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MEDICINAIS,
AROMÁTICAS E
CONDIMENTARES
JOÃO CARLOS NORDI
PLANTAS MEDICINAIS,
AROMÁTICAS E
CONDIMENTARES
1ª Edição
2018
Copyright©2018. Universidade de Taubaté.
Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode ser
reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade.
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ISBN: 978-85-9561-055-2
Bibliografia
Palavra do Reitor
Bons estudos!
1
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Prefácio
O Brasil, além de ser um país detentor da maior biodiversidade do planeta, apresenta uma
rica diversidade étnica e cultural, detendo um valioso conhecimento tradicional associado
ao uso de plantas medicinais.
3
4
Sobre o autor
5
6
Caros(as) alunos(as),
Caros( as) alunos( as)
A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e
subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como
subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e
atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das Unidades, dicas de leituras e
indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo
estudado.
Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua
disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais
atores desta formação.
Equipe EAD-UNITAU
7
8
Sumário
Prefácio ............................................................................................................................. 3
Sobre o autor..................................................................................................................... 5
Ementa ............................................................................................................................ 11
Objetivos......................................................................................................................... 14
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Plantas Medicinais,
Aromáticas e ORGANIZE-SE!!!
Você deverá usar de 3
a 4 horas para realizar
Ementa
EMENTA
11
12
13
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
14
15
Introdução
Bons estudos!
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Unidade 1
1.1.1 Criptógamas
O nome Criptógama tem origem no idioma grego (cripto= escondido; gamae= gameta),
significando gametas escondidos ou ocultos. Desta forma podemos dizer que possuem
um sistema reprodutivo não muito visível, e como consequência não formam flor, fruto e
semente.
Importante frisar que o grupo das algas não constitui um grupo taxonômico, um táxon,
no sentido atual do termo. É, antes, um conjunto de organismos muito diversos quanto a
sua organização, origem e características morfológicas, fisiológicas e ecológicas,
constituindo um grupo artificial, agrupando um conjunto importantíssimo de organismos.
Como produtores primários, iniciam inúmeras cadeias alimentares, produzem substâncias
com emprego em diversos setores da atividade humana; alguns acarretam efeitos
indesejados e são importantes e intrigantes, principalmente para a compreensão da origem
e evolução dos seres vivos. Dentre os grupos que compõem as divisões das algas (Figura
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1.1), temos as algas verdes, que podemos incluir no Reino Plantae, dependendo o sistema
de classificação adotado.
Figura 1.1: Relações filogenéticas (evolutivas) entre os grupos vegetais
Briófitas
São plantas pequenas, que em geral crescem em locais úmidos, necessitando da água para
realizar o seu processo de fecundação. Recobrem troncos de árvores (Figura 1.2) e rochas
ao longo de córregos ou terras úmidas. No entanto, não são restritas a tais habitats, sendo
encontradas em ambientes relativamente secos, como desertos e rochas expostas, nos
quais podem sobreviver com baixas taxas metabólicas até conseguirem recuperar-se
fisiologicamente da dessecação. Ocorrem também no ártico, contudo sem representantes
no ambiente marinho. Como curiosidade temos que a grande maioria não é consumida
19
por insetos e é resistente a fungos e bactérias.
Figura 1.2: Briófitas. Divisão Bryophyta (musgos) desenvolvendo-se nas cascas das
árvores (epífetas).
Pteridófitas
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O grande grupo das Pteridófitas está subdividido em sete divisões, segundo Raven et al.
(2007), sendo que três são representantes fósseis (Rhyniophyta, Zosterophyllophyta,
Trimerophyta) e as outras quatro divisões são de representantes atuais: Lycophyta (Figura
1.3), Psilotophyta, Sphenophyta (Figura 1.4), Pterophyta (Figuras 1.5 e 1.6).
Cerca de 220 espécies vêm sendo usadas na medicina e, destas, aproximadamente 60 são
usadas no Brasil; dentre elas, podemos citar Dicranopteris pectinata (Willd.) Underw. e
Selaginella convoluta (Arn.) (BARROS & ANDRADE, 1997). Além destas, temos
importantes pesquisas com espécies do gênero Huperzia, para a cura do “mal de
Alzenheimer” (PRANCE, 1970), sem dizer que vêm sendo empregadas durante séculos
na medicina tradicional chinesa para o tratamento de contusões, condições de estresse e
de esgotamento mental, inflamações, esquizofrenia, miastenia grave, e de
envenenamento por organofosforado (MA et al., 2006).
Espécies de Pteridófitas têm sido investigadas por apresentar ação antibiótica (p.ex.:
Adiantopsis radiata (L.) Fee, Thelypteris serrata (Cav.) Alston., Vittaria lineata L.
Microgramma vacciniifolia (LANGSD. & FISCH.) já testada (MURILO, 1983; SILVA,
1989).
A atração estética desse grupo possibilitou a sua preservação como plantas ornamentais.
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Até há pouco tempo várias espécies de samambaias eram empregadas na produção de
xaxins (as samambaias arborescentes do gênero Dicksonia, Cyathea, Trichpteris.) como
suporte para o cultivo de outras espécies, o que foi proibido em função do extrativismo
predatório, levando-as à beira da extinção.
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Figura 1.4: Divisão: Sphenophyta. Equisetum hyemale L., conhecido como cavalinha,
planta medicinal.
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Figura 1.6: Divisão: Pterophyta. Diversidade de formas. A = Platycerium sp. (Chifre-de-
veado); B= Dicksonia sellowiana (samambaia xaxim); C = samambaia terrestre; D=
samambaia epífita do gênero Microgramma (medicinal); E= Adiantum sp. (avenca) e F =
Gleichenia, encontrada principalmente em solos ácidos.
Líquens
Os liquens são associações simbióticas entre algas e fungos, que resultam em um talo
modificado (AHMADJIAN, 1993). Este conceito acaba não podendo ser aplicado a toda
a imensa diversidade de formas, tamanhos e tipos de relação que ocorrem nas cerca de 20
mil espécies de líquens conhecidas. O talo liquênico é a parte vegetativa da planta e
apresenta uma extraordinária complexidade, devido à interação entre os dois organismos
(HALE, 1983), podendo ser classificado de acordo com o seu formato (Figura 1.7). As
algas podem pertencer ao Reino Monera, no caso das cianobactérias (antigamente
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chamadas algas azuis), ou ao Reino Protista, no caso das algas verdes. Já os fungos
(Reino Fungi) pertencem, em sua grande maioria, ao Filo Ascomycota (98% dos liquens),
com poucos representantes no filo Basidiomycota (que engloba os cogumelos, por
exemplo).
Vários ácidos liquênicos têm sido estudados do ponto de vista farmacológico. A ação
antibiótica de extratos liquênicos tem sido investigada há algumas décadas, sendo que
Burkholder et al. (1944, 1945) foram os primeiros a publicar estudos qualitativos das
propriedades antibióticas dos líquens.
No Brasil, o estudo químico de líquens tem sido pouco explorado, quando comparado
com o de plantas superiores. O estudo químico dos líquens, da mesma forma que o estudo
de plantas superiores, reveste-se de importância na medida em que as substâncias isoladas
são estruturalmente conhecidas e avaliadas quanto à atividade biológica.
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Figura 1.7: Grupo biológico dos líquens. Diversas formas do talo (corpo) em
diferentes espécies: A= Talo folioso (Parmotrema tinctorum); B e C = talo
fruticoso; D= talo crostoso (Herpthallon rubrocinctum).
1.1.2 Fanerógamas
O nome fanerógama tem origem no idioma grego (fanero= visível; gamae = gameta),
significando gametas visíveis. Desta forma, pode-se dizer que possuem um sistema
reprodutivo visível. São também conhecidas como espermatófitas, pois produzem
sementes, pertencentes à grande divisão Spermatophyta.
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cinco principais divisões: Cycadophyta, Ginkgophyta, Conipherophyta e Gnetophyta,
conhecidas também como Grupo Gimnospérmico, e Magnoliophyta, conhecidas como
angiospermas, ou seja, plantas com flor. A capacidade de produção de sementes,
estruturas de proteção e alimento do embrião, contribuiu para a dominância das
espermatófitas na flora atual.
Gimnospermas:
As gimnospermas (do grego gymnos = nu; sperma = semente') são plantas terrestres que
vivem, preferencialmente, em ambientes de clima frio ou temperado. Nesse grupo
incluem-se plantas como pinheiros, sequoias e ciprestes.
As gimnospermas possuem raízes, caule e folhas, mas não apresentam frutos. Possuem
também ramos reprodutivos com folhas modificadas chamadas estróbilos. Em muitas
gimnospermas, como os pinheiros e as sequoias, os estróbilos são bem desenvolvidos e
conhecidos como cones – o que lhes confere a classificação no grupo das coníferas.
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Figura 1.8: Divisão: Conipherophyta. A= Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze
(Pinheiro do Paraná); B = Pinus elliottii Engelm. – aspecto vegetativo; C= Pinus elliottii
Engelm com estróbilos (cones).
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Figura 1.9: Divisão: Cycadophyta. A e B = Cycas circinalis L. C= Cycas revoluta thunb.;
D= Encephalartos ferox (G. Bertol) Lehm.
Angiospermas:
A principal característica deste grupo é a presença do fruto e das flores. A flor contém os
óvulos; flores podem estar agrupadas em inflorescências ou estar solitárias. As flores
possuem estruturas para atrair agentes polinizadores (NORDI; BARRETO, 2016) como
as pétalas coloridas e recursos florais, como néctar ou exsudado estigmático, por exemplo.
As estratégias reprodutivas formam uma etapa extremamente vital para o ciclo de vida
das Angiospermas e seu conhecimento é de grande importância para a compreensão dos
processos responsáveis pela manutenção da biodiversidade e pelo funcionamento dos
ecossistemas.
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Figura 1.10: Divisão: Magnoliophyta (Angiospermas). Algumas famílias botânicas: A=
Orchidaceae; B= Melastomataceae; C= Onagraceae; D= Bromeliaceae; E = Asteraceae; F=
Fabaceae-Caesalpinioideae.
31
1.2 Métodos de propagação em plantas medicinais, aromáticas
e condimentares
Após a seleção das espécies medicinais, devemos verificar quais os meios de propagação
mais adequados. A propagação exige o conhecimento de certas manipulações e de
habilidades técnicas que requerem certa experiência e tempo para se adquirir, sendo
necessário o conhecimento da estrutura e dos mecanismos de crescimento das plantas
(SOUZA, 2011), além de conhecer as diversas classes de propagação e os vários métodos
que podem ser utilizados. Uma mesma espécie pode ser propagada por mais de um meio,
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como a arruda (Ruta graveolens) e o alecrim (Rosmarinus officinalis), que podem ser
propagados por sementes ou estacas de ramos, ou ainda a espécie mil folhas (Achillea
millefolium), que pode ser propagada por divisão de touceira ou por rizomas. O método
utilizado deve ser adequado à classe de planta que se propaga e às condições em que se
realiza. A seguir vamos ver os métodos de reprodução e ou propagação das plantas
medicinais, aromáticas e condimentares.
Para se obter sucesso com esse modo de reprodução, há necessidade de saber os aspectos
relacionados com a germinação das sementes, bem como compreender os fatores
relacionados com sua germinação.
• Água
A água é fator imprescindível, pois é com a absorção de água pela semente, processo esse
denominado de embebição, que se inicia o processo da germinação. Para que isso
aconteça, há necessidade de que a semente alcance um nível adequado de hidratação, que
permita a reativação dos processos metabólicos. A umidade adequada é variável entre as
espécies. De forma geral, o processo de embebição inicia-se quando a porcentagem de
água atinge cerca de 70-80%.
• Oxigênio
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O oxigênio é necessário para a promoção de reações metabólicas importantes na semente,
especialmente a respiração. Ainda que a respiração nos primeiros momentos da
germinação seja em geral anaeróbica (sem a presença do oxigênio), logo em seguida ela
passa a ser absolutamente dependente de oxigênio (BORGES; RENA, 1993). Com a
entrada do oxigênio, temos o início das atividades metabólicas, que se intensificam
durante o processo. Devemos lembrar que o oxigênio difunde-se da atmosfera para o solo
e que semeaduras profundas podem resultar na falta de oxigênio, comprometendo o
processo de germinação.
• Temperatura
Como em qualquer reação química, existe uma temperatura ótima na qual o processo se
realiza mais rápida e eficientemente, e as temperaturas máxima e mínima que, sendo
ultrapassadas, fazem com que a germinação seja zero. Esta faixa de temperatura é variável
entre as diferentes espécies. Acima e abaixo dos limites máximo e mínimo,
respectivamente, pode ocorrer a morte das sementes ou termo dormência. A faixa de 20
a 30ºC mostra-se adequada para a germinação de grande número de espécies subtropicais
e tropicais. À medida que a semente deteriora, ela fica mais exigente quanto à
temperatura, passando a ter necessidades específicas para que a germinação ocorra
(BEWLEY; BLACK, 1994).
• Luz
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Em relação ao comportamento germinativo de espécies sensíveis à luz, existem as
sementes que são indiferentes à exposição à luz, germinando em qualquer ambiente
luminoso (VAZQUEZ YANES; OROZCO-SEGOVIA, 1991), ou germinam somente no
escuro (VIDAVER, 1980). Algumas sementes germinam após rápida exposição à luz e
outras necessitam de período relativamente longo de luz.
Podem ser subdividida em: dormência física; dormência mecânica e dormência química.
Dormência física
A dormência física é causada por uma ou mais camadas de células impermeáveis à água,
situadas no tegumento ou nos envoltórios da semente em geral, ou seja, a
impermeabilidade do tegumento. Nesses casos, a hidratação e a consequente interrupção
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da dormência estão muitas vezes relacionadas à formação de aberturas em estruturas
anatômicas especializadas (por exemplo, o hilo e a lente), localizadas na superfície da
semente, ocasionando uma diminuição da resistência à entrada de água no seu interior
(BASKIN; BASKIN 2004).
Dormência mecânica
De acordo com Vivian et al. (2008), a dormência mecânica pode ser uma particularidade
da dormência fisiológica. Em outras palavras, estando o embrião quiescente e em
condições adequadas de água, oxigênio e temperatura, não haveria um impedimento
mecânico efetivo ao seu crescimento, por parte dos tecidos adjacentes (CARDOSO,
2004).
É importante ressaltar que uma mesma espécie pode apresentar diferentes graus e tipos
de dormência. No caso de espécies que apresentam mais de um tipo de dormência, esta é
dita dormência complexa ou combinada.
Dormência química
b) Dormência morfológica
A dormência morfológica manifesta-se em sementes que são liberadas da planta mãe com
embriões diferenciados (cotilédones e eixo hipocótilo-radícula reconhecíveis), mas
subdesenvolvidos quanto ao tamanho. Nesse caso, a germinação “visível” (protrusão) é
precedida por uma fase de crescimento intrasseminal desencadeada por condições
ambientais apropriadas.
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de período longo com temperaturas baixas para a sua superação. A distinção desta para
as demais subdivisões (intermediária e superficial) se dá pela ausência de crescimento do
embrião ou pela geração de plântulas anormais, mesmo quando o embrião é isolado da
semente. As dormências fisiológicas, intermediária e superficial, são mais comuns.
No Quadro 1.2 encontra-se uma síntese dos tratamentos para a quebra de dormência em
sementes.
41
Quadro 1.2: Tratamentos para a quebra de dormência em sementes
42
Dentre as desvantagens desse método podem-se citar: transmissão de doenças vasculares,
bacterianas e viroses; necessidade de plantas matrizes e de instalações, adequadas; alto
volume de material a ser armazenado e/ou transportado.
Estudos sobre a propagação de espécies medicinais são de elevada importância, uma vez
que servem de base para a domesticação e o sucesso do cultivo dessas plantas
(CARVALHO JUNIOR et al., 2009). No entanto, ainda há escassez desses estudos.
A reprodução assexuada pode ser feita por vários métodos (estaquia, mergulhia,
alporquia, enxertia, divisão de touceira ou, ainda, por rizomas, tubérculos e bulbos, e
micropropagação). Dentre eles os mais utilizados para propagação de plantas medicinais
são estaquia e divisão de touceiras.
ESTAQUIA
A propagação por estaquia pode ser influenciada por diversos fatores, entre características
inerentes à própria planta e às condições do meio ambiente, como intensidade de luz,
temperatura, umidade, quantidade de água influenciando na formação de raízes
adventícias, estimulando ou inibindo o enraizamento, além de substâncias produzidas
pelas plantas, como auxinas e citocianinas, responsáveis pelo início do processo da
formação de raízes (ASSIS e TEIXEIRA, 1998).
A estaquia é a técnica mais fácil e simples de propagação, pois basta cortar um pedaço da
planta e plantá-lo. Mas são necessários alguns cuidados: usar sempre tesouras ou facas
bem afiadas para não esmagar ou despedaçar os tecidos, o que pode provocar o seu
apodrecimento; aplicar hormônios; observar que algumas plantas enraízam na água.
Para a seleção das estacas é preciso escolher plantas adultas e saudáveis; as estacas devem
possuir entre 12 e 15 cm. Retirar todas as folhas em cerca de 1/3 do caule, deixando nua
a parte inferior; o corte, em qualquer situação, deverá ser limpo, não causando feridas
nem rasgos na estaca; cortar as pontas das folhas grandes, pois estas consomem energia
de que a estaca precisará para o enraizamento; retirar todas as flores ou botões que possa
haver. Essas recomendações são genéricas. Cada espécie de planta, independente de sua
utilização, possui características específicas a serem consideradas.
Substrato
O substrato ideal deve ter consistência e densidade de forma a fixar e sustentar a estaca
durante o processo de enraizamento, possuir boa capacidade de retenção de água para que
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a frequência de irrigação seja baixa, ser poroso para permitir a drenagem do excesso de
água e promover a aeração adequada (HARTMANN et al.,1997).
Trabalhos realizados por Bezerra, Momenté e Medeiros Filho (2004), Bezerra et al.
(2006) e Araújo et al. (2009a) mostram que resíduos orgânicos regionais podem ser
utilizados na composição de substratos, apresentando assim potencial para serem
utilizados na produção de mudas de plantas. Além disso, os resultados mostram que
alguns desses materiais têm atuado na melhoria dos atributos físicos, químicos e
biológicos do solo e das plantas.
Tipos de estacas
• Caulinar
Estaca caulinar herbácea: as estacas herbáceas são aquelas cujos tecidos não estão na
lignifica apical dos ramos no período de primavera/verão, épocas em que ocorrem os
fluxos de crescimento vegetativo. Como é um material sensível à desidratação, a coleta
deve ser feita preferencialmente pela manhã. As folhas (inteiras ou pela metade) devem
ser mantidas. A função da manutenção das folhas é a continuação do processo
fotossintético que fornecerá fotoassimilados tanto para a manutenção da estaca, quanto
para a formação das raízes.
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Colocam-se os ramos em substrato adequado (terra, areia, entre outros), enterrando a base
sem folhas. Assim, novas raízes se formam na planta, originando novas mudas. Em alguns
casos, colocam-se as bases da estaca em água ao invés de substrato, plantando as mudas
em terra assim que enraizadas.
A B
Fonte: João Carlos Nordi
47
Figura 1.12: Estaca caulinar sublenhosa de
Rosmariunus officinalis L. (Alecrim) preparada sem as
folhas.
Estaca caulinar lenhosa: as estacas são obtidas de ramos lenhosos, bastante lignificados,
sem folhas, com idade superior a um ano, sendo coletadas geralmente no período de
dormência da planta (inverno). A propagação com esse tipo de estaca é mais fácil e mais
barata, pois são mais resistentes e não exigem ambiente com controle de temperatura e
umidade. Corta-se um ramo lateral firme, formando uma estaca de aproximadamente 20
cm de comprimento e 1,5 cm de diâmetro, preparada sem as folhas. Devemos escolher
sempre os ramos mais vigorosos, saudáveis e sem flores. Colocamos os ramos (estacas)
em substrato adequado (terra, areia, entre outros), enterrando a base sem folhas. Essas
estacas podem ser plantadas também diretamente no local definitivo, apesar disso, é
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recomendado o seu plantio anteriormente em vasos ou sacos de mudas. Assim, novas
raízes se formam na planta, originando novas mudas.
• Foliar
Outra forma de estaquia utilizada é por intermédio de secções da folha, cujo tamanho é
determinado pelo hábito de crescimento da planta. Folhas de várias plantas, quando
colocadas em água ou em substrato úmido, normalmente formam raízes adventícias
próximas à região do corte. Método muito utilizado para as plantas Crassuláceas (Figura
1.14)
49
Figura 1.14: Estaca foliar utilizada na propagação assexuada em
Crassuláceas. A e D = Kalanchoe pinnatum (Lam.) Oken (Fortuna); B
= Echeveria “Beverly” (Rosa de pedra); C= Kalanchoe sp.
• Radicular
DIVISÃO DE TOUCEIRAS
A técnica consiste no corte dos rizomas subterrâneos, ou separação dos indivíduos com
raízes, gerando novas plantas.
Normalmente as plantas propagadas por divisão de touceira podem ser reproduzidas por
sementes, demorando mais a atingir a fase adulta e florescer. A divisão de touceiras é um
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método rápido de multiplicação vegetal. Além disso, a divisão de touceiras é um método
fácil e mais garantido, ideal para multiplicações em pequena escala.
Muitas vezes, uma planta quando dividida gera poucas plantas, o que seria uma
desvantagem quando comparada à reprodução por sementes.
O método pode ser generalizado da seguinte forma: certifique-se de que a planta já pode
ser dividida, contando-se o número de brotação, que em geral deve ser de no mínimo 06.
Se a planta estiver no solo, devemos desenterrá-la inteira ou parcialmente, com uma boa
quantidade de solo, de preferência, com o auxílio de uma enxada. Se estiver em um vaso,
retire a planta totalmente do vaso (Figura 1.15); retire o excesso de solo, para que o rizoma
e as raízes possam ser vistos melhor. Separe a planta em partes que contenham pelo menos
3 brotações, para que haja melhor pagamento. Assim, obtêm-se novas mudas da planta.
Na maioria dos casos, a nova muda já pode ser plantada em seu local definitivo, por já ter
suas estruturas bem formadas. Recomenda-se a rega regular, sem excessos.
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OUTRAS FORMAS DE PROPAGAÇÃO VEGETATIVA
FILHOTES
Os filhotes são brotações da porção aérea da planta e podem ou não apresentar raízes.
Ex.: bromélias e agaves (Figura 1.16).
BROTAÇÕES
52
Figura 1.17: Propagação vegetativa por meio de brotações laterais. Agave sp.
Outros Métodos
Além dos descritos acima, temos outros métodos que são mais utilizados para propagação
de plantas ornamentais e frutíferas. Dentre esses métodos podemos citar: enxertia, com
suas diversas técnicas, mergulhia, alporquia e micropropagação.
53
1.4 Para saber mais
Livros
• REVIERS, B. Biologia e Filogenia das Algas. Porto Alegre: Artmed, 2006, 280p.
Sites
• http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/ Angiospermas
1.5 Atividades
54
55
Unidade 2
2.1 Definição
56
Um exemplo clássico são as antocianinas e betalainas, as quais não ocorrem
conjuntamente em uma mesma espécie vegetal. As betalainas são restritas a dez famílias
de plantas pertencentes à ordem Caryophyllales, que consequentemente não possuem
antocianinas. Como a beterraba (Beta vulgais) pertence a uma dessas famílias
(Amaranthaceae), a coloração avermelhada de suas raízes só pode ser atribuída à presença
de betalainas.
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Quadro 2.1: Principais vias de biossíntese dos metabólitos secundários
Além destes três grandes grupos, os metabólitos secundários podem ser encontrados em
sua forma livre, recebendo o nome de agliconas, ou estarem ligados a uma ou mais
unidades de açúcar, formando os heterosídeos. Ainda existem polissacarídeos e ácidos
graxos, considerados de origem primária, mas que exercem funções importantes como
metabolitos secundários.
58
e características químicas peculiares a determinadas espécies botânicas e que suas rotas
metabólicas não são gerais, sendo assim, suas concentrações são variáveis dentro de uma
mesma espécie, pois podem ser influenciadas por fatores hereditários, responsáveis não
só pelas interferências quantitativas, mas por grande parte qualitativa; fatores ontogênicos
que dizem respeito a etapas de desenvolvimento do vegetal e fatores ambientais como:
solo, clima, micro-organismos, alelopatia, dentre outros.
2.2.1 Alcaloides
A nomenclatura dos alcaloides tem várias origens. Por serem compostos amínicos,
convencionalmente, devem sempre terminar com o sufixo “Ina”. Alguns são chamados
pelo nome genérico da planta que os produz, como por exemplo a atropina, alcaloide
derivado da Atropa belladona, família Solanaceae. Outros, pelo nome específico, como
por exemplo a cocaína, alcaloide derivado do Erythroxolon coca, família
Erythroxylaceae. Ainda podem ser nomeados por suas atividades fisiológicas (ementina
e morfina) e pelo seu descobridor (piletierina).
A biossíntese dos alcaloides é representada por reações simples, tais como acoplamento
oxidativo, formação de base de Schiff e condensação de Mannich. São sintetizados no
retículo endoplasmático rugoso e transportados para sítios de armazenamentos diferentes
daqueles de síntese (vacúolos), podendo sofrer modificações químicas secundárias.
• Protetores contra raios UV, por serem, em sua maior parte, compostos com
núcleos aromáticos altamente absorventes da radiação;
• Alcaloide indólicos
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• Alcaloides quinolínicos
• Alcaloides isoquinolínicos
• Protoalcaloides
• Alcaloides piridínicos
• Alcaloides piperidínicos
• Alcaloides imidazólicos
• Alcaloides tropânicos
• Alcaloides purínicos
• Alcaloides pirrolidínicos
Alcaloide indólicos
Alcaloides Quinolínicos
61
como quina, quina-vermelha ou cinchona do Peru. São árvores nativas do Equador e Peru,
pertencentes à família Rubiaceae e introduzidas na Indonésia e na Índia.
Alcaloides Isoquinolínicos
• Benzofenantridinicos (sanguinária)
• Fotoberberinas (Ementina)
• Ftalidesoquinolínicos (hidrastina)
Papaver somniferum L. Foram obtidos mais de trinta alcaloides da papoula, sendo que
terapeuticamente os mais importantes são: morfina (4 a 2,1%), codeína (0,8 a 2,5%);
papaverina (0,5 a 2,5%) e tebaina (0,5 a 2%). Esses se encontram no ópio (substância
obtida por incisão das cápsulas não amadurecidas da papoula), podendo atuar no sistema
nervoso central, funcionando como analgésicos, narcóticos e hipnóticos.
Protoalcaloides
Alcaloides Peridínicos
São compostos que possuem como estrutura básica a piridina. A biossíntese destes
alcaloides está relacionada com os aminoácidos precursores, lisina e ornitina, em plantas
produtoras de tabaco. Exemplo de planta que apresenta alcaloides piridínicos: Tabaco
(Nicotiana tabacum L.).
Alcaloides Piperidínicos
São compostos que possuem como estrutura básica a piperidina. Exemplo de planta que
apresenta alcaloides piperidinicos: Lobélia (Lobelia inflata L.) Trata-se de uma erva anual
da família Campanulaceae, nativa do leste e centro dos EUA. e do Canada. Produz cerca
de 14 alcaloides, dos quais o principal é a lobelina por suas propriedades eméticas.
Alcaloides Imidazólicos
São os alcaloides que possuem, como estrutura básica, o anel imidazólico. Exemplo de
planta que apresenta alcaloides imidazólicos: Jaborandi (Pilocarpus jaborandi Holmes).
Pertencente à família Rutaceae, nativo do Brasil possui como alcaloide principal a
pilocarpina, existente nos teores de 0,5% a 1% de alcaloides totais. A pilocarpina é obtida
das folhas do jaborandi, caracterizando-se por um líquido oleoso, embora seus sais
cristalizem facilmente. Atua diretamente nos receptores dos olhos, sendo importante
terapêutico para o tratamento de alguns tipos de glaucomas.
64
Alcaloides Purínicos
Alcaloides tropânicos
Exemplo de planta que apresenta alcaloide tropânico: Beladona (Atropa beladona L.).
65
As ergolinas também são encontradas nas sementes de espécies do gênero Rivea e
Ipomoea e são altamente alucinógenas.
66
Fonte: autor
67
dos derivados dos aminoácidos tirosina e fenilalanina ou da condensação destes com
derivados de acetato. Caracterizam-se por possuírem hidroxilas ligadas a um ou mais
grupos fenílicos.
São biologicamente responsáveis pelo odor, sabor e cor de vários vegetais. Suas funções
são inúmeras, refletindo a diversidade estrutural desta classe, tais como: interações entre
animais e vegetais, aromatizantes, bactericidas, fungicidas. São amplamente empregados
na fabricação de resinas, corantes, explosivos, remédios, etc.
• Compostos Fenilpropenoides
• Cumarinas
• Cromonas
• Xantona
• Compostos Lignoides
• Quinonas
• Flavonoides
• Taninos
Ácidos Fenólicos simples: são compostos encontrados nos vegetais, tanto na forma
livre, como na forma de heterosídeos ou ésteres fenólicos, prevalecendo as últimas.
Podem ser divididos em derivados do ácido benzoico e derivados do ácido cinâmico.
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Derivados do Ácido benzoico
Os mais importantes e largamente encontrados nos vegetais são: ácido p-cumárico, ácido
cafeico, ácido ferúlico e ácido sinápico.
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Cumarinas: encontram-se predominantemente nas angiospermas e localizam-se em
todas as partes do vegetal. Dentre as famílias mais citadas estão Apiacae, Asteraceaee,
Fabaceae, Rutaceae, Oleaceae, Moraceae e Thymelaeaceae.
70
Exemplo de planta que apresentam compostos lignoides. Guaiaco (Guaiacum officinale
L.)
Exemplo de plantas que apresentam Quinonas: Babosa (Aloe vera L.); Cáscara-sagrada
(Rhamnus purshianus de Candolle).
• Flavonóis
• Antocianinas
São amplamente distribuídos nos vegetais, responsáveis pelas cores laranja, rosa,
vermelha, violeta e azul presentes em flores e frutos. Possuem a mesma função
das flavonas e flavonóis, ou seja, são considerados agentes importantes da
polinização e dispersão de sementes, devido ao seu poder atraente. As
antocianinas que mais se destacam são: Cianidina e Mavidina.
• Isoflavonoides
72
Quadro 2.3: Classe de compostos fenólicos
Biossinteticamente, são derivados do acetato, via ácido mevalônico que ao sofrer uma
série de reações químicas leva à formação de todos os compostos terpenoides.
São classificados de acordo com o número de unidades isoprênicas que possuem. Assim
73
os compostos terpenoides são divididos em 5 classes principais:
MONOTERPENOIDES
Os monoterpenos, por sua alta volatilidade, são extraídos com facilidade por
hidrodestilação ou arraste a vapor, e são identificados e quantificados por cromatografia
gasosa acoplada à espectometria de massa (CG/EM). Exemplo de planta que apresenta
monoterpenos é o Tomilho (Thymus vulgaris L.), conhecido vulgarmente como timo ou
tomilho, apresenta sabor picante e agradavelmente aromático. É uma erva rasteira,
pertencente à família Lamiaceae, que atinge cerca de 20 cm de altura e possui folhas
miúdas de um verde escuro fosco. Suas flores apresentam cores lilás ou púrpura e sua raiz
é fibrosa, firme e perfumada. Adapta-se muito bem em solos secos, até mesmo
74
pedregosos, não suportando umidade excessiva, preferindo locais de muito sol. A gama
de propriedades medicinais é variada, graças ao poder antisséptico e bactericida de seus
componentes; o timol e o carvacrol encontram-se presentes em 50% do óleo essencial. É
indicado para a circulação, nervos, alergia e para afecções do aparelho digestivo.
O Timol, encontrado também em óleo essencial de hortelã, ocorre como grandes cristais
incolores ou como pó cristalino branco. Apesar de ser um composto fenólico, é
considerado terpenoide, devido à via biossintética de que se origina. É responsável pelas
propriedades antifúngicas e antibacterianas das folhas e flores de tomilho e pela
aromatização de alimentos na indústria alimentícia.
A hortela (Mentha piperita L.) é uma planta herbácea pertencente à família Lamiaceae,
caracterizada por possuir folhas ovais, de coloração verde na face superior e
esbranquiçada na inferior. As flores são do tipo espigas, de cor violácea. Os óleos
essenciais extraídos das folhas são constituídos basicamente de mentol (30-50%) e
mentona (14-32%), muito utilizados como flavorizantes em indústrias alimentícias.
Atribuem-se-lhes propriedades antimicrobianas, carminativas e estimulantes do sistema
nervoso central.
SESQUITERPENOIDES
DITERPENOIDES
Os diterpenos são compostos que possuem como principal atividade biológica a produção
de hormônios vegetais responsáveis pelo crescimento da planta – as giberelinas. Ainda
são citadas funções de proteção contra infecções e ataque de insetos na madeira de
coníferas –n ácido abiético.
TRITERPENOIDES
TETRATERPENOIDES
COMPOSTOS TERPENOIDES
Função:
Defesa contra herbivoria, hormônios de sinalização, agentes de atração e fitoalexinas,
dentre outros
Fonte: autor
77
Figura 2.2: Algumas plantas que apresentam terpernos. A= Mentha sp. (Hortelã); B =
Matricaria chamomilla (camomila); Thymus vulgaris (Tomilho).
78
2.3 Fatores que influenciam no conteúdo de metabólitos
secundários
Desde o quarto século a.C. existem relatos de normas para a coleta de plantas medicinais.
Os carrascos gregos, por exemplo, coletavam suas amostras do veneno cicuta (Conium
maculatum) pela manhã, quando os níveis de coniina são maiores (ROBINSON, 1974;
FAIRBAIRN, 1961).
Além disso, alguns dos fatores discutidos apresentam correlações entre si e não atuam
isoladamente, podendo influir em conjunto no metabolismo secundário, como por
exemplo no/nadesenvolvimento e sazonalidade; índice pluviométrico e sazonalidade;
temperatura e altitude, entre outros (GOBBO-NETO; LOPES, 2007).
79
tratamento de várias doenças, desde os tempos antigos, em diversas populações de todo
o planeta.
A época em que uma droga é coletada é um dos fatores de maior importância, visto que
a quantidade e, às vezes, até mesmo a natureza dos constituintes ativos não é constante
durante o ano. São relatadas, por exemplo, variações sazonais no conteúdo de
praticamente todas as classes de metabólitos secundários, como óleos essenciais
(SCHWOL et al., 2004; PITAREVIC et al., 1984), lactonas sesquiterpênicas (ZIDORN;
STUPPNER, 2001; SCHMIDT et al., 1998), ácidos fenólicos (ZIDORN; STUPPNER,
2001; GRACE et al., 1998), flavonoides (BROOKS; FEENY, 2004; JALAL et al., 1982),
cumarinas (WILT; MILLER, 1992), saponinas (NDAMBA et al., 1994; KIM et al., 1981)
alcaloides (ROBINSON, 1974, ELGORASHI et al., 2002; ROCA-PÉREZ et al., 2004),
taninos (SALMINEN et al. 2001; FEENY; BOSTOCK, 1968), graxas epicuticulares
(FAINI et al., 1999), iridoides (MENKOVIC et al., 2000; HOGEDAL; MOLGAARD,
2000; BOWERS et al., 1992), glucosinolatos (AGERBIRK et al., 2001; RODMAN;
LOUDA, 1985) e glicosídeos cianogênicos (KAPLAN et al., 1983; COOPER-DRIVER
et al., 1977).
80
Em estudos realizados com Salvia officinalis, nos quais se avaliou a influência da
sazonalidade no rendimento e na composição química do seu óleo essencial, Putievsky et
al. (1986) concluíram que o maior rendimento de óleo essencial foi obtido no primeiro
ano de cultivo, em corte realizado no verão. Com relação à composição do óleo essencial,
este apresentou maior teor de constituintes majoritários (tujona e cânfora), no segundo
ano de cultivo, em corte realizado na primavera.
81
plantas, como na determinação da sazonalidade de taxoides, tendo como alvo principal o
paclitaxel com alterações no decorrer do ano na concentração destes compostos em Taxus
brevifolia e T. baccata, não sendo possível determinar um padrão de variação, devido a
resultados conflitantes na literatura (HOOK et al., 1999; WHEELER et al., 1992).
Existem, também, cada vez mais estudos mostrando que a composição de metabólitos
secundários de uma planta podem variar apreciavelmente durante o ciclo dia/noite, tendo
sido descritas, por exemplo, variações circadianas nas concentrações de óleos voláteis
(ANGELOPLOU et al., 2002; LOPES et al., 1997; SILVA et al.,1999; LOUGHRIN,
1990), iridoides (HOGEDAL; MOLGAARD, 2000); alcaloides (ROBINSON, 1974;
FAIRBAIRN; SUWAL, 1961; ITENOV; MOLGAARD, 1999; SPORER et al. 1993),
glucosinolatos (ROSA et al., 1994), glicosídeos cianogênicos e tiocianatos (OKOLIE;
OBASI, 1993). Foi notada, por exemplo, uma variação de mais de 80% na concentração
de eugenol no óleo essencial da alfavaca (Ocimum gratissimum), o qual atinge um
máximo em torno do meio-dia, horário em que é responsável por 98% do óleo essencial,
em contraste com uma concentração de 11% em torno de 17h56.
O uso indiscriminado de plantas medicinais pode não ser benéfico para o homem devido
à possibilidade de muitos metabólitos secundários serem tóxicos, com efeitos
mutagênicos (VICENTINI et al., 2001).
82
externos e internos que afetam a concentração desses compostos por indivíduos de uma
mesma espécie quando submetidos a essas variações.
83
Unidade 3
Plantas Medicinais
Pode-se definir planta medicinal como sendo toda espécie vegetal que apresente um valor
de caráter terapêutico para uma determinada comunidade, possuindo propriedade real ou
imaginária, empregada por qualquer via ou forma na prevenção, tratamento e cura de
distúrbios, disfunções ou doenças do homem e animais (AMOROSO; GELY, 1988;
LOPES et al., 2005).
Ainda não está muito claro o início da descoberta das propriedades vegetais, já que são
conhecimentos de origem muito remota (CARRARA, 1995). Descobertas arqueológicas
mostram o uso de pelo menos oito espécies de plantas de provado valor medicinal pelo
Homem de Neanderthal (como a altéia – Althaea officinalis) há mais de 60 mil anos, no
local onde é o Iraque hoje. Análise de tártaro extraído de neandertais mostra que essa
espécie humana sabia do poder terapêutico de plantas medicinais.
84
drogas da alopatia através do multimilionário marketing feito pelos grandes laboratórios.
A utilização destes remédios químicos vem sempre associada a um grande potencial de
efeitos deletérios à saúde.
Muitas drogas usadas no Egito vinham de outras regiões. Naquela época, o comércio de
drogas vegetais era intenso. Novas drogas como cinamomo, pimenta da Malásia,
gengibre, romã, cálamo aromático e os aloés da ilha de Socotra (Ilha do Oceano Índico
localizada ao sul da Arábia, atualmente protetorado da República do Iêmen) chegaram ao
Egito e ao Mediterrâneo. Outras plantas vieram de Creta para o Egito.
Pode-se afirmar que 2.000 anos antes do aparecimento dos primeiros médicos gregos, já
existia uma medicina egípcia organizada e que Imhotep (2980 a 2900 a.C.) é considerado
o primeiro médico da história antiga (OSLER, 2004), embora dois outros médicos, Hesy-
Ra e Merit-Ptah, tenham sido contemporâneos seus.
Sabe-se que desde 2300 a.C., egípcios, assírios e hebreus cultivavam diversas ervas e
traziam tantas outras de suas expedições. Nesses tempos, as plantas eram muitas vezes
escolhidas por seu cheiro, pois acreditavam que certos aromas afugentavam os espíritos
das enfermidades. Essa crença continuou até a Idade Média; os médicos usavam no nariz
um aparelho para perfumar o ar que respiravam.
Por volta de 1.500 a. C., a base da medicina hindu já estava revelada em dois textos
sagrados: Veda (Aprendizado) e Ayurveda (Aprendizado de Longa Vida). A Índia,
provavelmente, comercializava drogas vegetais desde 2500 a.C., sendo seu maior legado
citado na tradição dos sábios “Váidia”, no império do Vale do rio Indo, a Noroeste da
Índia, onde hoje é o Paquistão. Os primeiros tratados médicos de grande importância são
de aproximadamente 500 a.C., o Taxaraca-Samhita e Susruta-Samhita, prováveis
precursores do sistema UNANI de medicina árabe. Estes sistemas terapêuticos são
certamente a origem inspiradora da medicina hipocrática grega, conhecida como a mãe
da medicina ocidental. Os antigos médicos hindus conheciam uma droga poderosa devido
à forma semilunar de seus frutos, usados contra cefaleia e angústia. Eram chamados de
“remédio para homens tristes”. Essa droga posteriormente conquistou o mercado
86
farmacêutico mundial nos meados do século XX como hipotensora e calmante, a
Rauwolfia serpentina L., fonte de reserpina.
O registro mais antigo de todos é o Pen Ts’ao, de 2.800 a.C., escrito pelo herborista chinês
Shen Numg, que descreve o uso de centenas de plantas medicinais na cura de várias
moléstias. Existem registros de que no ano 5.000 a.C. os chineses já possuíam listagens
de drogas derivadas das plantas. O chinês Sheu-ing, no ano 3.000 a.C. dedicava-se ao
cultivo de plantas medicinais. O “Hipócrates chinês”, o imperados Cho-Chin-Kei, possuía
a obra mais destacada na farmacognosia da China Antiga. Nessa obra, o autor destaca a
cura de todos os males pela raiz de ginseng e cita as ações terapêuticas do ruibarbo, do
acônito e da cânfora (MARTINS et al., 1985).
Na Grécia, Pedacius Dioscórides escreveu a obra que foi posteriormente traduzida para o
Latim por humanistas do século XV, chamada de Matéria Médica que durante o período
greco-romano e na Idade Média foi considerada a bíblia de médicos e farmacêuticos.
Dioscórides descreveu origem, características e usos em terapêutica de mais de 500
drogas vegetais, aproximadamente 100 drogas de origem animal e outras tantas de origem
mineral. Acredita-se que a matéria-médica, transformada em disciplina didática, deu
origem à moderna Farmacognosia.
Na Grécia, em 800 a.C., o poeta Homero, na Odisseia, narra que Helena servia a
Telêmaco quando esse se sentia triste pela lembrança de Ulisses “uma poção de
esquecimento retirada da seiva da dormideira”.
Na Idade Média, os estudos dos alquimistas, na elaboração dos elixires da longa vida, e a
busca de plantas com propriedades miraculosas e afrodisíacas não deixaram de oferecer
87
base empírica, o embrião de futuras Ciências, como a referida Botânica, a Química e
também a Medicina. No entanto, esse progresso convivia com ideias confusas, tanto que
Paracelso (1493-1541) - um dos principais responsáveis pelo avanço da terapêutica –
defendia a teoria da “assinatura dos corpos”, segundo a qual as plantas e os animais
haviam recebidos, ao serem criados, uma ”impressão divina” que indicava suas virtudes
curativas. Assim, o sapo, devido à repugnância que inspirava, era tido como remédio
contra a peste, a mais repugnante das moléstias ou a raiz antropomorfa e bifurcada da
mandrágora, lembrando duas pernas, contribuiu muito para a sua fama de planta mística
e afrodisíaca. Muitas drogas, novas para a época, foram introduzidas na terapêutica
europeia: canela, limão, noz-moscada, sene, tamarindo e cânfora são algumas das mais
importantes.
Existem registros de que os índios mexicanos de mil anos atrás utilizavam o cacto peiote
(Lophophora williamsii) em machucados e ferimentos; foram comprovadas recentemente
as suas propriedades antibióticas.
88
de doenças. Várias populações indígenas faziam uso significativo dessas plantas e,
mesmo com o processo de extinção desses povos, eles passaram muitas informações
acerca do uso das plantas para fins medicinais que certamente foram transmitidas aos
imigrantes europeus e aos escravos africanos. Um exemplo é a ipeca cuanha (Psychotria
ipecacuanha (Brot.) Stokes). O interesse por essa planta surgiu da observação de animal
que procurava sua raiz para se livrar das cólicas e diarreias. A partir dessa observação, os
índios começaram a usar a planta contra disenteria amebiana, sendo reconhecida hoje pela
farmacopeia. Além disso, a utilização das plantas pelos negros, durante cem anos no
movimento dos quilombos, concorreu fortemente para o estabelecimento de uma rica
medicina popular.
Com a vinda dos africanos para o Brasil, após três séculos de tráfico escravo, muitas
foram as espécies vegetais trazidas, substituídas por outras de morfologia externa
semelhante, enquanto algumas foram levadas daqui para o continente africano. No
processo histórico brasileiro, os negros realizaram um duplo trabalho: transplantaram um
sistema de classificação botânica da África e introjetaram as plantas nativas do Brasil na
sua cultura, através de seu efeito médico simbólico. Sendo assim, ao incorporarem-se ao
novo habitat e às novas condições sociais, algumas plantas indispensáveis aos rituais de
saúde foram substituídas. Entre as plantas trazidas para o Brasil e que aqui mantêm seus
nomes em Yorubá citam-se: obí (Cola acuminata Schott e Endl.), da família Malvaceae;
orobô (Garcinia cola Heckel), família Clusiaceae; fava de Aridam (Tetrapleura
tetraptera Paub), família Fabaceae; e akôkô (Newbouldia leavis Seem), família
Bignoniaceae.
89
práticas de seus antepassados.
Em nosso século, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, com a descoberta dos
antibióticos e o incremento cada vez maior de remédios à base de drogas sintéticas, houve
um relativo abandono e inclusive certo cepticismo a respeito das drogas naturais.
O êxito na cura pelas plantas depende de seu uso prolongado e persistente. Geralmente,
quando o paciente apresenta sinais de melhora, abandona o tratamento antes de alcançar
uma cura total. Por isso repetimos que o segredo da cura reside no uso perseverante e
prolongado das plantas medicinais.
90
PROCEDIMENTOS QUANDO DA COLHEITA DAS ERVAS MEDICINAIS
• As plantas medicinais devem ser colhidas quanto não estão molhadas de orvalho;
• Folhas, flores, talos e raízes picados devem ser colocados em caixas identificadas
e guardadas em um local seco;
Dentre os modos de aplicação e preparo das ervas medicinais, podemos citar: chás, sucos,
saladas, sopas e cozidos, banhos, cataplasmas, gargarejos, inalações, lavagens, unguentos
(pomadas), óleo medicinal, garrafada, pó, sabão, tintura, vapor e xarope.
CHÁS
Não só para fins medicinais se usam os chás, senão também como bebida quente ou fria,
em substituição ao chá preto e ao chá mate. Como as raízes, caules e casca requerem, para
cozinhar, mais tempo que as flores, folhas e partes tenras, recomendamos que estas sejam
guardadas em separado. Pelo mesmo motivo, o preparo do chá também deve ser feito em
separado, isto é, flores e folhas não se cozinham juntamente com caules, raízes e cascas,
assim como não se cozinha o arroz junto com o feijão.
A Dose regular diária para os chás é de 20 gramas de erva para um litro de água. Tomam-
se 4 a 5 xícaras por dia. Esta quantidade é para adultos. Para jovens de 10 a 15 anos, 03 a
04 xícaras; crianças de 2 a 5 anos, 01 a 02 xícaras.
91
Para as folhas secas, que são bem mais leves, a dose deve ser reduzida para a metade, ou
seja, em vez de 20 gramas de erva seca para um litro de água, empregam-se 10 gramas.
Os chás devem ser tomados preferencialmente pela manhã, em jejum, e à noite, antes de
deitar-se. Também existem aqueles que são tomados aos poucos, a saber, um gole (uma
colherada) de hora em hora.
Tisana: quando a água estiver fervendo, junte 2 colheres de sopa de ervas. Deixe em fogo
baixo por 5 minutos, com a tampa fechada. Depois desligue o fogo, espere 10 minutos e
coe antes de usar.
Originárias da China, as tisanas são consumidas há quase três milênios, mas, ao contrário
dos chás comuns, não têm um pingo de cafeína. Nas tisanas, não se utilizam as folhas da
Camellia sinensis, da qual obtemos os chás verde, branco e preto, que contêm cafeína.
No lugar delas, utilizam-se outras plantas, que têm finalidades terapêuticas, como aliviar
dores, auxiliar a digestão e a diurese e até emagrecer.
Infusão: esta forma de preparo é utilizada para todas as plantas medicinais ricas em
componente voláteis, como aromas delicados e princípios ativos que se degradam pela
ação combinada da água e do calor prolongados. Uma infusão é obtida fervendo-se a água
que será derramada sobre a planta já separada e picada, em outro recipiente,
permanecendo tampado de 05 a 10 minutos. Depois desse repouso, deve-se coar o infuso
e utilizá-lo logo em seguida. Emprega-se este método para folhas, flores e cascas finas,
na proporção de 02 colheres de sopa de ervas para 01 litro de água, deixando em repouso
por 10 a 15 minutos, antes de coar e utilizar. Os chás de um dia para outro fermentam e
estragam, recomendando-se renovar diariamente a infusão.
Decocção: decoto é o chá cozido. São soluções extrativas obtidas da adição da água com
a planta e levadas à fervura por tempo pré-determinado (de 2 a 10 minutos), contado a
92
partir do início da fervura. É muito utilizado para preparar chá com as partes mais duras
da planta, ou seja, folhas coriáceas (duras), cascas, ou raízes. O princípio ativo é extraído
através do cozimento. Devem-se utilizar 2 colheres de sopa para 1 litro de água. Deixar
ferver durante 05 a 10 minutos, de acordo com a parte da planta: 5 minutos para folhas
duras e 10 minutos para raízes e caules. Após a fervura manter o recipiente fechado por
05 a 10 minutos. É bom saber, também, que os chás de um dia para outro fermentam e
estragam, recomendando-se renovar diariamente o cozimento.
SUCOS
Este é, sem dúvida, o estado onde melhor se aproveitam as propriedades das plantas,
porque elas estão sendo consumidas "in natura" e é a maneira mais eficaz de terapia.
Para obter o suco devem-se esmagar as ervas frescas e tenras em uma vasilha, ou
mesmo em liquidificador, transformando-as em uma pasta. Filtre em uma peneira de
malha fina. Nunca prepare quantidades muito grandes. Prepare apenas o suficiente para
um dia, pois neste estado as ervas se alteram facilmente. Deve ser consumido
preferentemente no momento em que foi preparado.
A dosagem normal para os sucos é a seguinte: adultos, 05 gotas de suco em uma colher
com, água de duas em duas horas; 10 a 15 anos, 03 gotas; crianças de 02 a 05 anos, 01
gota.
SALADAS
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É o uso de plantas medicinais na forma de saladas cruas. Para esse fim somente servem
os brotos e as folhas tenras.
Diversos tipos de ervas misturados dão ainda melhor resultado. Certas ervas têm gosto
muito forte. Umas são amargas; outras são picantes. Neste caso, convém colocar mais de
uma qualidade ou mais de outra na mistura. Podem ser empregadas as seguintes plantas:
dente-de-leão, língua-de-boi, língua-de-vaca, tanchagem, beldroega, sálvia, cominho,
hortelã, dentre outras.
SOPAS E COZIDOS
Muitas plantas medicinais podem ser preparadas em forma de sopas, ensopados, cozidos,
omeletes, virados, etc. As refeições de ervas silvestres, além de salutares e nutritivas, têm
a vantagem de serem baratas. Nestes preparos podem usar-se as mesmas ervas indicadas
para saladas.
BANHOS
Os banhos podem ser quentes, neutros e frios. Os banhos quentes (37º a 40ºC) são tônicos
e de pequena duração (05, 10 ou 15 minutos). Sendo mais demorados, ou muito
frequentes, tornam-se deprimentes. Os banhos neutros (33º a 36ºC) têm duração de 10 a
20 minutos. Os banhos frios (8º a 15ºC) de imersão não devem durar mais do que ½ a 1
minuto. Os de chuveiro podem durar um pouco mais. Os banhos podem ser de assento ou
de tronco. Chás fortes devem ser misturados à água da banheira.
CATAPLASMA
Preparação para uso externo. É a aplicação de ervas sobre uma parte inflamada, inchada
ou dolorida do corpo. Pode ser feita das seguintes formas:
94
ou quentes conforme o caso. Recomendadas para combater câimbras,
nevralgias, dores de ouvidos.
• Pasta: triture as ervas até formarem uma papa, que deve ser aplicada
diretamente ou sobre dois panos, no local afetado. No caso de usar ervas
secas, estas deverão ser previamente fervidas para facilitar a formação da
papa. Pode-se ainda utilizar farinha de mandioca ou de milho e água, com a
planta fresca ou seca triturada, fazendo um mingau.
• Compressas: ferver as ervas até se obter uma tisana bem forte (03 ou 04 vezes
mais do que o chá). Em seguida umedecer um pano limpo ou pedaço de
algodão no líquido, quente ou frio, e aplicar na parte dolorida. Apresenta ação
tópica, agindo pela penetração dos princípios ativos na pele.
GARGAREJOS
Prepara-se um chá por decocção de plantas medicinais. E várias vezes por dia,
preferivelmente de manhã, ao levantar-se, e à noite, antes de se deitar, enxagua-se bem a
garganta, gargarejando.
INALAÇÃO
Este método é bastante simples. Trata-se da combinação dos compostos voláteis com o
vapor d’água, que age principalmente nas vias respiratórias. Coloca-se a planta numa
vasilha com água fervente na quantidade indicada. Um funil é feito com um pedaço de
cartolina ou papel jornal e colocado sobre o recipiente. O vapor que sai pela boca do funil
deve ser aspirado lentamente por aproximadamente 15 minutos, dependendo do tipo de
problema a ser tratado. Se preferir, mantenha a vasilha sobre o fogo, a fim de se manter
o vapor. Em vez do funil de cartolina, uma toalha pode ser jogada sobre a cabeça da
pessoa, os ombros e a vasilha. Tome cuidado com os riscos de queimaduras pelo vapor e
pela vasilha quente.
LAVAGENS
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Prepara-se um chá de ervas medicinais. Coa-se muito bem. Introduz-se por via anal,
vaginal ou uretral, conforme o caso, usando-se para este fim um irrigador com bico
próprio ou seringa. De preferência, deve-se injetar o líquido logo depois de o paciente ter
evacuado ou urinado. Para adultos, a quantidade do líquido para uma lavagem intestinal
é de até dois litros.
POMADAS
ÓLEO MEDICINAL
As plantas aromáticas são as mais recomendadas para essa forma de preparo. As ervas
secas ou frescas devem ser picadas ou moídas, maceradas em óleo vegetal (oliva, girassol,
milho, canola) ou de amêndoas doces. Para 01 colher de sopa da planta, use 05 de óleo
em banho maria (a água não deve ferver) por 02 horas. Deixe esfriar e, em seguida, coe e
esprema. Este óleo vai ser usado para massagens, cataplasmas, máscaras e produtos de
beleza. Conserve em vidros escuros que protejam o óleo da luz.
GARRAFADA
Utiliza-se como veículo a cachaça ou o vinho branco e, raramente, água, onde são
mergulhadas várias plantas medicinais acrescentando-se, às vezes, produtos de origem
animal e mineral. Depois de um tempo variável de repouso, os preparados estão prontos
para tomar, sem filtrar. São concentrados e se toma apenas 01 cálice por dia.
PÓ
96
A planta deve ser seca até que se possa triturá-la com as mãos. O pó é então peneirado e
mantido em frascos bem secos e fechados, evitando a exposição à luz. As cascas e raízes
devem ser moídas até que o pó seja obtido. Este tipo de preparo pode ser utilizado no
preparo de infusões, decoctos ou espalhado diretamente com óleo ou água sobre o local
afetado.
SABÃO
TINTURA
O líquido pode ser consumido na forma de gotas diluídas em água fria (para uso interno)
ou em pomadas e fricções (para uso externo).
97
VAPORES
XAROPES
98
• Xaropes, tintura e pó podem ser preparados em quantidades maiores e guardados
em frascos esterilizados, secos, escuros (ou embrulhados em papel alumínio), bem
tampados e em local livre de umidade;
3.4 Finalidades
As plantas medicinais são utilizadas para os mais diferentes finalidades, entre os quais
podemos destacar:
99
3.5 Diferença entre planta medicinal e fitoterápico
As plantas medicinais são conceituadas como toda e qualquer planta, cultivada ou não,
utilizada pelo homem com propósitos terapêuticos (BRASIL, 2010a).
Como não há regulamentação para essa categoria, não há restrição sobre quem produz e
a que controle as plantas medicinais estão submetidas. Porém tais produtos, por não serem
considerados medicamentos, não podem ter indicação terapêutica na embalagem, nem
mesmo em folhetos anexos, ou ainda informações que possam dar a entender que sejam
utilizadas como medicamentos, como posologia e restrições de uso (BRASIL, 1973).
Sempre é bom lembrar que nem todas as plantas tidas como medicinais são
cientificamente testadas. Porém, várias delas possuem estudos que comprovam os
benefícios atestados e conhecidos popularmente.
Quando uma planta usada para fins medicinais é testada em algum centro de pesquisa, ela
pode ser usada para a fabricação de medicamentos industrialmente. O resultado dessa
produção industrial são os fitoterápicos, que precisam passar por vários testes de
qualidade até que cheguem ao mercado consumidor.
101
• Arnica – Arnica montana
102
• Curcuma, Açafrão da Terra – Curcuma longa
Abaixo, algumas utilizações das plantas medicinais com base nas recomendações da
ANVISA. Lembre-se, também, de que apesar de naturais, estes chás são medicamentos e
o acompanhamento médico é indispensável.
• Chá de Mil Folhas – Indicado para falta de apetite, febre, inflamação e cólicas.
107
• Chá de Cáscara Sagrada – melhora a constipação.
108
3.7 Para saber mais
Livros
Sites
• http://www.anchietano.unisinos.br/publicacoes/botanica/avulsas/clemente.pdf
PLANTAS MEDICINAIS USOS POPULARES TRADICIONAIS
3.8 Atividades
109
Unidade 4
Nas últimas décadas, a procura por produtos naturais tem envolvido não só os naturalistas,
mas também pesquisadores e todos aqueles que procuram investigar e divulgar os
benefícios desses produtos. Esses, a cada dia, apresentam um maior emprego, sendo
utilizados na alimentação, na indústria farmacêutica, na agroquímica, entre outros. Na
alimentação, as ervas condimentares e aromáticas atuam realçando o sabor dos alimentos
e ativando a ação das glândulas salivares, que iniciam o processo digestivo. Além disso,
cada tipo de planta tem em sua composição substâncias diferentes, de forma que agem no
organismo mesmo quando a planta é usada apenas como tempero.
• Apium graveolens L.
Conhecido popularmente como aipo, o salsão é uma planta herbácea, ereta, aromática, de
haste estriada e verde claro, de 30-60 cm de altura, nativa do sul da Europa e amplamente
cultivada no Sul e Sudeste do Brasil.
Muito apreciada na culinária de vários países. Todas as partes podem ser consumidas: a
raiz, o caule e as folhas. A raiz do salsão é utilizada na confecção de sopas e caldos; o
caule, em saladas e no coquetel Bloody Mary e as folhas, como condimento parecido com
a salsa. O óleo das sementes tem uso na culinária e na medicina. Todas as partes desta
110
planta são também largamente utilizadas na medicina tradicional em todo o mundo e,
desde tempos remotos, tem sido considerado remédio útil contra flatulência e
reumatismo.
É considerada uma plana aromática, amarga e tônica, que reduz a pressão sanguínea,
alivia a indigestão, estimula a atividade uterina e tem efeitos diuréticos e anti-
inflamatórios. Também são atribuídos a ela efeito sedativo e afrodisíaco. É realmente
comprovada sua atividade na eliminação de gases decorrentes de problemas digestivos e
suas sementes podem também apresentar efeitos sedativos. É também considerada
depurativa, excitante, expectorante, febrífuga e antiescorbútica, além de combater
cálculos renais. Contra colite crônica e anemia (deficiência de ferro) é indicada 01 xícara
do chá por decocção de suas folhas, três vezes ao dia.
111
• Coriandrum sativum L.
Conhecido como coentro ou coendo. É uma planta anual, ereta e herbácea, ramificada,
aromática, de folhas lobadas verdes brilhantes e sementes esféricas de cor marrom
amarelado de 30 – 50 cm de altura, nativa do Mediterrâneo. É uma combinação complexa
de sálvia e ácidos cítricos, com toques de hortelã e pimenta. O aroma faz lembrar o
gengibre, os cítricos e a sálvia.
112
• Daucus carota L.
Conhecido como cenoura, é uma planta herbácea anual ou bienal, ereta, ramificada, com
raiz principal tuberosa de cor alaranjada, de 30-60 cm de altura, nativa da Europa e
cultivada em quase todo o Brasil. Multiplica-se apenas por sementes. Todas as partes da
planta são empregadas atualmente na medicina tradicional, acreditando-se que as formas
selvagens são mais eficazes, principalmente como diurético poderoso, remineralizante e
hipoglicemiante. Como fornecedora de vitamina A para o organismo, ela tem um efeito
especial na melhoria da acuidade visual. Na sua composição são encontrados, além do
beta caroteno, as formas alfa e zeta deste pigmento, além de licopeno, ácidos orgânicos,
lecitina, glutamina, asparagina, pectina, sacarose, glicose, albumina, vitaminas, sais
minerais e óleo essencial ativo contra vermes intestinais, especialmente oxiúros.
• Foeniculum
vulgare Mill.
113
Conhecida como erva-doce, funcho. Erva perene ou bienal, entouceirada e aromática de
40-90 cm de altura, nativa da Europa e amplamente cultivada em todo o Brasil. As folhas
são compostas pinadas, com folíolos reduzidos e filamentosos. As flores são pequenas,
hermafroditas, de cor amarela, dispostas em umbela. Os frutos são oblongos, compostos
por dois aquênios de cerca de 4 mm de comprimento (LORENZI; MATOS, 2008). A base
da haste é empregada na culinária como legume, enquanto que os frutos vulgarmente
chamados de sementes têm sido empregados na forma de chás digestivos, como
estimulante das funções digestivas, para eliminar gases, combater cólicas e estimular a
lactação. Em sua composição química destaca-se o óleo essencial principalmente
constituído de anetol (90-95%), o que lhe confere o sabor e odor característico do anis
acompanhado de menores quantidades de metilchavicol, anisaldeido, linalol e outros
derivados terpênicos oxigenados.
Conhecida como salsa, cheiro-verde. Erva anual ou bienal, ereta, perenifólia, fortemente
114
aromática, levemente entouceirada, de 15-30 cm de altura, nativa do sul da Europa. Das
sementes é extraído um óleo essencial usado para aromatizar alimentos e em perfumaria.
É também empregada na medicina tradicional como diurética, emenagoga, sedativa,
emoliente, e antiparasitária, sendo empregada nos casos de bronquite crônica, asma
brônquica e dispepsia. Suas raízes e sementes são indicados para uso interno nos casos de
problemas menstruais, cistite, edemas, pedras nos rins, prostatite, cólicas, indigestão,
anorexia, anemia, artrites e reumatismo. Embora não existam dados científicos que
comprovem as propriedades que lhe são atribuídas, há um grande número de receitas
usadas popularmente. A parte verde contém além de óleo essencial responsável pelo seu
aroma característico, elevado teor de vitaminas do complexo B. Contém as
furanocumarinas bergapteno, xanthotoxina e psoraleno, substâncias de ação
fotossensiblizante.
115
• Achillea millefolium L.
Além do seu uso ornamental, é empregada na medicina tradicional como diurética, anti-
inflamatória, antiespasmódica e cicatrizante, sendo empregada internamente contra
infecções das vias respiratórias superiores, indisposição, flatulência, dispepsia, diarreia,
febres e como auxiliar no tratamento da gota.
• Bidens pilosa L.
Conhecido como picão-preto, pico-pico, amor-seco, dentre outros nomes. Planta herbácea
116
ereta, anual, ramificada com odor característico, de 50-130 cm de altura, nativa de toda a
América tropical. Flores reunidas em capítulos terminais. Os frutos são aquênios
alongados e de cor preta, com ganchos aderentes numa das extremidades.
Figura 4.7: A= Bidens pilosa L., aspecto da planta e inflorescência; B= frutos tipo
aquênio com ganchos aderentes em uma extremidade; C= Bidens alba (L.) DC.
A B C
Embora a eficiência e a segurança do uso desta planta não tenham sido comprovadas
cientificamente, sua utilização vem sendo feita com base na tradição popular. É indicada
para uso nas práticas medicinais caseiras contra asma, bronquite asmática, resfriados,
dores do corpo, faringite e amigdalite, na forma de chá.
O girassol é uma planta anual, de caule herbáceo, revestido de pelos rígidos, ereto,
geralmente sem ramificações, com até 4m de altura, de folhas opostas, cordiformes,
denteadas e ásperas. Existem diversas variedades e cultivares ornamentais.
Do girassol são utilizados como medicinais as sementes e as folhas, às quais são atribuídas
118
atividades diurética e expectorante, sendo consideradas eficazes no tratamento de
afecções dos brônquios e da laringe, quando administradas na forma de cozimento a 10%
espessado com açúcar e adicionado de rum. Das sementes de girassol extrai-se um óleo
de grande valor nutritivo, rico em ácidos gordos insaturados (especialmente o linoleico),
assim como vitaminas E, A e B. O uso do óleo de girassol é particularmente indicado na
arteriosclerose para fazer descer o nível de colesterol no sangue, assim como na diabetes,
nas doenças do fígado e em certas afecções da pele (eczemas e furunculoses).
119
Planta subarbustiva, ereta, perene não ramificada, entouceirada, levemente aromático de
80 a 120 cm de altura, nativo da parte meridional da América do Sul, incluindo o Brasil.
Conhecido popularmente como erva-lanceta ou arnica. Suas folhas são simples,
alternadas, quase sésseis, ásperas ao toque. Capítulos florais pequenos com flores
amarelas reunidas em inflorescência escorpioide. Multiplica-se por sementes e
principalmente por rizomas.
121
Figura 4.11: Leonotis nepetifolia (L.) R.Br.
• Leonurus sibiricus L.
Erva anual ou bienal, ereta, muito aromática, ramificada de hastes quadrangular, de 40-
120 cm de altura, nativa da China, Sibéria e Japão. É considerada amarga, diurética e
estimulante da circulação e capaz de fazer baixar a pressão sanguínea, além de regular a
menstruação e eliminar toxinas. Embora a eficácia e a segurança do uso desta planta não
sejam ainda comprovadas cientificamente, sua utilização vem sendo feita com base na
tradição popular. São atribuídas às suas preparações propriedades úteis nos casos de
gastralgia, dispesia e malária com o uso das folhas e, para o tratamento de bronquite e
tosse comprida usando as flores. Estudos farmacológicos com todas as espécies deste
gênero têm provado que são eficazes como calmantes do coração e antitrômbicas. Em sua
composição química foi determinada a presença de estauidrina, um alcaloide frequente
em várias plantas de diversos gêneros botânicos.
122
Figura 4.12: Leonurus sibiricus L.
123
Figura 4.13: Marsypiansthes chamaedrys (Vahl) Kuntze
• Melissa officinallis L.
Pelo nome popular é confundida com a espécie Lippia alba (Foto B). Em Lippia alba,
pertencente à família Verbenaceae; a ação calmante e espasmolítica suaves observadas
para extratos das folhas foram atribuídas à presença do citral e a atividade analgésica do
mirceno (MATOS,1998).
124
Figura 4.14: A= Melissa officinallis L; B= Lippia alba (Mill.) N. E. Brown.
• Mentha spp.
Conhecido popularmente como hortelã. É uma planta perene, ereta, com 30-70 cm de
altura, com folhas opostas dentadas e pequenas flores que variam do branco ao violeta e
que se desenvolvem em espigas terminais. Como propriedades, as ações espasmolítica,
antivomitiva, carminativa, estomáquica (NORDI et al., 1982) e anti-helmítica, por via
oral, bem como antisséptica e antiprurido, por via local. Fornece vários nutrientes
essenciais para a nossa saúde, como fósforo, cálcio e vitaminas A e C. O estudo químico
do seu óleo essencial registra a presença de quantidades de 30 a 90% de óxido de
piperitonana, mas ainda não se conseguiu determinar se é este ou outro componente que
age como seu princípio ativo.
125
Figura 4.15: Mentha spp., hortelãs.
Costa (2006), realizando uma revisão dos trabalhos publicados no período de 1970 a 2003
envolvendo ações farmacológicas de P. barbatus, evidencia o potencial medicinal da
espécie, o que justifica sua grande utilização na medicina popular. Por outro lado, a
constatação de efeitos tóxicos sobre o fígado e rins de animais tratados pelo extrato
metanólico das raízes e aquoso das folhas, feita por Costa (2002), deixa claro a
necessidade de se orientar as comunidades para o uso racional da espécie.
A B
C D
127
• Rosmarinus officinalis L.
Arbusto perene sempre verde de casca cinza escamosa, atingindo até 2 metros de altura,
ramificado e folhas verdes azuladas em formato de agulha. Conhecido popularmente
como alecrim-do-reino, alecrim-do-sul ou alecrim-verdadeiro, é muito aromático, quente
e picante, com sabor que lembra a noz moscada, a cânfora e o gengibre. Seu sabor forte
resiste a cozimentos longos.
Suas flores são azuladas, podendo ter coloração branca, pequenas, bilabiadas em
pequenos cachos axilares e terminais, com cálice campanulado. Brácteas pequenas,
tomentosas, lanceoladas e caducas. O fruto tem quatro aquênios obovais. A planta toda
exala forte e agradável odor. Desenvolve-se melhor em solos pobres e secos com grande
exposição ao sol. As sumidades floridas devem ser colhidas de preferência no período de
maior floração (por coincidir com o enriquecimento máximo de essência) e devem
também ser secas à sombra. As folhas devem ser colhidas logo após a floração, que ocorre
quase o ano todo.
As partes utilizadas são as folhas e flores. Regula as funções hepáticas e tem propriedades
estimulantes, diuréticas, digestivas, tônicas e antissépticas. Na culinária, é indicada para
carnes, batatas, queijos, peixes e massas. Dá sabor ao azeite e ao vinagre.
O espaçamento ideal no plantio é de 0,80 a 1,00 m entre linhas e entre as plantas, de 0,50
a 0,80 m. Quando se deseja manter o alecrim na forma de arbusto, deve-se aumentar o
espaçamento: 1,20 por 0,80 m entre linhas e plantas. A propagação do alecrim pode ser
realizada por sementes ou por estacas; porém, a propagação por sementes é lenta (2 a 3
anos até atingir a idade adulta) (CASTRO; CHEMALE, 1995). Uso culinário como
tempero, pois além de ressaltar o sabor em certos pratos tem importante papel na digestão
128
dos alimentos. As folhas frescas ou secas podem ser utilizadas em molhos de tomate,
pratos de saladas cruas e nos cereais.
• Capsicum spp.
Na culinária, é bastante utilizada na preparação de molho picante para carne e peixe, além
de cobertura para lombo, com azeitona preta e queijo, recomenda-se acrescentar orégano
e azeite.
130
Figura 4.18: Espécie de pimenta, Capsicum sp.
• Nicotiana tabacum L.
O tabaco é uma erva anual ou bienal de até 2 m de altura, com folhas simples, muito
largas, altera, sésseis e amplexicaules, membranáceas, com odor nauseoso, e sabor acre e
amargo.
131
Figura 4.19: Nicotiana tabacum L.
Suas folhas são empregadas na forma de infusão como sudorífica, diurética, depurativa,
desobstruente do fígado, para a cura da gonorreia, doenças de pele e úlceras cutâneas.
Com suas folhas torradas e tostadas é preparado um chá saboroso, considerado calmante
para pessoas com problemas cardíacos, principalmente portadores de palpitações
(LORENZI; MATOS, 2008).
132
Figura 4.20: Solanum cernuum Vell.
• Solanum paniculatum L.
Os seus frutos, conhecidos por jurubeba, são consumidos em muitas regiões do Brasil,
como condimento na forma de picles e como aditivo de aguardente. Figura oficialmente
na farmacopeia brasileira, para uso específico contra anemias e problemas hepáticos. É
também considerado útil contra hepatite e gastrite crônicas, anemias, febres intermitentes,
hidropsia e tumores uterinos.
O chá de suas folhas é muito usado no país como remédio cotidiano contra ressaca. Contra
afecções do fígado, inflamação do baço e vesícula preguiçosa, é recomendada uma
decocção de suas raízes.
133
Figura 4.21: Solanum paniculatum L
• Gênero Ficus
Recentemente foi demonstrado por Shukla et al., 2004; Shi et al., 2011, Niranjan; Garg,
2012, que o Ficus possui atividade anticâncer e anti-inflamatória eficaz. Isso se deve à
sua potente atividade citotóxica por ação dos alcaloides, flavonoides, compostos fenólicos
e antioxidantes presentes em diversas espécies do gênero, demonstrando que elas
possuem potencial para o desenvolvimento de medicamentos para o tratamento do câncer.
Contudo, relatos das atividades anticâncer e anti-inflamatória de espécies de Ficus não
são recentes; registros a partir de levantamento histórico, realizado por Lansky et al.
(2008) descrevem o uso eficaz de casca, raízes, frutos e látex em processos inflamatórios,
134
inchaços e tumores em geral. Estudos relacionam tais fatos com aspectos farmacológicos
e químicos recentes. Os textos históricos são originários da região da Pérsia, Espanha,
norte da África, Inglaterra e datam do período compreendido entre o século I e XVII.
A enzima ficina é secretada naturalmente pelo pâncreas e atua no intestino delgado. Essa
enzima que fragmenta proteínas ingeridas durante a alimentação, facilitando a digestão,
é encontrada no látex de espécies do gênero Ficus. Outra substância importante presente
no látex é o psoraleno, utilizado também pela indústria farmacêutica no tratamento de
doenças da pele, como falta de pigmentação. O psoraleno induz a pigmentação quando
aplicado na pele ou se ingerido (SAGARBIERI, 1965; STEPEK et al., 2004). Foi
confirmada a existência da ação anti-helmíntica do látex de algumas figueiras com
propriedades medicinais. O efeito baseia-se na presença de enzimas proteolíticas que
atuam no revestimento mucoso dos helmintos, digerindo-as (CORRÊA, 1974; RIZZINI,
1976; ASSUNPÇÃO, 2008; MALI, MEHTA, 2008;).
Amorim et al. (1999) relatam que ao final do século XIX, no estado do Rio de Janeiro,
foi produzido um preparado farmacêutico à base de látex de Ficus doliaria Miquel,
comercializado com o nome de “Pó de Doliarina e Ferro”, indicado contra anemia
profunda provocada por vermes. Thomem (1939) realizou um levantamento de artigos e
textos publicados no início do século 18, com temas sobre o uso de figueiras nativas no
tratamento de verminoses na América do Sul. Os trabalhos relatam desde tal data o uso e
a eficácia do látex das duas figueiras, Ficus doliaria Miquel. e Ficus glabra Vellozo no
combate a verminoses. No século XIX Peckcolt; Peckcolt (1888) descreveram que uma
colher de chá de látex de F. adhatodifolia, e uma de cachaça, misturadas a uma xícara de
135
leite bem adoçado, era eficaz na eliminação de vermes intestinais. Foram investigadas as
propriedades vermífugas de F. insipida Willdenow. e F. carica L. infectando-se
camundongos com parasitas das espécies Syphacia obvelata, Aspiculuris tetraptera e
Vampirolepis nana. Procedeu-se a administração via intragástrica do látex de F. insipida
Willdenow na dose de 4 ml/kg por dia durante três dias consecutivos. Os resultados foram
eficazes na remoção de 38,6% do número total de parasitas da espécie S. obvelata. Para
os demais parasitas os resultados não foram satisfatórios e a remoção foi inferior a 10%.
O mesmo método foi adotado com látex de F. carica L. conduzidos em doses de 3 ml/kg
por dia, durante três dias consecutivos. Também constituiu eficácia na remoção de S.
obvelata (41,7%) e para os demais parasitas houve reduzida eliminação de A. tetraptera
(2,6%) e V. nana (8,3%), conforme verificado por Amorim et al. (1999).
136
A comercialização do óleo essencial de Aloysia triphylla e a grande demanda da indústria
farmacêutica e cosmética, principalmente pelo citral, utilizado na fabricação de perfume,
síntese de ionona (perfume da violeta), beta-caroteno e vitamina A, proporcionaram
maior interesse no cultivo dessa espécie (CZEPACK; CRUCIOL, 2003).
• Piper umbellatum L.
• Lippia alba
A Lippia alba é uma espécie originária da América do Sul, sendo conhecida por diversos
nomes populares, como erva cidreira de arbusto, erva cidreira do campo, alecrim do
campo, alecrim selvagem, cidreira brava, falsa melissa, erva cidreira brasileira, cidró,
cidrão, entre outros (MARTINS et al., 1995; SILVA JUNIOR, 1998). Ela é utilizada em
substituição à Melissa officinalis na forma de chás, macerados, compressas, banhos e
extratos alcoólicos (JULIÃO et al., 2001). As suas folhas são utilizadas na forma de infuso
pela ação antiespasmódica, moluscicida, calmante e digestiva (PACIORNIK, 1990). A
138
planta é um arbusto perene muito ramificado, com as brotações novas eretas, que tendem
a ficar arqueadas com o crescimento, chegando a encostar no solo, onde normalmente
enraizam, formando moitas de 1,5 a 2m de altura (SILVA JUNIOR, 1998). Multiplica-se
por meio de estacas semilenhosas de 20 cm de comprimento com 1 par de folhas em
substratos porosos e sem necessidade de irrigação por nebulização (BIASI; COSTA,
2003).
• Catharanthus roseus L.
139
Vimblastina: alcaloide utilizado para neoplasias e associado a outros quimioterápicos,
para tratamentos de linfomas e carcinomas.
• Strychnos nux-vomica L.
Figura 4.24: Catharanthus roseus L.
• Atropa beladona L
Beladona (Atropa beladona L.), erva perene, pertencente à família Solanaceae, chega a
atingir um metro e meio de altura. Possui ação medicinal como anticolinérgico. Suas
folhas são geralmente empregadas internamente, enquanto suas raízes, externamente.
Também são conhecidos seus efeitos toxicológicos, causando envenenamento e
alucinações quando utilizada em excesso. Os principais alcaloides da beladona são os
alcaloides tropânicos hiosciamina. Outros como escopolamina, hidrina, tropina, e
diversos ésteres de torpanol também são encontrados.
140
• Cynara scolymus L
A canela é uma planta silvestre que atinge, no máximo 9 metros de altura. Pertence à
família Lauraceae e é originária no Sri-Lanka e sudoeste da Índia. É conhecida
popularmente como canela-da-china e canela-da-índia. Suas folhas são simples e agudas
na base; exploradas comercialmente por produzirem óleo volátil com altos teores de
eugenol (70%). Entretanto, no óleo produzido pelas cascas encontram-se altos teores de
aldeído cinâmico (80-95%). Outros constituintes são os terpenos limoneno, p-cimeno,
linalol e sesquiterpenos derivados do alfa-cariofileno. Suas propriedades medicinais são
antissépticas e carminativas.
• Curcuma longa L.
ESCOLHA DO LOCAL
O local a ser escolhido para implantação de uma horta medicinal deverá ter água
disponível em abundância e de boa qualidade, distante de esgotos, fossas e chiqueiros, e
ser ainda exposto ao sol, principalmente pela manhã, devendo ser próxima da casa do
encarregado de cuidar da horta.
SOLO
O solo precisa ser leve e fértil para que as raízes tenham facilidade de penetrar e
desenvolver devendo-se realizar a análise do solo, principalmente em se tratando de horta
comercial.
Quanto ao aspecto físico do solo, pode ser melhorado, no seu preparo, incorporando nele
esterco curtido e peneirado e compostos orgânicos que fornecerão nutrientes, ajudando a
reter a umidade. Sempre devemos optar por um substrato orgânico, isento de
contaminantes químicos. A correção do solo pode ser feita com calcário, além da
adubação com um produto natural que é o húmus, incorpordo à máteria orgânica de
142
procedência conhecida. Certas espécies exigem solos úmidos, como é o caso do chapéu-
de-couro, cana-de-macaco, etc. Outras já gostam de terrenos areno-argilosos, com
umidade controlada, como cará, bardana, alecrim, etc.
Em relação ao preparo do solo, primeiramente faz-se uma limpeza geral da área. Após
essa limpeza deve-se revolver o solo com o auxílio de um enxadão, pá reta ou arado
(mecanizado ou tração animal).
A análise do solo, avaliando a Fertilidade (pH, Ca, Mg, Al, Na, K, P, H+Al e MO),
Granulometria (areia grossa, areia fina, silte e argila), Densidade do Solo, Densidade de
Partículas, Umidade do Solo na Capacidade de Campo e Ponto de Murcha Permanente,
Salinidade e Água para irrigação (pH, Ca, Mg, Na, K, Cl, HCO3, CO3) é fundamental
para a obtenção racional de plantas medicinais
ADUBAÇÃO
Dentre os fatores que podem interferir na composição química de uma planta, a nutrição
é um dos que merece mais destaque (MARTIN et al, 1995)
Mattos (1989) cita que os adubos nitrogenados têm papel importante no aumento de
volume da colheita em plantas das quais se aproveitam as folhas e as inflorescências, e as
adubações fosfatadas e potássicas são particularmente importantes para as partes
subterrâneas (rizomas, raízes, bulbos, etc.). A aplicação do N (nitrogênio) durante o
143
período de pico de crescimento resulta em melhor utilização de N aplicado e
consequentemente melhora o rendimento ou a produtividade da espécie. A aplicação
parcelada de N é mais eficiente, pois é muito propenso a ser perdido no solo por
lixiviação, volatilização e desnitrificação. Ex.: plantas que respondem bem à adubação
nitrogenada: beladona, losna, alfavaca, alfazema, melissa, orégano, arruda.
Uma adubação equilibrada é a chave para a obtenção de plantas mais resistentes a pragas
e doenças de acordo com a teoria da Trofobiose, influindo na produção dos metabólitos
secundários, conforme visto anteriormente.
Para fazer a correção básica do solo recomenda-se usar 150 g de calcário/m² /canteiro. O
esterco de bovino é colocado na proporção de 6 a 101/m²/canteiro e esterco de galinha de
2 a 3 litros/m²/canteiro, estes devem estar totalmente curtidos. Podem-se acrescentar 2
litros de humus/m²/canteiro. Em covas deve-se colocar ¼ das dosagens recomendadas/m²
para cada canteiro. Nas sementeiras a adubação é a mesma dos canteiros (RODRIGUES,
2004).
• Adubação verde - são vegetais que, plantados no local da cultura, têm sua massa
verde incorporada ao solo, melhorando suas condições nutricionais. A planta que
servir de adubo verde não deve competir com a espécie plantada, por isso deve
ser plantada nas entressafras. A incorporação do adubo verde deve ser feita, de
preferência, quando a planta estiver com floração.
COVAS
CANTEIROS
As plantas medicinais, em sua maioria, são de ciclo curto e podem ser tratadas como
hortaliças. Os canteiros são de 1 m² de largura e comprimento variável, mantendo-se uma
distância de 60 cm entre eles, o que facilita a movimentação. Em terrenos inclinados, os
canteiros devem obedecer às curvas de nível. O espaçamento utilizado normalmente é de:
SULCOS
São feitos para espécies para as quais se utiliza a divisão de touceiras ou rizomas na
145
propagação, ou mesmo para algumas espécies plantadas em covas.
COBERTURA MORTA
É recomendada a utilização da cobertura morta como casca de arroz, capim seco, casca
de café, etc.
PRAGAS E DOENÇAS
Tais alterações vão desde a permanência de resíduos tóxicos sobre as plantas até a
veiculação de metais pesados como o cádmio e o chumbo. Se para os alimentos já se
buscam alternativas para evitar o uso de produtos tóxicos, para a produção de fitoterápicos
a atenção deve ser redobrada ( RODRIGUES, 2004).
O controle das pragas deve ser feito de acordo com o manejo integrado de pragas (MIP)
e o controle de doenças utilizando-se de técnicas e ou medidas naturais, como extratos de
plantas. Mas o principal é o preventivo, obedecendo as práticas adequadas de cultivo
racional e sustentável.
146
Dentre as principais pragas podemos citar ácaros, fungos, besouros, bactérias,
cochonilhas, vírus, formigas, lagartas, percevejo, pulgões, lesmas, nematoides.
Como medidas gerais para o controle estão: seleção de área de cultivo; manejo adequado
do solo; rotação de culturas; plantio na época correta; escolha de sementes, mudas e
estacas provenientes de plantas sadias; plantio no espaçamento adequado e realização de
práticas de consorciação.
De acordo com Rodrigues (2004), uma área grande de plantas da mesma espécie pode
facilitar o surgimento e rápido desenvolvimento de pragas e doenças específicas. A
consorciação de duas ou mais espécies reduz este risco. É necessário, entretanto, fazer
um planejamento desta consorciação por causa dos efeitos alelopáticos (ação de uma
espécie sobre o desenvolvimento da outra). Quando não há informações sobre o efeito da
consorciação ela deve ser testada em uma área pequena.
• Alfavaca - seu cheiro repele moscas e mosquitos. Não devem ser plantadas perto
da arruda;
• Losna - como bordadura, mantém os animais fora da lavoura, mas sua vizinhança
não faz bem a nenhuma outra planta;
COLHEITA E BENEFICIAMENTO
148
• Alecrim = apresenta maior teor de óleos essenciais após a floração, sendo uma
das exceções entre as plantas medicinais de um modo geral. A concentração de
princípios ativos durante o dia pode variar muito.
O consumo de plantas medicinais frescas garante uma ação mais eficaz dos poderes
curativos nelas presentes, embora isso nem sempre seja possível, o que torna a secagem
um método de conservação eficaz quando bem conduzido. O beneficiamento das plantas
medicinais engloba vários processos, desde os cuidados quando da colheita, visto
anteriormente, como da secagem do material.
É bom relembrar que o órgão vegetal, seja ele folhas, flor, raiz ou casca, quando recém-
colhido, apresenta elevado teor de umidade e substratos, o que concorre para que a ação
enzimática seja aumentada.
A secagem, em virtude da evaporação de água contida nas células e nos tecidos das
plantas, reduz o peso do material. Por essa razão promove aumento percentual de
princípios ativo sem relação ao peso do material.
Folhas 20-75
Casca 40-65
Gemas 62
Lenho da árvore 30-70
Raízes 25-80
Flores em geral 15-80
Flor de camomila 66
COMERCIALIZAÇÃO
Considerando-se o valor das plantas medicinais não apenas como recurso terapêutico,
mas também como fonte de renda para a agricultura familiar, torna-se importante
estabelecer linhas de ação voltadas ao desenvolvimento de técnicas de manejo sustentável
ou cultivo, visando à utilização destas espécies, aliada à manutenção do equilíbrio dos
ecossistemas tropicais (REIS, 1996; SHELDON et al., 1997).
150
o mercado e a comercialização referentes às espécies que ele escolheu para cultivar.
Para atender aos requisitos de qualidade estabelecidos pelo mercado, o produtor deve
considerar que, além dos equipamentos de cultivo usuais, é necessária uma unidade de
secagem e armazenagem. O custo dessa unidade básica dependerá do tamanho da área de
produção, mas ela pode ser construída em módulos, permitindo sua ampliação na medida
em que o volume de produção aumente. Os custos variáveis de produção de plantas
medicinais, aromáticas e condimentares envolve as despesas de custeio, desde a
implantação da cultura até o término da secagem, e é determinado pela espécie que se vai
cultivar e o sistema de cultivo (policultivo), devendo ser planejado e quantificado em
planilhas específicas.
151
4.7 Para saber mais
Livros
• Franco, I. J. Minhas 500 Ervas & Plantas Medicinais. Aparecida do Norte, SP:
Santuário, 2012.
Sites
• https://alimentacaosaudavelesustentavel.abae.pt/wp-
content/uploads/2016/02/PAMC-terra-fria.pdf- Plantas medicinais, aromáticas e
condimentares
4.8 Atividades
152
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