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reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito dos editores.
Apresentação
Conduza a conversa
Valide a outra pessoa
Estruture o problema
Faça perguntas e escute
Busque um consenso
Adapte e reequilibre
Estabeleça compromissos
Dando seguimento
Como você se saiu?
Anote suas impressões
Faça um acompanhamento por escrito
Mantenha seus compromissos
Saiba mais
Fontes
Apresentação
J Á FAZ UM TEMPO que você vem adiando uma conversa difícil. Talvez
esteja se sentindo incompreendido ou injustiçado. Pode ser que
esteja envolvido em um conflito de personalidades ou tenha objetivos
incompatíveis com os de um colega. Talvez precise dar más notícias e
esteja com medo da reação da pessoa.
Qualquer que seja a sua situação, você tem que dar um jeito de
abordar a questão para poder seguir em frente. Este livro o ajudará a
desenvolver as habilidades necessárias para transformar uma
conversa desafiadora em um diálogo produtivo. Aprenda a:
Conflito de interesses
Seu papel na organização influencia o que você quer alcançar em
uma situação conflituosa. Por exemplo, se você é o gerente de
marketing cuidando de uma grande atualização de produto, sua
prioridade provavelmente é respeitar todos os prazos de
implementação. Seu colega na área de produção, por outro lado, vai se
concentrar em atender exigências de design. É claro que, para
entregar um produto importante, é necessário tanto atender a
especificações de qualidade quanto cumprir cronogramas. É natural
que esses interesses diferentes gerem atrito de vez em quando.
Você pode achar difícil falar sobre eles porque toda pessoa tende a
se entrincheirar na própria posição (“Precisamos melhorar a
qualidade das entregas” contra “Precisamos reduzir os custos em
5%”). Também pode haver conflito de interesses quando questões
pessoais, como compromissos familiares ou problemas de saúde, vão
de encontro aos compromissos de trabalho. Conscientizar-se dos
fatores que afetam a abordagem de cada pessoa em relação ao projeto
em questão nos permite encontrar maneiras de conciliá-los.
TABELA 1
Exemplo de diferentes estilos de trabalho
Experiência Você tem anos de experiência. Ele não está há muito tempo no
de vida emprego, portanto está
tentando deixar sua marca.
Valores Você se importa mais com qualidade e Ele se importa mais com
essenciais integridade. inovação e ação.
Falta de confiança
Abordar um assunto delicado ou trabalhar com alguém em um
projeto repleto de disputas não é fácil, e certamente é ainda pior se os
envolvidos não têm uma relação de confiança.
Os estilos de trabalho das pessoas costumam ter um efeito sobre a
capacidade delas de desenvolver confiança. Se um membro da equipe
deseja elaborar com calma um plano detalhado e o colega quer apenas
dar prosseguimento ao projeto, pode ser difícil que os dois
estabeleçam uma conexão. Pequenos gestos de respeito e
consideração pela opinião do outro também contribuem muito para
que as diferenças sejam superadas.
No entanto, a confiança consiste em mais do que personalidades
ou estilos de trabalho compatíveis. Costumamos dar mais crédito a
pessoas com quem temos interesses e experiências em comum.
Interações anteriores positivas, como ter feito parte de uma equipe
que entregou um projeto bem-sucedido, podem desenvolver
confiança. Por outro lado, se as interações foram difíceis ou se seu
colega está em posição de poder, é mais provável que você fique na
defensiva. Além disso, o contexto em que você se encontra muitas
vezes determina seu grau de confiança (uma apresentação em uma
sala de reuniões gera mais formalidade e distanciamento do que um
almoço). E, às vezes, dependendo da situação, você pode se sentir
vulnerável e, portanto, menos propenso a interagir proativamente.
Como decidir
Motivo Ação
Você teme Reconheça que, apesar de desconfortáveis, conflitos são inevitáveis e uma
conflitos parte corriqueira da vida profissional. Olhar para o que está ocorrendo
superficialmente pode ajudar você a se concentrar na causa fundamental e
reduzir seu desconforto.
Você nega que Pense em suas relações no local de trabalho. Perceba quem parece tenso,
exista um frustrado ou improdutivo. Considere que esses fatores negativos estão
problema impedindo você de dar o melhor de si e de colaborar com eficiência.
Você tem certeza Seu objetivo não é mudar ninguém nem atribuir culpa. Você quer melhorar
de que a outra suas interações e pode fazer isso ajustando seu modo de pensar e
pessoa não modificando seu comportamento.
mudará
Você acha que Avalie se os benefícios de uma situação melhorada são maiores do que os
pode contornar o riscos de abordar o problema. Se não forem, observe suas interações; você
problema pode precisar rever sua abordagem.
Você acha que o A maioria dos problemas não desaparece do nada. Se forem ignorados,
problema será podem piorar. Envolver-se em uma conversa habilidosa pode aproximar
solucionado por você de uma solução positiva.
conta própria
Tome a iniciativa
Como são necessárias no mínimo duas pessoas para que haja uma
conversa, é contraintuitivo pensar que uma sozinha mudará o
resultado. Mas é perfeitamente possível que apenas um indivíduo
baste para começar. Não importa até que ponto uma relação pareça
tóxica: com consciência e disciplina, todos têm a capacidade de
mudar o comportamento. Ao começar a pensar de outra forma, você
aumenta muito as chances de ter uma conversa construtiva, mesmo
quando precisa dar más notícias. Quando examinar seus
pensamentos, pressuposições e emoções, você logo perceberá como
sua visão original do problema foi transformada. Você se tornará um
agente da mudança em vez de uma vítima das circunstâncias.
Até agora, todo o nosso trabalho foi introspectivo: compreender a
causa fundamental do problema e as camadas de emoções que você
está sentindo. No capítulo seguinte, veremos como aumentar seu foco
para incluir o que está ocorrendo com seu colega. Você aprenderá a
planejar uma conversa que atenda não apenas às suas necessidades,
mas também às da outra pessoa – e às da organização como um todo.
Prepare-se
para a conversa
desafiadora
Prepare-se para a
conversa desafiadora
Os Além da minha raiva, fico com inveja Sinto-me isolada e insegura porque
sentimentos do sucesso dela e me sinto ameaçado meus colegas de trabalho não são
por ele. receptivos.
Quais interesses subjacentes estão em jogo para mim? E para meu colega?
Estruture o problema
Você reconheceu que o tempo da sua colega é valioso. Agora,
reforce sua abordagem respeitosa descrevendo, em poucas palavras, o
problema através da sua perspectiva. Observe a linguagem corporal
dela enquanto você fala. Se parecer surpresa ou desconcertada por
algo que você disser, faça uma pausa para explicar em detalhes suas
suposições. Pergunte se você não percebeu ou se interpretou mal
alguma coisa. Mantenha seu tom neutro e sua linguagem corporal
aberta: o objetivo é estabelecer um diálogo construtivo, não marcar
pontos. Seguem algumas orientações para descrever sua versão do
problema:
Use “eu”
Kate: Você tem razão, essa tensão existe. Também consigo senti-la.
Você: Estou preocupado com essa situação. Vejo que a tensão entre
nossos departamentos está afetando meu ânimo e o da equipe.
Quero trabalhar em função da equipe e estou comprometido a
entregar um ótimo produto. Sei que nas reuniões de
acompanhamento não tenho concordado com prazos interme-
diários, mas é que, se eu fizer promessas que não poderei cumprir,
decepcionarei a todos, e isso refletirá mal sobre o departamento de
design e o projeto. Fico sentindo que minha credibilidade está em
risco.
Busque um consenso
Sabemos que a fonte de um problema muitas vezes são interesses
conflitantes ou visões diferentes dos fatos relevantes. Ao indicar onde
seus interesses e os do seu colega se alinham, você abrirá um terreno
fértil para a discussão.
Victor e Nina têm pelo menos um interesse em comum: ambos
querem preencher rapidamente a vaga solicitada por ela. Para deixar
isso claro, Victor diz, sem sarcasmo: “Acredite em mim, quanto mais
rápido eu conseguir essa pessoa, mais feliz ficarei. Então só precisarei
me preocupar com as outras oito!” Isso torna o clima mais leve e
começa a construir pequenas conexões entre os dois pontos de vista.
Victor também destaca outros interesses em comum, tais como
atingir metas trimestrais: “Minha meta é ter um número tal de vagas
preenchidas, enquanto a sua é alcançar certa quantidade de novas
contas. Conseguir alguém para ocupar essa vaga contribui para
atingirmos nossos objetivos.” Victor depois pede a Nina que
compartilhe suas ideias sobre a melhor maneira de colaborar para
preencher a vaga. Ela fornece um perfil de candidato mais detalhado e
enfatiza metas a serem incluídas na descrição do cargo. Explora a
possiblidade de expandir a faixa salarial e incluir um componente de
desenvolvimento profissional explícito. Victor ficará mais propenso a
atrair candidatos ambiciosos e bem qualificados destacando essas
oportunidades.
Adapte e reequilibre
Apesar das suas melhores intenções e de uma preparação
cuidadosa, diálogos na vida real raramente transcorrem de acordo
com o planejado. A qualquer momento no decorrer da conversa você
pode ser surpreendido por algo que seu colega diz ou pela forma dele
de dizê-lo. Também pode descobrir que suas próprias emoções se
inflam, gerando confusão ou uma forte reação interior de raiva ou
constrangimento que impele você a querer atacar seu colega ou a,
furioso, abandonar a reunião. Você pode recuperar a compostura e
voltar aos eixos prevendo algumas reações possíveis. Aqui seguem
algumas dicas para gerenciar cenários comuns que podem distraí-lo:
Você fica com raiva. Por mais que você tente ser diplomático, seu
colega pode reagir de modo rude a algo que você diga. Se a outra
pessoa comentar “Eu não esperava nada muito melhor de você”,
você provavelmente ficará irritado. Em momentos como esse, não
morda a isca, apenas respire fundo. Se ainda assim quiser dar o
troco, respire fundo outra vez. Pode ser que sua raiva diminua. É
provável que se lembre das suas intenções e volte a conduzir a
conversa de maneira positiva. Se precisar de mais tempo para
reequilibrar suas emoções, peça um adiamento da conversa:
“Nossa! Estou me sentindo muito reativo agora e acho que o que
quer que eu diga ou faça não melhorará a situação. Que tal nos
reunirmos amanhã de manhã no mesmo horário?”
A outra pessoa fica com raiva. Você não pode controlar as reações
do seu interlocutor, mas pode fazer isso consigo mesmo. Fique
calmo e mantenha um tom neutro. “Parece que isso está
despertando sentimentos intensos em você. Pode me ajudar a
entender por quê?” Se seu colega conseguir explicar, ele
provavelmente vai esfriar a cabeça no processo. Se isso não
acontecer, pergunte se ele quer interromper a conversa por
enquanto e se reunir em outro momento. Deixe que ele decida.
Estabeleça compromissos
À medida que a conversa avança, você já terá encontrado maneiras
de resolver o problema em questão. Agora é a hora de conferir quais
devem ser implementadas e julgá-las. As soluções vão variar muito de
acordo com as especificidades de sua situação. Alguns problemas são
tão complicados ou já estão tão enraizados que o máximo que você
pode esperar na primeira conversa é chegar a um acordo para
conversar novamente. “Gostei da nossa conversa. Eu queria refletir
sobre o que aprendi e trocar ideias de novo daqui a alguns dias. Você
estaria aberto a isso?”
Às vezes, você pode fazer mais que isso: “Nós concordamos em
compartilhar atualizações quinzenais para nos assegurarmos de que
estamos mostrando ao cliente uma frente unida.” Se conseguir
terminar a conversa com pelo menos outro compromisso agendado
com a pessoa e um acordo mútuo sobre o próximo passo a ser dado,
você terá feito um progresso real. Você conduziu a conversa com
sucesso. Agora precisa assegurar esse progresso dando seguimento
aos acordos entre vocês.
Dando seguimento
Dando seguimento
Demonstrei respeito?
Eu Ela
Linguagem Eu me senti quente, fiquei rígido. Fechada no começo, depois mais
corporal Aos poucos, fui ficando mais calmo. relaxada e aberta. Sorrisos ocasionais.
Tentei sorrir, mas não foi espontâneo.
Objetivos Iniciei com um pedido de aumento. Não respondeu sim nem não, mas disse
declarados Tentei manter o foco nisso, mas será que estava olhando para o
que perdi o fio da meada? departamento como um todo.
Perguntas Não perguntei quais seriam as Perguntou por que eu achava que
feitas ou mudanças no departamento que ela deveria receber um aumento, mas não
esquecidas estava considerando nem por quê. fez mais perguntas sobre o assunto.
Escutar Tão nervoso e afobado que tive Manteve contato visual e parecia estar
dificuldade em me concentrar no que escutando.
ela dizia.
Lições rápidas
David, Susan. “Manage a Difficult Conversation with Emotional
Intelligence”. HBR.org, 19 de junho de 2014.
Conflitos não podem ser resolvidos apenas com lógica: você
também precisa tratar do turbilhão de emoções. Este artigo prático,
cuja autora é especialista em coaching, mostra como abordar um
conflito com mais inteligência emocional. Você aprenderá a
reconhecer as emoções envolvidas, a compreender por que elas
existem, a avaliar seu impacto e a desenvolver estratégias para
administrá-las.
Livros
Halvorson, Heidi Grant. No One Understands You and What to Do
about It. Boston: Harvard Business Review Press, 2015.
Halvorson apresenta as diversas perspectivas que influenciam suas
interações cotidianas e explica que compreendê-las ajudará você a se
comunicar com mais clareza. O trabalho dela é baseado em décadas
de pesquisas em psicologia e ciências sociais. Com seus conselhos,
você será capaz de transmitir mensagens e melhorar suas relações
pessoais e sua autenticidade.
Clássicos
David, Susan e Christina Congleton. “Emotional Agility”. Harvard
Business Review, novembro de 2013.
Sabemos que a capacidade de gerenciar os pensamentos e os
sentimentos dos outros – a agilidade emocional – é essencial para os
negócios, mas como desenvolvemos isso? As coaches executivas Susan
David e Christina Congleton apresentam métodos práticos para
abordar suas emoções de forma consciente e produtiva. Você
aprenderá a reconhecer seus padrões, a rotular seus pensamentos e
emoções, a aceitá-los e a agir de acordo com seus valores.
Compreendendo como prever e solucionar problemas, você
desenvolverá agilidade emocional para lidar de modo bem-sucedido
com conversas difíceis.
DeSteno, David. “Who Can You Trust?”. Harvard Business Review,
março de 2014.
É mais fácil resolver um problema por meio de uma conversa
desafiadora no trabalho se você tiver confiança em seu colega. Esse
artigo baseia-se em pesquisas para demonstrar como funciona a
confiabilidade e apresenta quatro pontos para manter em mente na
próxima vez que estiver decidindo se deve ou não confiar em um novo
parceiro: integridade pode variar, o poder de fato corrompe,
segurança costuma mascarar incompetência e está tudo bem em
confiar nos próprios instintos. Você também aprenderá técnicas para
melhorar e cultivar a confiança dos outros em você. Você se
beneficiará não apenas de conversas menos estressantes, mas também
de relações enriquecidas em todas as áreas de sua vida profissional.
sextante.com.br