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NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

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NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
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ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver


um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professora: Silvia Cristina da Silva


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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.

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A neuropsicologia é uma especialidade no campo da neuro-
ciência, que estuda a relação entre processos mentais e comporta-
mentais e o cérebro. É um ponto de encontro entre a psicologia e
a neurologia. Nos últimos anos, recebeu um impulso renovado do
crescente desenvolvimento das ciências cognitivas (psicologia cogni-
tiva, inteligência artificial, linguística), ciências neurobiológicas (neu-
roanatomia, neurofisiologia, neuroquímica) e a explosão tecnológica
com técnicas de neuroimagem (em particular, ressonância magnética,
tomografia por emissão de pósitrons ou PET, mapeamento cerebral
e ressonância magnética funcional). Um neuropsicólogo lida com o
diagnóstico e tratamento cognitivos, comportamentais e emocionais,
que podem ser o resultado de diferentes processos que afetam o fun-
cionamento normal do cérebro.
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Neuropsicologia. Neurociência. Funções Cognitivas. Avaliação.

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Apresentação do Módulo ______________________________________ 11

CAPÍTULO 01
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DA NEUROPSICOLOGIA

A Historia da Neuropsicologia __________________________________ 13

Neuropsicologia da Criança e do Desenvolvimento: Detecção e In-


tervenção de Distúrbios em Crianças ____________________________ 19

Recapitulando ________________________________________________ 27

CAPÍTULO 02
FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS E SEUS DISTÚRBIOS - PERCEP-
ÇÃO, ATENÇÃO, MEMÓRIA, CONSCIÊNCIA

Áreas Disciplinares e seus Envolvimentos com as Funções Neu-


ropsicológicas _________________________________________________ 30

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Processos Mentais _____________________________________________ 38

Recapitulando _________________________________________________ 45

CAPÍTULO 03
NEUROPSICOLOGIA DO ENVELHECIMENTO

A Neuropsicologia Geriátrica __________________________________ 48

Desenvolvimento na Neuropsicologia da Velhice ________________ 52

Recapitulando _______________________________________________ 65

Considerações Finais ___________________________________________ 69

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Fechando a Unidade ____________________________________________ 70

Referências _____________________________________________________ 73
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A neuropsicologia, mais frequentemente, trata pacientes com
problemas neurológicos, que podem incluir traumatismo craniano, aci-
dente vascular cerebral, tumores cerebrais, doenças neurodegenerativas,
como a doença de Alzheimer, doença de Parkinson, esclerose múltipla,
epilepsia, transtornos do desenvolvimento, como o autismo etc. Todas
essas patologias podem apresentar alterações neuropsicológicas, com
perfis cognitivos relativamente característicos. Sua detecção é de suma
importância para o enfrentamento de um tratamento adequado. Outro
grupo assíduo de pacientes verifica-se na população idosa, preocupada
com seus problemas de memória. Em muitos casos, trata-se simples-
mente das mudanças normais que ocorrem no sistema cognitivo durante
o envelhecimento, mas em outros, pode ser devido à presença de um
transtorno cognitivo leve, ou mesmo as fases iniciais da demência.
Entre as mais recentes descobertas dos últimos tempos está a via-
bilidade de fazer um diagnóstico precoce da doença de Alzheimer, através
de testes sensíveis e específicos, que permitem maiores possibilidades de
tratamento, uma vez que está provado que uma maior eficácia terapêutica
é obtida na fase inicial da enfermidade. Existem outras doenças crônicas,
tais como diabetes, hipotireoidismo, lúpus etc., as quais são, muitas vezes,
também cognitivas. Desse modo, as alterações de muitas desordens psi-
quiátricas (tais como esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar, transtor-
no obsessivo-compulsivo etc.) comprometem certas funções cognitivas e,
em muitos casos, merecem uma exploração neuropsicológica.
Particularmente, no último grupo de patologias, é onde a neu-
ropsicologia tem avançado nos últimos tempos, propondo uma mudança

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de olhar para distúrbios clássicos, tais como a esquizofrenia e a doença
bipolar, por exemplo. Compreender a esquizofrenia como uma doença
com déficits em funções executivas, atenção e cognição social, envolve
uma mudança inteira no que diz respeito à possibilidade de tratamento
e qualidade de vida desses pacientes.
A neuropsicologia é uma disciplina que estuda a relação entre
estruturas cerebrais, funções cognitivas (atenção, memória, linguagem,
habilidades visuo-espaciais, funções executivas etc.) e processos emo-
cionais e comportamentais. O trabalho do neuropsicólogo, portanto, con-
siste em avaliar e reabilitar pessoas com alteração de qualquer função
cognitiva. A deterioração cognitiva está associada à várias causas, como:
- Envelhecimento.
- Perda cognitiva leve.
- Demência (doença de Alzheimer, demência associada à do-
ença de Parkinson, demência vascular etc.).
- Lesão cerebral adquirida (traumatismo craniano, tumor cere-
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bral e doenças cerebrovasculares).
- Transtornos psíquicos.
Além disso, o neuropsicólogo pode em avaliar e reabilitar pes-
soas com alteração de qualquer função cognitiva. A Avaliação Neurop-
sicológica consiste em realizar uma entrevista inicial com o paciente e
seu acompanhante, e na aplicação posterior de exames ao paciente. Os
principais objetivos da avaliação são:
-Conhecer o estado do funcionamento cognitivo, comporta-
mental, emocional e funcional.
-Contribuir para o diagnóstico de patologias neurológicas que
ocorrem com sintomas cognitivos e / ou comportamentais.
-Desenvolver programas de reabilitação neuropsicológica.
-Valorizar a evolução ao longo do tempo.
Desse modo, será visto que a Reabilitação Cognitiva consis-
te em estimular as funções cognitivas do paciente, que são afetadas
e manter as preservadas, a fim de alcançar a ativação dos diferentes
sistemas cerebrais. Sendo assim, a base científica que justifica a reabi-
litação cognitiva baseia-se em fenômenos biológicos bem conhecidos,
como a neuroplasticidade, que é a capacidade dos neurônios para se
regenerar e estabelecer novas conexões.
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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E
CONCEITUAIS DA NEUROPSICOLOGIA

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A HISTORIA DA NEUROPSICOLOGIA

A Neuropsicologia é, fundamentalmente, uma disciplina clínica


que converge entre psicologia e neurologia e estuda os efeitos de lesões,
danos ou avarias nas estruturas do sistema nervoso central, causados
nos processos cognitivos, no comportamento psicológico, emocional e
individual. Esses efeitos ou déficits podem ser provocados por traumatis-
mo craniano, acidente vascular cerebral ou tumores cerebrais, doenças
neurodegenerativas (esclerose múltipla, doença de Alzheimer, Parkin-
son etc.) ou distúrbios do desenvolvimento (epilepsia, paralisia cerebral,
transtorno de déficit de atenção, hiperatividade etc.). (VERDEJO, 2010)
Existem várias abordagens para essa ciência, de modo que na
neuropsicologia clássica, a dinâmica cognitiva e a integral podem ser dis-
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tinguidas. A neuropsicologia é um ramo de especialização que pode ser
alcançado após estudos universitários de graduação. Assim, a neuropsi-
cologia forma um psicólogo ou um médico (psiquiatra ou neurologista),
especializados na área, que servem em ambientes acadêmicos, clínicos
e de pesquisa e que podem avaliar os danos cerebrais de uma pessoa, a
fim de detectar áreas e funções anatômicas ou cognitivas afetadas para
serem canalizadas em um programa de reabilitação neuropsicológica.
A neuropsicologia tem sua origem no trabalho de vários psicó-
logos e médicos nos séculos XIX e XX. (VERDEJO, 2010). O seu estu-
do remonta a tempos antigos, em que havia interesse em compreender
tudo relacionado à atividade cognitiva, começando, assim, a serem for-
muladas as primeiras hipóteses, baseadas no raciocínio de observação
e experimentação. Ao longo da história, muitas contribuições permitiram
a consolidação da neuropsicologia como ciência. (VERDEJO, 2010)
De acordo com Verdejo (2010), para se ter uma maior com-
preensão do desenvolvimento histórico da neuropsicologia, é possível
dividi-la em 4 partes, quais sejam:
1. Período pré-clássico;
2. Período clássico
3. Período moderno
4. Período contemporâneo
Em se tratando do período pré-clássico desde 1861), desde os
tempos antigos o homem tem sido questionado sobre a localização da
mente. Foi na Grécia, onde se teve início a primeira abordagem sobre o
tema. O primeiro argumento foi levantado por Alemeón de Crotona (s: VI
AC), mas 100 anos mais tarde é Hipócrates que, retomando Alemeón,
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cria um corpus, onde estão registrados os mais antigos tratados sobre


o papel do cérebro e das imparidades cognitivas (cerca de 400 a.C9).
(VERDEJO, 2010).

Reabilitação cognitiva é um método terapêutico para me-


lhorar ou compensar os défices cognitivos produzidos por proces-
sos que afetam o funcionamento normal do cérebro. É indicado
para pessoas que sofreram alterações na sua capacidade de lem-
brar, se concentrar, pensar, falar fluentemente, raciocinar, resolver
problemas, organizar, etc., devido a várias condições: traumatismo
craniano, epilepsia, doença de Alzheimer, acidente vascular cere-
bral, esclerose múltipla, TDAH, depressão, esquizofrenia etc.
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Hipócrates menciona dois tipos de alterações: os anaudos (difi-
culdades motoras) e os áfonos (dificuldades sensoriais). Foram vários os
autores gregos focados em localizar a função principal da mente humana
(egemonikón) e do seu produto. Muitas teorias foram elaboradas nesse
período, como as de Ciro, que em sua obra Hominis, faz uma excelente
exposição dos fatos: é fácil verificar a existência de inúmeras controvér-
sias entre elas sobre a localização do alama principal. (VERDEJO, 2010)
Entre as muitas abordagens, podemos concluir que existem
dois principais locais para a mente, o primeiro é o coração, que é repre-
sentado pela tese de Aristóteles, Hipócrates e os estóicos, e o segundo
é o cérebro, como proposto por Platão, Pitágoras e Alcmeão de Croto-
na. (VERDEJO, 2010)
No início do século XIX, Bichat, discípulo de Pinel e autor de-
cisivo na criação do modelo anatamoclínico, escreve em seu trabalho
Recherches Physiologiques sur la Vie et la Mort: "O cérebro é certamen-
te a sede da inteligência, mas não é das paixões" (GALENO, 129-201)
É crítico da tese de Aristóteles e dos estóicos, preferindo seguir
as questões levantadas por Platão. Dessa forma, afirma que encontra-se
no cérebro as funções psíquicas fundamentais (compreensão, memória,
imaginação, sensibilidade e vontade), no coração, as paixões ou funções
"irascíveis" e no fígado as funções concupiscíveis"). (VERDEJO, 2010)
Ao longo dos séculos XV-XIX surgiram diferentes relatórios que
registraram uma linguagem relacionada à patologia, conforme publicado
em: Antonio Guaneiro (s. XV), relata sobre dois pacientes afásicos, uma
parafasia e outro com afasia não fluida; Gerolamo Mercuriale (s XVII), faz
a primeira descrição de um caso de alexia sem agrafia; Joham Schmit e

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Peter Schmit (s. (XVII), fala sobre vários pacientes afásicos com diferen-
tes sintomatologias, incluindo a incapacidade de dizer o nome e repetí-lo.
No século XVIII é conhecido o transtorno cognitivo diferente, especial-
mente verbal: anomia e jargão, incapacidade de cantar e até dissociação
na capacidade de ler diferentes linguagens. (VERDEJO, 2010)
Alcmeão de Crotona (s. VI aC) foi um médico e discípulo de
Pitágoras cuja investigação incidiu sobre a origem e processamento de
sensações. Junto com Pitágoras cria a tabela de oposições (doce/azedo,
branco/preto, grande/pequeno), que coloca em relação as sensações, as
cores e as magnitudes. Outra de suas contribuições foi a elaboração de
uma teoria que supunha a alma imortal e em contínuo movimento circular.
Alcmeón atribuiu a posse da alma dos homens às estrelas e identificou a
harmonia com uma lei universal. (VERDEJO, 2010)
Em se tratando das contribuições de Galeno para a medicina,
é possível destacar, de acordo com Verdejo (2010):
• Ele demonstrou como vários músculos são controlados pela
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medula espinhal.
• Ele identificou sete pares de nervos cranianos.
• Ele mostrou que o cérebro é o órgão responsável pelo con-
trole da voz.
• Ele demonstrou as funções do rim e da bexiga.
• Ele mostrou que o sangue flui através das artérias, e não o ar
(como Erasístratus e Herófilo pensavam).
• Ele descobriu diferenças estruturais entre veias e artérias.
• Ele descreveu as válvulas do coração.
• Ele descreveu várias doenças infecciosas (como a peste dos
anos 165-170) e sua disseminação.
• Ele deu grande importância aos métodos de preservação e
preparação de medicamentos, base da atual farmácia galênica.
• Seu tratado sobre o diagnóstico dos sonhos (De Dignotione
ex Insomnis Libellis, em latim) descreve sonhos e afirma que esses po-
dem ser um reflexo dos sofrimentos do corpo.
Em meados do século XIX, o antropólogo francês Pierre Paul
Broca (1824-1880) tornou-se famoso por declarar em 1861 a localização
do centro da língua, conhecida hoje como "área de Broca" e localizado no
terceiro giro frontal do hemisfério esquerdo. Essa descoberta foi vital para
estabelecer a classificação de uma das síndromes neuropsicológicas por
excelência: a afasia. Na afasia de Broca, a fluência expressiva é alterada,
mas a compreensão permanece preservada. (VERDEJO, 2010)
De menor conhecimento é a teoria do médico francês Marc
Dax, que descreveu, em 1836 (portanto, 30 anos antes de Broca), um
caso de paralisia direita associada à afasia, que ele associou a um dano
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no cérebro por acidente vascular cerebral no hemisfério esquerdo. No


entanto, Marc Dax nunca foi reconhecido por sua grande descoberta.
Em 1874, o médico alemão Carl Wernicke (1848-1905) descreveu a
síndrome afásica que leva seu nome (síndrome de Wernicke) e que é
parcialmente oposta à descrita por Broca. (VERDEJO, 2010)

Figura 1 – Área de broca

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

É bem verdade que a afasia de Wernicke é decorrente de uma


lesão temporal-parietal esquerda. Nele, o entendimento é o mais alte-
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rado, sendo a fluência normal. No entanto, o conteúdo do discurso dos
pacientes afetados por ela, também é alterado de uma forma que tem
sido, por vezes, apelidado de "salada de palavras" (as palavras são bem
pronunciadas, mas o seu conteúdo se encaixa apenas parcialmente à
gramática e ao propósito comunicativo do sujeito). (VERDEJO, 2010)
Esse mesmo autor descreveu, pela primeira vez, a encefalopa-
tia que leva seu nome (síndrome de Korsakoff), devido a um déficit de
tiamina, que caracteriza-se por uma síndrome confusional e amnésia.
Um precursor das ideias de Broca foi Franz Joseph Gall (1758-1828),
criador da frenologia, em 1802. A frenologia considerou que havia fun-
ções mentais com uma localização diferenciada no cérebro. Embora
essa disciplina seja, atualmente, considerada uma pseudociência, por-
que sua classificação e localização das funções mentais não foi base-
ado em nenhuma evidência científica, o boom que o século XIX viveu,
abriu o caminho para as teorias de Broca. O debate entre localizacionis-
mo e funcionalismo é demonstrado. (VERDEJO, 2010)
Um cientista muito crítico das idéias da frenologia foi Marie-
-Jean Pierre Flourens (1794-1867). Esse fisiologista francês acredita-
va que era impossível localizar as funções cerebrais com precisão, já
que as diferentes estruturas cerebrais interagiam umas com as outras,
criando sistemas funcionais.
Um contemporâneo de Wernicke assumiu-se como defensor
do funcionalismo. John Hughlings Jackson (1835-1911), um médico in-
glês, criticou muito as contribuições de Broca e Wernicke; negando a
possibilidade de que localizações neurológicas específicas pudessem
ser encontradas para a linguagem, por considerá-la uma capacidade

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muito complexa. O debate iniciado por Gall e Flourens e continuado por
Jackson, entre localização e funcionalismo, durou até o século XXI e,
ainda hoje, faz parte da atual neuropsicologia. (VERDEJO, 2010)
Mais tarde, no início do século XX, o psicólogo e médico russo
Alexander Romanovich Luria (1902-1977) aperfeiçoou várias técnicas
para estudar o comportamento das pessoas com lesões do sistema
nervoso, e completou uma bateria de testes psicológicos destinados a
estabelecer as condições dos processos psicológicos: atenção, memó-
ria, linguagem, funções executivas, praxias (veja apraxia), gnosias (veja
agnosia), cálculo etc. (VERDEJO, 2010).
A aplicação dessa extensa bateria pôde dar ao neurologista
uma ideia clara da localização e extensão da lesão e, ao mesmo tempo,
o psicólogo forneceu um relatório detalhado das dificuldades cognitivas
do paciente. Infelizmente, a separação ocorrida, durante a Guerra Fria,
entre os regimes liberal e comunista, bem como a dificuldade de enten-
dimento de seus trabalhos, pois estavam escritos em russo, impossibili-
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tou que suas idéias alcançassem o mundo ocidental. (VERDEJO, 2010)
Durante a guerra, o século XX proporcionou à medicina e à psico-
logia oportunidades trágicas, mas importantes quanto ao estudo da função
cerebral. A observação e a mensuração do comportamento de pacientes
com várias lesões sofridas durante o combate permitiram estabelecer as
áreas do cérebro que lidam com as diversas manifestações comportamen-
tais. As feridas de guerra, geralmente por bala ou estilhaços, tinham a van-
tagem científica de estarem localizadas em uma única área do cérebro.
Isso permitiu que a relação entre localização e função fosse estudada com
uma precisão impossível até aquele momento. (VERDEJO, 2010)
O método de lesão animal também foi utilizado, produzindo
danos experimentais para observar mudanças de comportamento e es-
tabelecer paralelos com humanos. A Neuropsicologia, hoje, utiliza méto-
dos experimentais, como a observação clínica, e pode suportar estudos
de imagens do cérebro (ressonância magnética, em relação de fluxo
de sangue, etc.) e as ciências cognitivas, como projetar esquemas de
operação e reabilitação de funções danificadas ou perdidas, baseadas
em funções preservadas. (VERDEJO, 2010)
Muito trabalho clínico ainda é feito com testes neuropsicológi-
cos. Hoje, existem várias evoluções do trabalho de Luria, na forma de
baterias e testes neuropsicológicos como, segundo Verdejo (2010):
• Bateria Halstead-Reitan
• Programa Integrado de Exploração Neuropsicológica, conhe-
cido como o teste de Barcelona.
• Bateria Luria-Christensen
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A avaliação neuropsicológica ou neurocognitiva é um mé-


todo diagnóstico que estuda o funcionamento do cérebro e per-
mite que o médico e outros profissionais de saúde entendam as
diferentes áreas e sistemas do cérebro de um paciente e possam
medir as suas capacidades cognitivas.

• Bateria Luria-Nebraska
• K-ABC
Esses instrumentos exploram, em profundidade, as diversas
funções cognitivas e apresentam um relatório do estado em que se en-
contram. Sendo assim, os testes neuropsicológicos aplicados aos pa-
cientes, permite ao aluno colocar em prática os conhecimentos adqui-
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ridos durante o desenvolvimento de seu estudo e, também, expande
sua capacidade para a pesquisa. Assim, várias questões inerentes à
pesquisa são levantadas e propiciam uma maior concorrência na for-
mação profissional. Com base no conhecimento científico, será possível
ao aluno aplicar corretamente os diferentes testes neuropsicológicos
que permitem um diagnóstico claro e bem fundamentado das diversas
desordens que podem afetar o ser humano. (VERDEJO, 2010)

NEUROPSICOLOGIA DA CRIANÇA DO DESENVOLVIMENTO: DE-


TECÇÃO E INTERVENÇÃO DE DISTÚRBIOS EM CRIANÇAS

A neuropsicologia do desenvolvimento infantil aborda a relação


entre o processo maturacional do sistema nervoso central e o comporta-
mento durante a infância; considera as variáveis de maturação, a plas-
ticidade do cérebro e o desenvolvimento durante os primeiros estágios
do ciclo de vida, bem como projeta e adapta modelos e estratégias de
avaliação e intervenção de distúrbios, apropriado para crianças. A neu-
ropsicologia do desenvolvimento consolidou-se, nas últimas décadas,
pelas contribuições teóricas e aplicadas na avaliação, prevenção, de-
tecção e intervenção precoce de desordens neuropsicológicas no de-
senvolvimento infantil. (VAKIL, 2012)
No âmbito da saúde mental das crianças, as contribuições
da neuropsicologia infantil e neuropsicologia do desenvolvimento têm
sido cruciais para uma abordagem integrada para doenças complexas,
como autismo, síndrome de Asperger ou síndrome de Rett, e seus ins-

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trumentos de avaliação tem sido amplamente utilizados no diagnóstico
de desordens psicomotoras, da linguagem, das funções executivas e
das incapacidades cognitivas, entre outras. No entanto, é importante
notar que a ênfase na infância, especialmente na identificação precoce
de alterações no desenvolvimento, deve-se, entre outros fatores, à des-
coberta do cientista Kennard. (VAKIL, 2012)
Em 1942, Kennard, para estudar a reorganização neuronal do
sistema nervoso em macacos, desde a infância até a maturidade, desco-
briu que havia mais chance de recuperar aquela função, quando ocorreu
à lesão em idade mais jovem. Esse princípio, de maior recuperação em
idade mais jovem, foi confirmado após numerosos estudos com crianças.
Ele foi chamado de "Princípio de Kennard" e é o incentivo para o trabalho
sério na prevenção e intervenção de transtornos de desenvolvimento e
aprendizagem em crianças e adolescentes. (VAKIL, 2012)
É bem verdade que a etiologia das lesões cerebrais na infância
é muito variada e pode ser classificada de acordo com vários indicado-
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res; no momento em que eles ocorrem, eles podem ser, de acordo com
Vakil (2012):
a) pré-natal (toxoplasmose, desnutrição intrauterina, abuso in-
trauterino, entre outros);
b) perinatal (hipóxia, mecônio etc.);
c) pós-natal (lesões na cabeça, infecções, desnutrição etc.);
Portanto, qualquer avaliação do neurodesenvolvimento deve
explorar completamente os antecedentes e características do desen-
volvimento integral durante a primeira infância. Daí a importância da
avaliação em uma história médica completa, que é feita e deve ser
complementada pela observação e análise abrangente de informações
relativas às características e condições de desenvolvimento durante os
primeiros anos de vida. (VAKIL, 2012)
Evidentemente, os testes e outros instrumentos de diagnósti-
co neuropsicológico do desenvolvimento infantil, ligarão as informações
aos processos de identificação e avaliação para fins de diagnóstico.
Vakil (2012) destaca que foram classificadas as principais causas de
lesão cerebral por tipo de dano: trauma, vascular (hemorragia), doen-
ças infecciosas (meningite, toxoplasmose), distúrbios metabólicos (ga-
lactosemia) ou neurotóxicos. Esses autores destacam a importância da
plasticidade cerebral e da maturidade neuropsicológica na infância para
avaliar sequelas e recuperação após a lesão.
Em relação à caracterização de lesões cerebrais na infância,
destaca-se que foi realizada uma pesquisa para estabelecer os perfis
neurocognitivos e comportamentais de distúrbios do desenvolvimento,
e analisadas suas relações com diferentes lesões cerebrais, da infância
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até a lesão na forma adulta. Novamente, é pertinente observar a ha-


bilidade e a experiência que deve ter o avaliador de desenvolvimento
neuropsicológico para a seleção de baterias e, especificamente, des-
tinado às crianças e às condições socioambientais que caracterizam
cada caso ou testes de determinada população.
A avaliação do neurodesenvolvimento da criança não é igual
à do adulto. O autor argumenta que, embora a neuropsicologia do de-
senvolvimento, cujo objeto de estudo é o desenvolvimento de funções
cognitivas e sua relação com a maturação do cérebro durante todo o
ciclo de vida principal, baseia-se em técnicas de neurociência e de neu-
roimagem; enquanto a neuropsicologia infantil destaca as diferenças
que existem na maturação do cérebro do nascimento à adolescência,
entre meninos e meninas, entre o cérebro adulto e o cérebro em desen-
volvimento; bem como o padrão inverso observado no desenvolvimento
da substância branca versus o da massa cinzenta. (VAKIL, 2012)

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Figura 2 – Neurodesenvolvimento

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

Na neurociência e na neuropsicologia cognitiva é necessário


diferenciar os termos “estrutura” e “função” quando referidas ao cérebro.
A estrutura está relacionada à anatomia e aos processos fisiológicos do
cérebro e a função refere-se ao comportamento, aos pensamentos e às
emoções, que certas estruturas cerebrais tornam possíveis. Nesse sen-
tido, é fundamental retornar ao conceito de Sistema Funcional exposto
por Luria (pai da neuropsicologia) para se referir à origem dos proces-
sos psicológicos. (VAKIL, 2012)
O conceito de sistema funcional refere-se ao fato de que uma
função ou processo psicológico não é responsável pela região específica
do cérebro ou grupo neuronal, mas o resultado de ligações integradas,
situadas em diferentes níveis dimensionais do sistema nervoso central.
Luria substitui o conceito de função (localizador) pelo conceito de sistema
funcional. Como visto aqui, o fenômeno é suficientemente complexo e,
portanto, os transtornos do desenvolvimento neurológico são as lesões
cerebrais, que são expressas como desordens neuropsiquiátricas, cuja
origem estaria relacionada a ambos com os períodos de desenvolvimento
intrauterino e com o período sensível pós-parto. (VAKIL, 2012)
Note que o termo neuropsiquiatria implica um fundo complexo
que supera o componente fisiológico e estrutural do desenvolvimento.

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Com base nos resultados de neuroimagem e análise própria da neurofi-
siologia, Vakil (2012) propõem, como um dos objetivos centrais da ava-
liação do desenvolvimento neuropsicomotor em crianças e identificando
fatores de risco biológico, dificuldades no processo de maturação e de-
tecção de lesões e distúrbios do desenvolvimento, guiando o prognós-
tico e acompanhamento de lesões e suas sequelas ao longo do tempo,
durante o desenvolvimento infantil, porque o momento da gestação em
que a lesão ocorre, sua gravidade e sua extensão, determinará o tipo
de afetação funcional do indivíduo, após o nascimento e a expressão de
distúrbios neurocognitivos e comportamentais.
Além disso, destaca-se a importância da psicologia do desen-
volvimento para compreender a etiologia do desenvolvimento neuroló-
gico de lesão cerebral e processos de maturidade cognitiva, linguagem
e regulação emocional, incluindo outros. Em contextos como o Brasil,
é importante abordar a avaliação e intervenção para a realidade socio-
econômica do povo, para o desenvolvimento global é o resultado da
21
combinação da hereditariedade biológica e fatores físicos, mas também
fatores sociais, ambientais e especificidades culturais que devem ser
respeitadas na interpretação dos dados. São determinantes a compre-
ensão de fatores associados, etiológicos e de manutenção; em suma,
a inter-relação da informação em cada caso particular. (VAKIL, 2012)
Esses princípios resultam em um ganho na validade ecológica
de testes e procedimentos de avaliação e diagnóstico. Outro tema central
da neuropsicologia infantil do desenvolvimento é a maturidade neuropsico-
lógica. Ela é considerada o nível de organização e desenvolvimento ma-
turacional, permitindo o desenvolvimento das funções cognitivas e com-
portamentais, de acordo com a idade cronológica do sujeito, destacando
as mudanças durante o desenvolvimento e, especialmente, na infância.
A neuropsicologia do desenvolvimento na infância inclui o estudo do cére-
bro em desenvolvimento e os efeitos comportamentais em casos de lesão
cerebral, bem como o desenvolvimento normal em relação a mais rápidas
mudanças evolucionárias na infância e na vida adulta. (VAKIL, 2012)
Da mesma forma, afirma-se que o prognóstico, após as lesões
cerebrais, na maioria dos casos, é mais favorável na infância do que na
idade adulta, devido à plasticidade cerebral (Princípio de Kennard). A ava-
liação e a intervenção abrangente no neurodesenvolvimento da criança
deve ter objetivos específicos de acordo com a idade, de modo que res-
peite as taxas individuais de desenvolvimento em cada área particular de
ontogenia, e reconheça a importância e a variabilidade dos processos
adaptativos e funcionais específicos de cada uma, identificando os fato-
res de risco e gerando propostas de intervenções preventivas frente às
alterações encontradas, focadas não apenas na reabilitação das conse-
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quências das lesões, mas também na qualificação funcional e no treina-


mento para melhorar a aprendizagem e a adaptação da população infantil
em diferentes contextos (escola, família, social). (VAKIL, 2012)
Finalmente, em relação a neuropsicologia do desenvolvimento
e psicopatologia, Tirapu (2007) salienta a importância dos fatores de
risco, fatores de proteção e a prevenção de desordens do desenvolvi-
mento, para diferenciar entre o desenvolvimento normal e o patológico
durante todo o ciclo de vida, facilitando a intervenção precoce. As con-
dições adversas no ambiente uterino não produzem necessariamente
resultados desfavoráveis, mas a combinação de fatores de risco podem
produzir maior vulnerabilidade. A psicopatologia e a neuropsiquiatria do
desenvolvimento destacam a complexidade de múltiplos fatores de ris-
co e fatores de proteção. Esses fatores são genéticos, neuroendócrinos,
ambientais e psicossociais, e interagem com fatores adversos durante a
gravidez: o parto, o período neonatal e durante a infância.
Os fatores de risco têm sido vistos como causais mas, mais
22
do que isso, têm contribuído para um processo dinâmico e interativo
ao longo do tempo. Desde a abordagem inicial até o estudo do neuro-
desenvolvimento de lesões cerebrais na infância, é pertinente abordar
algumas diretrizes para avaliação e intervenção precoce de transtornos
de origem neuropsicológica nos primeiros anos de vida. (TIRAPU, 2007)
A neuropsicologia do desenvolvimento infantil orienta os proces-
sos e estratégias de avaliação neuropsicológica na população infantil com
o objetivo de detectar e avaliar suas alterações, de acordo com as carac-
terísticas diferenciais dessa etapa do ciclo vital; portanto, inclui aspectos
evolutivos, maturacionais e de plasticidade cerebral. A avaliação neuropsi-
cológica infantil envolve a identificação de variáveis biológicas e psicosso-
ciais, desde o desenvolvimento das funções psicológicas superiores e está
relacionada tanto ao desenvolvimento maturacional do cérebro, quanto à
educação, estimulação, experiências e oportunidades de aprendizagem.
Em outras palavras, o desenvolvimento de processos psicológicos superio-
res modula os sistemas funcionais do cérebro. (TIRAPU, 2007)

Filme sobre o assunto: À Procura (The Captive) (2014)


Filme sobre o assunto: Tower (2016)
Acesse os links: https://www.youtube.com/watch?v=Mll-
JbLAW9Zc e https://www.youtube.com/watch?v=GTzNkfgM1vE
Observação: Sobre a temática, é importante que o aluno

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


note a relevância do assunto dentro do seu campo de atuação.

Como o cérebro é um órgão com muita plasticidade, ele é


capaz de se adaptar e de se reorganizar continuamente, quando as
exigências do ambiente o exigem, estabelecendo novos sistemas fun-
cionais a cada vez. A plasticidade cerebral está presente ao longo da
vida, no entanto, é maior durante a infância e adolescência; embora a
incidência e as sequelas de alterações neuropsicológicas difusas na
infância sejam mais graves em alguns casos, pois afetam funções bási-
cas do desenvolvimento. (TIRAPU, 2007)
Os objetivos do exame neuropsicológico na infância são orien-
tados para fazer inferências sobre o funcionamento geral dos hemisfé-
rios cerebrais, especificando os pontos fortes e fracos de adaptação e
o desempenho da criança, incluindo perfis psicológicos na capacidade
cognitiva, funções sensório-motoras e reações afetivas; o que facilita o
desenho de planos de intervenção mais adequados às características
23
intraindividuais e interindividuais. (TIRAPU, 2007)
Em sua pesquisa, o autor destaca a importância da avaliação
neuropsicológica rigorosa e precoce para detectar problemas de apren-
dizagem e desenvolvimento contextualizados às características das
populações avaliadas. Isso destaca a importância da avaliação multi-
dimensional e a análise de contextos para ajustar os planos de avalia-
ção e intervenção. A avaliação neuropsicológica abrangente deve incluir
métodos quantitativos e qualitativos e a aplicação de vários instrumen-
tos e a realização de monitoramento para determinar a evolução e as
consequências ao longo do desenvolvimento de uma lesão cerebral.
Além disso, a avaliação neuropsicológica estuda as relações
entre o cérebro e o comportamento e, mais especificamente, entre os
processos cognitivos e a função cerebral. Seu objetivo é identificar, des-
crever e quantificar, sempre que possível, os déficits cognitivos e as alte-
rações comportamentais que resultam de lesões cerebrais. Na infância,
a etiologia dos distúrbios neuropsicológicos podem ser localizados em,
pelo menos, dois grupos ou categorias: indivíduos com efeito especial
de desenvolvimento maturacional e indivíduos após um desenvolvimen-
to inicial normal sofrem uma alteração em razão de acidente e surgem
as sequelas patológicas em uma forma focal ou difusa. (TIRAPU, 2007)
É bem verdade que o objetivo da avaliação neuropsicológica
em crianças passa pela compreensão das funções neurocognitivas,
suas alterações e funções preservadas após uma lesão cerebral, dirigin-
do uma análise de distúrbios e incluindo os fatores de desenvolvimento.
A avaliação neuropsicológica das crianças tem várias finalidades, sendo
a primeira delas o diagnóstico, identificação da população infantil com
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lesão cerebral. Em segundo lugar, visa obter um perfil de capacidades,


em que pontos fracos e fortes aparecerão, de acordo com as capacida-
des deterioradas, até certo ponto, e as preservadas/intactas.
Um determinado perfil no qual certas capacidades neuropsico-
lógicas (comportamentais e cognitivas) são seletivamente prejudicadas
pode ser compatível com a alteração neurológica detectada. Em ter-
ceiro lugar, há o propósito educacional da avaliação neuropsicológica.
Nesse caso, a avaliação é baseada no interesse em conhecer o per-
fil neuropsicológico de qualquer escola, a fim de adaptar os planos e
estratégias de intervenção (educacional, psicológica e reabilitativa) às
características de cada aluno. (TIRAPU, 2007)
O que importa é obter informações específicas sobre o funcio-
namento neuropsicológico de um indivíduo nas áreas mais decisivas
para alcançar os objetivos desejados à medida que o desenvolvimento
progride. Em quarto lugar, a avaliação também tende a ter um propósito
científico; como objeto de pesquisa, permite comparar grupos entre si,
24
a partir dos quais podem surgir perfis neuropsicológicos característicos
de alguns transtornos. Permite estabelecer aspectos básicos ou inva-
riantes de alguns distúrbios do desenvolvimento ou sua variabilidade
interindividual. (TIRAPU, 2007)
Outras vezes, o pesquisador deve repetir a avaliação para a
mesma população, como é o caso dos estudos longitudinais, que per-
mitirão verificar se o prognóstico e o tratamento foram adequados. Em
quinto lugar, a avaliação persegue fins de monitoramento; estudos de
acompanhamento, em geral, têm objetivos clínicos e de pesquisa que
permitem monitorar o curso do desenvolvimento a partir de um exame
inicial. Assim, o monitoramento neuropsicológico permitirá identificar as
variações dos efeitos de uma lesão cerebral ao longo de um período de
tempo nas habilidades e funcionamento neurocognitivos. (TIRAPU, 2007)

Figura 3 – Avalliação

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

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Tirapu (2007) destaca a importância do monitoramento para
verificar, em alguns casos, os efeitos agudos e graves das lesões ce-
rebrais; a estabilidade das sequelas ou determinar se há deterioração
neuropsicológica de natureza duradoura ou crônica. A intervenção neu-
ropsicológica também pode ser monitorada, assim como seus efeitos
nos diferentes distúrbios e alterações na infância.
Finalmente, no que diz respeito à avaliação neuropsicológica
infantil quando se considera a idade, o nível de desenvolvimento, a his-
tória e o fundo, bem como a avaliação neurológica, para uma avaliação
neuropsicológica quantitativa e qualitativa completa, enquadrada nas
variáveis do desenvolvimento que podem afetá-lo. Isso implica destacar
algumas conclusões e recomendações associadas à avaliação neurop-
sicológica do desenvolvimento da criança, de acordo com Tirapu (2007):
1. A avaliação deve ser global: um teste é claramente insufi-
ciente, o avaliador deve ter o conhecimento e a experiência suficientes
para escolher os testes ou baterias que permitem avaliar áreas especí-
25
ficas e verificar a execução em áreas associadas e cruzadas.
2. A primeira referência é a coleta de informações que devem
provir de diferentes fontes, as quais podem dar testemunho da execução
e do desenvolvimento global da criança: pais, cuidadores, educadores.
3. A avaliação inclui informação qualitativa e quantitativa; a
análise de dados requer sólidos fundamentos teóricos e complementa-
res, com alta capacidade de observação sistemática.
4. A formulação de diagnósticos diferenciais é uma referên-
cia necessária para a avaliação adequada, é conveniente estabelecer
quando o resultado da execução de um filho (a) está relacionada com o
retardar do desenvolvimento, a prisão de desenvolvimento temporária
ou transitória ou um distúrbio ou imaturidade permanente de tipo neu-
ropsicológico adequado.
Em conclusão, em sociedades como a atual, em que as condições
de pobreza generalizada, a desigualdade de oportunidades para crianças e
jovens, o aumento do número de gestações em adolescentes, a dinâmica
familiar disfuncional e o número de fatores que afetam o desenvolvimento
infantil, é urgente e essencial empreender ações de intervenção na detec-
ção, estimulação e reabilitação de funções cognitivas, emocionais e sociais
que favoreçam a maturidade neuropsicológica e promovam um desenvol-
vimento harmonioso e funcional na infância. (TIRAPU, 2007)
O benefício para as crianças, pais, professores e, em geral,
para a sociedade, está suficientemente demonstrado no trabalho de
prevenção e promoção da saúde integral, daquele que é o maior capital
humano: a criança.
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26
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Prefeitura de Macapá Prova: Psico-
logia Nível: Superior
Wallon indica que a falta de pensamento reflexivo (capacidade de
pensar o próprio pensamento) e de tomada de posição (capacida-
de de assumir um ponto de vista) configuram
a) a incompletude do pensamento categorial.
b) os indícios centrais da falta de sincretismo lógico
c) duas particularidades do pensamento infantil.
d) as contradições reais ou imaginárias da criança.
e) duas simbolizações que marcam a linguagem e o pensamento.

QUESTÃO 2
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Prefeitura de Macapá Prova: Psico-
logia Nível: Superior
A memória é um dos processos cognitivos essenciais nos diver-
sos ciclos do desenvolvimento humano e
a) está relacionada à aquisição, formação e conservação de informa-
ções que são obtidas no cotidiano.
b) o armazenamento de informações é a última etapa no processo de
memorização.
c) a não conservação de informações na pessoa com diagnóstico de
Alzheimer está relacionada com falha na comunicação e recepção de
informações.

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d) a memorização de informações na criança não passa por todas as
etapas como no caso do adolescente e do adulto.
e) o hipocampo é responsável pela recepção e seleção das informações
que passarão pelo processo de memorização de curto prazo.

QUESTÃO 3
Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: CEP Prova: Psicologia Nível: Su-
perior O neuropsicólogo russo Alexander Luria organizou o córtex
cerebral em uma hierarquia composta por três grandes áreas fun-
cionais. A respeito dessas áreas, assinale a alternativa correta.
a) As regiões primárias possuem um papel essencialmente motor.
b) As regiões terciárias diferem das secundárias, principalmente, pela
capacidade de integração de informações.
c) O córtex motor primário recebe comandos de regiões motoras asso-
ciativas.
d) Uma lesão no córtex visual primário é geralmente acompanhada de
27
deficits em outras modalidades sensoriais.
e) Lesões em regiões secundárias geralmente estão associadas a de-
ficits sensoriais.

QUESTÃO 4
Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: CEP Prova: Psicologia Nível: Su-
perior Assinale a alternativa que apresenta um desdobramento fal-
so do avanço da ressonância magnética funcional.
a) maior precisão espacial para as correlações estrutura-função
b) uso de delineamentos experimentais para a investigação das bases
neurais dos processos cognitivos
c) investigação não invasiva do cérebro
d) acompanhamento do desfecho de tratamentos
e) possibilidade de confirmação de diagnósticos de transtornos do de-
senvolvimento, como o TDAH

QUESTÃO 5
Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: CEP Prova: Psicologia Nível: Su-
perior
A condição em que há uma falta de consciência para os estímulos
apresentados ao lado contralesional do espaço é chamada de
a) síndrome de Balint.
b) agnosia visual.
c) heminegligência.
d) ataxia.
e) anosognosia.
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QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Explique o que vem a ser neuropsicologia.

TREINO INÉDITO
Assunto: Neuropsicologia
Assinale a alternativa correta a respeito da neuropsicologia.
a. Neuropsicologia é fundamentalmente disciplina clínica que converge
entre psicologia e neurologia;
b. Neuropsicologia é fundamentalmente disciplina filosófica que conver-
ge entre psicologia e neurologia;
c. Neuropsicologia é fundamentalmente disciplina prática que converge
entre psicologia e neurologia;
d. Neuropsicologia é fundamentalmente disciplina ética que converge
entre psicologia e neurologia;
e. NDA
28
NA MÍDIA
CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOLOGIA PARA A PSICOLOGIA
CLÍNICA E A EDUCAÇÃO
O objetivo foi estudar alguns aspectos da avaliação neuropsicológica e
testes tradicionais aplicados individualmente a 12 sujeitos (8 a 13 anos).
A análise qualitativa mostrou aspectos problemáticos na avaliação tra-
dicional.
Fonte: Lúcia Helena Tiosso Moretti; João Batista Martins
MORETTI, Lúcia Helena Tiosso; MARTINS, João Batista. Contribui-
ções da neuropsicologia para a psicologia clínica e a educação. Psi-
col. Esc. Educ. (Impr.), Campinas , v. 1, n. 2-3, p. 67-70, 1997 .
Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1413-85571997000100008&lng=en&nrm=iso>. access on 10 May
2019. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-85571997000100008.

NA PRÁTICA
A NEUROBIOLOGIA DA DISLEXIA
Os processos da fala, leitura e escrita são uma característica particular
do ser humano. Estes processos são as formas mais elevadas da lin-
guagem, que exigem um processo linguístico anatômico e neuropsico-
lógico altamente complexo. A dificuldade de aprendizagem para as ha-
bilidades de leitura e escrita são denominadas de dislexia ou transtorno
de leitura. Historicamente, a sua definição tem sido explicada por dois
modelos: o modelo ortodoxo e o modelo de Davis.
Fonte: Anne Caroline De Brito Edir, Larissa Aves Leite Matos, Heliana
Beatriz Barbosa Meira

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Para leitura do artigo na íntegra acesso o link que está disponível em:
http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=1126

PARA SABER MAIS


Filme sobre o assunto: Um homem entre gigantes
Peça de teatro: Paradinha cerebral
Acesse os links: https://youtu.be/RIJj97cs17E/ https://youtu.be/4r-
Ck6eq4_XA

29
FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS E
E SEUS DISTÚRBIOS - PERCEPÇÃO,
ATENÇÃO, MEMÓRIA, CONSCIÊNCIA
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

ÁREAS DISCIPLINARES E SEU ENVOLVIMENTO COM AS FUN-


ÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS

A psicologia é uma das mais diversas disciplinas apresentadas


em suas opções de desempenho profissional, hoje desfruta de grande
prestígio e grande demanda entre opções de estudo em diferentes uni-
versidades. Podemos encontrar um psicólogo praticamente em qual-
quer instituição em que as relações sociais são geridas e procura-se
melhorar ou desenvolver habilidades nas pessoas, por isso podemos
dizer que estão em qualquer contexto. Abaixo, oferecemos uma visão
geral de suas principais áreas de trabalho. (RAMOS, 2016)

3030
Psicologia Clínica

É a área em que o trabalho de um psicólogo é mais socialmente


localizado. As funções desempenhadas nesse campo são dedicadas à
prevenção, diagnóstico e tratamento de conflitos emocionais e/ou sociais
que um indivíduo possa ter. Quanto à prevenção, a equipe trabalhará de
forma a privilegiar os recursos psicológicos do sujeito, lhe permitindo re-
solver, de forma funcional e socialmente apropriada, os vários problemas
que possa vir a enfrentar em sua realidade imediata. (RAMOS, 2016)
Quanto ao diagnóstico, utilizam-se diferentes instrumentos -
principalmente entrevistas e testes -, que permitem identificar a carac-
terologia de um distúrbio específico. Dessa forma, interpretações des-
providas de objetividade são evitadas, descartando e identificando, os
fatores ou razões que afetam diretamente o comportamento do proble-
ma. Com relação ao tratamento, o psicólogo realiza um trabalho gradual
que desenvolve habilidades físicas, emocionais e comportamentais que
permitem que uma pessoa, casal ou família, tenha um melhor ajuste e
desempenho dentro seu contexto social. (RAMOS, 2016)

Psicologia Cognitiva

A psicologia cognitiva é uma escola de psicologia que lida com


o estudo da cognição, ou seja, os processos mentais envolvidos no co-
nhecimento. Ele tem como objetivo estudar os mecanismos básicos e
profundos pelos quais o conhecimento é produzido, a partir da percep-

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ção, memória e aprendizagem, até a formação de conceitos e raciocí-
nio lógico. Por cognitivo entendemos o ato de conhecimento, em suas
ações para armazenar, recuperar, reconhecer, compreender, organizar
e usar as informações recebidas através dos sentidos. O interesse da
psicologia cognitiva é duplo. (RAMOS, 2016)

Neuropsicologia é uma especialidade que pertence ao


campo da neurociência, que estuda a relação entre processos
mentais e comportamentais e cérebro.

O primeiro interesse é estudar como as pessoas entendem o


mundo em que vivem e perguntar como os seres humanos tomam a
31
informação sensorial recebida e a sintetizam, processam, armazenam,
recuperam e, finalmente, fazem uso dela. O resultado de todo esse pro-
cessamento ativo de informação é o conhecimento funcional, no sentido
de que a segunda vez em que uma pessoa está em um ambiente ou
passa por um evento, é mais seguro do que pode ocorrer em relação à
primeira vez. (RAMOS, 2016)
A psicologia cognitiva é uma das mais recentes áreas da psico-
logia e estuda vários processos cognitivos, tais como resolução de pro-
blemas, raciocínio (indutivo, dedutivo, abdutivo, analógico), percepção,
tomada de decisão e aquisição da linguagem. (RAMOS, 2016).

Psicologia Transcultural

Essa parte da psicologia é dedicada ao estudo e comparação


de pessoas de diferentes culturas e etnias, pois como tem sido demons-
trado ao longo do tempo, todos os homens foram influenciados por cer-
tos costumes, que foram passados de geração em geração. Desde o
seu surgimento, há milhares de anos, o homem foi organizando-se,
agrupando-se e instalando-se em determinados lugares neste planeta.
Foi assim que os grupos étnicos foram formados. (RAMOS, 2016)

Psicologia do Desenvolvimento

Os psicólogos do desenvolvimento estudam o crescimento hu-


mano mental e físico desde o período pré-natal, passando pela infância,
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adolescência, idade adulta e chegando na velhice. Eles estão interes-


sados em padrões universais de desenvolvimento, bem como em varia-
ções culturais e individuais. (RAMOS, 2016)

Psicologia Ambiental

É uma das áreas de inserção com menos anos de prática, mas


que teve crescimento e desenvolvimento consideráveis. Os psicólogos
que trabalham nesse campo estão interessados em determinar os efei-
tos produzidos pelo ambiente sobre o ser humano. Fatores como a po-
luição, superpopulação, espaços geográficos de casas e comunidades,
condições temporárias, frio, calor, ruído e saúde são alguns dos sujeitos
e objetos de interesse. (RAMOS, 2016)
Para a ligação que tem com outras profissões, como a arquitetu-
ra, medicina, ecologia e desenvolvimento urbano, que permite o trabalho
32
interdisciplinar e o crescimento das cidades que necessitam da criação
de novas áreas residenciais, torna-se uma área com um futuro promissor.

Psicologia Evolucionária

A Psicologia Evolucionária lida com os processos de mudança


psicológica que ocorrem nas pessoas ao longo da vida. Seus principais
objetivos são descrever as mudanças psicológicas e tentar explicar por
quê elas ocorrem, bem como explicar as diferenças entre algumas pes-
soas e outras, e estabelecer as bases para diferentes tipos de interven-
ção. (RAMOS, 2016)

Psicologia Experimental

Os psicólogos experimentais conduzem pesquisas sobre pro-


cessos psicológicos básicos, incluindo aprendizagem, memória, sen-
sação, percepção, cognição, motivação e emoção. Eles estão interes-
sados em responder perguntas como: De que maneira as pessoas se
lembram e o que as faz esquecer? Como tomamos decisões e resolve-
mos problemas? Homens e mulheres abordam problemas complexos
de maneiras diferentes? Por que algumas pessoas são mais motivadas
que outras? As emoções são universais? Isto é, pessoas de diferentes
culturas experimentam as mesmas emoções em situações semelhan-
tes? Ou, ao contrário, culturas diferentes enfatizam algumas emoções e
as descartam ou ignoram? (RAMOS, 2016)

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


Psicologia da Saúde

Psicologia da Saúde, também tem sido chamada de medicina


comportamental. A psicologia da saúde é vista de forma diferente de-
pendendo do observador. Entretanto, tanto a observação das diversas
atividades em que os psicólogos da saúde estão envolvidos, como a
revisão do respectivo referencial teórico, formam uma práxis social e
acadêmica definida. É precisamente essa práxis que produz novas ope-
rações de distinção que questionam as formulações e parcelas anterio-
res do conhecimento. (RAMOS, 2016)

33
Figura 4 – Psicologia da saúde

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

A psicologia da saúde como sinônimo “medicina comportamen-


tal”, definição que estabelece-se como "o campo interdisciplinar que lida
com o desenvolvimento e integração de conhecimentos e técnicas de
ciências comportamentais e biomédicas que são relevantes para o com-
preensão da saúde e da doença, e a aplicação desse conhecimento e
dessas técnicas à prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação”.
O modelo tradicional de abordagem da doença, propõe, como cuidado
alternativo nos três aspectos indicados, de acordo com Ramos (2016):
1. Hábitos e estilos de vida que afetam negativamente a saúde,
como o uso do tabaco.
2. Os efeitos fisiológicos que são uma consequência direta de
estímulos psicossociais, como situações que produzem estresse.
3. Cumprimento de prescrições terapêuticas. A esse respeito,
eles apontam, por exemplo, que apenas um quarto dos pacientes que
seguiram com sucesso um tratamento de emagrecimento ou suspensão
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do tabaco ou álcool permanecem sem recaídas após um ano.

Psicologia Industrial ou Organizacional

Os psicólogos industriais e organizacionais (I/O) estão interes-


sados em problemas práticos, como a seleção e treinamento de pesso-
al, a melhoria da produtividade e das condições de trabalho e o impacto
dos computadores e automação nos trabalhadores. É possível determi-
nar com antecedência quem será um vendedor ou piloto aéreo eficaz e
quem não será? As organizações tendem a operar de maneira diferente
na liderança feminina ou masculina? Pesquisas mostram que grupos de
trabalho com alto moral tendem a ser mais produtivos do que grupos
com baixo moral. (RAMOS, 2016)

34
Psicologia da Personalidade

Psicólogos da personalidade estudam as diferenças entre os


indivíduos em características como ansiedade, sociabilidade, auto-es-
tima, necessidade de realização e agressividade. Psicólogos nesse
campo estão tentando determinar o que faz com que algumas pessoas
sejam rabugentas e nervosas, enquanto outras são alegres e descon-
traídas, e por que algumas pessoas são silenciosas e cautelosas, en-
quanto outras são inquietas e impulsivas. (RAMOS, 2016)
Eles também estudam se existem diferenças consistentes entre
homens e mulheres, ou entre membros de diferentes grupos raciais e cul-
turais, em características como: sociabilidade, ansiedade e consciencio-
sidade. Questões atuais para os psicólogos da personalidade incluem: A
personalidade é inata e estável ou é aprendida e sujeita à mudanças? Di-
ferentes culturas tendem a produzir diferentes "tipos de personalidade"?,
isto é, grupos de características que geralmente ocorrem juntas? Qual é
a melhor maneira de avaliar ou medir a personalidade? (RAMOS, 2016)

Psicologia Educacional

A psicologia educacional é a área da psicologia que se dedica


ao estudo da educação humana dentro dos centros educacionais. Com-
preende, portanto, a análise das formas de aprendizagem e de ensino,
a eficácia das intervenções educativas, a fim de melhorar o processo. A
aplicação dos princípios da psicologia social para essa finalidade ajuda

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aquelas organizações cujo propósito é instruir. A psicologia educacional
estuda como os alunos aprendem e se desenvolvem, às vezes, concen-
trando a atenção em subgrupos como crianças superdotadas ou aque-
les que sofrem de uma deficiência específica. (RAMOS, 2016)

Nos últimos anos, a neuropsicologia recebeu um novo im-


pulso a partir do crescente desenvolvimento da ciência cognitiva
(psicologia cognitiva, inteligência artificial, linguística) das ciên-
cias neurobiológicas (neuroanatomia, neurofisiologia, neuroquí-
mica) e técnicas de neuroimagem.

As atividades geralmente incluem orientação escolar e profissio-


35
nal, apoio psicológico-educacional, educação especial para crianças com
deficiências físicas ou intelectuais, super-dotados ou aprendizagem com
deficiência, elaboração de currículo, estratégias de aprendizagem, de-
senvolvimento de hábitos de estudo, desenvolvimento de materiais didá-
ticos, consultorias e tutorias acadêmicas e pessoais, treinamento, escola
para pais, entre outros. Os métodos geralmente utilizados pela psicologia
educacional são os testes clínicos, observacionais, correlacionais, gené-
ticos, de entrevista, projetivos e de inteligência. (RAMOS, 2016)

Psicologia Social

Os psicólogos sociais estudam o modo como as pessoas se


influenciam mutuamente. Eles exploram tópicos como as primeiras im-
pressões e a atração interpessoal; a maneira pela qual as atitudes são
formadas, mantidas ou mudadas; preconceito e persuasão; conformi-
dade e obediência à autoridade; e se as pessoas se comportam de
maneira diferente quando fazem parte de um grupo ou de uma multidão
do que quando estão sozinhas.

Psicologia Esportiva

A psicologia do esporte é o ramo da psicologia que estuda os


processos psíquicos e o comportamento do homem durante a atividade
esportiva. Essa ciência aplicada busca conhecer e otimizar as condi-
ções internas do atleta para conseguir a expressão do potencial físico,
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

técnico e tático adquirido no processo de preparação. É responsável


por estudar os fatores psicológicos que melhoram o desempenho da
psicologia esportiva, bem como os efeitos do exercício no ajustamento
psicológico e no bem-estar geral. (RAMOS, 2016)

Psicologia Infantil

Os psicólogos infantis concentram-se em bebês e crianças. Eles


estão interessados em temas como, se os bebês nascem com persona-
lidades e temperamentos distintos, como as crianças adquirem a lingua-
gem e desenvolvem a moral, como a forma e o tempo das diferenças
sexuais emergem no comportamento e como avaliar mudanças no signi-
ficado e importância da amizade durante a infância. (RAMOS, 2016)

36
Psicologia Forense

A psicologia forense é um ramo da psicologia jurídica que lida


com a assistência ao processo de administração da justiça na área tribu-
tária. É uma divisão da psicologia aplicada relacionada à coleta de aná-
lise e apresentação de evidências psicológicas para fins judiciais. Por-
tanto, inclui uma compreensão da lógica do direito material e processual
relevante para realizar avaliações e análise psicológica-legal e adequa-
damente interagir com juízes, promotores, defensores públicos e outros
profissionais do ramo. A Psicologia forense (que inclui o trabalho clínico
em instituições correcionais, aconselhamento para advogados, servindo
como testemunha especializada em julgamentos legais e formulação de
políticas públicas em psicologia e direito). (RAMOS, 2016)

Psicologia Criminal

A Psicologia Criminal ou Criminológica é, segundo sua ética, o es-


tudo da alma do sujeito criminal. Embora aqui, a psique ética seja usada no
sentido científico, isto é, aquelas características da personalidade total do
agressor e não sua alma em um sentido metafísico. A psicologia criminal,
ultrapassou o limite da observação individual do sujeito anti-social, esten-
dendo-se a estudos de comportamento criminal e fatores psicológicos que
influenciam o crime, seja individual ou coletivo. (RAMOS, 2016)

Figura 5 – Psicologia criminal

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

Quatro ramos científicos são reconhecidos pela observação


psicológica da personalidade, segundo Serafini (2008):
1 - Psicologia Criminal que estuda o infrator como autor do
crime.
2 - A Psicologia Judicial que estuda seu comportamento assim
que é imputado de um crime.
3 - Psicologia Prisional que o estuda enquanto ele é condena-
37
do, expiando uma sentença de prisão.
4 - Psicologia Jurídica estuda a coordenação de noções psi-
cológicas e psicopatológicas que ocorrem na aplicação das leis penais
sobre as condições de menores, doentes mentais, surdo-mudos, alco-
olistas, bem como circunstâncias agravantes ou atenuantes existentes.

Psicologia do Adolescente

Os psicólogos de adolescentes especializam-se nos anos que


compõem essa etapa, incluindo a puberdade, as mudanças nas rela-
ções com os pares e os pais e a busca de identidade, que tornam esse
período difícil para alguns jovens. (SERAFINI, 2008)

PROCESSOS MENTAIS

Abaixo trataremos algumas definições a respeito dos proces-


sos mentais, que estão inseridos nas funções neuropsicológicas e seus
distúrbios. Vejamos, de acordo com Serafini (2008):

Memória:

Os psicólogos usam a palavra memória para referirem-se aos


vários processos e estruturas envolvidas no armazenamento de expe-
riências e como recuperá-las novamente. A memória é a função envol-
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

vida em reviver experiências passadas. É a persistência do passado.


Consideram os processos e estruturas envolvidas no armazenamento
de experiências e recuperam-nas novamente.
É a função psíquica de fixar, reter, reproduzir, reconhecer e
localizar os estados de consciência adquirido anteriormente. A maioria
das definições acima ficam como parte de experiências passadas de
armazenamento de memória, a recuperação dessas experiências, bem
como a sua inscrição (fixação). Isso leva a considerar a memória como
um sistema ativo que recebe, armazena, organiza, modifica e recupera
informações. (SERAFINI, 2008)
Muitos psicólogos assumem a existência de três tipos de informa-
ções: sensorial, a curto e longo prazo. A memória sensorial é o armazena-
mento inicial e momentâneo da informação; memória de curto prazo con-
serva informações entre quinze e vinte e cinco segundos; e a memória de
longo prazo armazena informações de forma relativamente permanente.

38
Inteligência:

Termo geral que se refere à habilidade ou habilidades envol-


vidas no aprendizado e no comportamento adaptativo. Há um desa-
cordo considerável sobre quais habilidades mentais específicas devem
ser consideradas sinais de inteligência. No início de 1980, Sternberg e
seus colegas descobriram que os especialistas e neófitos descrevem
uma pessoa inteligente como alguém que tem a habilidade prática de
resolução de problemas e a capacidade verbal, incluindo a competência
social em seus conceitos de inteligência. Muitos especialistas incluem,
agora, a criatividade e a capacidade de se adaptar ao ambiente como
componentes cruciais da inteligência. (SERAFINI, 2008)

O termo "função cognitiva" refere-se a processos mentais ou


intelectuais como a capacidade de prestar atenção, lembrar, produzir
e compreender a linguagem, resolver problemas e tomar decisões.

Pensamento:

É a manipulação de representações mentais de informações,


envolvendo formação de conceitos, resolução de problemas, pensamen-

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


to crítico, raciocínio e tomada de decisão. A representação pode ser uma
palavra, uma imagem visual, som ou dados de qualquer outra forma. O que
transforma o pensamento é a representação da informação de forma nova
e diferente, a fim de responder a uma pergunta, resolver um problema ou
ajudar a alcançar um objetivo. O pensamento é individual, isto é, de cada
pessoa. A função é produzir informações sensíveis e construir representa-
ções mais gerais e abstratas simbolizando e substituindo objetos e permi-
tindo a sua gestão mental, a fim de encontrar uma resolução que excede
conflitos ou contradições presente nos problemas. (SERAFINI, 2008)

Percepção:

A percepção não é um processo simples, ela própria é o resul-


tado de outros processos complexos, muitos dos quais estão além de
nossa consciência. Um dos propósitos da percepção é informar sobre
39
as propriedades do ambiente que são vitais para a nossa sobrevivência.
Outro objetivo é nos ajudar a agir em relação ao meio ambiente.
Através da percepção, podemos organizar as informações re-
cebidas e interpretá-las de maneira significativa. Cada pessoa percebe
o mundo de forma diferente, porque cada um produz uma interpreta-
ção única e individual. A identificação da percepção como um processo
complexo pode ser influenciada pelos nossos conhecimentos, memó-
rias e expectativas. Nesse sentido, a percepção é entendida como um
estado subjetivo. Essas categorias são estabelecidas como perceptuais
através do qual novas experiências sensoriais possa transformá-las em
situações reconhecíveis e compreensíveis. (SERAFINI, 2008)
Nessa perspectiva, considera-se que a percepção é o processo
fundamental da atividade mental, e outras atividades psicológicas tais
como a aprendizagem, a memória, o pensamento, entre outros, depen-
dem do bom funcionamento do processo de organização perceptual.

Emoções:

As emoções, como motivos, ativam e direcionam nosso com-


portamento. Os psicólogos distinguem entre as que são compartilhados
por pessoas em todos os lugares e as emoções secundárias, que apa-
recem em algumas culturas, mas não em todas as emoções primárias.
Uma análise transcultural da expressão emocional levou Paul Ekman
e seus colegas a argumentarem que há, pelo menos, seis emoções:
felicidade, surpresa, tristeza, medo, desgosto e raiva. Muitos psicólogos
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

adicionam amor a essa lista de emoções básicas. (SERAFINI, 2008)


A psicologia positiva está interessada em compreender uma
das nossas emoções mais positivas: a felicidade. A felicidade é apenas
um aspecto do bem-estar subjetivo. Para entender as raízes da felicida-
de e sentimentos de bem-estar, os pesquisadores primeiro examinaram
eventos externos e características de demonstração gráfica de pessoas
felizes. (SERAFINI, 2008)
Estímulos ambientais produzem mudanças fisiológicas no cor-
po que interpretamos como emoções. O processamento de emoções e
respostas corporais ocorrem simultaneamente e não sucessivamente.
A teoria cognitiva sustenta que a situação em que nos encontramos
quando estamos ambientados (ambiente global) nos dá sinais que nos
ajudam a interpretar o estado geral de ativação da emoção.
Segundo pesquisas recentes, além da cognição, a expressão
facial pode influenciar as emoções. Altamente ativadores interativos da
emoção são: nervoso, sensório motor, motivacional e cognitivo. (SERA-
40
FINI, 2008)

Figura 6 – Psicologia positiva

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

Linguagem:

A linguagem está intimamente ligada à expressão e compreensão


do pensamento. De acordo com Benjamin Whorf, padrões de pensamento
são determinados pelo idioma que você fala, um processo chamado deter-
minismo linguístico. É um código de sons ou gráficos que servem para a
comunicação entre os seres humanos. A linguagem é a capacidade huma-
na de se comunicar e representar a realidade através de sinais. Existem lin-
guagens verbais e não verbais (cinestésico, proxêmica e outros). A lingua-
gem, como um veículo do pensamento ou à serviço do pensamento, serve
para organizar, categorizar, corrigir, codificar e recuperar informações. Toda
linguagem é expressão de pensamentos e todo pensamento é expresso
através da linguagem. A palavra é o símbolo do permanente na influência

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


dos fenômenos e graças a ele sua fugacidade cessa. (SERAFINI, 2008)
Em se tratando da memória de forma mais específica, ela é a
capacidade de lembrar as coisas que experimentamos, imaginamos e
aprendemos. Os relatos de pessoas com extraordinária memória geram
muitas dúvidas. Sobre a natureza da memória: Por que algumas pesso-
as se lembram de coisas muito melhores do que outras? Eles nasceram
com essa habilidade ou alguém poderia aprender a lembrar? E por que
a evocação, às vezes, é tão simples (pense na facilidade com que os
fãs de beisebol se lembram da média de rebatidas de seus jogadores
favoritos) e outras vezes é difícil (como quando procura as respostas de
um exame)? Por que achamos tão difícil lembrar de algo que aconteceu
há alguns meses, mas podemos nos lembrar em detalhes de algum ou-
tro evento que aconteceu 10, 20 ou até 30 anos atrás? Como funciona
a memória e o que a faz falhar? (SERAFINI, 2008)
Já em relação à memória de curto prazo (MCP), destaca-se o
trabalho de armazenar e processar brevemente as informações selecio-
41
nadas de registros sensoriais. As informações que atendemos entram
na memória de curto prazo (MCP), também chamada memória primária
e memória de trabalho. A MLP (memória a longo prazo) contém tudo o
que estamos pensando ou o que estamos cientes a qualquer momento.
A MLP não armazena apenas brevemente as informações, mas tam-
bém as processa. (SERAFINI, 2008)
A MCP tem seus limites. Os pesquisadores descobriram que
ela só contém informações que podem ser repetidas ou revisadas entre
1,5 e 2 segundos, o que geralmente equivale a entre 5 e 10 informa-
ções separadas. Podemos processar mais informações agrupando-as
em unidades maiores e significativas, um processo chamado segmen-
tação. (SERAFINI, 2008)
Em se tratando da codificação da informação essa pode ser
codificada para armazenamento na MCP de forma fonológica (de acor-
do com o seu som), visualmente ou em termos do seu significado. Os
pesquisadores concluíram que o MCP tem maior capacidade de mate-
rial visualmente codificado do que de informação codificada fonologica-
mente. (SERAFINI, 2008)
Já a manutenção na MLP se dá através da revisão mecânica,
ou revisão de manutenção, retemos as informações no CCM por um ou
dois minutos, repetindo-as várias vezes. No entanto, a memorização
mecânica não promove a memória de longo prazo. (SERAFINI, 2008)
Já a memória de longo prazo (MLP) é mais ou menos perma-
nente e armazena tudo o que "conhecemos". Tudo o que aprendemos
está armazenado na memória de longo prazo: as letras de uma canção
popular, os resultados da última eleição, o significado de justiça, como pa-
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

tinar ou desenhar um rosto e o que devemos fazer amanhã às 4 da tarde.


A memória de longo prazo pode armazenar uma grande quantidade de
informações por muitos anos. A maioria das informações na MLP parece
ser codificada em termos de significado. A memória de curto e longo pra-
zo trabalham juntas para explicar o efeito da posição serial, o fato de que
quando as pessoas recebem uma lista de itens a serem lembrados, ten-
dem a lembrar o primeiro e o último elementos da lista. (SERAFINI, 2008)
A revisão mecânica é útil para conservar informações na MLP,
especialmente de material sem significado, como números de telefone.
Através da revisão elaborativa extraímos o significado da informação e
a vinculamos com tanto material que já está no MLP quanto possível. A
revisão elaborativa processa os novos dados de maneira mais profunda
e significativa do que a simples repetição mecânica. A maneira como
codificamos o material para armazenamento no MLP afeta a facilidade
com a qual podemos recuperá-lo mais tarde. (SERAFINI, 2008)
Sendo assim, um esquema é uma representação mental de um
42
objeto ou evento armazenado na memória. Os esquemas fornecem um
quadro de referência no qual a informação que chega é ajustada; eles
também promovem a formação de estereótipos e a extração de inferên-
cias. (SERAFINI, 2008)
Como vimos, aprendizado e memória estão intimamente rela-
cionados, "porque o homem, no processo constante de identificação,
detecção e processamento de informações, enfrenta estímulos repe-
tidamente, e a base de sua adaptação ao ambiente é sua capacidade
de tirar proveito de experiências passadas e incorporar novas experiên-
cias, assim, há processos de aprendizagem ligados à memória, como o
priming, habilidades e hábitos”.
O priming é um "processo que facilita a identificação e a detec-
ção de informações, é um reconhecimento sem qualquer esforço parti-
cular e é uma forma de memória implícita", da mesma forma que atua
na aprendizagem de habilidades e hábitos em que sua aprendizagem
é lenta, progressiva e gradual, esses procedimentos são armazenados,
principalmente, como memória de curto prazo. Você também pode ver
classificações na literatura que não nos dão maior clareza como visual,
auditivo, tátil, verbal, não-verbal, lógico, emocional etc. (SERAFINI, 2008)
Essa classificação é praticamente infinita e, portanto, é de pou-
ca utilidade do ponto de vista metodológico. Outros autores levantam a
diferença entre hábito e memória, afirmando que os hábitos nos dizem
“como” saber e as memórias sabem “o que”, mas é claro que, qualquer
comportamento deve ser baseado em circuitos responsáveis pela me-
mória, consciente ou inconscientemente. O que fica claro quando refe-
rerimo-nos à memória e à aprendizagem é que "as informações deriva-

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


das da aprendizagem formal e informal e da experiência social comum,
constituem o seu conteúdo" (o da memória). (SERAFINI, 2008)
Hoje em dia, no mundo científico, é difícil não apenas manter-
-se atualizado, mas também saber o que poderia acontecer, já que a
informação científica é atualizada todos os dias, e estar ciente de tudo
é uma tarefa quase impossível. No campo do comportamento humano
também é um desenvolvimento interessante e digno de compreensão,
por um lado são as ciências biomédicas, por análise e pesquisa em
relação ao comportamento do cérebro, por outro lado, são as posições
que dão mais importância para o meio ambiente como: a sociologia, a
antropologia e algumas correntes psicológicas. (SERAFINI, 2008)

43
As funções cognitivas incluem uma vasta gama de compe-
tências e habilidades, incluindo: Cuidados (alerta, atenção concentra-
da, concentração sustentada etc.) a memória verbal (a longo prazo, a
curto prazo ou memória de trabalho, memória de procedimento, me-
mória semântica, memória episódica etc.) e a linguagem visual.

Eles poderiam continuar nomeando posições em torno da com-


plexidade do comportamento humano, mas o que nos interessa aqui é
neuropsicologia, uma ciência que, apesar de ser nova na história cien-
tífica, tem a epistemologia que outras ciências não têm. Como colo-
ca muitas disciplinas no mesmo contexto, resulta em uma redução na
complexidade de compreender o fenômeno e explicá-lo a partir de di-
ferentes paradigmas científicos, que são consistentes em seu interior.
Portanto, em neuropsicologia, encontramos neurologistas, psicólogos,
médicos, biólogos, entre outros, que enriquecem continuamente esse
campo. (SERAFINI, 2008)
Mas, a pergunta: “Para onde apontaria a pesquisa no campo
da memória?”. Devemos ser honestos e aceitar que uma monografia
nunca poderia responder a essa pergunta, mas é possível atrever-se a
projetar um futuro investigativo. Primeiro, vamos encontrar uma inves-
tigação destinada a recuperar e apagar as memórias. O que entra em
jogo, aqui, é a possibilidade real de fazê-lo porque o cérebro em muitos
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

aspectos se assemelha a um computador, onde a informação é organi-


zada por pastas e arquivos(SERAFINI, 2008)
A pesquisa mais importante, sem dúvida, está nas disciplinas
integradas para prevenir a doença e promover a saúde de todas as
pessoas sempre com um olhar a partir de uma bioética. Para concluir,
é importante aceitar que a investigação futura no campo da memória
pode nos surpreender, pois diferentes disciplinas responsáveis por es-
tudar o comportamento humano podem contribuir para a compreensão
da memória. A memória contínua é um campo excitante de pesquisa em
humanos e animais, portanto, será o assunto de múltiplas pesquisas
atuais e futuras. (SERAFINI, 2008)
Desse modo, o desafio será entender com o que as diferentes
ciências contribuem para esse conhecimento e como levá-lo para uma
integração da neuropsicologia como uma ciência interdisciplinar. (SE-
RAFINI, 2008)

44
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: CEP Prova: Psicologia Nível: Su-
perior
A memorização de uma lista de estímulos sonoros é prejudicada
quando também se recitam sons. Esse fenômeno é denominado de
a) articulação fonológica.
b) supressão fonológica.
c) inibição.
d) esquecimento dependente de indício/traço
e) tarefa dual

QUESTÃO 2
Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: CEP Prova: Psicologia Nível: Su-
perior
No que diz respeito aos processos automáticos e controlados, as-
sinale a alternativa correta.
a) Os processos automáticos não podem ser utilizados de maneira fle-
xível em circunstâncias dinâmicas.
b) Os processos controlados não apresentam limite de capacidade.
c) Quando aprendidos, processos automáticos podem ser facilmente
modificados.
d) Processos controlados não requerem atenção.
e) Processos automáticos são iniciados, geralmente, de modo lento e
deliberado.

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


QUESTÃO 3
Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: CEP Prova: Psicologia Nível: Su-
perior
Apesar das semelhanças observadas entre os diversos modelos
de funcionamento das funções executivas (FE), é correto afirmar
que eles difiram em relação
a) à quantidade de construtos que compõem as FE
b) ao papel das FE no controle do comportamento.
c) ao papel das diferenças individuais.
d) ao padrão de correlações estrutura-função.
e) ao padrão de comprometimento após lesão cerebral.

QUESTÃO 4
Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: CEP Prova: Psicologia Nível: Su-
perior
45
Em seu livro O Erro de Descartes, o neuropsicólogo Antônio Damásio
relata casos de pacientes com lesão na porção orbitofrontal do córtex
pré-frontal. Considerando essa informação, assinale a alternativa que
não apresenta característica(s) observada(s) em tais pacientes.
a) dificuldade na inibição de comportamentos inapropriados
b) alterações de personalidade
c) pouca sensibilidade às consequências dos próprios comportamentos
d) deficits na memória declarativa
e) menor sensibilidade às regras sociais

QUESTÃO 5
Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: CEP Prova: Psicologia Nível: Su-
perior
Com relação a pacientes com lesão no córtex pré-frontal dorsola-
teral, é correto afirmar que
a) seja normalmente observado um prejuízo na sensibilidade às contingên-
cias, o qual poderá ser avaliado por meio do teste de cartas de Wisconsin.
b) seja normalmente observado um prejuízo na sensibilidade às contin-
gências, o qual poderá ser avaliado por meio do teste de Stroop-Victoria.
c) apresentem um quadro marcante de síndrome disexecutiva, que re-
quer somente avaliação clínica
d) seja comum observar sintomas de impulsividade, os quais poderão
ser avaliados por meio do teste de Stroop-Victoria.
e) apresentem apenas deficits emocionais.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

Explique o que seria psicologia cognitiva.

TREINO INÉDITO
Sobre pensamento, assinale a alternativa correta
a. É a manipulação de representações mentais de informações, envol-
vendo formação de conceitos, resolução de problemas, pensamento
crítico, raciocínio e tomada de decisão.
b. É a manipulação de representações mentais de especulações, en-
volvendo formação de conceitos, resolução de problemas, pensamento
crítico, raciocínio e tomada de decisão.
c. É a manipulação de representações mentais de estruturações, en-
volvendo formação de conceitos, resolução de problemas, pensamento
crítico, raciocínio e tomada de decisão.
d. É a manipulação de representações mentais de observações, en-
volvendo formação de conceitos, resolução de problemas, pensamento
crítico, raciocínio e tomada de decisão.
46
e. NDA

NA MÍDIA
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA ÁREA COGNITIVA: REFLEXÕES
E QUESTIONAMENTOS
No intuito de caracterizar o papel do psicólogo cognitivo no espaço
da Psicologia como ciência e profissão, o presente trabalho abordará
alguns aspectos referentes à relação da psicologia cognitiva dentro da
própria Psicologia, refletindo-se sobre a atuação do psicólogo cognitivo
enquanto cientista e profissional, procurando-se diferenciar o seu papel
frente à atuação de profissionais de áreas afins.
Alguns aspectos históricos, relativos ao surgimento da psicologia cogni-
tiva, serão considerados para melhor caracterizar a maneira como esta
foi definida e como posicionou-se frente a alguns pressupostos teóricos
e metodológicos vigentes no período posterior à II Guerra Mundial. De
fato, nas últimas décadas o estudo dos processos cognitivos tem se
expandido rapidamente e,do ponto de vista teórico, tem se mostrado
uma abordagem relevante para a explicação do comportamento huma-
no, trazendo à tona aspectos centrais da psicologia.
Os aspectos aqui ressaltados visam, mais do que respostas, gerar re-
flexões e questionamentos, contribuindo para uma maior compreensão
da área cognitiva dentro da psicologia como um todo.
SPINILLO, Alina Galvão; ROAZZI, Antônio. A atuação do psicólogo na área
cognitiva: reflexões e questionamentos. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 9, n.
3, p. 20-25, 1989 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?scrip-
t=sci_arttext&pid=S1414-98931989000300008&lng=en&nrm=iso>. access

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


on 10 May 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98931989000300008

NA PRATICA
A PSICOLOGIA COGNITIVA E O ESTUDO DO RACIOCÍNIO DEDUTI-
VO NO ÚLTIMO MEIO SÉCULO
Para assinalar os 50 anos de ensino da Psicologia em Portugal, ou seja, o
nascimento do ISPA, iremos reflectir sobre este meio século de estudos e
trabalhos no âmbito da psicologia cognitiva, nomeadamente no domínio do
raciocínio dedutivo, revendo as principais tarefas utilizadas para o estudar,
bem como as principais teorias psicológicas que o explicam. Na parte final,
apresentaremos o nosso contributo mais recente neste domínio.
QUELHAS, Ana Cristina; JUHOS, Csongor. A psicologia cognitiva e o estudo
do raciocínio dedutivo no último meio século. Aná. Psicológica, Lisboa , v. 31,
n. 4, p. 359-375, dez. 2013 . Disponível em <http://www.scielo.mec.pt/scie-
lo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312013000400004&lng=pt&nrm=-
iso>. acessos em 10 maio 2019.
47
NEUROPSICOLOGIA DO
ENVELHECIMENTO
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

A NEUROPSICOLOGIA GERIÁTRICA

Um conceito de envelhecimento diz: "O envelhecimento é uma


palavra que contém em si a ação da passagem do tempo em um deter-
minado organismo, mas também fala sobre um objeto ou coisa inanima-
da". Descreve que plantas, animais e humanos envelhecem. A mesma
coisa acontece com objetos, usar uma ampulheta como referência e
comparar a um relógio atual, com ambos você pode medir o tempo, mas
o que ficou mais velho foi a ampulheta, pois a tecnologia revolucionou o
tempo, com o passar das épocas, o avanço científico e tecnológico, deu
lugar a outro novo, diferente e mais desenvolvido. (SAMPAIO, 2011)
Tudo envelhece, sob a abordagem anterior a ação do envelhe-
cimento pode ser apreciada naquilo que nos rodeia, incluindo elementos
4848
não vivos do meio ambiente. Ele nos remete às cidades, vizinhanças,
construções. No aspecto natural, um rio, uma montanha, uma floresta,
uma caverna, envelhecem e atravessam diferentes períodos ou etapas
de sua existência. As estrelas do universo envelhecem e novas sur-
gem e, também, nessa dimensão cósmica manifesta-se o fenómeno
do envelhecimento. O envelhecimento se destaca como um fenômeno
individual e, ao mesmo tempo, é global e universal. (SAMPAIO, 2011)
Como resultado, uma propriedade inerente é atribuída ao as-
sunto e envolve mudanças qualitativas e quantitativas implícitas que
ocorre devido à passagem do tempo. O envelhecimento é um processo
sujeito à passagem do tempo conhecido como envelhecimento crono-
lógico, mede-se no tempo decorrido desde que o elemento vivo surge
ou não vivo até ser transformado em outra nova qualidade, em termos
de minutos, horas, anos, milhares de anos, centenas de milhares ou
milhões de anos. (SAMPAIO, 2011)
Há diferentes períodos através dos quais seres vivos e não-
-vivos passam e estágios que marcam a existência e nos quais o fe-
nômeno do envelhecimento é expresso. O envelhecimento nos seres
vivos, de acordo com as espécies, tem um tempo definido em que se
manifesta. Os organismos vivos envelhecem quando as características
com as quais se originaram começam a dar lugar a outros de diferente
quantidade e qualidade, que podem ser apreciados através de etapas
ou estados específicos. (SAMPAIO, 2011)
Portanto, fases e períodos muito distintos surgirão em seu de-
senvolvimento, com a aquisição de diferentes habilidades e proprieda-
des, que podem melhorá-los, modificá-los ou perdê-los, dependendo da

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


relação com o ambiente. Cada estágio do desenvolvimento do organismo
vivo tem suas próprias características que se manifestam como um pro-
duto de sua própria condição genética e resposta a um ambiente específi-
co. Quando o organismo está envelhecendo, há muitas causas ou fatores
que influenciam, aqueles que dependem em grande parte, de sua dota-
ção genética e do ambiente em que se desenvolve. (SAMPAIO, 2011)

A neuropsicologia trata, mais especificamente, pacien-


tes com problemas neurológicos, que podem incluir traumatismo
craniano, acidente vascular cerebral, tumores cerebrais, doen-
ças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer, doença de
Parkinson, esclerose múltipla, epilepsia, transtornos do desenvol-
49
vimento, como o autismo, etc.

Consequentemente, todos os seres vivos, incluindo o homem,


passarão por diferentes estágios, os quais pode ser externos (em sua
aparência física/externa) e internos (em seu metabolismo, isto é, em
suas funções, bem como em órgãos, dispositivos e sistemas) e estão
relacionados, sempre, à dotação genética e às condições de seu am-
biente interno e circundante. (SAMPAIO, 2011)
Envelhecer, é um fenômeno biológico diretamente ligado à mu-
dança que ocorre no e durante o desenvolvimento da vida do organis-
mo, e que termina como um processo para atingir o estágio da velhice
e até mesmo nele se manifesta. O envelhecimento não é um estágio
da vida de um ser humano, mas um processo que ocorre com a própria
vida. Parece que o envelhecimento começa no nascimento.
O Desenvolvimento Humano, segundo Sampaio (2011) consi-
dera as teorias tanto de saúde e envelhecimento que procuram explicar
as suas causas variadas e considera que elas são:

Teorias de Programação Genética

Essas teorias sustentam que os corpos envelhecem de acordo


com uma sequência de desenvolvimento normal incorporada aos genes, o
que implica que a duração máxima da vida é geneticamente determinada.

Teoria da Senescência Programada


NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

O envelhecimento é o resultado da ativação e desativação se-


qüencial de certos genes. A senescência é o momento em que os défi-
cits associados à idade tornam-se evidentes.

Teoria Endócrina

O relógio biológico atua através de hormônios para controlar o


ritmo do envelhecimento.

Teoria Imunológica

O declínio programado das funções do sistema imunológico


leva a uma maior vulnerabilidade às doenças infecciosas e, portanto, ao
50
envelhecimento e à morte.

A Teoria do Desgaste Celular

O corpo envelhece como resultado de danos acumulados no


sistema. Acredita-se que à medida que as células envelhecem, elas são
menos capazes de reparar ou substituir componentes danificados.

A Teoria dos Radicais Livres

São átomos muito instáveis ou moléculas formadas durante o


metabolismo (conversão de oxigénio em energia), os quais reagem com
as membranas das células, as proteínas celulares, gorduras, hidratos
de carbono, e mesmo de DNA, e pode danificá-los.

A Teoria do Índice De Vida

O corpo pode trabalhar no seu próprio ritmo e nada mais; quan-


to mais rápido você trabalha, mais rápido se desgasta. Consequente-
mente, a velocidade do metabolismo determina a duração da vida.

A Teoria Autoimune

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


O sistema imunológico pode "ficar confuso" na velhice e liberar
anticorpos que atacam as próprias células do corpo. No entanto, do ponto
de vista neuropsicológico, as teorias do envelhecimento associadas aos
mencionados acima são consideradas, baseadas em conceitos como:
• Envelhecimento normal, fisiológico ou eugêrico é definido
como a série de mudanças morfológicas, psicológicas, funcionais e bio-
químicas que causam a passagem do tempo nos seres vivos. Caracte-
riza-se pela perda da capacidade de adaptação e reserva do organismo
diante das mudanças, para manter a homeostase

51
Figura 7 – Teoria autoimune

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

• O envelhecimento patológico ou patogênico é condicionado


por certas doenças exógenas e hereditárias, por hábitos e outros meca-
nismos, como o ambiente.
• Há dificuldades em diferenciar entre as mudanças estritamen-
te devidas ao processo de envelhecimento e às secundárias, às doen-
ças que podem aparecer com o passar do tempo. O envelhecimento
não é estabelecido em todos os órgãos e sistemas de forma síncrona
e também existe uma grande variabilidade individual entre as pessoas.

DESENVOLVIMENTO NA NEUROPSICOLOGIA DA VELHICE

Em se tratando do desenvolvimento, de acordo com Ramos


(2014), deve-se destacar:

Processo Cognitivo
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

A atenção dividida nos idosos apresenta capacidade diminuí-


da, especialmente quando se presta atenção a várias tarefas ao mes-
mo tempo e, para mais tarefas, implica maior dificuldade. Com a idade,
esse tipo de cuidado só se deteriora em alguns casos:
1. Ao indicar se um determinado objetivo está presente ou não,
não há diferenças de idade;
2. Antes de tarefas complicadas, o desempenho dos idosos é
pior do que o dos jovens. Somente se a tarefa for complexa, a atenção
dividida se deteriorará com a idade.
A atenção seletiva serve como filtro e está entre as mais bá-
sicas, sendo essencial para o aprendizado. As diferenças no nível de
implementação entre diferentes idades depende da natureza da tarefa,
quando se trata de escolher a informação relevante em um contexto,
então aparecem as diferenças de idade, o que prejudica os idosos. O
52
mesmo não ocorre quando a tarefa é simples.
Em relação à mudança do foco da atenção, a eficácia com que
é realizada parece diminuir com a idade, embora alguns pesquisadores
tenham questionado esse declínio tradicionalmente aceito. Além de se-
rem mais lentos ao mudar o foco de atenção entre duas ou mais fontes
alternativas de informação, os pesquisadores, até recentemente, assu-
miam que os idosos também eram menos precisos. (RAMOS, 2014)
Como causa dessa situação, foram-lhes atribuídos a redução da
capacidade de memória de curto prazo a qualquer mudança na atenção.
As dificuldades na recuperação também foram responsabilizadas, uma
vez que a mudança de atenção implica que há consciência de cadeias
separadas de pensamento e que, mesmo que um seja o foco da atenção,
os outros devem ser mantidos para uma recuperação posterior. Um pro-
blema cotidiano desse último tipo é o que ocorreria quando se vai a uma
sala, mas esquecemos por que fomos; a intenção de recuperar algo se
perde ao atender ao fato de ir a outra sala. (RAMOS, 2014)
Os idosos precisam de mais tempo para tomar decisões de aten-
ção, mas com tempo de preparação adequado, muitas diferenças de ida-
de desaparecem. Um processo psíquico muito associado ao processo de
atenção é a memória. A memória constitui o processo psíquico que funcio-
na como um indicador tradicional do envelhecimento. Isso é reconhecido
tanto pelos cientistas quanto pelo conhecimento popular. (RAMOS, 2014)
É comum recolher queixas de memória que aparecem com a
idade em indivíduos devidamente integrados no aspecto social. Eles
queixam-se da infidelidade da sua memória, nomeadamente, do es-
quecimento de nomes, das dificuldades em encontrar objectos ou do-

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


cumentos, ou de reter números de telefone ou listas de compras. Os
distúrbios da memória associados à idade são definidos clínica e psico-
metricamente. Essas dificuldades podem afetar mais de um terço dos
indivíduos com 60 anos, e não constituem nem o estado inicial de de-
mência, ou um fator de risco para o aparecimento posterior de demên-
cia, embora sua etiologia permaneça ainda pouco clara, e foi nomeada
como "esquecimentos benignos de senescência".(RAMOS, 2014)

Cognição ou funções cognitivas são os processos men-


tais que nos permitem receber, processar e elaborar informações.
Eles possibilitam que o sujeito tenha um papel ativo nos proces-
sos de interação, percepção e compreensão do ambiente, o que
53
lhe permite funcionar no mundo ao seu redor.

Não podemos afirmar que a memória das pessoas piora com


a idade, nem que o esquecimento é uma conseqüência inevitável do
envelhecimento. Além disso, as pequenas perdas que ocorrem na fase
adulta são facilmente compensadas pelo uso de outras estratégias cog-
nitivas, como: prestar mais atenção inicial ao material. As três estruturas
de memória são afetadas de maneira diferente; a memória sensorial e
a memória de curto prazo não sofrem alterações significativas. No en-
tanto, na memória de longo prazo dos idosos que não estão doentes,
há uma perda que parece não estar tanto na capacidade de armazenar
informações, como na capacidade de recuperá-las. (RAMOS, 2014)
Quando ocorrem alterações da memória, na velhice, hipóteses
explicativas se concentraram em fatores ambientais (mudanças no es-
tilo de vida ou motivação), déficits de processamento de informações e
fatores biológicos (deterioração em certas partes do cérebro, como os
lobos frontais). Essa última explicação é útil em casos de doença física
ou mental, mas em pessoas idosas com boa saúde existe um déficit de
memória que não parece completamente explicável por fatores biológi-
cos. (RAMOS, 2014)
Para entender a natureza das mudanças na memória, com a
idade, pode-se dividir o sistema em capacidades e conteúdo, de acordo
com Ramos (2014):
1. As capacidades de memória, que são compostas de estrutu-
ras e processos, podem diminuir.
2. O conteúdo da memória que alude ao conhecimento arma-
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

zenado pode aumentar.


Ramos (2014), em um trabalho de pesquisa, propôs, de acor-
do com um ponto de vista linear do processamento, que o sistema de
memória pode ser subdividido em diferentes estágios. A informação é
transferida ao longo de diferentes canais, cada um com certas caracte-
rísticas de funções de retenção e transformação:
1. Um primeiro contato seria feito na memória sensorial, que
é um sistema pré-conceitual e pré-atencional de estabilidade extrema-
mente baixa. As informações ambientais - imagens, sons, cheiros, sa-
bores, etc. - são mantidas por um segundo; Após esse tempo, a infor-
mação decai nessa fase, portanto, para usá-lo deve ser processado em
um nível mais profundo.
2. O segundo sistema chamado memória de curto prazo ou
memória primária, exibe uma estabilidade um pouco maior, mas tam-
bém é uma capacidade muito limitada, de modo que a informação é
perdida rapidamente.
54
3. As informações só são mantidas quando passam para um
depósito muito estável, como memória secundária ou de longo prazo.
4. Às vezes falamos de uma memória terciária ou muito longa,
na qual a informação é armazenada permanentemente.
À medida que a idade aumenta, cada um desses sistemas é
afetado de maneira muito diferente. Ou seja, em relação à memória
sensorial, o conhecimento sobre a relação entre memória sensorial e
idade vem, fundamentalmente, do trabalho realizado na memória visual
(icônico). Pelo contrário, informações sobre a relação entre memória
sensorial para o sistema auditivo e envelhecimento dificilmente existem.
Com a idade, sabemos que ocorrem diversas alterações no sistema
visual e, apesar disso, nenhum déficit consistente foi demonstrado com
o aumento da idade ou com a capacidade de identificar estímulos visu-
ais apresentados de forma breve, ou na persistência das informações
armazenadas no sistema visual. (RAMOS, 2014)
Em relação à transferência do registro sensorial para a memó-
ria primária e/ou secundária, parece que os idosos precisam de mais
tempo do que os jovens para extrair informações de cartas simples, mas
a questão prática que emerge desses dados é se na memória sensorial
contribuem significativamente para as dificuldades de aprendizagem e
recuperação de informação experimentadas pelos idosos. A maioria dos
pesquisadores concorda que o envelhecimento tem apenas efeitos pe-
quenos e sem importância na memória sensorial. (RAMOS, 2014)
Agora, em se tratando da memória de curto prazo, esse é um
sistema de capacidade limitada, que mantém a informação na consciên-
cia. Apesar de ser um armazém temporário com capacidade limitada, a

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


memória primária desempenha um papel importante no controle e assi-
milação de novas informações, estando envolvida quando a informação
ainda é o objetivo da atenção consciente. (RAMOS, 2014)
Graças à sua existência, retemos em nossa mente certos ma-
teriais (números de telefone, nomes etc.), se continuarmos repetindo o
material, não o perdemos. Se a informação apresentada não for trans-
ferida para a memória de longo prazo, ela será perdida assim que a
atenção for eliminada. (RAMOS, 2014)

Figura 8 – Registro sensorial

Fonte: Elaborado pela autora (2019)


55
A capacidade de armazenamento da memória de curto prazo
geralmente é medida por tarefas de largura de memória, como lembrar
de dígitos para frente ou para trás. A capacidade padrão desse sistema é
de cerca de mais ou menos sete itens, e qualquer coisa que exceda esse
valor deve ser recuperada da memória de longo prazo. (RAMOS, 2014)
No entanto, quando a tarefa pela extensão requer memória alta
ou quando as tarefas exigem uma maior retenção, flexibilidade mental e
reorganização do material, as diferenças entre jovens e velhos se mani-
festam mais claramente, tal intervenção: a tarefa de memória de uma série
de itens na ordem inversa em que foram ouvidos ou vistos. É bem verdade
que a capacidade de memória pode aumentar. No entanto, as razões para
este aumento não são claras. A memória de curto prazo também é usada
para processamento. Portanto, o conceito de memória de trabalho ou me-
mória ativa foi introduzido. Dois tipos de tarefas foram usadas para medir a
capacidade de pesquisa, são elas, de acordo com Ramos (2014):
1. A amplitude de ouvir ou ler (em que uma série de frases
curtas são ouvidas ou lidas para ser retidas e lembradas após a última
palavra e o processamento simultâneo pode ser requisitado para ser
detectado os erros gramaticais).
2. A amplitude de cálculo (em que o sujeito tem que reter e
lembrar o último dígito de cada uma das várias séries de problemas
aritméticos). Como processamento concorrente, o sujeito pode resolver
problemas de cálculo.
Nessas tarefas, os idosos são colocados no 21º percentual da
distribuição da execução da vida adulta. Em ambas as tarefas, os itens
apresentados devem ser armazenados e um processamento simultâ-
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

neo deve ser executado. A causa da menor eficiência da memória ativa


com o envelhecimento é desconhecida, pois segundo Ramos (2014):
1. Alguns pensam que é devido a uma diminuição nos recursos
de processamento.
2. Outros acham que pode ser o resultado de menos flexibili-
dade no processamento, então seria mais difícil mudar de um processo
para outro.
3. Outros sugeriram que o problema poderia vir da intrusão
de informações irrelevantes na memória ativa, que desloca o material
desejado ou impede a recuperação de informações específicas da me-
mória de longo prazo.
A recuperação da memória de curto prazo geralmente é ava-
liada com tarefa de pesquisa de memória. Nessa tarefa, são solicitados
assuntos numa série de itens que não excedam a amplitude da memó-
ria de curto prazo. Então, apresenta-se um item do teste e é necessário
decidir se esse item estava ou não estava presente no conjunto original,
56
que permanece na memória de curto prazo. (RAMOS, 2014)
Esse processo de recuperação também piora com a idade, uma
vez que se recupera mais lentamente (na tarefa da velocidade de busca).
Além disso, os idosos cometem significativamente mais erros do que os
jovens na tarefa de encontrar memória. Uma interação entre as alterações
encontradas com a idade e a familiaridade com os estímulos apresentados,
está nas diferenças entre jovens e velhos. Apesar da divergência dos re-
sultados encontrados por diferentes autores sobre a existência de diferen-
ças com a idade na memória de curto prazo, parece claro que a memória
primária é afetada por diferenças de idade. Na memória de curto prazo, o
declínio mais pronunciado aparece após os 70 anos. (RAMOS, 2014)

Habilidades cognitivas nos permitem realizar qualquer ta-


refa, por isso as usamos continuamente para aprender e lembrar
informações, para integrar história e identidade pessoal, para lidar
com informações relativas ao momento em que o sujeito está e
para onde ele é direcionado, para manter e distribuir atenção, re-
conhecer sons diferentes, processar estímulos diferentes, realizar
cálculos ou representar mentalmente um objeto.

Já a memória de longo prazo, ela é potencialmente ilimitada,


implica mecanismos muito variados e de grande extensão temporal.

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


Envolvida em todo o processo de lembrar ativamente, além de ser o
sistema que mantém informações permanentemente. É o armazém da
nossa experiência passada e ela mantém o conteúdo da memória: me-
mórias do passado, o nosso conhecimento sobre o mundo e como fazer
as coisas, e até mesmo informações sobre o nosso processo de pensa-
mento de trabalho. (NORONHA, 2010)
Quando a informação é codificada, é transferida para a memó-
ria de longo prazo, onde el é mantida até que seja necessária. Quando a
informação é recuperada é transferida de volta para a memória de curto
prazo, onde pode-se manipulá-la conscientemente. Elas têm sido usa-
das para investigar tarefas de aprendizagem sociais e de pares associa-
dos (comentado para tratar a aprendizagem verbal). (NORONHA, 2010)
Pelo menos teoricamente, a má execução de tarefas de memó-
ria pode estar em diferentes mecanismos. Ela pode deixar de codificar
ou assimilar o material aprendido. Pode haver problemas em manter as
informações criptografadas armazenadas. O material depois de ser co-
57
dificado e armazenado, pode estar inacessível, ou o déficit fundamental
pode estar nos processos organizacionais que ocorrem na interacção
entre codificação e recuperação.
O rendimento da memória de longo prazo é demonstrado cla-
ramente afetado pela idade, de modo que apresenta uma diminuição
significativa da juventude à idade adulta e velhice. Os esforços dos pes-
quisadores se concentraram em tentar identificar as razões para esse
declínio, tentando ver até que ponto são afetados pelo envelhecimento
dos diferentes processos envolvidos na memorização (codificação, ar-
mazenamento e recuperação), de acordo com Noronha (2010):
- Nos idosos foram observados déficits na codificação, especial-
mente quando se trata de tarefas que requerem processamento elabo-
rado que contêm muita informação ou que tiver informações muito com-
plexas. Nesses casos, os idosos preparam o material para memorização.
Por exemplo, no processamento de semântica (que é mais "profundo"),
que requer uma codificação mais elaborado e, portanto, conduz a uma
retenção maior do que outros tipos de processamento mais "superficial".
- A capacidade de armazenamento parece ser tão boa quanto
eficiente em pessoas de 80 anos e indivíduos mais jovens (20). Mesmo
se uma pessoa é incapaz de recuperar as informações, uma vez arma-
zenadas, acredita-se que permanece na memória de longo prazo, mas
inacessível. Se surgir o sinal certo na situação certa, poderia recuperar
informações.
Existem várias evidências que parecem dar razão àqueles que
defendem que os problemas de memória dos idosos residem na dificul-
dade de recuperar as informações armazenadas. Por um lado, quando
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

os resultados obtidos pelos idosos foram comparados em tarefas de


reconhecimento versus tarefas de recordação, houve menos diferenças
em relação aos jovens no primeiro tipo de tarefas do que no segundo.
Em uma tarefa típica de reconhecimento, dois grupos de desenhos ou
palavras são apresentados sucessivamente e os sujeitos são solicita-
dos a indicar se os desenhos ou as palavras do segundo grupo são
novos ou incluídos no primeiro grupo. (NORONHA, 2010)
Nas tarefas de memória, as pessoas são solicitadas a aprender
uma lista de palavras e, depois, recuperá-las espontaneamente. Acre-
dita-se que o reconhecimento requer pouco esforço de recuperação,
enquanto a memória exige mais.
Finalmente, há interações entre codificação e recuperação, já
que a informação que é armazenada é menos codificada, então, é mais
difícil de recuperar. O déficit relacionado à idade para listas categoriza-
das persiste.

58
Figura 9 – Tarefas de memória

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

Os processos organizacionais também podem estar envolvidos


quando listas de itens aparentemente não relacionados são apresentadas.
Aqui, as pessoas fariam organizações subjetivas para combinar a conexão
inventada com os itens específicos. Nesse sentido, os anciãos organizam
as informações menos do que os jovens, de maneira subjetiva e desco-
brem menos relações entre as palavras do que aqueles. No que diz res-
peito ao conteúdo da memória de longo prazo, distinguimos entre memória
processual e memória declarativa. Dentro dessas últimas são distinguidas,
por sua vez, a memória episódica e semântica. (NORONHA, 2010)
Tradicionalmente, tem sido pensado que as memórias são sen-
síveis ao envelhecimento, mas que as memórias semânticas geralmen-
te não se deterioram na velhice. Nas tarefas laboratoriais de memória
episódica, os idosos tiveram pior desempenho, enquanto nas tarefas
semânticas (exemplo: no teste de vocabulário), não diminuíram com a

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


idade. (NORONHA, 2010)
A natureza do teste de vocabulário parece estar relacionada
à direção e magnitude das diferenças com a idade. Na prática, é difícil
decidir se uma informação é semântica ou episódica, especialmente
quando se considera a compreensão e produção da linguagem oral di-
ária. Ambas as memórias semântica e episódica se acumulam ao longo
da vida, e os idosos podem estar aumentando sua base de conheci-
mento gradualmente, assim, em muitas situações, para compensar o
declínio na eficiência do sistema de memória, contam com o conheci-
mento armazenado. Nas situações em que o conhecimento do mundo
está envolvido, os idosos podem se lembrar, bem como os jovens. Se-
melhante à controvérsia declaratória de memória é referida a distinção
entre memória explícita (que exige a intenção de lembrar e envolve a
consciência de ter que fazê-lo) e implícita (sem consciência explícita de
ter que lembrar). (NORONHA, 2010). Considerações relacionadas ao
uso da memória em situações da vida cotidiana:
59
Alguns conteúdos típicos desse tipo de memória têm a ver com memórias au-
tobiográficas e com memória retrospectiva e prospectiva. De uma perspec-
tiva ecológica, a memória também foi estudada. Esse é um campo relativa-
mente novo e áreas como: memória para eventos significativos e materiais,
e metamemória, são diferenciadas. A última refere-se ao quanto sabemos
sobre as habilidades mnemônicas e sobre as estratégias que podem ser
aplicadas. Sabendo que é muito importante, uma vez que a confiança nas
próprias habilidades influencia a quantidade de preparação ou o esforço para
lidar com as tarefas diárias. (NORONHA, 2010, p. 45)

Os idosos tendem a se perceber menos efetivos em compara-


ção aos jovens; no entanto, no que diz respeito ao conhecimento sobre o
funcionamento da própria memória, as diferenças de idade são mínimas.
A atitude que um idoso tem em relação às mudanças em sua memória
é tão importante quanto as mudanças em si mesmas. Algumas pessoas
continuam a aprender à medida que envelhecem e continuam a usar suas
habilidades cognitivas ao máximo sem usar o envelhecimento como uma
desculpa para a má vontade mental. Outros idosos abandonam qualquer
novo aprendizado e não tentam mudar as atividades porque dizem que
"eles não são mais para essas coisas". (NORONHA, 2010)
Estereótipos negativos sobre o envelhecimento contribuem
para que os idosos tenham pouca confiança em suas habilidades men-
tais. A falta de auto-confiança prejudica as habilidades mnemônicas de
várias maneiras: ela aumenta a ansiedade e/ou depressão, pela perda
de memória real ou imaginada, leva a usar expectativas irreais para
avaliar as próprias habilidades, leva a um menor esforço de memória e
desânimo na busca de estímulo intelectual. (NORONHA, 2010)
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

Além dos fatores mencionados até o momento, há muitos ou-


tros que podem levar à enorme variabilidade de resultados encontrados
entre os idosos em tarefas de memória. Entre eles estão: familiaridade,
experiência, saúde, diferenças individuais, motivação, cautela e estrutu-
ra social. (NORONHA, 2010)
A diversidade de resultados encontrados, especialmente na
pesquisa sobre o envelhecimento da memória, significa que o declínio
não pode ser documentado de forma consistente. Isso nos leva a ter
cuidado ao interpretar as descobertas de qualquer experimento sobre
o envelhecimento da memória. Funcionalmente em declínio não deve
ser confundido com déficit. Embora uma diminuição no funcionamento
diário normal possa ser trivial, porque o pico de funcionamento na ju-
ventude está bem acima do nível de sobrevivência. Não se pode dizer
que os idosos tenham uma memória fraca, mas que os jovens têm uma
excelente memória. (NORONHA, 2010)
Uma compilação interessante de dados relacionados ao de-
60
senvolvimento intelectual dos adultos foi alcançado: os primeiros teó-
ricos e pesquisadores no campo, mantiveram a tese, de acordo com o
atual estereótipo cultural, de que essa inteligência diminui com a idade.
Pensou-se que essa diminuição era universal e ocorreu em função dos
processos de envelhecimento biológico. (NORONHA, 2010)
Com o estudo da inteligência, há um consenso geral entre os pes-
quisadores para distinguir dois fatores básicos: inteligência fluida e cristali-
zada. Ambas envolvem características básicas de inteligência: percepção
de relacionamentos, abstração, raciocínio, formação de conceitos e reso-
lução de problemas. No entanto, eles refletem vários processos de aquisi-
ção, são incluídos por diferentes origens, são manifestados em diferentes
instrumentos de medição e, finalmente, apresentam diferentes padrões de
mudança no curso do desenvolvimento adulto. (NORONHA, 2010)
De acordo com Noronha (2010) os resultados encontrados nos
testes da escala de Weschler fornecem um quadro explicativo sobre o
desempenho verbal e manipulativo. O desempenho do teste da escala
verbal (vocabulário, informação, etc.) geralmente aumenta com a ida-
de, já que corresponde a medidas de inteligência cristalizada. Por outro
lado, nos testes da escala manipulativa (de perspectiva, matiz) geral-
mente aparece uma diminuição no desempenho com a idade, já que se
trata de medidas de inteligência fluida.
Como vimos até agora, os processos cognitivos dos idosos são
diferentes do que eram na juventude, e da mesma forma que o processo
cognitivo mudou (atenção e memória), o mesmo acontece com o apren-
dizado: serão vistas algumas idéias sobre o papel da aprendizagem no
sistema de processamento de informação humana e nas explicações que

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


foram oferecidas ao declínio encontrado com a idade. (NORONHA, 2010)
A maioria dos pesquisadores concorda que, em média, o enve-
lhecimento é acompanhado por um declínio na capacidade de proces-
sar novas informações. O declínio tem sido consistentemente encon-
trado em tarefas experimentais relacionadas à atenção, aprendizado e
memória. Mas essa deterioração é menos grave, aparece mais tarde
e ocorre em uma proporção menor da população do que se pensava
inicialmente. Mesmo a grande variabilidade dos resultados significa que
alguns idosos obtêm melhores resultados que alguns jovens. Aqui des-
tacamos também a respeito dos:

Processos Afetivos

Situações estressantes associadas à depressão na velhice.


São elas, de acordo com Noronha (2010):
61
• Maior frequência de situações aversivas ou fatores sociais
adversos.
• Doença física, incapacidade funcional, gravidade da dor; pou-
ca ou nenhuma percepção de controle sobre a dor e a saúde física.
• Viuvez e perda de parentes e/ou amigos ou uma doença gra-
ve em pessoas do círculo interno.
• Problemas com o sono e problemas no desempenho cognitivo.
• Défict de recursos econômicos; admissão de necessidade de
assistência financeira.
• Falta de apoio social, morar sozinha ou passar o dia sozinha,
falta de um confidente íntimo; falta de apoio familiar e/ou institucional.
• Incapacidade de manter as principais atividades de sua vida:
perda de suas habilidades para o trabalho, para permanecer fisicamen-
te ativo, com o resultado da privação de situações de reforço ligadas a
esses eventos (prática de trabalho, hobbies, esportes, etc.).
• Ser o principal cuidador de um membro da família doente (por
exemplo, demência).
• Problemas com amigos ou com a pessoa que você ama.
• Há uma frequência menor de eventos agradáveis, juntamente
com menos capacidade de desfrutar e obter reforço com eles e maior
aversão a eventos estressantes.
• Percepção negativa de saúde e incapacidade física. Pensamen-
tos automáticos, atitudes disfuncionais e distorções cognitivas com refe-
rência a: Atitudes distorcidas sobre as implicações da idade: preconceitos
sobre normas relacionadas à idade e crenças relacionadas à velhice.
• Distorções cognitivas frequentes: supergeneralização, infe-
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

rência arbitrária e abstração seletiva.


• Atitudes distorcidas sobre as implicações da aposentadoria:
crenças equivocadas sobre a capacidade de se engajar em diferentes
atividades, visão negativa das próprias habilidades após a aposentado-
ria, crenças disfuncionais sobre as expectativas dos outros.
• Distorções cognitivas típicas: supergeneralização, inferência
arbitrária, pensamento dicotômico e desqualificação do positivo.
• Atitudes distorcidas quanto às relações familiares: crenças
sobre as expectativas e obrigações da família, principalmente no que
diz respeito às crianças.
• Atribuições desadaptativas e inadequadas de sua doença, ro-
tulação subjetiva errônea e depressiva de seus sintomas físicos.
• Aumento da auto-atenção negativa devido à solidão e proble-
mas físicos, sociais ou econômicos.

62
Todas as atividades que fazemos requerem o uso de nossas
funções cerebrais, que envolvem milhões de conexões neuronais
distribuídas pelos lóbulos cerebrais e a ativação de diferentes áreas
do cérebro para desenvolver adequadamente nosso ambiente e pro-
cessar as informações que obtemos através de vários canais.

Em relação às diferenças de sintomas depressivos de pessoas


idosas com outros adultos, no que tange a neuropsicologia, é possível
destacar, segundo Noronha (2010):
1. Maior número de queixas somáticas relacionadas à dor.
2. Maior presença de sintomas da hipocondria.
3. Sentimentos de culpa menos frequentes e menos cognições
depressivas.
4. Humor menos deprimido. Menos mudança de apetite e me-
nor perda de peso.
5. A perda da auto-estima é um sintoma mais importante na
idade avançada em relação ao controle pessoal.
6. As queixas de falta de memória se correlacionam mais com
depressão do que falta de memória.
7. A letargia é maior.
8. A capacidade de cuidar de si, independência funcional, é
mais importante na idade avançada do que na idade adulta.

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


9. A disforia prevalece menos que os demais sintomas.
10. Os sentimentos de ser crítico em relação aos outros são
mais importantes entre as pessoas mais velhas.
11. Maior número de suicídios. Os sintomas depressivos da-
queles que tentam ou atingem o suicídio não parecem sérios.
12. Sempre há desespero, insônia, tensão, agitação e senti-
mentos depressivos.
13. A persistência dos sintomas depressivos tende a torná-los
mais estáveis e uniformes
14. Maior cronificação.
Como conclusão, a saúde mental em idosos é uma questão
que deve ter um eixo prioritário na elaboração de políticas públicas de
saúde. O papel da neuropsicologia clínica, nessa área, juntamente com
a gerontologia e a pesquisa científica, nos permitirá continuar trabalhan-
do no desenvolvimento de estratégias que permitam o cuidado efetivo
do idoso, e que sua saúde mental e qualidade de vida sejam percebidas
63
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

64
como a melhor possível. (NORONHA, 2010)
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: CEP Prova: Psicologia Nível: Su-
perior
A imagem ao lado apresenta a capa do American Phrenological
Journal (1848), e apresenta a visão dominante sobre o funciona-
mento do cérebro naquela ocasião.

Na perspectiva da frenologia, compreendia-se que:


(A) o cérebro é um sistema de rede e conexões interligadas.
(B) regiões distintas do córtex cerebral controlariam funções específicas.
(C) identificavam-se as funções mentais de acordo com a especializa-
ção hemisférica.
(D) neurônios eram as unidades sinalizadoras do cérebro e se interco-
nectavam de modo preciso.

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


(E) retratava com clareza a tendência globalista que compreende que
as funções mentais resultam do funcionamento de muitas estruturas.

QUESTÃO 2
Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: CEP Prova: Psicologia Nível: Su-
perior
O teste consiste no desenho de 30 objetos comuns. Cada objeto é
apresentado segmentado em duas ou mais partes que são arran-
jadas aleatoriamente no desenho. O tempo requerido para a apli-
cação varia entre dez a quinze minutos. A descrição apresentada é
compatível com o teste:
(A) Hooper.
(B) COWA FAS.
(C) Token Test.
(D) Finger Tapping.
(E) Boston Naming.
65
QUESTÃO 3
Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: CEP Prova: Psicologia Nível: Su-
perior
O termo “funções executivas” relaciona-se a um conjunto amplo
de processos cognitivos complexos, que incluem iniciação, plane-
jamento, flexibilidade, tomada de decisão e geração de hipóteses,
dentre outros. Os estudos recentes têm destacado o papel central
da alteração de função executiva em alguns quadros clínicos es-
pecíficos. Dos quadros listados, não está diretamente relacionado
à função executiva:
(A) Autismo.
(B) Agnosia.
(C) Esquizofrenia.
(D) Dependência Química a Álcool e Outras Drogas.
(E) Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

QUESTÃO 4
Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: CEP Prova: Psicologia Nível: Su-
perior
Um homem de 40 anos, inteligente e muito articulado, observou
subitamente que não podia mais ler. Embora não conseguisse
compreender as palavras escritas, podia copiá-las, reconhece-las
e compreendê-las após ter escrito as letras individuais. Além dis-
so, era capaz de soletrar em voz alta as palavras escritas. O quadro
descrito é compatível com:
(A) Agrafia.
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

(B) Agnosia.
(C) Alexia sem agrafia.
(D) Alexia com agrafia.
(E) Dislexia congênita.

QUESTÃO 5
Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: CEP Prova: Psicologia Nível: Su-
perior
Durante muito tempo, permaneceu um intenso debate entre fisio-
logistas e farmacêuticos sobre os mecanismos de transmissão si-
náptica. Com o aperfeiçoamento de técnicas fisiológicas, nas dé-
cadas de 1950 e 1960, foi possível afirmar que:
(A) as sinapses são unicamente químicas.
(B) as sinapses elétricas têm como agente de transmissão um neuro-
transmissor.
(C) nas sinapses elétricas, a zona de aposição entre dois neurônios, a
66
junção aberta, é mais ampla.
(D) a transmissão elétrica é a forma mais rápida de sinalização entre
neurônios.
(E) as sinapses químicas geralmente ocorrem entre uma grande fibra
nervosa pré-sináptica e um pequeno neurônio pós-sináptico.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Explique o que seria a teoria do desgaste celular

TREINO INÉDITO
Sobre a teoria imunológica, assinale a alternativa correta.
a. O declínio programado das funções do sistema imunológico leva a
uma menor vulnerabilidade às doenças infecciosas e, portanto, ao en-
velhecimento e à morte;
b. O declínio programado das funções do sistema imunológico leva a
uma maior vulnerabilidade às doenças infecciosas e, portanto, ao enve-
lhecimento e à morte;
c. O declínio programado das funções do sistema imunológico leva a
uma pequena vulnerabilidade às doenças infecciosas e, portanto, ao
envelhecimento e à morte;
d. O declínio programado das funções do sistema imunológico leva a
uma identificação de vulnerabilidade às doenças infecciosas e, portan-
to, ao envelhecimento e à morte;
e. NDA

NA MÍDIA

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


A VIVÊNCIA AFETIVA EM IDOSOS
Objetivou-se analisar a vivência afetiva em idosos asilados (A) e não asi-
lados (NA) a partir de dois grupos de 25 mulheres com mais de 60 anos.
Utilizou-se entrevista semi-estruturada sobre história de vida e Teste de
Pfister, sendo que A e NA apontaram idealização da infância e da velhice
e qualificação negativa da juventude. Na fase adulta, os asilados refe-
riram vivência mais negativa. O Pfister sinalizou, em ambos os grupos,
preservação do funcionamento lógico e afetivo, mas certa ansiedade.
Inexistiu diferença significativa entre A e NA, sugerindo que a institucio-
nalização não dificulta, necessariamente, o vivenciar saudável da velhice,
apontando direção para intervenções terapêuticas com esta população.
OLIVEIRA, Érika Arantes de; PASIAN, Sonia Regina; JACQUEMIN, André.
A vivência afetiva em idosos. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 21, n. 1, p.
68-83, Mar. 2001 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?scrip-
t=sci_arttext&pid=S1414-98932001000100008&lng=en&nrm=iso>. access
on 10 May 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932001000100008.
67
NA PRÁTICA
VELHICE BEM-SUCEDIDA: ASPECTOS AFETIVOS E COGNITIVOS
O declínio da crença de que uma velhice bem-sucedida associa-se a
eventos sobrenaturais, à sorte, ou ao coroamento de uma vida virtuo-
sa coincidiu com a ampliação da crença na ciência como a fonte mais
confiável de compreensão dos fatos naturais. Assim, o ser humano
passou a conviver com cada vez mais informações sobre fatores que
conduzem a uma velhice bem ou malsucedida. É dado científico que a
velhice caracteriza-se pelo declínio das funções biológicas, da resiliên-
cia e da plasticidade. Ainda que ocorram de forma diferenciada entre
pessoas, as perdas que caracterizam a velhice provocam o aumento da
dependência dos indivíduos em relação aos elementos da cultura e da
sociedade. Por outro lado, e ao contrário do que se pensa, é possível
a preservação e ganhos evolutivos em determinados domínios do fun-
cionamento, como o intelectual e o afetivo, sendo este último capaz de
atuar de maneira compensatória sobre as limitações cognitivas.
NERI, Marina Liberalesso. Velhice bem-sucedida: aspectos afetivos e
cognitivos. Psico-USF (Impr.) ,Itatiba, v. 9, n. 1, p. 109-110, June 2004
. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1413-82712004000100015&lng=en&nrm=iso>. access on 10 May
2019. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-82712004000100015.
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

68
A neuropsicologia é um ramo da psicologia especializado na com-
preensão da relação entre o cérebro físico (estrutura) e o comportamento
humano (função). Vimos que a neuropsicologia começou a ganhar força
durante as décadas de 1950 e 1960, quando as pesquisas e os resultados
da psicologia cognitiva e da fisiologia do cérebro foram integrados em um
novo campo de estudo. No início do século XIX, os pesquisadores come-
çaram a observar metodicamente comportamentos resultantes de lesões
cerebrais e tentaram localizar áreas danificadas do cérebro.
O cérebro é o órgão central e mais complexo do corpo huma-
no. Tudo o que acontece dentro do cérebro pode produzir alterações no
comportamento e na função cognitiva. Para decifrar essas alterações é
necessário contar com a intervenção de um especialista em neuropsi-
cologia - um neuropsicólogo.
A neuropsicologia é considerada um dos ramos mais importan-
tes da neurociência e da psicologia. Seu estudo exaustivo sobre distúr-
bios cognitivos e emocionais, bem como distúrbios de personalidade
devido a danos cerebrais, têm sido de grande contribuição para o mun-
do da ciência, tanto para a psicologia quanto para a psiquiatria.
Por fim, vimos que o neuropsicólogo procura compreender
como os processos psicológicos estão relacionados com estruturas e
sistemas do cérebro. Investiga se as funções cerebrais estão localiza-
dos em uma área específica do cérebro, ou regiões do cérebro estão in-
terligados; dessa maneira, ele tenta entender como as estruturas e sis-
temas cerebrais se relacionam com o comportamento e o pensamento.

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

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GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

A neuropsicologia é fundamentalmente uma disciplina clínica que con-


verge entre psicologia e neurologia e estuda os efeitos de lesão, danos
ou avarias nas estruturas do sistema nervoso central causadas sobre
os processos cognitivos, comportamento psicológico, emocional e indi-
vidual. Esses efeitos ou déficits podem ser provocados por traumatismo
craniano, acidente vascular cerebral, tumores cerebrais, doenças neu-
rodegenerativas (esclerose múltipla, doença de Alzheimer, doença de
Parkinson etc.) ou distúrbios do desenvolvimento (epilepsia, paralisia
cerebral, transtorno de déficit de atenção / hiperatividade etc.).

TREINO INÉDITO
Gabarito: A
Justificativa:
a. Correta. Neuropsicologia é fundamentalmente disciplina clínica que
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

converge entre psicologia e neurologia;


b. Incorreta. Neuropsicologia é fundamentalmente disciplina clínica que
converge entre psicologia e neurologia;
c. Incorreta. Neuropsicologia é fundamentalmente disciplina clínica que
converge entre psicologia e neurologia
d. Incorreta. Neuropsicologia é fundamentalmente disciplina clínica que
converge entre psicologia e neurologia
e. Incorreta. Neuropsicologia é fundamentalmente disciplina clínica que
converge entre psicologia e neurologia.

70
CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

A psicologia cognitiva é uma escola de psicologia que lida com o estudo da


cognição, ou seja, com os processos mentais envolvidos no conhecimento.
Ela tem como objetivo estudar os mecanismos básicos e profundos pelos
quais o conhecimento é produzido, a partir da percepção, da memória e da
aprendizagem, até a formação de conceitos e raciocínio lógico. Por cogni-
tivo entendemos o ato de conhecimento, e ações para armazenar, recupe-
rar, reconhecer, compreender, organizar e usar as informações recebidas
através dos sentidos. O interesse da psicologia cognitiva é duplo.

TREINO INÉDITO
Gabarito: A
Justificativa:
a. Correto. É a manipulação de representações mentais de informa-
ções, envolvendo formação de conceitos, resolução de problemas, pen-
samento crítico, raciocínio e tomada de decisão.
b. Incorreto. É a manipulação de representações mentais de informa-
ções, envolvendo formação de conceitos, resolução de problemas, pen-

NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS


samento crítico, raciocínio e tomada de decisão.
c. Incorreto. É a manipulação de representações mentais de informa-
ções, envolvendo formação de conceitos, resolução de problemas, pen-
samento crítico, raciocínio e tomada de decisão.
d. Incorreto. É a manipulação de representações mentais de informa-
ções, envolvendo formação de conceitos, resolução de problemas, pen-
samento crítico, raciocínio e tomada de decisão.
e. Incorreto. É a manipulação de representações mentais de informa-
ções, envolvendo formação de conceitos, resolução de problemas, pen-
samento crítico, raciocínio e tomada de decisão.

71
CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

A teoria do desgaste celular é quando o corpo envelhece como resulta-


do de danos acumulados no sistema. Acredita-se que à medida que as
células envelhecem, elas são menos capazes de reparar ou substituir
componentes danificados.

TREINO INÉDITO
Gabarito: B
Justificativa:
a. Incorreta. O declínio programado das funções do sistema imunológi-
co leva a uma maior vulnerabilidade às doenças infecciosas e, portanto,
ao envelhecimento e à morte.
b. Correta. O declínio programado das funções do sistema imunológico
leva a uma maior vulnerabilidade às doenças infecciosas e, portanto, ao
envelhecimento e à morte.
c. Incorreta. O declínio programado das funções do sistema imunológi-
co leva a uma maior vulnerabilidade às doenças infecciosas e, portanto,
ao envelhecimento e à morte.
NEUROPSICOLOGIA E FUNÇÕES COGNITIVAS - GRUPO PROMINAS

d. Incorreta. O declínio programado das funções do sistema imunológi-


co leva a uma maior vulnerabilidade às doenças infecciosas e, portanto,
ao envelhecimento e à morte.
e. Incorreta. O declínio programado das funções do sistema imunológi-
co leva a uma maior vulnerabilidade às doenças infecciosas e, portanto,
ao envelhecimento e à morte.

72
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