mos para nós mesmos que ele é difícil, automaticamente nossa mente
liga o modo de luta ou fuga. Dependendo do seu momento de vida, ele
irá escolher pela reação de fuga (mesmo tendo que resolver o obstáculo
de qualquer forma, como um grande projeto onde você trabalha). Em
milésimos de segundo, seu corpo liberará o hormônio chamado corti-
sol, que automaticamente te deixará estressado. É preciso lembrar que
na natureza há milhões de anos atrás, não existiam papelada, ou redes
sociais e o cortisol era utilizado apenas nos momentos de verdadeiras
lutas ou fugas.

Experimente trocar a palavra difícil por desafiador. “Nossa esse pro-


jeto será desafiador”. Ao encarar as coisas complexas como desafiadoras,
o nosso corpo continua em modo neutro e não ativa o cortisol. Enca-
rando as questões diárias como um desafio, ficamos munidos de uma
sensação de poder e que deveremos utilizar esse poder para a resolução

95
da questão.

Desejo vs felicidade segundo o budismo


A figura central do budismo não é um Deus, e sim um ser humano,
Sidarta Gautama. De acordo com a tradição budista, Gautama era her-
deiro de um pequeno reino próximo aos Himalaias, em algum momen-
to por volta de 500 a.C. O jovem príncipe ficou profundamente abalado
com o sofrimento que viu à sua volta.

Ele viu que homens e mulheres, crianças e velhos; todos sofriam não
só de calamidades ocasionais como guerras e pragas, mas também de
ansiedade, frustração e descontentamento, que pareciam ser parte inse-
parável da condição humana. As pessoas almejavam riquezas e poder,
adquirem conhecimento e posses, geram filhos e filhas e constroem ca-
sas e palácios, mas, não importa o que consistem, nunca estão contentes.

Os que vivem na pobreza sonham com riquezas. Os que têm 1 mi-


lhão querem 2 milhões. Os que tem 2 milhões querem 10. Mesmo os
ricos raramente estão satisfeitos. Eles também são assombrados por pre-
ocupações e angústias incessantes, até que a doença, a idade avançada e
a morte lhes dão um fim amargo. Tudo o que foi acumulado desaparece
como fumaça. A vida é uma corrida desenfreada e sem sentido. Mas
como escapar disso?

Aos 29 anos, Sidarta fugiu de seu palácio no meio da noite, deixando


para trás sua família e posses. Ele viajou por todo o norte da Índia como
um errante, procurando uma forma de se livrar do sofrimento. Visitou
gurus, mas nenhum o libertou totalmente, sempre restava alguma insa-
tisfação.

Resolveu então investigar o sofrimento por conta própria, até que


descobriu um método para a libertação total. Passou seis anos meditan-
do sobre a essência, as causas e as curas das angústias humana. No fim,

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chegou à conclusão de que o sofrimento não é causado por má sorte,
por injustiças sociais ou por caprichos divinos. Na verdade, o sofrimen-
to é causado pelos padrões de comportamento da nossa própria mente.

O que Sidarta compreendeu é que não importa o que a mente ex-


perimente, ela geralmente reage com desejo, e o desejo sempre envolve
a insatisfação. Quando a mente experimenta algo desagradável, deseja
se livrar da irritação. Quando experimenta algo agradável, deseja que
o prazer permaneça e se intensifique. Desse modo, a mente está sem-
pre insatisfeita e inquieta. Isso fica muito claro quando experimentamos
coisas desagradáveis, como a dor.

Enquanto a dor persiste, estamos insatisfeitos e fazemos tudo que


está a nosso alcance para evitá-la. Mas mesmo quando experimentamos
coisas agradáveis nunca estamos contentes. Tememos que o prazer de-
sapareça, ou esperamos que se intensifique. As pessoas sonham durante
anos em encontrar o amor, mas raramente ficam satisfeitas quando o
encontram. Algumas temem que o parceiro as deixe, outras sentem que
se contentaram com pouco e que poderiam ter encontrado alguém me-
lhor. E todos conhecemos pessoas que conseguem sentir as duas coisas
ao mesmo tempo.

Podemos ter saúde, e coincidências podem nos transformar em mi-


lionários, mas nada disso pode mudar nossos padrões mentais elemen-
tares. Por isso, até mesmo os maiores reis estão condenados a viver em
agonia, fugindo constantemente da tristeza e da angústia, o tempo todo
indo atrás de prazeres maiores.

Sidarta encontrou um meio de escapar desse ciclo vicioso. Se, quan-


do sentir algo mais agradável ou desagradável, a mente simplesmente
entender as coisas como são, não haverá sofrimento. Se você sentir tris-
teza sem desejar que a tristeza desapareça, continuará a sentir tristeza,
mas não sofrerá com isso. Com efeito, pode haver riqueza na tristeza. Se
você vivenciar a alegria sem desejar que a alegria perdure e se intensifi-
que, continuará a sentir alegria sem perder a paz de espírito.

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Mas como fazer com que a mente aceite as coisas como são, sem
desejar? Aceitar a tristeza como tristeza, a alegria como alegria, a dor
como dor? Sidarta desenvolveu um conjunto de técnicas meditativas
que treinam a mente para experimentar a realidade tal como é, sem de-
sejos. Essas práticas nos ensinam a focar toda a atenção na pergunta
“O que estou sentindo agora?” em vez de “ O que eu preferiria estar
sentindo?”. É difícil alcançar esse estado de espírito, mas não impossível.

Sidarta baseou essas técnicas de meditação em um conjunto de re-


gras éticas para ajudar as pessoas a se concentrarem na experiência real
e a evitarem cair em desejos e fantasias. Ele instruiu seus seguidores a
evitarem o assassinato, o sexo promíscuo e o roubo, já que tais atos ne-
cessariamente alimentavam o fogo do desejo (de poder, de prazer sen-
sual, ou de riqueza). Quando as chamas estão completamente extintas, o
desejo é substituído por um estado de perfeito contentamento e sereni-
dade, conhecido como nirvana (cujo significado literal é “a extinção do
fogo”). Aqueles que alcançaram o nirvana se libertaram totalmente de
todo sofrimento. Eles vivenciam a realidade com clareza absoluta, livres
de fantasias e ilusões. Embora muito provavelmente ainda encontrem
desprazer e dor, essas experiências não lhes causam sofrimento. Uma
pessoa que não deseja não sofre.

De acordo com a tradição budista, o próprio Sidarta alcançou o nir-


vana e se libertou totalmente do sofrimento. Daí em diante, ficou co-
nhecido como “Buda”, que significa “o iluminado”. Buda passou o resto
da vida explicando suas descobertas para outros, para que todos pu-
dessem se livrar do sofrimento. Ele condensou seus ensinamentos em
uma única lei: o sofrimento surge do desejo; a única forma de se livrar
totalmente do sofrimento é se livrar totalmente do desejo; e a única for-
ma de se livrar do desejo é ensinar a mente a experimentar a realidade
tal como é.

Essa lei, conhecida como Dharma ou dharmma (significa “Lei Natu-


ral” , “Realidade” ou “vida” no modo geral. Com respeito ao seu signifi-

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cado espiritual, pode ser considerado como o “Caminho para a Verdade
Superior”). Os budistas são pessoas que acreditam nessa lei e fazem dela
o sustentáculo de todas as suas atividades.

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Obrigado e nunca se esqueça:

Respire. Fique no presente.

Email: dangmoura@gmail.com
Instagram: @danilomourah

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