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ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS


ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

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ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
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ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo


importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professora: Márcio Catharin Marchetti


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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.

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Esta unidade trará temas que envolvem a perícia ambiental
e a importância para resguardar e elucidar as questões ambientais
brasileiras. Neste trabalho foram apresentados os seguintes temas:
1) Noções básicas à perícia ambiental, enfocando nos princípios do
direito ambiental, conceito sobre o meio ambiente e a legislação bra-
sileira; 2) Impactos e passivos ambientais, ecologia e seus recursos
naturais; 3) Perícia ambiental e seus objetivos, o papel do perito, a
importância da perícia e as etapas para elaboração de um laudo. O
perito ambiental é um profissional de extrema importância para auxiliar
e fiscalizar as agressões ocasionadas ao meio ambiente, na dimensão
do meio físico, biótico e antrópico, tanto na esfera pública como na es-
fera privada. O papel desse profissional é concluir o caso periciado por
meio de um laudo conclusivo com as respostas aos quesitos judiciais
com embasamentos técnicos, jurídicos e científicos. A atuação nesse
campo de trabalho é recente e tem um próspero caminho pela frente.
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Meio Ambiente. Perícia Ambiental. Impactos Ambientais. Passivos


Ambientais. Perito.

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Apresentação do Módulo ______________________________________ 11

CAPÍTULO 01
NOCÕES BÁSICAS À PERÍCIA AMBIENTAL

Princípios do Direito Ambiental ________________________________ 13

Conceito de Meio Ambiente _____________________________________ 17

Legislação Ambiental Brasileira ________________________________ 20

Recapitulando ________________________________________________ 27

CAPÍTULO 02
IMPACTOS E PASSIVOS AMBIENTAIS

Impactos e Passivos Ambientais ________________________________ 31

A Ecologia e os Recursos Naturais ______________________________ 31

Impacto e Poluição Ambiental ________________________________ 34


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Passivos Ambientais ___________________________________________ 38

Recapitulando _________________________________________________ 45

CAPÍTULO 03
PERÍCIA AMBIENTAL

Licenciamento, Auditoria e Perícia Ambiental _________________ 49

O Papel do Perito ______________________________________________ 55

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Quem pode ser Perito Ambiental ________________________________ 56

Nomeação do Perito ____________________________________________ 56

Honorários do Perito ____________________________________________ 57

Assistente Técnico _______________________________________________ 57

Quesitos da Perícia ______________________________________________ 58

Laudo Pericial __________________________________________________ 58

Elaboração de um Laudo Pericial ________________________________ 60

Recapitulando __________________________________________________ 63

Fechandoa Unidade _____________________________________________ 67

Referências _____________________________________________________ 70
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No capítulo um desta apostila, o meio ambiente é definido
como um conceito amplo e relacionado com tudo aquilo que está em
volta, ele é a interação entre elementos naturais, artificiais e culturais
que propiciam o desenvolvimento equilibrado da vida. Neste capítulo, a
legislação ambiental brasileira é apresentada. Sabe-se que existe vasta
legislação e normas no que diz respeito ao meio ambiente. Neste capí-
tulo, é dada maior atenção à Lei dos Crimes Ambientais, pois é por meio
dela que serão imputadas penalidades no que diz respeito aos impactos
nocivos ao meio ambiente. No entanto, as principais leis, resoluções e
portarias na área ambiental também são apresentadas.
Outro ponto apresentado no capítulo são os conceitos de perí-
cia, perícia ambiental e danos ao meio ambiente, uma vez que tudo que
essas leis, resoluções e portarias vão tutelar, estará relacionado a uma
clara compreensão destes conceitos. No segundo capítulo são aborda-
dos conceitos relacionados à ecologia, como fatores abióticos e bióticos,
conceito de população, comunidade, ecossistema, biosfera, biota, ha-
bitat, nicho ecológico. É sabido que um bom perito ambiental é aquele
que tem uma boa fundamentação teórica, então uma clara compreensão
destes conceitos é indispensável ao bom exercício da profissão. Além
disso, este capítulo trata de impactos e poluição ambiental, considerando
diversos tipos de poluição ambiental – sonora, visual, hídrica, do solo e
atmosférica. Tratando-se de poluição ambiental, não poderia deixar de
ser tratado um tema de grande relevância na atualidade, que é o aumento
dos gases do efeito estufa e a possível correlação com o aquecimento
global, dada a importância do tema e os impactos ao meio ambiente re-
lacionados. Assim, um panorama teórico geral é apresentado ao aluno.
O capítulo também trata de um tema de extrema pertinência à
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perícia ambiental que são os passivos ambientais, ou seja, as obrigações
advindas da probabilidade da ocorrência de impactos ao meio ambiente.
Para que o aluno possa ter uma boa compreensão sobre o tema, primeira-
mente, o conceito de passivo ambiental é extensamente trabalhado e, pos-
teriormente, é definido como o tema é tratado pela lei. São apresentados
também instrumentos que podem auxiliar na identificação dos passivos
ambientais, o Estudo de Impactos Ambientais (EIA) e o Relatório de Im-
pactos Ambientais (RIMA). Tais instrumentos são muito importantes nesta
temática, sendo o RIMA considerado um dos instrumentos mais transpa-
rentes da perícia ambiental, que submete-se à apreciação pública.
O terceiro e último capítulo trata sobre os objetivos da perícia
ambiental e sua importância. A diferença entre licenciamento, auditoria
e perícia ambiental também é tratada nesse capítulo. Outro ponto apre-
sentado é o papel do assistente técnico na elaboração do laudo pericial,
11
a importância dos quesitos a serem respondidos e a função do laudo
pericial. Para finalizar esse capítulo, são apresentados os quesitos que
devem conter um laudo pericial como a caracterização da área de estu-
do, o diagnóstico ambiental e os impactos esperados na área.
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NOÇÕES BÁSICAS À PERÍCIA
AMBIENTAL

PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

Durante milhares de anos, a poluição natural, que é resultado


da decomposição de microrganismos, da exalação de gases de plan-
tas e vulcões, dentre outros, conviveu harmoniosamente durante muito
tempo. As atividades humanas, durante muito tempo, ficavam localiza-
das em poucos locais e a escala de poluição era bem menor conforme
Barbieri (2007, p.37):

“A ação humana desde os primórdios tem contribuído para a degra-


dação do meio ambiente. No início, embora a ação antrópica existis-
se, sua incidência sobre meio ambiente não comprometia recursos
naturais, pois as atividades humanas executadas voltavam-se basi-
camente para sua própria subsistência”.
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Com o advento da Revolução Industrial, em meados do século
XVIII, a Europa e o resto do mundo viveram muitas transformações no
que diz respeito às bases econômicas e sociais na transição do modo
de produção artesanal para o modo de produção industrial e a base
econômica passou a centrar-se na acumulação e reprodução do capital.
Desde a transição e paralelo às transformações no espaço rural,
observou-se a migração da população para as cidades e, na fase em que
ocorrem em conjunto à acumulação e à reprodução do capital, somou-se
à intensificação dos processos de urbanização. A transferência dos locais
de moradia e trabalho para a cidade concentrou, ou melhor, adensou o
uso do espaço e dos recursos e isso teve consequências, como a degra-
dação ambiental. O crescente aumento da degradação ambiental é um
assunto muito discutido por vários autores. Segundo Faria (2002, p. 4):

O crescimento da utilização da ciência e da tecnologia na exploração


dos recursos naturais não pode, por si só, ser responsabilizado pela
degradação do meio ambiente, mas sem dúvida constitui um dado
importante na história recente da relação sociedades com seus es-
paços. O modelo atual de desenvolvimento do capitalismo, a globali-
zação, está sustentado por uma grande produção de conhecimentos
científicos, técnicos e tecnológicos, que impulsionam no processo de
produção e circulação de mercadorias, mas no centro permanecem
a remuneração do grande capital e o lucro das grandes empresas.

O autor ainda fala que as grandes empresas interessadas nos


lucros, ignoram as riquezas naturais para transformá-las em capital, não
adotando nenhuma medida de prevenção e, sim, explorando sempre
mais, causando grandes catástrofes ambientais. Como por exemplo,
há autores que afirmam a influência no clima global devido ao desma-
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tamento da Amazônia e há consenso sobre as consequências no clima


urbano devido ao rápido processo de urbanização e a qualidade do ar
nas cidades (FARIA, 2002, p.13).
Com o capitalismo concretizado mundialmente, a poluição am-
biental teve um aumento significativo, mas a preocupação e as conse-
quências dessa poluição não foram consideradas um problema naquele
momento, pelo contrário, segundo FARIAS et al (2010), a percepção na
época era de que tudo podia ser extraído da natureza e depois devolvi-
do para ela, e a mesma seria responsável por promover a sua própria
recuperação. Contudo, a degradação ambiental já demonstrava diver-
sos sinais de que a terra estava chegando no limite da sua capacidade
produtiva “com a perda da biodiversidade, a redução da camada de
ozônio, a contaminação das águas, as mudanças climáticas decorren-
tes da intensificação do efeito estufa e outros” (BARBIERI, 2007, p. 8).
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Nesse contexto, muitos países procuravam formas e alternati-
vas de um desenvolvimento que integrasse a preservação da natureza
e os recursos naturais. Foi nesse cenário que começaram a surgir as
principais conferências sobre as questões ambientais no mundo. Os
problemas ambientais passaram a ser mais discutidos a partir da Confe-
rência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente. Como um marco da
consciência ambiental, ela ocorreu em 1972 na cidade de Estocolmo,
na Suécia, contando com o apoio e representação de diversas nações
na discussão entre desenvolvimento e meio ambiente.
Após uma década da Conferência em Estocolmo, foi formada a
Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, implementada
em 1983. Neste encontro foram utilizados e caracterizados os conceitos
de desenvolvimento sustentável, ou sustentabilidade como o desenvolvi-
mento que atende às necessidades das gerações atuais, sem comprome-
ter a capacidade das futuras gerações terem suas próprias necessidades
atendidas (UNESCO, 1972). No ano de 1992, foi realizada, na cidade do
Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
e Desenvolvimento, também conhecida como Cúpula da Terra, Rio-92 ou
Conferência do Rio, que foi considerada um marco para questões ambien-
tais no mundo. O encontro resultou na assinatura de cinco importantes
acordos ambientais: a Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desen-
volvimento; a Agenda 21, os Princípios para administração sustentável das
florestas; a Convenção da Biodiversidade; e a Convenção do Clima.
No ano de 1997, a cidade japonesa de Quioto sediou a Reu-
nião Mundial sobre o aquecimento potencial da atmosfera, onde ficou
estabelecida uma meta média de redução de 6% na emissão de gases
de estufa nos países industrializados, sendo o principal deles o dióxido
de carbono. Esse tratado ficou conhecido como “Protocolo de Quioto”
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(KAKU, 2002). Outra reunião realizada em 2002 foi a Rio+10, tam-
bém conhecida como Cúpula de Johanesburgo ou Conferência Mun-
dial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em Johanesburgo,
África do Sul, e teve como objetivo reavaliar e mostrar as conclusões
e diretrizes propostas na Rio-92, discutir sobre questões de preserva-
ção do meio ambiente e questões de cunho social, como a pobreza.
Um dos resultados dessa conferência foi a Declaração de Johanes-
burgo. Contudo, não obtiveram resultados muitos significativos como
o cancelamento das dívidas dos países pobres e os países que fazem
parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), não
firmaram acordo de utilizar 10% dos recursos renováveis.
Em 2012, na cidade do Rio de Janeiro aconteceu a Rio+20,
onde foi feito um balanço dos 20 anos que separam da Rio 92, a fim de
reforçar o compromisso dos Estados com a sustentabilidade e refletir
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sobre as ações adotadas desde então. Esse encontro resultou no do-
cumento que tem como principais propostas a erradicação da pobreza,
integrar aspectos sociais, econômicos e ambientais no desenvolvimen-
to sustentável, a proteção dos recursos naturais, mudança no modo de
consumo, promoção do crescimento econômico sustentável, redução
das desigualdades e melhoria das condições básicas da vida. Esse do-
cumento ficou conhecido como “O futuro que queremos”.
Considerando a Conferência de Estocolmo ocorrida em 1972,
que é considerada um marco para a proteção do meio ambiente, não
apenas nos outros países, o Brasil não ficou impassível das questões am-
bientais e passou a regularizar e criar leis que as norteiam. As sociedades
atuais tentam viver de forma mais harmônica possível, para administrar
essas relações. O Direito exerce uma função fundamental para dirimir os
conflitos. O Direito Ambiental, mais especificamente, busca pela proteção
do meio ambiente restringindo a ação prejudicial, estabelecendo regras
de condutas, medidas coercitivas, penalidades e buscando responsabi-
lizar os que infringem as leis de proteção ambiental, mostra-se cada vez
mais necessário devido à crise ambiental já existente.
Quando a interação do homem com o meio ambiente torna-se
desarmônica, o Direito Ambiental, se necessário, intervém com sanções
aos que descumprem as leis. As punições para esses tipos de descum-
primento podem ser desde a perda da liberdade até o pagamento de
multa. A base do Direito é estruturada através dos princípios que sustêm
e servem como guia na criação de leis. A área do Direito Ambiental tam-
bém possui seus princípios que são estruturados pelas leis brasileiras e
pelos acordos internacionais que o Brasil assinou, sobre os quais fare-
mos breves comentários.
- Princípio da Precaução: o meio ambiente só poderá ter al-
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guma intervenção a partir do momento que não haverá dúvidas em re-


lação ao seu dano, é a incerteza científica, se vai acontecer ou não,
a dúvida. Este princípio tem como assunto principal a prevenção da
irreversibilidade do dano potencial, entendida como a impossibilidade
de volta à sua condição anterior.
- Princípio da Prevenção: muito semelhante ao princípio da
precaução, o princípio da prevenção busca estabelecer os cuidados
que devem ser adotados para evitar danos ambientais. Este princípio
informa tanto o licenciamento ambiental como os próprios estudos am-
bientais, que são realizados com conhecimentos já adquiridos sobre
uma determinada intervenção no ambiente.
- Princípio do Poluidor-Pagador: o usuário dos recursos natu-
rais deve arcar com todos os passivos destinados a tornar possível o
seu uso. O primeiro aspecto que obriga a indenizar todo e qualquer
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dano causado pelo poluidor; o segundo aspecto diz respeito aos estu-
dos e todas as licenças necessárias para não causar danos ou deixar
nos níveis aceitáveis. Contudo, esse princípio não é uma punição e nem
dá o direito ao pagador de poluir.
- Princípio da Responsabilização do Dano Ambiental: é a respon-
sabilidade que o poluidor enfrenta de reparar e indenizar, por meio de mul-
tas, as áreas afetadas quando, mesmo usando de meios lícitos, por motivo
de negligência ou imperícia, acaba por provocar danos ao meio ambiente.
- Princípio da Publicidade ou Princípio da Informação: tem a
finalidade de formar a consciência ambiental, expandir o conhecimento
por meio da educação ambiental, a população em todos os seguimentos
tem o direito de receber as informações, e opinar. Todas as informações
ambientais recebidas pelos órgãos públicos devem ser transmitidas à
toda a sociedade, excluindo-se as informações que estão em segredo
de Estado ou industrial.
- Princípio da cooperação internacional: fica definido em seu
art. 4º, IX, a “cooperação entre os povos e progresso da humanidade”
da nossa Carta Magna, o princípio nas relações internacionais da Repú-
blica Federativa do Brasil. Por meio de convenções e tratados interna-
cionais de diversos países, firmarem metas conjuntas para a proteção
do meio ambiente, a participação se tornará obrigatória a partir do mo-
mento que o país decidir fazer parte e assinar os acordos, se compro-
metendo com as metas conjuntas.

CONCEITO DE MEIO AMBIENTE

Tudo aquilo que nos cerca pode ser definido como meio ambien-
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te. Para Melo (2007), os vocábulos “meio” e “ambiente” implicam na noção
daquilo que nos cerca, que é periférico, que está ao redor, em torno de
um centro. Para este autor, faz-se necessária uma compreensão do meio
ambiente a partir de uma visão biocêntrica, que considere o homem como
um ser integrado ao meio ambiente e não externo ao mesmo. Portanto,
o autor considera que é necessário contrapor-se à visão antropocêntrica,
que percebe o homem como o centro. Outro ponto a ser considerado, é o
fato de que o conceito de meio ambiente é amplo, podendo ser percebido
e estabelecido em diferentes perspectivas. Pode-se, por exemplo, definir o
que é o meio ambiente politicamente, biologicamente, ou até mesmo con-
centrar sua definição relacionada a algum tema particular, como a saúde; o
que é o meio ambiente considerando a saúde (CARVALHO, 2004).
Se o meio ambiente for percebido no sentido biológico, pode-
-se dizer que ele consiste na parte biótica (viva) e abiótica (física ou não
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viva). Nesta perspectiva, ele regula a vida dos organismos, incluindo os
seres humanos, e consiste na atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfe-
ra. Podendo, ainda, ser dividido em: a) micro meio ambiente; b) macro
meio ambiente; c) meio ambiente abiótico (físico); d) meio ambiente bi-
ótico (vivo). (BEGON et al., 2007).
- O micro meio ambiente seria o que circunda o organismo de
imediato, em escala mais próxima.
- O macro meio ambiente refere-se às condições abióticas e bi-
óticas que cercam o organismo externamente e em escala mais ampla.
- Meio ambiente físico considera fatores e condições como,
temperatura, luminosidade, umidade, solo, minerais etc. Estes fatores
estariam compondo a atmosfera, litosfera e hidrosfera.
- Meio ambiente inclui as formas de vida, plantas, fungos, ani-
mais e microrganismos.
Quando se considera uma escala mais ampla, além da biolo-
gia, incluindo outras áreas do conhecimento, como a sociologia, o con-
ceito de meio ambiente, torna-se, consequentemente, mais amplo. De
acordo com Melo (2007, p.44):

Meio ambiente é o conjunto dos elementos abióticos (físicos e químicos) e


bióticos (fauna e flora), organizados em diferentes ecossistemas naturais e
sociais em que se insere o homem, individual e socialmente, num processo
de interação que atenda ao desenvolvimento das atividades humanas, à pre-
servação dos recursos naturais e das características essenciais do entorno,
dentro dos padrões da natureza e dos padrões de qualidade definidos.

Ainda neste sentido, de acordo com Dias e Marques (2011), o


meio ambiente é a integração dos ecossistemas naturais e artificiais,
do solo, da água, do ar, do patrimônio histórico, paisagístico e turístico.
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José Afonso da Silva (2000, p. 20) salienta que:

O meio ambiente é, assim, a interação do conjunto de elementos


naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equi-
librado da vida, em todas as suas formas. A integração busca assumir
uma concepção unitária do ambiente, compreensiva dos recursos na-
turais e culturais.

Considerando-se a norma da lei sobre o meio ambiente, especifi-


camente, no Brasil, a definição estabelecida pela Lei nº 6.938/1981 dispõe
que meio ambiente é “o conjunto de condições, leis, influências e intera-
ções de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida
em todas as suas formas”. Neste sentido, a Constituição federal (CF) de
1988 tutelou alguns tipos de ambiente, classificando-os em meio ambiente
natural, meio ambiente artificial e meio ambiente cultural. Além de estabele-
18
cer dois objetos passíveis de proteção ambiental: o meio ambiente e a qua-
lidade de vida (DIAS; MARQUES, 2011). O meio ambiente natural é aquele
caracterizado pelos aspectos físicos, como o solo, subsolo, os mares, rios,
a fauna e flora, tutelado pelo artigo 225 § 1º, I, III e VII, da CF:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impon-
do-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o ma-
nejo ecológico das espécies e ecossistemas;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a su-
pressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies
ou submetam os animais a crueldade.

Como meio ambiente artificial, podemos considerar as cidades,


que são espaços urbanos, formados pelo conjunto de edificações e equipa-
mentos públicos (DIAS; MARQUES, 2011). Segundo Fiorilo (2002, p. 21),

O meio ambiente artificial recebe tratamento constitucional não ape-


nas no art. 225, mas também no artigo 182, ao iniciar o capítulo refe-
rente à política urbana; 21º, XX, que prevê a competência material da
União Federal de instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano,
inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos; 5º,
XXIII, entre alguns outros.

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O meio ambiente cultural, tutelado especificamente pelo artigo
216 da CF, define-se como:

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza mate-


rial e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de refe-
rência à identidade, à ação, à memória, dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I– as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destina-
dos às manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagismo, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

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A seguir, os principais pontos sobre a legislação brasileira acer-
ca do meio ambiente e suas caracterizações serão considerados, haja
vista a importância destas definições, tratando-se da perícia ambiental.

O conceito de meio ambiente é amplo, podendo ser con-


siderado sob diferentes perspectivas e áreas do conhecimento,
como a biologia e a sociologia. Atualmente, a CF tutela a existência
de três tipos de meio ambiente: natural, artificial e cultural, sendo
todos passíveis de preservação.

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

A Constituição Federal de 88, no capítulo relacionado ao meio


ambiente, estabelece como forma de reparação do dano ambiental três
tipos de responsabilidade: civil, penal e administrativa, todas indepen-
dentes e autônomas entre si (SILVA, 2012). Como meio de verificação
tem-se as perícias. Perícias, de acordo com Fingini et al. (2003), são
operações designadas a ministrar esclarecimentos técnicos à justiça.
Nos tempos atuais, a perícia ambiental torna-se peça-chave dada a
velocidade das mudanças ocorridas que promovem transformações no
meio ambiente, de forma acelerada e acentuada, culminando, inclusive,
na extinção de espécies e ecossistemas (ALMEIDA et al., 2003).
No ano de 1988, com a publicação da Lei no 9605 (Lei dos
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Crimes Ambientais), a legislação ambiental brasileira começou a contar


com mais de um instrumento para a preservação do meio ambiente, por
meio da responsabilização e aplicação de sanções, penais e administra-
tivas (MATTEI, 2006). Antes de apresentar a Lei de crimes ambientais
e suas normas, faz-se necessária a definição dos seguintes conceitos:
perícia, perícia ambiental e danos ambientais.

Perícia

A perícia é um meio de prova consistente promovida por parecer


técnico de pessoa habilitada. Ela presta-se a provar fatos de percepção
técnica, que dependem de conhecimento especializado. A perícia verifica
e certifica, tendo a percepção, observação e a apreciação, momentos de

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verificação. Ela tem caráter híbrido, incumbindo às partes indicar assis-
tente técnico e também apresentar quesitos. Em suma, ela versa sobre
fatos da causa que escapam ao conhecimento ordinário, pois relacionam-
-se ao conhecimento específico. A perícia pode haver em qualquer área
onde houver controvérsia ou pendência (SILVEIRA, 2006; ASSIS, 2011).

Perícia Ambiental

A perícia ambiental presta-se à análise de acontecimentos re-


lacionados com o meio ambiente. A perícia é pautada na Lei dos Crimes
Ambientais (no 9605). As atividades e análises técnicas serão realiza-
das à luz dos conhecimentos e de metodologia científica, em uma ótica
totalmente especializada, tendo como base análises de provas concre-
tas (IBRACAM, 2018; CORREIA, 2003).
Pode-se dizer que a atividade de perícia ambiental surge a par-
tir do crescimento da necessidade de avaliação dos danos cometidos
ao meio ambiente e a aplicação de multas e punição justas e pautadas
na norma da lei. Deste modo, a perícia ambiental é totalmente relacio-
nada à lei que tutela os crimes ambientais, lá constam as normas es-
pecíficas, que descrevem como as análises devem ser realizadas, bem
como a metodologia coerente com análises acerca de danos contra a
fauna, flora, solo, água e ar (IBRACAM, 2018; PEINADO, 2006).
A investigação dos fatos será realizada levando-se em consi-
deração as causas e consequências do dano. Todos os dados, devem
ser organizados em laudos periciais, pareceres técnicos. Muitas vezes,
a análise dos fatos requer formação de uma equipe especializada de
peritos e assistentes técnicos (IBRACAM, 2018; CORREIA, 2006). O

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laudo possui todas as informações e é a prova final que será julgado
pelo juiz responsável. E ao juiz cabe a análise do laudo, a extensão dos
dados e a imputação da pena (IBRACAM, 2018; CORREIA 2006).
É importante salientar que, para atuar como perito, o profissional
deve ser registrado e inscrito no fórum da região onde deseja atuar e a
escolha do profissional para determinado processo é realizada por juiz res-
ponsável pelo caso. Uma das profissões que na atualidade possui muitos
quesitos relacionados com a atividade de perícia ambiental é a engenharia
ambiental, associada a cursos técnicos de capacitação, além de cursos de
capacitação para aqueles que se especializam na área (IBRACAM, 2018).
No Brasil, a perícia ambiental tem evoluído dado o aprimoramento da legis-
lação e a rigidez nas leis tratando-se da conservação do meio ambiente e,
consequentemente, dos recursos naturais (IBRACAM, 2018).

21
Danos Ambientais

Quando o dano ambiental é considerado, um ponto que deve ser


esclarecido é que ele pode tanto afetar a coletividade, como estar rela-
cionado à esfera individual, o que permite que o indivíduo exija reparo do
dano, seja patrimonial ou não. A atividade do homem no meio ambiente
está relaciona a impactos, sejam eles positivos ou negativos e toleráveis
ou não ao meio ambiente. Um ponto que deve ser salientado é que nem
todo dano ao meio ambiente é reparável. Na verdade, os danos ao meio
ambiente são de difícil reparo (SILVA, 2012). De acordo com Silva (2012, p.
62), os danos ao meio ambiente apresentam as seguintes especificidades:

Os danos ao meio ambiente são irreversíveis; a poluição tem efeitos


cumulativos; os efeitos dos danos ecológicos podem manifestar-se
além das proximidades vizinhas; são danos coletivos e difusos em sua
manifestação e no estabelecimento do nexo de causalidade; tem re-
percussão direta nos direitos coletivos e indiretamente nos individuais.

A partir de tudo que foi exposto fica claro que o dano ambiental
é de difícil reparo, e que por isso deve ser priorizada a sua prevenção.
No que diz respeito aos crimes ambientais, eles podem ser classifica-
dos, de acordo com: contra a fauna; poluição dos recursos hídricos;
poluição sonora; poluição do ar; polução do solo; crimes contra o orde-
namento humano e patrimônio cultural.
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

Tendo em vista que agora você tem uma clara noção sobre
os conceitos de meio ambiente, perícia ambiental e danos ambien-
tais, você pode ter uma compreensão mais rica da Lei de crimes
ambientais. Atente-se bem às normas que serão apresentadas.

Lei de Crimes Ambientais

Conforme já mencionado, a Lei 9.605/98 dispõe sobre as san-


ções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas
ao meio ambiente e dá outras providências. De acordo com o Art. 2º,

Quem, de qualquer forma, concorre para as práticas dos crimes previstos

22
nesta lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilida-
de, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão
técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário da pessoa jurídica
que sabendo da conduta criminosa se outrem, deixar de impedir a sua práti-
ca, quando podia evita-la.

Com relação à aplicação da pena, é importante ressaltar a im-


posição e a graduação da penalidade, dada pelo Art 6º,

Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade com-


petente observará:
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas
consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação
de interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

A lei é dividida em seções e elas estabelecem e normatizam


os crimes contra a fauna, a flora, a poluição e outros crimes ambientais,
os crimes contra o ordenamento humano e o patrimônio cultural e os
crimes contra a administração ambiental.

É muito importante que você, aluno, consulte a Lei 9605/98


e se atenha às seções I, II, III, IV e V, pois elas normatizam os crimes
contra a fauna, a flora, a poluição e outros crimes ambientais; os
crimes contra o ordenamento humano e o patrimônio cultural e os
crimes contra a administração ambiental. Para o tema de perícia ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

ambiental é extremamente importante que o aluno tenha uma clara


noção de quais seriam os crimes tutelados pela lei. Acesse o link:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm.

Principais Leis, Resoluções e Portarias na Área Ambiental

A legislação ambiental brasileira é tida como uma das mais


evoluídas do mundo. De fato, existe um destacado arcabouço norma-
tivo visando a tutela ambiental e regulamentação das atividades liga-
das ao meio ambiente. A Constituição Brasileira de 1988 estabeleceu,
principalmente em seu artigo 225, a importância da preservação e re-
cuperação ambientais, determinando ser o meio ambiente equilibrado
23
essencial à sadia qualidade de vida e um direito de todos. Assim, vi-
sando elucidar a temática, elencamos aqui as principais leis ambientais
brasileiras, responsáveis pela tutela jurídica do meio ambiente.
Dentro deste vasto campo, o devido enfoque foi dado à Lei
de Crimes Ambientais, devido à sua importância no que diz respeito à
caracterização dos crimes ambientais e à imputação das penas cabí-
veis. No entanto, é importante considerar que a legislação ambiental
brasileira é um campo vasto, são muitas leis, resoluções e portarias que
existem dentro do direito ambiental. Sendo assim, dada a relevância do
tema, abaixo serão listadas as principais:
- Lei da Política Nacional do Meio Ambiente – Lei 6.938/1981:
esta lei institui a Política Nacional do Meio Ambiente e o Sistema Na-
cional do Meio Ambiente, dando diretrizes de que o poluidor é obrigado
a indenizar os danos ambientais que causar e que o Ministério Público
pode propor ações de responsabilidade civil ao meio ambiente, determi-
nando ao poluidor a obrigatoriedade de recuperação e/ou indenização
dos prejuízos causados. A lei também dá diretrizes sobre a obrigatorie-
dade de estudos e respectivos relatórios de impacto ambiental.
- Lei de Recursos Hídricos – Lei 9.433/1997: esta lei institui a
Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Re-
cursos Hídricos. Definindo a água como recurso natural limitado, dotado
de valor econômico, podendo ter múltiplos usos – consumo humano, pro-
dução de energia, transporte, lançamento de esgotos. A lei prevê também
a criação do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos
para a coleta de tratamento, armazenamento e recuperação de informa-
ções sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão.
- Novo Código Florestal Brasileiro – no 12.651/2012: ele nor-
matiza a proteção da vegetação nativa e revoga o Código Florestal Bra-
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

sileiro de 1655. Desde a década de 1990, a proposta de reforma do


Código Florestal suscitou polêmica entre ruralistas e ambientalistas.
- Lei do Parcelamento do Solo Urbano – 6.766/1979: esta lei
estabelece normas para loteamentos urbanos, proibidos em áreas de
preservação ecológica, em áreas onde a poluição representa perigo à
saúde e em terrenos alagadiços.
- Lei da Ação Civil Pública – Leis 7.347/1985 e 11.448/2007: a
lei 7.347/1985 possui interesses um tanto difusos, ela trata da ação civil
pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao
consumidor e ao patrimônio artístico, paisagístico, de responsabilidade
do Ministério Público Brasileiro.
- Resolução CONAMA nº 357/2005: estabelece a classificação
dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento;
Lei 9.966/2000: estabelece a prevenção, o controle e a fiscalização da
24
poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas
e perigosas em águas sob jurisdição nacional;
- Portaria do Ministério da Saúde no 518/2004: estabelece os
procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade;
- Saneamento Básico – Lei 11.445/2007: estabelece diretrizes
nacionais para o saneamento básico;
- Áreas de Preservação Permanente / Código Florestal – Lei
4.771/1965: institui o novo Código Florestal e define áreas de preserva-
ção permanente e reserva legal.
- Resolução CONAMA nº 302/2002: dispõe sobre os parâme-
tros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de re-
servatórios artificiais e o regime de uso do entorno.
- Unidades de conservação – Lei 9.985/2000: cria o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação – SNUC.
- Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas de Poluição – Lei
6.803/1980: dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento in-
dustrial nas áreas críticas de poluição.
- Substâncias controladas e poluentes – Resolução CONAMA
nº 23/1996: regulamenta a importação e uso de resíduos perigosos.
- Resolução CONAMA nº 257/1999: estabelece que pilhas e
baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mer-
cúrio e seus compostos tenham os procedimentos de reutilização, re-
ciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequados.
- Resolução CONAMA nº 267/2000: proibição de substâncias
que destroem a camada de ozônio;
- Resolução CONAMA nº 358/2005: dispõe sobre o tratamento
e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
providências.
- Agrotóxicos – Lei 7.802/1989: dispõe sobre a pesquisa, a ex-
perimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o
armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utiliza-
ção, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embala-
gens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização
de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.
- Resolução CONAMA nº 334/2003: dispõe sobre os procedi-
mentos de licenciamento ambiental de estabelecimentos destinados ao
recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos.
- Artigo 225 caput da Constituição Federal/1988: ele versa so-
bre o meio ambiente estabelecendo: que todos têm o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
25
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.

Conforme foi possível perceber, existe uma grande quantida-


de de legislação pertinente à área de preservação ambiental. Aqui fo-
ram salientadas apenas as principais normativas, que versam sobre
diversos tópicos que abrangem a área, como as penalidades cabíveis
às infrações cometidas ao meio ambiente, normativas para a realiza-
ção de estudos e relatórios de impactos ao meio ambiente, criação de
áreas de preservação permanente, uso de agrotóxicos, preservação
dos recursos hídricos, dentre outros temas. Sendo assim, embora o
tema seja amplo, o perito ambiental deve ter um conhecimento acerca
das normativas principais, para o bom exercício da sua função.
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

26
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2012 Banca: FEPESE Órgão: FATMA Prova: Advogado Nível:
Superior
Considerando a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), assina-
le a alternativa correta:
a) O crime de destruição de floresta de preservação permanente não
admite modalidade culposa.
b) Perseguir espécimes da fauna silvestre sem permissão, licença ou
autorização da autoridade competente é caracterizado como crime con-
tra o meio ambiente.
c) Aquele que pratica experiências para fins didáticos ou científicos com
animais não incorre, em nenhuma hipótese, na pena prevista para o
crime de maus tratos aos animais.
d) A liberação de balões de festa junina capazes de provocar incêndios
não caracteriza crime contra a flora.
e) A alteração do aspecto de edificação protegida — isto é, tombada em
função de seu valor histórico ou cultural — caracteriza infração adminis-
trativa e enseja a responsabilidade civil para reparação do dano, mas
não configura delito de natureza criminal.

QUESTÃO 2
Ano: 2012 Banca: FCC Órgão: TRF 5º Região Prova: Analista Judi-
ciário Nível: Médio.
Em matéria de crimes ambientais (previstos na Lei no 9.605/1998) e
da responsabilidade das pessoas jurídicas,
a) a lei prevê apenas a responsabilidade civil e administrativa da pessoa
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
jurídica e penal de seus representantes legais.
b) a responsabilidade penal da pessoa jurídica depende da verificação
de dolo do administrador.
c) a responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas
físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.
d) caberá apenas a responsabilidade civil quando a infração for cometi-
da por decisão de seu representante legal, ou de seu órgão colegiado,
no interesse ou benefício da sua entidade.
e) pelo princípio constitucional da individualização da pena, não caberá,
em hipótese alguma, a responsabilidade penal da pessoa jurídica.

QUESTÃO 3
Ano: 2012 Banca: CESGRANRIO Órgão: Petrobras Prova: Advoga-
do Nível: Superior
27
Sobre responsabilidade por danos ambientais e meios judiciais de
proteção ambiental, sabe-se que a:
a) Administração Pública não pode ser considerada responsável por
danos ambientais que decorram da omissão de seu dever de fiscalizar,
ainda que contribua diretamente para a degradação ambiental.
b) comprovação dos danos causados ao meio ambiente não é exigida,
no caso de ação civil pública de responsabilidade pelo derramamento
de óleo em águas marítimas.
c) execução judicial de termo de ajustamento de conduta depende de
laudo comprobatório dos danos ambientais causados que tenham dado
origem àquele.
d) pessoa física ou jurídica que contribua indiretamente para a ocorrên-
cia de um dano ambiental pode ser considerada poluidora.
e) formação do litisconsórcio passivo é obrigatória nas ações judiciais
que tenham como objetivo a reparação de danos ambientais.

QUESTÃO 4
Ano: 2012 Banca: FCC Órgão: TCE-AP Prova: Analista de Controle
Nível: Médio.
O desenvolvimento sustentável visa atender às necessidades do
presente sem comprometer as possibilidades de as gerações fu-
turas atenderem suas próprias necessidades. Esta afirmação se
baseia em duas ideias:
a) Todos os recursos naturais são infinitos e qualquer dano ambiental
causado pelo homem é reversível.
b) Os recursos naturais não são suficientes nem para a geração atual e
os danos ambientais causados pelo homem são sempre irreversíveis.
c) Muitos recursos naturais são finitos e danos ambientais causados
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

pelo homem podem ser irreversíveis.


d) Os recursos naturais são suficientes para muitas gerações e todos os
danos ambientais causados pelo homem são reversíveis.
e) Os recursos naturais já estão praticamente esgotados e qualquer
dano ambiental causado pelo homem é reversível.

QUESTÃO 5
Ano: 2016 Banca: IADHED Órgão: Prefeitura de Araguari – MG Pro-
va: Procurador Municipal Nível: Superior.
Qual princípio reconhecido, inspirador da conduta administrativa e
com origem no âmbito do direito ambiental, exige da Administração
Pública a adoção de postura preventiva com o fito de evitar que even-
tuais danos à coletividade ou ambientais acabem por concretizar-se:
a) Princípio da premonição.
28
b) Princípio da antecipação.
c) Princípio da precaução.
d) Princípio do desenvolvimento sustentável.
e) Princípio da Verdade.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Em 1992, a cidade do Rio de Janeiro foi palco da Conferência das Na-
ções Unidas sobre o meio ambiente e Desenvolvimento, conhecida como
Rio-92, essa reunião teve uma importante contribuição para as questões
ambientais. Quais foram os cinco acordos assinados nessa reunião?

TREINO INÉDITO
Dentre as competências da função do perito técnico, assinale a
alternativa que não corresponde a sua função técnica:
a) Atuar como auxiliar da justiça e ser habilitado e nomeado pelo juiz
para opinar.
b) Elaborar Laudo pericial além das informações prestadas por ele.
c) O perito técnico será fiscalizado pelo assistente técnico na execução
de um laudo pericial.
d) O perito atua nos crimes contra fauna, flora, poluição, ordenamento
político, administração pública e crimes de usurpação.
e) O perito julga os processos judiciais.

NA MÍDIA
BRASIL FALHA NA APLICAÇÃO DE LEIS AMBIENTAIS, DIZ ONU
Apesar de ter sido um dos primeiros no mundo a fortalecer legislação
ambiental, país falha na hora de punir infratores. Dificuldade em frear
mortes de ambientalistas é apontada como um dos principais desafios.
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
Na história da evolução das leis ambientais no mundo, o Brasil ganha
um papel de destaque: poucos países têm uma legislação tão ampla
quanto a brasileira. Já em 1988, a Constituição dedicava um capítulo
todo ao meio ambiente, dando ao poder público a tarefa de garantir a
preservação para as gerações atual e futuras.
Embora reconheça esse feito do Brasil, um estudo global lançado nesta
quinta-feira (24/01) pelas Nações Unidas chama também atenção para
falhas na aplicação da legislação. “A implementação das leis ainda é
fraca”, diz Carl Bruch, um dos autores do Relatório sobre o Estado do
Direito Ambiental, da ONU Meio Ambiente.
Entre os sinais mais alarmantes da falta de rigor no cumprimento das
leis ambientais no país, Bruch ressalta o número de assassinatos de ati-
vistas. De 2000 a 2015, o relatório aponta que 527 ambientalistas foram
mortos no Brasil. Honduras e Filipinas são os próximos do ranking, com
29
129 e 115 assassinatos, respectivamente.
Data: 24 jan. 2019.
Leia a notícia na íntegra: https://www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/24/
brasil-falha-na-aplicacao-de-leis-ambientais-diz-onu.htm.

NA PRÁTICA
No Brasil, a preocupação com as questões ambientais é recente, mea-
dos do século XX; contudo, a legislação brasileira em relação às ques-
tões ambientais é uma das mais rigorosas em comparação com outros
países. O meio ambiente está diretamente ligado ao desenvolvimento
econômico e social, é nesse campo que o judiciário entra especifica-
mente com o direito ambiental, que busca não apenas a preservação
ambiental propriamente dita, mas, também compatibilizar o desenvolvi-
mento econômico e social com a preservação do meio ambiente.
É nesse sentido que se busca uma relação harmoniosa do homem com
o meio ambiente. Quando essa relação não é justa, as decisões sobre os
responsáveis passam para a esfera jurídica. É nesse cenário que o perito
judicial auxilia nas decisões do juiz, com a elaboração de um laudo técni-
co-científico elucidando todas as questões levantadas no processo, a fim
de explicar de forma clara, objetiva e verídica os fatos ocorridos.
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

30
IMPACTOS E PASSIVOS AMBIENTAIS

ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS


IMPACTOS E PASSIVOS AMBIENTAIS

Este capítulo tem como objetivo trabalhar os impactos e os


passivos ambientais. No entanto, antes deste tema ser especificamente
abordado, faz-se necessária a compreensão de tópicos relacionados à
ecologia, haja vista que uma perícia ambiental bem-feita está estritamen-
te relacionada com a capacidade de fundamentação teórica do perito.

A ECOLOGIA E OS RECURSOS NATURAIS

A ecologia deixou de ser uma área restrita à biologia, ela é


também uma forma de pensar a relação do homem com a sociedade e
3131
com a natureza. Ecologia, significa, atualmente, propor novas formas de
desenvolvimento, voltadas à melhoria da qualidade de vida e à preser-
vação do meio ambiente (BEGON et al., 2007).
Como ciência, ecologia é a área que estuda os seres vivos
e suas relações com os outros seres vivos e com o meio ambiente. A
palavra ecologia vem do grego e significa o estudo da “casa” onde se
vive (BEGON et al., 2007). Dentro da ecologia temos alguns conceitos
importantes, para a melhor compreensão do meio ambiente, são eles:
- Fatores abióticos: são fatores físicos ou químicos, como, por
exemplo, temperatura, pH, salinidade, luminosidade etc.
- Fatores bióticos: organismos vivos.
- População: conjunto de organismos da mesma espécie que
vivem juntos, quando consideramos o mesmo espaço e tempo.
- Comunidade ou biocenose: conjunto de populações que vi-
vem em determinado local no mesmo espaço e tempo.
- Ecossistema: é formado pela parte biótica e abiótica. Como
exemplo de ecossistema podemos citar desde uma ferida até uma flo-
resta tropical.
- Biosfera: é o conjunto de ecossistemas, são as regiões que
compõem o globo terrestre.
- Biota: conjunto de seres vivos que habitam determinado am-
biente geológico, por exemplo, biota lagunar (seres que habitam lago-
as), biota marinha (seres que habitam o ambiente de água salgada,
biota terrestre (seres que habitam áreas continentais).
- Habitat: é o local onde os organismos vivem, como se fosse
o endereço deles.
- Nicho ecológico: é o papel do organismo no local, como se
fosse a sua profissão.
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

A perícia ambiental, considerando todas as características do


meio ambiente em homeostase (ou seja, em equilíbrio), visa encontrar
desequilíbrios, percebendo suas causas e compreendendo as suas
consequências. Deste modo, pode-se dizer que a perícia ambiental visa
detectar alterações que ocorrem no meio físico, biológico e antrópico.
Sendo que o meio físico, englobaria o solo, a água e o ar. Já a parte
biótica, biológica, englobaria os seres vivos – animais, plantas, micror-
ganismos, fungos (LAZZARINI, 2005).
Recursos naturais são bens extraídos da natureza de forma direta
ou indireta, que são transformados para a utilização pelo homem. A Lei
6.938/81 considera recursos ambientais a atmosfera, as águas interiores,
superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo
e os elementos da biosfera. Tais recursos podem ser divididos em renová-
veis e não renováveis. Se após o uso, os recursos podem ser renovados,
32
são ditos renováveis. A fauna, as floras, entre outros, podem ser conside-
radas passíveis de renovação. Por outro lado, existem os recursos não
renováveis, por exemplo, a água e o petróleo (FREITAS, 2019).
A reflexão acerca do que são recursos renováveis e não reno-
váveis é muito importante, porque as características dos recursos impli-
cam diretamente na forma de utilização dos mesmos. Por exemplo, os
recursos renováveis devem ser utilizados racionalmente de forma que
o seu uso permita a sua renovação; já os não renováveis devem ser
utilizados de forma que não deixem de existir (FREITAS, 2019).
Embora o termo “recursos naturais” seja muito utilizado para
fazer menção aos recursos advindos do meio ambiente, a legislação
brasileira adotou, preferencialmente o termo “recursos ambientais”. .....
Tratando-se dos recursos, um outro termo frequentemente utilizado é o
“valor ambiental”. Valor sugere um conceito de bem ou serviço. No caso
dos serviços ambientais, os economistas iniciam o processo de mensu-
ração do valor distinguindo entre valor de uso e valor de não uso do bem
ou do serviço ambiental (COSTA, 2018).
O valor de uso (VU) refere-se ao uso efetivo ou potencial que o
recurso pode prover. Por exemplo, o valor que os indivíduos estão dispos-
tos a pagar para visitar determinado parque ou conservar determinadas
espécies, que possuem interesse econômico (COSTA, 2018). O valor de
não uso (VNU) ou valor intrínseco ou, ainda, valor de existência, é um va-
lor que reside nos recursos ambientais. O valor que determinado ambien-
te tem por si próprio, não considerando a relação que possui com os seres
humanos. É um valor quando consideramos o uso efetivo no presente ou
no futuro (COSTA, 2018). O conceito de valor é muito importante, pois ele
está diretamente relacionado às estimativas dos danos ao meio ambiente
quando medidas mitigatórias ou aplicação de penas como, por exemplo,
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
as multas. De acordo com Marques e Comune (1996):

Existe a necessidade de valorar corretamente os bens e serviços do meio


ambiente, entendidos no desempenho das funções: provisão de matérias pri-
mas, capacidade de assimilação de resíduos, amenidade, estética e recrea-
ção, biodiversidade e capacidade de suporte às diversas formas de vida no
planeta Terra. Há, também, necessidade de procurar integrar esses valores
apropriadamente estimados, às decisões sobre a política econômica e am-
biental e aos cálculos das contas econômicas nacionais.

É muito importante que o aluno tenha domínio sobre estes


33
conceitos ecológicos, pois eles darão fundamentação teórica aos
peritos. Lembrem-se sempre, um bom perito é aquele que tem boa
fundamentação teórica. Fique sempre atento a isso!

IMPACTO E POLUIÇÃO AMBIENTAL

Impacto Ambiental

De acordo com Milaré (2001, p. 15), ao discutir a legislação


ambiental brasileira, na terminologia do Direito Ambiental,

A palavra impacto aparece com o sentido de ‘choque ou colisão’ (sólidos,


líquidos ou gasosos), de radiações ou de formar diversas de energia, de-
correntes das realizações de obras ou atividades com danosa alteração do
ambiente natural, artificial, cultural ou social.

O impacto ambiental tem uma ou mais causas e é resultado da


ação humana no meio ambiente. De acordo com Oliveira-Filho (2013), o
quadro atual de degradação das condições ambientais possui sua raiz
na exploração desenfreada dos recursos naturais, ocasionando muitos
problemas como: emissão de gases estufa, chuva ácida, poluição de rios,
inundações, assoreamento, lixo, uso excessivo de agrotóxicos, desmata-
mento, degradação dos solos, deslizamento de encostas. De acordo com
a resolução do CONAMA no 001/86, Art 1º, impacto ambiental é:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do


meio ambiente, causadas por qualquer forma de matéria ou energia re-
sultante das atividades humanas que direta ou indiretamente, afetam:
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

I. A saúde, a segurança e o bem-estar da população.


II. As atividades sociais e econômicas.
III. A biota.
IV. As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente.
V. A qualidade dos recursos ambientais.

Ao interpretar a resolução do CONAMA no 001/86, fica claro


que qualquer atividade que o homem exerça no meio ambiente provo-
cará um impacto ambiental. No entanto, a resolução não deixa claro se
o impacto é negativo ou positivo, ou seja, ambos os tipos são impactos
ambientais. Infelizmente, a maioria dos impactos ao meio ambiente oca-
sionados pelo homem são negativos, resultando em poluição ambiental.
Dada a importância deste tema, agora ele será tratado especificamente.

34
Poluição Ambiental

De acordo com Livro 1 (SÁNCHES, 2013), o verbo poluir é


de origem latina, pollure, e significa manchar, sujar. Poluir é profanar a
natureza, sujando-a. Em muitos países, a incorporação de temas am-
bientais no debate público ocorreu nos anos ou décadas após o tema
ter acedido à agenda internacional. No Brasil, as primeiras leis que
explicitamente visavam à proteção ambiental tratavam principalmente
de temas relacionados à poluição. Neste sentido, muitos problemas
denominados ambientais foram relacionados intimamente à noção de
poluição (SÁNCHES, 2013). Há diversos tipos de poluição, como a so-
nora, visual, hídrica, solo, atmosférica, dentre outras. Dada a importân-
cia deste tema, quando consideramos a temática da perícia ambiental,
segue uma breve descrição sobre os principais tipos de poluição.
- Poluição sonora: é um tipo de poluição comum em centros
urbanos, ou com aglomerado de pessoas, que gera barulho excessi-
vo. Este tipo de poluição pode ser gerado, por exemplo, pelo trânsito e
equipamentos de construção. É um tipo de poluição associada a danos
à saúde humana. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o volume
máximo de sons que devemos ouvir, está na ordem de 65 decibéis. No
entanto, muitos ambientes em grandes centros urbanos estão associa-
dos a barulhos com volumes maiores que estes (PEINADO, 2019).
- Poluição visual: é causada pelo excesso de publicidade em
cartazes, outdoors e placas espalhadas em ambientes urbanos. O que
constitui em uma grande concentração de estímulos visuais. Embora,
aparentemente, possa não parecer agressiva, a poluição visual pode in-
tensificar ou gerar estresse. Além disso, pode tornar o ambiente menos
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
confortável para a ocupação humana (PEINADO, 2019).
- Poluição hídrica: consiste na degradação dos recursos hídricos,
resultando na poluição de lagos, rios, córregos e também dos mares e
oceanos. Está frequentemente associada ao derramamento indevido de
esgotos, mas também à poluição de áreas de bacias hidrográficas. A po-
luição destas áreas e as chuvas fazem com que o lixo seja conduzido aos
cursos de água. Já quando se consideram os oceanos e lagos, uma causa
de poluição frequente é o derramamento de petróleo (PEINADO, 2019).
- Poluição do solo: ocorre associada à poluição generalizada
dos solos, afetando as atividades econômicas e o ambiente ao redor.
Os lixos armazenados em aterros consistem no principal tipo de polui-
ção do solo. Nestes locais, há a produção de um lixo tóxico conhecido
como chorume, que penetra no subsolo e pode atingir o lençol freático.
Em cemitérios, pode acontecer o mesmo processo (PEINADO, 2019).
35
- Poluição atmosférica: envolve a poluição do ar em geral, que
tem como principal causa a emissão de poluentes, pelas fábricas, esca-
pamento de automóveis, processos frequentemente associados à quei-
ma de combustíveis fósseis. Sendo assim, a queima do petróleo e seus
derivados, além do carvão mineral, é a principal causa deste tipo de po-
luição. Os efeitos da poluição atmosférica são diversos. Segundo o Pai-
nel de Mudanças Climática (IPCC) da Organização das Nações Unidas
(ONU), as atividades humanas têm gerado uma maior concentração
de gases causadores de efeito estufa, sendo o principal deles o CO2,
intensificando o problema do aquecimento global (PEINADO, 2019).
Atualmente, a poluição atmosférica tem sido muito debatida,
dada a sua relação com o aquecimento global, em decorrência do au-
mento, na atmosfera, de gases associados ao efeito estufa. O efeito
estufa é um fenômeno natural e extremamente importante para a manu-
tenção da vida na terra. Por meio deste efeito, a terra consegue manter
temperaturas médias globais compatíveis com a vida. O efeito estufa
funciona da seguinte forma, o sol emite calor que incide na terra, parte
dele é absorvida pela terra e parte é refletida de volta para o espaço. No
entanto, uma parcela da radiação irradiada pela superfície fica retida na
atmosfera em decorrência da presença de gases de efeito estufa, que
impedem que o calor seja totalmente dissipado no espaço. Permitindo
a manutenção do equilíbrio energético e evitando a ocorrência de gran-
des amplitudes térmicas; por isso o nome efeito estufa, é como se uma
grande estufa fosse formada (Figura 1) (SOUSA, 2019).

Figura 1 - Funcionamento do Efeito Estufa


ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

Fonte: SILVA, R. W. C; PAULA, B. L. (2009, p. 43)

Quando consideramos os gases do efeito estufa, são quatro


os principais: o dióxido de carbono, o gás metano, óxido nitroso, gases
36
fluoretados e vapor de água. Conforme mencionado, o efeito estufa é
um efeito natural, o que acontece é que nas últimas décadas ele tem
sido intensificado pelo aumento da concentração de gases relaciona-
dos a este efeito na atmosfera. Fatores como atividade industrial, uso
de transportes, desmatamento e aumento da produção agrícola, estão
relacionados com o aumento do efeito estufa (SOUSA, 2019).
O aumento de gases do efeito estufa na atmosfera tem sido
associado a mudanças climáticas, o que ficou conhecido como o aque-
cimento global. Nesta lógica, quanto mais gases estufa são emitidos,
mais o quadro de aquecimento se intensificaria. No entanto, é importan-
te ressaltar que este ainda é um tema de muito debate na comunidade
científica. Existe uma parcela desta comunidade que discorda desta re-
lação entre o aquecimento global e a emissão de gases do efeito es-
tufa. Estes pesquisadores argumentam que o aquecimento elevado é
apenas mais uma fase de oscilação climática na terra, fazendo parte da
sua dinâmica. Embora não haja unanimidade de opinião com relação
a este tema, seu debate é de extrema importância, tendo em vista as
consequências do aquecimento global (SOUSA, 2019).
O aquecimento global implica em severas consequências na
dinâmica climática da terra e também pode afetar a biodiversidade do
planeta. Segundo a IPCC, as consequências seriam:
- Derretimento das calotas polares e aumento do nível do mar.
- Agravamento da segurança alimentar, prejudicando as colhei-
tas e a pesca.
- Extinção de espécies e danos a diversos ecossistemas.
- Perdas de terras em decorrência do aumento do nível do mar,
provocando também ondas migratórias.
- Escassez de água em algumas regiões.
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
- Inundações nas latitudes do norte e no Pacífico Equatorial.
- Riscos de conflitos em decorrência da escassez de recursos
naturais.
- Problemas de saúde provocados pelo aumento do calor.
- Previsão de aumento da temperatura em 2ºC até 2100, com-
parado ao período pré-industrial (1850 a 1900).

Faz parte da construção do conhecimento científico e, de


certo modo, da metodologia científica o debate pautado na ex-
perimentação científica. Sendo assim, para uma visão crítica do
37
processo científico e até mesmo para a construção de cidadãos
críticos, o debate de diferentes proposições é essencial. Alunos,
fiquem sempre atentos às diferentes abordagens e estudos acerca
de um mesmo tema, grande parte do conhecimento é construído
como base em um panorama geral sobre o tema!

Uma vez que os conceitos de impacto e poluição ambientais


foram apresentados, o tema dos passivos ambientais, que envolve o
conjunto de obrigações que as empresas têm com a natureza e com
a sociedade, pode ser agora apresentado. É importante ressaltar que
este tema é de extrema relevância à perícia ambiental.

PASSIVOS AMBENTAIS

Quando se trata do tema passivos ambientais, as discussões


são amplas, pelo fato deste tema estar relacionado a multas, penalida-
des e violações de leis ambientais. Embora seja um tema muito abran-
gente, os passivos ambientais podem ser definidos como obrigações
adquiridas em decorrência de transações anteriores ou presentes, que
provocaram ou provocarão danos ao meio ambiente ou a terceiros de
forma voluntária ou involuntária, os quais deverão ser indenizados por
meio da entrega de benefícios econômicos ou prestação de serviços no
futuro (GALDINO et al., 2002).
Deste modo, passivos são exigibilidades, incluindo-se os pas-
sivos contingentes (MACHADO, 2002). Ludícibus (2000, p. 148) define
exigibilidade contingente, segundo uma definição clássica, como: “Uma
exigibilidade contingente é uma obrigação que pode surgir, dependen-
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

do da ocorrência de um evento futuro. Entretanto, é preciso observar


que muitos passivos estimados dependem da ocorrência de eventos
futuros”. De acordo com Machado (2002), passivos contingentes são
as obrigações advindas da probabilidade de ocorrência de determinada
transação ou eventos futuros, normalmente ligados à incerteza.
De forma mais simplificada, passivos ambientais são as obriga-
ções (financeiras, econômicas, sociais etc.) necessárias para preservar,
recuperar e proteger o meio ambiente. A identificação do passivo ambiental
diz respeito não só à sanção a ser aplicada por um dano já realizado ao
meio ambiente, mas também as medidas de prevenção de danos ambien-
tais que têm reflexos econômico-financeiros (ARAYA, 2013). Para a ONU
(RIBEIRO, 2006, p. 77-78), há três tipos de obrigações provenientes dos
passivos ambientais:
- Legais: provenientes de instrumentos com força legal (legisla-
38
ções, penalidades impostas por lei etc.).
- Justas: refletem as obrigações que a empresa é obrigada a
cumprir, por fatores éticos e morais, independentemente de lei.
- Construtivas: a empresa se propõe espontaneamente a cum-
pri-las, extrapolando as exigências legais.
O passivo ambiental passa a existir quando houver a obriga-
ção da entidade prevenir, reduzir ou retificar um dano ambiental, sob
a premissa de que a entidade não possui condições para evitar esta
obrigação. É importante também para a sua exigibilidade que o passi-
vo ambiental possa ser razoavelmente estimado (ARAYA, 2013). Para
que o passivo ambiental seja determinado, evidentemente, ele deve ser
identificado. Neste sentido, é muito importante tratar da identificação
dos passivos ambientais.

Identificação dos Passivos Ambientais

Segundo Kraemer (2003), para o levantamento de passivo am-


biental devem ser realizadas algumas atividades básicas, a saber:
- Inspeção ambiental da organização ou processo a ser analisado.
- Documentação fotográfica dos itens de passivo encontrados.
- Identificação dos processos de transformação ambiental que
deram origem aos itens de passivo identificados.
- Caracterização ambiental dos itens de passivo e de seus pro-
cessos causadores.
- Hierarquização dos itens de passivo, em termos de sua repre-
sentatividade, assim como de seus processos causadores.
Ainda segundo Kraemar (2003), quando os levantamentos de
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
passivo ambiental demandam ainda atividades relativas à proposição
de ações corretivas e preventivas, devem ser realizadas as seguintes
tarefas complementares:
- Estabelecimento de ações corretivas e preventivas para cada
item de passivo identificado.
- Orçamento das ações propostas, considerando recursos hu-
manos, técnicos e logísticos necessários, assim como eventuais servi-
ços de terceiros.
Outros instrumentos que podem auxiliar na identificação de
passivos ambientais são: O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Re-
latório de Impacto Ambiental (RIMA) (MACHADO, 1995). Dada a im-
portância destes instrumentos, é necessária uma descrição mais deta-
lhada do caráter dos mesmos. O EIA é um dos instrumentos utilizados
para identificar, prevenir e compensar alterações prejudiciais ao meio
39
ambiente produzidos por empreendimentos ou ações com significativo
impacto ambiental (MOURA, 2006). De acordo com Moura (2006),

O uso deste instrumento no licenciamento ambiental visa minimizar, mitigar


ou compensar os impactos causados, ou até mesmo evitá-los quando o Es-
tudo de Impacto Ambiental e as manifestações públicas demonstrarem que a
ocorrência de impactos é ambientalmente inaceitável e que os benefícios à
sociedade serão maiores na hipótese da não realização do empreendimento
proposto pelo Estado ou pela iniciativa privada.

A Resolução CONAMA nº 001/86 Art 6º define que


o EIA desenvolverá as seguintes atividades técnicas:

I – Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição


e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de
modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do
projeto, considerando:
a)   o meio físico – o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recur-
sos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o
regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas;
b)   o meio biológico e os ecossistemas naturais – a fauna e a flora,
destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor
científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de
preservação permanente;
c)   o meio socioeconômico – o uso e ocupação do solo, os usos da água e
a sócio economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históri-
cos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade
local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.
II – Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através
de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos
prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e nega-
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

tivos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo


prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas proprie-
dades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais.
III – Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas
os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avalian-
do a eficiência de cada uma delas.
IV – Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os
impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem
considerados).

O EIA é realizado por uma equipe de profissionais que são


remunerados pelo empreendedor. O EIA dá origem ao RIMA e este é
avaliado também por uma equipe multidisciplinar do Órgão Ambiental.
O RIMA também se submente à apreciação pública, consistindo, por-
tanto, em um dos instrumentos mais transparentes do meio ambiental.
40
O Estudo de Impactos Ambientais e Relatório de Impactos
Ambientais são de extrema importância na definição dos Passivos
Ambientais. Deste modo, é muito importante que os profissionais
que desenvolvam o EIA e o RIMA sejam especialistas, da mesma
forma que é imprescindível uma equipe multidisciplinar.

Quantificação dos Passivos Ambientais

Conforme descrito anteriormente, os impactos ao meio am-


biente geram passivos ambientais. A contabilidade é a área da ciência
que participará na estimativa monetária destes passivos. Deste modo,
surge a gestão ambiental, que é um conjunto de ações que a empresa
desenvolve no sentido de minimizar ou eliminar os efeitos da degrada-
ção do processo produtivo da empresa (MARQUES et al., 2016). A se-
guir, o conceito de contabilidade ambiental será apresentado com maio-
res detalhes, dada a importância do tema no que se refere aos passivos
ambientais. Outro conceito melhor discutido será o de gestão ambiental.

Contabilidade Ambiental

A contabilidade ambiental pode ser conceituada segundo Car-


valho (2012, p. 111) “como o destaque dado pela ciência aos registros

ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS


e evidenciações da entidade referentes aos eventos relacionados ao
meio ambiente”. Em outras palavras, pode ser definida como o resul-
tado positivo ou negativo que a fabricação ou desenvolvimento de um
produto ou realização de um serviço provoca no meio ambiente. Ela irá
refletir nos ativos e passivos ambientais, além de demonstrar ao usuário
a modificação ocorrida no patrimônio líquido decorrente do fato ambien-
tal ocasionado pela empresa (COSTA, 2012). A contabilidade ambiental
tem como finalidade segundo Ribeiro (2005, p. 45):

Identificar, mensurar e esclarecer os eventos e transações econômico-finan-


ceiros que estejam relacionados com a proteção, preservação e recuperação
ambiental, ocorridos em um determinado período”.

No entanto, esta prestação de contas por parte da empresa, que


deve ser realizada não é uma tarefa fácil de ser executada pelo profissional
41
contábil. Ao compreendermos melhor o termo contabilidade e as suas carac-
terísticas, fica clara a compreensão de porque o tema é tão complexo. Deste
modo, a seguir, a contabilidade como área da ciência será considerada con-
juntamente com a temática ambiental, para que fiquem claras as dificuldades
enfrentadas. A contabilidade é a ciência que estuda os métodos de cálculo
e registro da movimentação financeira de uma empresa, e surge em decor-
rência da necessidade do proprietário controlar seu patrimônio. No início, a
contabilidade prestava-se apenas ao controle, sendo restrita ao registro. No
entanto, como o passar do tempo e em decorrência da complexidade da
estrutura social, política, econômica e ambiental, outros agentes passaram
a ter interesse pelas informações geradas pela contabilidade, como a men-
suração em valores de danos ao meio ambiente (ROVER et al., 2003). De
acordo com Rover et al. (2006, p. 42), assim, a contabilidade se viu:

Envolvida em discussões variadas como a mensuração de ativos inatingí-


veis, na reavaliação de ativos, nos efeitos de variações de preços ou impac-
tos ambientais, uma vez que os fatos contábeis decorrem de situações reais
e exigem meios adequados de evidenciação.

Considerando que as entidades se utilizam dos recursos na-


turais para suprirem suas necessidades, o impacto das atividades das
empresas no meio ambiente deve ser contabilizado (ROVER et al.,
2003). De acordo com Ferreira (2003, p. 7):

A contabilidade, como meio de informações das transações e eventos eco-


nômicos, passíveis de mensuração, realizados pelas empresas e entidades,
não pode ficar à margem das discussões sobre os problemas ecológicos e
a busca por meios para resolvê-los. A abordagem social da contabilidade
obriga-a a participar ativamente da pesquisa sobre como informar os eventos
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

realizados pelas organizações que podem afetar o meio ambiente e, conco-


mitantemente, cuidar da mensuração destes efeitos.

Contudo, como afirmam Tinoco e Kraemer (2004, p. 168):

Existem poucos dados quantitativos disponíveis sobre o valor econômico e


social total da informação de custos ambientais, já que as empresas, em sua
maioria não divulgam e muitas não os apuram.

Em suma, percebe-se que a contabilidade ambiental é todo


registro, controle, evidenciação, mensuração e reconhecimento dos fa-
tos contábeis com a finalidade de fornecer informações aos usuários
da contabilidade relativa à área ambiental, refletindo a realidade eco-
nômica e financeira da entidade (MARQUES et al., 2016). Embora o
conceito seja de fácil compreensão, pode-se perceber como esta temá-
42
tica de contabilização dos recursos ambientais pode ser problemática;
tanto por se tratar de um tema de difícil valoração monetária como pela
negligência de muitas empresas. De acordo com Ferreira (2011), a con-
tabilização dos eventos relacionados ao meio ambiente é um procedi-
mento complexo e pode gerar dúvidas ao profissional contábil, pois é
necessário estabelecer valor monetário a bens ou serviços.
Apesar das dificuldades, Rover et al. (2006) atentam para a
necessidade de as estimativas serem realizadas da melhor forma pos-
sível, utilizando-se da contabilidade. Os custos ambientais, caso não
reconhecidos no momento de seu fato gerador, representarão no futuro,
passivos ambientais não reconhecidos, ou seja, repercutirão negativa-
mente (ROVER et al., 2006).

Gestão Ambiental

Conforme descrito anteriormente, a gestão ambiental envolve a


tomada de ações pela empresa que exclua ou minimize o efeito ambiental
negativo decorrente do seu processo produtivo na natureza (MARQUES
et al., 2016). Além disso, a gestão ambiental envolve práticas sustentá-
veis dentro da própria empresa, como consumo consciente dos recursos
naturais, reutilização e reciclagem. Sendo assim, Ferreira (2011, p. 27)
descreve que o processo de gestão ambiental envolve elementos como:

O estabelecimento de políticas, planejamento, um plano de ação, alocação


de recursos, determinação de responsabilidades, decisão, coordenação,
controle, entre outros.

Conforme pode ser notado, estas ações são semelhantes às


ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
pertinentes ao sistema de gestão tradicional, facilitando medidas que
promovam o desenvolvimento produtivo e o lucro econômico com me-
nor impacto possível ao meio ambiente. É importante salientar que a
gestão ambiental é relevante quando ela apresenta benefícios superio-
res aos custos e danos gerados pelo processo operacional.

Conforme o aluno pode perceber, a estimativa dos passi-


vos ambientais além de ser coordenada por meio de estudos e re-
latórios ambientais, está integrada à contabilidade, constituindo o
que se conhece como contabilidade ambiental. Neste sentido, sur-
43
ge também a gestão ambiental que é um conjunto de medidas miti-
gatórias aos danos ambientais causados pelo processo produtivo
da empresa. Ou seja, o campo referente aos passivos ambientais é
vasto e merece devida atenção do aluno!
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

44
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: TJ-MS Prova: Juiz Substituto
Nível: Superior.
Segundo estabelecido na Política Nacional do Meio Ambiente, en-
tende-se por poluição a degradação da qualidade ambiental resul-
tante de atividades que, direta ou indiretamente:
a) lancem matérias em dissonância com a qualidade tecnológica fixada
pelas normas da ABNT.
b) afetem 70% das interações de ordem física do meio ambiente.
c) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população.
d) afetem as condições sociais ou fitossanitárias da biota.
e) criem condições favoráveis às ações políticas e econômicas.

QUESTÃO 2
Ano: 2015 Banca: CESGRANRIO Órgão: LIQUIGÁS Prova: Enge-
nheiro Junior Nível: Superior
A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que,
direta ou indiretamente, prejudiquem a saúde, a segurança e o
bem-estar da população é denominada:
a) processo ecológico
b) poluição do meio ambiente
c) estudo prévio de impacto
d) impacto ambiental regional
e) princípio de predominância de interesse

QUESTÃO 3
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
Ano: 2016 Banca: AOCP Órgão: Prefeitura de Valença - BA Prova:
Técnico Ambiental. Nível: Médio
Considerando a poluição do solo em áreas rurais, qual, dentre as
alternativas a seguir, é considerada uma prática que intensifica a
poluição do solo?
a) Substituir o fertilizante sintético pelo adubo natural.
b) Utilizar técnicas de manejo de culturas em que aplica-se a rotação
dessas culturas.
c) Explorar minas a céu aberto para a extração mineral.
d) Dar preferência ao uso de práticas conservacionistas ao invés de
práticas vegetativas para evitar a erosão do solo.
e) Utilizar o controle biológico de pragas que destroem a microfauna
dos solos.

45
QUESTÃO 4
Ano: 2013 Banca: IBFC Órgão: PC-RJ Prova: Perito Criminal Nível:
Superior.
Uma política estabelecida pela Resolução CONAMA nº 001/86 traz
uma série de procedimentos de estudos ambientais para a implan-
tação de empreendimentos, que inclusive são de acesso público.
Assim, identifique a alternativa que incide procedimentos dentro
desta resolução.
a) EIA/RIMA, definidos como estudos de impactos ambientais e relató-
rio de impacto ao meio ambiente
b) EIA/RIMA, definidos como estudo inicial ambiental e relatório indica-
dor de meio ambiente.
c) PDA, potencial de degradação ambiental.
d) PDA/RIMA, sendo potencial de degradação ambiental e relatório in-
dicador de meio ambiente.
e) EIA/ PDA, como estudo inicial ambiental e potencial de degradação
ambiental.

QUESTÃO 5
Ano: 2015 Banca: IF-RS Órgão: IF-RS Prova: Professor Nível: Superior.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Am-
biente, as mudanças observadas atualmente no sistema da Terra
não têm precedentes na história humana. Os esforços de desace-
lerar o ritmo ou tamanho das mudanças, inclusive maior eficiência
de recursos e medidas de mitigação, tiveram resultados modestos
e não reverteram as mudanças ambientais adversas. A respeito
destas mudanças, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Os aumentos da temperatura média acima dos limiares em algumas
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

localidades têm levado a impactos significativos na saúde humana,


como a maior incidência de casos de malária.
b) A maior frequência e gravidade dos episódios climáticos, como en-
chentes e secas, num patamar inédito, afetam tanto os bens naturais
quanto a segurança humana.
c) Fatores múltiplos e interconectados, como secas combinadas com
pressões socioeconômicas, afetam a segurança humana.
d) Perdas significativas da biodiversidade e constante extinção de es-
pécies estão afetando o suprimento de serviços ecossistêmicos, como
o colapso de diversas atividades pesqueiras e a perda de espécies usa-
das para fins medicinais.
e) O descongelamento acelerado da camada de gelo no Ártico, bem
como o derretimento de geleiras, devido à amplificação do aquecimento
global, é uma mudança abrupta, porém reversível.
46
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
O termo “aquecimento global” tem sido muito utilizado para falar das
mudanças climáticas devido ao aumento de gases do efeito estufa Essa
mudança climática implica em drásticas consequências na dinâmica cli-
mática da terra e também pode afetar a biodiversidade do planeta, quais
são essas consequências?

TREINO INÉDITO
É um tipo de poluição comum nas cidades, aglomerações de
pessoas, aeroportos, casas de show, construções, entre outros.
Este tipo de poluição não acumula no meio ambiente como outras
fontes poluidoras. Além do incômodo causado, há a alteração da
audição e a diminuição da qualidade de vida das pessoas. Em rela-
ção à afirmação, qual das alternativas está correta:
a) Poluição das Águas
b) Poluição dos Rios.
c) Poluição dos Solos.
d) Poluição Sonora.
e) Poluição dos Bichos.

NA MÍDIA
PASSIVO AMBIENTAL É UM HISTÓRICO DA CONTAMINAÇÃO DO
SER HUMANO EM ÁREAS LOCALIZADAS
O passivo ambiental representa o sacrifício de benefícios econômicos que
serão realizados para a preservação, recuperação e proteção do meio
ambiente, de forma a permitir a compatibilidade entre o desenvolvimento
econômico e o meio ecológico ou em decorrência de conduta inadequa-
da em relação às questões ambientais. Diz respeito não só às sanções
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
por degradação ambiental, mas também às medidas empresariais para a
prevenção de danos ambientais que têm reflexos econômico-financeiros.
Esse processo compromete tanto o presente quanto o futuro da empre-
sa, exemplificado nas situações em que a empresa tem de assumir a
responsabilidade pelas consequências de suas atividades operacionais,
como o depósito de resíduos no meio ambiente. Para a identificação do
passivo ambiental das empresas, entre as formas possíveis, estaria o
uso das informações contidas tanto no Estudo de Impacto Ambiental
(EIA) quanto no Relatório do Impacto ao Meio Ambiente (RIMA).
Fonte: Revista Ad Normas.
Data: 30 out. 2018.
Leia a notícia na íntegra: https://revistaadnormas.com.br/2018/10/30/
passivo-ambiental-e-um-historico-da-contaminacao-do-ser-humano-
-em-areas-localizadas/.
47
NA PRÁTICA
A utilização de tantos recursos naturais e a degradação do ambiente re-
sultou em grandes ameaças ao planeta terra como aquecimento global,
doenças provenientes de poluição e desmatamento, por exemplo. A bus-
ca por um meio ambiental mais sustentável por parte da comunidade
internacional construiu leis e políticas ambientais destinadas a resguardar
uma relação menos degradante entre o homem e o meio ambiente.
Atualmente, o Brasil é um dos países que tem um sistema complexo de
proteção ao meio ambiente, contando com o esforço conjunto dos três po-
deres, por meio dos instrumentos legais protetores da natureza. Um des-
ses instrumentos é o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) que tem como
objetivo avaliar as consequências ambientais decorrentes de uma ação ou
projeto, além de trazer medidas de redução dos problemas. O EIA faz parte
da política nacional do meio ambiente que delibera sobre quais atividades
devem elaborar o diagnóstico e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).
Esse documento é uma forma de cuidar do interesse público e uma impor-
tante ferramenta para o desenvolvimento sustentável.
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48
PERÍCIA AMBIENTAL

ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS


LICENCIAMENTO, AUDITORIA E PERÍCIA AMBIENTAL

Licenciamento Ambiental

A legislação ambiental brasileira está em acordo com tratados


ambientais internacionais, assinados por diversos países com objetivo
de alcançarem algumas metas para diminuir e prevenir eventuais impac-
tos ambientais. Assim, as legislações ambientais brasileiras representam
alternativas à normatização, contudo, elas precisam ser aplicadas e fis-
calizadas nas diferentes atividades que possam afetar o meio ambiente.
Para entender o licenciamento ambiental, é necessário saber
que ele tem um caráter preventivo, significa que é um processo adminis-
4949
trativo realizado pelo órgão ambiental competente visando a eventuali-
dade de prever danos ambientais a partir de implantação e/ou a explo-
ração de recursos ambientais. Em função disso, é necessário conhecer
e comparar os diferentes tipos de licenças ambientais, evitando assim
impactos ambientais. Diante do exposto, é importante definir o que se
entende por impacto ambiental. Segundo Brasil (1986):

Qualquer alteração das propriedades químicas, físicas e biológicas do meio


ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam; a saúde, a segu-
rança, e o bem-estar da população: as atividades sociais e econômicas: a
biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos
recursos ambientais.

Já Lima (2002, p. 133) define impacto ambiental como: “qualquer


alteração no ambiente causada por atividades antrópicas. Pode ser nega-
tivo quando destruidor ou degradador dos recursos naturais, ou positivo,
quando regenerador de áreas e/ou funções naturalmente destruídas. Um
impacto potencial é aquele que ainda não aconteceu, mas cuja possi-
bilidade existe em decorrência do funcionamento, normal ou acidental
de uma determinada atividade”. Dessa forma, esses conceitos permitem
inserir contextos para nossos estudos. Os impactos ambientais podem
ter diferentes escalas e devem ser analisados junto às legislações que
regulamentam os impactos procedentes de determinadas atividades e
buscam uma melhor qualidade na conservação e preservação ambiental.
Segundo Sirvinskas (2014), as licenças e o licenciamento am-
biental surgem como ato e procedimento administrativo, sendo os mais
importantes e principais instrumentos administrativos que materializam
o princípio de prevenção. Diante disto, a licença ambiental é “toda ma-
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

nifestação unilateral de vontade da Administração Pública, que, agindo


nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir,
modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos admi-
nistrados ou a si própria” (SIRVINSKAS, 2014, p. 228).
Neste cenário, o licenciamento ambiental tem por finalidade
evitar a ocorrência de danos ambientais, sendo uma obrigação jurídica
prévia que regula a instalação de qualquer empreendimento ou ativi-
dade iminentemente poluidora ou degradadora do ambiente e possui
como uma das suas licenças o estudo da área, instalação, ampliação e
funcionamento de empreendimentos e atividades utilizadoras de recur-
sos ambientais consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras ou
daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambien-
tal, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas
técnicas aplicáveis ao caso (BRASIL, 1997).
50
Outra característica do licenciamento ambiental é a ampla par-
ticipação da população nas decisões através de Audiências Públicas
como parte integrante do processo. Para uma atividade ou empreendi-
mento conseguir uma certificação de permissão para a instalação de-
vem seguir algumas orientações como condições, restrições e medidas
de controle, que deverão ser respeitadas integralmente pelo responsá-
vel pelo empreendimento ou atividade. Em relação ao licenciamento
ambiental, ele deve cumprir as seguintes fases:
- Licença Prévia (LP): essa é a primeira etapa do licenciamen-
to, onde será aprovado o planejamento de implantação ou a ampliação
do empreendimento.
- Licença de instalação: essa é a segunda etapa da autoriza-
ção para a implantação do empreendimento, pode ser um comércio,
posto de combustível, indústria, hospital etc., e devem estar de acordo
com as especificações aprovadas em projetos e as diferentes medidas
de controle ambiental.
- Licença de Operação: é a terceira fase do licenciamento am-
biental, cumprida as outras etapas essa dá autorização para o funcio-
namento da atividade do empreendimento após a finalização das obras.
Existem ainda as licenças intercambiáveis ou licenças negoci-
áveis que são autorizações expedidas pelo Poder Público às empresas
que poluem e operem com base nos limites estabelecidos para emissão
de poluentes. Outro instrumento importante previsto na legislação am-
biental é o papel da auditoria ambiental que visa o controle da qualidade
ambiental através de fiscalização, avaliação e documentação de deter-
minado empreendimento ou atividade econômica, tanto público quanto
privado. A auditoria ambiental tem a finalidade de verificar o cumpri-
mento dos padrões de controle de qualidade ambiental, analisar os ris-
cos ambientais e as medidas preventivas e fiscalizar os funcionários no ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

cumprimento das ações de controle ambiental.

Auditoria Ambiental

Para entender o que é auditoria ambiental, devemos con-


ceituar Sistema de Gestão Ambiental (SGA), que é um conjunto de
procedimentos para gerir ou administrar uma organização por meio de
atividades de planejamento, procedimentos, práticas, responsabilidade
e recursos para manter a política ambiental no empreendimento.
O SGA é definido pela NBR ISO 14001 que compõe o conjunto
de normas, a ISO 14000, desenvolvidas pela Internacional Organization
for Standardization (ISO) que é uma empresa internacional de padroni-
51
zação. Maion define o Sistema de Gestão Ambiental como “A parte do
Sistema de Gestão Global que inclui a estrutura organizacional, o pla-
nejamento de atividades, responsabilidades, práticas, procedimentos,
processos e recursos para o desenvolvimento, implantação, alcance,
revisão e manutenção da política ambiental. ” (1999, p.85).
A auditoria é uma prática administrativa periódica na revisão,
inspeção, intervenção e exames por meio de documentos: um exame
sistemático de todos os fatos realizados dentro do empreendimento e
aprovação para verificação da exatidão de procedimentos de uma admi-
nistração (Sá, 1990). O termo auditoria ambiental é recente, meados da
década de 70, e surgiu em várias empresas americanas em função da
exigência das companhias de seguro, devido aos acidentes e suas sig-
nificativas indenizações. Bogo (1998) corrobora dizendo que, antes dos
anos sessenta, a normatização ambiental era praticamente inexistente.
Na década seguinte, os Estados Unidos e outras nações começaram
a exigir uma regulamentação das questões ambientais, o que resultou
no Federal Register, além de regulamentações estaduais e municipais.
A partir disso, as empresas passaram a se preocupar com as questões
ambientais e criar programas de qualidade ambiental, o que inclui a au-
ditoria ambiental. A auditoria ambiental pode ser definida como:

Processo de verificação de natureza voluntária ou compulsória, que visa avaliar


a gestão ambiental de uma atividade econômica, analisando seu desempenho
ambiental, e verificando, entre outros fatores, o grau de conformidade com a
legislação ambiental vigente e com a própria política ambiental da instituição. A
prática de auditoria ambiental pode ser de natureza interna (como instrumento
de gestão ambiental da empresa) ou externa (como meio de se obter uma certifi-
cação ambiental para a empresa). Pode ter também caráter compulsório, quan-
do é legalmente exigida por um órgão regulatório ambiental (LIMA, 2003, p.25)
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

Complementando a ideia de auditoria ambiental, Maimon


(1994) diz que auditoria ambiental é uma ferramenta de gestão que in-
clui uma avaliação sistemática, documentada, periódica e objetiva so-
bre a empresa, a administração e os equipamentos ambientais, buscan-
do amparar e resguardar, o meio ambiente, concedendo à gestão uma
maior facilidade para o controle das práticas ambientais e avaliando a
conformidade com as demais políticas da organização.
A realização de auditorias ambientais é que elas viabilizam as
empresas a terem maior cuidado com os processos de produção, iden-
tificando áreas de risco, apresentando vantagens e desvantagens na
busca de melhorias contínuas, se existe desconformidade com as nor-
mas e leis ambientais vigentes, além de incentivar o uso de tecnologias
que não poluem ou poluem menos, a utilização comedida de recursos
52
naturais buscando uma harmonização e um consumo sustentável em
relação ao meio ambiente.
Além de ser uma ferramenta gerencial, a auditoria ambiental é
uma importante ferramenta para gestão da empresa e pode ser utilizada
para diminuir os riscos financeiros, auxiliar na avaliação do SGA com-
parando com a política da empresa. Porém, os profissionais envolvidos
com a auditoria ambiental precisam sempre se aprimorar e estudar para
que realizem os trabalhos de maneira mais eficaz e produzam os resul-
tados que a sociedade deseja em harmonia com o meio ambiente.

Perícia

A utilização de provas periciais no judiciário brasileiro pauta-se


basicamente pela sujeição ao código de Processo Civil e seu artigo 145,
em seus §§ 1º e 2º; 147 e 420 a 439. Sidou (1997) diz que a perícia é
o meio de prova consistente no exame, vistoria ou avaliação, levada a
efeito por pessoa dotada de conhecimento técnico, em torno de uma
pessoa, coisa ou fato cuja revelação se faz necessária para formar a
convicção do juiz sobre a demanda.
Silveira (2006) complementa a ideia dizendo que a perícia é
uma atividade realizada por peritos com o objetivo de esclarecer e ex-
plicar fatos que geram incertezas ou dúvidas. As perícias normalmente
são obrigatórias e estão ligadas a um litígio, alguma disputa ou ação
judicial. Essas provas periciais podem ser solicitadas por um juiz, um
promotor ou por uma das partes interessadas.
A perícia é um procedimento de investigação elaborado por
um profissional habilitado, que pretende confirmar ou explicar um acon-
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
tecimento por intermédio de um exame, vistoria e avaliação de caráter
técnico e especializado. A perícia surgiu com a medicina legal, que pro-
curava esclarecer crimes a partir de vestígios nos corpos humanos, com
passar do tempo a necessidade de perícias em outras áreas passou a
ser realidade. Neste contexto, Assis (2011) diz que a perícia pode acon-
tecer em qualquer área quando houver uma contestação ou pendência,
como por exemplo, perícia médica, perícia ambiental, perícia criminal,
perícia contábil, perícia de balística, perícia de imóveis, dentre outros.

Perícia Ambiental

No Brasil, algumas leis estabelecem a proteção ao meio am-


biente, vale destacar a Lei Federal 6.938 (BRASIL, 1981) que instituiu
53
como um dos seus fundamentos a imposição ao poluidor-pagador e
ao predador, a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causa-
dos dando base jurídica para o Ministério Público responsabilizar, por
meio de ação civil pública, os problemas relacionados ao meio ambien-
te. Tendo embasamento jurídico para proteger os interesses difusos e
coletivos, o Ministério Público promove cada vez mais ações para a
defesa do meio ambiente, as quais precisam de embasamento técnico-
-científico nas variadas áreas do conhecimento. Nessas qualidades, a
perícia se torna parte das ações da sociedade em questão ambiental.
A perícia ambiental busca consolidar uma avaliação e inves-
tigar a verdade sobre os fatos por meio de uma pesquisa de caráter
especializado, apresentando subsídios com a finalidade de ser julgada
pela justiça. Abaixo alguns pontos característicos da perícia:
- Caracterização, mensuração e valoração de um dano am-
biental ocorrido.
- Busca de reparação do dano.
- Vistoria ou exame de caráter técnico e especializado (foco em
um ato).
- Meio de prova.
- Perito é o auxiliar da justiça.
- Base em quesitos específicos requisitados por quem vai to-
mar a decisão.
- Foco em ato consumado.
- Ação investigativa.
- Opinião através de laudo.
- Aponta responsáveis pela ocorrência.
Conforme Lazzarini (2005) aponta em seu trabalho, a perícia
ambiental é uma extraordinária ferramenta para a preservação do meio
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

ambiente e mensuração dos danos ambientais, ocasionados por ato de


pessoas, físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que venham
resultar na perda da qualidade ambiental.
Na mesma linha, o Instituto Brasileiro de Engenharia de Ava-
liações e Perícias de Engenharia (IBAPE) define perícia como atividade
concernente a exame realizado por profissional especialista, legalmente
habilitado, destinada a verificar ou esclarecer determinado fato, apurar
as causas motivadoras do mesmo, ou o estado, a alegação de direitos
ou a estimação da coisa que é objeto de litígio ou processo. Dentro da
Perícia Ambiental podem haver vários subtipos de atuação de acordo
com os crimes ambientais previstos na Lei nº 9.605 de 1998, entre elas:
- Crimes contra a fauna.
- Crimes contra a flora.
- Crimes de poluição.
54
- Crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio natural.
- Crimes contra a administração ambiental.
- Ocupação de áreas protegidas.
- Crimes de usurpação.

O PAPEL DO PERITO

Perito é a pessoa provida de ciência específica designado para


a função pública, compromissado, alheio às partes envolvidas e sem
barreiras ou incompatibilidades para exercer sua função no processo
para emitir ou auxiliar a autoridade judicial na captação, discernimento
ou valoração da prova. Segundo Almeida (2006):

O perito é o especialista, com a habilitação que a lei exigir, chamado para


relatar, de formar imparcial e sob o compromisso, sobre tema de sua espe-
cialidade profissional. O perito é a pessoa indicada pela autoridade para es-
clarecer, por meio de um laudo, uma questão de fato que pode ser apreciada
por seus conhecimentos técnicos especializados.

Perito é aquele indivíduo de moral íntegra, saber especializado


numa ciência ou arte, capaz de encaminhar qualquer julgamento à verda-
de, quando for solicitado. Para exercer o papel do perito é preciso ter imagi-
nação, domínio da linguagem, inspiração redacional e espírito de pesqui-
sador que não deixa uma rotina se tornar tediosa, mas uma possibilidade
de novas descobertas (ALCANTRA, 1982). Na visão de Paulo José da
Costa Júnior (2005, p.812), “perito ou consulente é aquele que, tendo
competência específica numa ciência ou arte, é chamado a executar uma
atividade de caráter técnico, de valor probante, ou então a exprimir seu
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
parecer técnico sobre fatos e circunstâncias submetidas a seu exame”.
Conforme os autores citados, o perito irá atuar como auxiliar da
justiça e será habilitado e nomeado pelo juiz para opinar. Além de con-
dições morais e éticas essenciais para esta atividade, o perito deve ter
capacidade técnica no tema que foi designado a ele, estando apto a es-
clarecer as dúvidas expostas na fase processual específica para integrar
os requisitos legais. Esse profissional é o responsável pela elaboração e
fundamentação do laudo pericial, além das informações prestadas por ele.

Existe uma diferença entre perito oficial e perito judicial.


55
Peritos oficiais são todos os profissionais que são contratados
pelo Estado para exercer a função pericial; já os peritos judiciais
são auxiliares do juiz que respondem tecnicamente aos quesitos
levantados no processo.

QUEM PODE SER PERITO AMBIENTAL

Peritos ambientais são profissionais habilitados pelos órgãos


técnicos e nomeados pelo juiz para responder ocorrências que dependem
de conhecimento técnicos e específicos. A partir da publicação da Lei
de Crimes Ambientais, em 1998, os peritos ambientais tornaram-se
necessários para elucidar e esclarecer os danos ambientais causados
com a finalidade de gerar penas previstas em lei. Para atuar como perito
ambiental, o profissional deve estar credenciado no seu conselho de
classe e inscrito no cadastro, mantido pelo tribunal, com os profissionais
habilitados a atuarem naquela região. A fomentação desse cadastro é
feita por meio de consultas públicas com a divulgação pela internet, por
jornais e consultas com as universidades, conselhos de classes dentre
outros para a indicação de profissionais interessados.
O profissional que estará exercendo o papel de perito deve
ser uma pessoa de confiança com padrões éticos e morais analisados
devendo ter uma exímia conduta perante a sociedade e também conhe-
cimentos técnicos e científicos adquiridos em estudos e cursos. Com
esses quesitos apresentados, a justiça fará a opção por esse profissio-
nal. A atuação desse profissional é de grande responsabilidade, já que
o laudo elaborado para guiar o juiz na sua sentença é feito por meio da
investigação e de provas obtidas através dos levantamentos de campo
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

e da análise dos dados feitas pelo perito, de modo que não devem con-
ter informações inverídicas, sendo o mesmo responsável pelos prejuí-
zos que causar à parte, o que também o levará a ficar impossibilitado,
num prazo de dois a cinco anos, de atuar em outras perícias.

NOMEAÇÃO DO PERITO

O perito nomeado receberá, por meio de um oficial de justiça


ou por carta registrada, sua nomeação após despacho no processo no
qual também concede o direito às partes para nomear, caso queiram,
o assistente técnico. O prazo para a recusa do trabalho é de cinco dias
após a sua notificação; depois desse prazo, o poder judiciário entende
que foi efetivada a nomeação do perito. A recusa pode ser por vários
56
motivos, dentre eles, quando for parte no processo a ser periciado, se
for testemunha, se for parente da parte envolvida, dentre outros.

HONORÁRIOS DO PERITO

O pagamento por cada laudo ao perito é conhecido como ho-


norário, os valores pagos são bastante variáveis, pois cada perícia tem
suas especificidades e peculiaridades. Para o cálculo do valor do servi-
ço, deve-se considerar as horas para a realização das fases do traba-
lho, a relevância do processo, o volume do trabalho, o risco e a comple-
xidade dos serviços a executar, a qualificação exigida do profissional e
o prazo de entrega do trabalho.
Para o cálculo justo de um honorário em causas ambientais,
o perito deve estar atento aos quesitos que terá que responder, pois, a
partir deles, é possível detectar várias despesas que deverão estar in-
clusas no cálculo dos honorários. Posteriormente, deve-se encaminhar
uma petição ao juiz informando-lhe o valor e os motivos que levaram a
determinar tal valor, podendo o cálculo ser aceito ou não pelo magis-
trado. Quando ações forem originadas por demandas particulares que
buscam a reparação de danos ambientais, quem solicitou a perícia é
quem paga os honorários; já quando o magistrado solicitar a perícia,
quem paga os honorários é a parte autora da ação.

ASSISTENTE TÉCNICO

Os Assistentes Técnicos são profissionais que são de direito de


as partes nomearem para acompanhar, orientar e assistir em todas as
fases da perícia e, se necessário, emitir parecer técnico. Esses profissio- ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

nais devem ser especializados e habilitados para o trabalho e, diferente


dos peritos, os assistentes técnicos podem ser profissionais da confiança
das partes e estes não estão sujeitos à suspeição ou a impedimento, uma
vez que esses assistentes têm um papel de consultores (IBAPE, 1994).
Almeida et. al. (2000, p. 34) evidencia que o assistente técni-
co não é um fiscal do perito, como muitos rotulam, mas um técnico que
acompanha, junto àquele a busca da verdade, assemelhando-se ao pe-
rito como auxiliar da justiça. Tratando-se de competências e habilidades
tanto para acompanhar quanto para elaborar um laudo pericial, não exis-
te diferença entre o perito e o assistente, pois os dois devem ter habilida-
des e propriedades sobre os procedimentos periciais ou análise do caso.

57
QUESITOS DA PERÍCIA

Em relação aos quesitos, pode-se assegurar que são questões


ou perguntas formuladas pelas partes envolvidas, referentes aos fatos
da causa, que constituem o objeto da perícia. As questões devem ser
respondidas de uma forma técnica e imparcial esclarecendo os fatos
pesquisados, Almeida (2008, p.35) diz:

“Os quesitos de uma perícia ambiental são as questões formuladas pelas


partes envolvidas no processo e que devem ser respondidas de forma téc-
nica e imparcial, buscando esclarecer os interessados a respeito da matéria
em análise. Para se responder os quesitos de uma perícia ambiental uti-
lizam-se dados técnicos das normas, fotografias, referências bibliográficas
especializadas, modelos matemáticos, questionários de respostas, visitas ao
local em análise, resultados de análises de laboratório, entre outros”.

Essas elucidações devem ser feitas a partir de quesitos formulados


pelas partes, e é sempre indicado que elas sejam feitas pelos advogados
sempre com orientação de seus assistentes técnicos, se indicados, pois as
perguntas são referentes a questões técnicas que envolvem o processo.

LAUDO PERICIAL

A elaboração de um laudo é a etapa final de uma perícia ambien-


tal e deve estar embasada em uma fundamentação técnica com dados
objetivos, interpretados e analisados por procedimentos metodológicos,
que levem a resultados tecnicamente irrefutáveis. O laudo é a síntese de
toda a perícia, ele deve ser objetivo e conclusivo, confirmando ou negan-
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

do o que foi questionado, sem lapsos e subterfúgios ou falsas informa-


ções e conclusões (BUSTAMANTE, 1994 apud QUEIROZ, 2006, p.95).
Almeida et al (2000) salienta que para um laudo ser completo,
o perito deve categorizá-lo em três fases. A primeira fase deve abarcar
as informações referentes ao conflito entre as partes; a segunda parte
deve contemplar todas as informações referentes ao objeto de estudo,
como o histórico do local, as características físicas, biológicas e sociais,
os dados levantados, as operações realizadas etc.; e a terceira etapa é
a que demonstrará as conclusões, dando o parecer para as questões.

Deve ser evitada a reprodução quase literal das questões levantadas na eta-
pa inicial e na contestação, pois corre-se o risco de cair em dissertações pro-
lixas, com assuntos irrelevantes para a perícia. O laudo deve ser inteligível,
elaborado com clareza, abrangente e em estilo simples. Não deve conter

58
omissões ou apresentar obscuridade. Refutam-se termos essencialmente
técnicos, onde seu entendimento acarrete novas abordagens, resultando,
mais uma vez, na indesejável prolixidade. Devemos lembrar que o laudo se
destina, em última análise, à leitura de juízes e advogados, desconhecedores
da matéria da perícia. (ALMEIDA et. al., 2000, p. 41)

Outra questão que deve ser levada em conta na elaboração de


um laudo pericial é a qualidade, tanto nos aspectos técnicos quanto na
escrita, para colaborar na elucidação do caso. Além disso, o laudo peri-
cial deve ser claro, objetivo, preciso, conciso e verdadeiro. Ao redigir o
laudo, o perito deve atentar-se à gramática correta, à linguagem apurada
e compreensível aos leigos no assunto. O profissional também deve res-
paldar o caso em procedimentos empíricos, levantamentos bibliográficos,
pesquisa de campo, normas técnicas pertinentes etc., além de documen-
tos elucidativos como plantas, mapas, desenhos, croquis, fotografias e
quaisquer outros elementos que possam ajudar a alcançar tais objetivos.

O laudo deve ser instruído com documentos, plantas, croquis, fotografias,


pesquisas, orçamentos ou quaisquer outras peças elucidativas e/ou com-
plementar. Entretanto até porque lhe dará maior fundamentação ao laudo,
o perito deve instruí-lo com fotografias, plantas, pesquisa, etc. A prática de-
monstra que a melhor exposição é em forma de anexos, deixando o corpo do
laudo apenas para texto específico. (ALMEIDA et al, 2000, p.42)

Desse modo, a utilização de recursos esclarecedores com in-


formações comprovadas e bem estruturadas consente em deixar o laudo
mais fidedigno diante dos envolvidos no processo. Outra questão que o pe-
rito deve se atentar é para com os prazos para a entrega e, após a entrega
ao Juiz, ele designa que as partes emitam um parecer sobre o laudo. Esse
laudo pode ser negado (laudo não satisfaz), ele pode ser aceito parcial- ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

mente (laudo precisa de complementações) ou aceito (laudo satisfatório).


O laudo pericial deve ser feito abrangendo todos esses aspec-
tos e outros que surgirem referentes à perícia ambiental viabilizando
assim, uma aplicação efetiva das sanções relacionadas aos problemas
ambientais, como destaca Mauro (1997, p.47):

[...] a elaboração de laudos periciais de agressão ao meio ambiente, que po-


dem funcionar como instrumentos de ação e de complementação às demandas
populares da defesa do meio ambiente e da qualidade de vida. Estes apresen-
tam-se como instrumentos com elevado potencial educativo e de construção
da cidadania, devendo ser apropriados individual e coletivamente por todos os
que lutam pelo estabelecimento de novas relações sociedade/natureza.

59
A fim de elucidar e exemplificar, Mauro (1997) mostra vários
exemplos da aplicabilidade da perícia na questão ambiental:
- Laudos periciais em áreas de mineração e pedreira.
- Laudos periciais em áreas litorâneas.
- Laudos pericias em áreas de disposição de resíduos sólidos
e lançamento de efluentes.
- Laudos periciais em áreas de parcelamento do solo e cons-
truções habitacionais.
- Laudos periciais em intervenções sobre canais de drenagem.
- Laudos periciais em áreas de exploração de petróleo.
- Laudos periciais em áreas de barragens, dentre outras.

A perícia ambiental é uma atividade profissional de rele-


vante interesse social, de natureza complexa e ainda está em fase
inicial de estruturação, que requer uma prática multidisciplinar e
atuação de profissionais especializados para o trato das questões
envolvidas, além de exames, estudos e pesquisas que fundamen-
tem o desenvolvimento de seus aspectos jurídicos, teóricos, técni-
cos e metodológicos.

ELABORAÇÃO DE UM LAUDO PERICIAL

A construção de um laudo se inicia com o conhecimento do


ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

processo através da leitura completa e criteriosa dos autos, análise dos


quesitos a serem respondidos, conhecimento dos assistentes técnicos
envolvidos, levantamento de informações, documentos, projetos etc.,
assim como da organização da agenda da vistoria, com os técnicos,
com o local a ser vistoriado etc. Em uma segunda etapa, concomitante
à primeira, devem ser feitos levantamentos sobre a legislação ambiental
específica, pesquisar informações e padrões a serem seguidos, organi-
zação e preparação para o levantamento das informações em campo.
A terceira etapa, que é levantamento in loco, deve estar bem orga-
nizada para a coleta de todas as informações em relação à área estudada,
tais como localização, caracterização do entorno da área, as atividades
desenvolvidas na região, coleta e medições de amostras para análise, le-
vantamento fotográfico, elaboração de croquis, dentre outros. E, por fim, a
redação do laudo pericial com as respostas aos quesitos, a conclusão do
60
trabalho com base nas informações levantadas em campo junto com a fun-
damentação técnica e a legislação específica. A seguir, há alguns parâme-
tros a serem abordados no trabalho que devem ser coletados em campo;
porém, em alguns casos não será necessário estarem presentes todos os
elementos aqui citados, devendo cada caso ser analisado.
• Caracterização da área estudada
- Localização da Área: localizar a área estudada com escala com-
patível ao estudo e indicar as coordenadas geográficas, pode-se utilizar
cartas, fotografias aéreas, imagens de satélite, dentre outros recursos.
- Situação Legal da Área: verificar à qual unidade da federação
ela pertence; verificar se é área pública ou privada e expor objetivamen-
te a que se destina o seu uso atual.
- Clima: caracterizar o clima regional por meio de levantamen-
tos e pesquisas.
- Recursos Hídricos: relacionar os recursos hídricos da região,
superficiais e subterrâneos, especializando em mapas os corpos d’água.
- Geomorfologia e Geologia: caracterizar o tipo de relevo da
área periciada e os recursos naturais presentes.
- Solos: mostrar os tipos de solo na área de estudo, conside-
rando as características pedológicas e edafológicas.
- Vegetação: levantar, descrever e mapear a vegetação da área
de estudo, além de indicar as espécies, principalmente as de interesse
econômico e as raras ou endêmicas.
- Fauna: inventariar os animais que fazem parte do local peri-
ciado enfatizando as espécies endêmicas, raras e migratórias.
- Ecossistemas: reconhecer os principais ecossistemas da área.
- Áreas de interesse social ou cultural: levantar e caracterizar os
locais de interesse histórico e culturais num raio de 50 km do local estudado.
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
- Área de preservação: verificar se a área estudada está situ-
ada em uma área protegida por lei, como Estação Ecológica, Reserva
Biológica, Parque Nacional ou estadual etc.
- Infraestrutura: diagnosticar a infraestrutura existente no local
como rede de telefonia, escolas, estradas, cooperativas, núcleos resi-
denciais, unidades de saúde, hospitais, dentre outros.
- Atividades previstas, ocorridas ou existentes na área: relatar
as tecnologias a serem utilizadas nas fases de implementação e opera-
ção do empreendimento.
• Diagnóstico Ambiental da Área
- Uso atual da Terra: indicar o atual uso da terra mostrando seu
porcentual de uso como agropecuária, habitação etc.
- Uso atual da água: verificar o atual uso da água e as obras
de melhoria como canal, barragem, dique, drenagem etc.; verificar se
61
existem fontes poluidoras.
- Avaliação da situação ecológica atual: verificar as ações an-
trópicas que ocorreram e que vêm ocorrendo, relatar a situação da flora
e da fauna nativas e verificar a estabilidade ecológica.
- Avaliação socioeconômica: avaliar a situação socioeconômica
da área utilizando um método compatibilizado com a realidade da região.
• Impactos Ambientais esperados para a área.
- Impactos ecológicos: relacionar e avaliar os impactos causa-
dos no meio ecológico, as causas desses impactos na saúde pública e
nos ecossistemas naturais.
- Impactos socioeconômicos: avaliar os impactos socioeconô-
micos da área, prestando atenção, principalmente, nos aspectos so-
ciais, médicos e sanitaristas.
- Perspectivas da evolução ambiental da área: indicar como
seria a evolução da área com o sem o empreendimento.
- Considerações Complementares (quando houver).
- Alternativas tecnológicas e locacionais: utilizar opções que
agridam menos o ambiente.
- Recomendações para diminuir os impactos e aumentar os
benefícios: indicar as maneiras específicas para diminuir os impactos
negativos e aumentar os benefícios na área.
- Orientação para monitoramento dos impactos: desenvolver
e implantar programas de monitoramento, como controle de água, da
erosão, da fauna, da flora etc.
- Avaliação dos quesitos: esclarecer e responder com clareza
os quesitos formulados pelas autoridades.
- Conclusão: a conclusão de um laudo deve ser elaborada de
forma resumida, mas sempre conclusiva, compreendendo todos os as-
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

pectos apresentados na discussão do trabalho.


O homem pensou por muito tempo que a natureza fosse uma
fonte de matéria prima inesgotável. Contudo, ele já vem vendo e sen-
tindo os efeitos de seu uso abusivo, percebendo que cada vez mais os
recursos estão ficando escassos. A partir de meados do século XX, as
leis ambientais começaram a surgir, a fim de proteger e garantir o uso
consciente do meio ambiente. É nesse contexto que aparece o perito
ambiental, um especialista com atuação multidisciplinar para auxiliar o
legislador a fazer uma aplicação correta e eficaz da lei a ser cumprida.
Em suma, é importante que o profissional de perícia ambiental
seja multidisciplinar e procure sempre se atualizar em relação às mu-
danças legislativas para prestar um serviço técnico de qualidade e que
não cause danos maiores ao meio ambiente, auxiliando a justiça de
uma maneira mais eficaz.
62
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2012 Banca: FCC Órgão: TCE-AP Prova: Analista de Controle
Nível: Superior.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) instituiu os cri-
térios e as diretrizes para o licenciamento ambiental. Com base
nesses critérios e diretrizes, é INCORRETO afirmar que:
a) o licenciamento ambiental deve servir como um instrumento de ges-
tão ambiental.
b) o prazo máximo de validade da Licença Prévia e da Licença de Ins-
talação poderá ser de até dez anos.
c) a licença ambiental estabelece as condições e restrições para a localiza-
ção, instalação e operação de empreendimentos potencialmente poluidores.
d) o impacto ambiental que afeta diretamente mais de um Estado é de-
nominado impacto ambiental regional.
e) um projeto potencialmente impactante ao meio ambiente só consegui-
rá obter a licença ambiental depois de apresentado o Estudo de Impacto
Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).

QUESTÃO 2
Ano: 2014 Banca: CEC Órgão: Prefeitura de Piraquara – PR Prova:
Biólogo Nível: Superior
Conhecimento e acompanhamento sistemático da situação dos
recursos ambientais dos meios físico e biótico, visando à re-
cuperação, melhoria ou manutenção da qualidade ambiental.
Esta é a definição para a expressão que está em que alternativa?
a) Monitoramento ambiental
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
b) Licenciamento ambiental
c) Gerenciamento de áreas impactadas
d) Monitoramento de áreas de preservação
e) Fitorremediação de áreas contaminadas

QUESTÃO 3
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: IBAMA Prova: Analista Ambiental.
Nível: Médio
Para a finalidade de licenciamento ambiental, a Resolução CO-
NAMA nº 1/1986 estabelece que o estudo de impacto ambiental
(EIA) deverá conter o diagnóstico ambiental da área de influência
do projeto avaliado, completa descrição e análise dos recursos
ambientais e suas interações, de modo a caracterizar a situação
ambiental da área antes da implantação do projeto.
63
a) Certo
b) Errado

QUESTÃO 4
Ano: 2016 Banca: AOCP Órgão: Prefeitura de Valença – BA Prova:
Técnico Ambiental Nível: Médio.
No que diz respeito ao poder de polícia ambiental e suas compe-
tências, assinale a alternativa correta:
a) O poder de polícia ambiental é um dos instrumentos da Política Na-
cional do Meio Ambiente, conforme a Lei nº 6.938/81.
b) Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis o exercício do poder de polícia ambiental nos âm-
bitos estadual e municipal.
c) O poder de polícia ambiental foi criado após a Taxa de Controle e
Fiscalização Ambiental – TCFA.
d) As medidas de advertência, multa e apreensão de animais, produtos
e subprodutos da fauna e flora não podem ser aplicadas pela Polícia
Ambiental.
e) O Licenciamento Ambiental de empreendimentos e atividades de impac-
to ambiental é um dos instrumentos mais importantes da polícia ambiental.

QUESTÃO 5
Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: TJ-PI Prova: Analista Judiciário Ní-
vel: Superior.
A respeito do perito e da prova pericial, é correto afirmar que:
a) a remuneração do perito será rateada entre as partes quando a pro-
dução da prova pericial houver sido requerida por ambas ou determina-
da de ofício pelo Juiz.
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

b) aplicam-se ao perito os motivos de impedimento, mas não os de suspeição.


c) o perito tem o dever de cumprir o ofício para o qual foi nomeado, somente
podendo escusar-se do encargo alegando motivo legítimo no prazo legal.
d) é opção discricionária do Juiz ser assistido por perito quando a prova
do fato depender de conhecimento técnico ou científico.
e) o perito somente responde civil e penalmente pela prestação de infor-
mações inverídicas quando agir dolosamente.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


O produto final de uma perícia é o laudo entregue para o juiz, esse lau-
do deve ser objetivo e conclusivo às questões levantadas, sem haver
margem para falsas conclusões. Para o laudo ser completo, ele deve
percorrer três etapas para sua elaboração, quais são essas etapas?

64
TREINO INÉDITO
Normalmente, são obrigatórias e estão ligadas a um litígio, a al-
guma disputa ou ação judicial, elas podem ser solicitadas por um
juiz, um promotor ou por uma das partes interessadas.
a) Plano Diretor Municipal.
b) Plano de Saneamento Básico.
c) Licenciamento.
d) Perícia.
e) Estudo de Impacto de Vizinhança.

NA MÍDIA
OCUMENTOS JÁ INDICAVAM RISCO ALTO DE ROMPIMENTO DA
BARRAGEM EM MARIANA
O programa Ambiente é o Meio desta semana traz entrevista com os peritos
criminais da Polícia Federal Marcus Andrade e Rodrigo Mayrink. Eles atuam
na unidade da Polícia Federal, em Minas Gerais, responsável pelas perícias
do desastre de Mariana, que contou com 55 peritos criminais de diversas
áreas; Andrade é farmacêutico industrial e Mayrink é médico veterinário.
Mayrink explica que o laudo pericial, documento produzido pelos peritos
criminais, tem o objetivo de fazer a análise técnica e isenta, para que
o julgador do processo possa se basear ao definir a sentença. “Somos
profissionais de diversas áreas para atuar com os olhos da ciência em
assuntos criminais tratados pela Polícia Federal”, afirma Andrade.
No último dia 5, o rompimento da barragem completou três anos e eles
explicam que a Polícia Federal age em casos em que existem prejuízos
de interesses da União, o que ocorreu em Mariana, onde a extensão
dos danos ultrapassou as fronteiras dos Estados de Minas Gerais e
Espírito Santo, caracterizando um desastre nacional.
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
Mayrink explica ainda como foi possível afirmar que se tratava de um
desastre e não de um acidente ambiental. Ele conta que só puderam
confirmar após a liberação do laudo de engenharia. “Desde a implanta-
ção da barragem, em 2008, ela foi sendo gerenciada com uma série de
erros, de negligências e más práticas de segurança, que culminou com
o rompimento, o que chamamos de desastre”, declara.
Fonte: Jornal da USP
Data: 14 nov. 2018.
Leia a notícia na íntegra: https://jornal.usp.br/radio-usp/radioagencia-
-usp/documentos-da-empresa-ja-indicavam-risco-alto-de-rompimento-
-da-barragem-em-mariana/.

NA PRÁTICA
As discussões em torno do tema ambiental vêm, cada vez mais, tornan-
65
do-se foco da sociedade em geral como universidades, empresas, orga-
nizações civis, mídia e também da população em geral. Esse fato deve-se
às crescentes preocupações com o futuro do meio ambiente. A aplicabili-
dade, a punição e o apoio da sociedade em geral, buscando por um meio
ambiente mais sustentável, ligam-se diretamente à forma de trabalho do
poder público na busca de apresentar melhores condições de vida para
a população, por meio de investigações e ações realizadas pelo Estado,
para a prevenção ou correção e para a preservação do meio ambiente.
É nesse cenário que o trabalho do perito ambiental entra como colabo-
rador nas investigações contra-ataques ambientais, prestando serviços
técnicos para juízes. Esses profissionais devem ter curso superior em
alguma área ligada ao meio ambiente (Engenheira Ambiental, Agrono-
mia, Geografia, Química, dentre outros), e devem ser legalmente ha-
bilitados para serem nomeados por um juiz para pesquisar e elucidar
fatos técnicos e científicos em um processo ambiental. O bom perito
ambiental judicial deve ter engajamento, comprometimento e realizar
um trabalho com a melhor qualidade possível, além de ter ciência da
prática e de procedimentos forenses.
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

66
GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Os cinco acordos assinados pelos países na Rio-92 foram a Declaração


do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento; a Agenda 21, os
Princípios para administração sustentável das florestas; a Convenção
da Biodiversidade e a Convenção do Clima.

TREINO INÉDITO
Gabarito: B

ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

67
CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

As consequências do aquecimento global são: derretimento das calotas


polares e aumento do nível do mar; agravamento da segurança alimen-
tar, prejudicando as colheitas e a pesca; extinção de espécies e danos a
diversos ecossistemas; perdas de terras em decorrência do aumento do
nível do mar, provocando também ondas migratórias; escassez de água
em algumas regiões; inundações nas latitudes do norte e no Pacífico
Equatorial; riscos de conflitos em decorrência da escassez de recur-
sos naturais; problemas de saúde provocados pelo aumento do calor;
previsão de aumento da temperatura em 2ºC até 2100, comparado ao
período pré-industrial (1850 a 1900).

TREINO INÉDITO
Gabarito: D
ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

68
CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Segundo Almeida et. Al. (2000), as fases que devem ser cumpridas na
elaboração de um laudo são três. A primeira fase deve abarcar as in-
formações referentes ao conflito entre as partes; a segunda parte deve
contemplar todas as informações referentes ao objeto de estudo, como
o histórico do local, as características físicas, biológicas e sociais, os
dados levantados, as operações realizadas etc.; e a terceira etapa é
a que demonstrará as conclusões, dando o parecer para as questões.

TREINO INÉDITO
Gabarito: D

ESTUDOS E PERÍCIAS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

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