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APS – Atividade Prática Supervisionada

TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL (TCC): UM ENFOQUE NO


PROCESSO DO ENVELHECIMENTO

Fernanda da Silveira Toigo a.


a
Estudante do Curso de Graduação em Psicologia da Faculdade da Serra Gaúcha FSG.

Professor Supervisor da APS Resumo


Professora Claudia Medeiros de Oliveira. Os avanços da ciência na área da saúde possibilitam cada vez mais
que se tenha uma vida longa e com maior qualidade. Os profissionais
da área da saúde precisam estar sempre em busca de aprimorar seus
conhecimentos quando se trada dessa fase do desenvolvimento. Para
o profissional da área da psicologia isso também é um desafio, pois é
Palavras-chave: preciso buscar uma melhor compreensão sobre o envelhecimento e os
processos psicológicos a ele relacionados. A Terapia Cognitivo-
Idoso. Psicoterapia. Envelhecimento. Comportamental (TCC) é uma aliada no auxílio a saúde do idoso. A
Cognitivo-comportamental. TCC tem como finalidade modificar os pensamentos dos idosos,
auxilia-los no desenvolvimento de novas estratégias de
enfrentamento, bem como mudar estados emocionais que contribuem
para possíveis psicopatologias. A TCC com relação ao auxílio para
idosos, deve levar em conta alguns aspectos mais específicos voltados
para essa fase do desenvolvimento, aspectos estes que serão
abordados no decorrer desse trabalho. Este estudo realizado através
de uma pesquisa bibliográfica consiste em buscar através desse
levantamento, uma revisão sobre como a Terapia Cognitivo-
Comportamental (TCC) aborda as questões relacionadas ao
envelhecimento humano.

1 INTRODUÇÃO

Entende-se que o processo de envelhecimento é algo que preocupa a humanidade desde


o princípio da civilização, atualmente há uma expectativa de que as pessoas atinjam uma idade
mais avançada. Essa fase do desenvolvimento ganhou maior importância nas últimas três
décadas, a preocupação com a qualidade de vida na velhice teve maior destaque devido ao
grande número de pessoas idosas e também ao aumento da longevidade. Viver por mais tempo
sempre foi a intenção do ser humano, desta forma há um grande desafio para obter e manter
uma boa qualidade de vida nesse período (Parente et al.,2006). Com o avanço da ciência na
área da saúde o profissional da área da psicologia também está em busca da melhor
compreensão sobre o envelhecimento humano e os processos psicológicos relacionados ao
envelhecer. Nessa fase do desenvolvimento as psicopatologias tomam formas diferentes,
fazendo com que seja necessário a realização de pesquisas e adaptações nas formas de
intervenções clínicas relacionadas a essa demanda (Andretta;Oliveira et al., 2012).
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De acordo com Andretta e Oliveira et al. (2012), as pesquisas sobre o assunto


preocupam-se em instrumentar e potencializar a capacidade do idoso, para que esse período
seja vivido com mais qualidade, desta forma são investigadas questões como as socioambientais
e também as psicossociais que impedem o surgimento de episódios patológicos. As mesmas
autoras referem que a qualidade de vida no envelhecimento encontra estereótipos pejorativos
da sociedade ocidental, fazendo relação da velhice com doenças, infelicidade, com ser
improdutivo, ser dependente, incapaz, ser rígido para mudanças, relaciona ao fato de ficar
sozinho e se afastar. As autoras mencionam ainda, que essas crenças são reforçadas por alguns
acontecimentos que ocorrem na realidade, como as perdas que são comuns ao envelhecer, o
fato de aposentar-se, ficar viúvo (a) e as condições gerais de saúde. Por conta disso, dificilmente
o idoso procura ajuda para tratar sintomas psicológicos, assim não sendo beneficiado por um
diagnóstico e os respectivos tratamentos. Com o idoso inserido nesse contexto carregado de
estereótipos, será a sua capacidade cognitiva de desenvolvimento de estratégias de
enfrentamento, que determinará o modo com que ele entrará em confronto com os eventos
negativos (Andretta;Oliveira et al., 2012).
Andretta e Oliveira et al. (2012), referem que um envelhecer bem-sucedido passa pela
capacidade de resiliência ás várias frustrações e perdas que ocorrem. As autoras mencionam
que a personalidade conserva suas características no envelhecimento, e que as modificações
encontradas não estão relacionadas com a idade, mas com a forma com que se percebe as
restrições e alterações do envelhecimento. Ou seja, a maneira com que o idoso e a sociedade
interpretam e descrevem a velhice pode impactar na adaptação psíquica às mudanças que
ocorrem no envelhecimento e com isso, provocar dificuldades emocionais. A partir disso,
surgem novos estágios do desenvolvimento psicológico, por isso há a necessidade de ampliar
as teorias para que seja possível uma maior compreensão, desenvolvendo intervenções que
sejam capazes de dar conta dessa questão (Andretta;Oliveira et al., 2012).
Andretta e Oliveira et al (2012) abordam sobre Joan Erikson que revisou as oito crises
do desenvolvimento de Erick Erikson e acrescentou o nono estágio, sobre essa última crise
referem que seria a da integração do ego versus o desespero, para que haja a superação dessa
crise o indivíduo teria que passar por um momento de concentração em si mesmo para uma
avaliação e conexão do passado, desta forma alcançando a aceitação e sentido para a vida,
apesar disso, Joan Erikson segundo as autoras, traz também um estágio posterior, que consiste
na transcendência, após o período da revisão da sua vida o indivíduo passa para uma contínua
reflexão, confrontando-se ainda mais com o desespero, devendo ter sabedoria para encará-lo,
encontrando isso na fé e na humildade. Conforme Andretta e Oliveira et al. (2012), cada
indivíduo terá condições psíquicas singulares ao chegar à velhice e quanto mais rígido nas
adaptações em sua vida adulta, mais rigorosos serão os sintomas de ansiedade e insegurança
em seu envelhecimento. Portanto, se o idoso passa por desafios complexos nessa fase, também
é possível dizer que, ele tendo passado de forma adequada pelas fases anteriores ao
envelhecimento teria condições de maturidade superior aos mais novos para superá-los.
Andretta e Oliveira et al. (2012) discorrem que historicamente, alguns autores
desaconselhavam a psicoterapia para os idosos alegando a falta de flexibilidade nos processos
psíquicos deles, pouca disponibilidade e dificuldade em aprender, dessa forma ainda existem
muitos terapeutas que ainda partem desse princípio e não tratam de pessoas idosas. Contudo,
existem muitos psicoterapeutas que não concordam com isso e entendem que é possível a
psicoterapia com os idosos. Alguns estudos mostram que as psicoterapias podem ser eficientes
se ajustadas as necessidades e individualidades dessa etapa.
Apesar disso, ressalta-se que atualmente os objetivos da psicoterapia no tratamento para
idosos são um pouco mais amplos, como por exemplo, aumentar a adesão ao tratamento, reduzir
os sintomas, elaborar o luto com relação as perdas que ocorrem nos papéis sociais e familiares,
melhorar a qualidade de vida do idoso e do mesmo modo de seus familiares. Além disso, as
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intervenções psicológicas ainda podem influenciar nos funcionamentos sociais e ocupacionais


e aumentar a capacidade de lidar com circunstâncias estressantes (Dourado; Sousa;
Santos,2012). A partir desse contexto, o presente trabalho tem por objetivo fazer uma revisão
sobre como a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) aborda as questões relacionadas ao
envelhecimento humano.

2REFERENCIAL TEÓRICO

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem como finalidade modificar os


pensamentos, incluir novas táticas de enfrentamento e mudar estados emocionais que estão
contribuindo para a psicopatologia (Andretta;Oliveira et al., 2012). Uma das condições
essenciais para a implementação das técnicas da TCC é a união entre terapeuta e o paciente, por
isso, é necessário que o terapeuta demonstre compreensão, empatia, afeto pessoal, e
flexibilidade ao reagir as particularidades dos sintomas e das crenças de cada paciente. Para um
bom relacionamento terapêutico é preciso que haja colaboração e um estilo empírico de
questionamento e aprendizagem, unindo terapeuta e paciente para um empenho em definir
problemas e buscar soluções (Wright; Basco; Thase,2008).
A TCC com relação aos idosos, deve levar em conta alguns aspectos como: os défices
cognitivos, disfunções graves de comportamento ou transtornos de personalidade que podem
estar associados, também precisa ser considerada a questão da motivação e a responsabilidade
que o idoso tem para a mudança, bem como, sua aceitação para tratamento psicoterápico. O
psicoterapeuta também precisa dar atenção ao andamento da sessão, que pode andar mais
lentamente e possivelmente terá frequentes pausas, devido as mudanças cognitivas decorrentes
do envelhecimento (Andretta;Oliveira et al., 2012). Para melhor adaptar a TCC para idosos,
Andretta e Oliveira et al. (2012) trazem uma proposta de um modelo de avaliação ajustado ao
envelhecimento, segundo as autoras o modelo é baseado na teoria de Aron Beck. Esse modelo
inclui: crenças de coorte, os papéis assumidos, ligações transgeracionais, contexto sociocultural
e saúde física.
As crenças de coorte são crenças sustentadas por grupos que nasceram na mesma época,
esses grupos compartilham experiências, as quais podem ter grande impacto sobre o processo
da psicoterapia, pois é através da combinação de crenças do coorte e das crenças centrais que
se terá o contexto da geração em que será trabalhado. Desta forma, o psicoterapeuta necessita
estar claro sobre as características que dizem respeito ao seu cliente. O coorte são regras
culturais, fatos históricos e pessoais que aconteceram no período dessa geração em específico.
(Andretta;Oliveira et al., 2012).
Os papéis assumidos referem-se ao envolvimento do indivíduo em papéis significativos
para ele, atividades importantes e que lhe interessam. A depressão no idoso pode estar
relacionada ao quanto se está investindo nesses papéis, pois o envelhecimento representa uma
transição de papéis sociais que podem torna-se um disparador de conflitos emocionais
(Andretta;Oliveira et al., 2012).
De acordo com Both; Kujawa; Wobeto e Savaris (2012), os papéis assumidos dizem o
quanto o idoso continua envolvido com papéis que lhe são significativos. Segundo as autoras,
todos passamos por transições durante nosso processo de envelhecimento, essas transições
acontecem desde quando éramos bebês, por isso sempre ocorreram perdas e afastamentos. No
período da velhice as perdas e afastamentos se tornam mais recorrentes devido a incapacidade
física, emocional, cognitiva e outras.
A teoria do afastamento sugere que o envelhecimento seja um processo de afastamento
considerado universal que não pode ser impedido tanto para os idosos quanto para a sociedade,
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avalia que o afastamento entre ambos é reciproco, sendo uma das primeiras teorias a tentar
explicar o processo de envelhecimento (Both; Kujawa; Wobeto;Savaris,2012).
As ligações transgeracionais referem-se à quanta atenção é dada aos papéis de avós e
bisavós pela sociedade contemporânea, de acordo com Andretta e Oliveira et al. (2012) podem
ser observados tensão e discordância nas relações transgeracionais e isso pode vir a interagir
com as crenças do coorte em relação a estrutura familiar e normas.
O contexto situacional refere-se as atitudes que o idoso tem com relação ao seu próprio
envelhecimento, compreendendo como ele interioriza os estereótipos negativos que são
relacionados ao envelhecimento. Nesse ponto o terapeuta deve avaliar os seus próprios valores
sobre o assunto. Ao final, vem a saúde física que se refere a pesquisa que o terapeuta deve fazer
sobre possíveis doenças presentes no paciente, bem como investigar seu histórico de saúde
(Andretta;Oliveira et al., 2012).
Com relação as cognições chave, Andretta e Oliveira et al. (2012) trazem que alguns
temas surgem constantemente nas crenças disfuncionais dos idosos, como por exemplo, motivo
de perdas e transições, fatores esses que com frequência levam o idoso a procurar a terapia.
Essas perdas estão relacionadas não apenas a perda de entes queridos, mas também a perdas de
autonomia, perda dos papéis sociais, perdas físicas, dentre outros. Já as transições
compreendem as experiências como a aposentadoria, mudanças em relações transgeracionais
ou em papéis assumidos, fatores que podem vir a causar pensamentos negativos. Alguns autores
que abordam o assunto, referem que as distorções cognitivas características do envelhecimento
tem relação com à dificuldade que o idoso tem de adaptar-se as perdas. Ainda segundo Andretta
e Oliveira et al. (2012), para amparar esses pacientes é necessário identificar as suas
significações subjetivas, verificar suas distorções cognitivas e seus pensamentos disfuncionais
e após isso, o terapeuta precisa encontrar modos de pensamentos alternativos para a situação,
deixando com que o cliente tenha certo ajustamento.
Para Andretta e Oliveira et al. (2012) o papel da TCC é identificar as distorções
cognitivas e auxiliar o cliente para que ele diferencie o que são sintomas causados por
pensamentos depressivos e sintomas que são reais. Desta forma, é preciso focar em estratégias
de compensação das perdas e dar ênfase aos ganhos. Como propõe o modelo chamado de
“otimização seletiva por compensação”, que a partir de registros de atividades físicas e
intelectuais do idoso, foca em ampliar o uso dessas capacidades no dia a dia e usar isso para
que ele possa desempenha-las melhor, ao final o idoso passa a compensar suas capacidades que
estão reduzindo pelo aumento daquelas que são mais estáveis, permitindo uma vida mais
independente fazendo com que o indivíduo mantenha sua autoconfiança.
Nos aspectos que se referem ao relacionamento interpessoal do cliente com o terapeuta,
pode-se dizer que este é fundamental em qualquer TCC, esse processo de relacionamento tem
como características principais as crenças e sentimentos do cliente em relação a terapia e ao
terapeuta, como também as crenças e sentimentos do terapeuta em relação ao seu cliente.
Muitas vezes os idosos têm a crença de que são “muito velhos” para mudar, internalizam um
estereótipo negativo o que faz muitas vezes o idoso não buscar ajuda para seus conflitos e
problemas, mas caso procurem ajuda, podem ter a expectativa reduzida em relação ao
tratamento terapêutico (Andretta;Oliveira et al., 2012).
Outro aspecto a ser citado na relação entre paciente e terapeuta é a diferença de idade
entre ambos. Conforme Andretta e Oliveira et al. (2012), essa diferença pode fazer com que o
idoso questione a habilidade do terapeuta em ser empático. Também segundo as autoras, o idoso
entende que ser “paciente” é ser um receptor passivo da ajuda do especialista, por isso a
passividade é considerada um problema na psicoterapia com os idosos, contudo, o idoso deve
ser encorajado a gerar novos comportamentos e táticas e não somente esperar as sugestões do
terapeuta. Para que esse encorajamento aconteça é necessário resgatar sobre a natureza
colaborativa da TCC constantemente. De tal modo, são recomendadas as aplicações de técnicas
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comportamentais que produzam modificações imediatas, principalmente no princípio do


tratamento, possibilitando um bom vínculo terapêutico.
A dependência é um dos pontos a ser levado em conta, pois os idosos especialmente os
que passaram por falecimentos recentes, podem gerar a dependência em relação ao seu
terapeuta, e isso pode atrapalhar a terapia. Algumas estratégias afetivas para lidar com a
dependência logo na avaliação do caso podem ser por exemplo, enfatizar o limite de tempo da
terapia, expor regras, encorajar o paciente a assumir suas melhoras e abordar gradativamente a
substituição do terapeuta por sistemas de suporte (Andretta;Oliveira et al., 2012).
De acordo com Andretta e Oliveira et al. (2012), um dos principais interesses do idoso
na terapia é a constituição de um projeto de vida com metas possíveis e a curto prazo. Esses
projetos devem estar focados em aumentar a rede social e também atividades que produzam
bem-estar para o mesmo, tendo em vista que cada caso deve ser avaliado de forma individual
pois para uns a satisfação é gerada a partir de aspectos contextuais ou sociais, enquanto para
outros a satisfação é encontrada em aspectos muito particulares. Deste modo, para que seja
possível identificar eventos prazerosos, é necessário levar em consideração alguns fatores:
Primeiro, o evento deve ser realista, segundo o evento deve ser possível de repetir e terceiro
solicitar ao paciente que construa uma lista de dez eventos que lhe são prazerosos, ordenando a
lista a partir do primeiro que lhe é mais prazeroso.
Outra crença que vai de encontro a abordagem cooperativa da TCC e impacta sobre o
vínculo terapêutico com o idoso, é o estereótipo de doente mental. Estudos mostram que esta
crença é bastante forte na população idosa que associa doença mental com falhas pessoais ou
défices espirituais. Estes idoso percebem a terapia como “lugar de louco” por isso tornam-se
resistentes a terapia ou se chagam a ir para terapia é por insistência ou exigência dos parentes e
isso também deve ser abordado no tratamento (Andretta; Oliveira et al., 2012).
Crenças e pensamentos do terapeuta tem grande impacto no sucesso da terapia com
idosos, pois podem torna-se um limitador. De acordo com Andretta e Oliveira et al. (2012), o
terapeuta deve ficar atento para que pensamentos como “idosos não aprendem” ou “eles vão
morrer logo, para que me importar” não interfiram em sua prática, além disso deve verificar a
sua própria disponibilidade para ajudar esse cliente. Alguns treinamentos são muito benéficos
para o idoso, como por exemplo jogos que envolvam a memória, leituras, planejamento de
atividades, utilização de recursos impressos e as atividades físicas. Utilizar-se de vídeos e
computador para tornar a sessão mais dinâmica é bastante importante pois ajuda o idoso a
manter sua atenção na atividade proposta (Andretta; Oliveira et al., 2012).
Para um tratamento eficaz também é necessária a aproximação da família pois o sucesso
do tratamento está diretamente relacionado ao envolvimento da mesma. Os familiares têm a
função de coterapeutas no ambiente fora do consultório, o que possibilita que o paciente realize
as tarefas de casa com também as atividades propostas para seu dia a dia (Andretta; Oliveira et
al., 2012). O objetivo da tarefa de casa é que o paciente possa educar-se para colher dados,
verificar seus pensamentos e suas crenças e assim poder mudá-los e passar a testar novos
comportamentos. Ao ser aplicada a tarefa de casa o terapeuta deve retomar na sessão seguinte
(Both; Kujawa; Wobeto;Savaris,2012).
Andretta e Oliveira et al. (2012) citam que nas questões relacionadas aos grupos, a TCC
pode ajudar o paciente em questões como a não aceitação da abordagem psicológica assim
como pode reduzir limitação cognitivas leves. Os trabalhos em grupo incluem programas que
envolvem psicoeducação e estratégias de monitoramento de cognições sendo muito benéficos
e eficazes nesses casos. Trocar informações em grupo faz com que o mesmo continue criativo
e aumente seu potencial de compreensão e memorização. Deste modo, a terapia-cognitivo
comportamental em grupo tem sido eficaz principalmente para que o paciente venha a aderir ao
tratamento. De acordo com as autoras, trabalhos realizados em grupos de idosos com conflitos
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psicossociais tem se mostrado com efeitos positivos, indicando que está seria a primeira opção
para fins de inclusão e desenvolvimento de rede.
O intuito da TCC em grupo é fazer com que os integrantes do grupo sejam seus próprios
terapeutas e de modo adaptativo se preparem para enfrentar situação de estresse que podem
surgir ao longo da vida (Both; Kujawa; Wobeto;Savaris,2012).
Aludindo sobre a TCC com pessoas dementadas, Andretta; Oliveira et al. (2012)
mencionam que ainda é pouco referida na literatura, contudo, há relatos de efeitos positivos
principalmente com relação a sintomas depressivos e no relacionamento do paciente com o
cuidador. Nos casos de pacientes com demência leve ou inicial são aconselhadas técnicas
cognitivas e comportamentais adaptadas para enfocar em seu treinamento e na reabilitação
cognitiva. Também são eficazes as trocas de estratégias de enfrentamento e resolução de
problemas, diminuindo os sentimentos de isolamento certificando ao paciente a ideia de que ele
não é único, contudo, as pesquisas mais comuns estão relacionadas aos cuidadores desses
pacientes auxiliando o mesmo a dar conta de elementos que caracterizam o cuidado com o
paciente dementado.

3 METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado a partir de uma revisão bibliográfica, com a consulta de
artigos científicos, livros relacionados ao tema do envelhecimento humano, bem como sobre a
Terapia Cognitivo-Comportamental. Desta forma, o trabalho é caracterizado como uma
pesquisa bibliográfica pois, de acordo com Mascarenhas (2012) a pesquisa bibliográfica
consiste na investigação de análises que já constam em livros, artigos, periódicos, enciclopédias
entre outros, ou seja, o pesquisador realiza um levantamento bibliográfico.

“A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências


teóricas publicados em artigos, livros, dissertações e teses. (CERVO, BERVIAN,
SILVA. 2006, p. 60)”.

Com base nesse material procurou-se identificar técnicas da Terapia Cognitivo-


Comportamental e como elas podem ser usadas com pacientes idosos.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entre os principais resultados obtidos através desse levantamento, pode-se citar que a
Terapia Cognitivo-Comportamental ao tratar de idosos deve levar em conta alguns aspectos
mais específicos adequados ao envelhecimento, como défices cognitivos, disfunções graves de
comportamento ou transtornos de personalidade, também é necessário considerar questões
motivacionais do idoso e sua aceitação para a terapia.
Com relação a avaliação do caso, o terapeuta deve usar de um modelo adequado ao
envelhecimento, levando em conta por exemplo, as crenças de coorte, os papéis assumidos, o
contexto sociocultural do idoso, as ligações intergeracionais e sua saúde física. Ao identificar
as cognições-chave do idoso, o terapeuta deve considerar questões como as transições, as
crenças do cliente e suas próprias crenças, pois o sucesso do tratamento também é influenciado
por essa questão.
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Com relação ao terapeuta pode-se referir que o mesmo necessita estar claro sobre as
características que dizem respeito ao seu cliente, desse modo deve avaliar também os seus
próprios valores sobre o envelhecimento e o idoso.
Pode-se mencionar ainda que a finalidade da TCC é identificar as distorções cognitivas
e auxiliar o paciente para que ele diferencie o que são sintomas causados por pensamentos e
sintomas reais. Além disso, pode ser referido que um dos principais interesses dos idosos na
terapia são as metas possíveis e a curto prazo. Esses projetos devem focar-se em aumentar a
rede social do idoso e além disso aumentar suas atividades que produzam bem-estar, porém
cada caso deve ser avaliado individualmente.
Outra questão a ser mencionada é o estereótipo de doente mental, esta crença é bastante
forte na população idosa, os idosos acabam percebendo a terapia como “lugar de louco” desta
forma acabam tornando-se a resistentes a terapia ou por vezes chagam a terapia por insistência
ou exigência dos parentes. No caso dos familiares, para que o tratamento seja realmente eficaz
é necessário apoio da família, pois o sucesso do mesmo está diretamente ligado a esse
envolvimento. Os familiares têm a função de coterapeutas no ambiente fora do consultório.
Mesmo que haja conformidade na literatura quanto aos benefícios gerados pela
psicoterapia também se faz necessário aprofundar o conhecimento sobre quais aspectos dessa
prática favorecem resultados positivos (Dourado; Sousa; Santos,2012). São necessários mais
estudos para que se compreendam as características do processo terapêutico na velhice,
tornando-o mais efetivo e com implicações que não apenas diminuam os sintomas, mas que
também ofereçam uma longevidade com mais qualidade (Andretta; Oliveira et al., 2012).
Ao considerar o processo natural de envelhecimento, é preciso pensar em estratégias
que ajudem a chegar à velhice com mais qualidade de vida possibilitando desfrutar da
assistência adequada oferecida pela sociedade onde esses idoso estão inseridos (Both; Kujawa;
Wobeto;Savaris,2012).

5 REFERÊNCIAS

BOTH, T.L.;KUJAWA,D.R.;WOBETO,M.I.SAVARIS,V. Consideração sobre o idoso


aposentado: uma intervenção da Terapia Cognitivo Comportamental como instrumento de
preparação à aposentadoria. 2012.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia Científica. 6ª Edição. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2006.

DOURADO, M.C.N.; SOUSA,M.F.B.; SANTOS, R.L. Revista Brasileira de Psicoterapia.


Ensinando Psicoterapia com idosos: desafios e impasses. 2012. Disponível em:
http://rbp.celg.org.br/detalhe_artigo.asp?id=84 Acesso em: 16/05/2015.

MASCARENHAS, S. A. Metodologia Científica. São Paulo: Pearson Education do Brasil,


2012.

OLIVEIRA, M.S., ANDRETTA, I., (organizadoras) Manual Prático de Terapia Cognitivo-


Comportamental. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012.

PARENTE, M.A.M.P., [et al.] Cognição e envelhecimento. Porto Alegre: Artimed, 2006.
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WRIGHT, J.; BASCO,M.R; THASE,M.E;. Aprendendo a Terapia Congitivo-


Comportamental: Um guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed. 2008.

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