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TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

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TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino
Revisão Ortográfica: Águyda Beatriz Teles

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
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ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver


um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professora: Raquel Henrique


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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.

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Durante a presente unidade poderemos compreender aspec-
tos fundamentais acerca do autismo, tendo em vista que o entendi-
mento sobre esse assunto é de suma importância não só para o co-
nhecimento dos profissionais que atuam no campo da educação, mas
para a sociedade como um todo, já que a única forma de fazer com as
pessoas entendam o que é o transtorno em questão se dá por meio do
conhecimento, sendo esse o principal objetivo auferido pelo presente
material. Diante disso, poderemos entender melhor o assunto, depois
de fazer uma análise histórica acerca do autismo, bem como a evolu-
ção e o desenvolvimento no campo do TEA, perante o cenário históri-
co-social, entendendo ainda a definição, as principais características,
tipos, níveis relativos ao espectro em estudo. Vamos mergulhar nessa
fonte de conhecimento e desbravar novos caminhos.
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Transtorno do Espectro Autista. Educação. Autismo.

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Apresentação do Módulo ______________________________________ 11

CAPÍTULO 01
ASPECTOS SOCIAIS, HISTÓRICOS E POLÍTICOS ACERCA DO AUTISMO

Um Breve Histórico acerca do Transtorno do Espectro Autista ___ 13

O Desenvolvimento do TEA perante o Cenário Histórico-Social ____ 18

O Autismo Analisado dos Pontos de Vista Mundial e Nacional ___ 22

Recapitulando ________________________________________________ 27

CAPÍTULO 02
ANÁLISE ACERCA DOS ASPECTOS GERAIS DO TEA

Definição ______________________________________________________ 33

Por que não Usar o Termo “Asperger” para referir-se a um dos

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Níveis do Autismo? ____________________________________________ 37

Principais Características e Condições do TEA ___________________ 37

Neurobiologia, Neurodesenvolvimento, Neurofisiologia e Genea-


logia Relacionados ao TEA ______________________________________ 39

Recapitulando _________________________________________________ 45

CAPÍTULO 03
DESENVOLVIMENTO, LEGISLAÇÕES E EDUCAÇÃO NO CENÁRIO DO TEA

Principais Evoluções no Campo do TEA ________________________ 51

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Direitos dos Autistas _____________________________________________ 54

Psicologia, Aprendizagem e Educação com enfoque nos Autistas _ 60

Recapitulando __________________________________________________ 64

Considerações Finais ____________________________________________ 68

Fechando a Unidade ____________________________________________ 69

Referências _____________________________________________________ 72
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Ao longo dos anos pudemos visualizar um avanço significativo
no campo da saúde, tanto no que se refere a diagnósticos, quanto a tra-
tamentos, mas, além disso também se passou a verificar modificações
na forma com que a população enxerga aqueles com alguma deficiên-
cia, transtorno ou doença, principalmente, quando essas se encontram
no nível mental e psicológico.
O transtorno do espectro do autismo é um tipo de transtorno
neurológico responsável pelo comprometimento da interação social, co-
municações verbal e não verbal, a depender do nível em que esse es-
pectro esteja localizado, o comprometimento poderá ser maior ou menor.
Atualmente, existem diversos projetos sociais e políticos, assim
como normas, princípios e legislações que asseguram uma série de di-
reitos para os autistas, mesmo assim muito ainda precisa ser modificado
para que essas pessoas sejam inseridas no meio social sem distinções,
ou seja, com base nos preceitos que regem a igualdade material.
Nesse sentido, os autistas ainda sofrem diversos preconcei-
tos em sua vivência cotidiana, tornando simples atos e direitos básicos
difíceis de serem alcançados, esse cenário se repete no mundo todo,
porém, nosso material terá como foco principal analisar o autismo e os
seus desdobramentos no território nacional. Infelizmente, o nosso país
ainda possui falta de preparo significativa no que se refere ao transtor-
no do espectro autista, já que grande parte dos profissionais ainda não
possui capacitação adequada para lidar com as consequências e sinto-
mas gerados pelo transtorno em questão.
Além disso, a população ainda precisa aprender mais acerca do

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transtorno para que, por meio do conhecimento, as dúvidas e mitos sobre
o autismo sejam dirimidos, fazendo com que os preconceitos e desigualda-
des sociais sejam suavizados, até que deixem de existir em sua totalidade.
Diante do exposto e com o objetivo de ampliar os seus conhe-
cimentos a nível acadêmico, ao longo dessa unidade iremos entender
os destaques acerca dos aspectos sociais, históricos e políticos sobre o
autismo, já no primeiro capítulo, levando em consideração a realização
de uma breve análise histórica sobre o tema, o desenvolvimento do
TEA no cenário histórico-social e os contornos que envolvem o autismo,
no Brasil e no mundo. Já no capítulo dois iremos abordar os aspectos
gerais sobre o transtorno do espectro autista, apresentado discussões
acerca da sua definição, condições, características, bem como a sua re-
lação com a neurobiologia, o neurodesenvolvimento e a neurofisiologia.
Por fim, no terceiro capítulo colocará em prática assuntos relativos ao
desenvolvimento, a legislação e a educação no cenário do Transtorno
do Espectro Autista, envolvendo assim, as principais evoluções visuali-
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zadas nesse campo, os principais direitos pertencentes aos autistas e a
relação travada entre a psicologia, a aprendizagem e a educação.
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ASPECTOS SOCIAIS, HISTÓRICOS E
POLÍTICOS ACERCA DO AUTISMO

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UM BREVE HISTÓRICO ACERCA DO TRANSTORNO DO ESPEC-
TRO AUTISTA

A etimologia da palavra autismo tem origem grega, significando


“voltar-se para sí mesmo”, tendo sido o termo utilizado pela primeira vez
em 1908, pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler, assim, a primeira menção
feita se referia aos pacientes esquizofrênicos, levando em consideração
sintomas como alucinações, instabilidade quanto ao afeto, incongruên-
cia, entre outros.
Outro estudioso dessa área, Leo Kanner, relacionou o autismo
como doença da infância, que se caracterizava como um distúrbio autístico
do contato afetivo, sendo que essas eram marcadas com sintomas como
pertubações relacionadas às afetividades, solidão autística, inabilidade no
13
uso da linguagem para comunicação, potencialidades cognitivas, assim os
sintomas se fazem presente no campo da psicologia, já que na aparência
física grandes diferenças não eram vistas. Segundo o renomado psiquia-
tra, o autismo não é uma doença que se adquire, pelo contrário, as crianças
com autismo já nasceram com essa deficiência, sendo os seus traços nota-
dos pelo controle das capacidades motoras e de comunicação.
Já no ano de 1944, Hans Asperger, escreveu um artigo deno-
minado como “a psicopatia autista na infância”, que apresentou a teoria
de que as crianças do sexo masculino apresentam maiores chances de
apresentar a doença em questão, assim os sintomas apresentando se
assemelham aos listados por Leo Kanner, sendo alguns desses: falta de
empatia, foco intenso e movimentos sem coordenação, porém, também
apresentam capacidade cognitiva elevada, já que ao realizar as suas
atividades, fazem de forma mais detalhada e atenciosa.
Em 1952, durante a Associação Americana de Psiquiatria um dos
primeiros marcos referentes ao autismo foi registrado, tendo sido esse a
publicação do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais DSM-
1, assim, a mencionada edição se tornou referência mundial para os pes-
quisadores, médicos, psiquiátricas e outros profissionais atuantes dessa
área, já que no manual em questão foram apresentadas as principais no-
menclaturas, bem como padrões de diagnóstico para os transtornos men-
tais listados no referido manual. Um dos transtornos apresentados foi o
autismo, sendo enquadrado como uma espécie da qual a esquizofrenia
infantil é gênero, não sendo um transtorno autônomo.
Os avanços presentes ao entendimento do que é o autismo, en-
volvendo os direitos das pessoas com essas doenças, assim como os mo-
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tivos causadores do transtorno são visíveis na atualidade, mesmo que até


o momento ainda não exista cura para essa deficiência. Neste sentido, por
volta de 1950, muitas foram as discussões sobre o autismo, sendo a mais
constante entre essas a que enfatizava que a principal causa geradora do
autismo nas crianças seria o afastamento emocional dos pais.

A teoria afetiva propõe uma etilogia puramente relacional e, embora faça a dis-
tinção entre a síndrome descrita por Kanner e sua abordagem clínica, considera
que o autismo é mais um sintoma do quadro clínico de psicose infantil e menos
uma entidade nosológica em si. (TAMANAHA, PERISSINOTO, CHIARI, 2018).

Já na década de 60, as noções acerca do autismo começaram


a se assemelhar com aquilo que conhecemos na atualidade, dessa for-
ma, o autismo passou a ser diagnosticado em vários países, não sendo
associado a grupos socioeconômicos ou a etnias específicas.
Até a atualidade a teoria que relaciona o autismo a deficiência
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afetiva ainda possui adeptos, contudo, não é aplicada da mesma ma-
neira que a apresentada durante a década de 1950, já que a observa-
ção feita a bebês diagnosticados com autismo não poderia comprovar
a teoria. Diante disso, o próprio Kanner passou a associar o autismo a
uma questão puramente patológica, já que a justificativa baseada na re-
lação firmada entre pais e filhos não possui base suficiente para explicar
aqueles casos em que as crianças eram bem tratadas, mas ainda as-
sim, apresentavam os sintomas, bem como quando traços do autismo
eram identificados em fase extremamente precoce, na qual a afetivida-
de ainda não seria um fator determinante para o transtorno.
Após as inúmeras discussões realizadas acerca da temática,
surgiu a necessidade de que uma definição sobre o tema fosse fixada,
dessa maneira, a primeira ação a ser tomada foi criar uma distinção entre
autismo, esquizofrenia e psicose infantil, a partir desse momento o autis-
mo infantil passou a ser melhor explicado, bem como houve a necessida-
de de que fosse dirigida uma maior atenção para o tema, devendo haver,
portanto, uma avaliação quanto às alterações linguísticas, comportamen-
tais e motoras, não só para que o autismo fosse compreendido, mas,
principalmente, para que as pessoas com esse transtorno tivessem seus
pontos de vista entendidos e as suas percepções decifradas.
Apenas em 1980, em razão do aumento do número de pesqui-
sas e do interesse acerca do autismo, por meio da nova edição do Ma-
nual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais DSM-3, o autismo foi
reconhecido como uma condição específica e, portanto, dotada de au-
tonomia, sendo assim, enquadrada em nova classe, denominada como
Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID), ou seja, o autismo

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deixou de ser uma espécie de esquizofrenia infantil para ser compreen-
dido como um transtorno autônomo responsável por afetar diversas áre-
as de funcionamento do cérebro humano, tendo em vista que o autismo
não atinge apenas uma função ou uma parte da mente humana, mas
é gerador de um conjunto de sintomas, que pode ser maior ou menor,
dependendo do estágio ou nível em que o transtorno esteja.
Nesse sentido, no ano seguinte, a psiquiatra Lorna Wing esta-
beleceu uma definição para o autismo, responsável por criar um vínculo
com um espectro, já que os sintomas nem sempre são iguais, podendo
apresentar distinções consideráveis de caso para caso, sendo também
responsável por estabelecer e nomear a Síndrome de Aspenger. O traba-
lho desenvolvido por Wing trouxe um conjunto de novas informações, im-
plementando uma nova maneira de enxergar o autismo a nível mundial.
As tecnologias e os avanços vistos como consequência da glo-
balização acabaram trazendo impactos para as pesquisas sobre o au-
tismo, já que novas áreas do saber passaram a ganhar força e espaço,
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dessa maneira a neurofisiologia, a bioquímica e a neuroanatômica, por
exemplo, passaram a ser utilizadas como ferramentas de diagnóstico
do transtorno em estudo, assim como puderam contribuir com os estu-
dos relativos ao surgimento do autismo.
Outro marco importante para o autismo que merece ser desta-
cado, ocorreu no ano de 1994, a partir de uma nova avaliação acerca
do autismo, tendo sido realizado por intermédio de um estudo efetuado
com pessoas do mundo todo, tanto pacientes, quanto pesquisadores,
que teve como resultado o acréscimo da Síndrome de Aspenger no Ma-
nual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais DSM-4, tornando
possível a inclusão não só dos casos mais graves de autismo, mas tam-
bém daqueles que se localizam em um nível mais ameno do espectro,
englobando pessoas que apresentam alguns sintomas, mas que não
sofrem de forma tão severa com os mesmos.
Levando em consideração o andamento e os progressos pro-
movidos no cenário do autismo, podemos verificar que muitas altera-
ções e formas de pensar já foram inseridas, contudo, estamos longe
de entender tudo acerca da temática em razão da complexidade rela-
tiva ao autismo, porém, as descobertas que já foram efetuadas são de
suma importância. Diante disso, os estudos sobre o assunto continuam
a ser desenvolvidos, sendo que atualmente não só os campos médico
ou científico são vistos como primordiais para os autistas, mas também
as relações firmadas a nível social.
Nesse sentido, as Organizações das Nações Unidas (ONU)
determinou que no dia 02 de abril seria comemorado o Dia Mundial da
Conscientização do Autismo, conforme campanha visualizada na figura
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1, tendo como um de seus objetivos demonstrar à população a impor-


tância acerca do conhecimento relativo ao transtorno em questão, bem
como a necessidade de tratamento e atenção destinados ao autismo,
sendo que esses devem ser fornecidos, mas sem um caráter segregador.

Figura 1 – Dia Mundial da Conscientização do Autismo

Fonte: CISDOCE, 2020.


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Duas descobertas recentes, mas que já entraram para a his-
tória do autismo foram constatadas nos anos de 2013 e 2014, respec-
tivamente. A primeira faz referência a nova modificação implementada
no Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais, sendo esse
já o DSM-5, que passou a englobar todas as categorias do autismo em
um diagnóstico comum, denominado como Transtorno do Espectro Au-
tista (TEA), assim, os autistas passam a possuir o mesmo diagnóstico,
ou seja, um único espectro, porém, diversos níveis de gravidade, des-
sa maneira, a Síndrome de Aspenger também estava inserida no TEA,
contudo, isso mudou, como veremos nas páginas seguintes.
A segunda, por sua vez, faz menção ao maior estudo realizado
acerca das causas do autismo, tendo entre as suas contribuições, a des-
coberta de que fatores ambientais são capazes de influenciar, assim como
fatores genéticos, na aquisição e desenvolvimento do transtorno. O estudo
em questão afirmou que complicações durante a gravidez, incluindo aque-
las ligadas a infecções adquiridas pela mãe, uso de drogas e outros entor-
pecentes podem ser listadas como prováveis causas do autismo.

O QUE É O DSM-5?
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(5ª edição), mais conhecido como DSM-5, é a última atualização desta
ferramenta utilizada internacionalmente para traçar diagnósticos psi-

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quiátricos. O DSM é revisado de tempos em tempos e a sua última
atualização foi feita em 2013, referente à quinta edição que está em
vigor. Portanto, o intuito do Manual é guiar e embasar os profissionais
que lidam com transtornos relacionados à mente, como o Transtorno
do Espectro Autista (TEA), a fim de padronizar os diagnósticos.

Apesar do constatado no estudo, a etiologia do autismo ainda


não foi bem definida, dessa maneira, não há uma definição sobre a cau-
sa específica geradora para o autismo, já que muitas pessoas podem
ser atingidas por essas, sem que um padrão específico seja bem defini-
do. Porém, grande parte dos estudos aponta que a genética é um fator
determinante para o aparecimento do autismo, além disso, outro fator
conhecido sobre a patologia é que os autistas apresentam anomalias
nas estruturas e funções presentes no cerébro.
Na época do famoso Leo Kanner, o diagnóstico do autismo era
efetuado com base apenas em observações clínicas e nos relatos dos
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pais. Hoje em dia, o cenário vivenciado pelo campo da psiquiatria é bem
mais detalhado, apresentando fundamentos específicos e descrições
classificatórias acerca de cada quadro, para que a cada vez não só o
diagnóstico, mas também o tratamento, sejam aperfeiçoados.
Os estudos sobre o que as causas do autismo continuam e o da
Escola de Medicina Mount Sinai, de Nova York, publicado em 2010, foram
listados agentes que, em contato com a mãe durante a gravidez, causariam
TEA no feto que está se formando: talidomida (usado para tratamento de
doenças como câncer, lúpus, tuberculose, entre outras), misoprostol (para
combater úlcera), ácido valpróico (para tratamento de epilepsia e transtor-
no bipolar), infecção por rubéola e clorpirifós (agrotóxico utilizado para con-
trole de pragas). Outros fatores ambientais estão sendo estudados como
possíveis causadores do autismo. A questão é saber qual a porcentagem
de "culpabilidade" desses agentes, isto é, se eles sozinhos causam autis-
mo ou se precisam estar ligados a fator genético ou biológico.

O DESENVOLVIMENTO DO TEA PERANTE O CENÁRIO HISTÓRI-


CO-SOCIAL

No tópico anterior pudemos acompanhar um breve histórico


acerca do autismo, dando destaque à evolução histórica enfrentada
pelo termo, pelo espectro e pelo diagnóstico como um todo, contudo,
não foram apenas esses setores que passaram por modificações, tendo
em vista que a forma da população compreender o Transtorno do Es-
pectro Autista também enfrentou mudanças e evoluções significativas,
sendo algumas dessas discutidas nesse tópico.
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Antes de adentrarmos na visão social acerca do autismo em


si, primeiro é preciso que abordemos, mesmo que de forma breve, a
forma com que se visualizava as deficiências mentais e a maneira que
são vistas atualmente. Infelizmente nos dias atuais, muitos preconceitos
ainda são direcionados aos deficientes mentais, porém, em uma época
não tão distante a situação era ainda mais preocupante e delicada.

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Figura 2 – Psicofobia

Fonte: JusBrasil, 2020.

O preconceito existente contra as pessoas que apresentam al-


gum tipo de doença mental, sendo esse denominado como psicofobia,
conforme a figura 2, não é um fato recente, pelo contrário, o preconceito
é histórico e cultural, assim, muitas vezes esses pacientes são tratados
com grosseria e repúdio pela sociedade e estabelecimentos destinados
aos seus tratamentos, que por se apoiarem na deficiência mental dos
pacientes em questão acabam violando os direitos humanos que per-
tencem aos mesmos.
Desde a Grécia antiga, os deficientes mentais já eram excluídos

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das relações sociais por uma visão errônea da sociedade acerca das
capacidades possuidas por esses, dessa maneira, não eram dignos de
participar da vida política e, muitas vezes, eram encarados como pessoas
que deveriam ser exterminadas, já que seriam responsáveis por promo-
ver desconfortos para a sociedade como um todo, nesse sentido

[...] as crianças portadores de deficiências físicas ou mentais eram conside-


radas sub-humanas, o que legitimava sua eliminação ou abandono, práticas
perfeitas coerentes com os ideais atléticos e clássicos, além de classistas,
que serviam de base à organização sócio-cultural de Esparta e Magna Gré-
cia. (PESSOTI, 1984, p.3).

Na Idade Média, a discriminação relativa aos deficientes men-


tais continuou existindo, porém, esses indivíduos deixaram de ser vis-
tos como coisas, para serem enquadradas como pessoas, em que os
preceitos eram baseados na fé e nas crenças relativas aos dogmas da
Igreja Católica. Contudo, essa afirmação se manteve apenas no plano
19
da teoria, já que a Idade Média ficou marcada pela exclusão de alguns
povos, como, por exemplo, índios, pagões e hereges, sendo que mui-
tos deficientes mentais acabaram sendo mortos durante as cruzadas e
inquisições organizadas pelos católicos, tendo em vista que as alucina-
ções e outros sintomas apresentados pelos mesmos em vários momen-
tos eram confundidas com bruxarias ou possessões.
O Renascimento representou um período de renovação quan-
do comparado ao cenário vivenciado durante a Idade das Trevas, tendo
representado melhorias e avanços também para a realidade vivenciada
pelos deficientes mentais, dessa forma a partir do renascimento.

a situação social das pessoas portadoras de deficiência conseguiu caminhar


rumo à superação desta fase da história do homem, ou seja, as ciências
em geral sofreram um grande avanço, impulsionando assim uma visão mais
humanitária das atitudes sociais com os chamados “deficientes físicos”. (MA-
RANHÃO, 2005, p. 26).

A psicofobia pode ser entendida como o preconceito des-


tinado às pessoas com algum tipo de transtorno mental ou psico-
lógico, envolvendo o tratamento discriminatório às pessoas que
sofrem com depressão, crises de ansiedade, esquizofrenia, entre
outras doenças. Saiba mais na reportagem apresentada abaixo.
Disponível em: https://g1.globo.com/ro/vilhena-e-cone-
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-sul/noticia/psicofobia-preconceito-contra-vitimas-de-transtornos-
-mentais-prejudica-pacientes.ghtml

As discriminações destinadas aos deficientes mentais são tão


grandes que até mesmo os tratamentos são desacreditados, pois, mui-
tas pessoas julgam que esses não resultam em efeitos positivos, tendo
uma visão errônea, já que a grande maioria dos deficientes mentais
pode viver em sociedade sem problema algum quando devidamente
medicada ou seguindo o tratamento da maneira correta. Dessa manei-
ra, as pessoas que sofrem de transtornos ou patologias mentais e psi-
cológicas não devem sofrer em razão disso, sendo considerado crime o
preconceito e a segregação destinada aos deficientes mentais.
Mesmo que o autismo não seja diretamente enquadrado como
uma deficiência mental, a crença popular acaba colocando o transtor-
no nessa categoria, o que termina gerando mais preconceitos para a
pessoa, dessa forma o transtorno do espectro do autismo (TEA) não se
20
relaciona de forma direta também às deficiências intelectuais, já que a
pessoa que tem autismo não apresenta, necessariamente, problemas
em sua capacidade intelectual, pelo contrário, muitas vezes essas pes-
soas apresentam uma capacidade mais elevada em razão de possuírem
uma maior concentração para a realização de atividades específicas.
Dessa maneira, o fato do autismo ter como resultado proble-
mas sociais, problemas comunicativos e comportamentos repetitivos, os
problemas sociais envolvem o uso inadequado de determinados com-
portamentos não verbais, como gestos e expressões faciais, dificuldade
de estabelecer relacionamento com crianças da mesma idade, já que
não apresentam reciprocidade social e/ou emocional. Por sua vez, as li-
mitações existentes no campo dos problemas comunicativos significam
aptidão da fala lenta, dificuldade em criar uma conversa, estabelecendo
uso da linguagem e elementos repetitivos. Já os comportamentos re-
petitivos demonstram preocupação com um ou mais interesses, sen-
do inflexíveis quanto a mudanças na rotina ou em qualquer outro setor
de sua vida, desenvolvendo hábitos e tocs, como por exemplo, fazer o
mesmo movimento com as mãos e braços por várias vezes.
Tais comportamentos acabam gerando uma certa estranheza
àqueles que não estão acostumados a lidar com autistas, ressaltando ain-
da mais a necessidade de que a população em geral tenha conhecimento
acerca dos sintomas e consequências gerados, para que assim, não exista
um afastamento ou um tratamento desigual destinado aos autistas.
Diante disso, muitas vezes do ponto de vista popular, os autis-
tas “vivem em seu próprio mundo”, dessa forma, o mundo em questão é
impenetrável, completo e sem explicação, sendo esse um dos motivos

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que justificam a dificuldade quanto ao estabelecimento de um conceito
para o autismo e um diagnóstico preciso.
Nesse sentido, grande parte da população ainda acredita que o
diagnóstico do autismo é o mesmo que uma condenação para uma vida
restrita sendo, justamente, pensamentos como esses que estimulam a
prática de atividades preconceituosas, dessa forma, mitos e inverdades
acabam gerando malefícios e retrocessos às pessoas que têm o trans-
torno do espectro autista, sendo essa situação ilustrada pela figura 3.

Figura 3 – Preconceito no campo do autismo

21
Fonte: Elaborado pela autora (2020).

Sendo assim, alguns dos casos mais graves de autismo ocor-


rem como resultado de um tratamento tardio, que muitas vezes ocorre
em razão de uma ignorância quanto ao diagnóstico e a forma correta de
se lidar com o mesmo, por isso

muitos casos são severos e passam essa impressão mesmo, mas a maioria,
não. Ainda vemos muitos casos graves, inclusive, porque estamos assistindo
a uma geração passada, em que o diagnóstico foi tardio. Espero que, com
as informações recentes, a nova geração tenha outra evolução, bem mais
satisfatória, e derrube muitos mitos. (Clay Brites, 2019).

As limitações geradas pelo autismo não são determinantes a


ponto de serem promovidas impossibilidades de relacionamentos com
outras pessoas, sendo necessário apenas que adaptações sejam feitas,
para que uma vida em sociedade possa ser firmada com as pessoas que
têm o transtorno do espectro autista, diante disso, estímulos podem ser
promovidos, para que as crianças, adolescentes, e até mesmo os adultos
autistas consigam interagir com os outros indivíduos no meio social.
Assim, apesar do alto nível de preconceito existente acerca do
autismo, muitos avanços e melhorias já foram implementados nesse sen-
tido, por meio de políticas e campanhas, que visam melhorar os relaciona-
mentos destinados aos autistas. Dessa maneira, hoje em dia já existem
sistemas de denúncia nos casos em que ocorrer discriminação, sendo que
tais denúncias englobaram atos praticados por pessoas físicas ou por insti-
tuições, como, por exemplo, quando houver negativa de prestação de ser-
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viços em relação a atendimentos ligados à saúde e à educação.


Há ainda a Política Nacional que fornece normas de proteção
aos autistas, bem como a proteção através da Lei 13.146/2015, mais co-
nhecida como Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que
garante direitos, deveres e a segurança dos autistas presentes no Brasil.
Além das normas presentes no território nacional, existem
aquelas convenções e princípios dotados de força no âmbito internacio-
nal, sendo o próximo tópico responsável por abordar o cenário em que
o autismo se encontra no Brasil e no mundo.

O AUTISMO ANALISADO DOS PONTOS DE VISTA MUNDIAL E NA-


CIONAL

Ao longo das nossas vidas e vivências cotidianas podemos vi-


sualizar que cada pessoa presente no mundo possui os seus próprios
22
pontos de vista acerca de uma diversidade de assuntos, possuindo as-
sim opiniões, personalidades e características que se diferenciam dos
outros, aspectos esses que tornam cada uma das pessoas presente no
planeta terra único da sua própria maneira.
Dessa forma, e com base nos conhecimentos adquiridos até
o presente momento, podemos constatar que os autistas ainda sofrem
diversos preconceitos, sejam esses por instituições ou pela sociedade
como um todo, assim, mesmo que um conjunto significativo de mudan-
ças e evoluções tenha surgido com o intuito de assegurar proteção às
pessoas que têm o transtorno do espectro autista, muito ainda precisa
ser feito. Afinal, as diferenças são normais, ninguém é igual a ninguém,
as nossas distinções e características próprias nos tornam quem somos
e não são capazes de definir quem é melhor que quem em um universo
em que “ser diferente é normal”.
Um dos primeiros pontos a ser questionado quando pensamos
no autismo em escalas nacional e internacional se relaciona a determi-
nação de quantas pessoas têm esse transtorno, já que órgãos e institui-
ções de força global discordam acerca da estimativa de quantos autis-
tas existem no mundo. Grande parte dos países não realiza pesquisas
com a finalidade de obter o conhecimento acerca de quantas pessoas
com TEA existem em seu território, assim a falta desses dados de forma
precisa acaba gerando prejuízos para a implementação de políticas vol-
tadas para o bem-estar, os direitos e a saúde desses indivíduos.
Conforme informações obtidas pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), atualmente, existem cerca de 70 milhões de pessoas com
autismo no mundo. Assim, segundo dados obtidos pela Organização

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


Pan-Americana da Saúde, em 2017, uma a cada 160 crianças apresenta
o transtorno do espectro autista, sendo que os sintomas surgem desde
as primeiras fases de desenvolvimento, assim, quando ainda são bebês,
já se pode verificar alguns traços relativos à presença do autismo. Como
esse é um transtorno que ainda não possui cura, mas sim tratamento,
verifica-se que os sintomas podem ser sentidos com mais ou menos in-
tensidade ao longo das fases da vida, porém, persistem durante todas as
idades, sejam essas relativas à infância, à adolescência ou à fase adulta,
podendo ser intensificadas a partir das situações externas vivenciadas.
Mesmo que o número de pessoas autistas no mundo seja
grande, o transtorno em muitos casos ainda não é visto como normal,
diante disso, existem diversas condições relativas à estigmatização,
discriminação e violações de direitos humanos, sendo preciso que di-
versas modificações sejam implementadas nos serviços e formas de
apoio fornecidos aos autistas.
Ainda conforme dados apresentados pela Organização Mundial
23
de Saúde, no Brasil existem cerca de dois milhões de autistas. Porém, uma
pesquisa apresentada pela Revista Autismo aponta que em nosso país
não existem estudos estatísticos responsáveis por indicar quantas pesso-
as com transtorno do espectro autista existem no território brasileiro. Na
verdade, não há nem ao menos como saber quantas pessoas foram diag-
nosticadas com o transtorno, diante disso, os números que são estimados
não possuem amparo em estudo focado no autismo, fato que demonstra
a não oficialidade e ausência de precisão acerca dos dados em questão.
Essa situação presente no Brasil demonstra a importância da
ampliação de assuntos referentes ao autismo no território nacional, para
que assim, sejam obtidas informações básicas acerca da situação vi-
venciada pelas diversas pessoas que têm o transtorno do espectro au-
tista em nosso país, além disso, é imprescindível que se tenha conheci-
mento sobre quantos e aonde estão localizados os autistas brasileiros,
para que as políticas públicas, campanhas e projetos tenham eficácia e
eficiência, atingindo de fato suas finalidades.
O órgão responsável por realizar pesquisas estatísticas no Brasil
é o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), contudo, tam-
bém não foram realizadas pesquisas a fim de constatar quantos autistas
existem no território brasileiro, havendo um projeto de lei com o objetivo
de planejar a investigação sobre a temática em estudo, tendo o mesmo
sido aprovado pela Câmara, mas ainda aguarda apreciação pela Comis-
são de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal.
Diante disso, é necessário que o IBGE comece a calcular quan-
tos autistas existem no território brasileiro, pois, a partir desse momento
ficará mais fácil garantir a boa qualidade de serviços destinados a esse
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

público, assim como também é preciso que projetos de leis que envolvem
a capacitação e o atendimento humanizado sejam criados para que os
autistas passem a ter um tratamento especializado e de qualidade.
Essa realidade não está presente apenas no cenário nacional,
pelo contrário, já que entre todos os países presentes na América do
Sul, apenas dois possuem trabalhos científicos acerca do autismo, sen-
do esses um publicado na Argentina, em 2008, e outro na Venezuela,
no mesmo ano. Se ampliarmos a nossa análise para a América Latina,
apenas mais dois países são dotados de estudos nesse campo: Aruba e
México, tendo sido realizados em 2009 e 2016, respectivamente.
Por sua vez, a Organização das Nações Unidas (ONU) esti-
ma que cerca de 1% da população mundial pode ter autismo, tendo
esse dado sido apresentado pela primeira vez em 2010 e reafirmado em
2013, durante as discussões celebradas no Dia Mundial de Conscienti-
zação do Autismo, daquele ano.
Levando em consideração as pesquisas relativas ao autismo,
24
que são efetuadas em todo mundo, o site Spectrum News possui como
foco principal assuntos acerca do autismo e à ciência, assim, uma das
suas realizações foi a criação de um mapa online global, por meio do
qual são agrupados os principais estudos publicados sobre o transtorno
do espectro autista em todo mundo, sendo que este mapa está no ar
desde novembro de 2018 e promete ser atualizado constantemente.
Por enquanto, o mapa só existe no idioma inglês, assim, àqueles
que não possuem conhecimento acerca dessa língua podem ter dificulda-
des quanto ao seu entendimento. Resumidamente, como pode ser visto na
figura 4, cada um dos pontos em azul representa uma pesquisa realizada
acerca do autismo, dessa forma, quanto mais intenso for a coloração azu-
lada, mais recomendada e dotada de credibilidade será aquele estudo.
O mapa online funciona como uma ferramenta capaz de orien-
tar os cientistas acerca dos detalhes e predisposições relativas ao
transtorno do espectro autista, tendo em vista que ainda existem diver-
sos pontos a serem descobertos, explicados e melhor abordados sobre
o tema, dessa maneira o estímulo à realização de pesquisas e a sua
própria efetivação são responsáveis por promover avanços nesse setor
e na vida dos indivíduos com autismo, sejam esses benefícios relativos
à saúde ou à vivência social.

Figura 4 – Mapa Online Spectrum News

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

Fonte: Tismoo, 2020.

Desta feita, como pode ser visto na imagem acima, existe uma
única bolinha azul no Brasil, sendo essa relativa ao único estudo estatísti-
co realizado em nosso país acerca do autismo, tendo sido esse efetuado
em 2011, com dados de 2007, pela Universidade Presbiteriana Macken-
zie, localizada na cidade de Atibaia, no Estado de São Paulo. A pesquisa
teve público restrito, já que foi realizada apenas em um bairro da mencio-
25
nada cidade, englobando cerca de 20 mil habitantes, da qual chegou-se
à conclusão de que 1 (uma) a cada 367 crianças tería autismo na região.
Ainda acerca da figura 4 é importante ressaltar que as boli-
nhas em azul claro indicam os estudos que são recomendados pelos
especialistas, por uma ou mais de uma razão, assim, apresentam mais
credibilidade e confiabilidade, na medida em que as bolinhas em azul
escuro indicam estudos que possam apresentar falhas e problemas em
algum aspecto de sua formulação.
Assim, ainda com base no mapa online, verifica-se que a pes-
quisa mais antiga acerca do autismo foi realizada no ano de 1966, no
Reino Unido, na medida em que as mais recentes foram publicadas no
ano de 2018, nos seguintes países: Estados Unidos, Dinamarca e Índia.
Outro aspecto que chama atenção é que o maior país, em ter-
ritório, do mundo, a Rússia, não possui nenhuma pesquisa que tenha
como tema prevalente o autismo realizado em seu território. Na medida
em que a China, país com a maior população do mundo, possui cerca
de dez trabalhos acerca da temática, tendo sido esses efetuados entre
os anos de 2000 a 2008, demonstrando o potencial que o país em ques-
tão tem para discutir o autismo.
Por fim, observando os dados presentes na figura 4, averígua-se
que o país que possui um maior número de pesquisas acerca dos trans-
tornos do espectro autista são os Estados Unidos da América, possuindo
26 pesquisas sobre o tema em destaque, publicados entre os anos de
1970 e 2018, assim, os estudos realizados no mencionado país levam
em conta épocas diferentes e a realidade enfrentada pelos autistas ao
longo do tempo, tornando mais fácil a análise daquilo que ainda precisa
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

ser modificado para que uma vida digna seja alcançada por todos.

Figura 5 – Dados do Autismo

Fonte: (OMS, 2023).


26
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
(ANO: 2023 BANCA: FGV ÓRGÃO: MPE-SP PROVA: FGV - 2023 -
MPE-SP - ANALISTA DE PROMOTORIA – PSICÓLOGO)
O autismo vem despertando cada vez mais interesse na comuni-
dade científica em razão do aumento de sua incidência nas últi-
mas décadas. Alguns autores cogitam uma “epidemia” de autismo,
enquanto outros justificam o aumento do número de casos como
consequência da ampliação dos critérios diagnósticos e da disse-
minação da informação a seu respeito no mundo.
Atualmente, a principal mudança diagnóstica sobre o autismo rea-
lizada com a publicação da quinta edição do Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) foi
a) a incorporação da noção de autismo enquanto espectro.
b) a redução do diagnóstico de TDAH como contraponto à ampliação
do autismo.
c) a inclusão no item relacionado às “esquizofrenias de tipo Infantil”.
d) a adoção das terminologias “autismo infantil” e “autismo atípico”.
e) a confirmação por meio de testes e exames dos sinais de autismo
antes dos dois anos de idade.

QUESTÃO 2
(ANO: 2018 BANCA: FUMARC ÓRGÃO: SEE-MG PROVA: ESPE-
CIALISTA EM EDUCAÇÃO BÁSICA)
Analise as assertivas abaixo.

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


I. A criança com TEA (Transtorno do Espectro Autista) apresenta
dificuldade nas habilidades sociais, na interação social, dificulda-
de no contato visual, pouca expressão facial, alterações na lingua-
gem e de comportamento, como, por exemplo, um atraso na fala, e
pode apresentar agressividade sem uma razão aparente.
II. Pessoas com altas habilidades/superdotados são os educandos
que apresentam notável desempenho e elevada potencialidade em
qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capa-
cidade intelectual superior; aptidão acadêmica específica; pensa-
mento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento es-
pecial para artes e capacidade psicomotora.
III. A deficiência intelectual é caracterizada por limitações significa-
tivas no funcionamento intelectual, mas não em comportamentos
adaptativos expressos em habilidades sociais, práticas e conceituais,
com início antes dos 18 anos, e ressalta “que de acordo com a AAI-
DD, limitações no funcionamento intelectual estão presentes quando
27
o indivíduo apresentar coeficiente de inteligência (QI) superior a 70”.
IV. O aluno com mielomeningocele não apresenta deficiência in-
telectual. Porém, ele pode apresentar a hidrocefalia associada e,
nesse caso, poderá ou não apresentar comprometimentos no pro-
cesso de aprendizagem.
V. O aluno com paralisia cerebral apresenta alteração de tônus e a
coordenação de movimentos para locomoção apresenta-se com-
prometida. Sempre apresenta deficiência intelectual associada.
Em relação às assertivas propostas, estão CORRETAS apenas
a) I e IV.
b) I e III.
c) I, II e IV.
d) I, II e III.
e) II e IV.

QUESTÃO 3
(ANO: 2022 BANCA: UNIOESTE ÓRGÃO: PREFEITURA DE GUARA-
TUBA - PR PROVA: UNIOESTE - 2022 - PREFEITURA DE GUARATU-
BA - PR - PSICÓLOGO - EDITAL Nº 001)
Segundo o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais
(DSM-5, 2014, p. 61), a característica essencial do transtorno de défi-
cit de atenção/hiperatividade é um padrão persistente de desatenção
e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento
ou no desenvolvimento. A desatenção manifesta-se comportamen-
talmente no TDAH como divagação em tarefas, falta de persistên-
cia, dificuldade de manter o foco e desorganização – e não constitui
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

consequência de desafio ou falta de compreensão. A hiperatividade


refere-se à atividade motora excessiva (como uma criança que corre
por tudo) quando não apropriado ou remexer, batucar ou conversar
em excesso. Nos adultos, a hiperatividade pode se manifestar como:
a) Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva) acer-
ca de diversos eventos ou atividades. A intensidade, duração ou fre-
quência da ansiedade e preocupação é desproporcional à probabilidade
real ou ao impacto do evento antecipado. O indivíduo tem dificuldade
de controlar a preocupação e de evitar que pensamentos preocupantes
interfiram na atenção às tarefas em questão.
b) Inquietude extrema ou esgotamento dos outros com sua atividade. A
impulsividade refere-se a ações precipitadas que ocorrem no momento
sem premeditação e com elevado potencial para dano à pessoa (p. ex.,
atravessar uma rua sem olhar). A impulsividade pode ser reflexo de um
desejo de recompensas imediatas ou de incapacidade de postergar a
gratificação. Comportamentos impulsivos podem se manifestar com intro-
28
missão social (p. ex., interromper os outros em excesso) e/ou tomada de
decisões importantes sem considerações acerca das consequências no
longo prazo (p. ex., assumir um emprego sem informações adequadas).
c) Um período de humor quase diariamente deprimido ou diminuição do
interesse em atividades com duração de pelo menos duas semanas acom-
panhada de outros sintomas, tais como dificuldade de concentração, sen-
timentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada, desesperança,
pensamentos recorrentes de morte ou suicídio, alterações no apetite ou
no sono, agitação ou retardo psicomotor, e reduzido de energia ou fadiga.
d) Comportamentos repetitivos, incluindo atos mentais repetitivos que o in-
divíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão, de
acordo com regras rígidas, ou para atingir uma sensação de “integridade”.
e) Estado de humor extremo, durando pelo menos uma semana a menos
encurtado por uma intervenção terapêutica caracterizada por euforia, irri-
tabilidade, ou expansividade, e pelo aumento da atividade ou uma expe-
riência subjetiva de aumento da energia, acompanhada de outros sintomas
característicos, como rápida ou pressionados discurso, fuga de ideias, au-
mento da autoestima ou grandiosidade, necessidade de sono diminuída,
distração, comportamento impulsivo ou imprudente, e mudanças rápidas
entre os diferentes estados de humor (ou seja, labilidade do humor).

QUESTÃO 4
(ANO: 2019 BANCA: COPEVE-UFAL ÓRGÃO: UFAL PROVA: MÉDI-
CO PSIQUIATRA)
Até a década de 80 as crianças com sintomas do transtorno do
espectro autista geralmente eram diagnosticadas como esquizo-

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


frenia infantil até que se tornou evidente que se tratavam de enfer-
midades psiquiátricas distintas. O transtorno do espectro autista
engloba crianças com problemas na comunicação social e padrões
de comportamento repetitivos e restritos.
Sobre o autismo assinale a afirmativa verdadeira.
a) O retardo no desenvolvimento da linguagem e uso de comunicação
aberrante são características básicas fundamentais para o diagnóstico
deste transtorno
b) Transtorno desintegrativo da infância acomete principalmente meni-
nas com desenvolvimento normal pelo menos nos primeiros 6 meses
com deterioração evolutiva
c) A Síndrome de Rett caracteriza-se geralmente por meninos com re-
gressão acentuada em várias áreas de desempenho após 2 anos de
desenvolvimento aparentemente normal
d) O autismo tem como diagnóstico diferencial a surdez congênita, po-
rém nesta os lactentes não balbuciam enquanto no autismo eles o fa-
29
zem, cessando os balbucios entre 6 meses e 1 ano
e) A risperidona, aripiprazol e olanzapina são antipsicóticos indicados
para controle da irritabilidade em crianças com autismo

QUESTÃO 5
ANO: 2022 BANCA: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PERNAMBUCO
- UFPE PROVA: UFPE - UFPE - PSICÓLOGO - 2022
Existem diferentes classificações do autismo. Analise as proposi-
ções que classifica corretamente esses níveis.
1) Nível 1 – Necessidade de pouco apoio; Nível 2 - Necessidade de
apoio substancial; Nível 3 - Necessidade de apoio muito substancial.
2) Níveis leve, moderado e severo.
3) Níveis de 1 a 3, de acordo com a quantidade de apoio e/ou de
suporte que as pessoas requerem no atendimento de suas neces-
sidades, considerando as dificuldades na comunicação, nos inte-
resses restritos e comportamentos repetitivos.
Está(ão) correta(s), apenas:
a) 1 e 2.
b) 2.
c) 1.
d) 1, 2 e 3.
e) 3 e 2.

QUESTÃO DISSERTATIVA– DISSERTANDO A UNIDADE


Apesar dos avanços já implementados no cenário do autismo, verifica-
-se que muito ainda precisa ser modificado para que os direitos relativos
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

aos autistas sejam garantidos, assim como para que a descriminação


no âmbito social seja minimizada. Nesse sentido, disserte sobre a quan-
tidade de autistas existentes no mundo.

TREINO INÉDITO
Em todo o mundo existem diversas formas de crimes e polêmicas
relacionadas aos diversos tipos de preconceitos. Dessa forma, as-
sinale a alternativa correta sobre a denominação do preconceito
destinado às pessoas que têm transtornos e deficiências mentais.
a) Claustrofobia
b) Glossofobia
c) Psicofobia
d) Agorafobia
e) Acrofobia

30
FIQUE LIGADO!
Pelo DSM-5 (publicado em 2013), o termo síndrome de Asperger não exis-
te mais, sendo todos os traços enquadrados na sigla TEA. Atualmente te-
mos disponível o DSM-V, publicado em 2013, que se utiliza da nomeação
Transtorno Espectro Autista (TEA). Institutosingular.org.14 de jan. de 2021

NA PRÁTICA
AGRAVO DE INSTRUMENTO. MENOR PORTADOR DE ESPECTRO
AUTISTA. DIREITO A ACOMPANHAMENTO ESPECIALIZADO NO HO-
RÁRIO ESCOLAR. LEI 12.764/2012. RECURSO PROVIDO. 1. Agravo
de Instrumento onde se insurge em face de decisão que indeferiu ante-
cipação de tutela. 2. Dever do Estado de assegurar à pessoa com trans-
torno do espectro autista a frequência a sistema educacional inclusivo,
com a presença de mediador, na forma do artigo 3º, parágrafo único, da
Lei 12.764/2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direi-
tos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. 3. Recurso conhe-
cido e provido para que o réu disponibilize um mediador para acompa-
nhar, na escola, o agravante. (TJ-RH-AI: 00587088220168190000 RIO
DE JANEIRO DUQUE DE CAXIAS 2 VARA CÍVEL, Data de Julgamento:
05/04/2017, Quarta Câmara Cível, Data de Publicação: 07/04//2017).
Disponível em: https://tj-rj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/447529796/
agravo-de-instrumento-ai-587088220168190000-rio-de-janeiro-
-duque-de-caxias-2-vara-civel?ref=serp

PARA SABER MAIS


Filmes sobre o assunto:

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


Tudo que quero (2017)
Um Certo Olhar (2006)

31
ANÁLISE ACERCA DOS ASPECTOS
GERAIS DO TEA
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

Como pudemos ver no que foi estudado no capítulo anterior,


alguns dos principais sintomas sentidos pelos autistas ocorrem a nível
comportamental, por isso o diagnóstico e o entendimento do que é o
autismo são fundamentais às pessoas que vivem com o transtorno do
espectro autista, bem como àquelas que convivem com as mesmas, prin-
cipalmente, os pais dos autistas, que precisam estabelecer formas ade-
quadas de desenvolver os seus filhos já que, atualmente, existem ma-
neiras e estratégias nesse sentido. Por esses motivos, os profissionais,
dando destaque àqueles pertencentes ao campo educacional, devem
estar capacitados para fornecer educação de forma igual e adequada à
necessidade específica de cada um dos seus alunos, não devendo haver
exclusão dos autistas, mas sim um esforço acerca do entendimento das
informações, posicionamentos e treinamentos indispensáveis.

32
DEFINIÇÃO

O entendimento acerca do que é o autismo existe por um con-


junto de motivos, contudo, aqueles mais frequentes se relacionam à
preocupação e à importância de um diagnóstico precoce, tendo em vis-
ta que, quanto mais demorada for a identificação, mais difícil será esta-
belecer um tratamento adequado aos autistas, afinal, assim como àque-
les que não têm os transtornos é mais fácil estabelecer intervenções e
respostas positivas quanto a métodos educativos, seja em casa ou no
ambiente escolar, durante as primeiras fases da infância, momento em
que a personalidade ainda está sendo formada. Afinal, mesmo que os
transtornos do espectro autista ainda não possuam cura, apresentam
prognósticos responsáveis por dirimir os sintomas associados ao trans-
torno, sendo por isso imprescindivel à intervenção precoce.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) também é conhecido
como Desordens do Espectro Autista (DEA), assim, o primeiro ponto a
chamar atenção nessa denominação é a presença da palavra “espec-
tro”, pois, a partir dela se presume a existência de situações e casos
diferentes dos outros, assim, alguns são mais leves, enquanto outros
apresentam uma gravidade mais elevada.
O Transtorno do Espectro Autista pode ser compreendido como
um transtorno do neurodesenvolvimento infantil, que possui como ca-
racterísticas marcantes as dificuldades em firmar uma interação social,
no campo da comunicação e comportamentos repetitivos, apresentan-
do ainda interesses restritos e sensibilidades sensoriais. Essa é apenas

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


a base nuclear daquilo entendido como TEA, já que existe mais de um
nível responsável por determinar a intensidade dos sintomas daqueles
que têm o transtorno em questão.
Nesse sentido, resumir o Transtorno do Espectro Autista apenas
ao autismo é uma visão errônea, tendo em vista que o quadro é respon-
sável por agrupar uma variedade de condições do desenvolvimento neu-
rológico, sendo ponto comum entre as mesmas a dificuldade do estabele-
cimento de laços sociais. Portanto o diagnóstico precoce é imprescidível.
Como já visto anteriormente, o Transtorno do Espectro do Au-
tismo (TEA) é caracterizado por dificuldades de comunicação e intera-
ção social e pela presença de comportamentos e/ou interesses repe-
titivos ou restritos. Esta é a definição geral apresentada no Manual de
Orientação intitulado “Transtorno do Espectro do Autismo”, publicado
pelo Departamento Científico de Desenvolvimento e Comportamento da
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Segundo o Manual citado acima a apresentação do transtorno
33
é variável. “Trata-se de um transtorno pervasivo e permanente, não ha-
vendo cura, ainda que a intervenção precoce possa alterar o prognós-
tico e suavizar os sintomas”, afirma a publicação. Alguns aspectos a
serem considerados:
- Trajetória: O Transtorno origina-se nos primeiros anos de vida,
no entanto, sua trajetória não é uniforme. Algumas crianças apresentam
sintomas logo após o nascimento, contudo, na maioria dos casos, eles
apenas são consistentemente identificados entre os 12 e 24 meses de
idade. Não obstante, essa evidência, o diagnóstico do TEA ocorre, em
média, aos quatro ou cinco anos de idade.
- Prevalência: Segundo o documento, nos Estados Unidos, por
exemplo, de 1 para cada 150 crianças de 8 anos, entre 2000 e 2002,
a prevalência do TEA aumentou para 1 para cada 68 crianças, entre
2010 e 2012, chegando à prevalência de 1 para cada 58, em 2014.
Esse aumento é, em grande parte, resultado da ampliação dos critérios
diagnósticos e do desenvolvimento de instrumentos de rastreamento e
diagnóstico com propriedades psicométricas adequadas.
- Instrumento: A SBP orienta o pediatra o uso do instrumento de
triagem Modifield Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT), validado e
traduzido para o português em 2008. O M-CHAT é um teste de triagem
e não de diagnóstico e é exclusivo para sinais precoces de autismo e
não para uma análise global do neurodesenvolvimento.
- Avaliação: É importante também que na avaliação física da
criança sejam checados todos os sistemas, além da investigação minu-
ciosa da presença de dismorfias, que remetam o pediatra à suspeita de
síndromes genéticas associadas. Outras questões abordadas são as
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

relacionadas à cognição, comportamento, socialização e rotinas; comu-


nicação e linguagem; e sensoriais. O documento traz também cinco es-
calas e instrumentos que podem ser utilizadas no diagnóstico do TEA.
- Amparo familiar: O estabelecimento de um vínculo entre o pa-
ciente, a família e o pediatra são muito importantes no momento da reve-
lação diagnóstica, visto que a qualidade das informações pode repercutir
positivamente na forma o problema é enfrentado no lar, encorajando-os
questionamentos e a participação nas tomadas de decisão quanto ao tra-
tamento. De acordo com o documento, o tratamento padrão-ouro para o
TEA é a intervenção precoce, que deve ser iniciada tão logo haja suspeita
ou imediatamente após o diagnóstico por uma equipe interdisciplinar.
- Outros aspectos: É de extrema relevância da equipe multidis-
ciplinar no tratamento e condução adequada de crianças com TEA; as
intervenções dietéticas em virtude das alterações no hábito alimentar; o
tratamento medicamentoso, que ocorre para controle de sintomas asso-
ciados ao quadro, quando estes interferem negativamente na sua qua-
34
lidade de vida; os tratamentos alternativos; e o adolescente com TEA.
Reafirmando, o TEA não possui cura. No entanto, as descober-
tas da neurociência e as terapias de intervenção precoce podem apre-
sentar resultados de ganhos significativos no desenvolvimento neu-
ropsicomotor das crianças. Quanto mais precoce o diagnóstico, mais
preciso será o tratamento e melhores resultados.
- Janelas: “A estimulação precoce aproveita o período sensiti-
vo determinado pelas janelas de oportunidades no cérebro da criança.
Dessa forma, de forma precoce e intensiva, é possível formar as redes
neurais que servirão de base da arquitetura cerebral da criança, mol-
dando a tendência genética através da epigenética, com resultados de
indivíduos mais capacitados, com seu potencial máximo aproveitado e
com qualidade de vida”, concluem os especialistas.
Além disso, é fundamental esclarecer que, além dos tipos dis-
tintos de autismo, cada indivíduo que tem o transtorno em dos graus do
seu espectro pode apresentar níveis distintos dos sintomas, assim, é
isso o que faz duas pessoas com o mesmo diagnóstico apresentarem
mais ou menos sintomas e dificuldades que as outras. Nesse sentido,
a variação dos níveis de gravidade era classificado: leve, moderado ou
grave. No entanto, de acordo com os últimos manuais de classificação
DSM-5 (2013) e CID 11 (2022), existe uma nova forma de classificar por
níveis de suporte. São três níveis de classificação que estão relacio-
nados ao suporte que a pessoa com o TEA precisa. Eles são divididos
entre Comunicação Social e Comportamentos restritos e repetitivos.
- NÍVEL 1: Exigindo apoio;
- NÍVEL 2: Exigindo apoio substancial;

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


- NÍVEL 3:Exigindo apoio muito substancial.

Nível 1 – Comunicação Social

Na ausência de apoio, déficits na comunicação social causam


prejuízos notáveis. Dificuldades para iniciar interações sociais e exem-
plos claros de respostas atípicas ou sem sucesso a aberturas sociais
dos outros. Pode parecer apresentar interesse reduzido por interações
sociais. Por exemplo, uma pessoa que consegue falar frases completas
e envolver-se na comunicação, embora apresente falhas na conversa-
ção com os outros e cujas tentativas de fazer amizades são estranhas
e comumente malsucedidas.

35
Nível 1 – Comportamentos Restritos E Repetitivos

Inflexibilidade de comportamento causa interferência significa-


tiva no funcionamento em um ou mais contextos. Dificuldade em trocar
de atividade. Problemas para organização e planejamento são obstácu-
los à independência.

Nível 2 – Comunicação Social

Déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e


não verbal; prejuízos sociais aparentes mesmo na presença de apoio; limi-
tação em dar início a interações sociais e resposta reduzida ou anormal a
abertura sociais que partem de outros. Por exemplo, uma pessoa que fala
frases simples, cuja interação se limita a interesses especiais reduzidos e
que apresenta comunicação não verbal acentuadamente estranha.

Nível 2 – Comportamentos Restritos E Repetitivos

Inflexibilidade de comportamento, dificuldade de lidar com a


mudança ou outros comportamentos restritos/repetitivos aparecem com
frequência suficiente para serem óbvios ao observador casual e interfe-
rem no funcionamento em uma variedade de contextos. Sofrimento e/ou
dificuldade de mudar o foco ou as ações.
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

Nível 3 – Comunicação Social

Déficits graves nashabilidades de comunicação social verbal


e não verbal causam prejuízos graves de funcionamento, grande limi-
tação em dar início a interações sociais e resposta mínima a abertura
sociais que partem de outros. Por exemplo, uma pessoa com fala inteli-
gível de poucas palavras que raramente inicia as interações e, quando o
faz, tem abordagens incomuns apenas para satisfazer a necessidades
e reage somente a abordagem sociais muito diretas.

Nível 3 – Comportamentos Restritos E Repetitivo

Inflexibilidade de comportamento, extrema dificuldade em lidar


com a mudança ou outros comportamentos restritos/repetitivos interfe-
rem acentuadamente no funcionamento em todas as esferas. Grande
36
sofrimento/dificuldade para mudar o foco ou as ações.

POR QUE NÃO USAR O TERMO “ASPERGER” PARA REFERIR-SE


A UM DOS NÍVEIS DO AUTISMO?

A Síndrome de Asperger foi incorporada ao Manual Estatísti-


co e Diagnóstico de Transtornos Mentais – DSM-4, em 1994, descrita
como um subtipo dos transtornos globais do desenvolvimento. O DSM-
5 já havia dispensado o nome síndrome de “Asperger”, substituindo o
termo por Nível I do TEA (Transtorno do Espectro Autista), considerado
um quadro mais leve e funcional do espectro do autismo.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E CONDIÇÕES DO TEA

As três principais características associadas ao Transtorno


do Espectro Autista levam em conta três critérios fundamentais, sen-
do esses os aspectos relativos ao desenvolvimento da linguagem, às
habilidades e às capacidades em estabelecer laços sociais e os com-
portamentos motores. Por atingir os diversos campos o TEA atrapalha
diversos setores do desenvolvimento global dos indivíduos.

Figura 7 – Principais características do TEA

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

Fonte: Elaborada pela autora (2020).

As principais características do autismo se relacionam direta-


37
mente aos sinais e sintomas que surgem ao longo da vida das pessoas
autistas, mas que se manifestam com uma maior frequência durante a
infância, por isso, cabendo aos pais possuírem formas de identificar cada
um dos sinais e entender quando há algo de errado, assim como também
é necessário que existam profissionais aptos a realizar esse diagnóstico,
mesmo com a pouca idade apresentada pelos pacientes e, principalmen-
te, levando em consideração que, por exemplo, as crianças, além de não
saberem falar de forma correta em razão da idade, nos casos em que
apresentam o autismo clássico, acabam tendo ainda mais dificuldades.
Diante disso, um dos grandes pontos que fortalece e estimula os
prognósticos relativos a qualquer um dos tipos de transtorno pertecentes
ao espectro autista é a presença de uma rede interdisciplinar, ou seja, um
sistema que conecta a atuação dos psicólogos, professores, família, tera-
pia, fisioterapia e fonoaudiologia, quando for o caso, em parceria com os
pacientes, além de outros profissionais que visem melhorar o desenvol-
vimento das capacidades pertencentes aos autistas apesar dos sintomas
e condições enfrentadas por cada um deles em suas individualidades.
Grande parte dos tratamentos destinados ao transtorno do es-
pectro autista não se baseiam em tratamentos que fazem uso de medi-
camentos, ou seja, pertecentes ao campo farmacológico, dessa manei-
ra verificam mais os comportamentos que levam em conta a orientação
e a terapia feita em conjunto com os pais, estímulos precoces e ade-
quados aos níveis e tipos de autismos pertecentes ao espectro autista,
entre outras formas de tratamento.
Outra característica interessante a ser destacada acerca do
autismo, mas que não há uma explicação bem delimitada sobre os mo-
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

tivos causadores desse fator, se relaciona ao fato de que o autismo é


mais comum nas crianças do sexo masculino, no que nas crianças do
sexo feminino, por mais que atualmente já se saiba que também existe
um número considerável de meninas autistas.

Leia a reportagem abaixo acerca dos “Seis sintomas de


autismo que todos os pais devem conhecer” para que o diagnósti-
co e os tratamentos paliativos sejam aplicados desde cedo e com
mais efetividade.
Título: Seis sintomas de autismo que todos os pais devem
conhecer
Disponível em:https://www.noticiasaominuto.com.br/lifes-
38
tyle/1301536/seis-sintomas-de-autismo-que-todos-os-pais-devem-
-conhecer

Nesse sentido, segundo o site Tismoo, que possui como um dos


seus principais focos discussões acerca do Transtorno do Espectro Autista,
os principais sinais e sintomas do autismo são: a) incapacidade de man-
ter contato visual por mais de dois segundos; b) não responder quando
chamam pelo nome; c) isolamento; d) apego extremo a rotinas, nos casos
mais graves a mudança de certos compromissos acaba tendo como resul-
tado crises e comportamentos não comuns à personalidade da criança; e)
não brincar convencionalmente; f) movimentos repetitivos; g) dificuldade
na fala; h) dificuldade motora; i) falar frases sem nexo, coesão e coerência;
j) dificuldade em compartilhar experiências, brinquedos, interesses, entre
outros; k) hiperfoco; l) não imitar; m) capacidade imaginatória reduzida ou
incapacidade de brincar de faz de conta, entre outros sintomas.
Além disso, é importante salientar ainda que uma característi-
ca marcante dos autistas se refere às dificuldades da identificação da
origem e de uma forma mais definida acerca de exames específicos e
palpáveis a serem realizados no campo laboratorial e de imagem res-
ponsáveis por auxiliar no diagnóstico, sendo os primeiros passos a se-
rem dados para essa realização a convivência e a observação por parte
daqueles que convivem com essas pessoas, bem como a análise de
critérios genéticos e hereditários, por exemplo.
Diante disso, existem diversos mitos acerca de fatores que po-
dem influenciar no desenvolvimento do autismo, como, por exemplo, a
afirmação de que o autismo pode ser adquirido por meio de vacinas.

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


Informações como essas acabam gerando ainda mais preconceitos e
desinformações sobre a temática, bem como pode provocar danos às
campanhas de vacinação. É importante que fique bem claro que ainda
não se pode falar em uma causa bem definida para o autismo e, conse-
quentemente, não há cura para o transtorno em questão.

NEUROBIOLOGIA, NEURODESENVOLVIMENTO, NEUROFISIOLO-


GIA E GENEALOGIA RELACIONADOS AO TEA

Ao longo desse tópico iremos estudar os conceitos básicos


acerca da Neurobiologia, do Neurodesenvolvimento, da Neurofisiologia
e da Genealogia e, em seguida, iremos relacionar as principais carac-
terísticas e definições das três áreas em questão com o transtorno do
espectro autista, como representado na imagem abaixo.

39
Figura 8 – Neurobiologia, Neurodesenvolvimento, Neurofisiologia e Genealo-
gia ligados ao TEA

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

A Neurobiologia pode ser compreendida como o estudo voltado


à célula do sistema nervoso, levando em consideração o funcionamento
e a organização das células em questão, bem como os circuitos funcio-
nais incumbidos pela realização do processamento das informações e
dos comportamentos presentes na vida humana e vistos como funda-
mentais. Esse campo do saber é entendido como uma disciplina derivada
da Biologia e da Neurociência, mas não pode ser confundida com nenhu-
mas dessas duas áreas, já que tem como objetivo abordar, de forma mais
específica, o funcionamento das células presentes no sistema nervoso.
Salienta-se ainda que a Neurobiologia apresenta uma preocu-
pação direta quanto à estrutura do neurônio e os problemas associados
a essa, diante disso grande parte dos estudos dessa área se concen-
tra no entendimento da composição neurológica, centrada na unidade
funcional básica do sistema nervoso denominada, justamente, como
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

neurônio, e isso ocorre já que o mesmo é responsável pelo processa-


mento e transmissão das informações necessárias para o funcionamen-
to do corpo e da mente humana. Conforme a figura 9, podemos analisar
a estrutura básica de um neurônio.

Figura 10 – Estrutura de um neurônio

Fonte: Portal São Francisco, 2020.


40
Atualmente, o campo da Neurobiologia vem ganhando cada
vez mais espaço, principalmente no que se refere ao entendimento das
doenças que acometem os neurônios e o funcionamento cerebral, exis-
tem diversas áreas, aspectos e ferramentas no campo da Medicina, da
Biotecnologia e da academia voltada para este fim.
Nesse sentido, um dos transtornos que passou a ser analisado
do ponto de vista da Neurobiologia foi aquele ligado ao espectro autista,
já que o autismo é considerado como um distúrbio neurológico, respon-
sável por provocar um conjunto diverso se hiperfunções e hipofunções
que se manifestam de maneiras e intensidades distintas, sendo um dos
campos de pesquisa da área da Neurobiologia.
Dessa maneira, como a Neurobiologia está associada ao es-
tudo do funcionamento e da estrutura dos neurônios, procura-se enten-
der quais são as alterações morfológicas geradas pelo TEA no sistema
nervoso, bem como em que momento gestacional o mesmo aparece
e como acontece a maturação dos neurônios, não deixando de lado
questões ligadas aos cromossomos e a fatores genéticos, por exemplo.
Segundo estudos realizados por Bauman e Kemper, o cérebro
das pessoas que têm autismo apresentam algumas diferenças de um
cérebro normal, pois, o sistema límbico e os circuitos cerebrais apre-
sentam neuropatologias, desta feita, o sistema límbico dos autistas é
pequeno no tamanho, mas relativamente grande quando o aspecto ana-
lisado é o volume.
Um outro aspecto merecedor de destaque se refere à desco-
berta de que os autistas apresentam um nível mais elevado de seroto-
nina nas plaquetas, sendo que essa descoberta ainda é fonte de inves-

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


tigação, para que as suas consequências sejam aprendidas com mais
clareza, porém, especula-se que os níveis elevados de serotonina são
responsáveis pela eliminação de sinapses nos cérebros daqueles que
se enquadram no espectro autista, sendo esse um dos fatores respon-
sáveis pela promoção de alguns dos sintomas sentidos por esses.
Quais as alterações neuronais associadas ao TEA? Dentre as al-
terações observadas no cérebro de pacientes com TEA, algumas são cau-
sadas por desconectividade entre estruturas subcorticais e corticais. Nas
regiões corticais foram observadas disfunções que compreendem as áreas
frontal e parietal, bem como áreas supra-marginal e giro angular e bilateral.
Contudo, as descobertas ainda são passos pequenos quando se pensa
em estabelecer uma cura ou um medicamento farmacológico potente para
a redução de vários dos sintomas sentidos por aqueles que se enquadram
no transtorno do espectro autista, mas já são considerados avanços signi-
ficativos para a realidade em que vivenciamos em relação ao transtorno,
ainda tão misterioso quanto as suas causas e prognósticos.
41
Assim, não é só o campo da Neurobiologia que tem como intui-
to realizar estudos acerca do funcionamento do cérebro, pois, em razão
da complexidade da temática, existem diversas áreas responsáveis por
estudar e compreender cada uma das funções presentes no campo em
questão.
Nesse sentido, o Neurodesenvolvimento é voltado à compre-
ensão das competências relativas à motricidade global, à manipulação
e a fatores relacionados aos cinco sentidos, ou seja, as capacidades
de visão, audição, comunicação e a linguagem, englobando ainda as-
pectos comportamentais, cognitivos verbais e não verbais, bem como
temáticas relativas à afetividade e cenários emocionais.
Dessa forma, os transtornos presentes no neurodesenvolvimento
podem ser entendidos como as condições associados ao desenvolvimen-
to, sendo mais comum que o seu aparecimento ocorra durante a infância,
estando ligado ao surgimento de déficits de desenvolvimentos pessoal, so-
cial, acadêmico e profissional, quando a vida adulta for atingida.
Salienta-se ainda que os transtornos presentes no neurode-
senvolvimento podem acarretar problemas para os campos da aquisi-
ção, retenção ou utilização de habilidades especificas, envolvendo pro-
blemas de atenção, memória, percepção, solução de problemas e de
interação social. Ainda é importante esclarecer que os transtornos do
neurodesenvolvimento não se manifestam sempre da mesma forma,
tendo em vista que cada paciente apresenta as suas próprias especifi-
cidades, assim, existem níveis responsáveis por definir o grau em que o
desenvolvimento neurobiológico é atingido.
Existem vários transtornos do neurodesenvolvimento, sendo os
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

mais conhecidos os que incluem as deficiências intelectuais, os trans-


tornos da comunicação, o transtorno do espectro autista, o transtorno
do déficit de atenção e hiperatividade, o transtorno específico da apren-
dizagem, os transtornos motores, os transtornos de tique, entre outros.
Levando em consideração o estudado até o momento, bem
como o interesse apresentado pelo neurodesenvolvimento, fica fácil de
entender a relação existente entre essa área do saber e o autismo, já
que os transtornos do espectro autista podem ser compreendidos como
relacionados ao desenvolvimento, no campo da neuropsicologia, por
isso, as pessoas que se enquadram no cenário apresentam dificuldades
no cenário do neurodesenvolvimento.
Por sua vez, a Neurofisiologia pode ser entendida como o cam-
po da ciência responsável pela preocupação destinada ao funciona-
mento e à fisiologia do sistema nervoso, estando assim ligada aos estu-
dos destinados à compreensão do funcionamento do sistema nervoso,
levando em conta todas as partes que o compõem, ou seja, sistemas
42
nervosos central e periférico, bem como os órgãos e as redes celulares
que se relacionam ao sistema nervoso de alguma forma, tendo em vista
que pode haver uma relação direta entre o funcionamento e os proble-
mas apresentados entre os mesmos.
Uma das principais funções exercidas pelo campo da neurofi-
siologia se refere à capacidade de se determinar diagnósticos relativos
aos distúrbios e ao mau funcionamento do sistema nervoso como um
todo, por isso, são realizadas investigações com o intuito de se deter-
minar diagnósticos e prognósticos relativos aos distúrbios presentes no
sistema nervoso periférico.
Nesse sentido, alguns dos principais objetivos da realização da
neurofisiologia são voltados à identificação de lesões nervosas, tendo
como função também a caracterização, a determinação da quantifica-
ção e extensão das lesões em questão, contudo, apenas essas identi-
ficações não são entendidas como suficientes, sendo também impres-
cindível que se estabeleçam tratamentos, soluções e prognósticos para
que as lesões nervosas sejam corrigidas, fazendo com que danos e
sequelas cerebrais sejam evitadas.
É importante salientar ainda que existem diversos fenômenos
presentes no campo da neurofisiologia, sendo cada um desses essen-
cial para o fornecimento de suas funções específicas, porém, é impor-
tante destacar quatro fenômenos neurológicos fundamentais, sendo
esses: a) transmissão de sinais, sendo esses responsáveis pela promo-
ção dos impulsos nervosos, que servem de base para a comunicação
dos órgãos receptores; b) plasticidade neural, relativa à capacidade que
o sistema nervoso possui de responder a estímulos do ambiente em

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


que se encontra; c) produção do liquor, incumbido por proteger o cére-
bro de choques mecânicos; e d) pensamento, relacionado à formação
de ideias e a capacidade de raciocínio pertencentes à raça humana.
Quanto à relação entre a neurofisiologia e o transtorno do es-
pectro autista verifica-se que existem investigações responsáveis por
relacionar os dois aspectos, contudo, como ainda não se pode identificar
um fator específico para o desencadeamento do transtorno em questão
é mais difícil estabelecer essa relação direta, contudo, os avanços e as
implementações tecnológicas visualizadas no campo neurofisiológico
podem ter como resultado futuro descobertas do TEA.
Por fim, não podemos deixar de mencionar a Genealogia, sen-
do essa uma área responsável por estudar a genética, assim, mesmo
que ainda não existam esclarecimentos suficientes para apontar aquilo
que é responsável por causar o Transtorno do Espectro Autista, sen-
do o mesmo diagnosticado por meio de exames clínicos, porém, em
conformidade com estudos realizados nos anos de 2014 a 2017, por
43
conceituados neuropediatras ou psiquiatras, mais de 70% dos casos de
TEA possuem como fonte herança genética, dessa forma, os indivíduos
da mesma família possuem mais chance de ter, já que as característi-
cas atribuidoras do transtorno podem ser transmitidas dos ascendentes
para os descendentes.
Porém, a genética não pode ser compreendida como o único
fator responsável por levar ao Transtorno do Espectro Autista, já que
esse pode estar associado a outras causas, no entanto, não se pode
negar a relação presente entre o TEA e a genealogia.
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

44
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
ANO: 2022 - BANCA: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PERNAMBU-
CO - UFPE - PROVA: UFPE - UFPE - PSICÓLOGO - 2022
Existem diferentes classificações do autismo. Analise as proposi-
ções que classifica corretamente esses níveis.
1) Nível 1 – Exige apoio;
Nível 2 – Exige apoio substancial;
Nível 3 – Exige apoio muito substancial.
2) Níveis leve, moderado e severo.
3) Níveis de 1 a 3, de acordo com a quantidade de apoio e/ou de
suporte que as pessoas requerem no atendimento de suas neces-
sidades, considerando as dificuldades na comunicação, nos inte-
resses restritos e comportamentos repetitivos.
Está(ão) correta(s), apenas:
a) 1 e 2.
b) 1 e 3.
c) 2 e 3.
d) Todas estão corretas.
e) Nenhuma das respostas acima.

QUESTÃO 2
(ANO: 2021 BANCA: IBFC ÓRGÃO: SEED - RR PROVAS: IBFC -
2021 - SEED - RR - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA - CIÊN-
CIAS BIOLÓGICAS)

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


Sabemos o quanto a linguagem é importante nos processos de
desenvolvimento e de aprendizagem. Nesse sentido, a linguagem
torna o processo educativo mais eficaz fazendo com que o aluno
desenvolva os seus próprios instrumentos de comunicação social.
De acordo com Racy (2012): “[...] esquemas se desenvolvem de
forma organizada durante a fase pré-escolar, quando a criança se
torna capaz de planejar uma ação, ou seja, pensar em termos de
futuro. Nessa fase também se desenvolve a capacidade de fazer
associações por semelhanças e equivalências; a memória se de-
senvolve de forma mais organizada, permitindo que a criança re-
tenha e recupere as informações. Finalmente, torna-se capaz de
solucionar problemas, utilizando regras. Entre todos esses esque-
mas que são adquiridos pela criança, esquemas que no decorrer
do desenvolvimento infantil se tornam mais refinados e comple-
xos, temos aquele que constitui uma das capacidades humanas
mais elaboradas: a linguagem.” (RACY, 2012, p. 96) Analise as afir-
45
mativas abaixo, levando-se em consideração Racy (2012):
I. No 1° ano de vida observa-se, na criança, os primeiros balbu-
cios, a imitação de sons e a repetição de sílabas, que são utilizados
como uma forma de comunicação.
II. Observa-se na criança desde o nascimento, inicialmente a efeti-
vação da linguagem escrita que antecede a linguagem verbal.
III. Por volta do 2° ao 6° ano de vida da criança, não observamos o
desenvolvimento da linguagem verbal.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas a afirmativa I está correta.
b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
c) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
d) As afirmativas I, II e III estão corretas.

QUESTÃO 3
(ANO: 2019 BANCA: FEPESE ÓRGÃO: PREFEITURA DE BOMBI-
NHAS - SC PROVA: MÉDICO PSIQUIATRA)
Sobre o Transtorno do Espectro Autista, assinale a resposta correta.
a) Déficits para desenvolver, manter e compreender as relações não devem
ser julgados em relação aos padrões relativos a idade, gênero e cultura.
b) Certas condições médicas estão associadas ao autismo: esclerose
tuberosa, síndrome do X frágil, rubéola materna, hipertireoidismo con-
gênito, fenilcetonúria, síndrome de Down, neurofibromatose e síndrome
de Angelman são algumas das condições que foram identificadas.
c) O diagnóstico do transtorno do espectro autista é definido exclusiva-
mente por padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

ou atividades que mostram uma gama de manifestações de acordo com


a idade e a capacidade, intervenções e apoios atuais.
d) Os antipsicóticos, especialmente a risperidona, são usados frequen-
temente para a redução de comportamentos compulsivos e repetitivos
e rigidez comportamental.
e) A consulta neurológica pode ser necessária na presença de preocu-
pações clínicas relativas a convulsões, e eletroencefalogramas (EEGs)
são frequentemente obtidos. Na maioria dos casos idiopáticos de autis-
mo, a neuroimagem é imprescindível.

QUESTÃO 4
(ANO: 2022 BANCA: FUNDATEC ÓRGÃO: IPE SAÚDE PROVA:
FUNDATEC - 2022 - IPE SAÚDE - ANALISTA DE GESTÃO EM SAÚ-
DE – PSICOLOGIA)
Considerando as características essenciais do transtorno do es-
pectro autista (DSM-5), assinale a alternativa INCORRETA.
46
a) Manifestações do transtorno variam muito pouco dependendo da gra-
vidade da condição autista, do nível de desenvolvimento e da idade
cronológica.
b) Prejuízo persistente na comunicação social recíproca e na interação
social são características essenciais.
c) Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou ativi-
dades são características essenciais.
d) Os sintomas estão presentes desde o início da infância e limitam ou
prejudicam o funcionamento diário.
e) O estágio em que o prejuízo funcional fica evidente varia de acordo
com características do indivíduo e seu ambiente.

QUESTÃO 5
(ANO: 2019 BANCA: FADESP ÓRGÃO: PREFEITURA DE MARABÁ
- PA PROVA: FADESP - 2019 - PREFEITURA DE MARABÁ - PA - TE-
RAPEUTA OCUPACIONAL)
O transtorno do espectro autista – TEA – é um transtorno do de-
senvolvimento humano que vem sendo analisado pela ciência há
aproximadamente seis décadas. No entanto, ainda existem ques-
tões desconhecidas e divergências sobre o tema. Sobre o TEA e
as possibilidades de intervenção do terapeuta ocupacional junto à
pessoa com TEA é correto afirmar o seguinte:
a) o TEA é um transtorno no desenvolvimento humano que tem como ca-
racterísticas prejuízos à pessoa com autismo no que tange à interação so-
cial e à comunicação verbal. No entanto, não há prejuízo na comunicação
não verbal e tal distúrbio apresenta-se, geralmente, na segunda infância.

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


b) O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM)
– DSM- 5 constitui-se atualmente como a principal parâmetro para o
diagnóstico do TEA, apresenta uma recente classificação focadas em
quatro condições: déficit em comunicação; em interação social; em pa-
drão de comportamento; e atividades e interesses restritivos e repetiti-
vos, que se apresentam em diferentes níveis de severidade.
c) um dos principais métodos de intervenção junto à pessoa com TEA é
denominado ABA. Trata-se de um sistema de comunicação por trocas
de figuras. Esse sistema busca ajudar a criança a perceber que, por
meio de uma comunicação efetiva, ela pode atingir de forma mais fácil
seus interesses e objetivos. Uma crítica ao ABA consiste no fato de que
ele supostamente robotizaria as crianças.
d) o ABA, que, em sua tradução livre para o português, significa ―tra-
tamento e educação para crianças autistas e com distúrbios correlatos
da comunicação‖, é um dos principais métodos de intervenção junto à
pessoa com TEA e se baseia na organização do ambiente, por meio
47
do estabelecimento de rotinas sistematizadas em quadros, painéis ou
agendas, bem como de sistemas de trabalho objetivando a ajudar a
criança a compreender o ambiente.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


A educação inclusiva ainda é uma questão de grandes debates no meio
educacional, familiar e até mesmo científico, por se tratar de algo que
ainda não está comprovado cientificamente a origem e se tem ou não
formas de evitar. Escreva um texto dissertativo que confirme o trecho
acima e que esteja incluindo as palavras: família, educação, inclusão,
preconceito e mercado de trabalho e informação.

TREINO INÉDITO
O Transtorno do Espectro Autista apresenta diversos sintomas e
sinais, sendo esses mais ou menos intensos, dependendo do ní-
vel de gravidade do espectro, bem como a classificação inserida
no mesmo. Levando em consideração o aprendido ao longo deste
capítulo, assinale a única alternativa que não contém um sintoma,
dos sintomas do TEA
a) incapacidade de manter contato visual por mais de dois segundos;
b) não responder quando chamam pelo nome;
c) isolamento;
d) apego extremo a rotinas, nos casos mais graves, a mudança de cer-
tos compromissos acaba tendo como resultado crises e comportamen-
tos não comuns à personalidade da criança;
e) brincadeiras convencionais.
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

NA MÍDIA
ATYPICAL
Talvez a produção mais famosa da lista atualmente, Atypical é uma sé-
rie da Netflix que conta a história de Sam, um rapaz de 18 anos diag-
nosticado com transtorno de espectro autista de alto funcionamento que
está tentando adquirir uma certa independência da família e começa a
se aventurar no mundo do amor. Embora o foco da série seja o persona-
gem principal, trata-se de uma obra bastante interessante, pois mostra
também o impacto do diagnóstico de Sam em sua família, nas suas ami-
zades, na tentativa de encontrar romance, entre outros. É uma série vol-
tada para um público bastante diversificado, pois além de seguir alguns
padrões de produções americanas com foco em adolescentes, a série
também é um tanto quanto educativa no que diz respeito ao autismo de
alto funcionamento. Algumas das características do transtorno ganham
um certo destaque, como as obsessões por assuntos muito específicos,
48
bem como a hipersensibilidade sensorial e as crises que tais estímulos
em demasia podem desencadear. Trata-se de uma série divertida que
busca mostrar o autismo e suas limitações de uma forma um pouco
mais realista, ao invés de colocá-los sob um olhar negativo.

PARA SABER MAIS


Filmes e séries sobre o assunto:
- The Good Doctor.
- Float.
- Tudo Que Quero.
- Temple Grandin.

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

49
DESENVOLVIMENTO, LEGISLAÇÕES E
EDUCAÇÃO NO CENÁRIO DO TEA
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

Ao longo do nosso estudo pudemos entender que os precon-


ceitos relativos ao transtorno do espectro autista são amplos e estão
presentes em vários dos campos de atuação em que os autistas estão
inseridos. Nesse sentido, a educação já apresentou alguns dos grandes
avanços relativos ao TEA, contudo, muito ainda precisa ser feito para
que seja atingido um nível aceitável e garantidor dos direitos básicos e
fundamentais à vida humana.
Ao longo do presente capítulo poderemos compreender as
principais evoluções acerca do campo do transtorno do espectro autis-
ta, levando em conta os principais direitos e garantias que devem ser
fornecidos a esses, sem esquecer ainda os aspectos relacionados à
Psicologia, à aprendizagem e à educação, com foco nos autistas.

50
PRINCIPAIS EVOLUÇÕES NO CAMPO DO TEA

Se compararmos com um cenário não tão distante, a evolução


visualizada no autismo é significativa, já que atualmente existem técni-
cas e especializações destinadas, de forma específica, ao diagnóstico e
aos tratamentos relativos ao autismo na área da saúde.
Contudo, nos últimos anos mudanças foram implementadas e
a busca pela igualdade se tornou cada vez maior, como prova disso po-
demos mencionar a fixação do Dia Mundial do Autismo, em que diversos
eventos e campanhas são efetuados como forma de promover o bem-es-
tar e a vida digna de todos que se enquadrem no espectro autista, assim
como o estabelecimento da Lei nº 12.764/2012, também conhecida como
Lei Berenice Piana, incumbida por instituir a Política Nacional de Prote-
ção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
Já no ano de 2020, foi promulgada a Lei Romeo Mion, sendo essa
responsável por atualizar e substituir a Lei Berenice Piana. A necessida-
de de mudança surgiu com base nos novos conceitos em que os autis-
tas estão inseridos, assim como os novos contextos sociais presentes na
atualidade, dessa maneira, a legislação brasileira passou a garantir uma
quantidade ainda maior de direitos aos autistas, sejam esses crianças ou
adultos, tendo ainda sido responsável pela criação da Carteira de Identifi-
cação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, que torna mais fácil
e mais completa a identificação daqueles que têm o transtorno em questão.
É importante ainda relembrar que mesmo com todas as evo-
luções e ampliações de direitos e garantias dos autistas, bem como a

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


capacitação de profissionais incumbidos da realização de tratamentos e
derivados, ainda não há uma cura para o transtorno, da mesma maneira
em que não existem respostas definidas e certas sobre as causas do
autismo, por isso, é imprescindível que pesquisas sejam realizadas com
essa finalidade, pois, a partir desse momento, muitas outras descober-
tas poderão ser fomentadas.
Estabelecendo um link entre o assunto abordado pelo presente
tópico e aquele discutido no capítulo anterior, é de suma importância des-
tacar que em 2018, o Senado aprovou o Projeto de Lei 139/2018, respon-
sável por incluir informações acerca das pessoas com autismo nos censos
demográficos realizados no cenário nacional, diante disso, a problemática
envolvendo a incerteza sobre a quantidade de pessoas com autismo que
existem no mundo são enormes, fator que dificulta cada vez mais a imple-
mentação de medidas aplicáveis a essa parte da população. Porém, para
que o projeto em questão seja posto em prática é preciso que o mesmo
seja sancionado pelo presidente da República Federativa do Brasil.
51
Todavia, a ideia de que o governo deve esperar pelo mapea-
mento dos autistas, para que sejam tomadas as devidas providências
acerca do estabelecimento de políticas públicas voltadas às pessoas
com síndrome do espectro autismo, afinal, independente da quantidade
de pessoas que têm a síndrome do transtorno autista, já existe o direito
e o compromisso relativo aos campos político e social, dessa maneira,
desde já as mencionadas políticas, podem e devem ser estabelecidas.
Atualmente, uma das preocupações crescentes e existentes
a nível mundial é relacionada à inclusão de pessoas autistas, sendo
que essa busca passa a ser vista na prática por meio de mobilizações
e intervenções feitas por ativistas, autistas e familiares, nas mais diver-
sas plataformas, sejam essas redes sociais, mídias e comunidades, no
geral, desta maneira, o autismo passa a ser visto em uma quantidade
cada vez maior de rodas de debate, pautas legislativas e assistenciais.
Salienta-se ainda que a busca pela inclusão deve ocorrer em to-
das as áreas presentes na sociedade, dessa maneira, os setores relacio-
nados a interesses populacionais devem ser direcionados para esse fim,
assim como as políticas, propostas e ações presentes nas instituições
públicas e privadas, contudo, o primeiro local em que a inclusão deve se
fazer presente é no ambiente familiar, sendo esse responsável por formar
a personalidade dos seres humanos e fornecer os primeiros e mais bá-
sicos ensinamentos sobre a vida, as vivências e as interações em geral.
Como forma de efetivar as temáticas referentes à inclusão, o
Brasil, em 2008, ratificou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência (CDPD), tendo esse sido recepcionado no território bra-
sileiro, conforme os termos do artigo 5º, §3º, da Constituição da Repú-
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

blica Federativa do Brasil de 1988, desta maneira, a convenção possui


força de Emenda Constitucional.
Contudo, mesmo com os avanços mencionados, a luta dos autis-
tas e dos seus familiares ainda está longe de ter um fim, tendo em vista que
muitos desafios ainda precisam ser vencidos, pois, a exclusão, a descrimi-
nação e o preconceito ainda se fazem presentes na vida de muitos autis-
tas, aspecto que torna os avanços, a proteção e a efetivação das garantias
fornecidas a essas pessoas cada vez mais difícil de ser concretizados.
Diante disso, ainda existe um número considerável de escolas
que se negam a realizar matrículas de pessoas com autismo, assim
como cobram taxas adicionais, mesmo que em conformidade com a lei
essa ação não seja permitida. Além disso, ocorreram diversas irregulari-
dades relativas à educação, tendo em vista que não há ofertas suficien-
tes acerca dos devidos apoios e a falta de planejamento nas escolas
públicas, apesar dos avanços que são considerados como necessários
para o campo da inclusão educacional.
52
Quer saber mais sobre os direitos dos autistas? Acesse: ht-
tps://www.saopaulo.sp.leg.br/escoladoparlamento/wp-content/uplo-
ads/sites/5/2021/11/Manual-dos-Direitos-da-Pessoa-com-Autismo.pdf

A existência de Centros Especializados de Reabilitação exer-


cem um papel importante quanto ao fornecimento de tratamentos e
prognósticos para os autistas, contudo, não existe o número suficiente
para o atendimento da população e a diminuta cobertura da Rede de
Atenção Psicossial adequada à demanda.
Salienta-se também que os autistas ainda sofrem rejeição
mesmo no interior de suas residências, por isso, ainda são vistos muitos
casos de abandono no Brasil como um todo, diante disso, é necessário
que existam estabelecimentos destinados ao abrigo e proteção dessas
pessoas, sendo fornecida a proteção digna e as questões legais.
Os problemas em pauta não acontecem apenas em nível fede-
ral, mas também nos campos estadual e municipal, já que existem poucas
cidades que possuem a quantidade adequada de residências inclusivas
em conformidade com as legislações referentes ao ordenamento jurídico
brasileiro. Esse é apenas um dos motivos que justifica que a inclusão
deve acontecer no ambiente familiar, já que assim como qualquer outra
criança, aqueles que têm autismo, também possuem direito a uma família
bem fortalecida, estruturada, instruída e instrumentalizada com base nos

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


direitos humanos, desenvolvimento e inclusão no meio social.
Em razão de todo o exposto até o momento, é certo afirmar
que a família, o Estado e a sociedade devem ser aliados, em outras pa-
lavras, os entes federativos e a população como um todo devem cami-
nhar juntos, com o intuito de impedir os preconceitos e a discriminação,
em busca de um mundo mais inclusivo, por meio da qual os autistas
tenham a oportunidade de demonstrar o seus potenciais e capacidades.
Ressalta-se ainda que o transtorno do espectro autista não reti-
ra direitos de ninguém, e nem torna as pessoas incapazes, pelo contrá-
rio, busca tornar as pessoas iguais, contudo, como os autistas acabam
sendo expostos a mais preconceitos e desigualdades, é preciso que
mais direitos sejam fornecidos para essas pessoas, para que assim, a
igualdade material seja promovida.

53
DIREITOS DOS AUTISTAS

Um dos aspectos fundamentais acerca das garantias auferi-


das com base nas evoluções alcançadas no campo do transtorno dos
espectros autistas está a relação existente entre o TEA e a educação.
A educação é um direito fundamental de todos, tendo em vista
que, por meio dela são estabelecidas maneiras de se proporcionar o de-
senvolvimento humano, levando em conta não só os aspectos relativos
à sociedade, mas também os indivíduos, tendo em vista fatores relati-
vos ao ensino e à aprendizagem, já que através da educação é possível
que se potencialize a capacidade intelectual de cada ser humano.
É importante mencionar que a educação não se relaciona ape-
nas àquilo aprendido nos ambientes escolares, sendo essa denomina-
da como educação formal, mas também envolve aspectos relativos às
formações familiar e social, assim, compreendem o aprendizado por
meio de costumes, comportamentos, cultura, aspectos morais e éticos,
sendo essa definida como educação informal.
Além disso, a educação também não pode ser entendida apenas
como uma transmissão de conhecimento, mas como o desenvolvimento
da personalidade, da autonomia e do senso crítico, sendo responsável
por aprimorar as habilidades e as competências de cada indivíduo.
Nesse sentido, o artigo 205 da Constituição da República Fede-
rativa do Brasil de 1988, afirma que a educação é um direito de todos e
um dever pertecente ao Estado, assim como pela família, devendo ainda
ser gerada e incentivada em colaboração com a sociedade, tendo em
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vista o pleno desenvolvimento da pessoa humana, o seu preparo para o


devido exercício da cidadania e ainda a qualificação para o trabalho.

É imprescindível que fiquemos atentos acerca das normas


presentes na Constituição brasileira, principalmente, quando a te-
mática em pauta for relativa à educação, diante disso, não é ape-
nas o artigo 205 que traz determinações acerca do mencionado
direito fundamental, já que existem dispositivos sobre a temática
em vários artigos do texto constitucional, sendo que a maioria de-
les se concentra no Capítulo III, responsável por dispor acerca “da
educação, da cultura e do desporto”, sendo destacado ainda que
a seção I, do mencionado capítulo, se refere de forma específica à
54
educação, por isso, recomenda-se a sua leitura na íntegra.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/cons-
tituicao/constituicao.htm

Entre todas as disposições apresentadas acerca da educação


pela constituição, é importante destacar que o artigo 206, da Lei Maior,
em seu inciso I, afirma que a “igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola”, deixa bem claro que não deve haver discrimi-
nação e nem negação quanto ao fornecimento de escolas para todas as
pessoas, além disso, em casos especiais, é necessário que sejam for-
necidas escolas especiais. Nesse mesmo sentido, o artigo 208, em seu
inciso III, determina que é dever do Estado fornecer “atendimento edu-
cacional especializado as pessoas com deficiência, preferencialmente
na rede regular de ensino”.
Dessa maneira, a inclusão deve ser abordada como assunto
prioritário nos ambientes escolares, pois, esses locais devem estar pre-
parados para o recebimento de todos os tipos de alunos, independente
da classe social ou das condições físicas e mentais dos mesmos, por
isso, os profissionais devem estar devidamente capacitados, tanto no
que se refere a lidar com preconceito e bullying a que alunos especiais
estarão expostos, quanto a proporcionar um ensino de qualidade e de
entendimento de todos os que estão na sala de aula.
No que se refere à inclusão escolar é preciso que esse con-
ceito não se confunda com a definição de integração escolar, já que
este concede privilégios para os alunos que têm necessidades educa-
tivas especiais, atribuindo aos mesmos uma parcela de responsabilida-

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


de quanto a sua inserção, à medida que a inclusão, além de envolver
os critérios relativos à integração, passa a ser ainda mais abrangente,
envolvendo a sociedade em sua relação, para que só assim a inserção
seja promovida, de fato. Diante disso, a integração é associada a uma
ideia individualista, enquanto a inclusão é coletivizada.
É importante destacar ainda que o argumento de que alunos
com necessidades especiais ou algum tipo de deficiência devem ser
matriculados apenas em escolas apropriadas as suas necessidades é
errônea, e até mesmo discriminitória e segregadora, pois, em uma so-
ciedade inclusiva, não é o indivíduo com autismo, por exemplo, que tem
que se adaptar à realidade social ou educacional, mas sim o contrário,
ou seja, é preciso que os ambientes sejam devidamente adaptados ao
recebimento e ao estabelecimento da educação inclusiva, e isso não
deve ocorrer apenas em razão de uma imposição legal, mas também do
ponto de vista de uma conscientização e acolhimento coletivos.
A educação inclusiva pode ser compreendida como sendo
55
aquela em que a escola se adapta ao indivíduo, tendo como objetivo in-
cluir, e não causar a exclusão, sendo esse pensamento que deve estar
presente na mente, não só no corpo docente ou membros pertencentes
à instituição, mas ser uma forma de pensar de todos os que estão in-
seridos na sociedade. Só assim será possível implementar a quebra de
uma barreira cultural alimentatada por discriminações, de caráter histó-
rico, na qual tudo que é diferente é visto como indigno de convívio.
Em momento nenhum a conquista e a oportunidade dada por
meio do fornecimento da educação inclusiva para pessoas com trans-
torno do espectro autista devem ser entendidas como mero capricho ou
fruto do desejo e da vontade dessas pessoas, mas sim como um direito
do autista e dos seus familiares, bem como um dever da escola, seja
essa qual for a escolhida pelos pais e familiares no geral, independen-
temente de serem públicas ou privadas.
Uma das medidas tomadas pelo Ministério da Educação se re-
fere à inserção do Programa Educação Inclusiva, por meio do qual, a
diversidade é posta em pauta e enaltecida, dessa maneira, passa-se a
ser incetivados trabalhos inclusivos no âmbito escolar, envolvendo a for-
mação de gestores e professores em todo o Brasil, para que assim, seja
assegurada escolarização de qualidade para todos, levando em conta
o fornecimento e o atendimento especializado, assim como as políticas
referentes à acessibilidade que devem ser apoiadas no Brasil.
Diversas medidas podem ser tomadas para que o meio esco-
lar regular se torne mais adequado para os autistas, por isso, algumas
dessas práticas serão destacadas como forma de exemplificar outros
direitos pertencentes às pessoas que têm TEA no meio educacional.
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

Assim, levando em consideração cada caso e a necessidade dos


autistas, quando houver determinação médica nesse sentido, será neces-
sário que exista um professor auxiliar responsável por promover a intera-
ção social entre o aluno autista e o meio escolar como um todo, englobando
assim os outros discentes, os professores e ainda os funcionários. Quando
a necessidade em questão for indicada, a escola terá como obrigação for-
necer esse benefício, seja a mesma pública e privada, não podendo cobrar
nenhuma taxa adicional em relação ao mencionado serviço.
Mesmo que haja a compreensão de que a escola inclusiva, a
capacitação dos profissionais e a adaptação dos conteúdos ensinados
nesses ambientes é fundamental para os autistas, como já destacamos,
muitos avanços ainda precisam acontecer. Diante do nosso histórico e
da estrutura cultural ainda é comum que a inclusão dos autistas causem
ansiedades, preocupações, medos, inseguranças em todos os profis-
sionais presentes no meio escolar, destacando mais uma vez a impres-
cindibilidade da ocorrência dos acompanhamentos considerados fun-
56
damentais para o desenvolvimento e interação social dessas pessoas.
Nesse sentido, mesmo que inicialmente a adaptação passe por
problemas e precise vencer certos obstáculos, o que se destaca é a ne-
cessidade de que o primeiro passo seja dado, pois, a partir do mesmo,
grandes mudanças poderão ser implementadas e os verdadeiros avan-
ços e evoluções poderão ser vistos.
Salienta-se ainda que não há uma forma correta de se promo-
ver a educação para os autistas, já que diversos métodos e técnicas
podem ser empregados, com o objetivo de se promover a igualdade nas
escolas, sendo estabelecidas formas de respeito às diferenças, levando
em conta aspectos como o apoio familiar e adaptações nas grades cur-
riculares. Diante disso, cada um dos mencionados critérios é entendido
como um fato relevante à construção da inclusão e do acesso amplo à
educação em geral.

Figura 11 – Direito dos Autistas

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

Fonte: Facebook do Senado Federal, 2020.

Salienta-se ainda que não é apenas na educação, como pode


ser visto no exemplo apresentado na figura 11, que os autistas devem
ter os seus direitos garantidos com base na inclusão e no tratamen-
to igualitário, sendo por isso desenvolvida toda uma rede de proteção
e garantia daqueles direitos considerados essenciais para a sua vida,
bem como para que os autistas tenham a oportunidade de usufruir de
uma vivência cotidiana normal em todos os seus aspectos.
57
Diante do exposto, podemos entender o porquê da imprescin-
dibilidade da fixação de leis e normas referentes aos autistas, já que na
vida cotidiana ainda muitos preconceitos são cometidos, sendo por isso
necessário que muitos dos direitos, projetos e planos envolvam o meio
jurídico, para que o exercício de uma vida plena e digna possa ser for-
necido em todos os seus aspectos, já que muito ainda precisa ser mu-
dado e diversas evoluções precisam acontecer para que a população se
torne consciente acerca do tratamento igualitário e natural, bem como
para que se entenda quais são as formas e os prognósticos adequados
para cada tipo e nível de transtorno presente no espectro autista.
Apesar das legislações existentes no Brasil direcionadas aos
autistas, verifica-se ainda a presença de muitas dúvidas e questionamen-
tos, desta maneira, no presente material iremos elucidar algumas dessas.
No que se refere à saúde é importante destacar que a Agência
Nacional de Saúde é responsável por estabelecer limites acerca das ses-
sões de terapias, tendo como base o tipo de terapia que precisará ser rea-
lizada, bem como o diagnóstico atribuido a cada uma das pessoas com o
transtorno do espectro do autismo, já que em cada caso haverá uma quan-
tidade, e portanto, um limite próprio ao tratamento que se deseja realizar.
Todavia, algumas polêmicas têm acontecido em torno dessa
temática, por isso é imprescíndivel que os pais, e você como estudante,
saibam que o limite estabelecido pela ANS (Agência Nacional de Saú-
de) se refere à quantidade mínima de sessões que devem ser forneci-
das, sendo incluídas nesse meio os planos de saúde, dessa maneira, se
for preciso que mais sessões sejam realizadas, os convênios de saúde
possuem a obrigatoriedade de disponibilizar todas as sessões que fo-
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

rem necessárias para o tratamento em questão.


Um outro direito ainda relativo ao campo da saúde faz menção
ao fornecimento de medicação gratuita, sendo essa uma realidade não
só às pessoas com o TEA, mas também para outras deficiências e en-
fermidades, sendo que os remédios considerados como de alto custo
também poderão ser auferidos por meio gratuito, mesmo quando não
fornecidos pela rede pública, podendo ser solicitados por via judicial e
com base nas devidas comprovações e especificidades de cada caso.
Por sua vez, os autistas também possuem direitos específicos
acerca dos transportes e impostos relativos aos mesmos, assim como as
pessoas com deficiêcia física são isentas do pagamento de IPI e ICMS,
sendo que no caso das pessoas com transtorno do espectro autista não
é obrigatória a exigência relativa ao câmbio automático dos veículos. As-
sim, para que os autistas gozem do seu direito será preciso apenas que
um laudo seja devidamente preenchido e assinado por um médico, psicó-
logo ou por profissional da saúde apto a representar o SUS.
58
Ainda quanto aos direitos do transporte destaca-se que toda
pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo terá direito ao passe
livre, ou seja, poderá usuir da gratuidade do transporte interestadual,
desde que fique compravada renda de até dois salários mínimos. Quan-
to às viagens aéreas, o autista que precisar de auxílio, deverá estar
acompanhado por uma pessoa maior de dezoito anos, sendo fornecido
um desconto de até 80% da passagem. No caso do passe livre, a soli-
citação será realizada ao Centro de Referência de Assistência Social, à
medida que nas hipóteses de transporte aéreo, a solicitação deverá ser
feita à empresa responsável pelo voo em questão.
Quanto ao meio jurídico verifica-se que os autistas estarão bem
resguardados, já que será garantida a segurança jurídica para os autistas
com mais de dezoito anos. Assim, a curatela pode ser compreendida como
a determinação, tomada por um juiz, ao atribuir aos pais a responsabilidade
de cuidar dos seus filhos até que os mesmo atinjam a maioridade. Contu-
do, com as mudanças do Código Civil, principalmente, no que trata das
incapacidades, a curatela só será concedida perante pedido via judicial.
Outro direito considerado de suma importância é o lazer, sendo
que esse deve ser fornecido tanto pelo Estado, quanto pela família em
si, e em conformidade com o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei
13.146/2015), em seu artigo 42, assegura que a pessoa com deficiência
tem direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer, levando em con-
ta os preceitos relativos à igualdade de oportunidade comparada com
os outros cidadãos.
Assim, os ambientes destinados ao lazer devem se adequar
às necessidades das pessoas com o transtorno do espectro autista,

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


levando em conta os sintomas e os incomodos que podem ser sentidos
por essas crianças e adultos dependendo do local, dos objetos presen-
tes e destinados ao seu desenvolvimento. Diante disso, o fornecimento
do lazer deverá ter como intuito criar produtos e serviços adaptados as
necessidades de cada grau do espectro do transtorno autista.
Nesse sentido, locais como cinemas, teatros, parques públicos e
de diversão, estádios, museus, entre tantos outros ambientes, não devem
ser destinados apenas a um certo público padronizado como “normal”, mas
sim abrigar todas as pessoas, independente da diversidade, das deficiên-
cias, síndromes ou transtornos que os cidadãos possam vir a ter.
Além disso, as pessoas com transtorno do espectro autista não
devem se dar satisfeitas com direitos mínimos, mas sim com o forneci-
mento da igualdade, em outras palavras, aos autistas não podem ser
relegados a assistir uma peça de teatro apenas em uma parte específi-
ca do local, por exemplo, mas deverá ser concedido ao mesmo, assim
como ao restante do público, o acesso a todas as cadeiras, tipos de
59
ingresso, entradas preferenciais e, assim por diante, não devendo ser
deixados os aspectos relativos à saúde e ao conforto que devems ser
auferidos às pessoas com TEA.
Os direitos atribuídos ao autismo também possuem relação
com a inclusão, por isso, devem ser abordados e observados nos am-
bientes familiares, já que nesses espaços vários direitos e garantias de-
vem ser preservados, como aqueles que envolvem à vida, por exemplo,
assim como os familiares serão os responsáveis por incetivar e exigir o
cumprimento de muitas normas, leis e princípios, por isso, a aceitação,
a inclusão e o respeito devem começar em casa.
Visões retrogadas e sentimentos de culpa não devem ser au-
feridos aos pais, dessa maneira, os pais não devem sentir vergonha em
relação ao transtorno que os seus filhos têm, pois, caso isso aconte-
ça, acabam privando seu filhos de algumas garantias. Assim, os men-
cionados fatores destacam a importância relativa à compreensão e à
reflexão das características e dos sintomas do autismo, diante disso,
poderão entender os motivos que tornam a busca pelo desenvolvimento
dos seus descedentes algo tão imprescindível para a vida dos mesmos,
sendo destaque na procura das integraçõs social e cultural.
Diante do exposto, os tratamentos terapêuticos são fundamen-
tais para o desenvolvimento das pessoas com o transtorno do espectro
autista, já que o mencionado transtorno necessita de um prognóstico
baseado em critérios multidisciplinares, e não apenas naqueles inspira-
dos em apenas uma área do saber.

PSICOLOGIA, APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO COM ENFOQUE


TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

NOS AUTISTAS

Como já foi dito anteriormente, pouco se sabe acerca da origem


do autismo, não havendo uma determinação concreta acerca daquilo que
pode causar o transtorno em questão, dessa maneira, a determinação e
a especificação sobre os tratamentos se tornam cada vez mais difíceis,
por isso, o diagnóstico e o prognóstico relativos ao transtorno do espectro
autista se caracterizam como desafiadores e complexos, sendo incumbi-
dos pela determinação do tratamento clínico a psiquiatria e a psicologia.
Outro fator que torna ainda mais difícil as situações dos autistas
ocorre em razão dos tratamentos psicológicos e psiquiátricos se mani-
festarem de forma distinta para cada pessoa, dessa forma, as pessoas
que têm o transtorno do espectro autista não são dotadas de um vínculo
estabelecido, em outras palavras, cada paciente poderá responder mais
ou menos a cada interação e estímulo efetuados pelos profissionais.
60
Ainda é bom destacar que o diagnóstico do transtorno do es-
pectro autista não deve ser encarado como uma mera opinião ou suges-
tão por parte dos educadores ou familiares, tendo em vista que grande
parte das suspeitas e das investigações se dá por esses meios, contu-
do, o diagnóstico conciso só poderá ser afirmado e constatado por parte
dos profissionais especializados e com formação no campo da saúde,
para que assim, não ocorram dúvidas e discrepâncias acerca do quadro
do transtorno do espectro autista.
Uma das principais funções a ser cumprida pelos psicólogos con-
siste em realizar investigações voltadas aos breves relatos e fatos apre-
sentados pelos os pais, para que se constante se os sintomas expostos
correspondem aos enquadrados pelo transtorno do espectro autista, por
isso, esses profissionais devem atuar em parceria com os pais, para que
as devidas providências sejam tomadas, sendo a atuação dessa classe
responsável por fornecer esclarecimentos aos familiares, tendo em vista
a credibilidade exercida pelos psicólogos e comprometimento das técni-
cas desenvolvidas por esses, denominadas como técnicas terapêuticas.
Diante disso, o tratamento fornecido pelos psicólogos e psi-
quiatras não envolve o atendimento apenas aos autistas, mas também
aos pais, já que as funções e as atividades desempenhadas por esses
devem resultar positivamente no tratamento terapêutico das crianças e
adultos que têm transtorno do espectro autista.
Nesse sentido, ainda é importante destacar que o transtorno
do espectro autista não deve ser entendido como doença, já que não é
contagioso e nem adquirido com o contato firmado no meio ambiente,
mas sim uma disfunção cerebral responsável por afetar o funcionamen-

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


to do cérebro, diante disso, pode ser compreendido como uma síndro-
me comportamental e não uma enfermidade.
Os psicólogos e psiquiatras devem sempre buscar especiali-
zações e estudos que ampliem os seus conhecimentos, tendo em vis-
ta que os avanços constantes na área da saúde promovem mudanças
constantes nessa área, surgindo assim, técnicas e formas de prognós-
ticos diferenciadas e que podem se adequar melhor a cada síndrome e
transtorno, entre essas, as relativas ao espectro autista. Diante disso, é
fundamental que os profissionais atuantes nessa classe estejam atuali-
zados e atentos aos trabalhos e pesquisas recentes, tornando-se assim
cada vez mais aptos e capazes de fornecer o cuidado necessário ao
desenvolvimento dos autistas, bem como o atendimento e a orientação
correta às famílias responsáveis pelas crianças em questão.
É bom destacar ainda que os psicólogos devem ser capazes
de criar uma certa proximidade com os seus pacientes, para que os
atendimentos sejam moldados conforme as necessidades sentidas por
61
cada um e, assim, verdadeiros benefícios possam ser gerados. Por ou-
tro lado, o bom profissional não permite que as informações e relatos
colhidos em sua vivência profissional atinjam a sua vida pessoal em
algum nível, diante disso, não devem permitir que as suas emoções e
sentimentos influenciem o diagnóstico dado de alguma maneira.
O psicólogo é ainda incumbido pelo desenvolvimento de várias
funções em suas práticas cotidianas, assim, além de realizar terapias
destinadas ao desenvolvimento dos autistas, também cumpre o papel
de pesquisador, investigador, psicoterapeuta, consultor institucional e
orientador familiar.
Ressalta-se que a Psicologia é apenas uma das técnicas que
pode ser utilizada como aliada na busca pelo desenvolvimento e no
fornecimento da educação daqueles que têm o transtorno do espectro
autista, dessa maneira, iremos ressaltar algumas técnicas importantes
para que se atinja a finalidade em questão.

Psicomotricidade

A psicomotricidade pode ser entendida como uma atividade


pertencente aos campos pedagógico e psicológico, que visa utilizar os
métodos presentes no campo da educação física, para promover me-
lhoras e avanços no comportamento das crianças, sejam essas relati-
vas aos seus aspectos físicos ou mentais, dessa maneira, engloba as
questões do movimento e da interação social.
Dessa maneira, apenas com esse breve conceito já fica bem
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

clara a importância que a psicomotricidade fornece como método a ser


utilizado para os fins educacionais das pessoas que têm TEA, tendo em
vista que em muitos dos níveis presentes no mencionado transtorno, os
movimentos e a interação social são dificultados. Assim, em razão do
uso dessas técnicas, vários estímulos são gerados, fazendo com que o
desenvolvimento e a inclusão dos autistas sejam facilitados, pois, com
base nos benefícios promovidos pela psicomotricidade as percepções
das crianças com TEA são ampliadas, assim, as relações emocionais e
de afeto, bem como a noção voltada às sensações e sentidos, passam
a ser melhor absorvidos.
Por isso, o conhecimento é uma ferramenta fundamental na luta
pelo progresso e na diminuição do preconceito existente em relação a esse
transtorno, já que atualmente existem métodos que auxiliam e ampliam as
possibilidades de vida que uma pessoa com TEA pode ter, bastando que
as condições devidas para a sua aplicação também sejam fornecidas.

62
Múltiplas Inteligências e TEA

A Teoria das Inteligência Múltiplas foi proposta em 1983, sendo


responsável por fornecer impactos significativos ao campo da inteligên-
cia, tendo em vista que antes da sua implementação a educação era
entendida como um campo único, fato que acaba por prejudicar alguns
alunos, entre esses os enquadrados dentro do TEA, levando em consi-
deração os sintomas e características do transtorno até então estudado.
Dessa maneira, a inserção das múltiplas inteligências fornece con-
tribuições para o campo da educação inclusiva, já que a teoria engloba oito
áreas em prol de um sistema educacional que atinja e se adéque a todas
as crianças que precisam e têm o direito de possuir acesso à educação,
dessa forma, as áreas são: espacial-visual; verbo-linguística; interpessoal;
intrapessoal; naturalista; corporal-sinestética; musical; lógico-matemática.

Aprendizagem Motora

Um dos principais sintomas das pessoas que têm o autismo


clássico está relacionada à dificuldade relativa à capacidade motora,
contudo, esse não é um fator que deva ser responsável por excluir es-
sas crianças dos ambientes escolares, em razão das atividades moto-
ras desenvolvidas em seus espaços, pelo contrário, é necessário que
sejam estabelecidos métodos que visem melhorar tais aspectos, mas
que se adéquem à realidade sintomática dos autistas.
As principais dificuldades referentes à capacidade motora dos

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


autistas se relaciona ao fato de que os autistas possuem pouca força
muscular e dificuldades quanto à execução de movimentos hábeis, mes-
mo que sintam vontade de praticar tais atos. Dessa maneira, os profis-
sionais do ramo educativo devem estar atentos a essas características,
devendo elaborar atividades que estimulem e valorizem as capacidades
motoras dos autistas, para que os mesmos passem a ter maior controle
sobre sua coordenação, e consequentemente, uma maior autonomia.
Levando em consideração todos os impactos que podem ser
gerados pela atuação dos psicólogos e dos psiquiatras perante não só
o diagnóstico, mas também o tratamento dos autistas, é fácil prever a
importância do papel desempenhado pelos psicólogos no âmbito esco-
lar, já que diversas pesquisas podem ser desenvolvidas no campo da
Psicologia, principalmente, quando se leva em conta aspectos como a
leitura e a escrita voltada ao aprendizado das crianças, adolescentes, e
em alguns casos, adultos, que têm transtorno do espectro autista, defi-
ciência intelectual, entre outras deficiências mentais.
63
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
(ANO: 2021 BANCA: FGV ÓRGÃO: FUNSAÚDE - CE PROVA: FGV -
2021 - FUNSAÚDE - CE - PSICÓLOGO - ÁREA HOSPITALAR)
Nos últimos anos, ocorreu um aumento progressivo na prevalên-
cia do autismo, sendo considerado por alguns autores como uma
epidemia diagnóstica. Dentro de uma perspectiva crítica no campo
da saúde mental, as explicações possíveis para tal aumento são
a) a inclusão de aspectos relacionais familiares, culturais e socio eco-
nômicos.
b) a ampliação dos critérios diagnósticos a partir da criação da categoria
“espectro autista” (DSM/ CID).
c) o alto consumo de glúten e caseína.
d) a substituição diagnóstica de pacientes antes diagnosticados com
retardo mental, psicose infantil e transtorno de humor.
e) a inclusão de categorias diagnósticas que excluem alterações senso-
riais, motoras e cognitivas.

QUESTÃO 2
(ANO: 2019 BANCA: AOCP ÓRGÃO: PREFEITURA DE UMUARAMA
- PR PROVA: PROFESSOR - EDUCAÇÃO ESPECIAL)
A Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Trans-
torno do Espectro Autista prescreve que
a) a pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa
com deficiência, para todos os efeitos legais.
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

b) o indivíduo portador de autismo não deverá ter acesso ao trabalho,


caso comprovada severidade do espectro.
c) a pessoa portadora do autismo é considerada pessoa com direitos
educacionais.
d) o indivíduo autista é configurado, para todos os efeitos legais, somen-
te como público prioritário da saúde.

QUESTÃO 3
(ANO: 2019 BANCA: QUADRIX ÓRGÃO: PREFEITURA DE JATAÍ -
GO PROVA: INSTRUTOR DE LIBRAS)
Com base na Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa
com Transtorno do Espectro Autista, assinale a alternativa correta.
a) A pessoa com transtorno do espectro autista, quando incluída nas
classes comuns do ensino regular, não terá direito a acompanhamento
especializado.
b) A pessoa com transtorno do espectro autista poderá ser privada de
64
sua liberdade ou do convívio familiar, dependendo dos níveis de agres-
sividade.
c) A pessoa com transtorno do espectro autista terá direito ao acesso à
ação e a serviços de saúde, incluindo diagnóstico precoce, ainda que
não definitivo.
d) O gestor escolar ou a autoridade competente deverá avaliar se aceita
ou não a matrícula de aluno com transtorno do espectro autista ou qual-
quer outro tipo de deficiência.
e) A família não deverá estimular a pessoa com transtorno do espectro
autista a ingressar no mercado de trabalho, dadas as suas peculiaridades.

QUESTÃO 4
(ANO: 2021 BANCA: FUNDATEC ÓRGÃO: PREFEITURA DE CAN-
DELÁRIA - RS PROVA: FUNDATEC - 2021 - PREFEITURA DE CAN-
DELÁRIA - RS – PSICÓLOGO)
Segundo o DSM-V, qual das alternativas abaixo NÃO é considerada
um Transtorno do Neurodesenvolvimento?
a) Transtorno da Fala.
b) Atraso Global do Desenvolvimento.
c) Transtorno Delirante.
d) Transtorno do Espectro Autista.
e) Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.

QUESTÃO 5
(ANO: 2020 BANCA: INSTITUTO UNIFIL ÓRGÃO: PREFEITURA DE
LUIZIANA - PR PROVA: INSTITUTO UNIFIL - 2020 - PREFEITURA DE

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS


LUIZIANA - PR – PSICÓLOGO)
Sobre os aspectos clínicos do Transtorno do Espectro Autista,
analise as assertivas e assinale a alternativa correta.
I. Com a aplicação das regras elaboradas no DSM-5, o diagnóstico
de TEA passa a pressupor uma definição a partir de duas catego-
rias: de um lado a alteração na comunicação e no outro, a presença
de comportamentos repetitivos e estereotipados.
II. Quanto ao estado de gravidade, o TEA tem suas características
separadas por níveis, sendo o nível 3 o de maior comprometimento
nas categorias.
III. Instrumentos padronizados de diagnóstico do comportamento,
entrevista com cuidadores, questionários e medidas de observa-
ção clínica podem aumentar a confiabilidade do diagnóstico ao
longo do tempo.
IV. Alguns indivíduos no TEA, desenvolvem comportamento motor
semelhante à catatonia, embora não costume alcançar a seriedade
65
de um episódio catatônico, sendo esse risco mais evidente nos
anos da adolescência.
a) Apenas I, II e III estão corretas.
b) Apenas II, III e IV estão corretas.
c) Apenas I e IV estão corretas.
d) Todas estão corretas.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Ao longo dos anos temos visto diversas políticas públicas que visam
à inclusão e à integração das pessoas que têm transtorno do espec-
tro autista, sendo que grande parte dessas ações é vista no campo da
educação. Contudo, a inclusão escolar e a integração escolar não se
confundem, diante disso, apresente a distinção entre esses conceitos.

TREINO INÉDITO
As lutas pelos direitos das pessoas que têm o transtorno do espec-
tro autista se amplificam à medida que os preconceitos destinados
ao autismo são dirimidos, ou que tentam ser dirimidos, assim, as-
sinale a única alternativa que não corresponde a um direito relativo
aos autistas
a) Direito à educação.
b) Direito à igualdade.
c) Direito ao lazer.
d) Direito ao meio ambiente.
e) Direito à educação prestada apenas em escolas especiais.
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

NA MÍDIA
CÂMARA APROVA INCLUSÃO DE ATENDIMENTO PRIORITÁRIO
PARA AUTISTAS E ACOMPANHANTES
A Câmara Municipal de Araxá aprovou, por 13 votos favoráveis e ne-
nhum contrário, Projeto de Lei 22/2018 de autoria do vereador Raphael
Rios que inclui portadores do transtorno do espectro autista (e acompa-
nhantes) entre as pessoas que devem ter atendimento prioritário em re-
partições públicas, estabelecimentos bancários, comerciais e similares
no município de Araxá.
A proposta define que os estabelecimentos devem acrescentar o sím-
bolo mundial da conscientização do autismo, caracterizado por um laço
formado com peças de quebra-cabeça, nas placas indicativas de aten-
dimento preferencial, assim como acontece com gestantes, idosos, de-
ficientes físicos e pessoas com crianças de colo.
Fonte: (PORTAL ARAXÁ, 2018). Disponível em: http://www.portalaraxa.
com.br/camara-aprova-inclusao-de-atendimento-prioritario-para-autis-
66
tas-e-acompanhantes/

NA PRÁTICA
ATIVIDADE PARA COORDENAÇÃO MOTORA FINA DOS ALUNOS
TEA: CAIXA DE MACARRÃO
Objetivo – Desenvolver a coordenação motora fina, coordenação viso-
motora, esquema corporal e melhorar o tônus muscular.
Atividade – Será utilizada uma caixa forrada de material neutro com
furos e macarrões do tipo penne.
Como brincar– A criança recebe a caixa forrada com furos e os macar-
rões e é orientada para colocar os macarrões nos diversos buraquinhos
da caixa.
Fonte: (RHEMA E EDUCAÇÃO). Disponível em: https://blog.rhemaedu-
cacao.com.br/aprendizagem-motora-e-autismo/

PARA SABER MAIS


Filmes e séries sobre o assunto:
Mary e Max: uma amizade diferente (2009); e
Atypical (2017).

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

67
Ao longo da presente unidade pudemos entender os aspectos
acerca da história do autismo, envolvendo ainda os principais pontos do
cenário histórico-social do desenvolvimento do transtorno do espectro
autista, sob olhares pertencentes aos níveis mundial e nacional.
Em seguida, ampliamos os nossos conhecimentos acerca da de-
finição pertecente ao transtorno do espectro autista, englobando, dessa
maneira, pontos relativos às características, condições, níveis e tipos rela-
tivos ao espectro em questão, desta feita, no capítulo dois pudemos ainda
entender a relação existente entre o transtorno do espectro autista e áreas
como a Neurobiologia, o Neurodesenvolvimento e a Neurofisiologia.
Por fim, no terceiro capítulo pudemos entender a relevância
que as áreas da Psicologia e a Psiquiatria proporcionam para os trata-
mentos dos transtornos do espectro autista, envolvendo ainda o campo
da educação e a importância do papel desempenhado por esses pro-
fissionais quanto ao desenvolvimento das pessoas que têm autismo ou
transtorno do espectro autista em suas outros tipos.
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

68
GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

A quantidade de autistas que existe no mundo é um assunto que levan-


ta um conjunto complexo e amplo de controvérsias, já que não existem
pesquisas suficientes para especificar essa quantidade. Dessa maneira, a
ONU apresenta uma opinião sobre essa quantidade, à medida que a OMS
possui um ponto de vista distinto. O mesmo problema acontece no Brasil,
assim como em outros países da América do Sul e da América Latina.

TREINO INÉDITO
Gabarito: C
A alternativa correta é a letra C, tendo em vista que psicofobia é o precon-
ceito que pode gerar o isolamento daqueles que têm doenças ou trans-
tornos mentais. Á medida que a alternativa A faz menção ao medo de
lugares fechados, a letra B se refere ao medo de falar em público, por sua
vez a letra D significa o medo de espaços abertos ou multidões e, por fim,
a acrofobia, presente na letra E, faz menção ao medo de altura.

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

69
CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSOS

TREINO INÉDITO
Gabarito: E
A alternativa a ser assinalada é a letra E, tendo em vista que é única que
não se relaciona ao TEA, já que é um dos sintomas apresentados por
aqueles que se enquadram no espectro em questão é não brincar de
forma convencional, além disso, as alternativas de A até D apresentam
sintomas do transtorno em pauta, já que todas se relacionam a compro-
metimentos do desenvolvimento neurobiológico.
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

70
CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

No que se refere à inclusão escolar, é preciso que esse conceito não


se confunda com a definição de integração escolar, já que este conce-
de privilégios aos alunos que têm necessidades educativas especiais,
atribuindo aos mesmos uma parcela de responsabilidade quanto a sua
inserção, à medida que a inclusão, além de envolver os critérios rela-
tivos à integração, passa a ser ainda mais abrangente, envolvendo a
sociedade em sua relação, para que só assim a inserção seja realizada,
de fato. Diante disso, a integração é associada a uma ideia individualis-
ta, enquanto a inclusão é coletivizada.

TREINO INÉDITO
Gabarito: E
A alternativa E deve ser assinalada, já que as pessoas que têm transtor-
no do espectro autista apresentam direito a serem educadas em escolas
especiais, contudo, também possuem o direito de ter acesso à educação
regular, devendo a escola ser dotada das devidas adaptações. As alterna-
tivas A, B, C e D estão corretas, pois, se referem ao direito relativo aos au-
tistas, tendo em vista que alguns desses são fundamentais à vida humana.

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) - GRUPO PROMINAS

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BAVIA, Rhalda. Bauruense comenta 5 frases que pessoas autistas não


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