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Psicologia hospitalar: Teoria, aplicações e casos clínicos

Article  in  Psico-USF · June 2004


DOI: 10.1590/S1413-82712004000100014

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Alexandre josé Raad


Universidade Tiradentes
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Psico-USF, v. 9, n. 1, p. 107-108, Jan./Jun. 2004 107

Psicologia hospitalar. Teoria, aplicações e casos clínicos

Alexandre José Raad 1

Baptista, M. N. & Dias, R. R. (Orgs.). (2003). Psicologia hospitalar. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 176 p.

Inicialmente, a saúde mental foi agrupada dos estágios constituintes desse planejamento, para que
dentro das doenças morais por falta de conhecimento. dessa forma se possa intervir e orientar a mulher, já que
No Brasil, apenas a partir do século XIX é que houve cada estágio tem características diferentes e riscos
alguma preocupação em relação ao tema, e só a partir específicos. Não se pode esquecer de apontar que o
do século XX é que a medicina a contemplou como atendimento psicológico deve se estender à família e à
especialidade médica. Observa-se que uma das caracte- equipe de saúde que atende a paciente, atuando como
rísticas comportamentais mais marcantes das pessoas um facilitador nas relações entre a equipe de saúde, a
portadoras dessas patologias é a exclusão do convívio paciente e a sua família, contribuindo assim para que se
social, uma vez que sofrem influências culturais do possa prevenir e amenizar os riscos maternos e/ou fetais.
capitalismo pragmático em detrimento do ponto de O terceiro capítulo fala da Atuação psicológica em
vista humanístico, relegando à saúde mental os últimos Unidade de Terapia Intensiva Neonatal – UTI-Neo. Nele se
lugares a serem pensados dentro da questão da saúde. faz uma caracterização do recém-nascido quanto a peso,
Psicologia hospitalar foi organizado por dois idade gestacional, entre outros, discorrendo sobre a
experientes docentes e com a colaboração de 11 importância da interação mãe–bebê, apontando que
profissionais ligados à área da saúde mental. Consta de intervenções adequadas no período neonatal favorecem
10 capítulos e foi prefaciado pelo psiquiatra Francisco essa vinculação. O autor ainda aponta para a necessidade
B. Assumpção Jr., que comenta histórica e politica- de uma maior preocupação com as condições iniciais da
mente as vicissitudes da Saúde Mental no Brasil. O livro relação mãe–bebê, o que poderia auxiliar, de maneira
tem por objetivo disseminar conceitos e propostas, fundamental, na prevenção de distúrbios psicológicos
conciliar aspectos entre Psicologia e Psiquiatria, futuros, evitando gastos volumosos em programas
estabelecendo os serviços de ligação por meio da terciários de saúde para combater os transtornos e
penetração dessas duas áreas dentro do hospital geral. problemas de saúde mental já instalados.
Habilmente, os autores destacam a importância Enfermaria de pediatria: avaliação e intervenção
do profissional da saúde mental de incorporar o apren- psicológica é o título do quarto capítulo, no qual são
dizado e o aprimoramento dos aspectos interpessoais da apresentadas considerações, aspectos teóricos e práticos
tarefa assistencial e o conhecimento dos fenômenos sobre a Psicologia Hospitalar Pediátrica. Objetivou expor
psicológicos que atuam nessa trama. Isso quer dizer que, o modelo assistencial psicológico, apresentado pelos
além do suporte técnico, o psicólogo deve desenvolver autores, de um trabalho em enfermaria de pediatria de
a sensibilidade para conhecer a realidade do paciente, um Hospital Geral-Escola.
ouvir suas queixas e encontrar com ele estratégias Aids no contexto hospitalar: manejo psicológico é
facilitadoras para aceitação e compreensão da doença, e discutido no quinto capítulo. A autora inicia traçando um
contribuir para a adaptação e modificação que por- histórico do aparecimento da doença, citando aspectos e
ventura sejam necessárias para dar conta do seu problema. reações psicológicas diante das diferentes fases de evolução
Com o título A psicologia da saúde no mundo e a da doença. A autora transcreve as cinco fases do processo
pesquisa no contexto hospitalar, os autores fazem um de adaptação e convivência com o HIV+ e AIDS, e aponta
paralelo entre investimentos nesta área no exterior e no para as reações psicológicas diante das crenças em rela-
Brasil, qualidade e quantidade de serviços oferecidos e, ção à AIDS. Quando fala sobre o Programa de Avaliação e
independentemente de toda a controvérsia sobre o Intervenção Psicológica Destinado ao Paciente Soro-
assunto, posicionam-se de forma otimista apontando a positivo e/ou com AIDS, é mostrado que o objetivo
pesquisa como primordial para alavancar o conheci- geral do atendimento psicológico é verificar a relação
mento dessa área em nosso país. entre a sintomatologia psicológica e o quadro orgânico.
Enfermagem e obstetrícia é o título do segundo Ana Paula Ferrari Pregnolatto e Valéria Batista
capítulo, no qual se evidencia a necessidade de uma Menezes Agostinho assinam o sexto capítulo, intitulado
visão biopsicossocial da mulher. O capítulo aponta O psicólogo na Unidade de Terapia Intensiva – Adulto, no
também para a importância do planejamento familiar, e qual traçam um panorama do atendimento psicológico
para a necessidade de o psicólogo ter o conhecimento em UTI-A. Segundo as autoras, o propósito do

1Endereço para correspondência:


E-mail: alex.raad@ig.com.br
Revista Psico-USF, v. 8, n. 2, p. 103-114, Jul./Dez. 2003
108 Alexandre José Raad

psicólogo nessa empreitada é avaliar o paciente nos familiar abordado nesse capítulo está de acordo com os
âmbitos médicos/biológicos, sociais/culturais e psicoló- pressupostos do pensamento sistêmico, em que o
gicos sem abrir mão das diversas variáveis ligadas ao comportamento de um indivíduo do sistema afetará
paciente, como por exemplo, seus familiares e a própria todas as partes e vice-versa. A autora define as crianças
equipe de saúde que o assiste. Muitas vezes o paciente com transtorno global do desenvolvimento em relação
encontra-se impossibilitado de fornecer dados em virtude aos comportamentos que governam e estabelecem os
da seu quadro clínico ou procedimento em curso, e o padrões familiares.
psicólogo teria o objetivo de servir como um mediador Preocupado com a Humanização em ambientes
entre o paciente, a equipe, a instituição e seus familiares. médicos, o autor Makilim Nunes Baptista, assessorando-
Psiquiatria de ligação e interconsulta psiquiátrica na se de três colaboradores, escreve o décimo e último
infância e adolescência é o título do sétimo capítulo, cujo capítulo desta obra. Tecendo comentários a respeito da
objetivo é definir e descrever o campo de atuação da subjetividade do termo humanização, relatam que
Psiquiatria da Infância e Adolescência na Unidade de muitos fatores envolvem tal questão. Entretanto, é
Pediatria Geral, seja ela em um sistema ambulatorial ou necessária a compreensão da realidade para se propor
de internação. Para isso, os autores definem o papel e os qualquer estratégia de humanização. Falam ainda da
princípios a serem seguidos pelo psiquiatra infantil na dificuldade de exatidão do termo, apontando exemplos
abordagem terapêutica de pacientes psiquiátricos, relatam para justificar tal afirmação. Este capítulo expõe uma
os dados de uma pesquisa sobre avaliação e os principais pesquisa de levantamento realizada em uma UTI-A, de
motivos da interconsulta de uma amostra hospitalar. um Hospital-Escola, conveniada ao SUS, expondo os
No oitavo capítulo, intitulado Ambulatório espe- principais resultados quanto ao entendimento de diversos
cializado no atendimento de crianças autistas, os autores profissionais de saúde sobre o termo humanização.
iniciam traçando a história do autismo infantil a partir do É notória a excelente organização do livro. Os
século XIX. Engendram pelas classificações diagnósticas, autores apresentam textos de fácil leitura e compreensão,
servindo-se do CID-9 e CID-10, mostrando as patologias não sem tratar dos assuntos com a profundidade apro-
mais comumente associadas ao diagnóstico de autismo priada para o objetivo da obra. Além disso, apresentam
infantil. Apontam ainda características gerais de um Núcleo citações das pesquisas de maior repercussão quanto aos
de Autismo Infantil, relatam um caso clínico, falam da diversos temas tratados, localizando suas fontes e
importância do diagnóstico precoce da necessidade da abrindo oportunidade para aprofundamento dos temas
diversidade profissional para permitir uma discussão discutidos. Conforme sabiamente prefaciado por
mais abrangente e concluem apontando que o núcleo do Francisco Assumpção Jr., apesar de saberem que estão
autismo infantil cumpre seu papel assistencial ao atender na contramão dos interesses financeiros, não se curvam
crianças com transtornos invasivos do desenvolvimento. para atender aos mandos de sua consciência, cons-
O penúltimo capítulo, Sistema familiar de crianças truindo esta obra, se não a única, com certeza um ícone
com transtorno global do desenvolvimento, descreve os sobre o assunto.
determinantes psicológicos de famílias com crianças
com esse tipo de transtorno, especificamente autismo e Recebido em maio de 2004
esquizofrenia infantis. Inicia dizendo que o contexto Aprovado em junho de 2004

Sobre o autor:
Alexandre José Raad é psicólogo, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade São
Francisco e professor nas Faculdades Módulo, da cidade de Caraguatatuba-SP.

Psico-USF, v. 9, n. 1, p. 107-108, Jan./Jun. 2004

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