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A PERCEPÇÃO DA EQUIPE MÉDICA DE CUIDADOS PALIATIVOS SOBRE O


TRABALHO DA PSICOLOGIA COM PACIENTES EM FINAL DE VIDA I

THE PERCEPTION OF THE PALLIATIVE CARE MEDICAL TEAM ON THE


WORK OF PSYCHOLOGY WITH PATIENTS AT THE END OF LIFE

Mara Giane SerafimII


Prof.ª Fabíola LangaroIII

Resumo: Os cuidados paliativos modernos surgem como uma perspectiva de cuidar de


pacientes com doenças graves ameaçadoras da vida, proporcionando uma melhor qualidade de
vida, buscando o alívio da dor e do sofrimento. Estes cuidados acontecem por meio de uma
equipe multidisciplinar que, em conjunto, trabalha na busca do bem-estar do paciente e seu
núcleo familiar. Partindo desse contexto, o presente trabalho teve por objetivo compreender a
percepção da equipe médica de cuidados paliativos sobre o trabalho da psicologia com
pacientes em final de vida. Para responder a esta questão, foram realizadas entrevistas
semiestruturadas com quatro médicos e médicas que trabalham com cuidados paliativos,
utilizando-se de um roteiro de questões previamente elaborado e estimulando os mesmos a falar
sobre o tema do estudo. Após a coleta de dados, as informações foram analisadas a partir da
metodologia de análise de conteúdo e relacionadas aos conhecimentos da psicologia no
contexto de cuidados paliativos, pacientes em fase final de vida e psicologia hospitalar. Com
base nas entrevistas, observou-se a necessidade do psicólogo que deseja atuar com cuidados
paliativos buscar uma formação específica nesta área, bem como, estudar assuntos como
tanatologia e luto. Essa necessidade aponta que o psicólogo precisa estar tecnicamente
preparado para lidar com questões e sofrimentos existenciais que emergem da realidade de
enfrentar o adoecimento grave, sem possibilidade de cura e aproximação da morte. Entre as
funções que os médicos e médicas reconhecem como sendo específicas à atuação dos
psicólogos em cuidados paliativos está o dar sentido à morte, elaborar lutos e realizar
despedidas. Por fim, considera-se que a presença de psicólogos nas equipes de cuidados
paliativos contribui para que os princípios desse modo de cuidado sejam alcançados, em
especial no que se refere ao amparo e auxílio para amenizar sofrimentos emocionais e
psicológicos decorrentes do contexto relacionado ao final da vida.

Palavras-chave: Cuidados Paliativos; Psicologia Hospitalar; Medicina Paliativa.

Abstract: Modern palliative care emerges as a perspective of caring for patients with serious
life-threatening diseases, providing a better quality of life, seeking relief from pain and
suffering. This care takes place through a multidisciplinary team that, together, works to seek
the well-being of the patient and his family. From this context, the present study aimed to
understand the perception of the palliative care medical team about the work of psychology
with patients at the end of life. To answer this question, semi-structured interviews were carried
out with four male and female doctors working with palliative care, using a previously prepared
questionnaire and encouraging them to talk about the study's theme. After data collection, the

I
Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação em Psicologia da Universidade
do Sul de Santa Catarina – UNISUL. 2020.
II
Acadêmica do curso Mara Giane Serafim da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail:
maraser@yahoo.com.br
III
Doutora em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora Titular na Universidade do Sul
de Santa Catarina – UNISUL e orientadora da pesquisa.
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information was analyzed using the content analysis methodology and related to the knowledge
of psychology in the context of palliative care, patients in the final stages of life and hospital
psychology. Based on the interviews, there was a need for the psychologist who wishes to work
with palliative care to seek specific training in this area, as well as to study subjects such as
thanatology and mourning. This need points out that the psychologist needs to be technically
prepared to deal with existential issues and suffering that emerge from the reality of facing
serious illness, with no possibility of cure and approaching death. Among the functions that
doctors recognize as being specific to the role of psychologists in palliative care is giving
meaning to death, elaborating mourning and saying goodbye. Finally, it is considered that the
presence of psychologists in the palliative care teams contributes to achieving the principles of
this mode of care, especially with regard to support and assistance to alleviate emotional and
psychological suffering resulting from the context related to the end of life.

Keywords: Palliative care; Hospital Psychology; Palliative Medicine.

INTRODUÇÃO

Ao longo do curso de graduação, muitos assuntos foram do interesse da pesquisadora


principal deste projeto. No entanto, o âmbito hospitalar, especificamente os cuidados paliativos,
despertaram maior interesse de estudo, tendo sido possível compreender a diferença que essa
prática faz na vida de um paciente em fase final de vida e de seu núcleo familiar. Tendo
identificado o impacto dessas intervenções em nível profissional, os benefícios das práticas dos
cuidados paliativos foram também vivenciados por meio de uma experiência na família da
acadêmica. Desse modo, confirmou-se que, pensando no bem-estar do sujeito que adoece e de
sua família, ter uma abordagem que trabalhe aspectos integrais em saúde é a possibilidade de
oferecer um tratamento que promova conforto e alívio do sofrimento a uma pessoa que se
depara com um diagnóstico de uma doença grave, que pode mudar completamente e de forma
repentina sua vida e a de seus familiares.
Os Cuidados Paliativos destacam-se como tendo particular importância em nossos dias,
quando entendidos como um recurso que pode proporcionar uma esperança de melhor
qualidade de vida diante da morte. Essa abordagem enfatiza a compreensão de que a morte um
dia vai acontecer, indiferente de desejarmos ou não, pois é um processo que faz parte da vida,
o que pode nos ajudar a uma aceitação e preparação quando ela chegar. Entre seus princípios
estão: promover o alívio da dor e de outros sintomas estressantes; reafirmar a vida e ver a morte
como um processo natural; não antecipar e nem postergar a morte; integrar aspectos
psicossociais e espirituais ao cuidado; oferecer um sistema de suporte que auxilie o paciente a
viver tão ativamente quanto possível, até a sua morte; oferecer um sistema de suporte que
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auxilie a família e entes queridos sentirem-se amparados durante todo o processo da doença;
ser iniciado o mais precocemente possível, junto a outras medidas de prolongamento de vida e
incluir todas as investigações necessárias para melhor compreensão e manejo dos sintomas
(WORLD, 2017).
Conforme a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP, 2009) o cuidado
paliativo é um cuidado integral ativo voltado ao indivíduo com sério sofrimento atrelado a uma
condição de saúde grave, em qualquer fase do ciclo de vida. Ainda, os cuidados paliativos não
são indicados somente ao final de vida, sendo indicados para todas as pessoas que passam por
momentos de sofrimentos devido a uma doença grave e ameaçadora da vida.
De acordo com a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP, 2009) o Conselho
Federal de Medicina (CFM) incluiu no código de ética médica os cuidados paliativos como
princípio fundamental, reconhecendo como uma área de atuação do médico em atendimento a
paciente com doença fora da possibilidade de cura. Nas últimas décadas, os cuidados paliativos
vêm então ganhando espaço no Brasil, sendo reconhecido como uma forma de assistência à
saúde. Apesar disso, os conhecimentos sobre o tema no país ainda são escassos e há poucos
cursos de especialização na área. Não existe ainda modelo de padronização para esse tipo de
atendimento e algumas práticas paliativas ainda não estão regulamentadas legalmente (Maciel
et al., 2006).
Em contrapartida, a título de exemplo, o Reino Unido está em primeiro lugar em
qualidade de morte, sendo a medicina paliativa considerada uma especialidade médica desde
1987, o que mostra a importância do reconhecimento dos cuidados paliativos na medicina
(HERMES; LAMARCA, 2013). Estas autoras enfatizam que as práticas realizadas naquele país
e em outros países europeus, bem como no Canadá, tem servido de exemplo para outros países
no mundo e, devido ao envelhecimento da população brasileira, associado ao aumento da
incidência de câncer e de outras doenças crônicas como diabetes, hipertensão, problemas
cardíacos, acidentes vasculares cerebrais, os profissionais de saúde começam a ter um novo
olhar para a atividade de cuidados paliativos.
Assim,

estudos do IBGE mostram que entre 1901 e 2000, a população brasileira passou de
17,4 para 169,6 milhões de pessoas, e a expectativa de vida de um homem brasileiro
subiu dos 33,4 anos em 1910 para os 64,8 anos em 2000. Entretanto, junto com o
prolongamento da vida, os profissionais de saúde começaram a perceber que mesmo
não havendo cura, há uma possibilidade de atendimento, com ênfase na qualidade de
vida e cuidados aos pacientes, por meio de assistência interdisciplinar, e da abordagem
aos familiares que compartilham deste processo e do momento final da vida - os
cuidados paliativos (HERMES; LAMARCA, 2013, p. 2578).
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Revela-se, deste modo, a necessidade de assegurar ao paciente gravemente doente


cuidados focados no bem-estar e não necessariamente na cura. A garantia do direito universal
de saúde como dever do Estado é resultado de uma visão ampliada, previsto na Constituição de
1988 (TAPAJÓS, 2006) que possibilitou novas oportunidades de intervenção para profissionais
de diversas especialidades, entre eles os psicólogos, diante do fenômeno adoecimento,
buscando o atendimento a partir da integralidade em relação aos processos de saúde e doença.
Na mesma linha de compreensão, Paiva, Almeida e Damásio (2014, p. 557) apontam
que “os cuidados paliativos têm conquistado seu espaço gradativamente. No panorama
brasileiro, nota-se o processo de ampliação de sua importância para o bem-estar das pessoas
que se encontram nos últimos dias de vida”. E, tratando-se de pacientes com doenças
ameaçadoras da vida, torna-se fundamental iniciar os cuidados paliativos desde a confirmação
do diagnóstico de uma doença grave até um estado mais avançado, em busca de estabelecer
cuidados que vão se intensificando com a evolução da doença.
Em relação aos cuidados paliativos, Costa (2004) destaca também a integralidade de
cuidados preconizada por esta abordagem, destacando que tratar não significa somente medicar
e praticar o excesso de intervenções sobre os corpos por meio de exames; faz-se necessário
também o cuidar e dialogar. A mesma autora aponta a importância de dar ao paciente a
autonomia na decisão, uma vez que, “estar sob tratamento de um profissional médico não
implica estar sob suas ordens ou determinações” (COSTA, 2004, p. 11).
Frente a complexidade das demandas de cuidados, nota-se a importância da atuação
conjunta de uma equipe multidisciplinar composta por médicos, psicólogos, enfermeiros, entre
outros profissionais que prestem assistência ao paciente e a seus familiares com o objetivo de
minimizar o sofrimento (FERREIRA et al, 2011). Esta equipe, na qual também pode ter
incluídos religiosos e/ou assistentes espirituais, pode facilitar a melhora da qualidade de vida
do paciente com doença progressiva e incurável, reduzindo os agentes estressores que geram
sofrimento ao doente (DOMINGUES et al, 2013).
No que concerne ao profissional psicólogo, Ferreira, Lopes e Melo (2011) salientam
que,

como parte dessa equipe que atua na área de cuidados paliativos, a contribuição do
profissional de psicologia se define a partir de uma visão da doença como pertencente
ao campo da mente e das vivências e expressões da mesma, pelo corpo (FERREIRA
et al, 2011, p. 91).
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Embora o valor da presença do psicólogo em hospitais seja reconhecido, ainda existem


lacunas acerca do entendimento do papel do psicólogo como parte da equipe multidisciplinar.
Muitas vezes, este profissional ainda trabalha de modo subordinado à equipe médica, e não de
modo conjunto com estes profissionais. Conforme descreve Fuentes-Rojas (2011)

o psicólogo é inserido no setor da saúde, subordinado ao médico e sem autonomia,


faz com que pouco se motive a atuar de forma independente dentro da atenção
primária; sua prática fica restrita aos encaminhamentos do profissional médico, que
dá pouco valor à sua intervenção (FUENTES-ROJAS, 2011, p. 426).

Nesse contexto, a relação entre a equipe médica e os psicólogos exige uma revisão de
conceitos acadêmicos, aspectos políticos e sociais, devido à precariedade da saúde e
conscientização do profissional médico frente ao profissional psicólogo, promovendo
mudanças nessa atual realidade. O cotidiano da equipe é atravessado por experiências que
envolvem sofrimento, impotência, medo e perdas, além de enfrentarem jornadas extensas de
trabalho (ROSSI et al, 2004). E ter um psicólogo atuando na equipe multidisciplinar pode
contribuir para o bem-estar não somente do paciente e seus familiares, mas de toda a equipe
envolvida no trabalho.
No que diz respeito a pacientes que apresentam um quadro de doença ameaçadora da
vida e seus familiares, geralmente vivendo um estado de muito sofrimento, dispor de cuidados
específicos projetando uma diminuição deste sofrimento torna-se algo fundamental. Como os
fenômenos psicológicos acontecem a todo tempo e em todos os espaços, portanto, há uma
necessidade de garantir que estes aspectos não sejam ignorados, mas conduzidos e amparados
por profissionais capacitados. Neste sentido, “o psicólogo clínico, em hospital geral, trabalha
com emoções no limite, e toda arte e conhecimento se revelam essenciais” (BRIGHENTI, 2012,
p.105).
Tendo em vista que os cuidados paliativos foram criados para humanizar o atendimento
das equipes que cuidam de pacientes com doenças graves, manejar os sintomas prevalentes e
melhorar a qualidade de vida de pacientes que apresentam um diagnóstico irreversível de
determinadas doenças, o papel do psicólogo neste lugar é facilitar a compreensão do paciente
sobre sua atual condição de vida, promovendo acolhimento para suas angústias, objetivando
amenizar suas dores emocionais respeitando seu tempo de aceitação da morte (REZENDE;
GOMES; MACHADO, 2014).
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Justifica-se, portanto, a relevância da inclusão do psicólogo nos cuidados paliativos,


tencionando promover estratégias para melhorar a qualidade de sobrevida do paciente em final
de vida. A este respeito, Costa et al (2009) afirmam que:

Hoje já temos a constatação, por parte da equipe de saúde, da importância das emoções
e sua influência na eficácia do tratamento das doenças. Além disso, todo o movimento
que enfatiza a humanização do hospital pode ter facilitado a inserção do profissional
psicólogo (COSTA et al, 2009, p. 3).

A partir do exposto, o objetivo geral desta pesquisa foi analisar a percepção de médicos
de cuidados paliativos acerca do trabalho da psicologia com pacientes em final de vida, sendo
os objetivos específicos: caracterizar a percepção de médicos/as de cuidados paliativos em
relação a função do profissional de psicologia enquanto membro da equipe multidisciplinar;
verificar as atividades que médicos/as de cuidados paliativos atribui à psicologia; e
compreender a percepção de médicos/as de cuidados paliativos a respeito das intervenções da
psicologia com o paciente e a família.
A seguir, é apresentado o método utilizado com a finalidade de alcançar os objetivos
propostos.

MÉTODO

Esta pesquisa se caracterizou como de metodologia qualitativa, visto que favoreceu a


análise de informações por meio do estudo das práticas sociais individuais, fazendo um estudo
intensivo dos dados. Quanto aos objetivos foi uma pesquisa exploratória, pois intencionou uma
maior familiaridade com o assunto, visando torná-lo mais compreensivo ou a constituir
hipóteses. Em relação aos procedimentos, tratou-se de uma pesquisa de campo, que prioriza o
uso de entrevistas com informantes para captar as explicações e interpretações do que ocorre
em suas experiências (GIL, 2008).
Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas semiestruturadas, que se referem a
um diálogo que ocorre por meio de um roteiro que conduz a investigação (MARTINS, 2004).
Desse modo, a pesquisadora elaborou questões sobre o tema que foi estudado e que guiaram a
entrevista, mas incentivou os entrevistados a falarem livremente sobre o tema e, ao mesmo
tempo, possibilitou a realização de outras questões intermediárias conforme o andamento da
interação e os conteúdos abordados. O roteiro para as entrevistas conteve 8 questões
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relacionadas ao papel da psicologia nos cuidados paliativos, sendo composto inicialmente pela
identificação do entrevistado (nome, idade, profissão, titulação, tempo de experiência em
cuidados paliativos) e, posteriormente, por questões que buscam responder aos objetivos do
estudo, como: Desde quando você trabalha em Cuidados Paliativos? Como se deu sua inserção
nesse campo de trabalho? Quem são os profissionais com quem você trabalha? Em relação ao
trabalho do psicólogo em cuidados paliativos, quais são as funções que você entende que sejam
da competência desse profissional? Quais os atributos e/ou especializações que você considera
importantes ao psicólogo que trabalha com Cuidados Paliativos? Com relação à intervenção do
psicólogo no suporte ao paciente terminal e sua família, quais benefícios você percebe nesse
trabalho? Com base na sua experiência em trabalhar com pacientes terminais você considera
necessário o atendimento psicológico para todos os doentes que sofrem com uma doença
incurável?
Tendo em vista o contexto atual de pandemia pelo coronavírus, as entrevistas foram
realizadas de modo online através da plataforma digital, Google Meet, tendo sido gravadas em
áudio e posteriormente transcritas. Realizou-se a entrevista com quatro médicos que integram
equipes de cuidados paliativos do Município de Florianópolis, explorando suas convicções
sobre o papel da psicologia em cuidados com pacientes em fase final de vida e quais funções
são atribuídas aos profissionais de psicologia nesse ambiente. A amostragem ocorreu por
acessibilidade ou conveniência, como cita Gil (2008, p. 94), em que se selecionam os
participantes a que se tem acesso, admitindo que esses possam representar o universo de alguma
forma. Este projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa, parecer número 4.214.546.
Abaixo será apresentada a caracterização dos participantes (quadro 1) por meio das
informações coletadas no roteiro de entrevista.

Quadro 1: Participantes da pesquisa


Identificação Idade Titulação Tempo de experiência em
cuidados paliativos
Participante 1 32 anos Mestrado 17 anos

Participante 2 38 anos Mestrado 14 anos

Participante 3 36 anos Especialização 05 anos

Participante 4 37 anos Mestrado 08 anos


Fonte: entrevistas (2020)
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A respeito da formação acadêmica dos participantes na entrevista, pode-se constatar que


apenas um participante não possui mestrado, tento a titulação especialização, no entanto, todos
têm formação específica em cuidados paliativos. Sendo de comum acordo entre os participantes
que todo profissional que atua em cuidados paliativos deve ter formação específica nesta área.
No que concerne ao tempo de experiência profissional em cuidados paliativos verificou-
se uma experiência entre 5 e 17 anos. Sendo que o entrevistado com menos idade é o que
tralhava há mais tempo na áreaIV. Outro aspecto interessante é que todos os entrevistados são
médicos jovens de idade.
Com as entrevistas encerradas, foi realizada análise de conteúdo dos dados, que segundo
Gil (2008), esta é uma técnica investigativa que busca interpretar as informações obtidas por
meio de uma descrição, objetiva, sistemática e qualitativa do conteúdo coletado através das
técnicas escolhidas. E com as transcrições finalizadas, foi feita a análise de conteúdo que,
conforme Bardin (2011) acontece através de três etapas, sendo a primeira etapa a pré-análise
que tem por objetivo o planejamento e organização das informações; a segunda etapa é a
exploração do material obtido na pesquisa e a e a terceira etapa diz respeito a interpretação dos
dados coletados (BARDIN, 2011).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A seguir são apresentados os resultados da entrevista por meio das informações


coletadas no roteiro de entrevista.

Experiências de trabalho dos participantes em cuidados paliativos

Para dois dos entrevistados a inserção no âmbito dos cuidados paliativos ocorreu desde
quando estavam na residência de clínica médica, quando já experenciavam este trabalho com
familiares e/ou pessoas próximas de suas convivências pessoais. Com relação aos outros
participantes, um iniciou esta experiência no internato de geriatria e o outro quando terminou a
residência médica. O participante que fez o internato de geriatria relata que “o internato de

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A Participante1 (P1) iniciou seus trabalhos em cuidados paliativos com experiências pessoais, com membros de
sua família. Ao ser questionada sobre sua experiência nessa área, considerou, portanto, não somente a experiência
profissional, mas também a pessoal, o que faz com que tenha, dentre os entrevistados, o maior tempo de atuação
neste campo, apesar de ter também a menor idade entre eles.
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geriatria aconteceu nos últimos anos da graduação do curso de medicina, é uma espécie de
estágio obrigatório, onde aplicamos na prática um pouco do que aprendemos ao longo da
graduação” (P4). Sobre a geriatria, relata ser uma área da medicina que estuda o
envelhecimento e se propõe a cuidar de pessoas idosas.
Todos os entrevistados trabalham em equipe multiprofissional. Uma das participantes
relatou que “efetivamente não temos equipe multiprofissional. Mas trabalhamos com esse
suporte porque os profissionais do hospital abraçaram a causa” (P3). Os profissionais
mencionados pelos participantes da pesquisa como membros da equipe de cuidados paliativos
foram: médico, enfermeiro, psicólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional, assistente social,
capelão, fisioterapeuta, fonoaudiólogo. E uma das participantes (P2) relatou que conta com
profissionais do campo jurídico em sua empresa particular para assuntos como testamento vital.
No que diz respeito ao testamento vital, trata-se de um documento em que a pessoa
define cuidados, tratamentos e procedimentos médicos que deseja ou não para si mesmo
(DADALTO et al, 2013). Segundo uma das participantes (P2), o testamento vital “é um
documento que garante que a vontade do paciente com relação aos procedimentos médicos
seja cumprida quando um paciente apresentar uma doença grave que o impossibilite de
expressar suas próprias vontades” (P2). O objetivo deste documento, no entendimento de
Arantes (2016), é assegurar a dignidade, qualidade, significado e valor da vida diante de uma
doença incurável, assegurando cuidados de conforto durante o tempo de vida até que chegue o
momento da morte, sob a perspectiva do próprio paciente. A mesma autora também relata ser
o testamento vital um documento que serve para auxiliar a família e médico do paciente a
tomarem decisões difíceis quando o paciente já não tem mais condições de tomar suas próprias
decisões.
Sobre este assunto Dadalto et al (2013) afirmam que:

o testamento vital parte do princípio de que o paciente tem o direito de se recusar a


ser submetido a tratamento médico cujo objetivo seja, estritamente, prolongar-lhe a
vida, quando seu estado clínico for irreversível ou estiver em estado vegetativo sem
possibilidade de recobrar suas faculdades, conhecido atualmente como estado
vegetativo persistente (DADALTO et al, 2013, p.464).

Com o mesmo entendimento, Moreira et al. (2017, p. 168) afirmam que o “testamento
vital é tema discutido no âmbito da saúde e do direito e importante instrumento para direcionar
a assistência prestada ao paciente terminal de acordo com suas aspirações”. Por outro lado,
Arantes (2016) ressalta que embora pouco se fale sobre isto, a elaboração e o registro do
testamento vital são recomendados pelo Conselho Federal de Medicina e tem pleno suporte
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legal no nosso país, deixando também claro que não é escolha por eutanásia ou suicídio, e sim
um caminho de dignidade e respeito às leis naturais da vida.
Os entrevistados destacaram que os cuidados paliativos precisam acontecer por meio de
uma equipe multiprofissional e não somente por um determinado profissional da saúde. Nesse
sentido, Hermes e Lamarca (2013), além de apontarem os cuidados paliativos como uma prática
de profissionais de diversas áreas que trabalham em conjunto para oferecer uma melhor
qualidade de vida ao paciente, descrevem que os cuidados paliativos “preconizam humanizar a
relação equipe de saúde-paciente-família e proporcionar uma resposta razoável para as pessoas
portadoras de doenças que ameaçam a continuidade da vida, desde o diagnóstico dessa doença
até seus momentos finais” (HERMES; LAMARCA, 2013, p. 12).
Quando questionados sobre o que é necessário para promover qualidade de vida ao
paciente em final de vida, foco do trabalho em cuidados paliativos, os participantes relataram
que o primeiro passo é conhecer a biografia do paciente e identificar seus valores, crenças e
suas escolhas. Uma participante (P1) comenta que nem sempre os pacientes sabem dizer onde,
para eles, “mora o sentido da vida”, sendo importante buscar compreender que sentido pode
haver nas entrelinhas do que o paciente diz.
Por isso, os entrevistados destacaram sobre a importância de entender a trajetória de
vida da pessoa e sua relação com a vida e com isso tomar decisões compartilhadas em que o
profissional de cuidados paliativos entra com o conhecimento técnico e o paciente/familiares
com os seus desejos. Sobre a decisão compartilhada, Abreu et al. (2006) a conceituam como
um modelo de relacionamento entre o médico e o paciente, diferente do modelo paternalista,
no qual o médico decide e delibera a respeito de todos os procedimentos médicos. No entanto,
estes mesmos autores enfatizam que a decisão compartilhada “não pode ser confundida com o
consentimento informado, em que o médico apresenta as questões, até expõe os riscos, mas, ao
paciente, cabe incorporar a decisão” (ABREU et al, 2006, p. 269). Já Mello e Silva (2021)
relatam que esta “é uma parceria entre médico e doente, na qual ambos devem atuar como
sujeitos” (MELLO; SILVA, 2012, p. 4) e destacam ainda que em determinados casos essa
parceria também inclui a família.
Na opinião dos entrevistados a decisão compartilhada facilita o trabalho de equipe, pois,
ao saber sobre as decisões, desejos e escolhas dos pacientes, pode ser mais fácil respeitar sua
autonomia e direcionar os cuidados para seu conforto. Isso porque, segundo informam, a
filosofia dos cuidados paliativos busca tornar viável as preferências do paciente e familiares,
pois a qualidade de vida deve ser aquela preconizada pelo paciente, e não pela da equipe.
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Assim, os participantes falam da necessidade de auxiliar o paciente a fazer suas escolhas


e de respeitá-las, tornando-se necessário, para isso, saber quais são os seus medos, desejos, sua
cultura e crenças. Destacam, ainda, ser imprescindível a realização de uma avaliação ampla da
condição do paciente, bem como de seu prognóstico, pois é esta avaliação que possibilita a
compreensão das demandas e necessidades do paciente e seus familiares. Nesse processo, a
transparência na comunicação e no relacionamento são elencados pelos entrevistados como
fundamentais, pois permite que o paciente e seus familiares tenham clareza da sua situação e
tenha tempo de escolher o que deseja para o seu final de vida.
Sobre a comunicação em cuidados paliativos, Leal (2003, p. 40) aponta que a

ausência de informação ou a comunicação deficiente conduz o paciente a um


sentimento de insegurança em relação à doença e ao prognóstico da mesma, assim
como a uma insegurança na sua relação com o médico. Dar a informação ao doente,
sempre de acordo com as suas necessidades, pode ajudar a diminuir o seu isolamento
e medos e a mobilizar os seus recursos e capacidades de enfrentar a situação.

Ao mesmo tempo, os entrevistados apontam que os profissionais de psicologia, a partir


de seu saber e técnicas de intervenção, contribuem para que toda a equipe seja amparada no
processo de comunicação com pacientes e familiares, mas também na comunicação entre os
membros da própria equipe. Na categoria a seguir, estão discutidos os principais aspectos
elencados pelos participantes acerca do trabalho da psicologia nos cuidados paliativos.

O trabalho dos profissionais de psicologia em cuidados paliativos na percepção dos


médicos e médicas

Com relação à percepção dos médicos sobre quais são as funções atribuídas ao psicólogo
paliativo, afirmam que o psicólogo tem dois eixos principal na atuação com pacientes em
cuidados paliativos. O primeiro eixo é diretamente relacionado ao cuidado psicológico e
emocional do paciente, ou seja, a abordagem relacionada à saúde mental dos doentes. O
segundo eixo está relacionado ao seu papel com a equipe multiprofissional.
Em relação ao primeiro eixo, os participantes destacam que os profissionais de
psicologia, pela sua atuação com os pacientes e familiares, auxiliam a equipe na compreensão
e escolha sobre as melhores condutas a serem tomadas para aquele paciente, considerando sua
singularidade. Destacam, assim, que existem diversas “linhas de tratamentos” a serem ofertadas
ao paciente e sua família, ou seja, uma série de possibilidades de tratamentos disponíveis.
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Sabendo sobre quem é o paciente e sua família por meio do trabalho da psicologia, a equipe
pode então alinhar suas intervenções e seguir na mesma linha de cuidados, que é aquela que faz
o paciente se sentir confortável e acolhido.
Ainda segundo os entrevistados, o atendimento psicológico ao paciente e familiares é
fundamental, pois a emoção está presente em todas as etapas dos cuidados paliativos, inclusive
presentes antes do diagnóstico, na angústia de perceber que algo está errado, no medo de prever
que algo ruim está por vir, na falta de esperança, entre outras experiências. Relatam, assim, que
o trabalho em psicologia promove um acolhimento emocional que reduz o sofrimento físico e
global dos pacientes e de seus familiares, que geralmente envolvem sofrimentos como angústia,
medo, ansiedade, depressão, tristeza, solidão (SILVA et al, 2008).
Os entrevistados compreendem, portanto, que o psicólogo tem um papel importante na
saúde mental do paciente, na sua jornada de entendimento diante de tantas informações que vão
surgindo, na ressignificação de momentos e de papéis conforme haja mudanças e limitações
físicas, no acolhimento da legitimação da sua história de vida e suas escolhas diante de um
diagnóstico ou prognóstico difíceis, em que, mesmo com dificuldades, ainda há espaço para
escolhas enquanto houver autonomia.
Neste sentido, Rezende et al (2014) destacam que, diante da consciência da morte, o
paciente pode olhar para a vida que teve até o presente momento e repensar as suas escolhas,
questionando-se que poderia não estar enfermo se tivesse vivido de forma diferente. E com isto,
pode surgir sentimento de culpa e o arrependimento em relação a escolhas realizadas até então.
No entanto, haverá ainda muitas escolhas a serem realizadas a partir do diagnóstico e o
psicólogo poderá, então, amparar os doentes nesse processo. Além disso, para Domingues et al
(2013) o papel do psicólogo quando alguém se encontra num momento de perda e dores
intensas, quando pode ter dificuldades para encontrar razões para existir, é fazer com que a
pessoa encontre essas razões dentro de si mesmo “ expressando as dores do seu corpo e de sua
alma, reatando laços e desfazendo nós” (DOMINGUES et al, 2013, p. 21).
Sobre este mesmo aspecto, uma das entrevistadas relatou que, em especial para os
pacientes que sentem mais dificuldade de aceitar um diagnóstico de uma doença sem
possibilidade de cura ou de lidar com questões como a morte, ter um psicólogo que possa
acompanhar esse processo de aceitação da doença torna-se fundamental. Assim, enfatiza que
“independentemente de estar doente ou mesmo cuidando de doença, deveria se presentear com
visitas ao profissional da psicologia, enfatizando que o psicólogo deveria ser “carregado no
bolso” pois sempre pode contribuir muito no bem-estar do sujeito” (P4).
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Já o segundo eixo da importância do psicólogo, segundo os participantes, é a


contribuição para um “ajuste entre a equipe”. Neste sentido, destacam que, tendo em vista que
os psicólogos são profissionais com frequência preparados para realizar uma escuta sensível,
sua atuação contribui não somente para a qualidade de vida do paciente e dos familiares, mas
muitas vezes oferece um espaço de acolhimento para os próprios membros da equipe de
cuidados paliativos. É de comum acordo entre os entrevistados que o psicólogo não é psicólogo
da equipe, mas que em determinadas situações é o melhor profissional com o conhecimento
técnico para fazer esse acolhimento pontual para os membros da equipe que não estejam
alinhados com as expectativas daquele cuidado.
Assim, numa equipe multidisciplinar, o psicólogo poderá atuar como mediador tanto
nas relações entre os profissionais da equipe, quanto nas relações da equipe com os pacientes e
famílias (REZENDE et al, 2014). O acolhimento e a escuta são instrumentos indispensáveis ao
trabalho do psicólogo na visão de Hermes e Lamarca (2013), que também enfatizam que o
psicólogo precisa “conhecer a real demanda do paciente, além de ter que possuir uma boa
comunicação interpessoal seja em linguagem verbal ou não, firmando assim uma relação de
confiança com o paciente”.
Quando interrogados com relação aos benefícios que percebem com a intervenção do
psicólogo no suporte ao paciente e sua família, os entrevistados concordam que estes
profissionais auxiliam no processo de elaboração do luto antecipatório e que, a partir disso, dá-
se uma oportunidade de que paciente e família aproveitem o tempo que ainda têm juntos.
Enfatizam que os efeitos dessas intervenções são surpreendentes, na medida em que contribuem
para o enfrentamento do caminho até a finitude e contribuem para a elaboração do luto da
família após a morte do doente.
Sobre o luto, Basso e Wainer (2011) conceituam como um processo inevitável de
elaboração de uma perda e que todas as pessoas que perdem um ente querido tendem a passar
por isso. Nesse mesmo sentido, Kóvacs (2007) o define enquanto um processo de elaboração
diante de uma perda, seja ela de uma pessoa com quem vínculos foram estabelecidos, sejam de
perdas de objetos significativos na vida dos sujeitos. Já em relação ao luto antecipatório, este é
definido como “um processo de luto que pode acontecer antes da morte, quando um processo
de doença e/ou perdas já está sendo vivido” (KOVÁCS, 2007, p. 227). Trata-se de um
fenômeno adaptativo, em que tanto a família como o paciente se preparam emocional e
cognitivamente para a morte biológica (FONSECA, 2004).
Na concepção dos participantes, o acolhimento emocional realizado por profissionais
de psicologia atuando em cuidados paliativos abre portas para construção de um fim de vida
14

em que haja possibilidades de ressignificar o momento de perdas e dar um novo sentido para
aquele momento. Sobre este aspecto, uma participante relata que “o acolhimento auxilia nas
fases de compreensão da doença, nas fases de luto, despedidas menos dolorosas,
ressignificação de escolhas e da forma de se despedir” (P4).
Conforme descrevem Lisboa e Crepaldi (2003), a intervenção psicológica no processo
de despedida de pacientes e familiares pode ajudar seus membros a lidarem com questões não
resolvidas com a pessoa que está morrendo, a identificarem e expressarem “sentimentos como
raiva, culpa, ansiedade, impotência, tristeza, e estimulá-lo a dizer um adeus apropriado” (p.
103). Além disso, o ritual de despedida poderia proporcionar “melhores condições para
enfrentar e elaborar o luto depois da morte, devido à oportunidade de redefinirem seus
relacionamentos com o parente ainda em vida, aliviando sentimento de culpa e remorso”
(LISBOA; CREPALDI, 2003, p. 103).
Uma entrevistada comenta que existe bastante vida em torno da morte e o atendimento
psicológico faz diferença para o paciente que está partindo e para sua família que fica com o
luto que reverbera. Ainda, enfatiza que “quando alguém está à beira da morte, receber um
atendimento de um profissional como do psicólogo contribui muito para que o paciente tenha
um processo de morte menos angustiante, dando também um conforto aos familiares, que já
sabem que a morte do ente querido se aproxima e, geralmente, já sofrem com a perda mesmo
antes dela se concretizar” (P2). Faz-se importante, assim, o amparo ao paciente em fase final
de vida em cuidados paliativos e à sua família, pois todos se beneficiam quando se toma
consciência do processo de morrer (CASTRO, 2001).
Um outro fator importante relatado pelos participantes trata-se da família também estar
preparada no caso do paciente e/ou família optaram pela tentativa de que o óbito do paciente
ocorra no domicílio. Segundo os entrevistados, quando a família não está preparada e amparada
para esse evento e o paciente vem a falecer em casa, isso pode ser um fator gerador de
sofrimento e estresse para a família, não só no momento do falecimento, mas também na
elaboração posterior do luto.
Conforme destacam (YAMAGUCHI; OLIVEIRA, 2011), o óbito no domicílio é um
evento que deve ser planejado conjuntamente por meio de decisões compartilhadas e poderá
ocorrer sem riscos de iatrogenias principalmente quando ocorre por um desejo dos familiares e
pacientes, ao mesmo tempo em que sintam-se amparados e preparados para isso. Nesse sentido,
para Hermes e Lamarca (2013, p. 4), “quando o indivíduo decide morrer no seu próprio lar, os
profissionais de saúde consideram os familiares como membros da equipe de cuidados
paliativos, pois os mesmos auxiliarão a equipe nos cuidados com o paciente”
15

Desse modo, os entrevistados relataram que não é indicado, por exemplo, realizar a
abordagem ao paciente para proporcionar que ele possa morrer no domicílio, se o principal
cuidador ou cuidadores não toleram ver a morte dentro de casa. De acordo com uma das
entrevistadas, se isso ocorre, “na hora vira um caos completo, com demandas para
procedimentos hospitalares (P1)”. Em relação aos possíveis cuidados para que pacientes e
familiares estejam em condições suficientes para que o óbito ocorra no domicílio, os
participantes acreditam que o preparo da rede de apoio pode ser realizado principalmente por
psicólogos e assistentes sociais, pela abordagem que realizam aos problemas, dilemas e
condições psicossociais dos envolvidos neste evento.
Seguindo esse pensamento, e lembrando que os cuidados paliativos não ocorrem
somente no ambiente hospitalar, Domingues et al (2013, p. 9) enfatizam que “muitas vezes
pode ser possível, e até recomendável, que o paciente seja levado para o seu lar, não obstante,
familiares e cuidadores devem ser preparados para isso”. E para estas autoras, em casa o
paciente poderá ter uma qualidade de vida melhor, recebendo carinho e atenção e ganhando
tempo para se despedir de seus entes queridos, longe do clima frio de um hospital, onde muitas
vezes experimenta a solidão.
Para Braz e Franco (2017) o psicólogo que trabalha em cuidados paliativos pode
contribuir em diversas atividades por meio da sua habilidade em lidar com o campo da mente
e das vivências e expressões da mesma através do corpo. Segundo estas autoras, um dos
objetivos principais do suporte psicológico ao paciente com doenças graves e seus familiares é
mostrar ao doente que o momento vivido pode ser compartilhado, procurando estimular
recursos internos para atenuar sentimentos como solidão e tristeza, que causam sofrimento
psíquico (como, ansiedade, depressão, medos, entre outros) buscando favorecer a
ressignificação desta experiência que é o adoecer e o morrer.
Auxiliando pacientes e familiares a ressignificar o conceito de morte, os profissionais
de psicologia podem contribuir para compreendê-la como uma consequência natural da vida e
não como algo a ser evitado a qualquer custo. Podem, ainda, oferecer um espaço seguro para
que possam expressar seus sentimentos e vivenciar diversos medos que fazem parte do
momento de final de vida, muitas vezes pelas perguntas não feitas e respostas evitadas (MELO;
VALERO; MENEZES, 2013).
Apesar de todos os entrevistados terem enfatizado sobre a importância da presença de
psicólogos nas equipes de cuidados paliativos, dois deles indicam que alguns pacientes podem
não querer realizar acompanhamento psicológico nesse período, por não estarem dispostos ou
disponíveis para tocar em assuntos que estes profissionais podem abordar. No entanto, uma
16

outra entrevistada (P1) lembra que o atendimento psicológico não precisa ser necessariamente
com o/a paciente, uma vez que, para que isso aconteça ele, tem que ter essa vontade. Em suas
palavras, “na maioria das vezes quando a gente tem um bom psicólogo a gente consegue, mas,
tem paciente que não consegue, não tem essa abertura, essa demanda, não está no momento
psicoterapêutico dele” (P1). Esta mesma participante deixa claro que isso não diminui a
importância de o psicólogo estar no processo de atendimento, porque sempre há demandas a
serem atendidas da rede de apoio desse paciente, ou demandas da equipe de saúde, ou ainda a
necessidade de sua presença para o suporte para notícias difíceis.
Os entrevistados concordam que o apoio psicológico ao paciente é fundamental quando
este recebe um diagnóstico de doença incurável, contribuindo para que assimile a notícia de
forma menos traumática e, em seguida, elabore, trabalhe seus lutos e aos poucos decida como
deseja viver a partir deste evento. Relatam que na maioria das vezes em que conseguem que o
paciente viva com a doença e não para a doença isso acontece quando o atendimento
psicológico é iniciado tão logo o paciente receba o diagnóstico de uma doença grave.
Os participantes relatam ainda que o suporte psicológico ao paciente contribui não
somente para as tomadas de decisões em relação às condutas clínicas, mas também com a
possibilidade de escolher quem irá tomar decisões ou resolver questões financeiras e jurídicas
quando este não puder mais responder, decidindo, por exemplo, quem será a pessoa que deseja
que tenha acesso a esses aspectos. Reiteram que, quando se consegue fazer isso num tempo em
que a doença ainda permite fazer escolhas, é muito mais fácil a trajetória do cuidado desse
paciente, por isso falam da importância de ter na equipe multiprofissional um psicólogo para o
paciente lidar melhor com sua condição desde o momento do diagnóstico. A este respeito,
Castro (2001) afirma que

todos da equipe médica têm seu papel de importância. Principalmente a psicologia por
estudar o ser humano na sua forma mais íntima. É imprescindível a atuação do
psicólogo, colaborando para que este paciente, sua família e a equipe médica possam
buscar um maior equilíbrio de vida interior e um grau de adaptação à realidade
(CASTRO, 2001, p. 2).

Assim, a partir dos relatos dos participantes sobre o trabalho da psicologia nos cuidados
paliativo, pode-se observar que os entrevistados apontam para a importância da presença destes
profissionais nas equipes, por ser mais um profissional que pode contribuir, por meio de suas
especialidades, no objetivo principal da equipe multiprofissional, que é promover uma melhor
qualidade de vida ao paciente que apresenta um diagnóstico de uma doença que ameaça a sua
vida e também à sua família. No entanto, destacam que, para tanto, estes profissionais precisam
17

estar preparados para as práticas relacionadas à abordagem de problemas complexos que


envolvem o final da vida, aspectos que são discutidos na categoria a seguir.

Percepção dos médicos e médicas sobre a formação necessária ao psicólogo/a para a


atuação em cuidados paliativos e sobre dificuldades encontradas na realização do
trabalho
Os entrevistados citaram algumas características e/ou especializações importantes ao
psicólogo que trabalha com cuidados paliativos. Entre eles, destacaram a residência
multiprofissional em cuidados paliativos, a especialização em cuidados paliativos e em luto,
morte e algum aprofundamento no tema espiritualidade, com leituras livres. Relataram que o
psicólogo ter formação em cuidados paliativos ou luto faz diferença para a abordagem,
melhorando também na comunicação entre os membros da equipe e o reconhecimento da
intersecção dos saberes das áreas da saúde, em que muitos profissionais tomam condutas diante
de uma mesma condição, podendo trazer mais benefícios ao paciente e seus familiares.
Assim, os participantes acreditam ainda ser necessário ter a formação em cuidados
paliativos, seja por meio de pós graduações, especializações, mestrados, pois muitas vezes os
cuidados paliativos são confundidos exclusivamente com o “gostar de fazer”, sem que os
profissionais se encontrem tecnicamente preparados para esta prática. Nesse sentido, apontam
que, ao pensar que gostar deste campo de trabalho seja suficiente, este é um entendimento
errado, pois os cuidados paliativos são uma ciência como outras e precisam que os profissionais
estejam aptos a realizá-los de modo eficiente.
Na concepção de Gutierrez (2001, p. 92) “para o profissional que se interessa por esta
atuação (acompanhar o paciente na morte), surgem questões a serem pensadas, como a própria
morte e sua posição frente a ela e à vida”. A autora também ressalta que o conviver com a
possibilidade de morte faz parte do cotidiano do profissional de cuidados paliativos, sendo esta
uma árdua tarefa. Por outro lado, considera gratificante quando acontecem intercâmbios de
experiências e aprendizados entre o paciente e o profissional de cuidados paliativos.
Assim, os entrevistados concordam sobre a importância da inserção dos cuidados
paliativos como uma disciplina obrigatória nas universidades, nos diversos cursos de graduação
de profissionais de saúde. Consideram que, ainda que os profissionais formados não pretendam
seguir trabalhando na área, conhecer os cuidados paliativos, conhecendo seus princípios
fundamentais, auxilia na possibilidade de priorizar a qualidade de vida, dos doentes,
independente da cura.
18

Uma das participantes comenta que “muitas vezes os pacientes com quadros de
problemas mentais, pacientes sem cura, gravíssimos, e que prejudica muito a qualidade de vida
das pessoas, como pessoas com esquizofrenia ou diagnosticados com transtorno borderline,
lidam direto com isso mesmo em ambulatórios” (P2). Nesse sentido, P2 explica que mesmo
quando o psicólogo decide não atuar diretamente com cuidados paliativos, ao trabalhar no
campo da saúde, poderá se deparar com pessoas que, embora procurem o serviço pela questão
psíquica, podem estar vivenciando situações de doenças crônicas e ameaçadoras da vida, o que
torna fundamental ter conhecimento sobre cuidados paliativos.
Com relação às práticas do profissional de psicologia como membro integrante da
equipe multiprofissional trata-se de buscar técnicas, como por exemplo, o acolhimento e a
escuta ativa, que auxiliem o paciente no enfrentamento e elaboração das experiências
emocionais vividas nesse estágio de terminalidade da vida (FERREIRA et al, 2011).
Além disso, uma das premissas fundamentais da prática do psicólogo que busca
trabalhar a favor do bem-estar do doente é nunca ser invasivo no método de tratamento, mas
ser um facilitador no processo de integração do paciente, da família e da equipe multidisciplinar,
atentando no doente (não na doença) e numa melhor qualidade de vida do paciente não o
prolongamento do seu sofrimento (DOMINGUES et al, 2013).
Quando interrogados a respeito do psicólogo enfrentar dificuldades nas intervenções em
cuidados paliativos, novamente apontam para dificuldades relacionadas às lacunas em sua
formação profissional. Segundo os participantes, a principal dificuldade diz respeito ao
desconhecimento técnico e teórico de profissionais de psicologia acerca dos cuidados
paliativos, fazendo que, ao iniciarem o trabalho nesse campo, encontrem-se despreparados para
as intervenções. Uma participante relata que, “assim como outros profissionais de saúde, o
psicólogo que não está estudado, formado nos cuidados paliativos e no luto, tem dificuldades
de atender pacientes em situações de cuidados paliativos” (P1).
Por outro lado, entendem que os psicólogos e enfermeiros são os que saem da graduação
ainda com o melhor preparo para lidar com o final de vida, mas não saem preparados para os
cuidados paliativos na amplitude do termo, de manejo acertado de sintomas, independente de
estadiamento de doença, estadiamento de vida, de lidar com o sofrimento psicossocial de final
de vida, sem ser o trabalho psicoterápico para o luto. Ainda assim, acreditam que o psicólogo,
como todos os outros profissionais no Brasil, não recebem esse treinamento na graduação, e
acabam precisando correr atrás dessa formação por conta própria. E para que o trabalho de
cuidados paliativos aconteça de forma eficaz, com foco no paciente, ter uma equipe
multidisciplinar engajada, estudada e com papéis bem definidos é de grande importância.
19

Uma das participantes acredita, ainda, que exista preconceito e, em consequência, baixa
aceitação do trabalho do psicólogo por parte de alguns pacientes e familiares, em especial na
população idosa, população esta que tanto necessita de cuidados paliativos e que tanto
enfrentam grandes transformações no envelhecimento. Outra dificuldade comentada pelos
entrevistados é a psicofobia, tão intensa ainda na sociedade, relatando ver com frequência que
tanto o paciente como seus familiares rechaçam a ideia de atendimento psicológico por não
considerarem necessário, por “não estarem loucos” ou mesmo pelo medo de tocar em pontos
sensíveis da vida. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a psicofobia é
compreendida como todo tipo de preconceito contra pessoas que apresentam transtorno e/ou
doenças mentais.
Neste contexto, ressalta-se que a inserção do psicólogo nos hospitais foi baseada na
demanda da origem psiquiátrica, com foco na mudança da cultura de hospitalização do doente
psiquiátrico, por isso, a psicologia foi introduzida na área da saúde com um forte vínculo ao
modelo médico e à saúde mental (PIRES; BRAGA, 2009). Dessa forma, com frequência
observa-se um padrão de atendimento biomédico e não psicossocial e isso pode interferir na
atuação do psicólogo hospitalar e também em um desconhecimento da população geral acerca
das contribuições do psicólogo a este campo de atuação. Porém, o hospital é um lugar destinado
não somente ao tratamento de doenças, mas principalmente de cuidados com o sujeito doente.
Assim, torna-se importante que o profissional inserido no âmbito hospitalar, indiferente de ser
médico ou psicólogo, tenha a compreensão do homem em sua totalidade, seu diálogo entre
mente e corpo, sua condição biopsicossocial, política e espiritual (MOSIMANN; LUSTOSA,
2011), contribuindo para a ampliação não só das práticas, mas também da compreensão que
equipes, pacientes e familiares podem vir a ter de sua atuação neste campo.
Por outro lado, segundo Tonetto e Gomes (2007), o psicólogo hospitalar ainda enfrenta
alguns obstáculos para desenvolver seu trabalho, dentre eles, o reducionismo dos médicos, ao
se limitarem apenas aos cuidados do corpo não dando tanta importância ao psiquismo no
sucesso do tratamento. Outro aspecto que atravessa o trabalho do psicólogo no campo hospitalar
é a falta de autonomia para lidar com os pacientes, o que dificulta a sua atuação na equipe
multidisciplinar. Isso acontece pelo poder que o médico exerce dentro da equipe e pelo
psicólogo geralmente ser visto como seu subordinado (TONETTO; GOMES, 2007). Já os
participantes comentam que os gestores das equipes de saúde muitas vezes não compreendem
o quão fundamental é o papel do psicólogo dentro de uma equipe de cuidados paliativos.
Desse modo, diante do exposto, ressalta-se a importância do trabalho em equipe na
contribuição de cuidados à pacientes em situação de doença incurável e à sua família, ambos
20

merecedores de cuidados. Mas não somente em equipe multiprofissional, e sim em equipe


interdisciplinar, ou seja, concebida enquanto espaço de articulação entre saberes e ações de
distintos profissionais, que buscam a interação comunicativa e o estabelecimento de pontes e
ligações entre si (PEDUZZI, 2001).
Por outro lado, destaca-se a importância da busca por qualificação teórica e técnica para
a realização de cuidados paliativos de qualidade, o que significa que para adentrar este campo
de atuação não basta “gostar” ou “querer” fazer, mas também saber fazer. As demandas
complexas relacionadas ao cuidado, em especial no período final de vida, exigem, portanto,
qualificação dos profissionais e competências construídas e constantemente revisitadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com os resultados obtidos por meio das entrevistas, este estudo atingiu o objetivo
principal que era entender qual a percepção da equipe médica de cuidados paliativos sobre o
trabalho da psicologia com pacientes em final de vida.
As entrevistas ocorreram de forma bem receptiva por parte dos entrevistados que
aceitaram participar, o que facilitou para que o objetivo fosse atingido. Porém, durante o
percurso de contactar e entrevistar estes profissionais, algumas dificuldades foram notáveis,
como a dificuldade de acesso a estes profissionais (mesmo que de forma virtual), pois além de
alguns contactados demorarem para responder qual seria a melhor data para a entrevista, ainda
alguns médicos contactados não aceitaram participar, justificando a falta de tempo devido ao
momento de pandemia que estamos vivendo atualmente.
Por questões éticas foi adotado o procedimento de não revelar as identidades dos
participantes, por isso os nomes verdadeiros foram substituídos pela letra P (Participante).
Outro procedimento adotado foi o de não relevar o gênero no decorrer do trabalho, em virtude
de ter apenas um entrevistado do sexo masculino, o que dificultaria a preservação de sua
identidade.
Diante do que pode ser observado durante as entrevistas, através dos relatos dos
participantes, acredita-se que um assunto interessante para ser estudado, pensando em uma nova
pesquisa, trata-se da inserção dos cuidados paliativos nas universidades como parte da grade
curricular de psicologia, que inclusive foi comentado pelos participantes da importância de se
estudar este assunto durante a graduação.
21

Assim, o presente estudo resultou numa reflexão sobre a importância do trabalho da


psicologia com pacientes em fase final de vida, desde o início do diagnóstico de uma doença
incurável até o final da vida. Os resultados reforçam o entendimento da necessidade de ter uma
equipe multiprofissional de cuidados paliativos engajada num só objetivo que é o bem-estar do
paciente. Destacou-se a importância de que, nela, cada profissional atue em sua área específica,
mas que o trabalho aconteça de forma compartilhada e com responsabilidade de todos
envolvidos. Nesse sentido, a equipe, em um trabalho conjunto, pode explorar todos os recursos
disponíveis em busca de amenizar o sofrimento do paciente e de sua família, objetivando
promover uma melhor qualidade de vida.
Com base nas entrevistas, pode-se compreender a necessidade do psicólogo que deseja
atuar com cuidados paliativos buscar uma formação específica nesta área, bem como, estudar
assuntos como tanatologia e luto. Desse modo, terá preparo técnico e pessoal para lidar com
pacientes que se deparam com um quadro de uma doença sem possibilidade de cura.
A literatura que trata sobre os cuidados paliativos defende a indispensabilidade do
trabalho em equipe multiprofissional no processo de cuidados ao paciente e seus familiares.
Neste sentido, cabe enfatizar que o trabalho em equipe contribui efetivamente para o resultado
final dos cuidados com o paciente em final de vida. No entanto, ainda apresenta desafios que
se referem aos conflitos entre as definições das tarefas concedidas a cada profissional, o que
pode gerar confrontos entre a equipe multiprofissional.
Com relação ao profissional psicólogo constata-se pelos relatos dos entrevistados que
este pode contribuir intervindo com suas habilidades para amenizar o sofrimento psicológico e
emocional do paciente que se depara com um diagnóstico de uma doença sem possibilidade de
cura.
Quando foi decidido realizar este projeto, já era do conhecimento da pesquisadora que
havia uma ausência de interesse do meio acadêmico pelo assunto, pois é uma temática que
nunca foi abordada e nem se quer mencionada ao longo da graduação. E por questões pessoais,
a pesquisadora mesmo não tendo recebido o conhecimento no âmbito acadêmico, tinha o
entendimento de que os impactos do trabalho do psicólogo nos cuidados paliativos eram
positivos, e isto, confirmou-se no decorrer das entrevistas pelos participantes.
Conclui-se, por tudo que foi exposto, que o papel da psicologia nos cuidados paliativos
tem grande relevância, assim como, a de outros profissionais, cada um contribui com as suas
especialidades em busca de um único objetivo que é o bem-estar do paciente que encontra-se
com uma doença incurável, sempre focando no cuidar e nunca na cura. E para finalizar, deixo
uma reflexão de Arantes (2016) de que se um dia formos diagnosticados com uma doença
22

terminal, a única coisa que poderemos ter certeza “é que um sofrimento insuportável nos
aguarda. Ter alguém que se importe com nosso sofrimento no fim da vida é uma dessas coisas
que trazem muita paz e conforto para quem está morrendo e para seus familiares” (ARANTES,
2016, p. 32).

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