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TANGARÁ DA SERRA
Tangará da Serra
2021
IARA DA SILVA DOMENICALI
Tangará da Serra
2021
IARA DA SILVA DOMENICALI
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Prof. Orientador:
Josiane Tomaz da Silva
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Prof.
Nome da Instituição
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Prof.
Nome da Instituição
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
This article aims to present the importance of palliative care in order to emphasize the uniqueness of
the subject in his anticipatory mourning process. The objective is to present the construction of the
palliative care structure composed of a multidisciplinary patient-team, and the management of the
professional psychologist in the face of the dying patient's grief. This article is the result of a
bibliographical research on the theme of palliative care in the end of life, with a contribution from
psychoanalytic theory. It is concluded that palliative care is essential for an adequate finite process to
occur for the individual and their families, in order to provide well-being and autonomy in all phases of
dying.
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Trabalho de conclusão de curso apresentado na Faculdade de Educação de Tangará da Serra
2
Acadêmica do 10º período de Psicologia da Faest.
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Prof. MS Josiane Tomaz da Silva docente da Faculdade de Educação de Tangará da Serra
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INTRODUÇÃO
1. CUIDADO PALIATIVO
A concepção sobre a morte e o luto é um tabu que vem a gerações sendo
transmitido e originam-se a partir das crenças e das tradições,Kübler-Ross (1996,p
19) pioneira no cuidado paliativo traz que “Há muitas razões para se fugir de encarar
a morte calmamente. Uma das mais importantes é que, hoje em dia, morrer é triste
demais sob vários aspectos, sobretudo é muito solitário, muito mecânico e
desumano”. Quando ocorre a morte de entes queridos ou amigos a dor é
inexplicável, e Segovia (2017) descreve a dor do luto sendo comparada a dor de
uma amputação de algum membro do corpo. Em centros de atendimento como
hospitais e clínicas viu-se a demanda de um atendimento que amparasse essa dor,
tanto dos familiares e da equipe que fez o atendimento, pois comumente ninguém
está preparado para a morte de um indivíduo próximo.
O Cuidado paliativo de acordo com a OMS é descrito da seguinte maneira:
O paciente passa pelas etapas de luto antecipado para que haja uma aceitação
do caso clínico, que é primordial para conseguir ter uma melhora na qualidade de
vida e subsequente na finitude estabelecida pela doença.
O luto é descrito por etapas que envolvem a rotina do sujeito, e Segovia (2017),
apresenta que a maioria dos autores que falam sobre o luto citam diversas etapas,
mas há um consenso sobre a compreensão de que se trata de um processo que
deve ser elaborado pelo indivíduo e sua singularidade de aceitação de perda.
O importante é comunicar ao paciente que nem tudo está perdido; que não
vai abandoná-lo por causa de um diagnóstico; que é uma batalha que tem
que se travar juntos- paciente, família e médico-, não importa o resultado
final.(KÜBLER-ROSS, 1996, p.41)
morrer, mas que está recusa da situação atual seja contribuinte para o indivíduo ter
um planejamento de vida, mesmo que tenha ciência da sua finitude.
A elaboração perante este período de aceitação e recolocação do paciente
terminal, vem com o passo de entendimento da situação real e concreta sobre a
morte que dá a oportunidade de como se reposicionar perante a vida.Segundo
Segovia (2017, p.37) “Resolver essas tarefas de forma adequada pode lhe
proporcionar o desenvolvimento de habilidades que o sobrevivente antes não tinha,
facilitando a percepção de um novo sentido para a vida”.
A segunda fase do luto é a raiva, ressentimento sobre a doença terminal e sua
perda gradativa da autonomia, de modo que estes sentimentos sejam direcionados
para todos envolvidos : família, amigos, profissionais, e até a si mesmo; por
questionamentos, injúrias, não aceitação de cuidados no dia-dia ou medicamentos,
nesta fase Kübler-Ross( 1996, p.91) contribui relatando sobre uma paciente que
estava nesta fase, “As pessoas ao seu redor, em lugar de entender a origem de sua
mágoa, assumiam as dores e começavam a rejeitá-la mais ainda” Ressaltado a
importância do profissional de psicologia trabalhar essa questão com a família.
A terceira fase é composta pela barganha, o paciente no ato de tentativa de
conseguir adquirir uma qualidade de vida e tempo entre sua finitude, usa-se da
barganha com os que estão em volta de si, como os médicos, capelães, Deus, com
os mais variados tipos de promessas. A autora Kübler-Ross (1996) contribui que o
paciente faz uso da barganha para que tenha um adiamento de sua morte, sendo
essa fase do luto muito mascarada pela fala do paciente, somente percebida por
observações com a equipe hospitalar quando o mesmo tenta comprar alguns dos
funcionários por meio da barganha.
A quarta fase é elaborada pela depressão, onde todas as outras fases são
sublimadas para a depressão, e ocorre o entendimento da situação atual, da saúde
física e a perda da esperança que vá ter melhoras ao longo da sua finitude. O
paciente tende a ficar triste onde compreende que ao ser compelido a tentar lutar
para vida mesmo que esteja pronto para aceitar que vá morrer, é um paradoxo
confuso mas indispensável para que o mesmo consiga chegar na aceitação e tenha
uma morte com qualidade de vida e bem- estar emocional.
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possibilidade, para kübler-Ross (1996, p.33) “Nossa meta não é deveria ser dispor
de especialistas para pacientes moribundos, mas treinar pessoal hospitalar para
enfrentar serenamente tais dificuldades e procurar soluções”. A dor física pode ser
combatida com medicamentos para que trabalhemos com a dor psicológica do
paciente, mas, Simonetti (2004) descreve que muitos médicos e familiares tem
receio do uso de certos fármacos, em decorrência de possível dependência de
medicamentos conhecido como "drogadição", sendo considerado uma falha nos
tratamentos atuais, visto que não faz sentido no caso de pacientes terminais.
Porto e Lustosa (2014,p.10) fazem uma importante pontuação sobre essa
questão, que também pode ser considerada uma forma de proporcionar "Qualidade
de vida no processo da morte e prolongamento da vida não deveria estabelecer uma
relação de incompatibilidade, e sim de complementaridade. É o fazer tudo que é
possível, e parar no limite do tolerável.”
O ato do psicólogo fica definido por duas dimensões: não prolongar a dor mas,
proporcionar qualidade de vida nos momentos finais do paciente, uma qualidade que
convém com a individualidade e subjetividade do paciente.Em certos casos Porto e
Lustosa (2010) mencionam que o sujeito tem direito de recusa de atendimento, por
se sentir ameaçado e almejar terminar os dias sem acompanhamento e com
dignidade, da maneira que preferir. Onde o sujeito obtém a escolha de atendimento
e a sua escolha seja não obter um direcionamento de cuidados paliativos.
A dignidade do indivíduo é a chave mestra para o cuidado paliativo, de forma
que o paciente tenha autonomia e compreensão de todo o processo que está
passando, fazendo com que tenha confiança na equipe e em si mesmo, se
conhecendo neste processo de finitude e compreendendo questões ligadas às suas
crenças, cultura, expectativas e modo de viver.
A preocupação com a humanização hospitalar tem como principal meta a
dignidade do ser humano e o respeito por seus direitos, visto que a pessoa
humana deve ser considerada em primeiro lugar. A dignidade da pessoa,
sua liberdade e seu bem-estar são fatores a serem ponderados na relação
entre o doente e o profissional de saúde (PORTO E LUSTOSA, 2010, p.13)
A autonomia de escolhas sobre sua saúde,a opção de escolhas e possíveis
questões sobre tratamentos se configura diretamente ao paciente de forma que
tenha-se uma via transparente de comunicação entre todos envolvidos no caso
clínico.
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(2004, p.141) relembra uma fala freudiana: "É o cuidado que uma pessoa presta a
outra a partir de sua presença em pessoa” ao ato de cuidar e dar atenção, que é o
essencial para a humanização desse momento delicado. Ao ver que o procedimento
de cuidar de um paciente terminal pode causar cansaço, irritação e desânimo, o
profissional deve aprender como conviver com esses fatores diários, e resistir ao
impulso de evitar ou minimizar o contato. Ao se deparar com essa temática, os
autores trazem uma descrição da atitude tomada pelos profissionais aos pacientes
terminais.
A dificuldade em lidar com a morte é mencionada nos textos, o que faz com
que muitos profissionais encontrem alternativas para não se deparar com a
situação: mascaram a morte, fogem dos pacientes terminais, não falam com
o paciente sobre o assunto, não criam vínculos e dispensam um tratamento
pouco individualizado. (HERMES; LAMARCA, 2013,p.09)
O luto antecipado com o sujeito acometido com a doença e o luto com a família
se encontra no processo de fases de elaboração do luto, onde se é formulado e
reelaborado o ato de morrer para o sujeito. De acordo com Vargas e Netto (2021,),
são 5 fases do luto estabelecido pela autora e fundadora do cuidados paliativos
Elisabeth Kubler-Ross “passa pelos estágios de negação, raiva, barganha,
depressão e por último a aceitação.” Vale lembrar da singularidade do indivíduo
neste caso, podendo essas fases do luto serem diferenciadas ou puladas na
organização do luto do sujeito.
Essa estruturação de luto pode se adequar como uma reestruturação da psique
do sujeito, pois o mesmo tem que se adaptar com a finitude estabelecida e com seus
conflitos internos, compostos de todas as demandas que o mesmo traz na bagagem
interna, e que precisam se ajustar à nova realidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Este trabalho teve como objetivos uma definição dos aspectos que envolvem o
cuidado paliativo, de maneira a demonstrar a singularidade do sujeito terminal.
Discorre-se também uma análise do processo de aceitação, de saúde-doença no
luto e o forte abalo psicológico que acarreta ao sujeito, mudando toda a estrutura de
vida e significações. O psicólogo é o principal facilitador no ambiente hospitalar para
o acompanhamento da formação do luto e cuidados paliativos em conjunto com a
equipe e família, e colabora com a tríade paciente - equipe multidisciplinar- família
em questões ligadas ao fator saúde-doença e bem-estar psicológico.
Ao trabalhar sobre a temática do luto no cuidado paliativo podemos observar
como a morte atinge psicologicamente todos envolvidos, desse modo focalizando
nos profissionais da saúde surge a necessidade de apoio psicológico desde a
formação até o âmbito hospitalar no dia-dia, e ao paciente toda a construção em
auxiliar o mesmo a se adequar ao processo de finitude.
O luto antecipatório é uma fase que ressalta todo a vivência do sujeito, por ser
singular e único cada evolução e passo para sua finalidade. Deste modo a terapia
psicanalítica vem para contribuir de maneira que o indivíduo veja seu processo de
forma clara e finalize sua construção de mundo, e saber de forma a obter uma
qualidade de vida na terminalidade que se encontra, formando e significando um
novo sentido de vida na sua finitude.
Podemos destacar a falta de estudos atualizados em cuidados paliativos no
país, pois ocorre a carência de uma melhoria da qualidade de vida do sujeito em
terminalidade e a cada dia surgem mais pacientes que necessitam desse
atendimento, ocorrendo em diversos níveis sociais e isso demanda de muitos
profissionais que englobe essa demanda, e resulte em uma construção de melhoria
do morrer.
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REFERÊNCIAS
ARANTES, Ana Claudia Quintana. A morte é um dia que vale a pena viver: E um
excelente motivo para se buscar um novo olhar para a vida. 1. ed. Rio de janeiro:
Sextante, 2019. 192 p. v. 1.
GOMES, Ana luisa zaniboni; OTHERO, Marilia Bense. Cuidados paliativos. Estud.
av. , São Paulo, v. 30, n. 88, pág. 155-166, dezembro de 2016. Disponível em
<https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-4014201600030015
5&lng=pt&tlng=pt
MARTA, Gustavo Nader et al. Cuidados paliativos e ortotanásia. São Paulo, 2010.
SANTOS, Renato Caio Silva; YAMAMOTO, Yuri Molina; CUSTÓDIO, Lucas Matheus
Grizotto. ASPECTOS TEÓRICOS SOBRE O PROCESSO DE LUTO E A VIVÊNCIA
DO LUTO ANTECIPATÓRIO. O portal dos psicólogos , [s. l.], 7 jan. 2018.
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