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RESUMO
Introdução
O processo de envelhecimento
Envelhecimento mundial
Em todo o mundo, o número de pessoas com 60 anos ou mais (idosos) está crescendo
mais rapidamente do que o de qualquer outra faixa etária. Pode-se dizer que a população está
envelhecendo, devido a inúmeros fatores, tais como: melhores condições médico-sanitárias,
substanciais diminuições das taxas de fecundidade (planejamento familiar) e de mortalidade, e
consequentemente, à redução do número de jovens, e ao aumento da população idosa
(Organização Mundial de Saúde, 2005).
De acordo com Freitas et al., (2012) a evolução em 100 anos (1900–2000) da
expectativa média de vida nos EUA de 49 para 76,5 anos, segundo dados da Federal
Interagency Forum on Aging-Related Statistics (2000) e, em Portugal, a esperança média de
vida aumentou de 66.7 para 82.2 anos, sexo feminino, e de 61.1 para 75.9 anos, sexo
masculino, conforme dados da European Commission (2010).
Quanto à escala mundial, Spar e La Rue (2002, apud FREITAS, 2012) mencionam que
o número de pessoas com mais de 65 anos (idade a partir da qual a pessoa é considerada idosa
nos países desenvolvidos) aumentou de 10 a 17 milhões, em 1990, para 342 milhões, em
1992. A estimativa para 2050 é de aproximadamente 2,5 bilhões, 20% da população total,
dado este de extrema relevância em termos assistenciais e de saúde pública a nível mundial,
devido ao drástico aumento das taxas de incidência e prevalência das demências na idade
avançada.
Envelhecimento no Brasil
No Brasil, estima-se que, em 2050, para cada 100 crianças brasileiras de 0 a 14 anos,
haverá 172,7 idosos. Em 2060, a população idosa deve passar de 58,4 milhões e o país será o
sexto país do mundo em população de idosos. A expectativa média de vida do brasileiro deve
aumentar de 75 para 81 anos (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2013).
Existem no Brasil medidas e leis que têm por objetivo a proteção dos idosos. Essas
estão presentes na Constituição Federal de 1988, na Política Nacional do Idoso de 1994 e no
Estatuto do Idoso de 2003. Seu maior objetivo é fornecer aporte para defender a dignidade
dos idosos, zelando por seu bem-estar e garantindo o seu direito à vida. Em todas elas, é
constante a afirmação de que a responsabilidade para o suporte aos idosos é solidária entre a
família, o Estado e toda a sociedade. Entretanto, apesar de prestar alguns serviços básicos de
saúde para a população de terceira idade, com a estimativa do aumento considerável do
número de idosos, a cobertura dos serviços prestados permanecerá insuficiente sobretudo, em
se tratando de serviços e alojamentos para cuidados de longa duração, centros de recreação,
serviços de atenção integral não cobertas pelos planos de saúde, e que por isso são restritos a
setores de níveis socioeconômicos mais altos. (KARSCH, 2003).
O fenômeno do envelhecimento populacional no Brasil tem levado a uma
reorganização do sistema de saúde, pois essa população exige cuidados que são um desafio,
devido às doenças crônicas que apresentam, além do fato de que incorporam disfunções nos
últimos anos de suas vidas (NASRI, 2008).
Demência Vascular
A demência vascular é um quadro demencial causado por DCV associado a grandes
lesões tromboembólicas, lesões pontuais, doença de biswanguer e acidente vascular cerebral
hemorrágico, se difere da DA se houve AVC prévio e sintomas neurológicos focais. Segundo
Edgar Nunes de Morais e Maria Aparecida Bicalho(Teixeira,Antônio L et al ,2017) a DV é a
principal forma de demência secundária , uma doença progressiva que compromete as
habilidades cognitivas, por redução de fluxo sanguíneo no cérebro . São precedidos por um
declínio cognitivo sem comprometimento da funcionalidade , o CCLv, comprometimento
cognitivo leve vascular.
De acordo com os autores para satisfazer o diagnóstico de demência deve existir
comprometimento cognitivo em múltiplos domínios, que inclui memória, atenção e
velocidade, planejamento, tomada de decisões, flexibilização mental, julgamento,
aprendizagem, percepção e visuoconstrução, esquema corporal e cognição social. Esse
comprometimento é responsável pela dificuldade no desempenho das atividades diárias. Faz-
se necessária a presença de sinais e sintomas neurológicos ou neuroimagem demonstrando a
presença de DCV, onde as lesões vasculares devem incluir áreas corticais e estruturas
subcorticais associativas ou límbicas-paralímbicas, determinando sinais clínicos cognitivos
e /ou comportamentais heterogêneos.
Utilizam-se a tríade demencial da DV para elaboração diagnóstica: síndrome
demencial (comprometimento da memória e/ou função executiva), causa vascular (pós-ictus
ou isquemia subcortical) e relação adequada (temporal e funcional).
Demência Frontoremporal
Depressão Geriátrica
Avaliação Neuropsicologica
Funções Avaliadas
Instrumentos Validados
Segundo Marta Camacho, 2012, a maior parte das avaliações em adultos idosos tem
como motivo identificar perfis cognitivos associados a doenças neurológicas que afetam
predominantemente o adulto idoso, particularmente quadros demenciais e acidentes
vasculares cerebrais. Mesmo parecendo simplista, a avaliação neuropsicológica definirá o
direcionamento terapêutico inicial. Existe cada vez mais um maior número de instrumentos de
avaliação especificamente desenhados para estas perturbações bem como dados normativos
específicos para faixas etárias mais avançadas (CAMACHO, 2012).
A avaliação neuropsicológica irá indicar com exatidão se há causas de cunho
patológico ou emocional para os distúrbios funcionais ou comportamentais, principalmente
quando outros exames clínicos não apontarem uma causa necessariamente clínica para a
debilidade. Também são importantíssimas as informações e contribuições oriundas das
queixas do próprio paciente para o estabelecimento do vínculo entre terapeuta e paciente,
além de traçar um perfil diagnóstico completo (HOGAN, 2006).
Segundo Rozenthal, 2006, durante a avaliação, ao se observarem o desempenho e a
conduta do indivíduo diante dos testes, é possível identificar pontos fortes e fracos do
paciente, possíveis limitações ou mesmo deficiências, como as auditivas ou visuais.
Tais achados são importantes, uma vez que contribuem para o direcionamento de
estimulações e reabilitação futura (HOLLVEG, PRISCILA e HAMDAN, AMER
CAVALHEIRO, 2008).
Outro entendimento pode ser o de que a avaliação neuropsicológica é capaz de auxiliar
no diagnóstico diferencial entre demência, comprometimento cognitivo e distúrbios
psiquiátricos. Os déficits cognitivos característicos dessa fase da vida também podem
funcionar como indícios de outras patologias. É importante salientar que, a avaliação será de
cunho investigativo, de maneira que auxilie no processo acelerado do tratamento especifico,
trazendo assim conforto ao paciente e seus familiares. Além disso, segundo Rozenthal, 2006,
a avaliação neuropsicológica é útil no rastreamento de indivíduos com maior probabilidade de
apresentar demência.
O idoso é retirado da sua condição de indivíduo capaz e passa a ser entendido com um
sujeito que já se estagnou, ou seja, que se tornaram vulnerável e incapaz de qualquer tentativa
de evolução.
Entende-se que envelhecer não significa adoecer, ou adquirir estados patológicos. A
atuação do psicólogo visa trazer à tona o entendimento de que a fase do
envelhecimento nada mais é do que um processo natural da vida, onde esse indivíduo
tem direito, e carece de independência, melhor qualidade de vida e ausência de
preconceito (KUZNIER, 2011).
Considerações Finais
O presente trabalho realizou uma revisão de literatura acerca dos principais aspectos
neuropsicológicos do idoso e sua avaliação neuropsicológica, especialmente relacionados à
demência.
O envelhecimento populacional tem atingido proporções sem precedentes. Segundo
Aprahamian, Martinelli & Yassuda (2009) uma das consequências é o aumento da prevalência
de doenças relacionadas ao envelhecimento, como quadros demenciais, especialmente da
doença de Alzheimer. Em decorrência das alterações funcionais e estruturais no cérebro, o
processo de envelhecimento saudável é marcado pelo declínio de alguns processos cognitivos.
Tendo em vista a crescente porcentagem de idosos e a sua maior sobrevida propiciada
pelo desenvolvimento científico em suas diversas áreas, podemos perceber que a inclusão da
Avaliação Neuropsicológica na rotina da saúde física e mental do indivíduo trará grande
contribuição para sua qualidade de vida, sua maior permanência social e laboral,
influenciando positivamente sua vida e a dos que o cercam. Fica evidente a importância do
preparo dos profissionais de forma multidisciplinar para tais avaliações, principalmente o
psicólogo, com sua análise diferenciada e capacidade para interpretação dos exames, testes,
atividades, e percepção do indivíduo em suas particularidades, não reduzindo somente a
resultados técnicos a melhor conduta para o idoso.
O acolhimento desse indivíduo tem o objetivo de buscar sua melhor condição para
execução de suas atividades com independência, potencializando suas capacidades ativas e
monitorando os possíveis declínios cognitivos e funcionais baseando-se em sua própria
avaliação e histórico clínico o que contribui para diagnósticos diferenciais mais assertivos.
Fica evidente a necessidade de oferecer à população idosa esses cuidados e serviços, ainda
pouco utilizados como também estudos e adequações dos instrumentos para a realidade do
País, posto que a maioria dos testes são estruturados com dados de outras culturas.
A avaliação multidimensional do idoso objetiva descortinar problemas atribuídos ao
“processo natural de envelhecimento”. É um processo global que envolve o idoso e a família
com objetivo maior de definição de diagnóstico multidimensional e do plano de cuidados,
constituindo aspecto fundamental na intervenção e nos prognósticos, porém deve ser
combinada a mensuração funcional do comprometimento cognitivo e condições de
desvantagem expressos no dia a dia do paciente (Royall et AL,2007). Assim, idosos com
menos prejuízo nas funções cognitivas teriam maior satisfação com a vida e, por sua vez,
melhor qualidade de vida (Jonker et al., 2007).
Segundo Paulo Mattos( Teixiera,Antonio Lúcio,2017), as queixas mnésicas são comuns,
porém o envelhecimento patológico tem início insidioso e lento , o que torna difícil o
diagnóstico nas suas fases iniciais, aspecto esse importante tanto a nível individual como para
políticas públicas, uma vez que este é o período onde há maior probabilidade de
intervenção.Pontua ainda que uma minoria de indivíduos com demência apresenta queixas
de memória quando avaliados com perguntas simples, apesar de 20 a 30 % dos mesmos as
possuírem.
Assim a presença de queixa , de acordo com Paulo Mattos não pode ser o único
elemento a nortear a pesquisa clínica,faz-se necessário para fins de diagnóstico de demência ,e
isto é consenso internacional , a realização de exame neuropsicológico. Diante da realidade
brasileira de envelhecimento populacional estudos e pesquisas se fazem necessários para o
maior mapeamento das ocorrências e prevalências visando políticas públicas de saúde para o
idoso assim como a adequação dos instrumentos internacionais de avaliação para a realidade
biopsicossocial dos idosos brasileiros.À Psicologia com seu fazer cabe trazer a prática esse
olhar multidimensional e individual sobre o envelhecimento e suas intercorrências , se
capacitando e buscando nas interfaces oferecer melhores alternativas de qualidade de vida .
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