Você está na página 1de 2

Cuidados em Psicologia da saúde: o passado e o presente

A presente resenha busca tecer considerações acerca dos cuidados em Psicologia da


Saúde e, para tanto, toma como corpora teórico o filme Nise – o coração da loucura (2016), e
o artigo intitulado Atualidades sobre a psicologia da saúde e a realidade brasileira (2017).
Alguns questionamentos embasam o percurso teórico-crítico do qual nos ocupamos no
presente ensaio, a saber: Como são apresentados os cuidados em saúde? Eles revelam quais
práticas de Psicologia e ou Psicologia da Saúde? Quais avanços podem ser mencionados ou
identificados ao considerar o percurso da Psicologia da Saúde? Quais as fragilidades visíveis
no campo da Psicologia da Saúde naquele contexto? Quais os desafios atuais da Psicologia da
Saúde no que diz respeito a este contexto? Não trataremos aqui de responder tais questões de
forma sequencial e pormenorizada. O que buscamos é tecer considerações gerais de maneira
conjunta, com o intuito de compreender e elucidar a evolução dos cuidados com a saúde ao
longo das últimas décadas.
É sabido que as formas de tratamento dos distúrbios mentais têm passado por
inegáveis modificações e avanços ao longo dos anos, e muito se tem evoluído desde o seu
início, ainda que, claro, essa seja uma área que exige mutação e aperfeiçoamento constantes.
No filme analisado, temos claramente a representação dos percursos teóricos e metodológico
referentes ao tratamento das doenças da mente, desde os primeiros tratamentos, a exemplo da
trepanação e da lobotomia, psicocirurgias profundamente invasivas e dilacerantes que
afetavam significativamente a qualidade de vida dos indivíduos expostos a tais
procedimentos. Soma-se a isso o descaso e a precariedade das instituições psiquiátricas, cuja
falta de apoio e estruturas em condições degradantes dificultava ainda mais o tratamento das
pessoas que viviam nesses centros psiquiátricos.
Por outro lado, ficam evidentes também a importância em buscar melhores técnicas de
tratamento para distúrbios como a esquizofrenia, por exemplo. O filme nos apresenta como a
terapia ocupacional, especialmente por meio de um ateliê de pintura, foi capaz de oferecer aos
pacientes o alívio dos sintomas e uma melhor qualidade de vida. Essa mudança na ótica do
tratamento mostrou-se motivada diretamente pela psicologia analítica de Carl Gustav Jung,
onde as melhores técnicas de tratamento são encontradas partindo da realidade e das
particularidades de cada indivíduo.
O filme nos proporciona um importante retrato da busca pelo aperfeiçoamento no
cuidado com a saúde, entendida aqui − nos moldes do que fora postulado no texto de Alves, et
al. (2017) − em seu sentido mais amplo, como uma realidade total e integrada, um estado
integral de bem-estar, tanto consigo quanto com o meio em que o sujeito está inserido. O
panorama apresentado, tanto no documentário quanto no texto mostram que os desafios
inerentes à Psicologia da Saúde ainda são significativos, e perpassam as mais variadas
dificuldades, desde a conceituação (o termo ainda é embrionário em meio à área) e técnicas
atualizadas de tratamento, ou a busca por melhor estrutura e espaços para práticas inovadoras.
Por outro lado, percebe-se que o cuidado com a saúde dos indivíduos tem sido cada vez mais
priorizado e, muito por conta da complexidade da sociedade contemporânea, esses cuidados
requerem um olhar cada vez mais apurado e interdisciplinar, uma vez que, para abordar as
variações sociais e particularidades de cada sujeito, é preciso que se busque dialogar também
com outras áreas do saber, a fim de encontrar a melhor forma de tratar e aliviar os sintomas
que afetam tal indivíduo.

Referências

ALVES, R; et al. Atualidades sobre a psicologia da saúde e a realidade brasileira. Psicologia,


Saúde e Doenças, vol. 18, núm. 2, 2017, p. 545-555. Disponível em:
https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=36252193021. Acesso em: 20 maio 2023.

NISE – o coração da loucura, 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?


v=bOrymJuwVvI&ab_channel=AndreSilva. Acesso em: 20 maio 2023.

Você também pode gostar