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SAÚDE COLETIVA E EPIDEMIOLOGIA

CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD

Saúde Coletiva e Epidemiologia – Prof.ª Esp.Mona Lisa Tasca Chaguri

Olá! Meu nome é Mona Lisa Tasca Chaguri. Sou bacharel


em Enfermagem e licenciada pela EERP-USP, especialista em
Saúde da Família pelo Centro Universitário Barão de Mauá.
Atualmente trabalho como coordenadora da Vigilância
Epidemiológica no município de Jardinópolis/SP e atuo como
docente no curso presencial de enfermagem no Claretiano
Centro Universitário de Batatais. Será um prazer colaborar com
sua formação profissional procurando garantir a qualidade e a
motivação nesse processo de aprendizagem dinâmico.
E-mail: monachaguri@gmail.com
Prof.ª Esp. Mona Lisa Tasca Chaguri

SAÚDE COLETIVA E EPIDEMIOLOGIA


Guia de Estudo
© Ação Educacional Claretiana, 2014 – Batatais (SP)
Trabalho realizado pelo Claretiano - Centro Universitário

Cursos: Graduação
Saúde Coletiva e Epidemiologia
Versão: fev./2015

Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva


Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon
Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida

Coordenador Geral de EaD: Prof. Ms. Artieres Estevão Romeiro


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves

Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional


Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Felipe Aleixo
Camila Maria Nardi Matos Filipi Andrade de Deus Silveira
Carolina de Andrade Baviera Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Cátia Aparecida Ribeiro Rafael Antonio Morotti
Rodrigo Ferreira Daverni
Dandara Louise Vieira Matavelli Sônia Galindo Melo
Elaine Aparecida de Lima Moraes Talita Cristina Bartolomeu
Josiane Marchiori Martins Vanessa Vergani Machado
Lidiane Maria Magalini Projeto gráfico, diagramação e capa
Luciana A. Mani Adami Eduardo de Oliveira Azevedo
Luciana dos Santos Sançana de Melo Joice Cristina Micai
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Patrícia Alves Veronez Montera
Luis Antônio Guimarães Toloi
Raquel Baptista Meneses Frata Raphael Fantacini de Oliveira
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Tamires Botta Murakami de Souza
Simone Rodrigues de Oliveira Wagner Segato dos Santos

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.

Claretiano - Centro Universitário


Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
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Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
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SUMÁRIO
GUIA DE ESTUDO
1 PLANO DE ENSINO............................................................................................ 8
2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO ...................................................................... 12
3 DESCRIÇÃO DAS UNIDADES DE ESTUDO......................................................... 35
4 CONSIDERAÇÕES GERAIS................................................................................. 103
INFORMAÇÃO: –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Esta disciplina é desenvolvida com Conteúdos Básicos de Referência. Isso sig-
nifica que, neste caso, não são disponibilizados na Sala de Aula Virtual (SAV)
os conteúdos referentes a esta disciplina, mas, sim, um Guia de Estudos no
qual constam as orientações que vão ajudá-lo no decorrer de seus estudos, bem
como as referências bibliográficas que fundamentam esta disciplina. Lembre-se
de que, para o melhor aproveitamento de seus estudos, você contará, também,
com as orientações do seu tutor a distância.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
GUIA DE ESTUDOS

1
GE

Este Guia de Estudos foi elaborado para auxiliá-lo durante o


estudo deste conteúdo. Portanto, sugerimos que você fique aten-
to às informações aqui contidas.
Neste Guia de Estudos, você terá acesso aos seguintes itens:
Plano de Ensino, Orientações para o Estudo da Disciplina, Descri-
ção das Unidades, Considerações Gerais, Bibliografia Básica, Bi-
bliografia Complementar e E-referências.
As mudanças demográficas, epidemiológicas e de assistência
vivenciadas pelo nosso País nas últimas décadas como melhoria
da qualidade de vida, diminuição da taxa de mortalidade infantil,
aumento da expectativa de vida e o aumento do numero de casos
de doenças cronico degenerativas torna necessário o estudo do
modelo de assistência e dos indicadores de avaliação dessa assis-
tência.
Vale ressaltar a importância de se conhecer a história natu-
ral das doenças, evolução, tratamento para intervir de forma eficaz
nesse processo de adoecimento.
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Com intuito de formar profissionais com visão generalista,


humanista e com senso de responsabilidade social, desenvolver
habilidades para a análise crítica, reflexiva e investigativa do pro-
cesso saúde-doença em sua dimensão coletiva, desenvolver com-
petências, atitudes e valores éticos do atendimento do indivíduo,
da família e da comunidade
é lançado esse Guia.
A obra Saúde Coletiva e Epidemiologia por meio deste ma-
terial lança uma ferramenta para apoio na construção do conhe-
cimento.
Por tanto, o Guia aborda tematicas para o entendimento
do processo de mudanças da pratica de saúde, como modelos de
assistencia, epidemiologia, qualidade de vida com o cuidado de
agregar informações que associam o conhecimento teorico com a
futura pratica profissional.
É indiscutível e relevante o papel da prevenção e promoção a
saúde principalmente, o impacto que causam na incidencia e pre-
valencia de muitas doenças.
Esperamos que á partir das discussões, textos e materiais
de apoio que compõem esse estudo voce seja incentivado a fazer
uma reflexão critica sobre o cenario atual do nosso sistema de saú-
de e prevenção de doenças.
Vamos lá?

1. PLANO DE ENSINO

Ementa
A prática de enfermagem em saúde coletiva. Fundamen-
to nas diretrizes do SUS. Funções administrativas e assistenciais
do enfermeiro nos serviços de saúde. O planejamento das inter-
venções de enfermagem em Saúde Coletiva e Epidemiologia com

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© Saúde Coletiva e Epidemiologia
9 Claretiano - Centro Universitário

aplicação de conhecimentos administrativo-assistenciais para qua-


lificação da assistência de enfermagem ao indivíduo, família e co-
munidade, inseridos no contexto atual das políticas de saúde. Pro-
moção, prevenção e recuperação da saúde do indivíduo. Família
e comunidade. Planejamento da educação em saúde na Atenção
Básica. Metodologias de investigação em saúde coletiva e epide-
miologia.

Objetivo geral
Os alunos da disciplina Saúde Coletiva e Epidemiologia, dos
cursos de Graduação na modalidade EaD do Claretiano, dado o
Sistema Gerenciador de Aprendizagem e suas ferramentas, serão
capazes de compreender a organização política e administrativa
do Estado brasileiro, conhecendo suas bases e fundamentos.
Com esse intuito, os alunos contarão com recursos técnico-
-pedagógicos facilitadores de aprendizagem, como Material Didá-
tico Mediacional, bibliotecas físicas e virtuais, ambiente virtual,
bem como acompanhamento do professor responsável, do tutor
a distância e do tutor presencial, complementados por debates no
Fórum.
Ao final desta obra, de acordo com a proposta orientada pelo
professor responsável e pelo tutor a distância, terão condições de
interagir com argumentos contundentes, além de dissertar com
comparações e demonstrações sobre o tema estudado, elaboran-
do um resumo, entre outras atividades. Para esse fim, levarão em
consideração as ideias debatidas na Sala de Aula Virtual, por meio
de suas ferramentas, bem como o que produziram durante o es-
tudo.

Objetivo específico
Ao final do estudo da obra, espera-se que você tenha condi-
ções de compreender a administração do Sistema Único de Saúde
a participação do enfermeiro na Administração do SUS e de suas

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10 Claretiano - Centro Universitário

Unidades de saúde, bem como o impacto das medidas preventivas


e estudos epidemiológicos sobre a saúde da comunidade.

Competências
Ao final deste estudo, os alunos dos cursos de Graduação
contarão com uma sólida base teórica para fundamentar critica-
mente sua prática profissional. Além disso, adquirirão as habilida-
des necessárias não somente para cumprir seu papel nesta área
do saber, mas também para agir com ética e com responsabilidade
social.

Carga horária
A carga horária da disciplina Saúde Coletiva e Epidemiologia
é de 90 horas. O conteúdo programático para o estudo das cinco
unidades na qual constam as obras indicadas como referência de
conteúdo neste Guia de Estudos, e os exercícios propostos cons-
tam no Plano de Ensino e Guia de Estudo (PEGE).

É importante que você releia, no Guia Acadêmico do seu curso, as


informações referentes à Metodologia e à Forma de Avaliação da
disciplina Saúde Coletiva e Epidemiologia. Na Sala de Aula Virtual
– SAV, ferramenta Cronograma, serão disponibilizadas algumas
instruções referentes à maneira como você deverá proceder em
relação às atividades e às interatividades ao longo desta disciplina.
O intuito é facilitar a visualização de informações importantes e,
com isso, possibilitar um melhor aproveitamento em seus estudos.

Bibliografia Básica
CARVALHO, S.R. Saúde coletiva e promoção da saúde. São Paulo: Hucitec. 2005.
HELMAN, C. G.Cultura, saúde e doença. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003
ROUQUAYROL, M. Z.; ALMEIDA-FILHO, N. Epidemiologia e saúde. 6. ed. Rio de Janeiro:
Medsi. 2003.

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Bibliografia Complementar
BARATA, R. C. B. O desafio das doenças emergentes e a revalorização da epidemiologia
descritiva. Revista de Saúde Pública. 1997; 31(5): 531-537.
BRASIL - Ministério da Saúde: PORTARIA Nº 648/GM de 28 de março de 2006 - sobre
Política Nacional de Atenção Básica.
BRASIL - Ministério da Saúde: NOB - SUS / 96 - Norma Operacional Básica do Sistema
Único de Saúde - SUS. (Publicada no D.O.U.de 6/11/1996).
______. Conselho Nacional de Secretários da Saúde. Conass. Atenção Primária e
Promoção da Saúde: Coleção para Entender a Gestão do SUS. Brasília: Conass,
2011. 197 p. (3)
______. Conselho Nacional de Secretários da Saúde. Conass. Assistência de
Média e Alta Complexidade no SUS: Coleção para Entender a Gestão do SUS.
Brasília: Conass, 2011. 223 p. (4).
CARVALHO, G. I.; SANTOS, L. Sistema Único de Saúde. Comentários à Lei Orgânica da
Saúde. São Paulo, Editora UNICAMP, 3. d. revista e atualizada, 2002.
CARVALHO, S. R. Saúde coletiva e promoção da saúde. São Paulo: Hucitec. 2005
DINIZ, D. Conflitos morais e bioética. Brasília: Letras Livres, 2001.
FORATTINI, O. P. Ecologia, epidemiologia e sociedade. 2. ed São Paulo: Artes Médicas,
2004.
GUIZZO , J.História da saúdepública no Brasil.4. ed. São Paulo: Ática, 2003.
MELO, E. C. P. (Org.). Saúde e doença no Brasil: como analisar os dados epidemiológicos.
Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2004.
SCLIAR, M. et al. Saúde pública: histórias, políticas e revolta. São Paulo: Scipione, 2002.
TEIXEIRA, C. F. SUS, Modelos Assistenciais e Vigilância da Saúde. IESUS, 1998.

E-referências
BIBLIOTECA VIRTUAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE – BVS MS.Disponível em: <https://www.
bvsms.saude.gov.br>. Acesso em: 02 jan. 2015.
MINISTÉRIO DA SAÚDE – Portal da Saúde. Disponivel em: <https:// www.saude.gov.br>.
Acesso em: 02 jan. 2015
______.< http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_principios.pdf>. Acesso em:
02 jan. 2015.
PORTAL DO DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA. Disponível em: <https://www.dab.
saude.gov.br>. Acesso em: 02 jan. 2015.
INFORMAÇÕES DE SAÚDE (TABNET) - DATASUS. Disponível em: <https://www2.datasus.
gov.br/DATASUS/index.php?area=0203>. Acesso em: 02 jan. 2015.
CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA. Disponível em: <https://www.cve.saude.
sp.gov.b>. Acesso em: 02 jan. 2015.

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2. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO

Apresentação
Seja bem-vindo!
Você está iniciando o estudo de Saúde Coletiva e Epidemio-
logia, que é uma das obras que compõem os cursos de Graduação
e que será desenvolvida na modalidade EaD. Trataremos dos as-
pectos relevantes para o desenvolvimento de um conhecimento
solido dos conceitos fundamentais de enfermagem saúde coletiva
e epidemiologia com domínio de conhecimento e novas tecnolo-
gias de informação e comunicação, com capacidade de liderança,
apto a tomar decisões, analisar os problemas de saúde coletiva e
recomendar possíveis soluções. Ser critico e humano, por meio de
uma visão integral do homem.
Toda a teoria apresentada neste Guia de Estudos será ampa-
rada na legislação específica da matéria em estudo, com referên-
cias aos artigos aplicáveis, bem como na bibliografia utilizada. Nos-
so objetivo é respaldar seus estudos para um aprendizado sólido,
de forma a orientá-lo no aprofundamento dos temas abordados.
Nosso principal foco será Integralizar novos conhecimentos,
reconhecer a interação do homem com o meio ambiente; atuar
nos diferentes cenários da prática profissional considerando os
pressupostos dos modelos clínico e epidemiológico; realizar levan-
tamento de dados que possibilitem identificar as necessidades in-
dividuais e coletivas da saúde da população, seus condicionantes
e determinantes
Desse modo, esta obra será dividida em cinco unidades, que
tratam dos seguintes tópicos:
1) Princípios e diretrizes do sistema único de saúde.
2) Modelos assistenciais da atenção básica.
3) Níveis de assistência em saúde - sistema de referência e
contra - referência.

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4) Princípios e conceitos da epidemiologia.


5) Indicadores de saúde.
Vale ressaltar que, esta obra e fundamentada na constante
busca do conhecimento o que pode levar a mudanças na forma
como a gestão é realizada, com o objetivo de tornar o processo
de aprendizagem dinâmico e participativo. Sua dedicação e de-
sempenho serão essenciais para o máximo aproveitamento. Fique
atento aos cronogramas. Desejamos a você uma ótima gestão de
atividades!
Bons estudos!

Abordagem Geral
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estu-
dado nesta obra. Aqui, você entrará em contato com os assuntos
principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportu-
nidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade.
Esta Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento bá-
sico necessário, a partir do qual você possa construir um referen-
cial teórico com base sólida – científica e cultural, para que, no
futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência
cognitiva, ética e responsabilidade social. Vamos começar nossa
aventura pela apresentação das ideias e dos princípios básicos que
fundamentam esta disciplina.
A obra Saúde Coletiva e Epidemiologia engloba vários aspec-
tos da saúde no que tange o homem como um todo, bem como
sua inserção no meio ambiente. A visão geral e humanizada é es-
sencial para compreender o papel das nossas intervenções como
profissional de saúde.
O Sistema Único de Saúde - SUS - foi criado pela Constitui-
ção Federal de 1988 e regulamentado pelas Leis n.º 8080/90 (Lei
Orgânica da Saúde) e nº 8.142/90, com a finalidade de alterar a
situação de desigualdade na assistência à Saúde da população,

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tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão,


sendo proibidas cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto.
Os princípios e Diretrizes do Sistema Único de Saúde regem
todas as decisões que englobam o sistema de saúde do país. Fi-
nanciamentos, políticas de saúde, protocolos são sempre funda-
mentados nos princípios do SUS, bem como o que tange a assis-
tência integral ao ser humano.
Nesse sentido, o SUS está regido pelos princípios funda-
mentais da Universalidade, Equidade e Integralidade da atenção
à saúde da população brasileira, se tornando um sistema capaz
de garantir o acesso universal da população a bens e serviços que
garantam sua saúde de forma equitativa e integral. As diretrizes
descentralização, regionalização, hierarquização e a participação
social são tidos como ferramenta para atingir os princípios funda-
mentais.

Modelos Assistenciais
Modelos assistenciais da atenção básica para garantir a as-
sistência integral e coletiva, a atenção básica volta seu campo de
atuação em modelos de assistência. O modelo de assistência re-
flete o modo como são organizadas, em uma dada sociedade, as
ações de atenção à saúde, envolvendo os aspectos tecnológicos,
assistenciais e financeiros disponíveis para enfrentar e resolver os
problemas de saúde de uma coletividade. Em meados da década
de 1990, foi implantada uma estratégia para mudança do modelo
hegemônico Estratégia de Saúde da Família (ESF), financiada pelo
Ministério da Saúde que visa garantir assistência integral a família.
Nosso modelo de assistência segue alicerçado pela atenção
básica e no topo rede hospitalar fluindo de forma organizada entre
os vários níveis por meio de mecanismos formais de referência e
contra-referência (normas de fluxos de usuários na busca de al-
ternativas de assistência). Visando garantir os diversos níveis de
assistência.

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Níveis de Prevenção - assistência e vigilância em atenção


básica o significado do termo promoção a saúde atualmente esta
associado a cidadania, laser,saúde e coletividade. Os níveis de pre-
venção visam garantir desde a prevenção até a reabilitação do in-
dividuo ou coletividade. Temos como níveis de prevenção:
• primordial (intervir no padrão de vida que possa levar a
doença);
• primário (visa evitar ou remover fatores de risco que pos-
sam levar ao estado patológico);
• secundário (este nível pressupõe o conhecimento da his-
toria natural da doença para que seja possívela detecção
precoce evitando a evolução da doença ou evitando o
avanço para estadios mais graves reduzindo inclusive a
prevalência da doença);
• terciário (tem como objetivo restabelecer ou diminuir as
incapacidades, sequelas ou complicações da doença já
estabelecida);
• quaternário ( trata-se de um nível de prevenção inseri-
do precocemente visando evitar excesso de intervenções
medicas, curar sem dano).
A principal finalidade do estudo dos níveis de prevenção é
garantir a atuação do profissional de saúde nos diversos níveis.

Principios e conceitos da epidemiologia


A epidemiologia é uma disciplina básica da saúde pública
voltada para a compreensão do processo saúde-doença , que tem
por objetivo o estudo desse mesmo processo, mas em termos in-
dividuais preocupa-se com o desenvolvimento de estratégias para
as ações voltadas para a proteção e promoção da saúde da comu-
nidade.
A epidemiologia constitui também instrumento para o de-
senvolvimento de políticas no setor da saúde. Sua aplicação deve

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16 Claretiano - Centro Universitário

levar em conta o conhecimento disponível e a realidade local


onde as medidas serão implementadas.
Conceitualmente a epidemiologia pode ser descrita como:
Epidemiologia é o estudo da frequência, da distribuição e dos de-
terminantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em es-
pecíficas populações e a aplicação desses estudos no controle dos
problemas de saúde (J. LAST, 1995).

O desenvolvimento da epidemiologia como ciência tem por


objetivo final a melhoria das condições de saúde da população hu-
mana, o que demonstra o elo da pesquisa epidemiológica com o
aprimoramento da assistência integral à saúde.
Indicadores de Saúde a disponibilidade de indicadores confi-
áveis é condição essencial para analise objetiva da situação social
e sanitária, assim como a tomada de decisões e ações efetivas em
saúde. Os indicadores apontam dados de mortalidade, natalida-
de, prevalência e diz muito sobre a efetividade das medidas de
controle das doenças e qualidade de assistência a saúde. Os indi-
cadores são medidas que contem informações relevantes sobre a
qualidade dos serviços de saúde visto que pode refletir a situação
sanitária de uma população e servir para vigilância das condições
de saúde.
Estudaremos nesta obra o entrelaçamento dos diversos tó-
picos para compreender a magnitude da Saúde Coletiva e a Epide-
miologia.

Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados na disciplina Saúde Coletiva e
Epidemiologia. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:

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17 Claretiano - Centro Universitário

1) Agente Infeccioso: agente biológico capaz de produzir-


-infecção ou doença infecciosa. Agente: entidade bioló-
gica, física ou química capaz de causar doença.
2) Alado: fase adulta do vetor, presença de asas.
3) Anticorpo Monoclonal: anticorpo produzido pela progê-
nie de uma única célula e que por isso é extremamente
puro, preciso e homogêneo.
4) Anticorpo: globulina encontrada em fluidos teciduais
e no soro, produzida em resposta ao estímulo de antí-
genos específicos, sendo capaz de se combinar com os
mesmos, neutralizando ou destruindo.
5) Antigenicidade: capacidade de um agente ou de fração
do mesmo estimular a formação de anticorpos.
6) Antígeno: porção ou produto de um agente biológico
capaz de estimulara formação de anticorpos específicos.
7) Antissepsia: conjunto de medidas empregadas para im-
pedir a proliferação microbiana.
8) Antrópico: tudo que pode ser atribuído à atividade hu-
mana.
9) Antroponose: infecção cuja transmissão se restringe aos
seres humanos.
10) Antropozoonose: infecção transmitida ao homem, por
reservatório animal.
11) Arboviroses: viroses transmitidas de um hospedeiro
para outro por meio de um ou mais tipos de artrópodes.
12) Área de Foco: área de transmissão para uma determina-
da doença, porém de localização bem definida, limitada
a uma localidade ou pequeno número destas, (um mu-
nicípio).
13) Área Endêmica: aqui considerada como área geográfica
reconhecidamente de transmissão para uma determina-
da doença.
14) Assepsia: conjunto de medidas utilizadas para impedir
a penetração de microorganismos (contaminação) em
local que não os contenha.

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18 Claretiano - Centro Universitário

15) Bacteriófago: vírus que lisa a bactéria. Vírus capaz de in-


fectar e destruir bactérias. São frequentemente usados
como vetores pela engenharia genética.
16) Busca Ativa: é a busca de casos suspeitos, que se dá de
forma permanente ou não; visitas periódicas do serviço
de saúde em áreas silenciosas e na ocorrência de casos
em municípios vizinhos.
17) Cadeia de Transmissão (epidemiológica): é a caracte-
rização dos mecanismos de transmissão de um agente
infeccioso, envolvendo os suscetíveis, os agentes pato-
gênicos e os reservatórios.
18) Capacidade Vetorial: propriedade do vetor, mensurada
por meio de parâmetros como abundância, sobrevivên-
cia e grau de domiciliação. É relacionada à transmissão
do agente infeccioso em condições naturais.
19) Caracteres Epidemiológicos: modos de ocorrência na-
tural das doenças em uma comunidade, em função da
estrutura epidemiológica da mesma.
20) Autóctone: caso contraído pelo enfermo na zona de sua
residência.
21) Caso Confirmado: pessoa de quem foi isolado e iden-
tificado o agente etiológico ou de quem foram obtidas
outras evidências epidemiológicas e/ou laboratoriais da
presença do agente etiológico, como por exemplo, a con-
versão sorológica em amostras de sangue colhidas nas
fases aguda e de convalescência. Esse indivíduo pode ou
não apresentar a síndrome indicativa da doença causada
pelo agente. A confirmação do caso está sempre con-
dicionada à observação dos critérios estabelecidos pela
definição de caso, que, por sua vez, está relacionada ao
objetivo do programa de controle da doença e/ou do sis-
tema de vigilância.
22) Caso Esporádico: caso que, segundo informações dispo-
níveis, não se apresenta epidemiologicamente relacio-
nado a outros já conhecidos.
23) Caso Importado: caso contraído fora da zona onde se fez
o diagnóstico. O emprego dessa expressão dá a ideia de

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19 Claretiano - Centro Universitário

que é possível situar, com certeza, a origem da infecção


numa zona conhecida.
24) Caso Índice: primeiro entre vários casos de natureza si-
milar e epidemiologicamente relacionados. O caso índi-
ce é muitas vezes identificado como fonte de contamina-
ção ou infecção.
25) Caso Suspeito: pessoa cuja história clínica, sintomas e
possível exposição a uma fonte de infecção sugerem que
possa estar ou vir a desenvolver alguma doença infec-
ciosa.
26) Caso: pessoa ou animal infectado ou doente apresen-
tando características clínicas, laboratoriais e/ou epide-
miológicas específicas.
27) Caso-Control: tipo de estudo epidemiológico no qual se
busca aferir uma associação entre um determinado fator
de risco e a ocorrência de uma determinada doença, em
grupos selecionados a partir da presença ou ausência da
doença em questão.
28) CEPA: população de uma mesma espécie descendente
de um único ante passado ou que tenha espécie descen-
dente de um único antepassado ou que tenha a mesma
origem, conservada mediante uma série de passagens
por hospedeiros ou subculturas adequadas. As cepas de
comportamento semelhante chamam-se “homólogas” e
de comportamento diferente “heterólogas”. Antigamen-
te empregava-se o termo “cepa” de maneira imprecisa,
para aludir a um grupo de organismos estreitamente re-
lacionados entre si, e que perpetuavam suas característi-
cas em gerações sucessivas. Ver também cultura isolada.
29) Cobertura Vacinal: indicador que expressa a proporção
da população-alvo que foi vacinada, medindo a capa-
cidade de alcance das metas estabelecidas conforme a
estratégia de vacinação. Para se obter a cobertura vaci-
nal, são necessárias as seguintes informações: popula-
ção-alvo, número de vacinados por idade, doses e área
geográfica. A cobertura pode ser avaliada pelo método
administrativo, analisando as informações obtidas no
sistema de registro dos serviços de saúde e pelo método

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20 Claretiano - Centro Universitário

estatístico, que consiste em inquéritos ou levantamen-


tos de campo, realizados através de entrevistas em uma
adequada amostra de domicílios.
30) Coeficiente de Incidência: constitui medida de risco de
doença ou agravo, fundamentalmente nos estudos da
etiologia de doenças agudas e crônicas. É a razão entre
o número de casos novos de uma doença que ocorre em
uma coletividade, em um intervalo de tempo determi-
nado, e a população exposta ao risco de adquirir referida
doença no mesmo período multiplicando-se por potên-
cia de 10, que é a base referencial da população. CI = n°
de casos novos de uma doença, ocorrentes em determi-
nada comunidade, em certo período de tempo X 1On/
n° de pessoas expostas ao risco de adquirir a doença no
referido período
31) Coeficiente de Mortalidade: relação entre a frequência
absoluta de óbitos e o número dos expostos ao risco de
morrer. Pode ser geral, quando inclui todos os óbitos e
toda a população da área em estudo, e pode ser específi-
co por idade, sexo, ocupação, causa de morte, etc. CMG
= n° total de óbitos em determinada, área e período X
10n / n° total da população da mesma área, estimada na
metade do período.
32) Coeficiente de Prevalência: coeficiente que mede a for-
ça com que subsiste a doença na coletividade. Expressa-
-se com a relação entre o número de casos conhecidos
de uma dada doença e a população, multiplicando-se o
resultado pela base referencial da população, que é po-
tência de 10, usualmente 1 0, 10 0 ou 100 0. CP = n° de
casos de uma dada doença X 10n / população
33) Coeficiente I Taxa: relação entre número de eventos re-
ais e os que poderiam acontecer, multiplicando-se o re-
sultado dessa relação pela base referencial do denomi-
nador, que é potência de 10. Muito utilizado em saúde
pública para indicar a relação (quociente) entre dois va-
lores numéricos, no sentido de estimar a probabilidade
da ocorrência ou não de determinado evento.
34) Colonização: propagação de um microorganismo na su-
perfície ou no organismo de um hospedeiro, sem causar
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21 Claretiano - Centro Universitário

agressão celular. Um hospedeiro colonizador pode atuar


como fonte de infecção.
35) Consolidação dos Dados: consiste no agrupamento e
distribuição dos dados segundo: número de casos; pe-
ríodo de ocorrência por município, localidade, bairro e
rua; faixa etária; semana epidemiológica; zona urbana/
rural; antecedência vacinal; cobertura vacinal; hospitali-
zação; complicações; coletas para amostras, etc.
36) Contágio: sinônimo de transmissão direta.
37) Contaminação: ato ou momento em que uma pessoa ou
um objeto se converte em veículo mecânico de dissemi-
nação de um determinado agente patogênico.
38) Contato Eficiente: contato entre um suscetível e uma
fonte primária de infecção, em que o agente etiológico é
realmente transferido dessa para o primeiro.
39) Contato: pessoa ou animal que teve contato com pessoa
ou animal infectado, ou com ambiente contaminado,
criando a oportunidade de adquirir o agente etiológico.
40) Controle: quando aplicado a doenças transmissíveis e
alguns não transmissíveis, significa operações ou pro-
gramas desenvolvidos com o objetivo de reduzir sua in-
cidência e/ou prevalência em níveis muito baixos.
41) Coorte: grupo de indivíduos que têm um atributo em
comum. Designa também um tipo de estudo epidemio-
lógico, no qual se busca aferir a incidência de um deter-
minado evento entre grupos expostos e não expostos ao
fator de risco estudado.
42) Desinfecção Concorrente: é a aplicação de medidas de-
sinfetantes o mais rápido possível, após a expulsão de
material infeccioso do organismo de uma pessoa infec-
tada, ou depois que a mesma tenha se contaminado
com referido material. Reduz ao mínimo o contato de
outros indivíduos com esse material ou objetos.
43) Desinfecção: destruição de agentes infecciosos que se
encontram fora do corpo, por meio de exposição direta
a agentes químicos ou físicos. Dimorfismo: propriedade
de existir em duas diferentes formas estruturais.

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44) Disseminação por fonte Comum: disseminação do agen-


te de uma doença a partir da exposição de um determi-
nado número de pessoas, num certo espaço de tempo, a
um veículo que é comum. Exemplo: água, alimentos, ar,
seringas contaminadas.
45) Doença Transmissível: doença causada por um agente
infeccioso específico, ou pela toxina por ele produzida,
por meio da transmissão desse agente, ou de seu produ-
to, tóxico a partir de uma pessoa ou animal infectado, ou
ainda, de um reservatório para um hospedeiro suscetí-
vel, seja direta ou indiretamente intermediado por vetor
ou ambiente.
46) Doenças Quarentenárias: doenças de grande transmis-
sibilidade, em geral graves, que requerem notificação
internacional imediata à Organização Mundial de Saúde,
isolamento rigoroso de casos clínicos e quarentena dos
comunicantes, além de outras medidas de profilaxia,
com o intuito de evitar a sua introdução em regiões até
então indenes.
47) Dose de Reforço: quantidade de antígeno que se admi-
nistra com o fim de manter ou reavivar a resistência con-
ferida pela imunização.
48) Ecossistema: é o conjunto constituído pela biota e o am-
biente.
49) Eliminação: é a redução a zero da incidência de uma do-
ença/agravo, porém com manutenção indefinidamente
no tempo, das medidas de controle.
50) Endemia: é a presença contínua de uma enfermidade ou
de um agente infeccioso em uma zona geográfica deter-
minada; pode também expressar a prevalência usual de
uma doença particular numa zona geográfica.
51) Enzootla: presença constante ou prevalência usual da
doença ou agente infeccioso na população animal de
uma dada área geográfica.
52) Epidemia: é a manifestação, em uma coletividade ou
região, de um corpo de casos de alguma enfermidade
que excede claramente a incidência prevista. O número
de casos que indica a existência de uma epidemia varia

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com o agente infeccioso, o tamanho e as características


da população exposta, sua experiência prévia ou falta de
exposição à enfermidade e o local e a época do ano em
que ocorre. Por decorrência, a epidemia guarda relação
com a frequência comum da enfermidade na mesma re-
gião, na população especificada e na mesma estação do
ano. O aparecimento de um único caso de doença trans-
missível que durante um lapso de tempo prolongado
não havia afetado uma população, ou que invade pela
primeira vez uma região, requer notificação imediata e
uma completa investigação de campo; dois casos dessa
doença associados no tempo ou no espaço podem ser
evidência suficiente de uma epidemia.
53) Epizootia: ocorrência de casos de natureza similar em
população animal de uma área geográfica particular,
que se apresenta claramente em excesso, em relação à
incidência esperada.
54) Erradicação: cessação de toda a transmissão da infecção
pela extinção artificial da espécie do agente em ques-
tão. A erradicação pressupõe a ausência completa de
risco de reintrodução da doença, de forma a permitir a
suspensão de toda e qualquer medida de prevenção ou
controle. A erradicação regional ou eliminação é a cessa-
ção da transmissão de determinada infecção em ampla
região geográfica ou jurisdição política.
55) Especificidade: é a capacidade do procedimento de
diagnose em diagnosticar corretamente a ausência de
doença, quando a mesma está ausente. Verdadeiros ne-
gativos, é a capacidade que tem o sistema de excluir os
não casos. Quando as taxas de diagnósticos falso-positi-
vos são altas, ocorre uma baixa especificidade.
56) Fômites: objetivos de uso pessoal do caso clínico ou
portador, que podem estar contaminados e transmitir
agentes infecciosos e cujo controle é feito por meio da
desinfecção.
57) Fonte de infecção: pessoa, animal, objeto ou substância
a partir da qual o agente é transmitido para o hospedei-
ro.

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58) Fonte notificadora: são os serviços de saúde e outros


segmentos formais e informais da sociedade que notifi-
cam as autoridades sanitárias, pelo menos, a ocorrência
das doenças de notificação compulsória.
59) Frequência (Ocorrência): é um termo genérico utilizado
em epidemiologia para descrever a frequência de uma
doença ou de outro atributo ou evento identificado na
população, sem fazer distinção entre incidência ou pre-
valência.
60) História Natural da Doença: descrição que inclui as
características das funções de infecção, distribuição
da doença segundo os atributos das pessoas, tempo e
espaço, distribuição e características ecológicas do(s)
reservatório(s) do agente; mecanismos de transmissão
e efeitos da doença sobre o homem.
61) Hospedeiro: organismo simples ou complexo, incluindo
o homem, que é capaz de ser infectado por um agente
específico.
62) Imunidade Ativa: imunidade adquirida naturalmente
pela infecção, com ou sem manifestações clínicas, ou ar-
tificialmente pela inoculação de frações ou produtos de
agentes infecciosos ou do próprio agente morto, modifi-
cado ou de uma forma variante.
63) Imunidade de Rebanho: resistência de um grupo ou
população à introdução e disseminação de um agente
infeccioso. Essa resistência é baseada na elevada pro-
porção de indivíduos imunes entre os membros desse
grupo ou população e na uniforme distribuição desses
indivíduos imunes.
64) Imunidade Passiva: imunidade adquirida naturalmente
da mãe ou artificialmente pela inoculação de anticorpos
protetores específicos (soro imune de convalescentes ou
imunoglobulina sé rica). A imunidade passiva é pouco
duradoura.
65) Imunidade: resistência usualmente associada à presen-
ça de anticorpos que têm o efeito de inibir microorganis-
mos específicos ou suas toxinas responsáveis por doen-
ças infecciosas particulares.

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66) Imunoglobullna: solução estéril de globulinas que con-


têm aqueles anticorpos normalmente presentes no san-
gue do adulto.
67) Imunoprofilaxia: prevenção da doença através da imu-
nidade conferida pela administração de vacinas ou soros
a uma pessoa ou animal.
68) Incidência: número de casos novos de uma doença ocor-
ridos em uma população particular durante um período
específico de tempo.
69) Infecção: penetração, alojamento e, em geral, multipli-
cação de um agente etiológico animado no organismo
de um hospedeiro, produzindo lhe danos, com ou sem
aparecimento de sintomas clinicamente reconhecíveis.
Em essência, a infecção é uma competição vital entre
um agente etiológico animado (parasita “sensu latu”) e
um hospedeiro; é, portanto, uma luta pela sobrevivência
entre dois seres vivos, que visam a manutenção de sua
espécie.
70) Infectante: aquele que pode causar uma infecção; apli-
ca-se, geralmente, ao parasita (por exemplo, o gametó-
cito, o esporozoíto).
71) Infestação: entende-se por infestação de pessoas ou
animais o alojamento, desenvolvimento e reprodução
de artrópodes na superfície do corpo ou nas roupas. Os
objetos ou locais infestados são os que albergam ou ser-
vem de alojamento a animais, especialmente, artrópo-
des e roedores.
72) Investigação Epidemiológica de Campo: (classicamen-
te conhecida por Investigação Epidemiológica): estudos
efetuados a partir de casos clínicos ou de portadores
para a identificação das fontes de infecção e dos modos
de transmissão do agente. Pode ser realizada em face de
casos esporádicos ou surtos.
73) Isolamento: segregação de um caso clínico do convívio
das outras pessoas durante o período de transmissibili-
dade, a fim de evitar que os suscetíveis sejam infecta-
dos. Em certos casos, o isolamento pode ser domiciliar

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ou hospitalar, em geral, é preferível esse último, por ser


mais eficiente.
74) Janela Imunológica: intervalo entre o início da infecção
e a possibilidade de detecção de anticorpos, através
de técnicas laboratoriais. Larvitrampas: recipiente com
água onde se observam as larvas dos mosquitos após a
eclosão.
75) Latência: período, na evolução clínica de uma doença
parasitária, no qual os sintomas desaparecem apesar de
estar o hospedeiro ainda infectado e de já ter sofrido o
ataque primário, ou uma ou várias recaídas. Terminolo-
gia utilizada com frequência em relação à malária.
76) Morbidade: é como se apresenta o comportamento de
uma doença ou de um agravo à saúde em uma popula-
ção exposta. Sendo calculada pelos coeficientes de inci-
dência e prevalência.
77) Notificação Negativa: denominação da notificação rea-
lizada periodicamente, mesmo na ausência de casos. O
serviço de saúde informa por intermédio de um boletim,
telegrama ou até por telefone, que não ocorreram casos
de uma determinada doença. Esse sistema é útil: sendo
a doença objeto de erradicação, de eliminação ou con-
trole; quando a incidência da doença é baixa, e pode ha-
ver um período mais ou menos longo sem que ocorram
casos; dessa forma, os serviços de saúde obrigando-se a
informar que não houve casos, estão sempre vigilantes.
78) Notificação: consiste na informação periódica do regis-
tro de doenças de notificação compulsória, obtidas por
meio de todas fontes notificadoras.
79) Oportunista: organismo que, vivendo normalmente
como comensal ou de vida livre, passa a atuar como pa-
rasita, geralmente em decorrência da redução da resis-
tência natural do hospedeiro. OVIPOSIÇAO: ato do inse-
to fêmea por ovos.
80) Parasita: organismo, geralmente microorganismo, cuja
existência se dá à expensa de um hospedeiro. O parasita
não é obrigatoriamente nocivo ao seu hospedeiro.
Existem parasitas obrigatórios e facultativos; os primeiros

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sobrevivem somente na forma parasitária e os últimos


podem ter uma existência independente.
81) Periodo de Incubaçao: intervalo entre a exposição efe-
tiva do hospedeiro suscetível a um agente biológico e
o início dos sinais e sintomas clínicos da doença nesse
hospedeiro.
82) Período de Transmissibilldade: intervalo de tempo du-
rante o qual uma pessoa ou animal infectado elimina
um agente biológico para o meio ambiente ou para o
organismo de um vetor hematófago, possível, portanto,
a sua transmissão a outro hospedeiro.
83) Período Prodrômico: é o lapso de tempo entre os pri-
meiros sintomas da doença e o início dos sinais ou sinto-
mas com base nos quais o diagnóstico pode ser estabe-
lecido momento, não os apresenta.
84) Portador: pessoa ou animal que não apresenta sintomas
clinicamente reconhecíveis de uma determinada doença
transmissível ao ser examinado, mas que está albergan-
do o agente etiológico respectivo.
85) Prevenção: termo que, em saúde pública, significa a
ação antecipada, tendo por objetivo interceptar ou anu-
lar a ação de uma doença. As ações preventivas têm por
fim eliminar elos da cadeia patogênica, ou no ambiente
físico ou social, ou no meio interno dos seres vivos afeta-
dos ou suscetíveis PRÓDROMS: sintomas indicativos do
início de uma doença.
86) Profilaxia: conjunto de medidas que têm por finalida-
de prevenir ou atenuar as doenças, suas complicações
e consequências. Quando a profilaxia está baseada no
emprego de medicamentos, trata-se da quimioprofila-
xia. -uça de filó: instrumento na forma de grande coador
utilizado para a captura de mosquito adulto.
87) Quimioprofilaxia: administração de uma droga, incluin-
do antibióticos, para prevenir uma infecção ou a pro-
gressão de uma infecção com manifestações da doença.
88) Recorrente: estado patológico que evolui através de re-
caídas sucessivas.

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89) Reservatório de Agentes Infecciosos (fonte primária


de infecção): qualquer ser humano, animal, artrópodo,
planta, solo, matéria ou uma combinação deles, no qual
normalmente vive e se multiplica um agente infeccioso,
dela depende para sua sobrevivência, reproduzindo-se
onde se reproduz de maneira que pode ser transmitido
a um hospedeiro suscetível.
90) Resistência: conjunto de mecanismos específicos e ines-
pecíficos do organismo que servem de defesa contra a
invasão ou multiplicação de agentes infecciosos, ou con-
tra os efeitos nocivos de seus produtos tóxicos. Os me-
canismos específicos constituem a imunidade e os ines-
pecíficos, a resistência inerente ou natural.
91) Retroalimentação: é a devolução de informação aos ní-
veis de menor complexidade, desde a mais específica ao
notificante até uma análise mais complexa da situação
epidemiológica de determinada região
92) Sinal: evidência objetiva de doença.
93) Sintoma: evidência subjetiva de doença.
94) Surto: epidemia de proporções reduzidas, atingindo
uma pequena comunidade humana. Muitos restringem
o termo para o caso de instituições fechadas, outros o
usam como sinônimo de epidemia.
95) Susceptível: qualquer pessoa ou animal que suposta-
mente não possui resistência suficiente contra um de-
terminado agente patogênico, que a proteja da enfermi-
dade caso venha a entrar em contato com o agente.
96) Taxa (ou Coeficiente) de Letalldade: é a medida de fre-
quência de óbitos por determinada causa entre mem-
bros de uma população atingida pela doença.
97) Taxa (ou Coeficiente) de Mortalidade: é a medida de
frequência de óbitos em uma determinada população
durante um intervalo de tempo específico. Ao se incluir
os óbitos por todas as causas tem-se a taxa de mortali-
dade geral. Caso se inclua somente óbitos por determi-
nada causa, tem-se a taxa de mortalidade específica.

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98) Taxa (ou Coeficiente) de Natalidade: é a medida de fre-


quência de nascimentos em uma determinada popula-
ção, durante um período de tempo especificado.
99) Taxa de Ataque: coeficiente ou taxa de incidência referi-
da a uma população específica ou a um grupo bem defi-
nido de pessoas, limitadas a uma área e tempo restritos.
E muito útil para investigar surtos epidêmicos logo em
sua eclosão e durante a sua vigência.
100) Taxa de Letalidade: coeficiente resultante da relação en-
tre o número de óbitos decorrentes de uma determina-
da causa e o número de pessoas que foram realmente
acometidas pela doença, expressando sempre em per-
centual.
101) Taxa de Morbidade: medida de frequência de doença
em uma população. Existem dois grupos importantes de
taxa de morbidade: as de incidência e as de prevalência.
102) Transmissão: transferência de um agente etiológico ani-
mado de uma fonte primária de infecção para um novo
hospedeiro. A transmissão pode ocorrer de forma direta
ou indireta.
103) Vacina: preparação contendo microorganismos vivos ou
mortos ou suas frações, possuidora de propriedades an-
tigênicas. As empregadas para induzir em um indivíduo
a erradicação retira apenas um dos componentes da
transmissão da doença.
104) Vigilânciade doença: é o levantamento contínuo de to-
dos os aspectos relacionados com a manifestação e pro-
pagação de uma doença, que sejam importantes para o
seu controle eficaz. Inclui a coleta e avaliação sistemáti-
ca de:
Vigilância Epidemiológica (I): é, conforme o Art. 2° da lei n° 6 259,
de 30 de outubro de 1975, o conjunto de informações, investiga-
ções e levantamentos necessários a programação e a avaliação de
medidas de controle de doenças e situações de agravos à saúde.

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Esquema dos Conceitos-chave


Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es-
quema dos Conceitos-chave da disciplina. O mais aconselhável é
que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até
mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você
construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a
partir de suas próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-
tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você
na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de
ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-
-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em
esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu co-
nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe-
dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza-
gem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda,
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim,
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem
pontos de ancoragem.
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais
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de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-


tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor-
nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe-
cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele-
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com
o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do
site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).

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Poder Organização
Constituinte CONSTITUIÇÃO do Estado
Originário

Federação:
União, Estados,
Distrito Federal e
Poder Constituinte Municípios
Derivado

Repartição de
Competências
Reformador Decorrente

Poder Executivo,
Emendas Constituição Poder Legislativo
Constitucionais Estadual e Poder
Judiciário

Controle de Constitucionalidade

Direito Administrativo Organização


Administrativa

Administração

Agentes Públicos

Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave da disciplina Saúde Coletiva e Epidemiologia.


Figura 1 Esquema dos Conceitos‐chave da disciplina Saúde Coletiva e Epidemiologia.

Como você pode observar, esse Esquema oferece a você, como dissemos ant
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visão
© Saúde geral
Coletiva dos conceitos
mais importantes deste estudo. Ao segui‐lo, será possível
e Epidemiologia
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Como você pode observar, esse Esquema oferece a você,


como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais
importantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar entre
os principais conceitos desta disciplina e descobrir o caminho para
construir o seu processo de ensino-aprendizagem. O Esquema dos
Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que
vem se somar àqueles disponíveis no ambiente virtual, por meio
de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados
às atividades didático-pedagógicas realizadas presencialmente no
polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua au-
tonomia na construção de seu próprio conhecimento.

Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertati-
vas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com a prática do ensino de Direito Constitucional e
Direito Administrativo pode ser uma forma de você avaliar o seu
conhecimento. Assim, mediante a resolução de questões pertinen-
tes ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação
final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privile-
giada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação
sólida para a sua prática profissional.

Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias apresentadas no Plano de Ensino e no Tópico Orientações
para o estudo da unidade.

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Figuras (ilustrações, quadros...)


Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos da disciplina, pois relacionar aquilo que está no campo vi-
sual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual.

Dicas (motivacionais)
O estudo desta obra convida você a olhar, de forma mais apu-
rada, a Educação como processo de emancipação do ser humano.É
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a
notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto,
uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente.
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades
nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discu-
ta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoau-
las.

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No final de cada unidade, você encontrará algumas questões


autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas,
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a
esta disciplina, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto
para ajudar você.

3. DESCRIÇÃO DAS UNIDADES DE ESTUDO


A seguir, será apresentada a descrição das unidades.

UNIDADE 1 –PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SISTEMA ÚNICO


DE SAÚDE

1. Objetivo
• Compreender a organização do Sistema Único de
Saúde,reconhecer sua importância na administração das
políticas publicas de saúde coletiva em termos de organi-
zação de saúde e financiamento.

2. Conteúdos
• Princípios e Fundamentos do Sistema Único de Saúde.
• Normalização e Financiamento do SUS.
• Administração do SUS: Gestão, Gerência e Assistência.

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3. Referências
Brasil - Ministério da Saúde: NOB - SUS / 96 - Norma Operacional Básica do Sistema Único
de Saúde - SUS. (Publicada no D.O.U.de 6/11/1996).
______. PORTARIA Nº 648/GM de 28 de março de 2006 - sobre Política Nacional de
Atenção Básica.

4. Competência
• O aluno deverá desenvolver as atividades amparado pelas
referencias citadas bem como E referencias,procurando
compreender a importância do SUS, buscando vincular o
aprendizado com o futuro exercício profissional.

5. Orientações para o estudo da unidade


Para o estudo desta unidade, você deverá realizar a leitura
das portarias específicas da referência citada acima.

Os Princípios do Sistema Único de Saúde


O SUS pode ser entendido como uma "Política de Estado”,
adotada pelo Congresso Nacional, em 1988, na Constituição, de
considerar a Saúde como um "Direito de Cidadania e um dever
do Estado”. O SUS é um sistema que assume os princípios da Uni-
versalidade, Equidade e Integralidade da atenção à saúde da po-
pulação, um sistema de saúde que visa de garantir o acesso uni-
versal da população a bens e serviços que garantam sua saúde e
bem-estar, de forma equitativa e integral. As diretrizes do SUS são:
Descentralização, Regionalização, Hierarquização e a Participação
social essênciais para que os princípios da integralidade, equidade
e universalidade sejam alcançados.
O princípio fundamental esta embasado no artigo 196 da
Constituição Federal (1988), que afirma:
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de do-
ença e de outros agravos e ao acesso igualitário às ações e serviços
para sua promoção, proteção e recuperação.

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A universalidade é um ideal a ser alcançado, para que o SUS


venha a ser universal, é preciso um processo de extensão de co-
bertura dos serviços, acessível a toda a população, através de,
diminuição das barreiras jurídicas, econômicas, culturais e sociais
que se interpõem entre a população e os serviços.
O princípio da equidade, mais um dos princípios do SUS. A
noção de equidade diz respeito à necessidade de se "tratar desi-
gualmente os desiguais" de modo assegurar a igualdade de assis-
tência entre os membros de uma dada sociedade. Primeiramente,
é preciso reconhecer a desigualdade entre as pessoas e os grupos
sociais para que o principio da equidade seja bem empregado. É
necessário garantir igualdade no direito de adoecer e morrer.
A integralidade diz respeito promoção da saúde, prevenção
de riscos e agravos e assistência a doentes, o atendimento das
necessidades de saúde. Desse modo, a atenção integral à saúde
contempla o conjunto de ações de promoçãoda saúde, prevenção
de riscos e agravos, assistência e recuperação contando com uni-
dades de prestação de serviços, pessoal capacitado e recursos ne-
cessários, à produção de ações de saúde que vão desde as ações
inespecíficas de promoção da saúde em grupos populacionais, às
ações específicas de vigilância ambiental, sanitária e epidemiológi-
ca dirigidas ao controle de riscos e danos, até ações de assistência
e recuperação de indivíduos enfermos, sejam ações para a detec-
ção precoce de doenças, sejam ações de diagnóstico, tratamento
e reabilitação.
As diretrizes do SUS são:
• descentralização;
• regionalização;
• hierarquização;
• participação da comunidade.
A descentralização é uma estratégia de organização do siste-
ma criando um elo entre as esferas federal, estadual e municipal.

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Na descentraliza cada esfera assume sua responsabilidade para o


favorecimento do processo. As esferas são:
• federal (Ministério da Saúde);
• estadual (Secretaria Estadual de Saúde);
• municipal (Secretaria Municipal de Saúde).
Existe uma distribuição de poder da união para os estados e
municípios. As ações não devem ser verticalizadas, já que os pro-
blemas locais são mais conhecidos pelos gestores estaduais e prin-
cipalmente, municipais.
As diretrizes de regionalização e hierarquização determinam
que sejam delimitados territórios com perfil semelhante e desen-
volvam ações de saúde que atenda a população de forma mais
integral possível. Na regionalização deve ser considerado os níveis
de complexidade requeridos em caráter hierárquico, desenvolven-
do de menor complexidade as de maior complexidade.

Principios do SUS/NOB 96
A NOB/SUS 96 - publicada no DOU de 6/11/96, por meio da
portaria n.º 2.203 e alterada pela portaria 1882 de 18/12/97- foi
resultado de amplo e participativo processo de discussão. O foco
central da NOB é a redefinição do modelo de gestão, o que repre-
senta um importante marco no processo de consolidação do SUS
e, por conseguinte, no efetivo cumprimento dos princípios e dire-
trizes que o orientam.
Esse marco se expressa, em especial, na finalidade da Nor-
ma:
[…] promover e consolidar o pleno exercício, por parte do poder
público municipal e do Distrito Federal, da função de gestor da
atenção à saúde de seus munícipes.

O gestor municipal irá, por conseguinte, prover aos seus mu-


nícipes a atenção à saúde por eles requerida, com a devida coope-
ração técnica e financeira da União e dos Estados, caracterizando

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um processo de transformação profunda, no qual se desloca poder


- gestão, atribuições e decisões - para o nível mais local do sistema.
Na NOB 96 está definido que os gestores Federal e Estadual
são os promotores da harmonização, modernização e integração
do SUS, nas dimensões nacional e estadual, respectivamente. Essa
tarefa acontece, especialmente, na Comissão Intergestores Bipar-
tite - CIB -, no âmbito estadual, e na Comissão Intergestores Tripar-
tite - CIT - no âmbito nacional.
O desempenho dos papéis que cabem aos gestores concre-
tiza-se mediante um conjunto de responsabilidades, que estão de-
talhadas na NOB, o que caracteriza a palavra-chave do novo mo-
delo que é a responsabilização de cada gestor, de cada instância
de governo.
Esse novo paradigma de gestão configura, assim, instrumen-
to altamente favorecedor na implantação de um novo modelo de
atenção à saúde, até então centrado na doença. Nessa transfor-
mação, destaca-se a atenção integral, vez que o modelo abarca o
conjunto das ações e serviços de promoção, proteção e recupera-
ção da saúde. Esse é um diferencial entre a NOB 96 e as anteriores,
cujo foco era a assistência.
Entre os novos conceitos inseridos pela norma ressaltam-
-se os relativos à gestão e à gerência. Assumir a gestão significa
apropriar-se do comando do sistema, o que é de exclusiva compe-
tência do poder público. Assim, são gestores do SUS o Prefeito e
Secretário Municipal de Saúde, o Governador e Secretário Estadu-
al de Saúde e o Presidente da República e Ministro da Saúde, que
representam, respectivamente, os governos Municipais, Estaduais
e Federal.
No que se refere à gerência, assumi-la significa ter a respon-
sabilidade pela administração de uma unidade ou órgão de saúde
- ambulatório, hospital, instituto, fundação etc. - que presta servi-
ços ao sistema. Em outros termos, assumir a gerência quer dizer
dirigir uma determinada unidade ou órgão prestador de serviços
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de saúde. Dessa forma, a gerência de estabelecimentos prestado-


res de serviços pode ser estatal ou privada, esta última desde que
conveniada ou contratada por um gestor do SUS (PORTAL DA SAÚ-
DE. Disponível em: <www.saude.gov.br/descent/nob96.htm>.
Acesso em: 09 jan. 2015).

Politica nacional de atenção básica


CAPÍTULO I
Da Atenção Básica
1 - DOS PRINCÍPIOS GERAIS
A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saú-
de, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a
proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tra-
tamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida
por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias democrá-
ticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a
populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a
responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente
no território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias
de elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver
os problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu
território. É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de
saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibili-
dade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da
integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade
e da participação social.
A Atenção Básica considera o sujeito em sua singularidade, na com-
plexidade, na integralidade e na inserção sociocultural e busca a
promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e
a redução de danos ou de sofrimentos que possam comprometer
suas possibilidades de viver de modo saudável.
A Atenção Básica tem a Saúde da Família como estratégia priori-
tária para sua organização de acordo com os preceitos do Sistema
Único de Saúde.
A Atenção Básica tem como fundamentos:
I - possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de
qualidade e resolutivos, caracterizados como a porta de entrada
preferencial do sistema de saúde, com território adscrito de forma
a permitir o planejamento e a programação descentralizada, e em
consonância com o princípio da equidade;

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II - efetivar a integralidade em seus vários aspectos, a saber: inte-


gração de ações programáticas e demanda espontânea; articulação
das ações de promoção à saúde, prevenção de agravos, vigilância à
saúde, tratamento e reabilitação, trabalho de forma interdisciplinar
e em equipe, e coordenação do cuidado na rede de serviços;
III - desenvolver relações de vínculo e responsabilização entre as
equipes e a população adscrita garantindo a continuidade das
ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado;
IV - valorizar os profissionais de saúde por meio do estímulo e do
acompanhamento constante de sua formação e capacitação;
V - realizar avaliação e acompanhamento sistemático dos resulta-
dos alcançados, como parte do processo de planejamento e pro-
gramação;
VI - estimular a participação popular e o controle social.
Visando à operacionalização da Atenção Básica, definem-se como
áreas estratégicas para atuação em todo o território nacional a eli-
minação da hanseníase, o controle da tuberculose, o controle da hi-
pertensão arterial, o controle do diabetes mellitus, a eliminação da
desnutrição infantil, a saúde da criança, a saúde da mulher, a saúde
do idoso, a saúde bucal e a promoção da saúde. Outras áreas serão
definidas regionalmente de acordo com prioridades e pactuações
definidas nas CIBs.
Para o processo de pactuação da atenção básica será realizado e
firmado o Pacto de Indicadores da Atenção Básica, tomando como
objeto as metas anuais a serem alcançadas em relação a indica-
dores de saúde acordados. O processo de pactuação da Atenção
Básica seguirá regulamentação específica do Pacto de Gestão. Os
gestores poderão acordar nas CIBs indicadores estaduais de Aten-
ção Básica a serem acompanhados em seus respectivos territórios.
2 - DAS RESPONSABILIDADES DE CADA ESFERA DE GOVERNO
Os municípios e o Distrito Federal, como gestores dos sistemas lo-
cais de saúde, são responsáveis pelo cumprimento dos princípios
da Atenção Básica, pela organização e execução das ações em seu
território.
2.1 - Compete às Secretarias Municipais de Saúde e ao Distrito Fe-
deral:
I - organizar, executar e gerenciar os serviços e ações de Atenção
Básica, de forma universal, dentro do seu território, incluindo as
unidades próprias e as cedidas pelo estado e pela União;
II - incluir a proposta de organização da Atenção Básica e da forma
de utilização dos recursos do PAB fixo e variável, nos Planos de Saú-
de municipais e do Distrito Federal;

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III - inserir preferencialmente, de acordo com sua capacidade


institucional, a estratégia de Saúde da Família em sua rede de
serviços, visando à organização sistêmica da atenção à saúde;
IV - organizar o fluxo de usuários, visando a garantia das referências
a serviços e ações de saúde fora do âmbito da Atenção Básica;
V - garantir infraestrutura necessária ao funcionamento das
Unidades Básicas de Saúde, dotando-as de recursos materiais,
equipamentos e insumos suficientes para o conjunto de ações
propostas;
VI - selecionar, contratar e remunerar os profissionais que compõem
as equipes multiprofissionais de Atenção Básica, inclusive os da
Saúde da Família, em conformidade com a legislação vigente;
VII - programar as ações da Atenção Básica a partir de sua base
territorial, utilizando instrumento de programação nacional ou
correspondente local;
VIII - alimentar as bases de dados nacionais com os dados produzidos
pelo sistema de saúde municipal, mantendo atualizado o cadastro
de profissionais, de serviços e de estabelecimentos ambulatoriais,
públicos e privados, sob sua gestão;
IX - elaborar metodologias e instrumentos de monitoramento e
avaliação da Atenção Básica na esfera municipal;
X - desenvolver mecanismos técnicos e estratégias organizacionais
de qualificação de recursos humanos para gestão, planejamento,
monitoramento e avaliação da Atenção Básica;
XI - definir estratégias de articulação com os serviços de saúde com
vistas à institucionalização da avaliação da Atenção Básica;
XII - firmar, monitorar e avaliar os indicadores do Pacto da Atenção
Básica no seu território, divulgando anualmente os resultados
alcançados;
XIII - verificar a qualidade e a consistência dos dados alimentados
nos sistemas nacionais de informação a serem enviados às outras
esferas de gestão;
XIV - consolidar e analisar os dados de interesse das equipes locais,
das equipes regionais e da gestão municipal, disponíveis nos
sistemas de informação, divulgando os resultados obtidos;
XV - acompanhar e avaliar o trabalho da Atenção Básica com ou
sem Saúde da Família, divulgando as informações e os resultados
alcançados;
XVI - estimular e viabilizar a capacitação e a educação permanente
dos profissionais das equipes;

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XVII - buscar a viabilização de parcerias com organizações


governamentais, não governamentais e com o setor privado para
fortalecimento da Atenção Básica no âmbito do seu território.
2.2 - Compete às Secretarias Estaduais de Saúde e ao Distrito
Federal:
I - contribuir para a reorientação do modelo de atenção à saúde por
meio do apoio à Atenção Básica e estímulo à adoção da estratégia
Saúde da Família pelos serviços municipais de saúde em caráter
substitutivo às práticas atualmente vigentes para a Atenção Básica;
II - pactuar, com a Comissão Intergestores Bipartite, estratégias,
diretrizes e normas de implementação da Atenção Básica no Estado,
mantidos os princípios gerais regulamentados nesta Portaria;
III - estabelecer, no Plano de Saúde Estadual e do Distrito Federal,
metas e prioridades para a organização da Atenção Básica no seu
território;
IV - destinar recursos estaduais para compor o financiamento
tripartite da Atenção Básica;
V - pactuar com a Comissão Intergestores Bipartite e informar à
Comissão Intergestores Tripartite a definição da utilização dos
recursos para Compensação de Especificidades Regionais;
VI - prestar assessoria técnica aos municípios no processo de
qualificação da Atenção Básica e de ampliação e consolidação
da estratégia Saúde da Família, com orientação para organização
dos serviços que considere a incorporação de novos cenários
epidemiológicos;
VII - elaborar metodologias e instrumentos de monitoramento e
avaliação da Atenção Básica na esfera estadual;
VIII - desenvolver mecanismos técnicos e estratégias organizacionais
de qualificação de recursos humanos para gestão, planejamento,
monitoramento e avaliação da Atenção Básica;
IX - definir estratégias de articulação com as gestões municipais do
SUS com vistas à institucionalização da avaliação da Atenção Básica;
X - firmar, monitorar e avaliar os indicadores do Pacto da Atenção
Básica no território estadual, divulgando anualmente os resultados
alcançados;
XI - estabelecer outros mecanismos de controle e regulação,
monitoramento e avaliação das ações da Atenção Básica e da
estratégia Saúde da Família no âmbito estadual ou do Distrito
Federal;

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XII - ser corresponsável, junto ao Ministério da Saúde, pelo


monitoramento da utilização dos recursos da Atenção Básica
transferidos aos municípios e ao Distrito Federal;
XIII - submeter à CIB, para resolução acerca das irregularidades
constatadas na execução do PAB fixo e variável, visando:
a) aprazamento para que o gestor municipal corrija as
irregularidades;
b) comunicação ao Ministério da Saúde;
c) bloqueio do repasse de recursos ou demais providências
consideradas necessárias e regulamentadas pela CIB;
XIV - assessorar os municípios para implantação dos sistemas de
informação da Atenção Básica, como instrumentos para monitorar
as ações desenvolvidas;
XV - consolidar, analisar e transferir os arquivos dos sistemas de
informação enviados pelos municípios para o Ministério da Saúde,
de acordo com os fluxos e prazos estabelecidos para cada sistema;
XVI - verificar a qualidade e a consistência dos dados enviados pelos
municípios por meio dos sistemas informatizados, retornando
informações aos gestores municipais;
XVII - analisar os dados de interesse estadual, gerados pelos
sistemas de informação, divulgar os resultados obtidos e utilizá-los
no planejamento;
XVIII - assessorar municípios na análise e gestão dos sistemas
de informação, com vistas ao fortalecimento da capacidade de
planejamento municipal;
XIX - disponibilizar aos municípios instrumentos técnicos e
pedagógicos que facilitem o processo de formação e educação
permanente dos membros das equipes;
XX - articular instituições, em parceria com as Secretarias Municipais
de Saúde, para capacitação e garantia de educação permanente
aos profissionais de saúde das equipes de Atenção Básica e das
equipes de saúde da família;
XXI - promover o intercâmbio de experiências entre os diversos
municípios, para disseminar tecnologias e conhecimentos voltados
à melhoria dos serviços da Atenção Básica;
XXII - viabilizar parcerias com organismos internacionais, com
organizações governamentais, não-governamentais e do setor
privado para fortalecimento da Atenção Básica no âmbito do
estado e do Distrito Federal.
2.3 - Compete ao Ministério da Saúde:

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I - contribuir para a reorientação do modelo de atenção à saúde


no País, por meio do apoio à Atenção Básica e do estímulo à
adoção da estratégia de Saúde da Família como estruturante para a
organização dos sistemas municipais de saúde;
II - garantir fontes de recursos federais para compor o financiamento
do Piso da Atenção Básica – PAB fixo e variável;
III - prestar assessoria técnica aos estados, ao Distrito Federal e
aos municípios no processo de qualificação e de consolidação da
Atenção Básica e da estratégia de Saúde da Família;
IV - estabelecer diretrizes nacionais e disponibilizar instrumentos
técnicos e pedagógicos que facilitem o processo de capacitação e
educação permanente dos profissionais da Atenção Básica;
V - apoiar a articulação de instituições, em parceria com as
Secretarias de Saúde Estaduais, Municipais e do Distrito Federal,
para capacitação e garantia de educação permanente para os
profissionais de saúde da Atenção Básica;
VI - articular com o Ministério da Educação estratégias de indução às
mudanças curriculares nos cursos de graduação na área da saúde,
em especial de medicina, enfermagem e odontologia, visando à
formação de profissionais com perfil adequado à Atenção Básica;
VII - assessorar estados, municípios e o Distrito Federal na
implantação dos sistemas de informação da Atenção Básica;
VIII - analisar dados de interesse nacional, relacionados com a
Atenção Básica, gerados pelos sistemas de informação em saúde,
divulgando os resultados obtidos;
IX - elaborar metodologias e instrumentos de monitoramento e
avaliação da Atenção Básica de âmbito nacional;
X - desenvolver mecanismos técnicos e estratégias organizacionais
de qualificação de recursos humanos para gestão, planejamento,
monitoramento e avaliação da Atenção Básica;
XI - definir estratégias de articulação com as gestões estaduais e
municipais do SUS com vistas à institucionalização da avaliação da
Atenção Básica;
XII - monitorar e avaliar os indicadores do Pacto da Atenção
Básica, no âmbito nacional, divulgando anualmente os resultados
alcançados, de acordo com o processo de pactuação acordado na
Comissão Intergestores Tripartite;
XIII - estabelecer outros mecanismos de controle e regulação, de
monitoramento e de avaliação das ações da Atenção Básica e da
estratégia de Saúde da Família no âmbito nacional;

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XIV - promover o intercâmbio de experiências e estimular


o desenvolvimento de estudos e pesquisas que busquem o
aperfeiçoamento e a disseminação de tecnologias e conhecimentos
voltados à Atenção Básica;
XV - viabilizar parcerias com organismos internacionais, com
organizações governamentais, não governamentais e do setor
privado, para fortalecimento da Atenção Básica e da estratégia de
saúde da família no País.
3 - DA INFRA-ESTRUTURA E DOS RECURSOS NECESSÁRIOS
São itens necessários à realização das ações de Atenção Básica nos
municípios e no Distrito Federal:
I - Unidade(s) Básica(s) de Saúde (UBS) com ou sem Saúde da
Família inscrita(s) no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Saúde do Ministério da Saúde, de acordo com as normas sanitárias
vigentes;
II – UBS com ou sem Saúde da Família que, de acordo com o
desenvolvimento de suas ações, disponibilizem:
III - equipe multiprofissional composta por médico, enfermeiro,
cirurgião dentista, auxiliar de consultório dentário ou técnico em
higiene dental, auxiliar de enfermagem ou técnico de enfermagem
e agente comunitário de saúde, entre outros;
IV - consultório médico, consultório odontológico e consultório de
enfermagem para os profissionais da Atenção Básica;
V - área de recepção, local para arquivos e registros, uma sala de
cuidados básicos de enfermagem, uma sala de vacina e sanitários,
por unidade;
VI - equipamentos e materiais adequados ao elenco de ações
propostas, de forma a garantir a resolutividade da Atenção Básica;
VII - garantia dos fluxos de referência e contra-referência aos
serviços especializados, de apoio diagnóstico e terapêutico,
ambulatorial e hospitalar;
VIII - existência e manutenção regular de estoque dos insumos
necessários para o funcionamento das unidades básicas de saúde,
incluindo dispensação de medicamentos pactuados nacionalmente.
Para Unidade Básica de Saúde (UBS) sem Saúde da Família em
grandes centros urbanos, recomenda-se o parâmetro de uma UBS
para até 30 mil habitantes, localizada dentro do território pelo
qual tem responsabilidade sanitária, garantindo os princípios da
Atenção Básica.

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Para UBS com Saúde da Família em grandes centros urbanos,


recomenda-se o parâmetro de uma UBS para até 12 mil habitantes,
localizada dentro do território pelo qual tem responsabilidade
sanitária, garantindo os princípios da Atenção Básica.
4 - DO CADASTRAMENTO DAS UNIDADES QUE PRESTAM SERVIÇOS
BÁSICOS DE SAÚDE
O cadastramento das Unidades Básicas de Saúde será feito pelos
gestores municipais e do Distrito Federal em consonância com as
normas do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde.
5 - DO PROCESSO DE TRABALHO DAS EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA
São características do processo de trabalho das equipes de Atenção
Básica:
I - definição do território de atuação das UBS;
II - programação e implementação das atividades, com a priorização
de solução dos problemas de saúde mais frequentes, considerando
a responsabilidade da assistência resolutiva à demanda espontânea;
III - desenvolvimento de ações educativas que possam interferir no
processo de saúde-doença da população e ampliar o controle social
na defesa da qualidade de vida;
IV - desenvolvimento de ações focalizadas sobre os grupos de risco
e fatores de risco comportamentais, alimentares e/ou ambientais,
com a finalidade de prevenir o aparecimento ou a manutenção de
doenças e danos evitáveis;
V - assistência básica integral e contínua, organizada à população
adscrita, com garantia de acesso ao apoio diagnóstico e laboratorial;
VI - implementação das diretrizes da Política Nacional de
Humanização, incluindo o acolhimento;
VII - realização de primeiro atendimento às urgências médicas e
odontológicas;
VIII - participação das equipes no planejamento e na avaliação das
ações;
IX - desenvolvimento de ações intersetoriais, integrando projetos
sociais e setores afins, voltados para a promoção da saúde;
X - apoio a estratégias de fortalecimento da gestão local e do
controle social.
6 - DAS ATRIBUIÇÕES DOS MEMBROS DAS EQUIPES DE ATENÇÃO
BÁSICA
As atribuições específicas dos profissionais da Atenção Básica
deverão constar de normatização do município e do Distrito

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Federal, de acordo com as prioridades definidas pela respectiva


gestão e as prioridades nacionais e estaduais pactuadas.
7 - DO PROCESSO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE
A educação permanente dos profissionais da Atenção Básica é de
responsabilidade conjunta das SMS e das SES, nos estados, e da
Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
Os conteúdos mínimos da Educação Permanente devem priorizar as
áreas estratégicas da Atenção Básica, acordadas na CIT, acrescidos
das prioridades estaduais, municipais e do Distrito Federal.
Devem compor o financiamento da Educação Permanente recursos
das três esferas de governo acordados na CIT e nas CIBs.
Os serviços de atenção básica deverão adequar-se à integração
ensino-aprendizagem de acordo com processos acordados na CIT e
nas CIBs PORTARIA Nº 648/GM DE 28 DE MARÇO DE 2006.
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
prtGM648_20060328.pdf>. Acesso em: 9 jan. 2015.

6. Conteúdos complementares
Para complementar seu estudo, você poderá acessar Siste-
ma Único de Saúde na íntegra, por meio do link: <http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_principios.pdf>. Acesso em: 9
jan. 2015.

7. Questões autoavaliativas
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Qual a importância do SUS para saúde coletiva?

2) Quais os princípios do SUS? É possível reconhecer esses princípios como


usuário SUS?

3) Como ocorre a participação social no SUS?

8. Referência Bibliográfica
SCLIAR, M. et al. Saúde pública: histórias, políticas e revolta. São Paulo: Scipione, 2002.

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49 Claretiano - Centro Universitário

UNIDADE 2 – MODELOS ASSISTENCIAIS DA ATENÇÃO BÁSICA

1. Objetivos
• Identificar a evolução dos modelos de Atenção Básica no
Brasil.
• Compreender a finalidade da existência dos modelos de
Atenção Básica.

2. Conteúdo
• Modelos Assistenciais da Atenção Básica – Estratégia de
Saúde da Família.

3. Referências
CARVALHO, S.R. Saúde coletiva e promoção da saúde. São Paulo: Hucitec. 2005
TEIXEIRA, C. F. SUS, Modelos Assistenciais e Vigilância da Saúde. IESUS, 1998.

4. Competências
Nesta unidade vamos refletir sobre os modelos assistências
em saúde em diferentes contextos, a sua evolução em diferentes
momentos históricos e os principais determinantes dessa evolu-
ção. Em particular do Sistema Único de Saúde e da estratégia de
Saúde da Família considerada uma estratégia de reorganização da
Atenção Básica de Saúde e de implementação do novo modelo as-
sistencial.

5. Orientações para o estudo da unidade

Modelos Assistenciais da Atenção Básica – Estratégia de Saúde da


Família
O modelo assistencial diz respeito ao modo como são orga-
nizadas, as ações de atenção à saúde, nos aspectos tecnológicos
e assistenciais é uma forma de organização e articulação entre os
diversos recursos físicos, tecnológicos e humanos disponíveis para
enfrentar e resolver os problemas de saúde de uma coletividade.

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50 Claretiano - Centro Universitário

O tema de qualquer modelo de atenção à saúde, faz refe-


rência não há programas, mas ao modo de se construir a gestão
de processos políticos, organizacionais e de trabalho que estejam
comprometidos com a produção dos atos de cuidar do indivíduo,
do coletivo, do social, dos meios, das coisas e dos lugares. E isto,
sempre será uma tarefa tecnológica, comprometida com necessi-
dades enquanto valores de uso, enquanto utilidades para indivídu-
os e grupos (MERHY, 2000:2)
No Brasil vários modelos de saúde foram desenvolvidos no
decorrer da história. No início da República sanitaristas, guardas
sanitários e outros técnicos organizaram campanhas para lutar
contra as epidemias que assolavam o Brasil no início do século (fe-
bre amarela, varíola e peste). Essas campanhas até hoje são estra-
tégias importantes para saúde pública no combate às endemias
e epidemias.
Na década de 1920, com a industrialização do país e o cres-
cimento da massa de trabalhadora, começaram as reivindicações
por políticas previdenciárias e por assistência à saúde. Surge a
Caps ( Caixas de Aposentadoria e Pensão), regulamentadas pelo
Estado em 1923.
A partir da década de 1930, a política de saúde pública es-
tabelece uma forma permanente de atuação com a instalação de
centros e postos de saúde para atender, de modo rotineiro, a de-
terminados problemas. Para isso, foram criados alguns programas,
como pré-natal, vacinação, puericultura, tuberculose, hanseníase,
doenças sexualmente transmissíveis e outros. Que seguem como
referência ate os dias atuais.
Esses programas eram empregados baseados nos saberes
da velha epidemiologia que determinavam o agente causador da
doença e a forma como elimina-lo, sem levar consideração as con-
dições de vida, saneamento, social e hospedeiro.
No modelo instituído a partir da década de 1930, em que se
estruturaram as redes estaduais de saúde, a assistência era volta-
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da para população pobre. Nesta década ainda, era de Getulio Var-


gas, as Caps, criadas nos anos 1920, transformaram-se em Institu-
to de Aposentadoria e Pensão (Iaps). O que antes era CAP de uma
determinada empresa passou a ser um Instituto de Aposentadoria
e Pensão de uma determinada categoria profissional (por exem-
plo: Iapi, Iapetec, IAPM etc). Cada instituto possuía uma rede de
ambulatórios e hospitais para assistência à doença e recuperação
da força de trabalho.
O modelo de medicina voltado para a assistência à doença
em seus aspectos individuais e biológicos, centrado no hospital,
nas especialidades médicas e no uso intensivo de tecnologia é
chamado de medicina científica ou biomedicina ou modelo flexne-
riano, em homenagem a Flexner, cujo relatório, em 1911, funda-
mentou a reforma das faculdades de medicina nos EUA e Canadá.
Esta concepção estruturou a assistência médica previdenciária na
década de 1940, expandindo-se na década de 1950, orientando
também a organização dos hospitais estaduais e universitários.
Em 1964 com governo militar houve novas mudanças. Uniu
os Iaps no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), com
foco na assistência à saúde individual, com responsabilidade dos
governos estaduais e do Ministério da Saúde. Expandiu o modelo
biomédico de atendimento por meio do financiamento e compra
de serviços aos hospitais privados.
Em 1975 definiu-se um Sistema Nacional de Saúde em que
as atividades de saúde pública continuavam desarticuladas da as-
sistência médica individual. Ficou claro o quanto ineficaz era o mo-
delo da biomedicina no enfrentamento dos problemas de saúde
gerados pelo processo acelerado de urbanização. Doenças psicos-
somáticas, neoplasias, violência, doenças crônico-degenerativas
frutos da urbanização já não poderiam ser tratadas apenas com
foco no individualismo.
A não associação do estilo de vida ao surgimento de doenças
levou os profissionais de saúde a gastos maiores para realização de

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exames diagnósticos, portanto, houve uma vertiginosa a escalada


dos custos dos Sistemas de Saúde.
Se compararmos as ações de atenção médica com ações em
outros setores (saneamento, educação, emprego), veremos que
o emprego de recursos financeiros para outros setores levam ao
aumento da expectativa de vida, sendo a relação custo/benefício
mais eficaz.
Nesse contexto dos anos 70, estabeleceu-se, um novo deba-
te sobre modelos de assistência. A mais difundida foi a de atenção
primária à saúde ou medicina comunitária.
Desde o início, porém, essa proposta foi alvo de muita cri-
tica por caracterizarem a medicina comunitária como "medicina
para os pobres", e havia aqueles que viam a proposta como uma
estratégia racionalizadora, importando-se com o acesso de toda a
população aos reais avanços tecnológicos na saúde. No Brasil, no
final da década de 1970, essa proposta foi encarada por grupos de
oposição ao governo militar como estratégia para redemocratizar
a política e levar assistência à saúde à população em geral.
A partir da década de 1980, várias experiências de gover-
no originaram correntes tecno-políticas que contribuíram sobre-
maneira na avaliação do que vinha sendo feito e na sugestão de
elementos importantes na organização de modelos assistenciais
coerentes com as escolhas técnicas, éticas e políticas daqueles que
queriam a universalização da saúde.
Com movimento de reforma sanitária que culminou na 8ª
Conferência Nacional de Saúde, em 1986. As diretrizes dessa Con-
ferência ganharam forma de lei na Constituição de 1988 e na Lei
Orgânica de Saúde (8.080/90) e transformaram-se em objetivos
a serem perseguidos pela reorganização de um Sistema Único de
Saúde (SUS), tais como:
• Atendimento universal - todo cidadão tem direito à aten-
ção à saúde e é dever do Estado promovê-la.

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53 Claretiano - Centro Universitário

• A "Atenção à saúde deve ser integral", ou seja, cada cida-


dão deve ser compreendido em suas dimensões biológi-
cas, psicológicas e sociais. As equipes de profissionais e a
rede de serviços devem articular-se para garantir a oferta
de intervenções em promoção de saúde, prevenção de
doenças, cura e controle de agravos e reabilitação dos do-
entes. A rede hierarquizada de serviços deve oferecer tec-
nologias, complementares entre si, em diversos níveis de
complexidade, conforme a necessidade dos usuários. Em
uma dimensão política, os setores do governo e da socie-
dade devem articular-se intersetorialmente em políticas
que promovam a saúde e previnam agravos.
• Os "benefícios da política precisam ser distribuídos de
forma a diminuir as desigualdades", promovendo a saúde
daqueles que apresentam mais necessidades (equidade).
• Toda "essa organização, em seus diversos níveis, precisa
ser discutida, acompanhada e avaliada no cumprimento
de seus objetivos por estruturas de controle pela socie-
dade". A lei 8.142, de 1990, garante a existência de con-
selhos de saúde em níveis municipal, estadual e nacional.
A organização da sociedade pode e deve participar de
instâncias de decisão locais/regionais e nacional, para o
exercício do controle social. Este controle também é exer-
cido cotidianamente pelos cidadãos ao utilizarem e ava-
liarem os serviços e as ações políticas que interfiram na
qualidade de vida da população.
Em relação às várias alternativas estudadas, verificamos
certo consenso no que diz respeito à reformulação dos serviços de
saúde:
• A noção de território não é compreendida apenas do
ponto de vista geográfico, mas como território processo,
onde a sociedade se estrutura e reproduz a vida, organiza
a cultura, vive a história.

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• A definição de problema de saúde é construída de ma-


neira mais ampla que as doenças, por meio de uma sis-
tematização de causas e consequências das situações
que interferem na saúde da população, na programação
de ações e na avaliação de seu impacto sobre problemas
identificados.
• Com a percepção das desigualdades regionais e microrre-
gionais, são estabelecidas estratégias de forma que seja
possível orientar propostas redistributivas de recursos vi-
sando à maior equidade.
• A reorganização das práticas de saúde privilegiam uma
abordagem interdisciplinar na qual a epidemiologia, as ci-
ências sociais, a clínica, a educação em saúde e a política
setorial, entre outros conhecimentos, possam articular-se
na compreensão da saúde e da doença em seus aspectos
individuais e coletivos.
• A ampliação da percepção dos trabalhadores sobre os
usuários, compreendendo-os nos seus aspectos biológi-
cos, psíquicos e sociais, resulta no desenvolvimento de
ações que articulam a promoção de saúde, a prevenção
dos agravos, a cura e recuperação de indivíduos ou cole-
tividades doentes e a vigilância à saúde (integralidade na
abordagem).
• A revisão dos conceitos clássicos de hierarquização de
serviços, com base no reconhecimento da complexidade
da atenção básica em suas relações com a população e
seus problemas sanitários. O reconhecimento de que os
problemas apresentados pelas populações, em especial
na área urbana, requerem uma abordagem multiprofis-
sional e uma articulação em rede (integralidade na rede
de serviços).
• A articulação do setor da saúde com os demais setores de
governo na formulação de "políticas saudáveis" para as
cidades (intersetorialidade).
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• A gestão democratizada, tendo em vista a horizonte dos


organogramas e a construção de espaços coletivos de ges-
tão, apontadas como alternativas para possibilitar maior
participação dos trabalhadores e da população.
• Existem, também, diferenças e lacunas, que podem ser
evidenciadas se examinarmos os focos organizativos e a
escolha de prioridades de atenção nos diferentes mode-
los tecnoassistenciais propostos:
• Programação em saúde: propõe uma análise da situação
de saúde por meio dos padrões de adoecimento, vulne-
rabilidade e risco de morte por doenças e agravos. Isso
evidencia um caráter prescritivo ou normativo para os
serviços no seu encontro com os usuários, ofertando uma
programação que interpreta a população pela sua "curva
epidemiológica". Esse saber é absolutamente necessário,
mas, quando é utilizado para planejar o sistema de aten-
ção e gestão, nos remete a uma atuação vertical e de pro-
dução de impactos sobre indicadores, enfraquecendo o
olhar sobre a produção de acolhimento e escuta das pes-
soas em suas dificuldades pontuais ou difusas no modo
de andar a vida.
• Políticas intersetoriais: propõem uma análise da situação
de saúde com base nas condições mais gerais de vida,
destacando a necessidade das boas condições de acesso
aos bens coletivos, ou seja, a tudo aquilo que entendemos
como determinante da qualidade de saúde. Baseiam-se
na proposta de promoção da saúde e enfatizam a neces-
sidade de articulações intersetoriais, por exemplo, com as
áreas de ambiente, educação, atividade física, urbanismo
etc. Esse foco propõe aspectos essenciais para uma polí-
tica de saúde, mas, quando utilizado para ordenar o sis-
tema, oferece poucos elementos para a organização das
práticas de atenção e da rede de cuidados, visando à ga-
rantia de acesso a todos os recursos assistenciais de que
venham a necessitar pessoas e populações.

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• Promoção da saúde: uma ampla conjugação do método


epidemiológico com o de promoção da saúde, valorizan-
do enormemente a educação em saúde como desenvolvi-
mento da autonomia das pessoas e populações. Configu-
ra propostas que consideram os fatores determinantes ou
condicionantes da qualidade de saúde, a necessidade de
informações e conhecimentos para promover a autono-
mia e a necessidade de acesso às tecnologias do cuidado
com produção de vínculo entre profissionais e equipes de
saúde com os usuários.
• Integralidade: uma construção mais aberta e, além do re-
conhecimento de todos os fatores referidos aos demais
desenhos (modelos), traz, como destaque, a necessidade
de ter acesso a todas as tecnologias de saúde para a re-
dução de danos e sofrimentos e prolongar a vida. Como
integralidade, revela-se em defesa de que as tecnologias
de saúde não sejam vistas como as de maior ou de me-
nor importância e que não sejam hierarquizadas entre
melhores e secundárias, mas vistas como recursos que
precisam ser consumidos na hora certa e no espaço ade-
quado, sejam as imunizações, os grupos com portadores
de patologias, o diagnóstico por imagem ou laboratorial,
as cirurgias ou os transplantes. Como se trata do sistema
de saúde, o encontro com os usuários estende-se desde a
participação no cuidado ao controle social sobre o setor.
Mais recentemente, em meados da década de 1990, após
muitas relutâncias e até mesmo entraves governamentais ao pro-
cesso de implantação do SUS, foi implantada uma estratégia para
mudança do modelo hegemônico, a Estratégia de Saúde da Família
(ESF), financiada pelo Ministério da Saúde. A disseminação desta
estratégia e os investimentos na chamada rede básica de saúde
ampliaram o debate em nível nacional e trouxeram novas ques-
tões para a reflexão.

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Entre estas questões, destacamos a forma de organização e


hierarquização das redes assistenciais, em que a ideia predomi-
nante envolve uma imagem em pirâmide para a atenção à saúde,
bem como a ideia da complexidade crescente em direção ao topo.
Hospital no topo e rede básica como porta de entrada do sistema
de saúde.
Supõe-se que a pirâmide organiza a assistência em graus
crescentes de complexidade, com a população fluindo de forma
organizada entre os vários níveis por meio de mecanismos formais
de referência e contra-referência (normas de fluxos de usuários na
busca de alternativas de assistência).
A atenção básica à saúde desempenha um papel estratégico
no SUS, sendo o principal elo entre o sistema de saúde e a popu-
lação. Mas não pode ser entendida apenas como porta de entra-
da do sistema, porque essa ideia caracteriza baixa capacidade de
resolver problemas e implica desqualificação e isolamento. Não
pode ser a sua única porta de entrada, porque as necessidades das
pessoas se manifestam de maneira variável e precisam ser aco-
lhidas. Nem pode ser porta obrigatória porque isso burocratiza a
relação das pessoas com o sistema. E não pode ser o único lugar
de acolhimento, porque todas as partes do sistema precisam se
responsabilizar pelo resultado das ações de saúde e pela vida das
pessoas.
Breve Retrospectiva Histórica da Construção do Sistema de
Saúde No Brasil:
O sistema de saúde brasileiro, no início do século, visava apenas
o controle de doenças que ameaçavam a manutenção da força de
trabalho e a expansão das atividades econômicas capitalistas. Ao
final dos anos 90, passou a enfocar a saúde como direito do cida-
dão e dever do Estado. Par a descrever essa transição utilizaremos
uma ordenação através das décadas, embasando-nos nas políticas
públicas e nos anais das Conferências Nacionais de Saúde.
Para MENDES (1994), o sistema de saúde brasileiro transitou, neste
século, do sanitarismo campanhista para o modelo médico-assis-
tencia privatista, até chegar, nos anos 80, ao projeto neoliberal. No
tocante à assistência individual curativa, sua estruturação deu-se

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por meio da década de 20, especialmente, a partir de 1923, mar-


co da instituição das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs),
com a Lei Elói Chaves, passando por um período pródigo até 1930
e marcada por um período contencionista no período de 1940 a
1945. Somente a partir de 1945 ocorre uma aceitação tácita das
obrigações das empresas para com a assistência médica (OLIVEIRA;
TEIXEIRA, 1985).
Foi implementada na década de 40 a Fundação Serviço Especial de
Saúde Pública (SESP) e, em 1953, foi criado o Ministério da Saúde
(MERHY; QUEIROZ, 1993).
Em 1963, foi aprovado o tema municipalização dos serviços de saú-
de na 3ª a Conferência Nacional de Saúde, que ficou latente com
a implantação do Regime Militar em 1964 (MÜLLER NETO, 1991;
MERHY; QUEIROZ, 1993; MENDES, 1994).
A partir de 1966, com a unificação das Caixas e Institutos de Apo-
sentadorias e Pensões no Instituto Nacional de Previdência Social
(INPS), a medicina previdenciária passou a ter prioridade na política
estatal em relação à saúde pública, conformando o modelo médi-
co-assistencial privatista (ROCHA, 1986; OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1985;
MENDES, 1994).
As políticas dos anos 70, segundo MENDES (1994), construíram as
bases da hegemonia do modelo médico-assistencial privatista a
que se assenta no seguinte tripé: o Estado como financiador atra-
vés da Previdência Social, o setor privado nacional como o maior
prestador de serviços e o setor privado internacional como o mais
significativo produtor de insumos, especialmente, equipamentos
biomédicos e medicamentos.
A década de 80 foi marcada pela eclosão da crise da Previdência
Social e surgira m propostas racionalizadoras, como o Programa
Nacional de Serviços Básicos de Saúde (PREV-SAÚDE) e o Plano CO-
NASP, que objetivavam a universalização dos cuidados primários,
a extensão da cobertura e também a melhoria das condições sani-
tárias da população (BRASIL, 1980; ROCHA, 1986; MENDES, 1994).
O Plano de Racionalização Ambulatorial, proposto pelo CONASP,
acabou por levar à formulação das Ações Integradas de Saúde (AIS).
A 8ªConferência Nacional de Saúde (CNS), realizada em Brasília
em1986, influiu em dois processos que se iniciaram em 1987: im-
plantação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS)
no executivo; elaboração da nova Constituição no legislativo (MEN-
DES, 1994; ROCHA, 1986).
Tanto a Constituição Federal (BRASIL, 1989), como a Lei Orgânica
da Saúde (BRASIL, 1990a) rezam que o dever do Estado em garantir
a saúde consiste na necessidade de reformulação e execução de

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políticas econômicas e sociais para a redução de riscos de doenças


e outros agravos e no estabelecimento de condições que assegu-
rem o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a
promoção, proteção, recuperação da saúde.
O início dos anos 90 foi marcado pela substituição da visão de me-
nos valia da saúde coletiva por um novo arcabouço jurídico, com-
posto pelas Constituições Federal e Estaduais, pelas Leis Orgânicas
Municipais e pelas Leis 8080 e 8142 (MENDES, 1994).
A partir da 5ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE (1975) já se
recomenda a regionalização de serviços hierarquizados em com-
plexidade crescente, o que foi reforçado na 6ª e 7ª Conferências.
Contudo, na 8ª Conferência Nacional de Saúde, o direito à saúde foi
elevado à condição de responsabilidade do Estado, sendo previsto
o acesso universal em todos os níveis de atenção.
Tanto a regionalização como a hierarquização dos serviços foram
apresentados como princípios da nova política de saúde, o que foi
reafirmado na 9ª Conferência:

• Conferência Nacional de Saúde, 1978.


• Conferência Nacional de Saúde, 1980.
• Conferência Nacional de Saúde, 1986.
• Conferência Nacional de Saúde, 1992.
A 9ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE (1992) teve como tema
central a Municipalização da Saúde e a corroboração dos princípios
extraídos da 8ª CNS, consolidados na legislação do Sistema Único
de Saúde. Disponível em: < http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/
pdf/465.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2015.

Teremos como base nesse tópico o artigo 648/GM de 28 de


marco 2006, que regulamenta a implantação dos modelos de as-
sistência:
4. DO PROCESSO DE TRABALHO DA SAÚDE DA FAMÍLIA
Além das características do processo de trabalho das equipes de
Atenção Básica, são características do processo de trabalho da
Saúde da Família:
I - manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indivíduos
e utilizar, de forma sistemática, os dados para a análise da situação
de saúde considerando as características sociais, econômicas,
culturais, demográficas e epidemiológicas do território;

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II - definição precisa do território de atuação, mapeamento e reco-


nhecimento da área adstrita, que compreenda o segmento popula-
cional determinado, com atualização contínua;
III - diagnóstico, programação e implementação das atividades se-
gundo critérios de risco à saúde, priorizando solução dos proble-
mas de saúde mais frequentes;
IV - prática do cuidado familiar ampliado, efetivada por meio do
conhecimento da estrutura e da funcionalidade das famílias que
visa propor intervenções que influenciem os processos de saúde-
-doença dos indivíduos, das famílias e da própria comunidade;
V - trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando áreas técnicas
e profissionais de diferentes formações;
VI - promoção e desenvolvimento de ações intersetoriais, buscan-
do parcerias e integrando projetos sociais e setores afins, voltados
para a promoção da saúde, de acordo com prioridades e sob a co-
ordenação da gestão municipal;
VII - valorização dos diversos saberes e práticas na perspectiva de
uma abordagem integral e resolutiva, possibilitando a criação de
vínculos de confiança com ética, compromisso e respeito;
VIII - promoção e estímulo à participação da comunidade no contro-
le social, no planejamento, na execução e na avaliação das ações;
IX - acompanhamento e avaliação sistematica das ações implemen-
tadas, visando à readequação do processo de trabalho.
As atribuições dos diversos profissionais das Equipes de Saúde da
Família, de Saúde Bucal, ACS e enfermeiros das equipes PACS estão
descritas no Anexo I.
5 - DA CAPACITAÇÃO E EDUCAÇÃO PERMANENTE DAS EQUIPES
O processo de capacitação deve iniciar-se concomitantemente ao
início do trabalho das ESF por meio do Curso Introdutório para toda
a equipe.
Recomenda-se que:
I - o Curso Introdutório seja realizado em até 3 meses após a im-
plantação da ESF;
II - a responsabilidade da realização do curso introdutório e/ou dos
cursos para educação permanente das equipes, em municípios
com população inferior a 100 mil habitantes, seja da Secretaria de
Estado da Saúde em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde;
III - a responsabilidade da realização do curso introdutório e/ou
dos cursos para educação permanente das equipes, em municípios

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com população superior a 100 mil habitantes, e da Secretaria Mu-


nicipal de Saúde, que poderá realizar parceria com a Secretaria de
Estado da Saúde. No Distrito Federal, a sua Secretaria de Saúde é
responsável pela realização do curso introdutório e/ou dos cursos
para educação permanente das equipes.
Os conteúdos mínimos do Curso Introdutório e da Educação Per-
manente para as ESFs serão objeto de regulamentação específica
editada pelo Ministério da Saúde.
6 - DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO
I - O município e o Distrito Federal deverão elaborar a proposta de
implantação ou expansão de ESF, ESB e ACS e em conformidade
com a regulamentação estadual aprovada pela CIB. Na ausência de
regulamentação específica, poderão ser utilizados os quadros cons-
tantes no Anexo II a esta Portaria. A proposta deve definir:
a) território a ser coberto, com estimativa da população residente,
definição do número de equipes que deverão atuar e com o mape-
amento das áreas e micro-áreas;
b) infra-estrutura incluindo área física, equipamentos e materiais
disponíveis nas UBS onde atuarão as equipes, explicitando o nú-
mero e o local das unidades onde irão atuar cada uma das equipes;
c) ações a serem desenvolvidas pelas equipes no âmbito da Aten-
ção Básica, especialmente nas áreas prioritárias definidas no âmbi-
to nacional;
d) processo de gerenciamento e supervisão do trabalho das equi-
pes;
e) forma de recrutamento, seleção e contratação dos profissionais
das equipes, contemplando o cumprimento da carga horária de 40
horas semanais;
f) implantação do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB),
incluindo recursos humanos e materiais para operá-lo;
g) processo de avaliação do trabalho das equipes, da forma de
acompanhamento do Pacto dos Indicadores da Atenção Básica e
da utilização dos dados dos sistemas nacionais de informação;
h) a contrapartida de recursos do município e do Distrito Federal.
II - A proposta elaborada deverá ser aprovada pelos Conselhos de
Saúde dos Municípios e encaminhada à Secretaria Estadual de Saú-
de ou sua instância regional para análise. O Distrito Federal, após
a aprovação por seu Conselho de Saúde, deverá encaminhar sua
proposta para o Ministério da Saúde;

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III - A Secretaria Estadual de Saúde ou sua instância regional terá o


prazo máximo de 30 dias após a data do protocolo de entrada do
processo para sua análise e encaminhamento à Comissão Interges-
tores Bipartite (CIB);
IV - Após aprovação na CIB, cabe à Secretaria de Saúde dos Estados
e do Distrito Federal informar ao Ministério da Saúde, até o dia 15
de cada mês, o número de ESF, de ESB e de ACS que fazem jus ao
recebimento de incentivos financeiros do PAB variável;
V - O município, com as equipes previamente credenciadas pelo
estado, conforme decisão da CIB, passará a receber o incentivo cor-
respondente às equipes efetivamente implantadas, a partir do ca-
dastro de profissionais no sistema nacional de informação definido
para esse fim, e da alimentação de dados no sistema que compro-
vem o início de suas atividades;
VI -O Ministério da Saúde, os estados e os municípios terão o prazo
de até 180 dias para implantação do novo fluxo de credenciamento
e implantação de ESF, de ESB e de ACS;
VII - O fluxo dos usuários para garantia da referência e contra-refe-
rência à atenção especializada, nos serviços assistenciais de média
complexidade ambulatorial, incluindo apoio diagnóstico laborato-
rial e de imagem - RX e ultra-som, saúde mental e internação hos-
pitalar, levando em conta os padrões mínimos de oferta de serviços
de acordo com os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saú-
de e a proposta para garantia da assistência farmacêutica básica
devem constar no Plano Municipal de Saúde.
CAPÍTULO III
DO FINANCIAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA
1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
O financiamento da Atenção Básica se dará em composição tripar-
tite.
O Piso da Atenção Básica (PAB) constitui-se no componente federal
para o financiamento da Atenção Básica, sendo composto de uma
fração fixa e outra variável.
O somatório das partes fixa e variável do Piso da Atenção Básica
(PAB) comporá o Teto Financeiro do Bloco Atenção Básica conforme
estabelecido nas diretrizes dos Pactos pela Vida, em Defesa do SUS
e de Gestão.
Os recursos do Teto Financeiro do Bloco Atenção Básica deverão ser
utilizados para financiamento das ações de Atenção Básica descri-
tas nos Planos de Saúde do município e do Distrito Federal.

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2 - DO PISO DE ATENÇÃO BÁSICA


O Piso da Atenção Básica - PAB consiste em um montante de re-
cursos financeiros federais destinados à viabilização de ações de
Atenção Básica à saúde e compõe o Teto Financeiro do Bloco Aten-
ção Básica.
O PAB é composto de uma parte fixa (PAB fixo) destinada a todos
os municípios e de uma parte variável (PAB variável) que consis-
te em montante de recursos financeiros destinados a estimular a
implantação das seguintes estratégias nacionais de reorganização
do modelo de atenção à saúde: Saúde da Família – SF; Agentes Co-
munitários de Saúde – ACS; Saúde Bucal – SB; Compensação de
Especificidades Regionais; Saúde Indígena – SI; e Saúde no Sistema
Penitenciário.
Os repasses dos recursos dos PABs fixo e variável aos municípios
são efetuados em conta aberta especificamente para essa finalida-
de, com o objetivo de facilitar o acompanhamento pelos Conselhos
de Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e do Distrito Fe-
deral.
Os recursos serão repassados em conta específica denominada
"FMS" nome do município "PAB" de acordo com a normatização
geral de transferências fundo a fundo do Ministério da Saúde.
O Ministério da Saúde definirá os códigos de lançamentos, assim
como seus identificadores literais, que constarão nos respectivos
avisos de crédito, para tornar claro o objeto de cada lançamento
em conta. O aviso de crédito deverá ser enviado ao Secretário de
Saúde, ao Fundo de Saúde, ao Conselho de Saúde, ao Poder Legis-
lativo e ao Ministério Público dos respectivos níveis de governo.
Os registros contábeis e os demonstrativos gerenciais mensais de-
vidamente atualizados relativos aos recursos repassados a essas
contas ficarão, permanentemente, à disposição dos Conselhos
responsáveis pelo acompanhamento, e a fiscalização, no âmbito
dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e dos órgãos de
fiscalização federais, estaduais e municipais, de controle interno e
externo.
Os municípios deverão remeter por via eletrônica o processamento
da produção de serviços referentes ao PAB à Secretaria Estadual
de Saúde, de acordo com cronograma por ela estabelecido. As Se-
cretarias de Saúde dos Estados e do Distrito Federal devem enviar
as informações ao DATASUS, observando cronograma estabelecido
pelo Ministério da Saúde.
Os municípios e o Distrito Federal deverão efetuar suas despesas
segundo as exigências legais requeridas a quaisquer outras despe-
sas da administração pública (processamento, empenho, liquida-
ção e efetivação do pagamento).

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De acordo com o artigo 6º, do Decreto nº 1.651/95, a comprova-


ção da aplicação dos recursos transferidos do Fundo Nacional de
Saúde para os Fundos Estaduais e Municipais de Saúde, na forma
do Decreto nº 1.232/94, que trata das transferências, fundo a fun-
do, deve ser apresentada ao Ministério da Saúde e ao Estado, por
meio de relatório de gestão, aprovado pelo respectivo Conselho de
Saúde.
Da mesma forma, a prestação de contas dos valores recebidos e
aplicados no período deve ser aprovada no Conselho Municipal de
Saúde e encaminhada ao Tribunal de Contas do Estado ou Municí-
pio e à Câmara Municipal.
A demonstração da movimentação dos recursos de cada conta de-
verá ser efetuada, seja na Prestação de Contas, seja quando solici-
tada pelos órgãos de controle, mediante a apresentação de:
I - relatórios mensais da origem e da aplicação dos recursos;
II - demonstrativo sintético de execução orçamentária;
III - demonstrativo detalhado das principais despesas; e
IV - relatório de gestão.
O Relatório de Gestão deverá demonstrar como a aplicação dos re-
cursos financeiros resultou em ações de saúde para a população,
incluindo quantitativos mensais e anuais de produção de serviços
de Atenção Básica.
2.1. Da parte fixa do Piso da Atenção Básica
Os recursos do PAB serão transferidos mensalmente, de forma re-
gular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Muni-
cipais de Saúde e do Distrito Federal.
Excepcionalmente, os recursos do PAB correspondentes à popula-
ção de municípios que não cumprirem com os requisitos mínimos
regulamentados nesta Portaria podem ser transferidos, transito-
riamente, aos Fundos Estaduais de Saúde, conforme resolução das
Comissões Intergestores Bipartites.
A parte fixa do PAB será calculada pela multiplicação de um valor
per capita fixado pelo Ministério da Saúde pela população de cada
município e do Distrito Federal e seu valor será publicado em porta-
ria específica. Nos municípios cujos valores referentes já são supe-
riores ao mínimo valor per capita proposto, será mantido o maior
valor.
A população de cada município e do Distrito Federal será a popu-
lação definida pelo IBGE e publicada em portaria específica pelo
Ministério da Saúde.

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Os municípios que já recebem incentivos referentes a equipes de


projetos similares ao PSF, de acordo com a Portaria nº 1.348/GM,
de 18 de novembro de 1999, e Incentivos de Descentralização de
Unidades de Saúde da FUNASA, de acordo com Portaria nº 1.502/
GM, de 22 de agosto de 2002, terão os valores correspondentes in-
corporados a seu PAB fixo a partir da publicação do teto financeiro
do Bloco da Atenção Básica.
Ficam mantidas as ações descritas nos Grupos dos Procedimentos
da Atenção Básica, na Tabela do Sistema de Informações Ambulato-
riais do Sistema Único de Saúde que permanecem como referência
para a alimentação dos bancos de dados nacionais.
2.2. Do Piso da Atenção Básica Variável
Os recursos do PAB variável são parte integrante do Bloco da Aten-
ção Básica e terão sua utilização definida nos planos municipais de
saúde, dentro do escopo das ações previstas nesta Política.
O PAB variável representa a fração de recursos federais para o fi-
nanciamento de estratégias nacionais de organização da Atenção
Básica, cujo financiamento global se dá em composição tripartite.
Para fazer jus ao financiamento específico do PAB variável, o Distri-
to Federal e os municípios devem aderir às estratégias nacionais:
I - Saúde da Família (SF);
II - Agentes Comunitários de Saúde (ACS);
III - Saúde Bucal (SB);
IV - Compensação de Especificidades Regionais;
V - Saúde Indígena (SI); e
VI - Saúde no Sistema Penitenciário.
A transferência dos recursos financeiros que compõem os incenti-
vos relacionados ao PAB variável da Saúde Indígena – SI será regu-
lamentada em portaria específica.
A transferência dos recursos financeiros que compõem os incenti-
vos relacionados ao PAB variável da Saúde no Sistema Penitenciário
se dará em conformidade ao disposto na Portaria Interministerial
nº 1.777, de 9 de setembro de 2003.
A efetivação da transferência dos recursos financeiros que com-
põem os incentivos relacionados ao PAB variável da SF, dos ACS e
da SB tem por base os dados de alimentação obrigatória do SIAB,
cuja responsabilidade de manutenção e atualização é dos gestores
do Distrito Federal e dos municípios:

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I - os dados serão transferidos, pelas Secretarias Estaduais de Saúde


e do Distrito Federal para o Departamento de Informática do SUS -
DATASUS, por via magnética, até o dia 15 de cada mês;
II - os dados a serem transferidos referem-se ao período de 1º a 30
do mês imediatamente anterior ao do seu envio;
III - a transferência dos dados para a Base Nacional do SIAB se dará
por meio do BBS/MS, da Internet, ou por disquete;
IV - o DATASUS remeterá à Secretaria Estadual de Saúde o recibo de
entrada dos dados na Base Nacional do SIAB;
V - O DATASUS atualizará a Base Nacional do SIAB, localizada no De-
partamento de Atenção Básica, da Secretaria de Atenção à Saúde,
até o dia 20 de cada mês.
O número máximo de equipes de Saúde da Família, de Saúde Bucal
e de ACS a serem financiadas pelo Ministério da Saúde, a cada ano,
será definido em portaria específica, respeitando os limites orça-
mentários.
Os valores dos componentes do PAB variável serão definidos em
portaria específica pelo Ministério da Saúde.
Equipe de Saúde da Família (ESF)
Os valores dos incentivos financeiros para as Equipes de Saúde da
Família implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como
base o número de Equipe de Saúde da Família (ESF) registrados no
cadastro de equipes e profissionais do Sistema de Informação de
Atenção Básica – SIAB, no mês anterior ao da respectiva competên-
cia financeira.
O número máximo de ESF pelas quais o município e o Distrito Fede-
ral podem fazer jus ao recebimento de recursos financeiros especí-
ficos será calculado pela fórmula: população / 2400.
A fonte de dados populacionais a ser utilizada para o cálculo será a
mesma vigente para cálculo da parte fixa do PAB.
São estabelecidas duas modalidades de financiamento para as ESF:
1. ESF Modalidade 1: são as ESF que atendem aos seguintes crité-
rios:
I - estiverem implantadas em municípios com Índice de Desenvolvi-
mento Humano (IDH) igual ou inferior a 0,7 e população de até 50
mil habitantes nos Estados da Amazônia Legal e até 30 mil habitan-
tes nos demais Estados do País; ou
II - estiverem implantadas em municípios que integraram o Progra-
ma de Interiorização do Trabalho em Saúde (PITS) e que não estão
enquadrados no estabelecido na alínea I deste item; e

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III - estiverem implantadas em municípios não incluídos no esta-


belecido nas alíneas I e II e atendam a população remanescente
de quilombos ou residente em assentamentos de no mínimo 70
(setenta) pessoas, respeitado o número máximo de equipes por
município, publicado em portaria específica.
2. ESF Modalidade 2: são as ESF implantadas em todo o território
nacional que não se enquadram nos critérios da Modalidade 1.
Os valores dos componentes do PAB variável para as ESF Modali-
dades I e II serão definidos em portaria específica publicada pelo
Ministério da Saúde. Os municípios passarão a fazer jus ao recebi-
mento do incentivo após o cadastramento das Equipes de Saúde da
Família responsáveis pelo atendimento dessas populações específi-
cas no Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB).
Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
Os valores dos incentivos financeiros para as equipes de ACS im-
plantadas são transferidos a cada mês, tendo como base o número
de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), registrados no cadastro
de equipes e profissionais do Sistema de Informação de Atenção
Básica – SIAB, na respectiva competência financeira.
Será repassada uma parcela extra, no último trimestre de cada ano,
cujo valor será calculado com base no número de Agentes Comuni-
tários de Saúde, registrados no cadastro de equipes e profissionais
do Sistema de Informação de Atenção Básica – SIAB, no mês de
agosto do ano vigente.
O número máximo de ACS pelos quais o município e o Distrito Fe-
deral podem fazer jus ao recebimento de recursos financeiros es-
pecíficos será calculado pela fórmula: população IBGE/ 400.
Para municípios dos estados da Região Norte, Maranhão e Mato
Grosso, a fórmula será: população IBGE da área urbana / 400 + po-
pulação da área rural IBGE/ 280.
A fonte de dados populacionais a ser utilizada para o cálculo será
a mesma vigente para cálculo da parte fixa do PAB, definida pelo
IBGE e publicada pelo Ministério da Saúde.
Equipes de Saúde Bucal (ESB)
Os valores dos incentivos financeiros para as Equipes de Saúde Bu-
cal implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como base o
número de Equipes de Saúde Bucal (ESB) registrados no cadastro
de Equipes e profissionais do Sistema de Informação de Atenção
Básica – SIAB, na respectiva competência financeira.
Farão jus ao recebimento dos incentivos financeiros referentes a
Equipes de Saúde Bucal (ESB), quantas equipes estiverem implan-

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tadas no SIAB, desde que não ultrapassem o número existente de


Equipes de Saúde da Família, e considerem a lógica de organização
da Atenção Básica - Saúde da Família.
São estabelecidas duas modalidades de financiamento para as ESB:
I - Equipe de Saúde Bucal Modalidade 1: composta por no mínimo 1
cirurgião-dentista e 1 auxiliar de consultório dentário;
II - Equipe de Saúde Bucal Modalidade 2: composta por no mínimo
1 cirurgião-dentista, 1 auxiliar de consultório dentário e 1 técnico
de higiene dental. Disponível em: < http://dtr2001.saude.gov.br/
sas/PORTARIAS/Port2006/GM/GM-648.htm >. Acesso em: 23 jan.
2015.

6. Conteúdos complementares
Você poderá complementar seu estudo por meio da leitura
sobre o tema desta unidade, acessando os sites:
• PORTAL DO DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA.
Disponível em: <https://www. dab.saude.gov.br>. Acesso
em: 02 jan. 2015.
• POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_
nacional_atencao_basica_2006.pdf>. Acesso em: 02 jan.
2015.

7. Questões autoavaliativas
Para verificar se você compreendeu o tema estudado nesta
unidade, propomos uma autoavaliação. Observe as questões a se-
guir:
1) Quais os principais modelos de assistência na Atenção Básica.

2) Com a evolução do modelo de assistência, quais seriam os maiores avanços?

3) Qual a principal finalidade ESF?

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UNIDADE 3 – NÍVEIS DE ASSISTÊNCIA EM SAÚDE-SISTEMA DE


REFERENCIA E CONTRA-REFERENCIA

1. Objetivos
• Reconhecer os níveis de assistência e sua importância
para Saúde Coletiva.
• Compreneder o sistema de referencia e contra referencia
em saúde.
• Analisar a tomada de decisão em cada nível de assistên-
cia.

2. Conteúdos
• Níveis de assistência em saúde.
• Níveis de aplicação de medidas preventivas.
• Sistema de referência e contra referência.

3. Referências
CARVALHO, S.R. Saúde coletiva e promoção da saúde. São Paulo: Hucitec. 2005
JULIANI, C. M. C. M; CIAMPONE, M. H. T. Organização do sistema de referência e contra-
referência no contexto do Sistema Único de Saúde: a percepção de enfermeiros. Rev. Esc
. Enf. USP, v. 33, n. 4, p. 323, dez.
ROUQUAYROL, M. Z.; ALMEIDA-FILHO, N. Epidemiologia e saúde. 6. ed. Rio de Janeiro:
Medsi. 2003.

4. Competência
• Considerar o sistema de referência e contra-referência
um dos pontos importantes para viabilizar a implantação
do Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez que é a partir
da sua estruturação que o encaminhamento de pacientes
aos diversos níveis de atenção torna-se possível. Adquirir
conhecimentos sobre Níveis de Prevenção - Assistência e
Vigilância em Atenção Básica buscando aplicar esse co-
nhecimento na pratica profissional.

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5. Orientações para o estudo da unidade


Para o estudo da Unidade 3, sugerimos que você leia:
• VALDECIR ÁVILA DIAS. REFERÊNCIA E CONTRA-REFERÊN-
CIA: Um importante Sistema para complementaridade da
Integralidade da Assistência. Universidade Federal de San-
ta Catarina. Florianópolis, 2012. Disponível em:< http://
spb.ufsc.br/files/2012/09/TCC-Valdecir-Avila-Dias-.pdf>.
Acesso em: 9 jan. 2015.
O significado do termo promoção a saúde atualmente esta
associado a cidadania, laser, saúde e coletividade. Os níveis de
prevenção visam garantir desde a prevenção ate a reabilitação do
individuo ou coletividade. Temos como níveis de prevenção:
• primordial (intervir no padrão de vida que possa levar a
doença);
• primário (que visa evitar ou remover fatores de risco que
possam levar ao estado patológico);
• secundário (este nível pressupõe o conhecimento da his-
tória natural da doença para que seja possível a detec-
ção precoce evitando a evolução da doença ou evitando
o avanço para estadios mais graves da doença reduzindo
inclusive a prevalência da doença);
• terciário (tem como objetivo restabelecer ou diminuir as
incapacidades, sequelas ou complicações da doença já
estabelecida);
• quaternário ( trata-se de um nível de prevenção introduzi-
do precocemente visando evitar excesso de intervenções
medicas, curar sem dano). A principal finalidade do estu-
do dos níveis de prevenção é garantir a atuação do profis-
sional de saúde nos diversos níveis.
O nível primário é aquele onde estão os equipamentos
com menor grau de incorporação tecnológica do sistema (os equi-
pamentos de geração tecnológica mais antiga, tais como aparelhos

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básicos de raios X, sonar e eventualmente ultra-som). A capaci-


tação de pessoal para este nível apresenta necessidades de uma
formação geral e abrangente para atender os eventos mais preva-
lentes na população (os problemas de saúde mais frequentes) e no
caso dos médicos, são os médicos de família e os clínicos gerais.
Estima-se que entre 85% a 90% dos casos demandados à atenção
primária são passíveis de ser resolvidos neste nível da atenção.
Ao nível secundário cabem os equipamentos com grau in-
termediário de inovação tecnológica (tais como aparelhos de raios
X com alguma sofisticação, ecocardiográfo, ultra-som de geração
mais nova, aparelhos para endoscopia) e a capacitação de pessoal
e, em particular a dos médicos, situa-se em áreas especializadas
originárias (clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetricia,
pediatria) e outras tais como oftalmologia e psiquiatria. Essas es-
pecializações, no caso da residência médica. Os serviços de aten-
ção secundária devem estar aparelhados com pessoal e equipa-
mentos para atender às situações que foram encaminhadas pelo
nível primário.
O nível terciário concentra os equipamentos com alta incor-
poração tecnológica, aqueles de última geração e, portanto, mais
caros (tais como Ressonância Magnética e PET Scan) o profissional
que trabalha necessita de formação especializada mais intensiva,
no caso dos médicos até em áreas superespecializadas (neuroci-
rurgia, cirurgia de mão, nefrologia pediátrica, cancerologia, dentre
outras) que demandam de três a cinco anos de Residência Médica
para obter a capacitação. O nível terciário deve estar aparelhado
para atender a situações que o nível secundário não conseguiu re-
solver e eventos mais raros ou aqueles que demandam assistência
deste nível do sistema.

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72 Claretiano - Centro Universitário

Atenção Primaria
A construção do Sistema Único de Saúde avançou de forma
substantiva nos últimos anos, e a cada dia se fortalecem as evi-
dências da importância da Atenção Primária à Saúde (APS) nesse
processo. Os esforços dos governos nas diferentes esferas admi-
nistrativas (Federal, Estaduais e Municipais), da academia, dos
trabalhadores e das instituições de saúde vêm ao encontro do
consenso de que ter a Atenção Primária à Saúde como base do
sistema de saúde é essencial para um bom desempenho destes
(BRASIL, 2011).
A Atenção Primária é entendida como o primeiro nível da
atenção à saúde no SUS (contato preferencial dos usuários), que se
orienta por todos os princípios do sistema, inclusive a integralida-
de, mas emprega tecnologia de baixa densidade, com
insumos e equipamentos necessários para o atendimento
das prioridades definidas para a saúde local:
Garantia dos fluxos de referência e contra-referência aos serviços
especializados, de apoio diagnóstico e terapêutico, ambulatorial e
hospitalar (BRASIL, 2011. p 11 e 12 (4)).

A integração das equipes da Equipe de Saúde da Família na


rede de atenção à saúde é condição essencial para que as equipes
possam exercer seu papel de responsabilização sanitária median-
te a população de um território-área. Mesmo que alguns estu-
dos apontem para uma capacidade de resolubilidade da Atenção
Primária de Saúde de cerca de 80-90% dos problemas de saúde,
o fluxo dos usuários aos pontos de atenção dos outros níveis de
atenção e ao sistema de apoio é imprescindível para a prática de
atenção integral à saúde e para o reconhecimento, por parte da
população, do papel integrador da ESF diante da rede de atenção
à saúde (BRASIL, 2011 (3)).
Assim, fica claro que, embora a atenção primária em saúde
seja entendida como a base orientadora do sistema, sua porta de
entrada preferencial e que deva ter visão integral da assistência à

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saúde para sua população adscrita, os procedimentos realizados


diretamente em seus serviços não esgotam as necessidades dos
usuários do SUS.
O Sistema de Referência e Contra-Referência é um mecanis-
mo administrativo, onde os serviços estão organizados de forma
a possibilitar o acesso a todos os serviços existentes no SUS pelas
pessoas que procuram as unidades básicas de saúde. Essas unida-
des são, portanto, a porta de entrada para os serviços de maior
complexidade, caso haja necessidade do usuário. Essas unidades
de maior complexidade são chamadas "unidades de referência". O
usuário atendido na unidade básica, quando necessário, é "refe-
renciado" (encaminhado) para uma unidade de maior complexida-
de a fim de receber o atendimento que necessita. Quando finaliza-
do o atendimento dessa necessidade especializada, o mesmo deve
ser "contra-referenciado", ou seja, o profissional deve encaminhar
o usuário para a unidade de origem para que a continuidade do
atendimento seja feita (BRASIL, 2011 (3)).
Segundo Ortiga (2006), o sistema de referência e contra-
-referência é uma forma de organização dos serviços de saúde,
que possibilita o acesso das pessoas que procuram cada unida-
de de saúde a todos os serviços existentes no sistema único de
saúde, visando à concretização dos princípios e diretrizes do SUS
garantindo o acesso do usuário a todos os níveis de atendimento/
complexidade do SUS. Assegurando dessa forma, a universalidade,
equidade e igualdade que direcionam a atenção à saúde. Veja-
mos o que diz a Portaria 648/GM de 28/03/2006:
POLITICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA
CAPÍTULO I
DA ATENÇÃO BÁSICA
II. 2 DAS RESPONSABILIDADES DE CADA NÍVEL DE GOVERNO NA
GARANTIA DE ACESSO DA POPULAÇÃO REFERENCIADA
35. O Ministério da Saúde assume, de forma solidária com
as Secretarias de Saúde dos estados e do Distrito Federal, a
responsabilidade pelo atendimento a pacientes referenciados
entre estados.

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36. A garantia de acesso da população aos serviços não disponíveis


em seu município de residência é de responsabilidade do gestor
estadual, de forma solidária com os municípios de referência,
observados os limites financeiros, devendo o mesmo organizar
o sistema de referência utilizando mecanismos e instrumentos
necessários, compatíveis com a condição de gestão do município
onde os serviços estiverem localizados.
37. A garantia do atendimento à população referenciada será
objeto de um Termo de Compromisso para Garantia de Acesso a
ser assinado pelo gestor municipal e pelo gestor estadual quando
o município-sede de módulo ou município-pólo estiver em GPSM.
37.1. O Termo de Compromisso de Garantia de Acesso tem como
base o processo de programação e contém as metas físicas e
orçamentárias das ações definidas na PPI a serem ofertadas nos
municípios pólo, os compromissos assumidos pela SES e SMS, os
mecanismos de garantia de acesso, o processo de acompanhamento
e revisão do Termo e sanções previstas.
38. A SES poderá alterar a parcela de recursos correspondente
às referências intermunicipais no limite financeiro do município
em GPSM, nas seguintes situações, detalhadas no Termo de
Compromisso para Garantia de Acesso:
A) periodicamente, em função da revisão global da PPI, conduzida
pela SES e aprovada pela CIB;
B) trimestralmente, em decorrência do acompanhamento da
execução do Termo e do fluxo de atendimento das referências, de
forma a promover os ajustes necessários, a serem informados à CIB
em sua reunião subseqüente;
C) pontualmente, por meio de alteração direta pela SES (respeitados
os prazos de comunicação aos gestores estabelecidos no Termo de
Compromisso, conforme detalhado no ANEXO 4 desta Norma),
sendo a CIB informada em sua reunião subseqüente, nos seguintes
casos: abertura de novo serviço em município que anteriormente
encaminhava sua população para outro; redirecionamento do
fluxo de referência da população de um município pólo para outro,
solicitado pelo gestor municipal; problemas no atendimento da
população referenciada ou descumprimento pelo município em
GPSM dos acordos estabelecidos no Termo de Compromisso para
Garantia de Acesso.
38.1. Nas situações em que os recursos de média e alta complexidade
de municípios que efetuem atendimento das referências
intermunicipais estejam sob gestão estadual, e os mecanismos de
garantia de acesso não forem cumpridos pelo estado, os municípios
que se sentirem prejudicados deverão acionar a CIB para que essa

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Comissão tome as providências cabíveis.


39. Quaisquer alterações nos limites financeiros dos municípios
em Gestão Plena do Sistema Municipal, decorrentes de ajuste ou
revisão da programação e do Termo de Compromisso para Garantia
do Acesso serão comunicadas pelas SES à SAS/MS, para que esta
altere os valores a serem transferidos ao Fundo Municipal de Saúde
correspondente.
40. Para habilitar-se ou permanecer habilitado na condição
de GPSM, o município deverá assumir o comando único sobre
os prestadores do seu território e participar do processo de
programação e quando necessário, garantir o atendimento à
população de referência, conforme acordado na PPI e consolidado
por meio da assinatura do referido Termo de Compromisso para a
Garantia do Acesso.
II. 3 DO PROCESSO DE CONTROLE, REGULAÇÃO E AVALIAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA
41. As funções de controle, regulação e avaliação devem ser
coerentes com os processos de planejamento, programação e
alocação de recursos em saúde tendo em vista sua importância para
a revisão de prioridades e contribuindo para o alcance de melhores
resultados em termos de impacto na saúde da população.
41.1.1. As atribuições do Controle, Regulação e Avaliação são
definidas conforme as pactuações efetuadas pelos três níveis de
governo.
42. O fortalecimento das funções de controle e avaliação dos
gestores do SUS deve se dar principalmente nas seguintes
dimensões:
A) avaliação da organização do sistema e do modelo de gestão;
B) relação com os prestadores de serviços;
C) qualidade da assistência e satisfação dos usuários;
D) resultados e impacto sobre a saúde da população.
43. Todos os níveis de governo devem avaliar o funcionamento
do sistema de saúde, no que diz respeito ao desempenho nos
processos de gestão, formas de organização e modelo de atenção,
tendo como eixo orientador a promoção da eqüidade no acesso
na alocação dos recursos, e como instrumento básico para o
acompanhamento e avaliação dos sistemas de saúde o Relatório
de Gestão.
44. O controle e a avaliação dos prestadores de serviços, a ser
exercido pelo gestor do SUS responsável de acordo com a condição
de habilitação e modelo de gestão adotado, compreende o

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conhecimento global dos estabelecimentos de saúde localizados


em seu território, o cadastramento de serviços, a condução de
processos de compra e contratualização de serviços de acordo
com as necessidades identificadas e legislação específica, o
acompanhamento do faturamento, quantidade e qualidade dos
serviços prestados, entre outras atribuições.
44.1. O cadastro completo e fidedigno de unidades prestadoras
de serviços de saúde é um requisito básico para programação de
serviços assistenciais, competindo ao gestor do SUS responsável
pelo relacionamento com cada unidade própria, contratada ou
conveniada, a garantia da atualização permanente dos dados
cadastrais e de alimentação dos bancos de dados nacionais do SUS.
44.2. O interesse público e a identificação de necessidades
assistenciais devem pautar o processo de compra de serviços
narede privada, que deve seguir a legislação, as normas
administrativas específicas e os fluxos de aprovação definidos na
Comissão Intergestores Bipartite, quando a disponibilidade da rede
pública for insuficiente para o atendimento da população.
44.3. Os contratos de prestação de serviços devem representar
instrumentos efetivos de responsabilização dos prestadores com
os objetivos, atividades e metas estabelecidas pelos gestores de
acordo com as necessidades de saúde identificadas.
44.4. Os procedimentos técnico-administrativos prévios à
realização de serviços e à ordenação dos respectivos pagamentos,
especialmente a autorização de internações e de procedimentos
ambulatoriais de alta complexidade e/ou alto custo, devem ser
organizados de forma a facilitar o acesso dos usuários e permitir o
monitoramento adequado da produção e faturamento de serviços.
44.5. Outros mecanismos de controle e avaliação devem ser adotados
pelo gestor público, como o acompanhamento dos orçamentos
públicos em saúde, a análise da coerência entre a programação,
a produção e o faturamento apresentados e a implementação
de críticas possibilitadas pelos sistemas informatizados quanto
à consistência e confiabilidade das informações disponibilizadas
pelos prestadores.
45. A avaliação da qualidade da atenção pelos gestores deve
envolver tanto a implementação de indicadores objetivos
baseados em critérios técnicos, como a adoção de instrumentos de
avaliação da satisfação dos usuários do sistema, que considerem
a acessibilidade, a integralidade da atenção, a resolubilidade e
qualidade dos serviços prestados.
46. A avaliação dos resultados da atenção e do impacto na saúde
deve envolver o acompanhamento dos resultados alcançados em

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função dos objetivos, indicadores e metas apontados no plano de


saúde, voltados para a melhoria do nível de saúde da população.
47. Os estados e municípios deverão elaborar seus respectivos
planos de controle, regulação e avaliação que consistem no
planejamento do conjunto de estratégias e instrumentos a serem
empregados para o fortalecimento da capacidade de gestão.
47.1. Ao gestor do SUS responsável pelo relacionamento com cada
unidade, conforme sua condição de habilitação e qualificação, cabe
programar e regular os serviços e o acesso da população de acordo
com as necessidades identificadas, respeitando os pactos firmados
na PPI e os termos de compromisso para a garantia de acesso.
47.2. A regulação da assistência deverá ser efetivada por meio da
implantação de complexos reguladores que congreguem unidades
de trabalho responsáveis pela regulação das urgências, consultas,
leitos e outros que se fizerem necessários.
48. A regulação da assistência, voltada para a disponibilização da
alternativa assistencial mais adequada à necessidade do cidadão,
de forma equânime, ordenada, oportuna e qualificada, pressupõe:
A) a realização prévia de um processo de avaliação das necessidades
de saúde e de planejamento/programação, que considere aspectos
epidemiológicos, os recursos assistenciais disponíveis e condições
de acesso às unidades de referência;
B) a definição da estratégia de regionalização que explicite a
responsabilização e papel dos vários municípios, bem como a
inserção das diversas unidades assistenciais na rede;
C) a delegação pelo gestor competente de autoridade sanitária
ao médico regulador, para que exerça a responsabilidade sobre a
regulação da assistência, instrumentalizada por protocolos técnico-
operacionais;
D) a definição das interfaces da estratégia da regulação da
assistência com o processo de planejamento, programação e
outros instrumentos de controle e avaliação.
II. 4 DOS HOSPITAIS PÚBLICOS SOB GESTÃO DE OUTRO NÍVEL DE
GOVERNO:
49. Definir que unidades hospitalares públicas sob gerência de um
nível de governo e gestão de outro, preferencialmente deixem de
ser remunerados por produção de serviços e passem a receber
recursos correspondentes à realização de metas estabelecidas de
comum acordo.
50. Aprovar, na forma do Anexo 5 desta Norma, modelo contendo
cláusulas mínimas do Termo de Compromisso a ser firmado entre

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as partes envolvidas, com o objetivo de regular a contratualização


dos serviços oferecidos e a forma de pagamento das unidades
hospitalares.
51. Os recursos financeiros para cobrir o citado Termo de
Compromisso devem ser subtraídos das parcelas correspondentes
à população própria e à população referenciada do limite financeiro
do (município/estado), e repassado diretamente ao ente público
gerente da unidade, em conta específica para esta finalidade.
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
prtGM648_20060328.pdf>. Acesso em: 09 jan. 2015.

6. Conteúdoscomplementares
Para complementar seu estudo, você poderá acessar os sites:
• MINISTÉRIO DA SAÚDE – Portal da Saúde. Disponivel em:
<https:// www.saude.gov.br>. Acesso em: 09 jan. 2015.
• MANUAL TÉCNICO: Promoção da Saúde e Prevenção de
Riscos e Doenças na Saúde Suplementar. Disponivel em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/promocao_
saude_prevencao_riscos_doencas.pdf . Acesso em: 09
jan. 2015.

7. Questões autoavaliativas
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Qual a importância dos níveis de prevenção?

2) Dentre os níveis de prevenção,qual seria mais importante?

3) A porta de entrada é sempre o nível de prevenção primário?

UNIDADE 4 – PRINCÍPIOS E CONCEITOS DA EPIDEMIOLOGIA.

1. Objetivos
• Descrever os principais objetivos e contribuições da epi-
demiologia.

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• Compreender os principais sistemas de informação utili-


zados em saúde pública.
• Identificar as variáveis relacionadas às pessoas, tempo e
espaço que interferem no processo saúde-doença.
• Analisar Vigilância Epidemiológica, sua função e impor-
tância no controle dos agravos e das doenças.
• Conhecer as principais estratégias de combate a doenças
imunopreviníveis.

2. Conteúdos
• Epidemiologia descritiva: características da pessoa, tem-
po e lugar.
• Epidemiologia analítica.
• Investigação epidemiológica.
• Sistemas de informação em saúde.
• Programa nacional de imunização.

3. Referências
MELO, E. C. P. (Org.). Saúde e doença no Brasil: como analisar os dados epidemiológicos.
Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2004.
ROUQUAYROL, M. Z.; ALMEIDA-FILHO, N. Epidemiologia e saúde. 6. ed. Rio de Janeiro:
Medsi. 2003.
CARVALHO, S. R. Saúde coletiva e promoção da saúde. São Paulo: Hucitec. 2005

4. Competência
• Realizar levantamento de dados que possibilitem compre-
ender as necessidades individuais e coletivas da saúde da
população, seus condicionantes, identificar riscos a saúde
e propor soluções dentro do conhecimento adquirido.

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80 Claretiano - Centro Universitário

5. Orientações para o estudo da unidade


Para o estudo da Unidade 4, vamos utilizar a obra: ROU-
QUAYROL, M. Z.; ALMEIDA-FILHO, N. Epidemiologia e saúde. 6. ed.
Rio de Janeiro: Medsi. 2003.

Epidemiologia Descritiva: características da pessoa, tempo e lugar


A epidemiologia descritiva estuda a variabilidade da frequ-
ência das doenças ao nível coletivo, em função de variáveis liga-
das ao tempo, ao espaço ambiental e populacional, bem como à
pessoa. Refere-se às circunstâncias em que as doenças e agravos
à saúde ocorrem nas coletividades. A epidemiologia descritiva ob-
jetiva responder onde, quando e sobre quem ocorre determinado
agravo à saúde.

Variáveis Epidemiológicas
Os métodos e técnicas da epidemiologia são utilizados para
detectar uma associação causal entre uma doença e característi-
cas da pessoa ou um fator de seu ambiente. O primeiro passo para
o entendimento de um problema de saúde ou de uma doença
consiste em descrevê-lo pelas variáveis de Pessoa, Lugar e Tempo.

Pessoa
As pessoas podem ser diferentes umas das outras em rela-
ção à idade, ao sexo, ao grupo étnico, às práticas religiosas, à cul-
tura, ao lugar onde nasceu, à renda, à escolaridade, à ocupação,
ao nível de instrução, à condição marital, aos costumes, à condição
social, econômica e do meio ambiente, à morbidade familiar, ao
estado nutricional e imunitário.
As variáveis relacionadas à pessoa:
• Características Gerais (idade e gênero).
• Características Familiares (Estado civil, Idade dos pais,
dimensão da família, posição na ordem de nascimento,
privação de pais, morbidade familiar).
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81 Claretiano - Centro Universitário

• Características Étnicas (raça, cultura, religião, lugar de


nascimento, grupo étnico).
• Nível sócio-econômico (ocupação, renda pessoal e fami-
liar, nível de instrução, tipo e zona de residência).
• Ocorrências durante a vida intra-uterina e ao nascer (ida-
de materna ao nascer, número de fetos gestados, ocor-
rências durante o parto, condições físicas da mãe e ocor-
rências durante a gestação, características endógenas da
mãe, ocorrências acidentais (vividas pela mãe), hábitos e
atividades da mãe).
• Características Endógenas – (constituição física, resistên-
cia individual, estado fisiológico, estado de nutrição, do-
enças intercorrentes, tipo de comportamento).
• Ocorrências Acidentais – (ocorrências estressantes, do-
enças sofridas (medicamentos eventualmente consumi-
dos), acidentes sofridos.
• Hábitos e Atividades – (atividades ocupacionais, medica-
mentos usados com certa constância, uso/abuso de inse-
ticidas domésticos e agrícolas, abuso de drogas permiti-
das (fumo, álcool, medicamentos), uso de drogas ilícitas,
comportamento alimentar, atividade física, repouso).

Lugar (distribuição geográfica)


O conhecimento do lugar onde ocorre determinada doen-
ça é muito importante em epidemiologia para caracterização do
evento. Vários elementos geográficos podem influenciar a distri-
buição das doenças, como fatores climáticos, fauna, relevo, hidro-
grafia, solo, vegetação, poluentes ambientais, contaminação de
alimentos, organização do espaço urbano, local de residência e
trabalho, localização urbana ou rural, migração, etc.
Para a Vigilância Epidemiológica - VE é importante verificar
se as doenças apresentam uma distribuição espacial particular que
poderia estar indicando a presença, nessas áreas, de fatores que
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82 Claretiano - Centro Universitário

facilitam ou dificultam o aparecimento de casos. Assim, se os ca-


sos de sarampo concentram-se num determinado bairro, isto pode
estar indicando bolsões de baixa cobertura vacinal, áreas em que a
população está sujeita a grande aglomeração intradomiciliar, áreas
de fixação recente de migrantes provenientes de zona rural e/ou
áreas de invasões.

Variáveis de lugar

Variáveis Geopolíticas
• Dados sistemáticos, recolhidos e publicados como rotina
permanente pelos órgãos de saúde.
• Dados não-sistemáticos resultantes de inquéritos ou es-
tudos especialmente delineados.
Variáveis Geopolíticas – dentre os fatores que fazem variar
a homogeneidade dos procedimentos e a fidedignidade das
informações:
• Diferenças político-culturais.
• Nível de desempenho dos diferentes serviços de estatís-
tica de saúde.
• Facilidade de atendimento médico.
• Confusão semântica.
• Diferentes níveis de certeza no diagnóstico de doenças.

Variáveis político-administrativas
As unidades administrativas apresentam as seguintes carac-
terísticas que interessam à tomada de decisões:
• Sua área é de certa forma delimitada, permitindo que se
possam distinguir quais eventos nela ocorrem.
• Dispõem de informações censitárias: população censita-
da e população projetada por dados sistemáticos referen-
tes aos casos e aos óbitos registrados na área por eles
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abrangidos (estes valores serão tomados como numera-


dores, no cálculo de coeficientes).
• Dispõem idade e sexo, dentre outras variáveis (estes da-
dos constituirão os denominadores no cálculo de coefi-
cientes).
• Dispõem de dados sobre as unidades de saúde, pessoal
técnico, agentes de saúde e pacientes atendidos em hos-
pital, em ambulatório e em campo

Fatores Ambientais
• Modificação ou destruição da paisagem natural.
• Emissão de poluentes ambientais.
• Emprego incorreto e uso abusivo e indiscriminados de
agrotóxicos.
• Contaminação de alimentos por agentes microbiológicos,
químicos e radiativos.
• Introdução de aditivos químicos e de hormônios.
• Restrição na quantidade e na diversificação dos alimentos
disponíveis.
• Tipo de habitação.
• Organização do espaço urbano.
• Condições adversas nos locais de trabalho.

Tempo
As doenças podem apresentar variações regula-
res ou endêmicas e variações irregulares ou epidêmicas.
As variações regulares ou flutuações endêmicas são observadas na
ocorrência habitual das doenças. Elas compreendem a tendência
secular, as variações cíclicas e a variação sazonal.
Variações cíclicas consistem em um aumento periódico da
incidência de certas doenças. Na raiva animal é possível observar

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84 Claretiano - Centro Universitário

aumentos cíclicos de incidência que coincidem com o crescimento


das populações animais.
Variação sazonal corresponde a aumentos periódicos da inci-
dência em determinadas épocas do ano, geralmente relacionados
ao modo de transmissão de cada doença. Na medida em que a
frequência de casos de uma doença se reduz, praticamente, vai
desaparecendo seu comportamento sazonal.
• Intervalo de tempo: quantidade de tempo transcorrido
entre dois eventos sucessivos e tomados em considera-
ção, abstraída a marcação cronológica.
• Intervalo cronológico: basicamente, é uma referência a
uma sequencia de alguns anos, especificados do calendá-
rio oficial.
• Período: denominação de ordem geral que se dá a partes
de tempo, delimitadas, marcadas cronologicamente e es-
pecificadas.

Avaliação cronológica
Exibir a ação da doença ou agravo à saúde coletiva, desde a
atualidade, regredindo a um tempo passado, mais ou menos re-
cuado.
Mostrar o tipo de variação que caracteriza o processo estu-
dado, se cíclico ou errático, se sazonal ou não. Revelar a tendência
secular do processo sob consideração. Manifestar o caráter endê-
mico ou epidêmico da doença.
Variação Atípica e Variação Cíclica
• Distribuição com Variação Atípica – não é possível vis-
lumbrar alguma coerência ou alguma lei geral de varia-
ção.
• Distribuição com Variação Cíclica - um dado padrão de
variação é repetido de intervalo a intervalo.

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Epidemiologia Analítica
A epidemiologia analítica investiga a associação entre fatores
de risco independentes e o agravo à saúde (dependente do fator
de risco). As hipóteses são declaradas, geralmente, na ocasião do
planejamento do estudo e testadas através de testes estatísticos.
Observacional analítico: Avalia se a ocorrência de um evento
é diferente entre indivíduos expostos e não expostos a um fator de
risco, ou de acordo com as características das pessoas. A aborda-
gem da questão um determinado evento (fator) leva ao apareci-
mento de um efeito? É sempre levantada.
A base da epidemiologia analítica é sempre baseada em es-
tudos:
Estudos observacionais:
• transversal;
• caso-controle;
• coorte.
Estudos de intervenção ou experimentais:
• ensaios clínicos;
• avaliação de intervenção em comunidades.

Investigação epidemiologica
Podemos definir como objetivo da investigação epidemioló-
gica:
Proporcionar o conhecimento, a detecção ou prevenção de qual-
quer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saú-
de individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar
as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos (Lei
8080/90 Art.6º §2º).

O propósito da vigilância epidemiológica é fornecer orien-


tação técnica permanente para os responsáveis pela decisão e
execução de ações de controle de doenças e agravos. Acompanhar
o comportamento epidemiológico das doenças sob vigilância; de-

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86 Claretiano - Centro Universitário

tectar epidemias e eventos de relevância epidemiológica; propiciar


a adoção oportuna de medidas de controle; avaliar as medidas,
programas, intervenções de prevenção, controle e erradicação.
Funções daVigilância Epidemiológica
A operacionalização da vigilância epidemiológica compre-
ende um ciclo completo de funções específicas e intercomplemen-
tares que devem ser, necessariamente, desenvolvidas de modo
contínuo, permitindo conhecer, a cada momento, o comporta-
mento epidemiológico do evento, doença ou agravo objeto das
ações, para que as medidas de intervenção pertinentes possamser
desencadeadas com efetividade e oportunidade e compreende:
I. pesquisa;
II. coleta de dados;
III. processamento de dados coletados;
IV. análise e interpretação de dados processados;
V. recomendação de medidas de controle apropriadas;
VI. promoção das ações de controle indicadas;
VII. avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas;
VIII. comunicação e divulgação das informações pertinentes.

Finalidade
Coordenar a política estadual do sistema de vigilância epi-
demiológica e desenvolver ações específicas de vigilância epide-
miológica para o controle de agravos, com vistas à promoção e
proteção da saúde.

Organização
As atividades de vigilância epidemiológica em conformi-
dade com a legislação pertinente vigente organizar-se-ão através
da rede estadual de vigilância epidemiológica, cabendo à gestão
estadual através dos órgãos competentes propor mecanismos de

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integração das redes municipais e demais órgãos de saúde públi-


cos e privados que a componham, e regulamentar o seu funciona-
mento.
A investigação de surto é de responsabilidade da vigilância
epidemiológica e tem como objetivo:
• identificação da sua etiologia;
• identificação das fontes e modos de transmissão;
• identificação de grupos expostos a maior risco.
Pelo próprio conceito, as epidemias constituem si-
tuações anormais que se apresentam para a comunida-
de como um evento potencialmente grave, desencade-
ando pressões sociais que necessitam ser respondidas
pelas autoridades sanitárias com a maior urgência, fato que
condiciona o ritmo e as condições do curso da sua investigação.
Um dos objetivos da vigilância em saúde pública é justamente a
identificação de surtos, fato possível sempre que ela for oportuna,
ou seja, observar os passos previstos para cada sistema de vigilân-
cia em termos de uma periodicidade regular na coleta dos dados,
análise e disseminação da informação analisada.

Sistema de Informação em Saúde

Conceito
Como em qualquer outra atividade, no setor saúde a infor-
mação deve ser entendida como um redutor de incertezas, um
instrumento para detectar focos prioritários, levando a um plane-
jamento responsável e a execução de ações de que condicionem a
realidade às transformações necessárias.
Planejamento é um processo de tomada de decisões que,
com base na situação atual, visa a determinação de providências a
tomar objetivando atingir uma situação futura desejada.

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A Organização Mundial da Saúde define Sistema de Informa-


ção em Saúde -SIS como um mecanismo de coleta, processamen-
to, análise e transmissão dainformação necessária para se plane-
jar, organizar, operar e avaliar os serviços de saúde. Considera-se
que a transformação de um dado em informação exige, além da
análise, a divulgação, e inclusive recomendações para a ação. No
novo modelo de assistência à saúde, é preciso reverter a atual situ-
ação descentralização de dados, de limitação do uso dos mesmos,
da demora com que são analisados e que retornam para o nível
local, idealizando um novo sistema em que os dados passem a ser
analisados no próprio município, gerando de forma oportuna sub-
sídios para o planejamento e para as ações em saúde, bem como
de ações para a melhoria da qualidade dos dados.
Conhecer os passos de cada uma das etapas de um Sistema
de Informações é de fundamental importância para garantir não
só a fidedignidade das bases de dados, mas também a permanên-
cia e plena utilização das mesmas.
Além dos grandes bancos de dados gerados por atividades
de outros setores(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-
-IBGE, Instituto de PesquisaEconômica Aplicada-IPEA, etc) e estu-
dos amostrais realizados por universidades e outras instituições, o
SIS é composto por diferentes Sub-sistemas, que produzem uma
enorme quantidade de dados referentes à atividades setoriais em
saúde, gerando grandes bancos de dados nacionais, dos quais se
destacam:
Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM
Descrição Contém informações sobre óbitos e óbitos fetais.
Origem/Fonte Declaração de Óbito - D. O.
Sistema de Informações sobre Natalidade - SINASC
Descrição Contém informações sobre nascidos vivos.
Origem/Fonte Declaração de Nascido Vivo - D. N.
Sistema de Informações sobre Casos Confirmados de Tuberculose
- Epi-Tb

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Descrição Contém informações fichas de notificação.


Origem/Fonte Ficha de Notificação.FI
Sistema de Informações Doenças de Notificação Compulsória - SI-
NAN
Descrição Contém informações sobre ficha de notificação.
Origem/Fonte Ficha de Notificação - D. N.
Características e principais problemas dos Sistemas de Informação:
1. precário conhecimento sobre a grande diversidade de bancos de
nacionais, estaduais e municipais;
2. coleta de dados através de sistemas compartimentalizados, com
pouca ou nenhuma articulação;
3. complexidade dos dados existentes e da estrutura dos bancos;
4. insuficiência de recursos, particularmente recursos humanos
qualificados para apoiar o processo de desenvolvimento e análise
do SIS;
5. inexistências de instâncias responsáveis pela análise dos dados;
6. falta de padronização nos procedimentos de obtenção, análise e
disseminação das informações;
7. oportunidade, qualidade e cobertura das informações variando
de acordo com as áreas geográficas onde são produzidas;
8. ausência de um claro interesse epidemiológico quando da im-
plantação dos bancos de dados
9. dificuldade no acesso às informações.
Planejar significa preparar e organizar bem a ação e acompanhar
para confirmar ou corrigir o decidido e nesse contexto, conhecer
e avaliar a abrangência e o desempenho de cada sub-sistema de
informação é imprescindível para sua utilização e contínuo aper-
feiçoamento (PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO-DOENÇAS
IMUNOPREVINIVEIS. Disponível em: <http://pni.datasus.gov.br/
apresentacao.asp>. Acesso em: 9 jan. 2015).

O êxito das campanhas de vacinação contra a varíola na


década dos anos sessenta, mostrou que a vacinação em mas-
sa tinha o poder de erradicar a doença. O último caso de va-
ríola notificado no Brasil foi em 1971 e, no mundo em 1977.
            Em 1973 foi formulado o Programa Nacional de Imunizações
- PNI, por determinação do   Ministério da Saúde, com o objetivo

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90 Claretiano - Centro Universitário

de coordenar as ações de imunizações que se caracterizavam, até


então, pela descontinuidade, pelo caráter episódico e pela redu-
zida área de cobertura. A proposta básica para o Programa, cons-
tante de documento elaborado por técnicos do Departamento Na-
cional de Profilaxia e Controle de Doenças (Ministério da Saúde) e
da Central de Medicamentos (CEME - Presidência da República),
foi aprovada em reunião realizada em Brasília, em 18 de setembro
de 1973, presidida pelo próprio Ministro Mário Machado Lemos e
contou com a participação de renomados sanitaristas e infectolo-
gistas, bem como de representantes de diversas instituições.
Em 1975 foi institucionalizado o PNI, resultante do somató-
rio de fatores, de âmbito nacional e internacional, que convergiam
para estimular e expandir a utilização de agentes imunizantes, bus-
cando a integridade das ações de imunizações realizadas no país.
O PNI passou a coordenar, assim, as atividades de imunizações
desenvolvidas rotineiramente na rede de serviços e, para tanto,
traçou diretrizes pautadas na experiência da Fundação de Serviços
de Saúde Pública (FSESP), com a prestação de serviços integrais de
saúde através de sua rede própria. A legislação específica sobre
imunizações e vigilância epidemiológica (Lei 6.259 de 30-10-1975
e Decreto 78.231 de 30-12-76) deu ênfase às atividades perma-
nentes de vacinação e contribuiu para fortalecer institucionalmen-
te o Programa.
Em seguimento à erradicação da varíola, inicia-se em 1980
a 1ª Campanha Nacional de Vacinação Contra a Poliomielite, com
a meta de vacinar todas as crianças menores de 5 anos em um
só dia. O último caso de poliomielite no Brasil ocorreu na Paraíba
em março de 1989. Em setembro de 1994 o Brasil junto com os
demais países da região das américas, recebeu da Comissão Inter-
nacional para a Certificação da Ausência de Circulação Autóctone
do Poliovírus Selvagem nas Américas, o Certificado que a doença e
o vírus foram eliminados de nosso continente.

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91 Claretiano - Centro Universitário

De 1990 a 2003, o PNI fez parte do CENEPI/FUNASA - Fun-


dação Nacional de Saúde. A partir de 2003, passou a integrar a
DEVEP/SVS - Secretaria de Vigilância em Saúde, inserido na Coor-
denação Geral do Programa Nacional de Imunizações - CGPNI.
Ao longo do tempo, a atuação do PNI, ao consolidar uma
estratégia de âmbito nacional, apresentou, na sua missão institu-
cional precípua, consideráveis avanços. As metas mais recentes
contemplam erradicação do sarampo e a eliminação tétano neo-
natal. A essas, se soma o controle de outras doenças imunopreve-
níveis como Difteria, Coqueluche e Tétano acidental, Hepatite B,
Meningites, Febre Amarela, formas graves da Tuberculose, Rubé-
ola e Caxumba em alguns Estados, bem como, a manutenção da
erradicação da Poliomielite.
Cabe também a CGPNI adquirir, distribuir e normatizar o uso
dos imunobiológicos especiais, indicados para situações e grupos
populacionais específicos que serão atendidos nos Centros de
Referência para Imunobiológicos Especiais - CRIEs. É também de
responsabilidade desta coordenação a implantação do Sistema de
Informação e a consolidação dos dados de cobertura vacinal em
todo o país.
Destacamos que o objetivo principal do Programa é de ofe-
recer todas as vacinas com qualidade a todas as crianças que nas-
cem anualmente em nosso país, tentando alcançar coberturas va-
cinais de 100% de forma homogênea em todos os municípios e em
todos os bairros.
O PNI é, hoje, parte integrante do Programa da Organização
Mundial da Saúde, com o apoio técnico, operacional e financeiro
da UNICEF e contribuições do Rotary Internacional.
A informatização do PNI foi desenvolvida pelo DATASUS
(GEIPS), segundo especificação da CGPNI.
O SI-PNI é formado por um conjunto de sistemas:

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• Avaliação do Programa de Imunizações - API.


Registra, por faixa etária, as doses de imunobiológicos
aplicadas e calcula a cobertura vacinal, por unidade bá-
sica, município, regional da Secretaria Estadual de Saúde,
estado e país. Fornece informações sobre rotina e cam-
panhas, taxa de abandono e envio de boletins de imuni-
zação. Pode ser utilizado nos âmbitos federal, estadual,
regional e municipal.
• Estoque e Distribuição de Imunobiológicos - EDI.
Gerencia o estoque e a distribuição dos imunobiológicos.
Contempla o âmbito federal, estadual, regional e munici-
pal.
• Eventos Adversos Pós-vacinação - EAPV.
Permite o acompanhamento de casos de reação adversa
ocorridos pós-vacinação e a rápida identificação e locali-
zação de lotes de vacinas. Para a gestão federal, estadual,
regional e municipal.
• Programa de Avaliação do Instrumento de Supervisão -
PAIS.
• Sistema utilizado pelos supervisores e assessores técnicos
do PNI para padronização do perfil de avaliação, capaz de
agilizar a tabulação de resultado.
• Sistema utilizado pelos coordenadores estaduais de imu-
nizações para padronização do perfil de avaliação, capaz
de agilizar a tabulação de resultados. Desenvolvido para a
supervisão das salas de vacina.
• Sistema de Informações dos Centros de Referência em
Imunobiológicos Especiais - SICRIE.
• Registra os atendimentos nos CRIEs e informa a utilização
dos imunobiológicos especiais e eventos adversos.
Principais vacinas que compõem o Calendário Nacional de
Vacinação:

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• BCG: vacina contra tuberculose.


• Pneumo 23 valente (polissacarídica).
• Pentavalente: vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis,
Hepatite B (recombinante) e Haemophilus influenzae b
(conjugada).
• DTP: vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis.
• dT : vacina adsorvida difteria e tétano adulto.
• Pneumocócica 10-valente: vacina pneumocócica (conju-
gada).
• dTpa: vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis(acelular)
tipo adulto.
• Febre Amarela: vacina febre amarela (atenuada).
• Rotavírus: vacina rotavírus humano G1P1[8](atenuada).
• Sarampo-Caxumba-Rubéola: vacina sarampo.
• Febre Amarela: vacina febre amarela (atenuada).
• Hepatite A: vacina adsorvida hepatite A (inativada).
• Hepatite B: vacina hepatite B (recombinante).
• Sarampo-Caxumba-Rubéola: vacina sarampo, caxumba,
rubéola (atenuada).
• Tetraviral: vacina sarampo, caxumba, rubéola, varicela
(atenuada).
• Hepatite B: vacina hepatite B (recombinante).
• HPV: vacina papiloma vírus humano 6, 11, 16 e 18 (re-
combinante) (atenuada).
• VIP: vacina poliomielite 1, 2 e 3 (inativada).
• VOP: vacina poliomielite 1 2 e 3 (atenuada).
• Influenza: vacina influenza (fracionada, inativada).
• Meningocócica C: vacina meningocócica C (conjugada).
• A vacinação é a forma mais efetiva para prevenção de do-
enças e contenção de surtos.

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6. Conteúdoscomplementares
Para complementar seu estudo, você poderá acessar os sites:
• CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA. Disponível
em: <https:// www.cve.saude.sp.gov.br>. Acesso em 9
jan. 2015.
• PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES. Disponível
em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/politicas/livro_30_
anos_pni.pdf>. Acesso em 9 jan. 2015.
• ______.<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
programa_nacional_imunizacoes_pni40.pdf>
• MINISTÉRIO DA SAÚDE – PORTAL DA SAÚDE. Disponivel
em: <https:// www.saude.gov.br>. Acesso em: 9 jan.
2015.

7. Questões autoavaliativas
Sugerimos que você responda às questões a seguir para se
autoavaliar.
1) Qual a contribuição da epidemiologia para saúde publica?

2) Qual a importância dos sistemas de informação para tomada de decisão?

3) Qual a importância da investigação epidemiológica.

4) Quais as doenças que podem ser previsíveis através do Programa Nacional


de Imunização?

UNIDADE 5 – INDICADORES DE SAÚDE

1. Objetivos
• Reconhecer a importância dos indicadores de saúde para
avaliação da qualidade da assistência prestada.
• Identificar os itens que compõem o indicador de saúde e
interpretar de maneira eficaz o resultado dos indicadores.

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2. Conteúdos
• Definição de indicadores de saúde.
• Principais indicadores de saúde.
• Calculo dos principais indicadores de saúde.
• Interpretação dos indicadores.

3. Referência
ROUQUAYROL, M. Z.; ALMEIDA-FILHO, N. Epidemiologia e saúde. 6. ed. Rio de Janeiro:
Medsi. 2003.

4. Competências
• Conhecer e identificar os principais indicadores de saúde
e sua importância para tomada de decisão e administra-
ção da Saúde Coletiva.
• Reconhecer que os indicadores de saúde refletem a qua-
lidade da assistência oferecida na Saúde Publica.

5. Orientações para o estudo da unidade


Para o estudo da Unidade 5, você deverá acessar o site:
• INDICADORES DE SAÚDE. Disponivel em: <http://www2.
datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=02>. Acesso
em: 9 jan. 2015.
Indicadores de saúde
Indicadores de saúde são parâmetros utilizados internacionalmente
com o objetivo de avaliar, sob o ponto de vista sanitário, a higidez
de agregados humanos, bem como fornecer subsídios aos
planejamentos de saúde, permitindo o acompanhamento das
flutuações e tendências históricas do padrão sanitário de diferentes
coletividades consideradas à mesma época ou da mesma
coletividade em diversos períodos de tempo (ROUQUAYROL, 1993).

Em 1952, a Organização das Nações Unidas (ONU) convocou


um grupo de trabalho com a finalidade de estudar métodos sa-
tisfatórios para definir e avaliar o nível de vida de uma popula-

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ção. Esse grupo concluiu não ser possível utilizar um único índice
que traduza o nível de vida de uma população; é preciso empregar
abordagem pluralista, considerando-se, para tanto, vários compo-
nentes passíveis de quantificação. Doze foram os componentes
sugeridos: saúde, incluindo condições demográficas; alimentos e
nutrição; educação, incluindo alfabetização e ensino técnico; con-
dições de trabalho; situação em matéria de emprego; consumo e
economia gerais; transporte; moradia, com inclusão de saneamen-
to e instalações domésticas; vestuário; recreação; segurança social
e liberdade humana.
A definição de saúde da nossa Constituição de
1988 também transcende a área estrita da saúde.
A utilização de indicadores de saúde permite o estabelecimento de
padrões, bem como o acompanhamento de sua evolução ao longo
dos anos. Embora o uso de um único indicador isoladamente não
possibilite o conhecimento da complexidade da realidade social, a
associação de vários deles e, ainda, a comparação entre diferen-
tes indicadores de distintas localidades facilita sua compreensão.
Para a Organização Mundial da Saúde, esses indicadores gerais po-
dem subdividir-se em três grupos:
1) aqueles que tentam traduzir a saúde ou sua falta em um grupo
populacional. Exemplos: razão de mortalidade proporcional, coefi-
ciente geral de mortalidade, esperança de vida ao nascer, coeficien-
te de mortalidade infantil, coeficiente de mortalidade por doenças
transmissíveis;
2) aqueles que se referem às condições do meio e que têm influên-
cia sobre a saúde. Exemplo: saneamento básico;
3) aqueles que procuram medir os recursos materiais e humanos
relacionados às atividades de saúde. Exemplos: número de unida-
des básicas de saúde, número de profissionais de saúde, número
de leitos hospitalares e número de consultas em relação a determi-
nada população (LAURENTI.; COLS, 1987).

Dadas as inúmeras definições de saúde, a imprecisão delas


e a dificuldade de mensurá-la, os indicadores mais empregados
têm sido aqueles referentes à ausência de saúde - razão de morta-
lidade proporcional, coeficiente geral de mortalidade, esperança

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de vida ao nascer, coeficiente de mortalidade infantil, coeficiente


de mortalidade por doenças específicas. Esses indicadores são bas-
tante abrangentes, embora tenham sido utilizados para comparar
países em diferentes estágios de desenvolvimento econômico e
social. Há necessidade de desenvolvimento de indicadores mais
específicos e capazes de traduzir com fidedignidade a realidade e
complexidade da saúde, apontando, quando necessário, aspectos
de maior interesse para uma dada realidade.
Considerando-se os serviços de saúde em geral, é possível
empregar indicadores que analisem as várias dimensões da quali-
dade propostas por Donabedian (os sete pilares) - eficiência, eficá-
cia, efetividade, otimização, aceitabilidade, legitimidade e equida-
de. O enfoque tradicional considera principalmente, a estrutura,
objeto muito mais fácil de ser caracterizado, avaliado e medido.
A ênfase nos indicadores de resultados da assistência sempre foi
uma aspiração, mas esbarrava na necessidade de definição sobre
como construí-los.
A transposição desta categorização para programas, como
por exemplo o de planejamento familiar, pode ser feita da seguinte
maneira (DE GEYNDT, 1995):
• estrutura: políticas existentes, recursos alocados, geren-
ciamento dos programas;
• processo: escolha dos métodos; informação fornecida
aos usuários; competência técnica; relações interpesso-
ais; mecanismos de incentivo à continuidade; oferta ade-
quada de serviços;
• resultado: intermediários (desempenho) - novas ade-
sões; taxa de continuidade e abandono; usuários atuais;
conhecimento do cliente; saúde dos clientes; satisfação
do cliente;
• resultado: final (demográfico) - taxa de fertilidade; nasci-
mentos evitados; crescimento da população.

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Indicadores podem e devem ser utilizados como ferramentas


para auxiliar o gerenciamento da qualidade. Indicadores de saúde
da população associados a indicadores econômicos, financeiros,
de produção, de recursos humanos, de qualidade da assistência
propriamente dita, isto é, relacionados a determinadas doenças,
auxiliam na avaliação de programas e serviços.
Indicadores devem evidenciar padrões relacionados à estru-
tura, processo e resultado desejáveis de um sistema. Indicadores
fornecem uma base quantitativa para médicos, instituições presta-
doras de serviços, fontes pagadoras e planejadores, como o objeti-
vo de atingir melhoria da assistência e dos processos relacionados
à assistência (INTERNATIONAL SOCIETY FOR QUALITY IN HEALTH-
CARE , 1999).
Resumidamente, pode-se falar em características desejáveis
de um indicador (MAINZ).
• Especificidade - associação clara a um determinado evento.
• Validade - baseado em definições consensas, sendo sub-
metido a validação para a realidade em questão.
• Poder discriminatório - associação clara entre o que se
está medindo e o que se quer medir.
• Ajuste de risco - permitindo, assim, comparações.
• Comparabilidade.
• Evolução ao longo do uso - possibilidade de aprimora-
mento do indicador.
• Significância ou mesmo relevância para o que se quer me-
dir.
• Aceitação - por parte dos vários envolvidos em sua análi-
se e uso.
• Facilidade na coleta dos dados - factibilidade.
• Adequação para realidade social, econômica e cultural.
• Respeito à confidencialidade das informações do paciente.
• Custo-efetividade.

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O DATASUS disponibiliza informações que podem servir para


subsidiar análises objetivas da situação sanitária, tomadas de de-
cisão baseadas em evidências e elaboração de programas de ações
de saúde.
A mensuração do estado de saúde da população é uma tra-
dição em saúde pública. Teve seu início com o registro sistemático
de dados de mortalidade e de sobrevivência (Estatísticas Vitais -
Mortalidade e Nascidos Vivos). Com os avanços no controle das
doenças infecciosas (informações epidemiológicas e morbidade)
e com a melhor compreensão do conceito de saúde e de seus de-
terminantes populacionais, a análise da situação sanitária passou
a incorporar outras dimensões do estado de saúde.

Alguns dos principais indicadores

Mortalidade
É um dos mais importantes indicadores de saúde, expressa:
• Final do processo vital.
• Falha completa do sistema de saúde (falha na rede de
assistência em todos os momentos ao longo da vida do
indivíduo).
• Qualidade da saúde pública.
No Brasil, para o estudo da mortalidade: o Sistema de Infor-
mações de Mortalidade (SIM), que tem como principal documento
a declaração de óbito.

Taxa de Mortalidade Geral


Mede o risco de morte para o total da população, indepen-
dendo de sexo, idade ou causa de óbito. É um indicador muito in-
fluenciado pela distribuição etária da população. Populações muito
envelhecidas podem ter altas taxas de mortalidade, pois espera-se
que os indivíduos morram em idades avançadas. Por outro lado,

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populações muito jovens também apresentam alta mortalidade


geral devido a uma mortalidade infantil quase sempre muito alta.

Taxa de Mortalidade Específica


Mede o risco de morte para uma fração da população. As
TME mais comumente são as por sexo, faixa etária e causa de óbito.

Taxa de Mortalidade Infantil


Mede o risco de morte no primeiro ano de vida. É um dos
indicadores mais sensíveis das condições de vida e saúde de uma
população.
Utiliza-se o número de nascidos vivos como denominador,
pois ele produz uma estimativa mais acurada do total de pessoas-
-tempo do que o a população menor de um ano no meio do perío-
do. Nenhuma criança morra no primeiro ano de vida.
Dentre as causas mais comuns de mortalidade infantil temos:
• Más condições sócio-econômicas que tragam prejuízo à
nutrição,higiene e cuidados gerais.
• Falta de acesso a serviços de saúde infantil: imunização.
• puericultura, rehidratação oral, etc.
• Falta de acesso correto à assistência Peri natal: pré-natal,
parto e atenção neonatal.
A mortalidade infantil é desdobrada em Neonatal e Pós-
Neonatal - as causas de morte são diferentes nesses dois períodos:
Neonatal (início da vida extra-uterina):
• gressões sofridas intra-útero;
• condições do parto;
• condições de assistência ao recém-nato;
• Pós-neonatal: predominam os determinantes socio-eco-
nômicos.

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Taxa de Mortalidade Materna


A TMM é um outro caso especial de TME por causa. Ela
mede o risco de morte de mulheres por causas maternas (causas
relacionadas a gravidez, ao parto e ao puerpério).

Mortalidade Proporcional
É a distribuição proporcional dos óbitos em relação a algu-
mas variáveis de interesse, principalmente, idade e causa do óbito.
• Índice de Swaroop-Uemura: mortalidade proporcional de
50 anos ou mais, ou seja, a proporção de óbitos ocorridos
em indivíduos de 50 anos ou mais.
• Mortalidade proporcional por causa: é a proporção de
óbitos ocorridos por um grupo de causas, sendo, pro-
porção de óbitos que ocorrem no total de casos de uma
doença.

Letalidade
A letalidade expressa a gravidade de uma doença: quanto
maior o número de indivíduos acometidos por uma doença que
vão a óbito, mais grave ela é considerada.
Características de um bom indicador:
• Utilidade (apoio à decisão).
• Viabilidade (disponibilidade dos dados).
• Simplicidade (fácil a entender).
• Confiabilidade (representa o que está acontecendo).
• Pertinência.
• Validade.
• Sensibilidade.
• Discriminatoriedade.
• Abrangência.
• Ética.

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Indicadores e tomada de decisão


Para que um indicador possa ser utilizado na tomada de
decisão, é preciso conhecer o que está por trás dele: seu nume-
rador, denominador, o objetivo da mensuração, o que ele mostra,
o que ele esconde e qual a sua fidedignidade. Dificilmente um in-
dicador, de forma isolada, será capaz de dar conta da realidade;
é muito mais provável que um grupo deles, juntos, espelhe uma
determinada situação. Sua contextualização adequada no tempo
e no espaço deve ser feita para evitar conclusões ou até mesmo
ações inadequadas.
Para garantir o acesso a um conjunto de indicadores, so-
bretudo, no que diz respeito ao apoio à decisão, é fundamental a
existência de sistema de informação capaz de propiciar maiores e
melhores elementos para a construção e uso de indicadores. Da-
dos simplesmente não correspondem à informação, devendo ser
trabalhados para permitir que deles sejam extraídas as informa-
ções necessárias. Dados incompletos ou não confiáveis, falta de
interesse por parte dos envolvidos na coleta, análise e uso, falta de
reconhecimento da importância de seu uso são fatores determi-
nantes para o mau uso de indicadores.

6. Conteúdoscomplementares
Para complementar seu estudo, você poderá poderá acessar,
também, os seguintes sites:
• INFORMAÇÕES DE SAÚDE (TABNET) - DATASUS. Disponí-
vel em: <https://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.
php?area=0203>. Acesso em: 9 jan. 2015.
• Disponível em: <http://www.uff.br/epidemiologia2/blog/
wpcontent/uploads/2012/10/Aula-5-Indicadores-de-
-saude-e-Estatisticas-Vitais-I-v.2.3.pdf>. Acesso em: 9 jan.
2015.

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7. Questões autoavaliativas
Sugerimos que você responda às questões propostas para se
autoavaliar:
1) Quais os principais indicadores de saúde?

2) Qual a importância dos indicadores de saúde para tomada de decisão em


saúde publica?

3) Qual a finalidade dos indicadores em saúde?

4. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Desse modo, concluímos o estudo da obra Saúde Coletiva
e Epidemiologia. Com o estudo dos conteúdos, você teve a opor-
tunidade de ter uma ampla visão da organização de sistema de
saúde brasileiro, tendo como referência os princípios e diretrizes
do SUS. Um novo modelo de assistência (ESF) voltado para a inte-
gralidade, equidade e universalidade da assistência.
Abordamos assuntos que integram a pratica da saúde cole-
tiva e da prevenção de doenças. A epidemiologia como referência
de qualidade de vida. Não tivemos a pretensão de esgotar todo
o conteúdo, pois esse processo é continuo mas certamente este
estudo será a base para o aprofundamento de seu conhecimento
e espero que contribua para sua formação profissional.
Além da bibliografia básica estudada neste conteúdo, o estu-
do da bibliografia complementar o ajudará a ter maior segurança e
eficácia no desempenho do papel de enfermeiro levando a busca
do conhecimento de uma maneira prazerosa.
Desejamos a você muito sucesso profissional, com muitos
conquistas por meio do seu empenho, buscando novos conheci-
mentos.

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