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PLANTAS

MEDICINAIS,
AROMÁTICAS E
CONDIMENTARES
JOÃO CARLOS NORDI

PLANTAS MEDICINAIS,
AROMÁTICAS E
CONDIMENTARES

1ª Edição

2018
Copyright©2018. Universidade de Taubaté.
Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode ser
reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade.
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Coordenação Geral EaD Profa. Dra. Patrícia Ortiz Monteiro
Chefe do Setor EAD Profa Ma. Sanmya Feitosa Tajra
Coordenação Pedagógica Profa. Dra. Ana Maria dos Reis Taino
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Comunicação
Coord. de Área: Ciências da Nat. e Matemática Profa. Ma. Maria Cristina Prado Vasques
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Coord. de Curso de Pedagogia Profa. Ma. Ely Soares do Nascimento
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Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Recursos Naturais Prof. Dr. João Carlos Nordi
Supervisão Pedagógica de Objetos de Aprendizagem Profa. Dra. Mariana Aranha Souza
Supervisão de Linguística dos Objetos de Aprendizagem Profa. Ma. Isabel Rosângela dos Santos Amaral
Supervisão de Impl. de Objetos de Aprendizagem Profa. Ma. Andréa Maria Giannico de Araujo Viana Consolino
Supervisão de ACC Profa. Ma. Simone Guimarães Braz
Supervisão de TCC Profa. Ma. Eliana de Cássia Vieira de Carvalho Salgado
Supervisão de Estágio Profa. Ma. Ely Soares do Nascimento
Supervisão de Tutoria Eletrônica/Presencial Profa. Esp. Antônia Lucineire de Almeida
Supervisão de Avaliação Profa. Ma. Susana Aparecida da Veiga
Supervisão ENADE Profa. Ma. Juraci Lima Sabatino
Revisão ortográfica-textual Profa. Ma. Isabel Rosângela dos Santos Amaral
Projeto Gráfico Me. Benedito Fulvio Manfredini
Diagramação Bruna Paula de Oliveira Silva
Autor João Caros Nordi
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Ficha Catalográfica elaborada pelo


SIBi – Sistema integrado de Bibliotecas /UNITAU
N832p Nordi, João Carlos
Plantas medicinais, aromáticas e condimentares. / João
Carlos Nordi.Taubaté: UNITAU, 2017.
172f. : il.

ISBN: 978-85-9561-055-2
Bibliografia

1. Plantas medicinais. 2. Fitoterápico. 3. Manipulação.


I. Universidade de Taubaté. II. Título
PALAVRA DO REITOR

Palavra do Reitor

Toda forma de estudo, para que possa dar certo,


carece de relações saudáveis, tanto de ordem
afetiva quanto produtiva. Também, de
estímulos e valorização. Por essa razão,
devemos tirar o máximo proveito das práticas
educativas, visto se apresentarem como
máxima referência frente às mais diversificadas
atividades humanas. Afinal, a obtenção de
conhecimentos é o nosso diferencial de
conquista frente a universo tão competitivo.

Pensando nisso, idealizamos o presente livro-


texto, que aborda conteúdo significativo e
coerente à sua formação acadêmica e ao seu
desenvolvimento social. Cuidadosamente
redigido e ilustrado, sob a supervisão de
doutores e mestres, o resultado aqui
apresentado visa, essencialmente, a orientações
de ordem prático-formativa.

Cientes de que pretendemos construir


conhecimentos que se intercalem na tríade
Graduação, Pesquisa e Extensão, sempre de
forma responsável, porque planejados com
seriedade e pautados no respeito, temos a
certeza de que o presente estudo lhe será de
grande valia.

Portanto, desejamos a você, aluno, proveitosa


leitura.

Bons estudos!

Prof. Dr. José Rui Camargo


Reitor

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Prefácio

O Brasil, além de ser um país detentor da maior biodiversidade do planeta, apresenta uma
rica diversidade étnica e cultural, detendo um valioso conhecimento tradicional associado
ao uso de plantas medicinais.

O emprego de plantas medicinais na recuperação da saúde tem evoluído ao longo dos


tempos e a cada dia tornando-se mais popular. Acrescentado ao uso de plantas medicinais,
de fitoterápicos, inclusive no Sistema Único de Saúde, temos o emprego de plantas
aromáticas e condimentares, as quais podem apresentar também propriedades medicinais.

Este livro-texto objetiva fornecer informações básicas sobre diversos aspectos


relacionados com plantas medicinais, aromáticas e condimentares, principalmente em
relação a seus princípios ativos, e popularizar terapêuticas alternativas e complementares
com embasamento científico.

Bons estudos e sucesso!

Prof. Dr. João Carlos Nordi

Coordenador Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia

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Sobre o autor

JOÃO CAROLOS NORDI: possui a seguinte formação acadêmica: Graduação em


Engenharia Agronômica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
(1983); Licenciatura Plena 2º grau – Escola Técnica Agrícola pelo Instituto Americano
da Igreja Metodista de Lins (1985); Especialização em Plantas Ornamentais e Paisagismo
pela Universidade Federal de Lavras (2007); Mestrado em Botânica pela Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Botucatu (1996); e Doutorado em Botânica
pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Botucatu (2001). É
concursado como Prof. Assistente Doutor na cadeira de Sistemática Vegetal na
Universidade de Taubaté. Na mesma instituição, responde pelas disciplinas: Anatomia e
Morfologia Vegetal de Criptógamas e Espermatófitas; Jardinocultura e Paisagismo;
Plantas Ornamentais; Metodologia Científica; Apiterapia para o curso de Medicina e
Agroecologia. Atua também no Curso de Especialização em Apicultura Lato Sensu como
professor e coordenador; no Curso de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciências
Ambientais da Universidade de Taubaté e coordena o Curso Superior de Tecnologia em
Agroecologia e o Curso Superior de Gestão do Agronegócio, ambos na modalidade a
distância (EAD), na mesma instituição. Desenvolve as seguintes linhas de pesquisa: Flora
apícola, Polinização, Palinologia, Matologia (com ênfase em Fitossociologia de plantas
herbáceas) e Arborização Urbana.

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Caros(as) alunos(as),
Caros( as) alunos( as)

O Programa de Educação a Distância (EAD) da Universidade de Taubaté apresenta-se


como espaço acadêmico de encontros virtuais e presenciais direcionados aos mais
diversos saberes. Além de avançada tecnologia de informação e comunicação, conta com
profissionais capacitados e se apoia em base sólida, que advém da grande experiência
adquirida no campo acadêmico, tanto na graduação como na pós-graduação, ao longo de
mais de 35 anos de História e Tradição.

Nossa proposta se pauta na fusão do ensino a distância e do contato humano-presencial.


Para tanto, apresenta-se em três momentos de formação: presenciais, livros-texto e Web
interativa. Conduzem esta proposta professores/orientadores qualificados em educação a
distância, apoiados por livros-texto produzidos por uma equipe de profissionais preparada
especificamente para este fim, e por conteúdo presente em salas virtuais.

A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e
subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como
subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e
atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das Unidades, dicas de leituras e
indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo
estudado.

Os momentos virtuais ocorrem sob a orientação de professores específicos da Web. Para


a resolução dos exercícios, como para as comunicações diversas, os alunos dispõem de
blog, fórum, diários e outras ferramentas tecnológicas. Em curso, poderão ser criados
ainda outros recursos que facilitem a comunicação e a aprendizagem.

Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua
disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais
atores desta formação.

Para todos, os nossos desejos de sucesso!

Equipe EAD-UNITAU

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Sumário

Palavra do Reitor .............................................................................................................. 1

Prefácio ............................................................................................................................. 3

Sobre o autor..................................................................................................................... 5

Caros(as) alunos(as) ......................................................................................................... 7

Ementa ............................................................................................................................ 11

Objetivos......................................................................................................................... 14

Unidade 1 Grupos Vegetais e Propagação ................................................................ 18

1.1 Principais grupos vegetais ........................................................................................ 18

1.2 Métodos de propagação em plantas medicinais, aromáticas e condimentares ......... 32

1.3 Síntese da Unidade ................................................................................................... 53

1.4 Para saber mais ......................................................................................................... 54

1.5 Atividades ................................................................................................................. 54

Unidade 2 Metabolismo Secundário em Plantas Medicinais, Aromáticas e


Condimentares .............................................................................................................. 56

2.1 Definição .................................................................................................................. 56

2.2 Metabólitos Secundários .......................................................................................... 57

2.3 Fatores que influenciam no conteúdo de metabólitos secundários........................... 79

2.4 Síntese da Unidade ................................................................................................... 82

Unidade 3 Plantas Medicinais .................................................................................... 84

3.1 Histórico da utilização de plantas medicinais........................................................... 84

3.2 Formas de aplicação e preparo ................................................................................. 90

3.3 Cuidados na manipulação ......................................................................................... 98


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3.4 Finalidades ................................................................................................................ 99

3.5 Diferença entre planta medicinal e fitoterápico ...................................................... 100

3.6 Lista de plantas e ervas regulamentadas pela anvisa .............................................. 101

3.7 Para saber mais ....................................................................................................... 109

3.8 Atividades ............................................................................................................... 109

Unidade 4 Principais Grupos de Plantas Medicinais, Aromáticas e


Condimentares ............................................................................................................ 110

4.1 Familia Apiaceae .................................................................................................... 110

4.2 Família Asteraceae ................................................................................................. 115

4.3 Familia Lamiaceae .................................................................................................. 121

4.4 Familia Solanaceae ................................................................................................. 129

4.5 Outras plantas medicinais ....................................................................................... 134

4.6 Hortas medicinais comunitárias, beneficiamento e comercialização ..................... 142

4.7 Para saber mais ....................................................................................................... 152

4.8 Atividades ............................................................................................................... 152

Referências. .................................................................................................................. 156

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Plantas Medicinais,
Aromáticas e ORGANIZE-SE!!!
Você deverá usar de 3
a 4 horas para realizar

Condimentares cada Unidade.

Ementa

EMENTA

Principais grupos vegetais. Histórico da utilização de plantas medicinais.


Metabolismo secundário em plantas medicinais e aromáticas. Princípio
ativo e métodos de propagação de plantas medicinais (Propagação sexuada;
Propagação assexuada). Extração e utilização das Plantas Medicinais e
Aromáticas. As Partes utilizadas (Raízes, Cascas, Folhas, Flores, Frutos,
Sementes). Os Principais grupos de plantas medicinais e aromáticas
(Manejo e Cultivo): Lamiaceae, Asteraceae, Solanaceae, Apiaceae. Hortas
medicinais comunitárias; beneficiamento e comercialização.

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Objetivo Geral

Conhecer e definir conceitos sobre plantas medicinais e aromáticas bem como


o de fitoterápicos.

Obj eti vos

Objetivos Específicos

• Empregar o conhecimento das características morfológicas vegetais


quanto ao reconhecimento dos principais grupos de plantas medicinais
e aromáticas;

• Analisar os aspectos relacionados com o uso de plantas medicinais,


incluindo cultivo, comercialização e beneficiamento;

• Oportunizar a prática de acesso e elaboração de diversos produtos com


base em medicinais e aromáticas.

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Introdução

Na Unidade 1, conheceremos os principais grupos vegetais, bem como os métodos de


reprodução e propagação das plantas medicinais, aromáticas e condimentares.

Na Unidade 2, estudaremos o Metabolismo Secundário Vegetal, para as plantas


medicinais, aromáticas e condimentares. Conheceremos os tipos de Metabólitos
Secundários produzidos pelas plantas

Na Unidade 3, aprenderemos mais sobre as plantas medicinais, seu histórico, formas de


aplicação e preparo e os cuidados que devemos ter quando da sua manipulação. Veremos
também a diferença entre planta medicinal e fitoterápico e conheceremos a listagem de
plantas e ervas regulamentadas pela ANVISA.

Na Unidade 4, trataremos dos principais grupos de plantas medicinais, aromáticas e


condimentares e aprenderemos sobre os cuidados e as práticas necessárias para a
instalação de uma horta, bem como o beneficiamento e comercialização.

Bons estudos!

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Unidade 1

Grupos Vegetais e Propagação

1.1 Principais grupos vegetais

As plantas pertencem ao Reino Plantae, sendo divididas em grupos e subgrupos, com


base em algumas de suas características semelhantes. Os grupos são: Criptógamas e
Fanerógamas.

1.1.1 Criptógamas

O nome Criptógama tem origem no idioma grego (cripto= escondido; gamae= gameta),
significando gametas escondidos ou ocultos. Desta forma podemos dizer que possuem
um sistema reprodutivo não muito visível, e como consequência não formam flor, fruto e
semente.

Como subgrupos de criptógamas, podemos citar as Briófitas e as Pteridófitas.

Importante frisar que o grupo das algas não constitui um grupo taxonômico, um táxon,
no sentido atual do termo. É, antes, um conjunto de organismos muito diversos quanto a
sua organização, origem e características morfológicas, fisiológicas e ecológicas,
constituindo um grupo artificial, agrupando um conjunto importantíssimo de organismos.
Como produtores primários, iniciam inúmeras cadeias alimentares, produzem substâncias
com emprego em diversos setores da atividade humana; alguns acarretam efeitos
indesejados e são importantes e intrigantes, principalmente para a compreensão da origem
e evolução dos seres vivos. Dentre os grupos que compõem as divisões das algas (Figura

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1.1), temos as algas verdes, que podemos incluir no Reino Plantae, dependendo o sistema
de classificação adotado.
Figura 1.1: Relações filogenéticas (evolutivas) entre os grupos vegetais

Fonte: https://colegiofaat.files.wordpress.com/2017/05/reino-plantae.pdf. Acesso em:


16 nov. 2017.

Briófitas

As briófitas constituem um grupo taxonômico artificial e estão divididas em Bryophyta


(musgos), Marchantiophyta (hepáticas) e Anthocerotophyta (antóceros), segundo a
classificação adotada por Shaw e Goffinet (2000).

São plantas pequenas, que em geral crescem em locais úmidos, necessitando da água para
realizar o seu processo de fecundação. Recobrem troncos de árvores (Figura 1.2) e rochas
ao longo de córregos ou terras úmidas. No entanto, não são restritas a tais habitats, sendo
encontradas em ambientes relativamente secos, como desertos e rochas expostas, nos
quais podem sobreviver com baixas taxas metabólicas até conseguirem recuperar-se
fisiologicamente da dessecação. Ocorrem também no ártico, contudo sem representantes
no ambiente marinho. Como curiosidade temos que a grande maioria não é consumida
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por insetos e é resistente a fungos e bactérias.

Pertencem às mais antigas linhagens de plantas terrestres, ou seja, ao sub-reino


Embryophyta (que inclui as plantas vasculares) porque o embrião se desenvolve a partir
do zigoto que é o produto da união das células sexuais (DELGADILLO; CÁRDENAS,
1990), constituindo o Esporófito. Existem desde o Paleozoico (300 milhões de anos), com
formas próximas às atuais. Pelo fato de permanecerem sem mudanças e com taxas de
evolução relativamente baixas, são denominadas plantas conservativas.

As briófitas contribuem significativamente para a diversidade vegetal. São importantes


colonizadoras de superfícies de rochas e solos nus; como indicadores ambientais, por
serem muito sensíveis à poluição do ar; auxiliam no armazenamento de água, na captação
de nutrientes da chuva e nas interações ecológicas, servindo de habitat para animais.
Constituem o segundo maior grupo de plantas terrestres verdes, com cerca de 15.000
espécies pertencentes a mais de 1200 gêneros.

Figura 1.2: Briófitas. Divisão Bryophyta (musgos) desenvolvendo-se nas cascas das
árvores (epífetas).

Fonte: João Carlos Nordi

Pteridófitas
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O grande grupo das Pteridófitas está subdividido em sete divisões, segundo Raven et al.
(2007), sendo que três são representantes fósseis (Rhyniophyta, Zosterophyllophyta,
Trimerophyta) e as outras quatro divisões são de representantes atuais: Lycophyta (Figura
1.3), Psilotophyta, Sphenophyta (Figura 1.4), Pterophyta (Figuras 1.5 e 1.6).

Segundo Smith et al. (2006), em um novo sistema de classificação as Pteridófitas estão


classificadas de forma diferente, possuindo 3 divisões: Lycophyta, (com as famílias
Lycopodiaceae, Selaginellaceae e Isoetaceae); Pteridophyta (as famílias Psilotaceae,
Equisetaceae) e Pterophyta (com cerca de 32 famílias, incluindo as samambaias e
avencas).

Cerca de 220 espécies vêm sendo usadas na medicina e, destas, aproximadamente 60 são
usadas no Brasil; dentre elas, podemos citar Dicranopteris pectinata (Willd.) Underw. e
Selaginella convoluta (Arn.) (BARROS & ANDRADE, 1997). Além destas, temos
importantes pesquisas com espécies do gênero Huperzia, para a cura do “mal de
Alzenheimer” (PRANCE, 1970), sem dizer que vêm sendo empregadas durante séculos
na medicina tradicional chinesa para o tratamento de contusões, condições de estresse e
de esgotamento mental, inflamações, esquizofrenia, miastenia grave, e de
envenenamento por organofosforado (MA et al., 2006).

Espécies de Pteridófitas têm sido investigadas por apresentar ação antibiótica (p.ex.:
Adiantopsis radiata (L.) Fee, Thelypteris serrata (Cav.) Alston., Vittaria lineata L.
Microgramma vacciniifolia (LANGSD. & FISCH.) já testada (MURILO, 1983; SILVA,
1989).

Em se tratando da alimentação humana e de outros animais (Pteridium aquilinum (L.)


Kuhn, Ceratopteris pteridoides (H.K) Hieron, dentre outras), têm sido usadas
frequentemente.

Espécies de Azolla (pteridófitas aquáticas), associadas com cianobactérias, são fixadoras


de nitrogênio atmosférico, e utilizadas em culturas de arroz inundada, ou em regiões
alagadas, aumentando a produção desses grãos.

A atração estética desse grupo possibilitou a sua preservação como plantas ornamentais.

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Até há pouco tempo várias espécies de samambaias eram empregadas na produção de
xaxins (as samambaias arborescentes do gênero Dicksonia, Cyathea, Trichpteris.) como
suporte para o cultivo de outras espécies, o que foi proibido em função do extrativismo
predatório, levando-as à beira da extinção.

Sobre a sua importância ecológica, Brade (1940) comenta que as Pteridófitas


desempenham um importante papel na manutenção da umidade no interior de uma
floresta, absorvendo água pelas raízes densas e a distribuindo gradualmente ao solo e ar,
favorecendo o desenvolvimento dos pequenos animais e vegetais do substrato,
extremamente necessários para o equilíbrio ecológico do ambiente. Algumas espécies
também são importantes como indicadoras do tipo de solo e de ambientes, indicando o
nível de conservação destes (SOTA, 1971), além de outras que favorecem a contenção
dos barrancos, bem como em estudos de monitoramento ambiental.

Existem ainda as espécies que são consideradas colonizadoras ou invasoras de culturas,


como Pteridium aquilinum (L.) Kauhn, ou aquelas que provocam assoreamento de
represas, como Salvinia auriculata Aubl. (WINDISCH, 1990).

Figura 1.3: Divisão Lycophyta: A - Lycopodium sp.; B – Selaginella sp.

Fonte: João Carlos Nordi

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Figura 1.4: Divisão: Sphenophyta. Equisetum hyemale L., conhecido como cavalinha,
planta medicinal.

Fonte: João Carlos Nordi

Figura 1.5: Pterophyta. Pertencente à família


Salviniaceae, uma pteridótifa aquática.

Fonte: João Carlos Nordi

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Figura 1.6: Divisão: Pterophyta. Diversidade de formas. A = Platycerium sp. (Chifre-de-
veado); B= Dicksonia sellowiana (samambaia xaxim); C = samambaia terrestre; D=
samambaia epífita do gênero Microgramma (medicinal); E= Adiantum sp. (avenca) e F =
Gleichenia, encontrada principalmente em solos ácidos.

Fonte: Divisão: João Carlos Nordi

Líquens

Os liquens são associações simbióticas entre algas e fungos, que resultam em um talo
modificado (AHMADJIAN, 1993). Este conceito acaba não podendo ser aplicado a toda
a imensa diversidade de formas, tamanhos e tipos de relação que ocorrem nas cerca de 20
mil espécies de líquens conhecidas. O talo liquênico é a parte vegetativa da planta e
apresenta uma extraordinária complexidade, devido à interação entre os dois organismos
(HALE, 1983), podendo ser classificado de acordo com o seu formato (Figura 1.7). As
algas podem pertencer ao Reino Monera, no caso das cianobactérias (antigamente
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chamadas algas azuis), ou ao Reino Protista, no caso das algas verdes. Já os fungos
(Reino Fungi) pertencem, em sua grande maioria, ao Filo Ascomycota (98% dos liquens),
com poucos representantes no filo Basidiomycota (que engloba os cogumelos, por
exemplo).

As algas verdes e cianobactérias, por realizarem a fotossíntese, são chamadas de


fotobiontes (foto = luz; bionte = ser vivo), enquanto os fungos constituem os micobiontes
(mico = fungo). Assim, pode-se dizer também que líquen é a união de um micobionte
com um fotobionte (BENATTI; MARCELLI, 2007).

Até 1981, os líquens eram considerados como formando um grupo taxonômico


(Lichenes) dentro do reino Fungi. A partir de então, o Código Internacional de
Nomenclatura Botânica, seguindo a prática já corrente entre os especialistas em liquens,
aboliu Lichenes como grupo taxonômico, que passou a ser encarado como um grupo
biológico, com características fisiológicas e ecológicas próprias.

Vários ácidos liquênicos têm sido estudados do ponto de vista farmacológico. A ação
antibiótica de extratos liquênicos tem sido investigada há algumas décadas, sendo que
Burkholder et al. (1944, 1945) foram os primeiros a publicar estudos qualitativos das
propriedades antibióticas dos líquens.

A atividade antibiótica está relacionada à presença de derivados fenólicos nos extratos


liquênicos. Os mecanismos da ação antibiótica de ácidos liquênicos, mais precisamente
de ácido úsnico e seus derivados, sugerem que esses compostos modificam a estrutura
das proteínas. Essas modificações resultam em alterações de certas capacidades
metabólicas das células infectantes (permeabilidade de parede, permeabilidade de
membrana, atividade enzimática, etc.), causando-lhes, às vezes, alterações irreversíveis
e, até mesmo, conduzindo à morte celular (VICENTE, 1975).

No Brasil, o estudo químico de líquens tem sido pouco explorado, quando comparado
com o de plantas superiores. O estudo químico dos líquens, da mesma forma que o estudo
de plantas superiores, reveste-se de importância na medida em que as substâncias isoladas
são estruturalmente conhecidas e avaliadas quanto à atividade biológica.

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Figura 1.7: Grupo biológico dos líquens. Diversas formas do talo (corpo) em
diferentes espécies: A= Talo folioso (Parmotrema tinctorum); B e C = talo
fruticoso; D= talo crostoso (Herpthallon rubrocinctum).

Fonte: João Carlos Nordi

1.1.2 Fanerógamas

O nome fanerógama tem origem no idioma grego (fanero= visível; gamae = gameta),
significando gametas visíveis. Desta forma, pode-se dizer que possuem um sistema
reprodutivo visível. São também conhecidas como espermatófitas, pois produzem
sementes, pertencentes à grande divisão Spermatophyta.

Com cerca de 270.000 espécies, as espermatófitas (fanerógamas) atuais distribuem-se por

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cinco principais divisões: Cycadophyta, Ginkgophyta, Conipherophyta e Gnetophyta,
conhecidas também como Grupo Gimnospérmico, e Magnoliophyta, conhecidas como
angiospermas, ou seja, plantas com flor. A capacidade de produção de sementes,
estruturas de proteção e alimento do embrião, contribuiu para a dominância das
espermatófitas na flora atual.

Tradicionalmente, as fanerógamas podem ser dividias em subgrupos: Gimnospermas e


Angiospermas.

Gimnospermas:

As gimnospermas (do grego gymnos = nu; sperma = semente') são plantas terrestres que
vivem, preferencialmente, em ambientes de clima frio ou temperado. Nesse grupo
incluem-se plantas como pinheiros, sequoias e ciprestes.

As gimnospermas possuem raízes, caule e folhas, mas não apresentam frutos. Possuem
também ramos reprodutivos com folhas modificadas chamadas estróbilos. Em muitas
gimnospermas, como os pinheiros e as sequoias, os estróbilos são bem desenvolvidos e
conhecidos como cones – o que lhes confere a classificação no grupo das coníferas.

Há produção de sementes, sendo que elas se originam nos estróbilos femininos. No


entanto, as gimnospermas não produzem frutos. Suas sementes são "nuas", ou seja, não
ficam encerradas em frutos.

O grupo das gimnospermas atuais é composto de quatro divisões: Ginkgophyta;


Conipherophyta (Figura 1.8); Gnetophyta e Cycadophyta (Figura 1.9).

27
Figura 1.8: Divisão: Conipherophyta. A= Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze
(Pinheiro do Paraná); B = Pinus elliottii Engelm. – aspecto vegetativo; C= Pinus elliottii
Engelm com estróbilos (cones).

Fonte: Divisão: João Carlos Nordi

28
Figura 1.9: Divisão: Cycadophyta. A e B = Cycas circinalis L. C= Cycas revoluta thunb.;
D= Encephalartos ferox (G. Bertol) Lehm.

Fonte: João Carlos Nordi

Angiospermas:

As Angiospermas (do grego: angeo = bolsa; sperma = semente) são plantas


espermatófitas, cujas sementes são protegidas por uma estrutura denominada de fruto.
Também conhecidas por magnoliófitas ou antófitas, correspondem ao maior e mais
moderno grupo de plantas, englobando cerca de 230 mil espécies descritas habitando os
mais diversos tipos de ambientes. Com porte variando desde gramíneas até enormes
29
árvores, possuem raiz, caule, folha, flores, fruto e semente (Figura 1.10).

As angiospermas conquistaram definitivamente o ambiente terrestre graças ao seu grau


de complexidade, diversidade e distribuição geográfica. É o mais numeroso grupo de
plantas atuais, variando de gramíneas a enormes árvores.

A principal característica deste grupo é a presença do fruto e das flores. A flor contém os
óvulos; flores podem estar agrupadas em inflorescências ou estar solitárias. As flores
possuem estruturas para atrair agentes polinizadores (NORDI; BARRETO, 2016) como
as pétalas coloridas e recursos florais, como néctar ou exsudado estigmático, por exemplo.

As estratégias reprodutivas formam uma etapa extremamente vital para o ciclo de vida
das Angiospermas e seu conhecimento é de grande importância para a compreensão dos
processos responsáveis pela manutenção da biodiversidade e pelo funcionamento dos
ecossistemas.

As angiospermas foram subdivididas, em relação aos aspectos morfológicos e não


classificatórios, em duas classes: as monocotiledôneas e as dicotiledôneas, de acordo com
o número de cotilédones, um ou dois, respectivamente, quando da germinação.

São exemplos de angiospermas monocotiledôneas: bambu, cana-de-açúcar, milho, arroz,


trigo, aveia, cevada, cebola, centeio, banana, bromélias e orquídeas, dentre outras; e de
angiospermas dicotiledôneas: feijão, amendoim, soja, ervilha, lentilha, grão-de-bico, pau-
brasil, ipê, abacate, acerola, rosa, morango, laranja, algodão, café, girassol e margarida
dentre outros.

30
Figura 1.10: Divisão: Magnoliophyta (Angiospermas). Algumas famílias botânicas: A=
Orchidaceae; B= Melastomataceae; C= Onagraceae; D= Bromeliaceae; E = Asteraceae; F=
Fabaceae-Caesalpinioideae.

Fonte: João Carlos Nordi

31
1.2 Métodos de propagação em plantas medicinais, aromáticas
e condimentares

Na natureza os vegetais se reproduzem de forma sexuada, através de fecundação e


produção de sementes. A reprodução dos vegetais, também pode ser feita de forma
assexuada, ou seja, por multiplicação vegetativa. Esta capacidade de reproduzir as
qualidades e a carga genética da planta tem sido usada pelo homem para produção em
grande escala de diversas plantas

A reprodução sexuada envolve recombinação gênica, ou seja, cruzamento entre


indivíduos, sendo, portanto, a grande geradora de variabilidade nas espécies, resultando
nas sementes. A propagação assexuada, como o próprio nome diz, é um método que não
envolve recombinação gênica, somente multiplicação de um determinado material, no
qual o produto será igual à planta que cedeu seu material vegetativo, não envolvendo
sementes.

No processo produtivo de plantas medicinais em quantidade e com qualidade adequadas,


é imperativo o processo de produção de mudas, que constitui o primeiro passo para atingir
o objetivo esperado. Assim, temos que a propagação de plantas é uma ocupação
fundamental da humanidade. Provavelmente a civilização se iniciou quando o homem
antigo aprendeu a semear e cultivar certos tipos de plantas que satisfaziam suas
necessidades nutritivas e as dos seus animais. Na medida em que avançou a civilização,
ele foi acrescentando à diversidade de plantas outros cultivos, não só alimentícios, mas
também aqueles que lhe proporcionavam outros benefícios, como a obtenção de
medicamentos, condimentos, perfumes, ornamentação, entre outros (SOUZA, 2011).

Após a seleção das espécies medicinais, devemos verificar quais os meios de propagação
mais adequados. A propagação exige o conhecimento de certas manipulações e de
habilidades técnicas que requerem certa experiência e tempo para se adquirir, sendo
necessário o conhecimento da estrutura e dos mecanismos de crescimento das plantas
(SOUZA, 2011), além de conhecer as diversas classes de propagação e os vários métodos
que podem ser utilizados. Uma mesma espécie pode ser propagada por mais de um meio,
32
como a arruda (Ruta graveolens) e o alecrim (Rosmarinus officinalis), que podem ser
propagados por sementes ou estacas de ramos, ou ainda a espécie mil folhas (Achillea
millefolium), que pode ser propagada por divisão de touceira ou por rizomas. O método
utilizado deve ser adequado à classe de planta que se propaga e às condições em que se
realiza. A seguir vamos ver os métodos de reprodução e ou propagação das plantas
medicinais, aromáticas e condimentares.

1.2.1 Reprodução sexuada

A semente é o órgão responsável pela dispersão e perpetuação das espermatófitas, sendo


o produto da recombinação gênica do núcleo reprodutor masculino (gameta masculino)
com o núcleo reprodutor feminino (oosfera, no interior do óvulo), resultado da reprodução
sexuada.

As sementes relacionam-se com a dispersão e a sobrevivência das plantas angiospermas


(ou Espermatófitas) sob condições favoráveis como também desfavoráveis, tais como
extremos de temperatura (até certos limites) e de seca (DAMIÃO FILHO; MÔRO, 2001).

Para se obter sucesso com esse modo de reprodução, há necessidade de saber os aspectos
relacionados com a germinação das sementes, bem como compreender os fatores
relacionados com sua germinação.

1.2.1.1 Germinação das sementes

A germinação por ser um fenômeno biológico é considerada botanicamente como a


retomada do crescimento do eixo embrionário, com o rompimento do tegumento (casca
da semente) pela radícula.

O embrião da semente inicia sua formação a partir do momento da fertilização da oosfera


e segue desenvolvendo-se até que seu crescimento cessa e o grau de umidade diminui a
um nível tão baixo que permite apenas reduzida atividade metabólica. Nestas condições,
a semente encontra-se no estado de quiescência, pois a disponibilidade de água (teor de
água da semente) é insuficiente para desencadear o processo germinativo. As sementes
comercializadas possuem uma porcentagem de água em torno de 5 a 25%.
33
Como fatores externos que influenciam na germinação das sementes temos água,
oxigênio e temperatura e fatores internos à dormência das sementes

1.2.1.1.1 Fatores externos que influenciam na germinação das sementes

• Água

A água é fator imprescindível, pois é com a absorção de água pela semente, processo esse
denominado de embebição, que se inicia o processo da germinação. Para que isso
aconteça, há necessidade de que a semente alcance um nível adequado de hidratação, que
permita a reativação dos processos metabólicos. A umidade adequada é variável entre as
espécies. De forma geral, o processo de embebição inicia-se quando a porcentagem de
água atinge cerca de 70-80%.

A embebição processa-se, em geral, em três etapas. A primeira é um processo rápido e


puramente físico. Na primeira etapa, a entrada de água na semente se dá por adsorção. A
união entre um sítio polar da água e de uma substância de reserva não é influenciável por
inibidor da germinação. Este comportamento se verifica em qualquer semente, morta ou
viva. A segunda etapa é lenta, sendo inclusive a que determina o tempo gasto por uma
semente para germinar. A terceira etapa é rápida.

A embebição varia, também, com a natureza do tegumento, com a composição química,


o tamanho da semente e com a temperatura (CHING, 1972). A água tem importante papel
na germinação, atuando no tegumento, amolecendo-o, favorecendo a penetração do
oxigênio, e permitindo a transferência de nutrientes solúveis para as diversas partes da
semente (TOLEDO; MARCOS FILHO, 1977).

O excesso de água, em geral, provoca decréscimo na germinação, visto que impede a


penetração do oxigênio e reduz todo o processo metabólico resultante. A deficiência
hídrica também é nociva à germinação, porquanto a semente não terá condições de manter
o metabolismo adequado.

• Oxigênio
34
O oxigênio é necessário para a promoção de reações metabólicas importantes na semente,
especialmente a respiração. Ainda que a respiração nos primeiros momentos da
germinação seja em geral anaeróbica (sem a presença do oxigênio), logo em seguida ela
passa a ser absolutamente dependente de oxigênio (BORGES; RENA, 1993). Com a
entrada do oxigênio, temos o início das atividades metabólicas, que se intensificam
durante o processo. Devemos lembrar que o oxigênio difunde-se da atmosfera para o solo
e que semeaduras profundas podem resultar na falta de oxigênio, comprometendo o
processo de germinação.

• Temperatura

Como em qualquer reação química, existe uma temperatura ótima na qual o processo se
realiza mais rápida e eficientemente, e as temperaturas máxima e mínima que, sendo
ultrapassadas, fazem com que a germinação seja zero. Esta faixa de temperatura é variável
entre as diferentes espécies. Acima e abaixo dos limites máximo e mínimo,
respectivamente, pode ocorrer a morte das sementes ou termo dormência. A faixa de 20
a 30ºC mostra-se adequada para a germinação de grande número de espécies subtropicais
e tropicais. À medida que a semente deteriora, ela fica mais exigente quanto à
temperatura, passando a ter necessidades específicas para que a germinação ocorra
(BEWLEY; BLACK, 1994).

A temperatura adequada para a germinação de sementes de várias espécies vem sendo


determinada por muitos pesquisadores. Como exemplo, foi definida como ótima para
germinação a temperatura de 25ºC para sementes de Stevia rebaudiana Bert. (RANDI;
FELIPE, 1981), conhecida com estévia, utilizada como adoçante e detentora de
propriedades medicinais; as de 30 a 35ºC para sementes de Prosopis juliflora (Sw.) DC.
conhecida como Algaroba, utilizada para alimentação de animais no Nordeste (PEREZ;
MORAES, 1990), e as de 25 a 30ºC para sementes de Mabea fistulifera Mart. (LEAL
FILHO; BORGES, 1992), dentre outros.

• Luz

35
Em relação ao comportamento germinativo de espécies sensíveis à luz, existem as
sementes que são indiferentes à exposição à luz, germinando em qualquer ambiente
luminoso (VAZQUEZ YANES; OROZCO-SEGOVIA, 1991), ou germinam somente no
escuro (VIDAVER, 1980). Algumas sementes germinam após rápida exposição à luz e
outras necessitam de período relativamente longo de luz.

Na germinação de sementes sensíveis à luz, devemos levar em conta que a sensibilidade


das sementes ao regime luminoso pode ser alterada por vários fatores como: temperatura,
idade das sementes, condição de armazenamento, tratamento para superação de
dormência e condição de cultivo da planta. A luz pode ser considerada um fator
importante na quebra de dormência em sementes. Os efeitos da luz na quebra de
dormência podem ser dependentes também da temperatura (FERREIRA; BORGHETTI,
2004).

1.2.1.1.2 Fatores internos que influenciam na germinação das sementes

• Dormência das sementes

A dormência ainda é um dos menos conhecidos aspectos da biologia de sementes,


particularmente devido ao fato de estar relacionada não a uma, mas sim a múltiplas causas
(FINKELSTEIN et al., 2008). A dormência pode ser classificada com base na origem,
localização e nos mecanismos envolvidos, reconhecendo-se o caráter indutivo da
dormência, ou seja, que ela surge (é induzida) em uma determinada etapa do
desenvolvimento e em um determinado espectro de condições ambientais, tais como: a)
envoltórios da semente; b) morfológica e c) interna ou fisiológica.

a) Dormência devido aos envoltórios da semente

Podem ser subdividida em: dormência física; dormência mecânica e dormência química.

Dormência física

A dormência física é causada por uma ou mais camadas de células impermeáveis à água,
situadas no tegumento ou nos envoltórios da semente em geral, ou seja, a
impermeabilidade do tegumento. Nesses casos, a hidratação e a consequente interrupção
36
da dormência estão muitas vezes relacionadas à formação de aberturas em estruturas
anatômicas especializadas (por exemplo, o hilo e a lente), localizadas na superfície da
semente, ocasionando uma diminuição da resistência à entrada de água no seu interior
(BASKIN; BASKIN 2004).

Dormência mecânica

A dormência mecânica é devida à imposição à expansão do embrião. Por definição,


sementes com dormência mecânica apresentam o endocarpo ou mesocarpo (camadas do
fruto) pétreo, cuja rigidez impede a expansão do embrião (CARDOSO, 2004).

A dormência mecânica foi conceituada por Nikolaeva (1969) como a inibição da


germinação pela presença de frutos duros ou com parede lenhosa, atribuída, normalmente
ao endocarpo ou estendida ao mesocarpo, embora não existam evidências da ação do
endocarpo como obstáculo à germinação.

De acordo com Vivian et al. (2008), a dormência mecânica pode ser uma particularidade
da dormência fisiológica. Em outras palavras, estando o embrião quiescente e em
condições adequadas de água, oxigênio e temperatura, não haveria um impedimento
mecânico efetivo ao seu crescimento, por parte dos tecidos adjacentes (CARDOSO,
2004).

É importante ressaltar que uma mesma espécie pode apresentar diferentes graus e tipos
de dormência. No caso de espécies que apresentam mais de um tipo de dormência, esta é
dita dormência complexa ou combinada.

Dormência química

A dormência química é causada por inibidores de crescimento presentes no pericarpo


(conjunto de todas as camadas de um fruto). Essa definição foi posteriormente estendida
para substâncias produzidas tanto dentro como fora da semente que, translocadas para o
embrião, inibiriam seu crescimento (BASKIN; BASKIN, 1998). Aquênios (tipo de fruto
encontrado na família Asteraceae) de Bidens pilosa (picão preto), por exemplo, germinam
melhor quando submetidos à lavagem com água corrente, sugerindo a presença de
inibidores no aquênio. Tais inibidores podem reduzir, via oxidação, a disponibilidade de
37
oxigênio ao embrião (FORSYTH; BROWN 1982).

Dousseau et al. (2007), trabalhando com Zeyheria montana, planta com


propiredades medicinais utilizadas nas afecções de pele e como antissifilítica
(RODRIGUES; CARVALHO, 2001), conseguiram resultados satisfatórios em sementes
submetidas à lavagem em água corrente por 6 horas, em relação ao vigor e à porcentagem
de germinação.

b) Dormência morfológica

Quando as sementes não germinam devido à imaturidade do embrião, faz-se necessário


um período adicional para o seu completo desenvolvimento, denominado pós-maturação.
Sementes de Elaeis guineenses requerem temperaturas na faixa de 35 a 40°C
(CARDOSO, 2004). São escassos os trabalhos tratando dessa modalidade de dormência
em espécies brasileiras, relatada quase que exclusivamente em Annonaceae, Mimosaceae
e Aquifoliaceae (CARDOSO, 2004).

A dormência morfológica manifesta-se em sementes que são liberadas da planta mãe com
embriões diferenciados (cotilédones e eixo hipocótilo-radícula reconhecíveis), mas
subdesenvolvidos quanto ao tamanho. Nesse caso, a germinação “visível” (protrusão) é
precedida por uma fase de crescimento intrasseminal desencadeada por condições
ambientais apropriadas.

c) Dormência interna ou fisiológica

A dormência fisiológica é causada por mecanismos inibitórios envolvendo os processos


metabólicos e o controle do desenvolvimento. Na dormência fisiológica operam diversos
mecanismos, localizados não só no embrião propriamente dito, mas também nos tecidos
e nas estruturas adjacentes, tais como tegumento e endosperma (CARDOSO, 2004).

Segundo Baskin e Baskin (2004), dormência fisiológica é aquela em que a presença de


substâncias inibidoras ou a ausência de substâncias promotoras da germinação impede
que a germinação ocorra. Ela pode ser subdividida em dormência fisiológica profunda,
intermediária ou superficial. A dormência profunda ocorre em espécies que necessitam

38
de período longo com temperaturas baixas para a sua superação. A distinção desta para
as demais subdivisões (intermediária e superficial) se dá pela ausência de crescimento do
embrião ou pela geração de plântulas anormais, mesmo quando o embrião é isolado da
semente. As dormências fisiológicas, intermediária e superficial, são mais comuns.

Resumidamente as causas da dormência em sementes, podem ser apontadas o Quadro


1.1.

Quadro 1.1: Causas da dormência em sementes

Fonte: João Carlos Nordi

Tratamentos Para Quebra Da Dormência

Dormência tegumentar ou exógena

a) Escarificação ácida: As sementes são imersas em ácido sulfúrico, por um


determinado tempo, que varia em função da espécie, à temperatura entre 19ºC e
39
25ºC, sendo então lavadas em água corrente e colocadas para germinar. Deve-se
cobrir as amostras com ácido sulfúrico na proporção de 01 volume de sementes
para 02 volumes de ácido.

b) Escarificação mecânica: Este método tem se mostrado bastante eficaz para a


superação da dormência de algumas espécies da família Fabaceae (antiga
Leguminosae). O procedimento consiste, basicamente, em submeter as sementes
à abrasão, através de cilindros rotativos, forrados internamente com lixa, o que irá
desgastar o tegumento, proporcionando condições para que absorva água e inicie
o processo germinativo. Para que se obtenham resultados positivos na utilização
desse processo, são necessárias algumas precauções, como o tempo de exposição
das sementes à escarificação e à pureza do lote, pois sementes com impurezas
comprometem a eficiência do tratamento.

c) Imersão em água quente: a imersão em água quente constitui-se num eficiente


meio para superação da dormência tegumentar das sementes de algumas espécies.
A água é aquecida até uma temperatura inicial, variável entre espécies, onde as
sementes são imersas e permanecem por um período de tempo também variável,
de acordo com cada espécie. Imersão em água fria: sementes de algumas espécies
apresentam dificuldades para germinar, sem, contudo, estarem dormentes. A
simples imersão das sementes em água, à temperatura ambiente (25ºC) por 24
horas, elimina o problema, que normalmente é decorrente de longos períodos de
armazenamento, e que causa a secagem excessiva das sementes, impedindo-as de
absorver água e iniciar o processo germinativo.

Dormência embrionária ou endógena

a) Estratificação a frio: As sementes de algumas espécies apresentam embrião


imaturo, que não germina em condições ambientais favoráveis, necessitando de
estratificação para completar seu desenvolvimento. Para a estratificação, o meio
40
em que as sementes serão colocadas deve apresentar boa retenção de umidade e
ser isento de fungos. Normalmente utiliza-se areia bem lavada que apresente grãos
em torno de 2,0 mm de diâmetro (média) para facilitar a posterior separação das
sementes por peneiragem. O recipiente em que será colocado o meio deve permitir
boa drenagem, evitando-se a acumulação de água no fundo, o que causa o
apodrecimento das sementes. A temperatura requerida para a estratificação a frio
está entre 2ºC e 4ºC, que pode ser obtida em uma geladeira ou câmara fria. As
sementes são colocadas entre duas camadas de areia com 5 cm de espessura. O
período de estratificação varia de 15 dias para algumas espécies, até 6 meses para
outras. Uma vez encerrado o período de estratificação, as sementes devem ser
semeadas imediatamente, pois se forem secas poderão ser induzidas à dormência
secundária.

b) Estratificação quente e fria: A maturação dos frutos de algumas espécies ocorre


no final do verão e início do outono, com temperaturas ambientais mais baixas. A
estratificação quente e fria visa reproduzir as condições ambientais ocorridas por
ocasião da maturação dos frutos. O procedimento é exatamente o mesmo descrito
para a estratificação a frio, alterando-se temperaturas altas (25ºC por 16 horas e
15ºC por 8 horas) por um período, e temperaturas baixas (2ºC a 4ºC) por outro
período.

Dormência combinada Algumas espécies apresentam sementes com dormência


tegumentar e embrionária. Nestes casos, submete-se a semente inicialmente ao tratamento
de superação da dormência tegumentar, e a seguir para superar a dormência embrionária.
Em alguns casos, apenas a estratificação a frio é suficiente para superação de ambas.

No Quadro 1.2 encontra-se uma síntese dos tratamentos para a quebra de dormência em
sementes.

41
Quadro 1.2: Tratamentos para a quebra de dormência em sementes

Fonte: João Carlos Nordi

1.2.2 Reprodução Assexuada (ou Propagação vegetativa)

A propagação vegetativa consiste em multiplicar assexuadamente partes de plantas


(células, tecidos, órgãos ou propágulos), originando indivíduos geralmente idênticos à
planta-mãe.

A propagação vegetativa tem inúmeras vantagens em relação à propagação sexuada. Por


ser uma técnica simples, rápida e barata, permite produzir muitas mudas em espaço
reduzido com maior uniformidade mantendo as características genéticas da planta matriz
(HARTMANN; KESTER, 1990); multiplicação de plantas que não florescem por
motivos de adaptação, de plantas cujas sementes são estéreis, e de precocidade das plantas
produzidas.

42
Dentre as desvantagens desse método podem-se citar: transmissão de doenças vasculares,
bacterianas e viroses; necessidade de plantas matrizes e de instalações, adequadas; alto
volume de material a ser armazenado e/ou transportado.

Estudos sobre a propagação de espécies medicinais são de elevada importância, uma vez
que servem de base para a domesticação e o sucesso do cultivo dessas plantas
(CARVALHO JUNIOR et al., 2009). No entanto, ainda há escassez desses estudos.

A reprodução assexuada pode ser feita por vários métodos (estaquia, mergulhia,
alporquia, enxertia, divisão de touceira ou, ainda, por rizomas, tubérculos e bulbos, e
micropropagação). Dentre eles os mais utilizados para propagação de plantas medicinais
são estaquia e divisão de touceiras.

ESTAQUIA

A estaquia é um método de propagação no qual ocorre a indução ao enraizamento


adventício em segmentos destacados da planta-matriz que, submetidos a condições
favoráveis, originam uma muda (HARTMAN et al., 2002; FACHINELLO et al., 2005).

A estaquia é um método de propagação muito utilizado, sendo sua viabilidade dependente


da capacidade de formação de raízes, da qualidade do sistema radicular formado e do
desenvolvimento posterior da planta propagada por este método na área de produção
(FACHINELLO et al., 1995; PAIVA & GOMES, 1993).

A propagação por estaquia pode ser influenciada por diversos fatores, entre características
inerentes à própria planta e às condições do meio ambiente, como intensidade de luz,
temperatura, umidade, quantidade de água influenciando na formação de raízes
adventícias, estimulando ou inibindo o enraizamento, além de substâncias produzidas
pelas plantas, como auxinas e citocianinas, responsáveis pelo início do processo da
formação de raízes (ASSIS e TEIXEIRA, 1998).

Dentre os fatores que podem melhorar os resultados, destacamos a presença de folhas na


estaca, a utilização de câmara com nebulização intermitente, os reguladores de
crescimento, o estádio de desenvolvimento da planta e do próprio ramo, além da época
do ano em que as estacas são coletadas (HARTMAN et al., 2002).
43
Para acelerar e promover o enraizamento de estacas, habitualmente são empregados
reguladores de crescimento do grupo das auxinas (PASQUAL et al., 2001), os quais
levam à maior porcentagem de formação de raízes, aumentam e melhoram a qualidade
delas e propiciam uniformidade no enraizamento (HINOJOSA, 2000;
ZUFFELLATORIBAS ; RODRIGUES, 2001; HARTMANN et al., 2002; MIRANDA et
al., 2004).

A estaquia é a técnica mais fácil e simples de propagação, pois basta cortar um pedaço da
planta e plantá-lo. Mas são necessários alguns cuidados: usar sempre tesouras ou facas
bem afiadas para não esmagar ou despedaçar os tecidos, o que pode provocar o seu
apodrecimento; aplicar hormônios; observar que algumas plantas enraízam na água.

Existem hormônios enraizadores e estão presentes nas plantas em quantidades pequenas,


suficientes para o crescimento natural. Quando se pretende acelerar os processos,
aplicam-se hormônios sintéticos iguais aos naturais, também chamados auxinas. São dois
os principais hormônios de crescimento vegetal comercializados: o ácido indol acético,
conhecido como AIA, e o ácido indol butírico, chamado AIB.

Para a seleção das estacas é preciso escolher plantas adultas e saudáveis; as estacas devem
possuir entre 12 e 15 cm. Retirar todas as folhas em cerca de 1/3 do caule, deixando nua
a parte inferior; o corte, em qualquer situação, deverá ser limpo, não causando feridas
nem rasgos na estaca; cortar as pontas das folhas grandes, pois estas consomem energia
de que a estaca precisará para o enraizamento; retirar todas as flores ou botões que possa
haver. Essas recomendações são genéricas. Cada espécie de planta, independente de sua
utilização, possui características específicas a serem consideradas.

Dois fatores devem ser levados em conta no momento de propagar plantas


vegetativamente para que se obtenha maior êxito: o substrato e o tipo de estaca a serem
utilizados.

Substrato

O substrato ideal deve ter consistência e densidade de forma a fixar e sustentar a estaca
durante o processo de enraizamento, possuir boa capacidade de retenção de água para que
44
a frequência de irrigação seja baixa, ser poroso para permitir a drenagem do excesso de
água e promover a aeração adequada (HARTMANN et al.,1997).

Para o enraizamento de estacas deve-se ressaltar a importância da mistura de diferentes


componentes para a composição de substrato estável e adaptado à obtenção de mudas de
boa qualidade em curto período de tempo, no entanto informações sobre substrato ideal
para a produção de mudas de espécies olerícolas são escassas (MENEZES JÚNIOR,
1998) e inexistentes no caso de espécies medicinais.

Trabalhos realizados por Bezerra, Momenté e Medeiros Filho (2004), Bezerra et al.
(2006) e Araújo et al. (2009a) mostram que resíduos orgânicos regionais podem ser
utilizados na composição de substratos, apresentando assim potencial para serem
utilizados na produção de mudas de plantas. Além disso, os resultados mostram que
alguns desses materiais têm atuado na melhoria dos atributos físicos, químicos e
biológicos do solo e das plantas.

A matéria orgânica do solo constitui-se de componentes vivos e não-vivos; os primeiros


são representados por raízes, microrganismos do solo (60 a 80%) e fauna; já a parte não
viva compreende a matéria constituída de substâncias umidificadas e não umidificadas,
que são carboidratos, aminoácidos, proteínas, lipídeos, ácidos nucleicos, pigmentos e uma
variedade de ácidos orgânicos que se constituem em 70 a 80% da matéria orgânica na
maioria dos solos minerais, com frações de ácidos fúlvicos, ácidos húmicos e huminas
(THENG; TATE; SOLLINS, 1989; PASSOS et al., 2007). As substâncias húmicas são
caracterizadas como produtos das transformações químicas e biológicas dos resíduos
vegetais e animais, assim como da atividade microbiana do solo (MICHEL et al., 1996).
Dessa forma, a matéria orgânica é representada por possuir uma fração ativa e uma
inativa; a ativa caracteriza-se por realizar a decomposição mais rapidamente pelo
processo de fermentação e consequentemente formar húmus, enquanto a inativa
(umidificada) não sofre mais a decomposição intensa como ocorre na ativa. Assim, a
principal fonte de nutrientes disponíveis às plantas é a fração húmica (GALBIATTI,
1992). De acordo com Primavesi (2002), a matéria orgânica é toda substância morta no
solo, proveniente tanto de plantas, microrganismos e excreções animais, quanto da meso
e macro fauna morta.
45
A matéria orgânica, quando incorporada ao solo, é importante para os sistemas de
produção agrícola, devido aos efeitos que produz nos atributos químicos, físicos e
biológicos do solo e no crescimento e desenvolvimento das plantas.

Tipos de estacas

As estacas utilizadas para a propagação de plantas medicinais, quanto a sua origem a


partir da planta matriz, podem ser: caulinar, foliar e radicular.

• Caulinar

Quanto ao grau de lignificação, as estacas caulinares são classificadas em herbáceas,


sublenhosas ou lenhosas.

Estaca caulinar herbácea: as estacas herbáceas são aquelas cujos tecidos não estão na
lignifica apical dos ramos no período de primavera/verão, épocas em que ocorrem os
fluxos de crescimento vegetativo. Como é um material sensível à desidratação, a coleta
deve ser feita preferencialmente pela manhã. As folhas (inteiras ou pela metade) devem
ser mantidas. A função da manutenção das folhas é a continuação do processo
fotossintético que fornecerá fotoassimilados tanto para a manutenção da estaca, quanto
para a formação das raízes.

Corta-se uma ponta de ramo lateral, formando uma estaca de aproximadamente 5 a 10 cm


de comprimento, ou com 3 a 4 nós. Devem-se escolher sempre os ramos mais vigorosos,
saudáveis e sem flores.

Retiram-se as folhas da base das estacas, o que estimula o crescimento de raízes,


principalmente nas bases das folhas retiradas.

46
Colocam-se os ramos em substrato adequado (terra, areia, entre outros), enterrando a base
sem folhas. Assim, novas raízes se formam na planta, originando novas mudas. Em alguns
casos, colocam-se as bases da estaca em água ao invés de substrato, plantando as mudas
em terra assim que enraizadas.

Figura 1.11: Estacas herbáceas (de ponteiro) utilizadas na propagação vegetativa de


várias plantas medicinais. A = Aloe arborescens Mill. (Babosa) e B = Mentha x villosa
Huds. (Hortelã rasteiro).

A B
Fonte: João Carlos Nordi

Estaca caulinar sublenhosa: estacas sublenhosas de 15 a 20 cm de comprimento e de 0,5


a 1,5 cm de diâmetro, preparadas com ou sem folhas; são obtidas de ramos parcialmente
lignificados, após eles terem completado seu crescimento. Devemos escolher sempre os
ramos mais vigorosos, saudáveis e sem flores. Retiramos as folhas da base das estacas, o
que estimula o crescimento de raízes. É recomendado cortar as folhas restantes pela
metade para diminuir as perdas de água por transpiração. Para enraizar, essas estacas
ainda com folhas, devem ser mantidas, assim como as estacas herbáceas, em ambiente
com umidade relativa alta, colocando-se os ramos em substrato adequado (terra, areia,
entre outros) e enterrando a base sem folhas. Na figura 1.12 podemos observar uma estaca
preparada sem as folhas.

47
Figura 1.12: Estaca caulinar sublenhosa de
Rosmariunus officinalis L. (Alecrim) preparada sem as
folhas.

Fonte: João Carlos Nordi

Estaca caulinar lenhosa: as estacas são obtidas de ramos lenhosos, bastante lignificados,
sem folhas, com idade superior a um ano, sendo coletadas geralmente no período de
dormência da planta (inverno). A propagação com esse tipo de estaca é mais fácil e mais
barata, pois são mais resistentes e não exigem ambiente com controle de temperatura e
umidade. Corta-se um ramo lateral firme, formando uma estaca de aproximadamente 20
cm de comprimento e 1,5 cm de diâmetro, preparada sem as folhas. Devemos escolher
sempre os ramos mais vigorosos, saudáveis e sem flores. Colocamos os ramos (estacas)
em substrato adequado (terra, areia, entre outros), enterrando a base sem folhas. Essas
estacas podem ser plantadas também diretamente no local definitivo, apesar disso, é

48
recomendado o seu plantio anteriormente em vasos ou sacos de mudas. Assim, novas
raízes se formam na planta, originando novas mudas.

Figura 1.13: Estaca caulinar lenhosa de Ficus carica


L. (Figo), preparada sem as folhas.

Fonte: João Carlos Nordi

• Foliar

Outra forma de estaquia utilizada é por intermédio de secções da folha, cujo tamanho é
determinado pelo hábito de crescimento da planta. Folhas de várias plantas, quando
colocadas em água ou em substrato úmido, normalmente formam raízes adventícias
próximas à região do corte. Método muito utilizado para as plantas Crassuláceas (Figura
1.14)

49
Figura 1.14: Estaca foliar utilizada na propagação assexuada em
Crassuláceas. A e D = Kalanchoe pinnatum (Lam.) Oken (Fortuna); B
= Echeveria “Beverly” (Rosa de pedra); C= Kalanchoe sp.

Fonte: João Carlos Nordi

• Radicular

Mais utilizada para algumas plantas ornamentais.

DIVISÃO DE TOUCEIRAS

A técnica consiste no corte dos rizomas subterrâneos, ou separação dos indivíduos com
raízes, gerando novas plantas.

Normalmente as plantas propagadas por divisão de touceira podem ser reproduzidas por
sementes, demorando mais a atingir a fase adulta e florescer. A divisão de touceiras é um
50
método rápido de multiplicação vegetal. Além disso, a divisão de touceiras é um método
fácil e mais garantido, ideal para multiplicações em pequena escala.

Muitas vezes, uma planta quando dividida gera poucas plantas, o que seria uma
desvantagem quando comparada à reprodução por sementes.

O método pode ser generalizado da seguinte forma: certifique-se de que a planta já pode
ser dividida, contando-se o número de brotação, que em geral deve ser de no mínimo 06.
Se a planta estiver no solo, devemos desenterrá-la inteira ou parcialmente, com uma boa
quantidade de solo, de preferência, com o auxílio de uma enxada. Se estiver em um vaso,
retire a planta totalmente do vaso (Figura 1.15); retire o excesso de solo, para que o rizoma
e as raízes possam ser vistos melhor. Separe a planta em partes que contenham pelo menos
3 brotações, para que haja melhor pagamento. Assim, obtêm-se novas mudas da planta.
Na maioria dos casos, a nova muda já pode ser plantada em seu local definitivo, por já ter
suas estruturas bem formadas. Recomenda-se a rega regular, sem excessos.

Figura 1.15: Divisão de touceiras em Viola odorata L.


(violeta).

Fonte: João Carlos Nordi

51
OUTRAS FORMAS DE PROPAGAÇÃO VEGETATIVA

FILHOTES

Os filhotes são brotações da porção aérea da planta e podem ou não apresentar raízes.
Ex.: bromélias e agaves (Figura 1.16).

Figura 1.16: Propagação vegetativa por meio de filhotes. A = Agave sp.; B =


Ananas ananassoides (Baker) L.B. Sm. (Abacaxi da campina).

Fonte: João Carlos Nordi

BROTAÇÕES

Outro método de propagação vegetativa é a retirada das brotações laterais na base de


algumas plantas, individualizando-as, como em agaves, bromélias e babosas (Figura
1.17).

52
Figura 1.17: Propagação vegetativa por meio de brotações laterais. Agave sp.

Fonte: João Carlos Nordi

Outros Métodos

Além dos descritos acima, temos outros métodos que são mais utilizados para propagação
de plantas ornamentais e frutíferas. Dentre esses métodos podemos citar: enxertia, com
suas diversas técnicas, mergulhia, alporquia e micropropagação.

1.3 Síntese da Unidade

Nessa Unidade vimos os grupos vegetais, o histórico da utilização de plantas medicinais


e os métodos de propagação de plantas medicinais (propagação sexuada e propagação
assexuada).

53
1.4 Para saber mais

Livros

• SOUZA, L.A. (Org.) Sementes e plântulas: germinação, estrutura e adaptação.


Ponta Grossa, PR: Toda palavra, 2009

• ALMEIDA, J.S.S.(ORG.) Manual de briologia. Rio de Janeiro: Interciência,


2010.

• REVIERS, B. Biologia e Filogenia das Algas. Porto Alegre: Artmed, 2006, 280p.

Sites

• http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/ Angiospermas

• http://www.scielo.br/pdf/abb/v18n4/23226.pdf - Atividade antimicrobiana de


derivados fenólicos do líquen Ramalina sorediosa (B. de Lesd.) Laundron

1.5 Atividades

Relacione as plantas medicinais, aromáticas ou condimentares que você conhecer com o


sistema de reprodução ou propagação. Mínimo de 05 plantas.

54
55
Unidade 2

Metabolismo Secundário em Plantas


Medicinais, Aromáticas e
Condimentares

Já entendemos, a partir dos estudos da Unidade anterior, os principais grupos vegetais e


as formas de propagação e ou reprodução. Nesta Unidade iremos estudar quais são os
metabólitos secundários e os fatores que influenciam no seu conteúdo.

2.1 Definição

Uma das características dos seres vivos é a presença de atividade metabólica. O


metabolismo nada mais é do que o conjunto de reações químicas que ocorrem no interior
das células, podendo ser dividido em primário e secundário.

Entende-se por metabolismo primário o conjunto de processos metabólicos que


desempenham uma função essencial no vegetal, tais como fotossíntese, respiração e
transporte de solutos. Os compostos envolvidos no metabolismo primário possuem uma
distribuição universal nas plantas. Esse é o caso dos aminoácidos, dos nucleotídeos, dos
lipídios, carboidratos e da clorofila.

O metabolismo secundário origina compostos que não possuem uma distribuição


universal, pois não são necessários para todas as plantas. Como consequência prática,
esses compostos podem ser utilizados em estudos taxonômicos (quimiossistemática). São
compostos complexos existentes em baixas concentrações que, quando apresentam uma
atividade biológica, são denominados de princípios ativos.

56
Um exemplo clássico são as antocianinas e betalainas, as quais não ocorrem
conjuntamente em uma mesma espécie vegetal. As betalainas são restritas a dez famílias
de plantas pertencentes à ordem Caryophyllales, que consequentemente não possuem
antocianinas. Como a beterraba (Beta vulgais) pertence a uma dessas famílias
(Amaranthaceae), a coloração avermelhada de suas raízes só pode ser atribuída à presença
de betalainas.

2.2 Metabólitos Secundários

Estudos sobre metabólitos secundários concentram-se mais nas angiospermas (plantas


com flor e fruto). O impacto da Química de Produtos Naturais no processo de
desenvolvimento de novos fármacos nas últimas duas décadas é inquestionável. Os
programas de química medicinal, na maioria das empresas farmacêuticas, estiveram, ao
longo da última década, em busca de adaptação e atualmente estima-se que cerca de 40%
dos novos fármacos aprovados nesse período tenham a sua origem em algum produto
natural. O número de novos produtos naturais com atividade biológica relevante continua
aumentando.

A Bioquímica abriu novos rumos tecnológicos e busca, constantemente, por meio da


biossíntese dos constituintes químicos primários, a cadeia de intermediários secundários
e os divide segundo as rotas metabólicas das quais derivam. São conhecidos dois grandes
precursores, o ácido chiquimico e acetil CoA, que os classificam em três grandes grupos
(Quadro 2.1):

• Derivados da via ácido chiquímico;

• Derivados da via mevalonato ou via condensação de unidades de acetilCoA;

• Derivados da via ácido chiquímico e acetato.

57
Quadro 2.1: Principais vias de biossíntese dos metabólitos secundários

Fonte: Adaptado de Peres (2004), por Silva (2013).

Além destes três grandes grupos, os metabólitos secundários podem ser encontrados em
sua forma livre, recebendo o nome de agliconas, ou estarem ligados a uma ou mais
unidades de açúcar, formando os heterosídeos. Ainda existem polissacarídeos e ácidos
graxos, considerados de origem primária, mas que exercem funções importantes como
metabolitos secundários.

A química tenta agrupar os metabólitos secundários baseando-se na similaridade de suas


propriedades químicas e estruturais, dividindo-os em três classes abrangentes.

• Compostos nitrogenados: incluem-se nesta classe os alcaloides e pseudo


alcaloides;

• Compostos fenólicos: incluem-se as cromonas, xantonas, quinonas, lignanas,


neolignanas, cumarinas, flavonoides, taninos;

• Compostos isoprenoides: incluem-se: terpenos, saponinas, heterosídeos


cardiotônicos, esteroides, ácidos graxos, antocianinas, etc.

A biologia, a farmacologia e outras áreas afins trabalham em conjunto na busca de


informações que possam ser úteis para a correta utilização desses compostos, tanto para
o ambiente como para o homem. Sabe-se que os metabólitos secundários têm distribuição

58
e características químicas peculiares a determinadas espécies botânicas e que suas rotas
metabólicas não são gerais, sendo assim, suas concentrações são variáveis dentro de uma
mesma espécie, pois podem ser influenciadas por fatores hereditários, responsáveis não
só pelas interferências quantitativas, mas por grande parte qualitativa; fatores ontogênicos
que dizem respeito a etapas de desenvolvimento do vegetal e fatores ambientais como:
solo, clima, micro-organismos, alelopatia, dentre outros.

2.2.1 Alcaloides

Os alcaloides são um grupo heterogêneo de metabólitos secundários originados, em sua


maioria, de aminoácidos e possuem intensa atividade fisiológica para o vegetal,
constituindo importantes agentes terapêuticos para o homem.

Quimicamente os alcaloides são definidos como compostos orgânicos amínicos, contendo


um ou mais átomos de nitrogênio ligado ou não a um anel. Encontramos os alcaloides
verdadeiros, os protoalcaloides e os pseudoalcaloides.

A nomenclatura dos alcaloides tem várias origens. Por serem compostos amínicos,
convencionalmente, devem sempre terminar com o sufixo “Ina”. Alguns são chamados
pelo nome genérico da planta que os produz, como por exemplo a atropina, alcaloide
derivado da Atropa belladona, família Solanaceae. Outros, pelo nome específico, como
por exemplo a cocaína, alcaloide derivado do Erythroxolon coca, família
Erythroxylaceae. Ainda podem ser nomeados por suas atividades fisiológicas (ementina
e morfina) e pelo seu descobridor (piletierina).

A biossíntese dos alcaloides é representada por reações simples, tais como acoplamento
oxidativo, formação de base de Schiff e condensação de Mannich. São sintetizados no
retículo endoplasmático rugoso e transportados para sítios de armazenamentos diferentes
daqueles de síntese (vacúolos), podendo sofrer modificações químicas secundárias.

Os alcaloides podem ser encontrados em todas as partes dos vegetais, concentrados em


um ou mais órgãos (sementes, raízes, rizomas, cascas, folhas, fruto, flor), embora se
acumulem principalmente em quatro tipos de tecido: 1) tecido em crescimento ativo; 2)
células epidérmicas ou hipodérmicas; 3) feixes vasculares e 4) canais laticíferos. Estão
59
presentes em vacúolos e não aparecem em células jovens, até que a vascularização ocorra
(TAIZ et al., 2017) Segundo Martins (1995), a concentração destes compostos pode variar
desde 0,1% a 15% nas mais diversas espécies e épocas do ano.

Atualmente são conhecidas oitocentas espécies vegetais produtoras de alcaloides,


distribuídas em 77 famílias. Esses compostos representam cerca de 20% das substâncias
medicinais descritas, existindo predominantemente nas Angiospermas, mais
especificamente nas famílias Apocynaceae, Papaveraceae, Rubiaceae, Solanaceae,
Ranunculaceae e Berberidaceae; são específicos a determinadas famílias botânicas, como
por exemplo a hiosciamina em Solanaceae e colchicina em Liliaceae.

Aproximadamente 2000 alcaloides possuem estruturas químicas identificadas e suas


diversas funções refletem a variedade estrutural destes compostos. No vegetal podem
atuar como:

• Hormônios reguladores de crescimento;

• Mediadores do equilíbrio iônico celular devido ao seu caráter alcalino;

• Protetores contra raios UV, por serem, em sua maior parte, compostos com
núcleos aromáticos altamente absorventes da radiação;

• Protetores contra micro-organismos e vírus, devido a sua toxidez e sabor amargo.

No homem, os alcaloides atuam nos sistema nervoso central causando:

• Efeitos terapêuticos (calmante, sedativo, analgésico, anestésico e antitumoral)

• Efeitos psicotrópicos (estimulante, alucinógeno, hipnótico e sedativo)

Por serem complexos e derivados de rotas metabólicas variáveis, os alcaloides são


classificados de acordo com a estrutura química básica que os compõe, dividindo-se
em:

• Alcaloide indólicos

60
• Alcaloides quinolínicos

• Alcaloides isoquinolínicos

• Protoalcaloides

• Alcaloides piridínicos

• Alcaloides piperidínicos

• Alcaloides imidazólicos

• Alcaloides tropânicos

• Alcaloides purínicos

• Alcaloides pirrolidínicos

• Alcaloides de ergot ou argominas

Alcaloide indólicos

Os alcaloides indólicos são moléculas policíclicas complexas derivados do triptofano e


caracterizados por possuírem como estrutura básica o indol.

Exemplos de plantas que apresentam Alcaloides Indólicos: Vinca (Catharanthus roseus


L.); Noz-vômica (Strychnos nux-vomica L.).

Alcaloides Quinolínicos

São derivados do triptofano, caracterizados por possuírem como estrutura básica a


quinolina. São alcaloides encontrados exclusivamente na quina vermelha.
Terapeuticamente destacam-se a quinina, quinidina, cinchonina e cinchonidina,
específicos da Cinchona sp. E são indicados no tratamento da malária.

Exemplo de planta que apresenta Alcaloides Quinolínicos = Cinchona sp.. São


conhecidas mais de 06 espécies e híbridos da cinchona, também conhecida vulgarmente

61
como quina, quina-vermelha ou cinchona do Peru. São árvores nativas do Equador e Peru,
pertencentes à família Rubiaceae e introduzidas na Indonésia e na Índia.

Alcaloides Isoquinolínicos

Caracterizam por possuir uma estrutura básica a isoquinolina, derivada do triptofano.

Os alcaloides isoquinolinicos são subdivididos em cinco classes distintas:

• Morfinanos (alcaloides do ópio: codeína, morfina, heroína)

• Benzilisoquinolínicos (pavarerina, tubocurarina)

• Benzofenantridinicos (sanguinária)

• Fotoberberinas (Ementina)

• Ftalidesoquinolínicos (hidrastina)

Os mais importantes terapeuticamente são aqueles com núcleos morfinianos e


benzilisoquinolínicos.

Exemplo de plantas que apresentam Alcaloides isoquinolínicos:

Papaver somniferum L. Foram obtidos mais de trinta alcaloides da papoula, sendo que
terapeuticamente os mais importantes são: morfina (4 a 2,1%), codeína (0,8 a 2,5%);
papaverina (0,5 a 2,5%) e tebaina (0,5 a 2%). Esses se encontram no ópio (substância
obtida por incisão das cápsulas não amadurecidas da papoula), podendo atuar no sistema
nervoso central, funcionando como analgésicos, narcóticos e hipnóticos.

Morfina = é o mais importante derivado morfinano. A morfina e seus sais são


classificados morfologicamente como analgésicos narcóticos, sendo amplamente
empregados em casos terminais de câncer.

Codeína = alcaloide mais usado para fins terapêuticos. É obtida em quantidades


comerciais por meio da morfina. Sua ação é considerada igual à da morfina, entretanto é
menos tóxica e provoca dependência mais lenta.
62
Heroína = produzida por meio da morfina, sua ação é bem mais forte do que a da morfina.
Portanto, o desenvolvimento da dependência é extremamente rápido. Atualmente seu uso
medicinal foi suspenso.

Papaverina = importante alcaloide benzilisoquinolínico comercial. Ocorre em torno de


1% do teor de alcaloides do ópio ou pode ser produzido sinteticamente. A papaverina
sintética é usada como relaxante dos músculos lisos e principalmente para isquemia
cerebral e o miocárdio.

Sanguinária (Sanguinaria canadensis L.) Pertencente à família Papaveraceae, é uma


planta nativa da América do Norte. Possui, dentre outros alcaloides, a sanguinarina,
importante por suas propriedades expectorantes e eméticas. Seu extrato é empregado em
dentifrícios e enxaguatórios bucais para prevenção da placa dentária.

Ipapecuanha (Cephaelis ipecacuanha Brot.), pertencente à família Rubiaceae, é nativa do


Brasil. Chamada popularmente de ipeca, possui cerca de 2% em teor de alcaloides.
Também foi introduzida em outros países como a Colombia e a Nicarágua, onde alcançam
maiores teores de alcaloides (2,2% a 2,5%, respectivamente). Seu principal alcaloide
encontrado é a ementina, que lhe confere intensas propriedades eméticas.

Protoalcaloides

São compostos derivados da tirosina e fenilalanina e caracterizam-se por não possuírem


nitrogênio preso a um anel heterocíclico. Os protoalcaloides que mais se destacam são:
mescalina, efedrina, colchicina.

Exemplos de plantas que apresentam protoalcaloides:

- Cactus Peiote (Lophophora williamsii Lemaire/ Planta originária do norte do México e


sudoeste dos EUA pertencente à família Cactaceae. Contém um importante alcaloide, a
mescalina muito usada em cerimônias religiosas em tempos remotos.A mescalina é
responsável por várias perturbações mentais, alucinações, sendo o primeiro alucinógeno
reconhecido. Apresenta utilidade na psiquiatria experimental.

- Ephedra (Ephedra sinica Stapt.) pertence à família Gnetaceae, encontrada no sul da


63
China, Índia e no Paquistão. Possui o alcaloide efefrina sendo indicada para combater
estados hipotensivos, asma brônquica e congestão nasal.

- Cochicina (Colchicum autumnale L.), pertencente à família Liliaceae, é cultivada na


Inglaterra, centro e sul da Europa e no norte da Africa. A colchicina, seu principal
alcaloide é obtida de suas sementes e bulbos; trata-se de um protoalcaloide utilizado no
tratamento da gota, atuando como supressor, embora ainda não se conheçam os
verdadeiros mecanismos de atuação. Possui importante atividade antimitótica, podendo
dispersar tumores e por isso tem sido empregada experimentalmente no tratamento de
várias neoplasias.

Alcaloides Peridínicos

São compostos que possuem como estrutura básica a piridina. A biossíntese destes
alcaloides está relacionada com os aminoácidos precursores, lisina e ornitina, em plantas
produtoras de tabaco. Exemplo de planta que apresenta alcaloides piridínicos: Tabaco
(Nicotiana tabacum L.).

Alcaloides Piperidínicos

São compostos que possuem como estrutura básica a piperidina. Exemplo de planta que
apresenta alcaloides piperidinicos: Lobélia (Lobelia inflata L.) Trata-se de uma erva anual
da família Campanulaceae, nativa do leste e centro dos EUA. e do Canada. Produz cerca
de 14 alcaloides, dos quais o principal é a lobelina por suas propriedades eméticas.

Alcaloides Imidazólicos

São os alcaloides que possuem, como estrutura básica, o anel imidazólico. Exemplo de
planta que apresenta alcaloides imidazólicos: Jaborandi (Pilocarpus jaborandi Holmes).
Pertencente à família Rutaceae, nativo do Brasil possui como alcaloide principal a
pilocarpina, existente nos teores de 0,5% a 1% de alcaloides totais. A pilocarpina é obtida
das folhas do jaborandi, caracterizando-se por um líquido oleoso, embora seus sais
cristalizem facilmente. Atua diretamente nos receptores dos olhos, sendo importante
terapêutico para o tratamento de alguns tipos de glaucomas.

64
Alcaloides Purínicos

São compostos biossinteticamente derivados de bases pirimidínicas, detentora de funções


biológicas relacionadas com o metabolismo do nitrogênio. Apresentam atividades
farmacológicas relacionadas com o sistema nervoso central, sistema cardiovascular,
musculatura lisa, musculatura estriada e sobre a diurese. São muito utilizados em bebidas
alimentícias e estimulantes não alcoólicos, tais como café, guaraná, cola e chocolate.

Os principais alcaloides purínicos descritos são: cafeína, teofilina e a teobromina, com


distribuição nos gêneros Coffea (Rubiaceae), Cola e Theobroma (Malvaceae), Paulina
(Sapindaceae), Ilex (Aquifoliaceae) e Camellia (Theaceae).

Alcaloides tropânicos

Os alcaloides tropânicos são compostos que possuem como característica básica um


nitrogênio preso em uma estrutura chamada tropano.

São importantes por possuírem a propriedade de diminuir, inibir ou bloquear a resposta


colinérgica, o que clinicamente traduz-se no tratamento do mal de Parkinson, da úlcera
péctica e da hipermobilidade intestinal. Permitem a diminuição da secreção salivar,
brônquica, nasal e faringeana em procedimentos operatórios.

Os alcaloides derivados de tropina são encontrados em abundância em 85 gêneros da


família Solanaceae. Entre os principais alcaloides tropânicos podemos citar a
hisosciamina (conhecido como atropina), escopolamina (tropânico também chamado de
hisoscina. Abundante em Datura sp.) e cocaína (composto extraído das folhas de
Erythroxylum coca Lamarck -Erythroxilaceae).

Exemplo de planta que apresenta alcaloide tropânico: Beladona (Atropa beladona L.).

Alcaloides de Ergot ou ergolinas

São importantes compostos terapêuticos produzidos pelos fungos do gênero Claviceps,


que infectam o centeio e algumas gramíneas selvagens. Podem ser divididos em dois
grupos: a) alcaloides clavina e b) alcaloides peptídicos.

65
As ergolinas também são encontradas nas sementes de espécies do gênero Rivea e
Ipomoea e são altamente alucinógenas.

Quadro 2.2: Síntese dos alcaloides e seus metabólitos secundários

Alcaloides indólicos Ergometrina, ergotamina, ergotoxina da cravagem de cereais.

Alcaloides quinolínicos Caule folhoso da arruda comum (Ruta graveolens).

Alcaloides isoquinolínicos Morfina, etilmorifina, codeína e papaverina contidas no ópio


da dormideira ou papoula dormideira (Papaver somniferum).

Protoalcaloides Mescalina (Lophophora williamsii), edefrina (Ephedra sinica


Stapt), colchicina (Colchicum autumnale L)

Alcaloides piridínicos e Ricina do rícino (Ricinus communis). Trigonelina do feno-


piperidínicos grego, conina (veneno violento) da cicuta (Conium
maculatum).

Alcaloides imidazólicos Pilocarpina (Pilocarpus jaborandi).

Alcaloides tropânicos Escopolamina e atropina da beladona (Atropa belladonna).

Alcaloides purínicos Cafeína, teofilina e a teobromina, Coffea, Cola, Theobroma;


Paulina, Ilex e Camellia.

Alcaloides pirrolidínicos Hisosciamina, escopolamina, cocaína e atropina. Em 85


gêneros da família Solanaceae.

Alcaloides de ergot ou argominas


Alcaloides clavina e alcaloides peptídicos. Centeio e
gramíneas selvagens. Sementes de Ipomoea e Rivea.

66
Fonte: autor

Figura 2.1: Algumas plantas que apresentam


alcalides. A = Theobroma cacao (Cacau); B =
Nicotiana tabacum (Tabaco); C e D = Ipomoea;
E= Coffea arabica (Café); F = Datur

Fonte: João Carlos Nordi

2.2.2 Compostos fenólicos

Os compostos fenólicos representam um grande número de produtos naturais originados

67
dos derivados dos aminoácidos tirosina e fenilalanina ou da condensação destes com
derivados de acetato. Caracterizam-se por possuírem hidroxilas ligadas a um ou mais
grupos fenílicos.

De modo geral, os compostos fenólicos encontrados em plantas superiores podem ser


sintetizados por duas possíveis rotas principais: uma derivada do ácido chiquímico e outra
do ácido mevalônico. Uma terceira rota ocorre partindo de alguns metabólitos
pertencentes às duas rotas citadas (TAIZ et al., 2017).

São biologicamente responsáveis pelo odor, sabor e cor de vários vegetais. Suas funções
são inúmeras, refletindo a diversidade estrutural desta classe, tais como: interações entre
animais e vegetais, aromatizantes, bactericidas, fungicidas. São amplamente empregados
na fabricação de resinas, corantes, explosivos, remédios, etc.

Podemos classificar os compostos fenólicos em:

• Ácidos Fenólicos simples

• Compostos Fenilpropenoides

• Cumarinas

• Cromonas

• Xantona

• Compostos Lignoides

• Quinonas

• Flavonoides

• Taninos

Ácidos Fenólicos simples: são compostos encontrados nos vegetais, tanto na forma
livre, como na forma de heterosídeos ou ésteres fenólicos, prevalecendo as últimas.
Podem ser divididos em derivados do ácido benzoico e derivados do ácido cinâmico.
68
Derivados do Ácido benzoico

Os principais ácidos benzoicos estão distribuídos largamente nas angiospermas e


gimnospermas. Podemos citar o ácido p-hidroxi-benzoico, ácido salicílico, ácido vanílico
e ácido gálico. O ácido gálico livre quase não é encontrado na natureza e sim o ácido
elágico. Ambos contribuem para a formação de taninos hidrossolúveis (galotaninos e
elagitaninos).

Derivados do ácido cinâmico

Os mais importantes e largamente encontrados nos vegetais são: ácido p-cumárico, ácido
cafeico, ácido ferúlico e ácido sinápico.

Os ésteres derivados de ácidos benzoicos são pouco conhecidos, entretanto, ésteres


derivados de ácido p-cumárico são amplamente distribuídos e explorados no reino
vegetal. Podem-se citar ésteres do tipo rosmarínico encontrados principalmente na família
Lamiaceae, e heterosídeos do tipo cinarínicos na família Asteraceae.

Exemplos de plantas que apresentam Compostos fenólicos simples: Alcachofra (Cynara


scolymus L.); Cápsico (Caspsicum spp.)

Planta pertente à família Solanaceae, conhecida popularmente como páprica, pimenta-


vermelha ou pimenta-quente. Seus frutos possuem capsinoides (em torno de 1%), que são
compostos caracterizados por conterem amidas da vanilamina e ácidos graxos. O mais
importante capsinoide deste gênero é a capsaicina. Este composto é muito usado em
temperos e estimula a secreção do trato gastrointestinal.

Compostos Fenilpropenoides: juntamente com os terpenoides, formam as


principais substâncias encontradas nos óleos voláteis conhecidos como óleos essenciais.
Dentre esses compostos, podemos citar anetol, safrol, miriscitina. Essa classe de
compostos fenólicos é abundante. Estudos realizados avaliando as interações inseto-
planta e planta-inseto indicam sua participação na defesa natural do vegetal. Exemplos de
plantas que apresentam fenilpropanoides: Canela (Cinnammum zeylanicum Ness), Cravo-
da-Índia (Eugenia caryophyllata Thumberg)

69
Cumarinas: encontram-se predominantemente nas angiospermas e localizam-se em
todas as partes do vegetal. Dentre as famílias mais citadas estão Apiacae, Asteraceaee,
Fabaceae, Rutaceae, Oleaceae, Moraceae e Thymelaeaceae.

As cumarinas possuem atividades vasodilatadoras, espasmolíticas e antitrômbicas.


Algumas, como as furanocumarinas, são indicadas como antibacterianas e para o
tratamento de doenças de pele. Entretanto, também podem atuar como agentes causadores
de fitofotodermatites, reação epidérmica decorrida de contato direto com o vegetal.
Outras, pertencentes ao grupo dos calanolídeos, apresentaram participação na atividade
anti-HIV, provavelmente por inibição enzimática. Em plantas superiores, algumas
cumarinas simples desempenham importante função bioquímica, atuando como
mensageiros químicos em infecções nos patógenos ou ferimentos.

Exemplos de plantas que apresentam Cumarianas: Trevo (Melliotus officinalis Lam.),


Citrus (Citrus aurantium L.).

Cromonas: representam um número muito restrito de metabólitos secundários. As


cromonas mais conhecidas são as furanocromonas, por possuírem ação vasodilatadora e
broncodilatadora. Exemplo de plantas que apresentam cromonas. Ex: Amio (Ammi
visnaga L.)

Xantonas: distribuem-se em abundância no reino vegetal, principalmente na família


Clusiaceae e Gentianaceae. O fato de as xantonas se distribuírem distintamente em
determinadas famílias e a sua coloração típica tornam-nas importantes marcadores
taxonômicos.

Compostos Lignoides (Lignanas, Neolignanas): as lignanas e neolignanas são


representadas nas angiospermas e nas gimnospermas, respectivamente. São compostos
com comprovada ação biológica, participando da defesa do vegetal como agentes
antimicrobianos, antifúngicos e insetífugos. Suas principais propriedades medicinas são
antitumorais e antivirais. Entretanto, o vasto número de compostos lignoides já
explorados exibiu outras propriedades como anti-hepatotóxica, anti-HIV, antialérgica,
antineoplástica e anti-inflamatória.

70
Exemplo de planta que apresentam compostos lignoides. Guaiaco (Guaiacum officinale
L.)

Quinonas: são compostos muito explorados como fontes de corantes naturais e


agentes de controle biológico, por apresentarem várias atividades relacionadas com
interação planta-ambiente. De acordo com critérios de similaridade estrutural, as
quinonas são classificadas em três grandes classes: benzoquinonas, naftoquinonas e
antraquinonas.

As benzoquinonas são raras, tendendo a existir na forma hidroquinona. A plastoquinona


e ubiquinona são exemplos de hidroquinonas com importantes funções na fotossíntese.
Encontradas nas famílias Myrsinaceae, Boraginaceae, Iridaceae e Primulaceae. As
naftoquinonas encontradas nas famílias Bignoniace, Boraginaceae, Juglandaceae,
Plumbaginaceae, Droseraceae, Lytraceae e Ebenaceae são muito exploradas pelas
indústrias de corantes. E as antraquinonas, consideradas a maior classe e de maior
importância medicinal. Possuem atividade como laxante e são encontradas nas famílias
Fabaceae-Caesalpinioideae; Polygonaceae, Liliaceae, Rubiaceae, Rhamnaceae,
Verbenaceae e Asphodelaceae.

Exemplo de plantas que apresentam Quinonas: Babosa (Aloe vera L.); Cáscara-sagrada
(Rhamnus purshianus de Candolle).

Flavonoides: constituem um grupo de pigmentos vegetais de ampla distribuição na


natureza e sua presença nos vegetais pode estar relacionada com funções de defesa e de
atração de polinizadores (SIMÕES et al., 2010). Diversas funções são atribuídas aos
flavonoides nas plantas. São importantes agentes de defesa contra insetos e
microrganismos fitopatogênicos, como vírus, bactérias e fungos, atuando como
defensores naturais das plantas na forma de resposta química à invasão de patógenos
(ZUANAZZI, 2000; YAO-LAN et al., 2002), além de proteger os vegetais contra
incidências de raios ultravioletas e atrair animais com finalidade de polinização (SIMÕES
et al., 2010).

Podemos classificar os Flavonoides em Flavonas; Flavonóis; Antocianinas e


Isoflavonoides.
71
• Flavonas

Normalmente as flavonas não contribuem diretamente para a coloração das flores


de angiospermas, mas podem agir como co-pigmentos, intensificando a cor das
chalconas e auronas (Flavonoides). As mais importante encontradas nos vegetais
são a apigenina e luteolina.

• Flavonóis

Os mais importantes encontrados nos vegetais são: canferol, quercetina, mircetina


e galangina. Normalmente os flavonóis e as flavonas absorvem luz em
comprimento de onda menores, invisíveis aos olhos humanos, mais visíveis a
insetos (abelhas), atuando como agentes atrativos, Há indícios de que esses
compostos também protegem as células da exposição excessiva ao UV.

• Antocianinas

São amplamente distribuídos nos vegetais, responsáveis pelas cores laranja, rosa,
vermelha, violeta e azul presentes em flores e frutos. Possuem a mesma função
das flavonas e flavonóis, ou seja, são considerados agentes importantes da
polinização e dispersão de sementes, devido ao seu poder atraente. As
antocianinas que mais se destacam são: Cianidina e Mavidina.

• Isoflavonoides

São compostos restritos à família Fabaceae. Suas funções mais importantes


envolvem atividades antiestrogênica (provoca infertilidade em mamíferos) das
isoflavonas e cumestanos; antifúngicas e antibacteriana (fitoalexinas) dos
isoflavonoides e as propriedades inseticidas dos rotenoides.

Taninos: são compostos fenólicos, de sabor adstringente.

72
Quadro 2.3: Classe de compostos fenólicos

Esqueleto básico Classe de compostos fenólicos Exemplos

C6 Fenólicos simples, Catecol


benzoquinonas
C6-C1 Ácidos fenólicos Ác. p-
hidroxibenzoico
(C6-C1)n Taninos hidrolisáveis Castalgina
C6-C2 Acetogeninas Ác. 2-
hidroxifenilacético
C6-C3 Compostos fenilpropanoides: Ácido cafeico 6,7-
-Derivados de ácido dimetoxicumarina
cinâmico/fenilpropenos Eugenina
-Cumarinas
-Cromonas
(C6-C3)2 Lignanas Piroresinol
(C6-C3)n Ligninas Ligninas
C6-C4 Naftoquinonas Juglona
C6-C1-C6 Xantonas Mangiferina
C6-C2-C6 Antraquinonas Emodina
C6-C3-C6 Flavonoides Scoparina
Isoflavonoides Genistina
(C6-C3-C6)2 Diflavonoides Amentoflavona
(C6-C3-C6)n Taninos condensados Catequina
Fonte: Goodwin; Mercer (1990)

2.2.3 Compostos terpenoides

Os compostos terpenoides, assim como os demais metabólitos secundários, são


originados de rotas alternativas do metabolismo primário, em resposta à adaptação do
organismo ao meio em que vive. São encontrados em abundância em plantas superiores,
sendo conhecidos aproximadamente 20.000 terpenoides isolados e caracterizados.
Atribuem-se a estes compostos funções de defesa contra herbívoros, de hormônios de
sinalização, de agentes de atração e fitoalexinas, entre outros.

Biossinteticamente, são derivados do acetato, via ácido mevalônico que ao sofrer uma
série de reações químicas leva à formação de todos os compostos terpenoides.

São classificados de acordo com o número de unidades isoprênicas que possuem. Assim

73
os compostos terpenoides são divididos em 5 classes principais:

• Monoterpenos (2 isoprenos – 10C)

• Sesquiterpenos (3 isoprenos – 15C)

• Diterpenos (4 isoprenos – 20C)

• Triterpenos (5 isoprenos – 30C)

• Tetraterpeno (8 isoprenos – 40C)

MONOTERPENOIDES

Os óleos essenciais apresentam 90% de monoterpênicos em sua constituição. Suas


propriedades biológicas são atribuídas principalmente a estes compostos. Quimicamente
são compostos voláteis, de baixo peso molecular e odor característico.

Os monoterpenos representam uma classe muito diversificada de compostos e são


classifcados de acordo com o tipo de estrutura que os constitui. Assim, as mais conhecidas
classes de monoterpenos são mircanos (presentes em frutos cítricos) e mentanos.

A deslocalização da dupla ligação e da carga promove reações subsequentes, que


terminam por formar os monoterpenos específicos, chamados de óleos etéreos, por
possuírem em sua grande maioria funções aldeidica cetônica, alcoólica e lactônica.

Os monoterpenos, por sua alta volatilidade, são extraídos com facilidade por
hidrodestilação ou arraste a vapor, e são identificados e quantificados por cromatografia
gasosa acoplada à espectometria de massa (CG/EM). Exemplo de planta que apresenta
monoterpenos é o Tomilho (Thymus vulgaris L.), conhecido vulgarmente como timo ou
tomilho, apresenta sabor picante e agradavelmente aromático. É uma erva rasteira,
pertencente à família Lamiaceae, que atinge cerca de 20 cm de altura e possui folhas
miúdas de um verde escuro fosco. Suas flores apresentam cores lilás ou púrpura e sua raiz
é fibrosa, firme e perfumada. Adapta-se muito bem em solos secos, até mesmo
74
pedregosos, não suportando umidade excessiva, preferindo locais de muito sol. A gama
de propriedades medicinais é variada, graças ao poder antisséptico e bactericida de seus
componentes; o timol e o carvacrol encontram-se presentes em 50% do óleo essencial. É
indicado para a circulação, nervos, alergia e para afecções do aparelho digestivo.

O Timol, encontrado também em óleo essencial de hortelã, ocorre como grandes cristais
incolores ou como pó cristalino branco. Apesar de ser um composto fenólico, é
considerado terpenoide, devido à via biossintética de que se origina. É responsável pelas
propriedades antifúngicas e antibacterianas das folhas e flores de tomilho e pela
aromatização de alimentos na indústria alimentícia.

A hortela (Mentha piperita L.) é uma planta herbácea pertencente à família Lamiaceae,
caracterizada por possuir folhas ovais, de coloração verde na face superior e
esbranquiçada na inferior. As flores são do tipo espigas, de cor violácea. Os óleos
essenciais extraídos das folhas são constituídos basicamente de mentol (30-50%) e
mentona (14-32%), muito utilizados como flavorizantes em indústrias alimentícias.
Atribuem-se-lhes propriedades antimicrobianas, carminativas e estimulantes do sistema
nervoso central.

SESQUITERPENOIDES

Os compostos sesquiterpenoides são compostos orgânicos encontrados nos óleos


essenciais em proporções bem menores do que aqueles dos monoterpenos, mas
correspondem ao maior grupo de terpenos conhecidos, não somente do ponto de vista do
número de compostos encontrados na natureza, mas também pelas possibilidades de
variação estrutural. Assemelham-se muito aos monoterpenos, tanto em propriedades
físico-quimicas, como em medicinais.

Atualmente já foram isolados mais de 2000 sesquiterpenos de plantas superiores e suas


estruturas são as mais variadas. São classificados de acordo com a estrutura básica da
qual se originam que, por sua vez, advém de isomerizações do farnesil-PP seguidas de
ciclizações, hidrólises, oxidações, etc. Assim, entre as classes mais conhecidas estão os
derivados de bisabolanos, zingiberanos, cariofilanos, azulenos (presentes principalmente
em óleos essenciais de camomila, conferindo coloração azul).
75
Exemplo de planta que apresenta Sesquiterpenos: Camomila (Matricaria chamomila
Blanco), planta herbácea anual pertencente à família Asteraceae, caracterizada por
possuir folhas divididas e penadas, flores brancas, frutos aquênios e caule ereto
ramificado e delicado. Suas flores constituem a parte mais utilizada para fins terapêuticos,
pois possuem propriedades calmantes, antirreumáticas, antiespasmódicas, anti-
inflamatórias, carminativas, digestivas, antissétpticas e sudoríficas. O óleo essencial de
flores de camomila possui como constituintes químicos majoritários, os sesquiterpenos
bisabolol, camazuleno e matricina, e é explorado comercialmente pelas indústrias
cosmética e alimentar.

DITERPENOIDES

Os diterpenos são compostos que possuem como principal atividade biológica a produção
de hormônios vegetais responsáveis pelo crescimento da planta – as giberelinas. Ainda
são citadas funções de proteção contra infecções e ataque de insetos na madeira de
coníferas –n ácido abiético.

TRITERPENOIDES

São compostos constituídos basicamente de trinta unidades de carbono (6 isoprenos). A


maioria possui em sua constituição hidroxilas que podem ser glicosiladas, produzindo os
heterosídeos cardiotônicos, importantes agentes terapêuticos para doenças
cardiovasculares e as saponinas.

As saponinas triterpenoides são distribuídas segundo a estrutura básica de que se


originam. Deste modo, existem três tipos de estruturas básicas: oleanos, ursanos e
lupanos. São predominantemente encontrados nas famílias Sapindaceae, Sapotaceae,
Primulaceae, Araliaceae e Polygaceae. Outros tipos raros encontrados foram friedelano,
teraxastano e hopano.

TETRATERPENOIDES

São constituídos de quarenta unidades de carbono (8 isoprenos), responsáveis pela


76
coloração de diversos organismos vivos. Em plantas superiores, o carotenoide mais
comum é o betacaroteno, que atua como agente fotoprotetor, pigmento fotossintético e
como componente das membranas. A incorporação de vegetais ricos em carotenoides na
dieta animal induz a formação de vitamina A, importante agente da visão.

Quadro 2.4: Classe de Compostos Terpenoides

COMPOSTOS TERPENOIDES
Função:
Defesa contra herbivoria, hormônios de sinalização, agentes de atração e fitoalexinas,
dentre outros

Classes Plantas Componentes


Monoterpenos Micranos = frutos Tomilho (Thymus Timol e Carvacrol
cítricos; vulgaris L.)
Mentanos = menta,
hortelã, etc Mentha piperita L. Timol, mentol e
mentona
Sesquiterpenos Bisabolanos, Camomila (Matricaria Bisabolol,
Zingiberanos, chamomilla Blanco) camazuleno e
Cariofilanos, matricina
Azulenos

Diterpenos Hormônios Plantas superiores em Giberelinas


vegetais geral

Triterpenos Oleanos, Sapindaceae, B-amirina, alfa-


Ursanos, Sapotaceae, amirina e lupeol
Lupan Primulaceae,
Araliaceae e Polygaceae
Tetraterpenos Carotenoides Plantas superiores em Beta caroteno
geral

Fonte: autor

77
Figura 2.2: Algumas plantas que apresentam terpernos. A= Mentha sp. (Hortelã); B =
Matricaria chamomilla (camomila); Thymus vulgaris (Tomilho).

Fonte: João Carlos Nordi

78
2.3 Fatores que influenciam no conteúdo de metabólitos
secundários

Desde o quarto século a.C. existem relatos de normas para a coleta de plantas medicinais.
Os carrascos gregos, por exemplo, coletavam suas amostras do veneno cicuta (Conium
maculatum) pela manhã, quando os níveis de coniina são maiores (ROBINSON, 1974;
FAIRBAIRN, 1961).

Variações temporais e espaciais no conteúdo total, bem como as proporções relativas de


metabólitos secundários em plantas, ocorrem em diferentes níveis (sazonais e diárias;
intraplanta, interespecífica e intraespecífica) e, apesar da existência de um controle
genético, a expressão pode sofrer modificações resultantes da interação de processos
bioquímicos, fisiológicos, ecológicos e evolutivos (LINDROTH, 1987; HARTMANN,
1996). De fato, os metabólitos secundários representam uma interface química entre as
plantas e o ambiente circundante, portanto, sua síntese é frequentemente afetada por
condições ambientais (KUTCHAN, 2001).

Muitas vezes, as variações podem ser decorrentes do desenvolvimento foliar e/ou


surgimento de novos órgãos concomitante a uma constância no conteúdo total de
metabólitos secundários. Isto pode levar à menor concentração destes metabólitos por
diluição, podendo, no entanto, resultar em maior quantidade total, devido ao aumento de
biomassa (SPRING et al., 1987; HENDRIKS et al., 1997).

Além disso, alguns dos fatores discutidos apresentam correlações entre si e não atuam
isoladamente, podendo influir em conjunto no metabolismo secundário, como por
exemplo no/nadesenvolvimento e sazonalidade; índice pluviométrico e sazonalidade;
temperatura e altitude, entre outros (GOBBO-NETO; LOPES, 2007).

Esses metabólitos não apresentam função aparente nos processos de crescimento e


desenvolvimento vegetal, porém podem atuar na defesa das plantas contra radiações,
predadores, patógenos e outros, além de serem utilizados como fungicidas, inseticidas e
medicamentos (TAIZ et al., 2017); como medicamentos são usados na prevenção e no

79
tratamento de várias doenças, desde os tempos antigos, em diversas populações de todo
o planeta.

A época em que uma droga é coletada é um dos fatores de maior importância, visto que
a quantidade e, às vezes, até mesmo a natureza dos constituintes ativos não é constante
durante o ano. São relatadas, por exemplo, variações sazonais no conteúdo de
praticamente todas as classes de metabólitos secundários, como óleos essenciais
(SCHWOL et al., 2004; PITAREVIC et al., 1984), lactonas sesquiterpênicas (ZIDORN;
STUPPNER, 2001; SCHMIDT et al., 1998), ácidos fenólicos (ZIDORN; STUPPNER,
2001; GRACE et al., 1998), flavonoides (BROOKS; FEENY, 2004; JALAL et al., 1982),
cumarinas (WILT; MILLER, 1992), saponinas (NDAMBA et al., 1994; KIM et al., 1981)
alcaloides (ROBINSON, 1974, ELGORASHI et al., 2002; ROCA-PÉREZ et al., 2004),
taninos (SALMINEN et al. 2001; FEENY; BOSTOCK, 1968), graxas epicuticulares
(FAINI et al., 1999), iridoides (MENKOVIC et al., 2000; HOGEDAL; MOLGAARD,
2000; BOWERS et al., 1992), glucosinolatos (AGERBIRK et al., 2001; RODMAN;
LOUDA, 1985) e glicosídeos cianogênicos (KAPLAN et al., 1983; COOPER-DRIVER
et al., 1977).

Figura 2.3: Fatores externos que influenciam no conteúdo dos


metabólitos secundários

Fonte: GOBBO-NETO; LOPES, 2007

80
Em estudos realizados com Salvia officinalis, nos quais se avaliou a influência da
sazonalidade no rendimento e na composição química do seu óleo essencial, Putievsky et
al. (1986) concluíram que o maior rendimento de óleo essencial foi obtido no primeiro
ano de cultivo, em corte realizado no verão. Com relação à composição do óleo essencial,
este apresentou maior teor de constituintes majoritários (tujona e cânfora), no segundo
ano de cultivo, em corte realizado na primavera.

Avaliando os efeitos da evolução sazonal na composição do óleo essencial de Virola


surinamensis, Lopes et al. (1997) concluíram que não houve variação no rendimento do
óleo essencial nas diferentes estações do ano e horários de coleta avaliados, porém a
proporção relativa dos seus componentes alterou significativamente.

Ao destilarem folhas de Eucalyptus citriodora Hk. durante um ano, a intervalos mensais,


Kapur et al. (1982) verificaram que a produção de óleo essencial foi mínima durante os
meses de inverno (junho e julho), aumentando gradualmente e permanecendo assim até
os meses de setembro, outubro e novembro, e alcançando o máximo de produção durante
os meses mais quentes (dezembro a fevereiro). Observaram que houve um pequeno
declínio nos meses de março e abril. O teor de citronela foi baixo em maio e junho, mas
permaneceu alto nos outros meses do ano.

Os relatos mais frequentes envolvem plantas e/ou metabólitos empregados na terapêutica.


Por exemplo: as folhas de Digitalis obscura apresentam as menores concentrações de
cardenolídeos, como o lanatosídeo-A, na primavera e uma fase de rápido acúmulo no
verão, seguida por uma fase de decréscimo no outono (ROCA-PÉREZ, 2004); as
concentrações de hipericina e pseudo-hipericina na erva de São João (Hypericum
perforatum, utilizada no tratamento de depressões leves a moderadas) aumentam de cerca
de 100 ppm no inverno para mais de 3000 ppm no verão (SOUTHWELL; BOURKE,
2001); nas folhas de Ginkgo biloba as concentrações de biflavonoides, como a ginkgetina,
constituinte ativo dos extratos utilizados para tratamento de desordens vasculares
periféricas e cerebrais, também apresentam marcantes variações sazonais (LOBSTEIN et
al., 1991).

Não há consenso na literatura em relação aos metabólitos encontrados em algumas

81
plantas, como na determinação da sazonalidade de taxoides, tendo como alvo principal o
paclitaxel com alterações no decorrer do ano na concentração destes compostos em Taxus
brevifolia e T. baccata, não sendo possível determinar um padrão de variação, devido a
resultados conflitantes na literatura (HOOK et al., 1999; WHEELER et al., 1992).

Resultados contrastantes também foram encontrados nos estudos envolvendo as


antraquinonas de Aloe arborescens (BEPPU et al., 2004; PARK et al., 1998).

Existem, também, cada vez mais estudos mostrando que a composição de metabólitos
secundários de uma planta podem variar apreciavelmente durante o ciclo dia/noite, tendo
sido descritas, por exemplo, variações circadianas nas concentrações de óleos voláteis
(ANGELOPLOU et al., 2002; LOPES et al., 1997; SILVA et al.,1999; LOUGHRIN,
1990), iridoides (HOGEDAL; MOLGAARD, 2000); alcaloides (ROBINSON, 1974;
FAIRBAIRN; SUWAL, 1961; ITENOV; MOLGAARD, 1999; SPORER et al. 1993),
glucosinolatos (ROSA et al., 1994), glicosídeos cianogênicos e tiocianatos (OKOLIE;
OBASI, 1993). Foi notada, por exemplo, uma variação de mais de 80% na concentração
de eugenol no óleo essencial da alfavaca (Ocimum gratissimum), o qual atinge um
máximo em torno do meio-dia, horário em que é responsável por 98% do óleo essencial,
em contraste com uma concentração de 11% em torno de 17h56.

O uso indiscriminado de plantas medicinais pode não ser benéfico para o homem devido
à possibilidade de muitos metabólitos secundários serem tóxicos, com efeitos
mutagênicos (VICENTINI et al., 2001).

2.4 Síntese da Unidade

Nesta Unidade aprendemos que as plantas apresentam desvios de rotas metabólicas,


formando compostos provenientes do metabolismo secundário. Vimos quais são esses
compostos e a sua complexidade bioquímica em função da espécie vegetal, e de fatores

82
externos e internos que afetam a concentração desses compostos por indivíduos de uma
mesma espécie quando submetidos a essas variações.

83
Unidade 3

Plantas Medicinais

3.1 Histórico da utilização de plantas medicinais

Pode-se definir planta medicinal como sendo toda espécie vegetal que apresente um valor
de caráter terapêutico para uma determinada comunidade, possuindo propriedade real ou
imaginária, empregada por qualquer via ou forma na prevenção, tratamento e cura de
distúrbios, disfunções ou doenças do homem e animais (AMOROSO; GELY, 1988;
LOPES et al., 2005).

A origem do conhecimento do homem sobre as propriedades das plantas confunde-se com


sua própria história. Por meio de experiências e observações, na base da tentativa e erro,
ao longo de muitas gerações, o homem percebeu que as plantas poderiam provocar
reações benéficas no organismo, capazes de resultar na recuperação da saúde. Percebeu,
também, que, além das plantas benéficas, existiam aquelas nocivas à saúde, capazes de
matar e de produzir alucinações.

Ainda não está muito claro o início da descoberta das propriedades vegetais, já que são
conhecimentos de origem muito remota (CARRARA, 1995). Descobertas arqueológicas
mostram o uso de pelo menos oito espécies de plantas de provado valor medicinal pelo
Homem de Neanderthal (como a altéia – Althaea officinalis) há mais de 60 mil anos, no
local onde é o Iraque hoje. Análise de tártaro extraído de neandertais mostra que essa
espécie humana sabia do poder terapêutico de plantas medicinais.

No decorrer da evolução humana surgiram novas terapias. Até o século XIX os


medicamentos utilizados eram a base de plantas e foi somente em meados do século XX,
com o fortalecimento da indústria farmacêutica, que as ervas foram substituídas pelas

84
drogas da alopatia através do multimilionário marketing feito pelos grandes laboratórios.
A utilização destes remédios químicos vem sempre associada a um grande potencial de
efeitos deletérios à saúde.

No processo histórico das plantas medicinais, muitas civilizações descreveram a


utilização de vegetais como forma de medicamento em seus registros e manuscritos.
Vamos fazer um breve relato histórico sobre alguns registros do uso de plantas medicinais
por algumas civilizações.

Os sumérios, próximo ao terceiro milênio a.C., detinham conhecimentos que foram


repassados para a humanidade através de escrita cuneiforme, em placas de argila. Já
utilizavam o tomilho (Thymus vulgaris), o ópio (Papaver somniferum), o alcaçuz
(Glycyrrhiza glabra), a mostarda (Brassica sp.) e o elemento químico enxofre. Dessas
placas, várias receitas foram traduzidas como o uso da beladona, fonte de atropina; do
cânhamo da Índia chamado Quinabu, a Cannabis sativa L. indicada para dores em geral,
bronquite e insônia.

Os babilônios utilizavam, além dessas substâncias medicinais, o açafrão (Crocus sativus),


o coentro (Coriandrum sativum), a canela (Cinnamomum zeylanicum), o alho (Allium
sativum), as folhas de sene (Senna alexandrina), e as resinas de benjoim (Styrax benzoin).

É procedente do Antigo Egito um dos primeiros textos médicos, o Papiro de Ebers, do


egiptólogo alemão Georg Ebers, adquirido em 1827, de um cidadão árabe. Escrito
provavelmente no século XVI a.C., contém cerca de 800 receitas e faz referências a 700
drogas, incluindo, dentre outras: babosa (Aloe vera), absinto (Artemisia absinthium),
hortelã (Mentha sp.), meimendro (Hyoscyamus niger), mirra (Commiphora myrrha),
cânhamo (Cannabis sativa), óleo de rícino (Ricinus communis), mandrágora
(Mandragora officinalis), Olíbano (Boswellia carterii), sândalo (Santalum album),
papoula (Papaver somniferum).

Os antigos egípcios, no ano de 2300 a.C. desenvolveram a arte de embalsamar os


cadáveres para evitar a deterioração. Usavam gordura animal, óleos de plantas, cera de
abelha, e resinas. A presença dos óleos vegetais e, em menor quantidade, das gorduras
animais, sugere que se tratavam de ingredientes fundamentais para o processo. Os
85
embalsamadores misturavam ingredientes baratos e abundantes com o exótico junípero e
óleos de cedro importados do Oriente Médio. Com o passar do tempo iam modificando
seus procedimentos e selecionando os produtos com as melhores propriedades
antibacterianas.

Muitas drogas usadas no Egito vinham de outras regiões. Naquela época, o comércio de
drogas vegetais era intenso. Novas drogas como cinamomo, pimenta da Malásia,
gengibre, romã, cálamo aromático e os aloés da ilha de Socotra (Ilha do Oceano Índico
localizada ao sul da Arábia, atualmente protetorado da República do Iêmen) chegaram ao
Egito e ao Mediterrâneo. Outras plantas vieram de Creta para o Egito.

Pode-se afirmar que 2.000 anos antes do aparecimento dos primeiros médicos gregos, já
existia uma medicina egípcia organizada e que Imhotep (2980 a 2900 a.C.) é considerado
o primeiro médico da história antiga (OSLER, 2004), embora dois outros médicos, Hesy-
Ra e Merit-Ptah, tenham sido contemporâneos seus.

Sabe-se que desde 2300 a.C., egípcios, assírios e hebreus cultivavam diversas ervas e
traziam tantas outras de suas expedições. Nesses tempos, as plantas eram muitas vezes
escolhidas por seu cheiro, pois acreditavam que certos aromas afugentavam os espíritos
das enfermidades. Essa crença continuou até a Idade Média; os médicos usavam no nariz
um aparelho para perfumar o ar que respiravam.

Por volta de 1.500 a. C., a base da medicina hindu já estava revelada em dois textos
sagrados: Veda (Aprendizado) e Ayurveda (Aprendizado de Longa Vida). A Índia,
provavelmente, comercializava drogas vegetais desde 2500 a.C., sendo seu maior legado
citado na tradição dos sábios “Váidia”, no império do Vale do rio Indo, a Noroeste da
Índia, onde hoje é o Paquistão. Os primeiros tratados médicos de grande importância são
de aproximadamente 500 a.C., o Taxaraca-Samhita e Susruta-Samhita, prováveis
precursores do sistema UNANI de medicina árabe. Estes sistemas terapêuticos são
certamente a origem inspiradora da medicina hipocrática grega, conhecida como a mãe
da medicina ocidental. Os antigos médicos hindus conheciam uma droga poderosa devido
à forma semilunar de seus frutos, usados contra cefaleia e angústia. Eram chamados de
“remédio para homens tristes”. Essa droga posteriormente conquistou o mercado

86
farmacêutico mundial nos meados do século XX como hipotensora e calmante, a
Rauwolfia serpentina L., fonte de reserpina.

O registro mais antigo de todos é o Pen Ts’ao, de 2.800 a.C., escrito pelo herborista chinês
Shen Numg, que descreve o uso de centenas de plantas medicinais na cura de várias
moléstias. Existem registros de que no ano 5.000 a.C. os chineses já possuíam listagens
de drogas derivadas das plantas. O chinês Sheu-ing, no ano 3.000 a.C. dedicava-se ao
cultivo de plantas medicinais. O “Hipócrates chinês”, o imperados Cho-Chin-Kei, possuía
a obra mais destacada na farmacognosia da China Antiga. Nessa obra, o autor destaca a
cura de todos os males pela raiz de ginseng e cita as ações terapêuticas do ruibarbo, do
acônito e da cânfora (MARTINS et al., 1985).

Na Grécia, Pedacius Dioscórides escreveu a obra que foi posteriormente traduzida para o
Latim por humanistas do século XV, chamada de Matéria Médica que durante o período
greco-romano e na Idade Média foi considerada a bíblia de médicos e farmacêuticos.
Dioscórides descreveu origem, características e usos em terapêutica de mais de 500
drogas vegetais, aproximadamente 100 drogas de origem animal e outras tantas de origem
mineral. Acredita-se que a matéria-médica, transformada em disciplina didática, deu
origem à moderna Farmacognosia.

Na Grécia, em 800 a.C., o poeta Homero, na Odisseia, narra que Helena servia a
Telêmaco quando esse se sentia triste pela lembrança de Ulisses “uma poção de
esquecimento retirada da seiva da dormideira”.

Na antiguidade, na Grécia e em Roma, de Hipócrates a Galeno, a Medicina sempre esteve


estreitamente dependente da Botânica, persistindo nessa situação até o século XVII.
Aliás, é impossível determinar em que grau a Botânica impulsionou o progresso da
Medicina e da Ciência de um modo geral (MATOS, 1987).

Após a queda do Império Romano, a Europa atravessou um longo período de


obscurantismo científico entre os séculos V e XV, a chamada Idade Média.

Na Idade Média, os estudos dos alquimistas, na elaboração dos elixires da longa vida, e a
busca de plantas com propriedades miraculosas e afrodisíacas não deixaram de oferecer

87
base empírica, o embrião de futuras Ciências, como a referida Botânica, a Química e
também a Medicina. No entanto, esse progresso convivia com ideias confusas, tanto que
Paracelso (1493-1541) - um dos principais responsáveis pelo avanço da terapêutica –
defendia a teoria da “assinatura dos corpos”, segundo a qual as plantas e os animais
haviam recebidos, ao serem criados, uma ”impressão divina” que indicava suas virtudes
curativas. Assim, o sapo, devido à repugnância que inspirava, era tido como remédio
contra a peste, a mais repugnante das moléstias ou a raiz antropomorfa e bifurcada da
mandrágora, lembrando duas pernas, contribuiu muito para a sua fama de planta mística
e afrodisíaca. Muitas drogas, novas para a época, foram introduzidas na terapêutica
europeia: canela, limão, noz-moscada, sene, tamarindo e cânfora são algumas das mais
importantes.

Ao lado da crendice, porém, observa-se, em muitos casos, o pleno acerto da medicina


popular. Muitos medicamentos originaram-se desse uso empírico, fruto de um longo
processo de descobertas por tentativas, como, por exemplo, os digitálicos, drogas
derivadas da dedaleira (Digitalis purpurea L. e D. lanata L.), com a poderosa ação
específica sobre o músculo cardíaco. Seus princípios ativos, os glicosídios cardiotônicos,
são hoje armas obrigatórias no tratamento de certas doenças do coração (MORS, 1892).

Existem registros de que os índios mexicanos de mil anos atrás utilizavam o cacto peiote
(Lophophora williamsii) em machucados e ferimentos; foram comprovadas recentemente
as suas propriedades antibióticas.

Os primeiros imigrantes trouxeram para as Américas mudas e sementes de ervas


preferidas, como o confrei (Symplytum officinale L.), a aquiléia (Achillea millefolium L.)
e a camomila (Matricaria recutita L.), que logo floresceram juntas às ervas nativas.
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, encontraram índios que usavam urucum
(Bixa orellana L.) para pintar e proteger o corpo das picadas de insetos e também para
tingir seus objetos cerâmicos.

No Brasil, as primeiras referências sobre as plantas medicinais são atribuídas ao padre


José de Anchieta e a outros jesuítas que aqui viveram durante os tempos coloniais. Eles
formularam receitas chamadas “Boticas dos colégios”, à base de plantas para o tratamento

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de doenças. Várias populações indígenas faziam uso significativo dessas plantas e,
mesmo com o processo de extinção desses povos, eles passaram muitas informações
acerca do uso das plantas para fins medicinais que certamente foram transmitidas aos
imigrantes europeus e aos escravos africanos. Um exemplo é a ipeca cuanha (Psychotria
ipecacuanha (Brot.) Stokes). O interesse por essa planta surgiu da observação de animal
que procurava sua raiz para se livrar das cólicas e diarreias. A partir dessa observação, os
índios começaram a usar a planta contra disenteria amebiana, sendo reconhecida hoje pela
farmacopeia. Além disso, a utilização das plantas pelos negros, durante cem anos no
movimento dos quilombos, concorreu fortemente para o estabelecimento de uma rica
medicina popular.

Com a vinda dos africanos para o Brasil, após três séculos de tráfico escravo, muitas
foram as espécies vegetais trazidas, substituídas por outras de morfologia externa
semelhante, enquanto algumas foram levadas daqui para o continente africano. No
processo histórico brasileiro, os negros realizaram um duplo trabalho: transplantaram um
sistema de classificação botânica da África e introjetaram as plantas nativas do Brasil na
sua cultura, através de seu efeito médico simbólico. Sendo assim, ao incorporarem-se ao
novo habitat e às novas condições sociais, algumas plantas indispensáveis aos rituais de
saúde foram substituídas. Entre as plantas trazidas para o Brasil e que aqui mantêm seus
nomes em Yorubá citam-se: obí (Cola acuminata Schott e Endl.), da família Malvaceae;
orobô (Garcinia cola Heckel), família Clusiaceae; fava de Aridam (Tetrapleura
tetraptera Paub), família Fabaceae; e akôkô (Newbouldia leavis Seem), família
Bignoniaceae.

Após a abolição, o chamado refluxo migratório, de africanos e seus descendentes, levaram


para a África milho, guiné, pinhão branco, batata doce, fumo e algumas espécies de
Annona (pinha, fruta de conde, graviola). Espécies africanas como mamona, dendê,
quiabo, inhames, tamarineiro e jaqueira, bem adaptadas, tornaram-se aqui espontâneas.
Em 1942, na primeira edição de Brancos e Pretos na Bahia, Pierson já registrava a perda
do “mundo mental africano” pelos seus descendentes e a crescente assimilação dos
padrões culturais europeus. Este registro foi facilmente justificado pela escolarização e
outros meios de difusão de cultura europeia dominante, afastando-se das crenças e

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práticas de seus antepassados.

Essa aculturação (bilateral) pode ser também observada na medicina tradicional


brasileira, principalmente na Bahia, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Maranhão.
Na região metropolitana do Rio de Janeiro e de Salvador, observou-se um intenso
consumo de espécies vegetais através dos terreiros de religião afro-brasileira. Nestes, os
Babalorixás e Yalorixás (sacerdotes), portadores de conhecimento etnomédico
respeitável, prescrevem o uso de folhas, raízes, sementes e cascas para fins medicinais,
banhos, ebós e outros propósitos ritualísticos. Essas plantas são geralmente obtidas nas
barracas de mercados populares e de vendedores ambulantes, denominados “erveiros de
rua”. Pode-se dizer, portanto, que o uso popular de plantas medicinais nessas condições,
constitui um complexo sistema de saúde não oficial em que participam “erveiros”, centros
religiosos e comunidade. Durante muitos anos, esse sistema paralelo de terapêutica foi
duramente criticado pela sociedade e até mesmo alvo de perseguição policial.

Em nosso século, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, com a descoberta dos
antibióticos e o incremento cada vez maior de remédios à base de drogas sintéticas, houve
um relativo abandono e inclusive certo cepticismo a respeito das drogas naturais.

3.2 Formas de aplicação e preparo

O êxito na cura pelas plantas depende de seu uso prolongado e persistente. Geralmente,
quando o paciente apresenta sinais de melhora, abandona o tratamento antes de alcançar
uma cura total. Por isso repetimos que o segredo da cura reside no uso perseverante e
prolongado das plantas medicinais.

Exceto as plantas venenosas ou tóxicas, as plantas medicinais nutrem o corpo, purificam


o sangue e preparam o organismo para resistir contra uma determinada doença,
fortalecendo o sistema imunológico. Todos nós deveríamos conhecer, saber preparar e
utilizar as plantas medicinais da nossa rica e variada flora medicinal.

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PROCEDIMENTOS QUANDO DA COLHEITA DAS ERVAS MEDICINAIS

• As plantas medicinais devem ser colhidas quanto não estão molhadas de orvalho;

• A secagem deve ser feita à sombra, evitando a perda de substâncias que se


evaporam quando expostas ao sol;

• As raízes devem ser lavadas e picadas antes de serem postas a secar;

• Depois de secas devem ser retiradas as partes estragadas;

• Folhas, flores, talos e raízes picados devem ser colocados em caixas identificadas
e guardadas em um local seco;

• De vez em quando é bom tornar a examiná-las e ver se está apanhando umidade,


caso em que é necessário secá-las novamente. As que estiverem a mofadas devem
ser descartadas, pois já não servem para fins curativos.

Deste modo, podemos ter em casa uma farmácia natural.

Dentre os modos de aplicação e preparo das ervas medicinais, podemos citar: chás, sucos,
saladas, sopas e cozidos, banhos, cataplasmas, gargarejos, inalações, lavagens, unguentos
(pomadas), óleo medicinal, garrafada, pó, sabão, tintura, vapor e xarope.

CHÁS

Não só para fins medicinais se usam os chás, senão também como bebida quente ou fria,
em substituição ao chá preto e ao chá mate. Como as raízes, caules e casca requerem, para
cozinhar, mais tempo que as flores, folhas e partes tenras, recomendamos que estas sejam
guardadas em separado. Pelo mesmo motivo, o preparo do chá também deve ser feito em
separado, isto é, flores e folhas não se cozinham juntamente com caules, raízes e cascas,
assim como não se cozinha o arroz junto com o feijão.

A Dose regular diária para os chás é de 20 gramas de erva para um litro de água. Tomam-
se 4 a 5 xícaras por dia. Esta quantidade é para adultos. Para jovens de 10 a 15 anos, 03 a
04 xícaras; crianças de 2 a 5 anos, 01 a 02 xícaras.
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Para as folhas secas, que são bem mais leves, a dose deve ser reduzida para a metade, ou
seja, em vez de 20 gramas de erva seca para um litro de água, empregam-se 10 gramas.

Medidas úteis: 01 colherada sopa de folhas verdes pesa 05 gramas aproximadamente, e


01 colherada de sopa de folhas secas pesa 02 gramas aproximadamente.

Os chás devem ser tomados preferencialmente pela manhã, em jejum, e à noite, antes de
deitar-se. Também existem aqueles que são tomados aos poucos, a saber, um gole (uma
colherada) de hora em hora.

Podemos preparar um chá de várias maneiras:

Tisana: quando a água estiver fervendo, junte 2 colheres de sopa de ervas. Deixe em fogo
baixo por 5 minutos, com a tampa fechada. Depois desligue o fogo, espere 10 minutos e
coe antes de usar.

Originárias da China, as tisanas são consumidas há quase três milênios, mas, ao contrário
dos chás comuns, não têm um pingo de cafeína. Nas tisanas, não se utilizam as folhas da
Camellia sinensis, da qual obtemos os chás verde, branco e preto, que contêm cafeína.
No lugar delas, utilizam-se outras plantas, que têm finalidades terapêuticas, como aliviar
dores, auxiliar a digestão e a diurese e até emagrecer.

Infusão: esta forma de preparo é utilizada para todas as plantas medicinais ricas em
componente voláteis, como aromas delicados e princípios ativos que se degradam pela
ação combinada da água e do calor prolongados. Uma infusão é obtida fervendo-se a água
que será derramada sobre a planta já separada e picada, em outro recipiente,
permanecendo tampado de 05 a 10 minutos. Depois desse repouso, deve-se coar o infuso
e utilizá-lo logo em seguida. Emprega-se este método para folhas, flores e cascas finas,
na proporção de 02 colheres de sopa de ervas para 01 litro de água, deixando em repouso
por 10 a 15 minutos, antes de coar e utilizar. Os chás de um dia para outro fermentam e
estragam, recomendando-se renovar diariamente a infusão.

Decocção: decoto é o chá cozido. São soluções extrativas obtidas da adição da água com
a planta e levadas à fervura por tempo pré-determinado (de 2 a 10 minutos), contado a

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partir do início da fervura. É muito utilizado para preparar chá com as partes mais duras
da planta, ou seja, folhas coriáceas (duras), cascas, ou raízes. O princípio ativo é extraído
através do cozimento. Devem-se utilizar 2 colheres de sopa para 1 litro de água. Deixar
ferver durante 05 a 10 minutos, de acordo com a parte da planta: 5 minutos para folhas
duras e 10 minutos para raízes e caules. Após a fervura manter o recipiente fechado por
05 a 10 minutos. É bom saber, também, que os chás de um dia para outro fermentam e
estragam, recomendando-se renovar diariamente o cozimento.

Maceração: é feita à temperatura ambiente. Este método consiste em colocar as partes da


planta picadas junto a água, álcool ou óleo, sempre frio. Partes mais frágeis, como folhas
e flores, permanecem assim por 10 a 12 horas, enquanto que partes mais duras, como
raízes e cascas, permanecem por 18 a 24 horas. O recipiente deve ser mantido em lugar
fresco, longe da luz solar e agitado periodicamente. Após este período deve ser coado
acrescentando-se mais líquido extrator (água, álcool ou óleo), obtendo-se o volume final
desejado. Plantas que possivelmente fermentem não devem ser utilizadas nessa forma de
preparo. Este método preserva melhor as vitaminas e os sais minerais.

SUCOS

Este é, sem dúvida, o estado onde melhor se aproveitam as propriedades das plantas,
porque elas estão sendo consumidas "in natura" e é a maneira mais eficaz de terapia.
Para obter o suco devem-se esmagar as ervas frescas e tenras em uma vasilha, ou
mesmo em liquidificador, transformando-as em uma pasta. Filtre em uma peneira de
malha fina. Nunca prepare quantidades muito grandes. Prepare apenas o suficiente para
um dia, pois neste estado as ervas se alteram facilmente. Deve ser consumido
preferentemente no momento em que foi preparado.

A dosagem normal para os sucos é a seguinte: adultos, 05 gotas de suco em uma colher
com, água de duas em duas horas; 10 a 15 anos, 03 gotas; crianças de 02 a 05 anos, 01
gota.

SALADAS

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É o uso de plantas medicinais na forma de saladas cruas. Para esse fim somente servem
os brotos e as folhas tenras.

Diversos tipos de ervas misturados dão ainda melhor resultado. Certas ervas têm gosto
muito forte. Umas são amargas; outras são picantes. Neste caso, convém colocar mais de
uma qualidade ou mais de outra na mistura. Podem ser empregadas as seguintes plantas:
dente-de-leão, língua-de-boi, língua-de-vaca, tanchagem, beldroega, sálvia, cominho,
hortelã, dentre outras.

SOPAS E COZIDOS

Muitas plantas medicinais podem ser preparadas em forma de sopas, ensopados, cozidos,
omeletes, virados, etc. As refeições de ervas silvestres, além de salutares e nutritivas, têm
a vantagem de serem baratas. Nestes preparos podem usar-se as mesmas ervas indicadas
para saladas.

BANHOS

Os banhos podem ser quentes, neutros e frios. Os banhos quentes (37º a 40ºC) são tônicos
e de pequena duração (05, 10 ou 15 minutos). Sendo mais demorados, ou muito
frequentes, tornam-se deprimentes. Os banhos neutros (33º a 36ºC) têm duração de 10 a
20 minutos. Os banhos frios (8º a 15ºC) de imersão não devem durar mais do que ½ a 1
minuto. Os de chuveiro podem durar um pouco mais. Os banhos podem ser de assento ou
de tronco. Chás fortes devem ser misturados à água da banheira.

CATAPLASMA

Preparação para uso externo. É a aplicação de ervas sobre uma parte inflamada, inchada
ou dolorida do corpo. Pode ser feita das seguintes formas:

• Ervas frescas: aplicação direta na área afetada ou envolvida, amassando as


plantas frescas e bem limpas, aplicando-as diretamente sobre a parte afetada
ou envolvidas em um pano fino ou gaze (compressas).

• Ervas secas: aplicadas no interior de um saquinho. Devem ser aplicadas frias

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ou quentes conforme o caso. Recomendadas para combater câimbras,
nevralgias, dores de ouvidos.

• Pasta: triture as ervas até formarem uma papa, que deve ser aplicada
diretamente ou sobre dois panos, no local afetado. No caso de usar ervas
secas, estas deverão ser previamente fervidas para facilitar a formação da
papa. Pode-se ainda utilizar farinha de mandioca ou de milho e água, com a
planta fresca ou seca triturada, fazendo um mingau.

• Compressas: ferver as ervas até se obter uma tisana bem forte (03 ou 04 vezes
mais do que o chá). Em seguida umedecer um pano limpo ou pedaço de
algodão no líquido, quente ou frio, e aplicar na parte dolorida. Apresenta ação
tópica, agindo pela penetração dos princípios ativos na pele.

GARGAREJOS

Prepara-se um chá por decocção de plantas medicinais. E várias vezes por dia,
preferivelmente de manhã, ao levantar-se, e à noite, antes de se deitar, enxagua-se bem a
garganta, gargarejando.

INALAÇÃO

Este método é bastante simples. Trata-se da combinação dos compostos voláteis com o
vapor d’água, que age principalmente nas vias respiratórias. Coloca-se a planta numa
vasilha com água fervente na quantidade indicada. Um funil é feito com um pedaço de
cartolina ou papel jornal e colocado sobre o recipiente. O vapor que sai pela boca do funil
deve ser aspirado lentamente por aproximadamente 15 minutos, dependendo do tipo de
problema a ser tratado. Se preferir, mantenha a vasilha sobre o fogo, a fim de se manter
o vapor. Em vez do funil de cartolina, uma toalha pode ser jogada sobre a cabeça da
pessoa, os ombros e a vasilha. Tome cuidado com os riscos de queimaduras pelo vapor e
pela vasilha quente.

LAVAGENS
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Prepara-se um chá de ervas medicinais. Coa-se muito bem. Introduz-se por via anal,
vaginal ou uretral, conforme o caso, usando-se para este fim um irrigador com bico
próprio ou seringa. De preferência, deve-se injetar o líquido logo depois de o paciente ter
evacuado ou urinado. Para adultos, a quantidade do líquido para uma lavagem intestinal
é de até dois litros.

POMADAS

Pomadas de ervas trituradas em gordura vegetal. Podem-se preparar unguentos


utilizando-se uma planta ou mistura de plantas medicinais. Trituram-se as plantas em um
pilão ou passa-se pela máquina de moer carne. O suco que se obtém, mistura-se à gordura
vegetal, de coco ou amendoim, ou à manteiga fresca. Aquece-se sobre o fogo até derreter.
Pode-se acrescentar um pouco de cera de abelha, para formar uma pomada mais espessa.
As pomadas permanecem muito tempo sobre a pele, devem ser usadas a frio e renovadas
duas ou três vezes ao dia.

ÓLEO MEDICINAL

As plantas aromáticas são as mais recomendadas para essa forma de preparo. As ervas
secas ou frescas devem ser picadas ou moídas, maceradas em óleo vegetal (oliva, girassol,
milho, canola) ou de amêndoas doces. Para 01 colher de sopa da planta, use 05 de óleo
em banho maria (a água não deve ferver) por 02 horas. Deixe esfriar e, em seguida, coe e
esprema. Este óleo vai ser usado para massagens, cataplasmas, máscaras e produtos de
beleza. Conserve em vidros escuros que protejam o óleo da luz.

GARRAFADA

Utiliza-se como veículo a cachaça ou o vinho branco e, raramente, água, onde são
mergulhadas várias plantas medicinais acrescentando-se, às vezes, produtos de origem
animal e mineral. Depois de um tempo variável de repouso, os preparados estão prontos
para tomar, sem filtrar. São concentrados e se toma apenas 01 cálice por dia.


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A planta deve ser seca até que se possa triturá-la com as mãos. O pó é então peneirado e
mantido em frascos bem secos e fechados, evitando a exposição à luz. As cascas e raízes
devem ser moídas até que o pó seja obtido. Este tipo de preparo pode ser utilizado no
preparo de infusões, decoctos ou espalhado diretamente com óleo ou água sobre o local
afetado.

SABÃO

Desmanchar o sabão de coco, neutro ou glicerina em banho-maria ou fogo brando;


quando estiver bem desmanchado (líquido), retirar do fogo e adicionar o suco, chá bem
forte ou a tintura da planta desejada; quando tomar consistência, colocar nos moldes
apropriados.

TINTURA

São resultantes do tratamento de substâncias vegetais por dissolventes que contenham


álcool, como vinho, cachaça e outras de diversas graduações alcoólicas. O álcool deve ser
de preferência de cereais, pois tem qualidade superior (apesar de custar mais que o álcool
comum). Trata-se de uma das formas de preparo mais utilizadas para se conservar os
princípios ativos das plantas medicinais. Colocam-se as partes da planta trituradas junto
ao álcool em um recipiente escuro, sem contato com a luz, cerca de 10 a 15 dias, agitando-
se diariamente. Após esse tempo, filtra-se o resíduo, que deve ser conservado também em
um frasco escuro (tipo âmbar).

O líquido pode ser consumido na forma de gotas diluídas em água fria (para uso interno)
ou em pomadas e fricções (para uso externo).

Há controvérsias quanto às quantidades e proporções de álcool a ser utilizadas.


Comumente são seguidas tais proporções: para plantas frescas: 500g da planta fresca em
1 litro de álcool. Para plantas secas: 250g da planta seca em 700ml de álcool e 300ml de
água. Quando se utiliza vinho branco de grau baixo (de 11 a 12º), temos uma tintura
vinosa, na proporção de 10 gramas de ervas para 100 ml de vinho. Deixar o macerado em
vidro escuro durante 1 semana. Coar e manter num lugar fresco. Tanto a tintura como a
tintura vinosa tem a duração de um ano.

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VAPORES

Para distúrbios do aparelho respiratório. Preparar as ervas em tisana ou infusão. Inalar


profundamente os vapores.

XAROPES

Os xaropes são comumente utilizados contra tosses, dores de garganta e bronquite.


Primeiramente uma calda é feita com açúcar cristal ou rapadura, na proporção de 02 partes
de água para 03 partes de açúcar, até dissolver. Leva-se ao fogo até que se obtenha a
consistência desejada. Colocam-se as partes da planta frescas e picadas, mantendo o fogo
baixo, mexendo sempre por 3 a 5 minutos. Coa-se o xarope, que deve ser mantido em
frasco de vidro. A quantidade de planta a ser adicionada varia de espécie pra espécie.
Geralmente conserva-se em geladeira por no máximo 15 dias. Se forem observados sinais
de fermentação, o xarope deve ser descartado. Obviamente, este tipo de preparo não deve
ser consumido por diabéticos.

3.3 Cuidados na manipulação

• Faça uma boa higienização nos utensílios e nas mãos;

• Utilize panelas de vidro, porcelana ou cerâmica. Panelas de ferro e alumínio


podem produzir substâncias tóxicas como resultado da reação com algumas
plantas;

• Utilize coadores de plástico ou filtros de papel;

• Prepare pequenas quantidades de infuso, macerações e compressas. As plantas


perdem seu efeito medicamentoso depois de algumas horas;

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• Xaropes, tintura e pó podem ser preparados em quantidades maiores e guardados
em frascos esterilizados, secos, escuros (ou embrulhados em papel alumínio), bem
tampados e em local livre de umidade;

• Como adoçante dê preferência ao mel, evitando o açúcar refinado.

3.4 Finalidades

As plantas medicinais são utilizadas para os mais diferentes finalidades, entre os quais
podemos destacar:

• Anticatarral (inibe a formação de catarro);

• Antiespasmódico (evita ou alivia as contrações musculares dolorosas);

• Antiflatulento (elimina os gases intestinais);

• Antirreumático (combate o reumatismo);

• Antitussígeno (inibe a tosse);

• Diurético (auxilia a eliminação de líquidos pelos rins);

• Emético (provoca vômito);

• Expectorante (elimina a mucosidade do aparelho respiratório);

• Hemostático (estanca hemorragias);

• Laxante (solta os intestinos);

• Obstipante (prende os intestinos).

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3.5 Diferença entre planta medicinal e fitoterápico

As plantas medicinais são conceituadas como toda e qualquer planta, cultivada ou não,
utilizada pelo homem com propósitos terapêuticos (BRASIL, 2010a).

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), as plantas


medicinais são aqueles que podem aliviar os sintomas ou curar uma enfermidade. O
conhecimento a respeito dessas plantas vem da tradição popular, havendo sempre
recomendações de como colhê-las e prepará-las.

Como não há regulamentação para essa categoria, não há restrição sobre quem produz e
a que controle as plantas medicinais estão submetidas. Porém tais produtos, por não serem
considerados medicamentos, não podem ter indicação terapêutica na embalagem, nem
mesmo em folhetos anexos, ou ainda informações que possam dar a entender que sejam
utilizadas como medicamentos, como posologia e restrições de uso (BRASIL, 1973).

Sempre é bom lembrar que nem todas as plantas tidas como medicinais são
cientificamente testadas. Porém, várias delas possuem estudos que comprovam os
benefícios atestados e conhecidos popularmente.

Quando uma planta usada para fins medicinais é testada em algum centro de pesquisa, ela
pode ser usada para a fabricação de medicamentos industrialmente. O resultado dessa
produção industrial são os fitoterápicos, que precisam passar por vários testes de
qualidade até que cheguem ao mercado consumidor.

Os fitoterápicos nada mais são que medicamentos produzidos a partir de plantas


medicinais. No mercado encontramos, por exemplo, vários tipos de calmante feito a partir
do maracujá. Eles são comercializados como passiflora ou outros nomes semelhantes.
Nesse caso, estamos falando de remédios fitoterápicos.

Para a produção dos fitoterápicos é preciso extrair as propriedades terapêuticas da planta


por meio do óleo, do extrato, do sumo ou da tintura, conforme as características de cada
uma delas. Como o processo de industrialização é controlado, esses medicamentos não
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estão sujeitos a contaminações. Além disso, há mais clareza sobre o modo como eles
devem ser usados para tratar doenças, pois as concentrações e doses foram estudadas,
bem como seus efeitos colaterais.

3.6 Lista de plantas e ervas regulamentadas pela anvisa

A ANVISA publicou no DOU de 14 de maio de 2014, Seção 1, p. 52 a 61, a Resolução


RDC nº 26 e a Instrução Normativa nº 2, ambas de 13/05/2014. A RESOLUÇÃO - RDC
Nº 26, DE 13 DE MAIO DE 2014 - Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos
e o registro e a notificação de produtos tradicionais fitoterápicos. A resolução RDC 26/14
trata das formas de liberação de fitoterápicos, se registrados quando medicamentos
fitoterápicos, ou registrados ou notificados quando se tratarem de produtos tradicionais.
Já a Instrução Normativa lista as plantas que são já reconhecidas como seguras e eficazes,
sendo declaradas pela Anvisa como de registro simplificado. Um total de 66 plantas
medicinas foram reconhecidas pela ANVISA como de utilização medicinal tradicional no
Brasil na forma de drogas vegetais, podendo ser notificadas para comercialização. A
seguir a lista das plantas:

• Alcachofra – Cynara scolymus

• Alcaçuz – Glycyrrhiza glabra

• Alecrim – Rosmarinus officinalis

• Alecrim pimenta – Lippia sidoides

• Alho – Allium sativum

• Anis estrelado – Illicium verum

• Anis, Erva doce – Pimpinela anisum

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• Arnica – Arnica montana

• Aroeira da praia – Schinus terebinthifolia

• Assa peixe – Vernonia polyanthes

• Barbatimão – Stryphnoden dromadstrigens

• Bardana – Arctium lappa

• Boldo baiano – Vernonia condensata

• Boldo do chile – Peumus boldus

• Boldo nacional, Hortelã homem, Falso boldo, Boldo africano – Plectranthus


barbatus

• Cajueiro – Anacardium occidentale

• Calêndula – Calendula officinalis

• Canela – Cinnamomum verum

• Camomila – Matricaria recutita

• Capim santo, Capim limão, Capim cidreira, Cidreira – Cymbopogon citratus

• Carqueja – Baccharis trimera

• Cáscara sagrada – Rhamnus purshiana

• Castanha da índia – Aesculus hippocastanum

• Cavalinha – Equisetum arvense

• Chambá, Chachambá, Trevo cumaru – Justicia pectoralis

• Chapéu de couro – Echinodorus macrophyllus

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• Curcuma, Açafrão da Terra – Curcuma longa

• Dente de leão – Taraxacum officinale

• Erva baleeira – Cordia verbenacea

• Erva cidreira, Falsa melissa – Lippia alba

• Erva de bicho, Pimenteira d’água – Polygonum punctatum

• Espinheira santa – Maytenus ilicifolia

• Eucalipto – Eucalyptus globulus

• Garra do diabo – Harpagophy tumprocumbens

• Gengibre – Zingiber officinale

• Goiabeira – Psidium guajava

• Guaçatonga, Erva de lagarto – Casearia sylvestris

• Guaco – Mikania glomerata

• Guaraná – Paullinia cupana

• Hamamélis – Hamamelis virginiana

• Hortelã pimenta – Mentha x piperita

• Jucá, Pau ferro – Caesalpinia ferrea

• Jurubeba – Solanum paniculatum

• Laranja amarga – Citrus aurantium

• Macela, Marcela – Achyrocline satureioides

• Malva – Malva sylvestris


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• Maracujá – Passiflora alata

• Maracujá – Passiflora incarnata

• Maracujá azedo – Passiflora edulis

• Melão de São Caetano – Momordica charantia

• Melissa, Erva cidreira – Melissa officinalis

• Mentrasto, Catinga de bode – Ageratum conyzoides

• Mil folhas – Achillea millefolium

• Mulungu – Erythrina verna

• Picão – Bidens pilosa

• Pitangueira – Eugenia uniflora

• Poejo – Mentha pulegium

• Polígala – Polygala senega

• Quebra pedra – Phyllanthus niruri

• Romã – Punica granatum

• Sabugueiro – Sambucus nigra

• Salgueiro – Salix alba

• Sálvia – Salvia officinalis

• Sene – Senna alexandrina

• Tanchagem, Tansagem, Tranchagem – Plantago major

• Unha de gato – Uncaria tomentosa


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O fato de essas plantas medicinais serem regulamentadas não substitui um diagnóstico
médico. Mesmo os medicamentos naturais podem causar alguma reação, dependendo da
pessoa que o utiliza.

Abaixo, algumas utilizações das plantas medicinais com base nas recomendações da
ANVISA. Lembre-se, também, de que apesar de naturais, estes chás são medicamentos e
o acompanhamento médico é indispensável.

RECEITAS NATURAIS – ANVISA

• Chá de Mil Folhas – Indicado para falta de apetite, febre, inflamação e cólicas.

• Chá de Macela – combate a má digestão, as cólicas intestinais, e também


funciona como sedativo e anti-inflamatório.

• Chá de Castanha da Índia – para hemorroidas, varizes e circulação.

• Chá de Mentrasto – combate dores articulares, artrite, artrose e reumatismo.

• Remédio a base de Alho – para colesterol alto.

• Chá de Cajueiro – para acabar com a diarreia.

• Compressa com o Chá de Cajueiro – ajuda a cicatrizar lesões.

• Chá de Bardana – que resolve artrite, dispepsia (indigestão) e é diurético.

• Compressa de Bardana – que cura dermatites (inflamação da pele).

• Compressa de Arnica – para traumas, contusões e hematomas.

• Chá de Carqueja – ideal para dispepsia.

• Chá de Picão – um remédio para icterícia.

• Compressa de Calêndula – para queimaduras, contusões, lesões e inflamações.

• Compressa de Pau Ferro – ideal para cicatrização de lesões e antisséptico.


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• Chá de Guaçatonga – ótimo para tratar a halitose (mau hálito).

• Compressa de Guaçatonga – que é antisséptico e cicatrizante.

• Chá de Canela – para abrir o apetite, combater gases e cólicas.

• Chá de Laranja da Terra – acaba com a insônia e é calmante.

• Chá de Erva Baleeira – melhora as inflamações e dores.

• Chá de Cúrcuma (açafrão da terra) – para dispepsia.

• Chá de Alcachofra – um chá para dispepsia.

• Inalação de Eucalipto – contra asma, bronquite e obstrução respiratória.

• Chá de Mulungu – um calmante suave.

• Chá de Cavalinha – contra inchaço pela retenção de líquidos.

• Chá de Chapéu de Couro – contra edemas.

• Chá de Capim Santo – bom para tratar cólicas intestinais e uterinas.

• Chá de Pitangueira – para o tratamento da diarreia.

• Chá de Alcaçuz – acaba com gripes e resfriados.

• Compressa de Hamamélis – trata as hemorroidas.

• Chá de Garra do Diabo – para dores nas articulações.

• Chá de Anis Estrelado – um expectorante natural.

• Chá de Melhoral – para curar a tosse.

• Chá de Falsa Melissa (Falsa Erva Cidreira) – um remédio para gases.

• Gargarejo de Alecrim Pimenta – para aliviar as inflamações de garganta.


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• Chá de Malva – ótimo para problemas respiratórios.

• Compressa de Malva – para contusões.

• Chá de Camomila – para cólicas intestinais.

• Compressa de Camomila – contra processos inflamatórios na boca e garganta.

• Chá de Espinheira Santa – ótimo contra azia.

• Chá de Melissa – para cólicas abdominais.

• Chá de Hortelã – combate cólicas e gases.

• Chá de Poejo – um estimulante para o apetite.

• Chá de Guaco – para gripes e resfriados.

• Remédio com Melão de São Caetano – combate irritações na pele e sarnas

• Chá de Maracujá – um famoso calmante natural.

• Guaraná em Pó – um já consagrado estimulante natural.

• Chá de Boldo do Chile – colagogo e colerético (relacionados com a vesícula


biliar).

• Chá que Quebra Pedra – contra os cálculos renais.

• Chá de Erva Doce – alivia as cólicas intestinais.

• Gargarejo de Tanchagem – para curar inflamações na boca e faringe.

• Chá de Falso Boldo – para pressão baixa.

• Compressa de Erva de Bicho – para tratar as úlceras venosas.

• Chá das Folhas da Goiaba – para tratar a diarreia.

107
• Chá de Cáscara Sagrada – melhora a constipação.

• Chá de Romã – para irritações na boca e antisséptico.

• Chá de Alecrim – muito bom para distúrbios digestivos.

• Compressa de alecrim – ótimo antisséptico e cicatrizante.

• Chá de Salgueiro – para dor e febre.

• Chá de Sálvia – dispepsia e transpiração excessiva.

• Gargarejo com a Sálvia – para tratar aftas.

• Chá de Flores de Sabugueiro – para gripes e resfriados.

• Chá de Sene – ótimo para constipação intestinal.

• Banho de Aroeira – um remédio para corrimento vaginal.

• Remédio com Barbatimão – para mucosa bucal.

• Chá de Dente de Leão – estimula o apetite.

• Chá de Unha de Gato – um ótimo anti-inflamatório.

• Chá de Boldo Baiano – um clássico contra má digestão.

• Chá de Assa Peixe – acaba com a tosse seca e persistente.

• Remédio de Assa Peixe – para dor muscular.

• Chá de Gengibre – melhora náuseas e vômitos.

108
3.7 Para saber mais

Livros

• LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas.


2 ed. Nova Odessa, SP: Plantarum, 2008.

Sites

• http://www.anchietano.unisinos.br/publicacoes/botanica/avulsas/clemente.pdf
PLANTAS MEDICINAIS USOS POPULARES TRADICIONAIS

3.8 Atividades

Realize uma pesquisa, com parentes, amigos e vizinhos, relacionando as plantas


medicinais utilizadas por eles. Elabore uma lista com os nomes das plantas e as utilizações
(formas e dosagens).

109
Unidade 4

Principais Grupos de Plantas


Medicinais, Aromáticas e
Condimentares

Nas últimas décadas, a procura por produtos naturais tem envolvido não só os naturalistas,
mas também pesquisadores e todos aqueles que procuram investigar e divulgar os
benefícios desses produtos. Esses, a cada dia, apresentam um maior emprego, sendo
utilizados na alimentação, na indústria farmacêutica, na agroquímica, entre outros. Na
alimentação, as ervas condimentares e aromáticas atuam realçando o sabor dos alimentos
e ativando a ação das glândulas salivares, que iniciam o processo digestivo. Além disso,
cada tipo de planta tem em sua composição substâncias diferentes, de forma que agem no
organismo mesmo quando a planta é usada apenas como tempero.

4.1 Familia Apiaceae

• Apium graveolens L.

Conhecido popularmente como aipo, o salsão é uma planta herbácea, ereta, aromática, de
haste estriada e verde claro, de 30-60 cm de altura, nativa do sul da Europa e amplamente
cultivada no Sul e Sudeste do Brasil.

Muito apreciada na culinária de vários países. Todas as partes podem ser consumidas: a
raiz, o caule e as folhas. A raiz do salsão é utilizada na confecção de sopas e caldos; o
caule, em saladas e no coquetel Bloody Mary e as folhas, como condimento parecido com
a salsa. O óleo das sementes tem uso na culinária e na medicina. Todas as partes desta

110
planta são também largamente utilizadas na medicina tradicional em todo o mundo e,
desde tempos remotos, tem sido considerado remédio útil contra flatulência e
reumatismo.

É considerada uma plana aromática, amarga e tônica, que reduz a pressão sanguínea,
alivia a indigestão, estimula a atividade uterina e tem efeitos diuréticos e anti-
inflamatórios. Também são atribuídos a ela efeito sedativo e afrodisíaco. É realmente
comprovada sua atividade na eliminação de gases decorrentes de problemas digestivos e
suas sementes podem também apresentar efeitos sedativos. É também considerada
depurativa, excitante, expectorante, febrífuga e antiescorbútica, além de combater
cálculos renais. Contra colite crônica e anemia (deficiência de ferro) é indicada 01 xícara
do chá por decocção de suas folhas, três vezes ao dia.

Figura 4.1: Apium graveolens L. A = Aspecto da planta; B= folhas

Fonte: João Carlos Nordi

111
• Coriandrum sativum L.

Conhecido como coentro ou coendo. É uma planta anual, ereta e herbácea, ramificada,
aromática, de folhas lobadas verdes brilhantes e sementes esféricas de cor marrom
amarelado de 30 – 50 cm de altura, nativa do Mediterrâneo. É uma combinação complexa
de sálvia e ácidos cítricos, com toques de hortelã e pimenta. O aroma faz lembrar o
gengibre, os cítricos e a sálvia.

A planta é cultivada em hortas e jardins domésticos de quase todo o Brasil, principalmente


nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Na região Nordeste é considerado um
condimento muito importante. É também utilizada como aromatizante de pães, licores,
doces e conservas e na indústria, de perfumes. Suas folhas, frutos e sementes são
utilizados na medicina caseira de algumas regiões do país. As sementes, consideradas
antissépticas e digestivas, purificam o sangue. Na sua composição química destacam-se
óleo essencial, pectinas, taninos, mucilagem, flavonoides, ácido acético e oxálico,
coriandrol, limoneno, terpineno e linalol.

Figura 4.2: Coriandrum sativum L.

Fonte: João Carlos Nordi

112
• Daucus carota L.

Conhecido como cenoura, é uma planta herbácea anual ou bienal, ereta, ramificada, com
raiz principal tuberosa de cor alaranjada, de 30-60 cm de altura, nativa da Europa e
cultivada em quase todo o Brasil. Multiplica-se apenas por sementes. Todas as partes da
planta são empregadas atualmente na medicina tradicional, acreditando-se que as formas
selvagens são mais eficazes, principalmente como diurético poderoso, remineralizante e
hipoglicemiante. Como fornecedora de vitamina A para o organismo, ela tem um efeito
especial na melhoria da acuidade visual. Na sua composição são encontrados, além do
beta caroteno, as formas alfa e zeta deste pigmento, além de licopeno, ácidos orgânicos,
lecitina, glutamina, asparagina, pectina, sacarose, glicose, albumina, vitaminas, sais
minerais e óleo essencial ativo contra vermes intestinais, especialmente oxiúros.

Figura 4.3: Daucus carota L.

Fonte: João Carlos Nordi

• Foeniculum
vulgare Mill.
113
Conhecida como erva-doce, funcho. Erva perene ou bienal, entouceirada e aromática de
40-90 cm de altura, nativa da Europa e amplamente cultivada em todo o Brasil. As folhas
são compostas pinadas, com folíolos reduzidos e filamentosos. As flores são pequenas,
hermafroditas, de cor amarela, dispostas em umbela. Os frutos são oblongos, compostos
por dois aquênios de cerca de 4 mm de comprimento (LORENZI; MATOS, 2008). A base
da haste é empregada na culinária como legume, enquanto que os frutos vulgarmente
chamados de sementes têm sido empregados na forma de chás digestivos, como
estimulante das funções digestivas, para eliminar gases, combater cólicas e estimular a
lactação. Em sua composição química destaca-se o óleo essencial principalmente
constituído de anetol (90-95%), o que lhe confere o sabor e odor característico do anis
acompanhado de menores quantidades de metilchavicol, anisaldeido, linalol e outros
derivados terpênicos oxigenados.

Figura 4.4: Foeniculum vulgare Mill

Fonte: João Carlos Nordi

• Petroselinum crispum (Mill.)Fuss

Conhecida como salsa, cheiro-verde. Erva anual ou bienal, ereta, perenifólia, fortemente
114
aromática, levemente entouceirada, de 15-30 cm de altura, nativa do sul da Europa. Das
sementes é extraído um óleo essencial usado para aromatizar alimentos e em perfumaria.
É também empregada na medicina tradicional como diurética, emenagoga, sedativa,
emoliente, e antiparasitária, sendo empregada nos casos de bronquite crônica, asma
brônquica e dispepsia. Suas raízes e sementes são indicados para uso interno nos casos de
problemas menstruais, cistite, edemas, pedras nos rins, prostatite, cólicas, indigestão,
anorexia, anemia, artrites e reumatismo. Embora não existam dados científicos que
comprovem as propriedades que lhe são atribuídas, há um grande número de receitas
usadas popularmente. A parte verde contém além de óleo essencial responsável pelo seu
aroma característico, elevado teor de vitaminas do complexo B. Contém as
furanocumarinas bergapteno, xanthotoxina e psoraleno, substâncias de ação
fotossensiblizante.

Figura 4.5: Petroselinum crispum (Mill.)


Fuss

Fonte: João Carlos Nordi


4.2 Família Asteraceae

115
• Achillea millefolium L.

Planta herbácea, perene, rizomatosa, ereta, aromática, entouceirada, de até 30-50 cm de


altura, nativa da Europa, conhecida popularmente como mil-folhas. Apresenta flores
brancas em capítulos reunidos em uma panícula terminal. Existem variedades cultivadas
com fins ornamentais com capítulos de cores variadas. Multiplica-se por estacas ou por
divisão de touceiras.

Além do seu uso ornamental, é empregada na medicina tradicional como diurética, anti-
inflamatória, antiespasmódica e cicatrizante, sendo empregada internamente contra
infecções das vias respiratórias superiores, indisposição, flatulência, dispepsia, diarreia,
febres e como auxiliar no tratamento da gota.

Na sua composição química destacam-se a presença de óleo essencial com terpenos


(cineol, borneol, pinenos, cânfoa, azuleno), derivados terpênicos e sesquiterpenicos,
taninos, mucilagens, cumarinas, resinas, saponinas, esteroides, ácidos graxos, alcaloides
e princípio amargo.

Figura 4.6: Aspecto geral de Achillea millefolium L. Planta com flores e


folhas

Fonte: João Carlos Nordi

• Bidens pilosa L.

Conhecido como picão-preto, pico-pico, amor-seco, dentre outros nomes. Planta herbácea

116
ereta, anual, ramificada com odor característico, de 50-130 cm de altura, nativa de toda a
América tropical. Flores reunidas em capítulos terminais. Os frutos são aquênios
alongados e de cor preta, com ganchos aderentes numa das extremidades.

Preparada como infusão, é empregada como diurética, emenagoga, antidesintérica, e para


o tratamento da icterícia. Na medicina tradicional brasileira é considerada diurética e
emoliente, sendo utilizada principalmente contra febres, blenorragia, leucorreia, diabetes,
icterícia, problemas do fígado e infecções urinárias e vaginais. Faz-se um chá com 3 a 4
folhas para 01 litro de água, de acordo com a tradição popular (NORDI et al., 1982).
Existem mais duas espécies deste gênero com os mesmos nomes populares e com
característica e propriedades similares: Bidens alba (L.) DC., Bidens subalternans DC.

Estudos fitoquímicos identificaram a presença de derivados de poliacetilenos e tiofanos,


além da presença de flavonoides, esteroides, vários ácidos graxos, taninos, dentre outros.

• Emilia fosbergii Nicolson

Figura 4.7: A= Bidens pilosa L., aspecto da planta e inflorescência; B= frutos tipo
aquênio com ganchos aderentes em uma extremidade; C= Bidens alba (L.) DC.

A B C

Fonte: João Carlos Nordi

Erva anual, ereta, de 30 a 60 cm de altura, com folhas membranáceas, inicialmente


dispostas de maneira rosulada sobre o solo, cujos tamanhos são variáveis, sendo as
superiores sem pecíolo. As flores são vermelhas, em capítulos com formato de pincel
dispostos no ápice dos ramos, o que originou seu nome popular de pincel-de-estudante.
117
Multiplica-se apenas por sementes. Originária da Ásia tropical e naturalizada em todo o
território brasileiro.

Embora a eficiência e a segurança do uso desta planta não tenham sido comprovadas
cientificamente, sua utilização vem sendo feita com base na tradição popular. É indicada
para uso nas práticas medicinais caseiras contra asma, bronquite asmática, resfriados,
dores do corpo, faringite e amigdalite, na forma de chá.

Na sua composição química são encontradas as seguintes classes de compostos:


mucilagem, pigmentos, saponinas, óleos essenciais e flavonoides.

Figura 4.8: Emilia fosbergii Nicolson

Fonte: João Carlos Nordi


• Helianthus annus L.

O girassol é uma planta anual, de caule herbáceo, revestido de pelos rígidos, ereto,
geralmente sem ramificações, com até 4m de altura, de folhas opostas, cordiformes,
denteadas e ásperas. Existem diversas variedades e cultivares ornamentais.

Do girassol são utilizados como medicinais as sementes e as folhas, às quais são atribuídas
118
atividades diurética e expectorante, sendo consideradas eficazes no tratamento de
afecções dos brônquios e da laringe, quando administradas na forma de cozimento a 10%
espessado com açúcar e adicionado de rum. Das sementes de girassol extrai-se um óleo
de grande valor nutritivo, rico em ácidos gordos insaturados (especialmente o linoleico),
assim como vitaminas E, A e B. O uso do óleo de girassol é particularmente indicado na
arteriosclerose para fazer descer o nível de colesterol no sangue, assim como na diabetes,
nas doenças do fígado e em certas afecções da pele (eczemas e furunculoses).

As flores do girassol contêm um glicósido flavonoide (quercimetrina), além de histidina


e outras substâncias em menor quantidade.

Figura 4.9: Helianthus annus L.

Fonte: João Carlos Nordi

• Solidago chilensis Meyen

119
Planta subarbustiva, ereta, perene não ramificada, entouceirada, levemente aromático de
80 a 120 cm de altura, nativo da parte meridional da América do Sul, incluindo o Brasil.
Conhecido popularmente como erva-lanceta ou arnica. Suas folhas são simples,
alternadas, quase sésseis, ásperas ao toque. Capítulos florais pequenos com flores
amarelas reunidas em inflorescência escorpioide. Multiplica-se por sementes e
principalmente por rizomas.

Apesar de não terem ainda


Figura 4.10: Solidago chilensis Meyen comprovado cientificamente a
eficiência e a segurança do uso da
planta, sua utilização vem sendo
feita com base na tradição popular.
São atribuídas qualidades
estomáquicas, adstringente,
cicatrizante e vulnerária, isto é,
curativa de feridas e chagas.

Por ser considerada tóxica, seu uso


interno só deve ser feito com estrita
indicação e acompanhamento
médico. É utilizada externamente no
tratamento de ferimentos,
escoriações, traumatismos e
contusões em substituição à arnica
verdadeira (Arnica montana L.)

Os resultados de seu estudo


fitoquímico registram, em sua parte
aérea, a presença de quercitrina, um
flavonoide glicosídico, além de
Fonte: João Carlos Nordi
taninos, saponinas, resinas e óleo
essencial, bem como diterpenos
inulina e rutina, ácido químico, ramnosídeos e ácido cafeico, clorogênico e hidrocinâmico
120
e seu derivados, nas raízes (LORENZI; MATOS, 2008).

4.3 Familia Lamiaceae

• Leonotis nepetifolia (L.) R.Br.

Conhecido como cordão de frade, cordão-de-são-Francisco. Planta herbácea ou


subarbustiva anual, érea, pouco ramificada, fortemente aromática, de caule quadrangular,
de 80-160 cm de altura, originária da África tropical e naturalizada em todo o Brasil. As
flores são melíferas. Todas as partes da planta são empregadas na medicina popular,
embora a eficácia e a segurança de seu uso não tenham sido ainda comprovadas
cientificamente, portanto sua utilização vem sendo feita com base na tradição popular.
São atribuídas às suas preparações propriedades tônica, estimulante, diurética, febrífuga,
sudorífica, carminativa e antiespasmódica. É considerado particularmente eficiente nos
casos de inflamação urinária, auxiliando na eliminação do ácido úrico e icterícia, na forma
de decoto de suas folhas. Análises fitoquímicas revelaram a presença em sua composição
de diterpenos e de uma nova cumarina, lactonas sesquiterpênicas e no seu óleo essencial,
além de flavonoides, glicosídeos, triterpenoides e cafeína.

121
Figura 4.11: Leonotis nepetifolia (L.) R.Br.

Fonte: João Carlos Nordi

• Leonurus sibiricus L.

Erva anual ou bienal, ereta, muito aromática, ramificada de hastes quadrangular, de 40-
120 cm de altura, nativa da China, Sibéria e Japão. É considerada amarga, diurética e
estimulante da circulação e capaz de fazer baixar a pressão sanguínea, além de regular a
menstruação e eliminar toxinas. Embora a eficácia e a segurança do uso desta planta não
sejam ainda comprovadas cientificamente, sua utilização vem sendo feita com base na
tradição popular. São atribuídas às suas preparações propriedades úteis nos casos de
gastralgia, dispesia e malária com o uso das folhas e, para o tratamento de bronquite e
tosse comprida usando as flores. Estudos farmacológicos com todas as espécies deste
gênero têm provado que são eficazes como calmantes do coração e antitrômbicas. Em sua
composição química foi determinada a presença de estauidrina, um alcaloide frequente
em várias plantas de diversos gêneros botânicos.

122
Figura 4.12: Leonurus sibiricus L.

Fonte: João Carlos Nordi

• Marsypiansthes chamaedrys (Vahl) Kuntze

Planta herbácea anual, aromática, de ramos prostrados ou decumbentes, muito


ramificados de 30 a 60 cm de altura. Nativa do continente americano, encontrada em
todo o território brasileiro, multiplica-se por sementes.

É considerada aromática, febrífuga, antiespasmódica e carminativa, sendo empregada na


forma de banhos quentes contra o reumatismo articular. O chá de suas folhas é suado
contra anemia e dor de cabeça. O suco da planta é utilizado tanto interno como
externamente contra mordedura de cobra, bem como esfregando sobre a pele contra
mordidas de mosquitos e pernilongos. As análises fitoquímicas registram em seus tecidos
a presença de óleo essencial e de um novo composto denominado chamaedridiol. Estudos
realizados aqui no Brasil com essa planta confirmaram suas propridedades anti-
inflamatórias e analgésicas (LORENZI; MATOS, 2008).

123
Figura 4.13: Marsypiansthes chamaedrys (Vahl) Kuntze

Fonte: João Carlos Nordi

• Melissa officinallis L.

Conhecido como erva-cidreira, melissa. Trata-se de uma planta herbácea, aromática,


ramificada desde a base, ereta ou de ramos ascendentes de 30-60cm de altura, nativa da
Europa e Ásia e cultivada no Brasil. É cultivada nas regiões temperadas como
aromatizantes de alimentos e para fins medicinais. As suas folhas e inflorescências são
empregadas na forma de chá, de preferência com a planta fresca, como calmante nos casos
de ansiedade e insônia e também como medicação contra dispesia, gripe, bronquite
crônica, cefaleias, enxaquecas, dores de origem reumática, para normalizar as funções
gastrointestinais. Na sua composição química é registrada a presença de óleo essencial
rico em citral, citronelal, citronelol, limoneno, linalol e geraniol, taninos, ácidos
triterpenoides, flavonoides, mucilagens, resinas, e substâncias amargas, bem como
glicosídeos dos álcoois presentes no óleo essencial.

Pelo nome popular é confundida com a espécie Lippia alba (Foto B). Em Lippia alba,
pertencente à família Verbenaceae; a ação calmante e espasmolítica suaves observadas
para extratos das folhas foram atribuídas à presença do citral e a atividade analgésica do
mirceno (MATOS,1998).

124
Figura 4.14: A= Melissa officinallis L; B= Lippia alba (Mill.) N. E. Brown.

Fonte: João Carlos Nordi

• Mentha spp.

Conhecido popularmente como hortelã. É uma planta perene, ereta, com 30-70 cm de
altura, com folhas opostas dentadas e pequenas flores que variam do branco ao violeta e
que se desenvolvem em espigas terminais. Como propriedades, as ações espasmolítica,
antivomitiva, carminativa, estomáquica (NORDI et al., 1982) e anti-helmítica, por via
oral, bem como antisséptica e antiprurido, por via local. Fornece vários nutrientes
essenciais para a nossa saúde, como fósforo, cálcio e vitaminas A e C. O estudo químico
do seu óleo essencial registra a presença de quantidades de 30 a 90% de óxido de
piperitonana, mas ainda não se conseguiu determinar se é este ou outro componente que
age como seu princípio ativo.

125
Figura 4.15: Mentha spp., hortelãs.

Fonte João Carlos Nordi

• Plectranthus barbatus Andrews

Planta herbácea ou subarbustiva, aromática, perene. É originaria da África


(CARRICONDE et al., 1996). As folhas são ovado-oblongas, pilosas e grossas com
bordos denteados. As flores de coloração azulada crescem em racemos (espigas) que
surgem na estação chuvosa. Vulgarmente é conhecido como boldo nacional, boldo do
Brasil, malva santa, sete-dores e tapete-de-Oxalá. Muito semelhante à hortelã da folha
grande (P. amboinicus), pode ser facilmente confundido por leigos. Embora sendo
espécies pertencentes ao mesmo gênero, P. barbatus e P. amboinicus, exibem
propriedades químicas e farmacológicas distintas (ALBUQUERQUE, 2000).

Usada para o tratamento dos males do fígado e de problemas de digestão. Apresenta


atividade hipossecretora gástrica, diminuindo não só o volume gástrico como a sua
acidez.
126
Sua análise fitoquímica registra a presença de 0,1 a 0,3% de óleo essencial rico em
guaieno e fenchona, substâncias responsáveis pelo seu aroma e alguns constituintes fixos
de natureza terpênica, como a barbatusina e outros compostos. Na medicina popular
também usam-se as espécies Plectranthus grandis (Cramer) R. Willemse e Plectranthus
ornatus Codd., com a mesma finalidade.

Costa (2006), realizando uma revisão dos trabalhos publicados no período de 1970 a 2003
envolvendo ações farmacológicas de P. barbatus, evidencia o potencial medicinal da
espécie, o que justifica sua grande utilização na medicina popular. Por outro lado, a
constatação de efeitos tóxicos sobre o fígado e rins de animais tratados pelo extrato
metanólico das raízes e aquoso das folhas, feita por Costa (2002), deixa claro a
necessidade de se orientar as comunidades para o uso racional da espécie.

Figura 4.16: Espécies de Plectranthus utilizadas como boldo. A=


Plectranthus barbathus Andrews; B e C = Plectranthus grandis
(Cramer) R. Willemse; D = Plectrantthus ornatus Codd

A B

C D

Fonte: João Carlos Nordi

127
• Rosmarinus officinalis L.

Arbusto perene sempre verde de casca cinza escamosa, atingindo até 2 metros de altura,
ramificado e folhas verdes azuladas em formato de agulha. Conhecido popularmente
como alecrim-do-reino, alecrim-do-sul ou alecrim-verdadeiro, é muito aromático, quente
e picante, com sabor que lembra a noz moscada, a cânfora e o gengibre. Seu sabor forte
resiste a cozimentos longos.

Suas flores são azuladas, podendo ter coloração branca, pequenas, bilabiadas em
pequenos cachos axilares e terminais, com cálice campanulado. Brácteas pequenas,
tomentosas, lanceoladas e caducas. O fruto tem quatro aquênios obovais. A planta toda
exala forte e agradável odor. Desenvolve-se melhor em solos pobres e secos com grande
exposição ao sol. As sumidades floridas devem ser colhidas de preferência no período de
maior floração (por coincidir com o enriquecimento máximo de essência) e devem
também ser secas à sombra. As folhas devem ser colhidas logo após a floração, que ocorre
quase o ano todo.

As partes utilizadas são as folhas e flores. Regula as funções hepáticas e tem propriedades
estimulantes, diuréticas, digestivas, tônicas e antissépticas. Na culinária, é indicada para
carnes, batatas, queijos, peixes e massas. Dá sabor ao azeite e ao vinagre.

Composição química: o óleo essencial é constituído de eucaliptol, pineno, canfeno,


borneol e cineol. Em extratos, encontram-se taninos, alcaloides (rosmaricina), saponinas,
flavonoides, e o ácido rosmarínico, cítrico, glicólico, glicérico e carnólico, além de 5-
hidroxi-7,4`-dimetoxiflavona, heterósidos, principalmente amargos, nicotinamida,
vitamina C, saponósido, colina e diversos triterpenoides (SIMÕES et al., 1998).

O espaçamento ideal no plantio é de 0,80 a 1,00 m entre linhas e entre as plantas, de 0,50
a 0,80 m. Quando se deseja manter o alecrim na forma de arbusto, deve-se aumentar o
espaçamento: 1,20 por 0,80 m entre linhas e plantas. A propagação do alecrim pode ser
realizada por sementes ou por estacas; porém, a propagação por sementes é lenta (2 a 3
anos até atingir a idade adulta) (CASTRO; CHEMALE, 1995). Uso culinário como
tempero, pois além de ressaltar o sabor em certos pratos tem importante papel na digestão

128
dos alimentos. As folhas frescas ou secas podem ser utilizadas em molhos de tomate,
pratos de saladas cruas e nos cereais.

Figura 4.17: Rosmarinus officinalis L.

Fonte: João Carlos Nordi

4.4 Familia Solanaceae

• Capsicum spp.

Conhecidos popularmente como pimentas, o gênero Capsicum compreende também os


pimentões. Dentro de cada espécie existem numerosos tipos distribuídos em variedades
e cultivares que variam em tamanho, cor, forma das folhas e dos frutos, bem como na
129
intensidade da atividade picante.

As pimentas produzem a sensação picante e de calor devido aos seus componentes


químicos, capazes de estimular as papilas gustativas da boca. Basicamente, há dois
gêneros de pimenta mais conhecidos: o Piper, pertencente à família Piperaceae,
denominado de pimenta do reino, e o Capsicum, pertencene à família Solanaceae. A
sensação de calor provocada pelas pimentas deve-se à irritação de células trigeminais,
localizadas na boca, nariz e estômago, as quais são basicamente receptoras para a dor
(RIBEIRO et al. 2008). Depois do sal, a pimenta é o ingrediente mais utilizado na
alimentação e na medicina natural.

As pimentas e pimentões do gênero Capsicum, originários das Américas, representam


parte valiosa da biodiversidade brasileira além de possuírem grande valor comercial
(Ribeiro et al., 2008). Produtos de pimenta vermelha, pungentes e não pungentes,
representam, em volume, uma das mais importantes commodities de tempero no mundo.
Esses produtos adicionam aroma de especiarias e coloração aos alimentos, além de
fornecerem vitaminas A, C e E e minerais essenciais (BOSLAND & VOTAVA, 2000;
MATERSKA & PERUCKA, 2005).

Dentre os diversos tipos de pimentas, a pimenta-malagueta é a mais famosa como


medicinal, sendo usada para dores reumáticas, má circulação e resfriados. Há pomadas
para estimular a circulação sanguínea. Compressas, emplastos e fricções são feitos com
a tintura preparada com os frutos maduros, frescos ou secos.

Na culinária, é bastante utilizada na preparação de molho picante para carne e peixe, além
de cobertura para lombo, com azeitona preta e queijo, recomenda-se acrescentar orégano
e azeite.

130
Figura 4.18: Espécie de pimenta, Capsicum sp.

Fonte: João Carlos Nordi

• Nicotiana tabacum L.

O tabaco é uma erva anual ou bienal de até 2 m de altura, com folhas simples, muito
largas, altera, sésseis e amplexicaules, membranáceas, com odor nauseoso, e sabor acre e
amargo.

Empregado em medicina popular pela suas propriedades narcóticas, sedativa, diaforética,


emética e vermífuga. Hoje é uma das plantas mais cultivadas no mundo, como matéria-
prima para os produtos da indústria do fumo. O estudo fitoquímico registra em todas as
partes da planta uma mistura de alcaloides na qual predomina a nicotina, que se encontra
combinada com os ácidos málico e cítrico. O reconhecimento de sua grande toxicidade
tornou impróprio o seu emprego com medicinal.

131
Figura 4.19: Nicotiana tabacum L.

Fonte: João Carlos Nordi

• Solanum cernuum Vell.

Conhecida como panaceia, é um arbusto grande ou arvoreta perenifólia de 2,0 a 3,5 m de


altura, pouco ramificada, com pelos longos e pardacentos nos ramos novos, nativas do
sudeste e sul do Brasil.

Suas folhas são empregadas na forma de infusão como sudorífica, diurética, depurativa,
desobstruente do fígado, para a cura da gonorreia, doenças de pele e úlceras cutâneas.
Com suas folhas torradas e tostadas é preparado um chá saboroso, considerado calmante
para pessoas com problemas cardíacos, principalmente portadores de palpitações
(LORENZI; MATOS, 2008).

132
Figura 4.20: Solanum cernuum Vell.

Fonte: João Carlos Nordi

• Solanum paniculatum L.

Conhecida como jurubeba, é um arbusto de 1,5-2,5 m de altura, pouco espinhento,


ramificado, nativo de quase todo o Brasil.

Os seus frutos, conhecidos por jurubeba, são consumidos em muitas regiões do Brasil,
como condimento na forma de picles e como aditivo de aguardente. Figura oficialmente
na farmacopeia brasileira, para uso específico contra anemias e problemas hepáticos. É
também considerado útil contra hepatite e gastrite crônicas, anemias, febres intermitentes,
hidropsia e tumores uterinos.

O chá de suas folhas é muito usado no país como remédio cotidiano contra ressaca. Contra
afecções do fígado, inflamação do baço e vesícula preguiçosa, é recomendada uma
decocção de suas raízes.

133
Figura 4.21: Solanum paniculatum L

Fonte: João Carlos Nordi

4.5 Outras plantas medicinais

• Gênero Ficus

Recentemente foi demonstrado por Shukla et al., 2004; Shi et al., 2011, Niranjan; Garg,
2012, que o Ficus possui atividade anticâncer e anti-inflamatória eficaz. Isso se deve à
sua potente atividade citotóxica por ação dos alcaloides, flavonoides, compostos fenólicos
e antioxidantes presentes em diversas espécies do gênero, demonstrando que elas
possuem potencial para o desenvolvimento de medicamentos para o tratamento do câncer.
Contudo, relatos das atividades anticâncer e anti-inflamatória de espécies de Ficus não
são recentes; registros a partir de levantamento histórico, realizado por Lansky et al.
(2008) descrevem o uso eficaz de casca, raízes, frutos e látex em processos inflamatórios,

134
inchaços e tumores em geral. Estudos relacionam tais fatos com aspectos farmacológicos
e químicos recentes. Os textos históricos são originários da região da Pérsia, Espanha,
norte da África, Inglaterra e datam do período compreendido entre o século I e XVII.

A enzima ficina é secretada naturalmente pelo pâncreas e atua no intestino delgado. Essa
enzima que fragmenta proteínas ingeridas durante a alimentação, facilitando a digestão,
é encontrada no látex de espécies do gênero Ficus. Outra substância importante presente
no látex é o psoraleno, utilizado também pela indústria farmacêutica no tratamento de
doenças da pele, como falta de pigmentação. O psoraleno induz a pigmentação quando
aplicado na pele ou se ingerido (SAGARBIERI, 1965; STEPEK et al., 2004). Foi
confirmada a existência da ação anti-helmíntica do látex de algumas figueiras com
propriedades medicinais. O efeito baseia-se na presença de enzimas proteolíticas que
atuam no revestimento mucoso dos helmintos, digerindo-as (CORRÊA, 1974; RIZZINI,
1976; ASSUNPÇÃO, 2008; MALI, MEHTA, 2008;).

Pelo levantamento bibliográfico, nota-se que as propriedades farmacológicas de espécies


do gênero Ficus são alvo de interesse científico há vários séculos, tanto no tratamento
contra verminoses, como também em tumores; é preciso no entanto alguma cautela no
emprego das plantas medicinais, pois erros na dosagem desses princípios podem levar o
indivíduo à morte. O câncer ainda é uma das maiores mazelas da humanidade, e pesquisas
sobre espécies do gênero Ficus têm se mostrado promissoras no tratamento dessa
enfermidade. Faz-se importante a realização de novas pesquisas na área de medicina e na
farmacologia.

Amorim et al. (1999) relatam que ao final do século XIX, no estado do Rio de Janeiro,
foi produzido um preparado farmacêutico à base de látex de Ficus doliaria Miquel,
comercializado com o nome de “Pó de Doliarina e Ferro”, indicado contra anemia
profunda provocada por vermes. Thomem (1939) realizou um levantamento de artigos e
textos publicados no início do século 18, com temas sobre o uso de figueiras nativas no
tratamento de verminoses na América do Sul. Os trabalhos relatam desde tal data o uso e
a eficácia do látex das duas figueiras, Ficus doliaria Miquel. e Ficus glabra Vellozo no
combate a verminoses. No século XIX Peckcolt; Peckcolt (1888) descreveram que uma
colher de chá de látex de F. adhatodifolia, e uma de cachaça, misturadas a uma xícara de
135
leite bem adoçado, era eficaz na eliminação de vermes intestinais. Foram investigadas as
propriedades vermífugas de F. insipida Willdenow. e F. carica L. infectando-se
camundongos com parasitas das espécies Syphacia obvelata, Aspiculuris tetraptera e
Vampirolepis nana. Procedeu-se a administração via intragástrica do látex de F. insipida
Willdenow na dose de 4 ml/kg por dia durante três dias consecutivos. Os resultados foram
eficazes na remoção de 38,6% do número total de parasitas da espécie S. obvelata. Para
os demais parasitas os resultados não foram satisfatórios e a remoção foi inferior a 10%.
O mesmo método foi adotado com látex de F. carica L. conduzidos em doses de 3 ml/kg
por dia, durante três dias consecutivos. Também constituiu eficácia na remoção de S.
obvelata (41,7%) e para os demais parasitas houve reduzida eliminação de A. tetraptera
(2,6%) e V. nana (8,3%), conforme verificado por Amorim et al. (1999).

• Aloysia triphylla (Cidró)

A Aloysia triphylla (L'Hér.) Britton (Verbenaceae) é um arbusto de 2 a 3 metros, muito


ramificado e ereto conhecido popularmente como Cidró. É uma erva originária do Chile
que possui propriedade adstringente e aromática, rica em óleo volátil, agindo como
sedativo brando, também ajuda na digestão e contra resfriados. Na aromaterapia é usada
contra problemas nervosos e digestivos, e para acnes. Na culinária é servida como recheio
de bolos, no preparo de licores, sucos, pães, e para dar aroma às carnes. Suas folhas retêm
muito bem seu aroma de citral, mesmo depois da secagem, tornando-se um componente
indispensável nos "pot-pourris" muito empregados para aromatizar ambientes. Além de
tudo, esta espécie possui propriedade inseticida e bactericida (LORENZI; MATOS,
2008).

Segundo El-Hawary et al. (2012), as folhas de A. triphylla preparadas na forma de chás


apresentam atividade antipirética, anti-inflamatória e analgésica, e propriedades
sedativas, digestivas e antioxidantes. Os compostos fenólicos (principalmente
flavonoides, ácidos fenólicos e fenilpropanoides) foram relatados por Quirantes Piné et
al., (2009) por serem responsáveis pela maior parte das atividades farmacológicas da
A.triphylla, tais como analgésicas, anti-inflamatórias e antioxidantes.

136
A comercialização do óleo essencial de Aloysia triphylla e a grande demanda da indústria
farmacêutica e cosmética, principalmente pelo citral, utilizado na fabricação de perfume,
síntese de ionona (perfume da violeta), beta-caroteno e vitamina A, proporcionaram
maior interesse no cultivo dessa espécie (CZEPACK; CRUCIOL, 2003).

A Aloysia triphylla é dificilmente propagada via semeadura, devido às sementes serem


pequenas, de difícil coleta, e ocorrência de dormência e/ ou de imaturidade, com baixos
índices de germinação (PIMENTA et al., 2007). Segundo Juliani et al., (1999) a
propagação da A. triphylla é feita principalmente por estacas, na primavera e verão,
quando se verifica a presença de folhas jovens e brotações novas nas hastes da planta. No
outono, a planta perde as folhas e as hastes ficam desidratadas (secas) com aspecto de
planta morta, até o final do inverno. Paulus et al. (2004) realizando estudos de propagação
de Aloysia triphylla concluíram que o tamanho das estacas afeta o enraizamento e o
desenvolvimento inicial de mudas e que estacas de 10 cm de comprimento e a
concentração de 1500 mg L1 proporcionaram maior enraizamento.

• Piper umbellatum L.

Espécie pertencente à família Piperaceae e nativa da Mata Atlântica, é conhecida


popularmente como pariparoba ou capeeba; ocorre, predominantemente, nos sub-bosques
e orlas da mata, sendo considerada uma espécie esciófita. Morfologicamente, é
classificada como um subarbusto multicaule, ereto, perene e mede, quando adulto, 1 m a
1,5 metros de altura; possui os ramos angulosos, nodosos e as folhas são membranáceas
(MORAES et al., 1986/1987). Atualmente o extrato de suas folhas é comercializado por
empresas de cosméticos na forma de composições dermocosméticas tópicas para
antienvelhecimento, devido às atividades antioxidante e fotoprotetora comprovadas
cientificamente nesta espécie, atribuída ao fenilpropanoide 4-nerolidilcatecol (ROPKE et
al., 2003), além de outras atividades farmacológicas atribuídas a esta espécie, tais como
tratamento de epilepsia (COIMBRA, 1958), disfunção hepática, bronquite asmática,
cicatrizante e anti-inflamatório (DE FEO, 1991), febrífugo (DI STASI et al., 1993),
sedativa e analgésica (HAMMER; JOHNS,1993), repelente de insetos (CHARTOL,
1964), antimalária (AMORIM et al., 1988). No entanto, até o momento não existem dados
sobre o cultivo desta espécie, ou qualquer informação a respeito dos aspectos de formas
137
de propagação. Trabalhos relacionados com propagação vegetativa de espécies
medicinais ainda são escassos, principalmente no caso de P. umbellata. Diante dos
resultados apresentados neste trabalho, recomenda-se propagar estacas de Pothomorphe
umbellata com 1 nó em substrato (MATTANA, et al., 2009) nas proporções 3:1:1:1 de
solo, esterco bovino, substrato comercial e vermiculita.

Figura 4.22: Piper umbellatum L.

Fonte: Joao Calos Nordi

• Lippia alba

A Lippia alba é uma espécie originária da América do Sul, sendo conhecida por diversos
nomes populares, como erva cidreira de arbusto, erva cidreira do campo, alecrim do
campo, alecrim selvagem, cidreira brava, falsa melissa, erva cidreira brasileira, cidró,
cidrão, entre outros (MARTINS et al., 1995; SILVA JUNIOR, 1998). Ela é utilizada em
substituição à Melissa officinalis na forma de chás, macerados, compressas, banhos e
extratos alcoólicos (JULIÃO et al., 2001). As suas folhas são utilizadas na forma de infuso
pela ação antiespasmódica, moluscicida, calmante e digestiva (PACIORNIK, 1990). A
138
planta é um arbusto perene muito ramificado, com as brotações novas eretas, que tendem
a ficar arqueadas com o crescimento, chegando a encostar no solo, onde normalmente
enraizam, formando moitas de 1,5 a 2m de altura (SILVA JUNIOR, 1998). Multiplica-se
por meio de estacas semilenhosas de 20 cm de comprimento com 1 par de folhas em
substratos porosos e sem necessidade de irrigação por nebulização (BIASI; COSTA,
2003).

• Catharanthus roseus L.

Erva ou subarbusto pertencente à família Apocynaceae, que atinge de 40-80cm de altura


e muito utilizada como planta ornamental. A vinca é uma planta que apresenta mais de
noventa alcaloides diferentes geralmente derivados indólicos. Sua importância medicinal
Figura 4.23: Lippia alba L.

Fonte: Joao Calos Nordi

está na alta atividade oncolítica, atribuída aos alcaloides indólicos (vimbrastina e


vincristina) presentes em sua constituição química.

139
Vimblastina: alcaloide utilizado para neoplasias e associado a outros quimioterápicos,
para tratamentos de linfomas e carcinomas.

• Strychnos nux-vomica L.
Figura 4.24: Catharanthus roseus L.

Fonte: Joao Calos Nordi

A noz-vômica é uma árvore do sudeste asiático pertencente à família Loganiaceae que


atinge 12 m de altura. Possui de 1 a 3% de alcaloides totais dos quais se destaca a
estricnina utilizada na área fisiológica e neuroanatômica. Medicinalmente é raramente
utilizada. A estricnina é um estimulante do sistema nervoso central. Provoca convulsões
tônicas e o envenenamento com doses pequenas da droga é fatal.

• Atropa beladona L

Beladona (Atropa beladona L.), erva perene, pertencente à família Solanaceae, chega a
atingir um metro e meio de altura. Possui ação medicinal como anticolinérgico. Suas
folhas são geralmente empregadas internamente, enquanto suas raízes, externamente.
Também são conhecidos seus efeitos toxicológicos, causando envenenamento e
alucinações quando utilizada em excesso. Os principais alcaloides da beladona são os
alcaloides tropânicos hiosciamina. Outros como escopolamina, hidrina, tropina, e
diversos ésteres de torpanol também são encontrados.
140
• Cynara scolymus L

Alcachofra (Cynara scolymus L.). Planta originária da região mediterrânea, pertencente


à família Asteraceae, que contém como componente majoritário a cinarina. Outros
componentes como ácido cafeico, ácido clorogênico, flavonoides e óleos voláteis,
também fazem parte da sua composição química. A alacachofra é recomendada para
tratamentos hepáticos, sendo considerada colerética e colagoga.

• Cinnammum zeylanicum Ness.

A canela é uma planta silvestre que atinge, no máximo 9 metros de altura. Pertence à
família Lauraceae e é originária no Sri-Lanka e sudoeste da Índia. É conhecida
popularmente como canela-da-china e canela-da-índia. Suas folhas são simples e agudas
na base; exploradas comercialmente por produzirem óleo volátil com altos teores de
eugenol (70%). Entretanto, no óleo produzido pelas cascas encontram-se altos teores de
aldeído cinâmico (80-95%). Outros constituintes são os terpenos limoneno, p-cimeno,
linalol e sesquiterpenos derivados do alfa-cariofileno. Suas propriedades medicinais são
antissépticas e carminativas.

• Curcuma longa L.

O açafrão é uma planta herbácea,


Figura 4.25: Curcuma longa L.
anual, aromática de folhas grandes
longamente, invaginantes e oblongo-
lanceoladas. As flores são
amareladas, pequenas, dispostas em
espigas compridas. As raízes
terminam em um rizoma elíptico, de
onde partem vários rizomas menores,
todos marcados em anéis de brácteas
secas. Cada rizoma mede até 10 cm de
Fonte: Joao Calos Nordi
comprimento; quando cortado, mostra
uma superfície de cor vermelha alaranjada. Tem cheiro forte agradável e sabor aromático
e picante. Os rizomas têm efeito excitante, diurético e bactericida, tonificam as vias
141
biliares e são estimulantes. Na culinária, são utilizados pelo sabor característico, e como
corante amarelo.

4.6 Hortas medicinais comunitárias, beneficiamento e


comercialização

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% da população mundial


já fez uso de algum tipo de erva na busca de alívio de alguma sintomatologia dolorosa ou
desagradável. Pelo menos 30% desse total usaram plantas por indicação médica
(SANTOS et al., 2015).

São muitos os fatores econômicos e sociais que vêm colaborando no desenvolvimento de


práticas de saúde que incluem plantas medicinais (MARTINS et al., 2003).

ESCOLHA DO LOCAL

O local a ser escolhido para implantação de uma horta medicinal deverá ter água
disponível em abundância e de boa qualidade, distante de esgotos, fossas e chiqueiros, e
ser ainda exposto ao sol, principalmente pela manhã, devendo ser próxima da casa do
encarregado de cuidar da horta.

SOLO

O solo precisa ser leve e fértil para que as raízes tenham facilidade de penetrar e
desenvolver devendo-se realizar a análise do solo, principalmente em se tratando de horta
comercial.

Quanto ao aspecto físico do solo, pode ser melhorado, no seu preparo, incorporando nele
esterco curtido e peneirado e compostos orgânicos que fornecerão nutrientes, ajudando a
reter a umidade. Sempre devemos optar por um substrato orgânico, isento de
contaminantes químicos. A correção do solo pode ser feita com calcário, além da
adubação com um produto natural que é o húmus, incorpordo à máteria orgânica de
142
procedência conhecida. Certas espécies exigem solos úmidos, como é o caso do chapéu-
de-couro, cana-de-macaco, etc. Outras já gostam de terrenos areno-argilosos, com
umidade controlada, como cará, bardana, alecrim, etc.

Em relação ao preparo do solo, primeiramente faz-se uma limpeza geral da área. Após
essa limpeza deve-se revolver o solo com o auxílio de um enxadão, pá reta ou arado
(mecanizado ou tração animal).

A análise do solo, avaliando a Fertilidade (pH, Ca, Mg, Al, Na, K, P, H+Al e MO),
Granulometria (areia grossa, areia fina, silte e argila), Densidade do Solo, Densidade de
Partículas, Umidade do Solo na Capacidade de Campo e Ponto de Murcha Permanente,
Salinidade e Água para irrigação (pH, Ca, Mg, Na, K, Cl, HCO3, CO3) é fundamental
para a obtenção racional de plantas medicinais

A declividade da área é um fator de grande importância, para planejamento da


distribuição das espécies e a formação dos canteiros a fim de evitar a erosão. Como
exemplo, podemos citar o plantio de capim-limão em curva de nível onde ele transforma-
se numa faixa de retenção.

Os canteiros e covas devem obedecer à formação das sementeiras, sua confecção em


curva de nível. As sementeiras e os canteiros devem ser formados com as seguintes
dimensões: 1 a 1,2 metros de largura 0,2 metros de altura. Nas sementeiras, a terra deve
ser bem fofa, e as sementes podem ser cobertas com areia bem fina ou terra peneirada.
As covas para o plantio das espécies devem ter 30 cm de largura x 30 cm de comprimento
30 cm de profundidade.

ADUBAÇÃO

Dentre os fatores que podem interferir na composição química de uma planta, a nutrição
é um dos que merece mais destaque (MARTIN et al, 1995)

Mattos (1989) cita que os adubos nitrogenados têm papel importante no aumento de
volume da colheita em plantas das quais se aproveitam as folhas e as inflorescências, e as
adubações fosfatadas e potássicas são particularmente importantes para as partes
subterrâneas (rizomas, raízes, bulbos, etc.). A aplicação do N (nitrogênio) durante o
143
período de pico de crescimento resulta em melhor utilização de N aplicado e
consequentemente melhora o rendimento ou a produtividade da espécie. A aplicação
parcelada de N é mais eficiente, pois é muito propenso a ser perdido no solo por
lixiviação, volatilização e desnitrificação. Ex.: plantas que respondem bem à adubação
nitrogenada: beladona, losna, alfavaca, alfazema, melissa, orégano, arruda.

Importante lembrar que a adubação química é clássica da agricultura convencional. Na


prática de uma agricultura natural sem a utilização de insumos químicos, o solo deve estar
bem preparado e equilibrado com matéria orgânica.

Uma adubação equilibrada é a chave para a obtenção de plantas mais resistentes a pragas
e doenças de acordo com a teoria da Trofobiose, influindo na produção dos metabólitos
secundários, conforme visto anteriormente.

Para fazer a correção básica do solo recomenda-se usar 150 g de calcário/m² /canteiro. O
esterco de bovino é colocado na proporção de 6 a 101/m²/canteiro e esterco de galinha de
2 a 3 litros/m²/canteiro, estes devem estar totalmente curtidos. Podem-se acrescentar 2
litros de humus/m²/canteiro. Em covas deve-se colocar ¼ das dosagens recomendadas/m²
para cada canteiro. Nas sementeiras a adubação é a mesma dos canteiros (RODRIGUES,
2004).

De acordo com AZEVEDO; MOURA (2010), os mais utilizados são:

• Restos de cultura - fornecem matéria orgânica ao solo, contribuindo para melhorar


sua fertilidade. Podem ser incorporados ou mantidos como cobertura morta;

• Esterco de animais - dejetos sólidos e líquidos de aves, bovinos e suínos que,


depois de curtidos, são utilizados como adubo. Em geral, o esterco de ave é mais
rico em nutrientes;

• Húmus de minhoca - devido à facilidade de produção nas propriedades, é uma


alternativa de enriquecimento do esterco. É um adubo orgânico muito rico em
nutrientes;

• Composto orgânico ou compostagem - é o processo de transformação dos resíduos


144
através de microrganismos. Obtido a partir de lixo (resto de alimentos, restos de
culturas e dejetos de animais, entre outros) que é depositado numa pilha ou leira
que deve ser molhada uma vez por semana para manter a umidade e acelerar a
decomposição;

• Adubação verde - são vegetais que, plantados no local da cultura, têm sua massa
verde incorporada ao solo, melhorando suas condições nutricionais. A planta que
servir de adubo verde não deve competir com a espécie plantada, por isso deve
ser plantada nas entressafras. A incorporação do adubo verde deve ser feita, de
preferência, quando a planta estiver com floração.

COVAS

As covas são utilizadas para espécies arbustivas, trepadeiras e arbóreas. Dimensões – 30


cm x 30 cm x 30 cm. Espaçamentos - 3 m entre plantas e 4 m entre linhas, sendo este
espaçamento variável em função do crescimento da planta.

CANTEIROS

As plantas medicinais, em sua maioria, são de ciclo curto e podem ser tratadas como
hortaliças. Os canteiros são de 1 m² de largura e comprimento variável, mantendo-se uma
distância de 60 cm entre eles, o que facilita a movimentação. Em terrenos inclinados, os
canteiros devem obedecer às curvas de nível. O espaçamento utilizado normalmente é de:

• 20 cm entre plantas e 30 cm entre sulco, para espécies de porte baixo;

• 35 cm entre plantas e 50 cm entre linhas, para plantas mais altas;

• 50 cm entre plantas e 70 cm entre linhas, para plantas que chegam a 2 m de altura.

Os canteiros são normalmente utilizados para plantas herbáceas de pequeno porte e


anuais.

SULCOS

São feitos para espécies para as quais se utiliza a divisão de touceiras ou rizomas na
145
propagação, ou mesmo para algumas espécies plantadas em covas.

COBERTURA MORTA

É recomendada a utilização da cobertura morta como casca de arroz, capim seco, casca
de café, etc.

Essa prática melhora a retenção de águas, retarda ou impede o surgimento de plantas


indesejáveis e evita a exposição direta do solo à radiação solar bem como amortiza o
impacto das gotas de chuvas.

A cobertura morta promove maior conservação de água no solo, influenciando na sua


variação de temperatura. Com sua decomposição, vai incorporar mais matéria orgânica
ao ambiente.

PRAGAS E DOENÇAS

As espécies medicinais normalmente apresentam alta resistência ao ataque de doenças e


pragas, mas, por algum desequilíbrio, este pode ocorrer em níveis prejudiciais. Num
ambiente equilibrado, com plantas bem nutridas, a possibilidade de ataque diminui. O uso
de produtos químicos (agrotóxicos) é condenado para o cultivo de espécies medicinais,
isto se justifica pela ausência de produtos registrados para estas espécies, conforme
exigência legal, e pelas alterações que tais produtos podem ocasionar nos princípios
ativos.

Tais alterações vão desde a permanência de resíduos tóxicos sobre as plantas até a
veiculação de metais pesados como o cádmio e o chumbo. Se para os alimentos já se
buscam alternativas para evitar o uso de produtos tóxicos, para a produção de fitoterápicos
a atenção deve ser redobrada ( RODRIGUES, 2004).

O controle das pragas deve ser feito de acordo com o manejo integrado de pragas (MIP)
e o controle de doenças utilizando-se de técnicas e ou medidas naturais, como extratos de
plantas. Mas o principal é o preventivo, obedecendo as práticas adequadas de cultivo
racional e sustentável.

146
Dentre as principais pragas podemos citar ácaros, fungos, besouros, bactérias,
cochonilhas, vírus, formigas, lagartas, percevejo, pulgões, lesmas, nematoides.

Como medidas gerais para o controle estão: seleção de área de cultivo; manejo adequado
do solo; rotação de culturas; plantio na época correta; escolha de sementes, mudas e
estacas provenientes de plantas sadias; plantio no espaçamento adequado e realização de
práticas de consorciação.

De acordo com Rodrigues (2004), uma área grande de plantas da mesma espécie pode
facilitar o surgimento e rápido desenvolvimento de pragas e doenças específicas. A
consorciação de duas ou mais espécies reduz este risco. É necessário, entretanto, fazer
um planejamento desta consorciação por causa dos efeitos alelopáticos (ação de uma
espécie sobre o desenvolvimento da outra). Quando não há informações sobre o efeito da
consorciação ela deve ser testada em uma área pequena.

Alguns exemplos de associações benéficas e associações que devem ser evitadas.

• Alfavaca - seu cheiro repele moscas e mosquitos. Não devem ser plantadas perto
da arruda;

• Funcho - em geral não se dá bem com nenhuma outra planta;

• Cravo-de-defunto - protege as lavouras dos nematoides. Aparentemente não é


prejudicial a nenhuma outra planta;

• Hortelã - seu cheiro repele lepidópteros tipo borboleta-da-couve podendo ser


plantada como bordadura de lavoura. Exige atenção, pois se alastra com
facilidade;

• Manjerona - melhora o aroma das plantas;

• Alecrim - mantém afastados a borboleta-da-couve e a mosca-da-cenoura. É planta


companheira da sálvia;

• Catinga-de-mulata - seu aroma forte mantém afastados os insetos voadores, pode


ser plantada em toda área;
147
• Tomilho - seu aroma mantém afastada a borboleta-da-couve;

• Losna - como bordadura, mantém os animais fora da lavoura, mas sua vizinhança
não faz bem a nenhuma outra planta;

• Mil-folhas - planta-se com bordadura perto de ervas aromáticas (aumenta a


produção de óleos essenciais);

• Arnica brasileira - inibe a germinação de sementes de plantas daninhas.

COLHEITA E BENEFICIAMENTO

O primeiro aspecto a ser observado na produção de plantas medicinais com qualidade é a


colheita no momento certo.

Nas espécies medicinais, a produção de substâncias com atividades terapêuticas apresenta


alta variabilidade. O ponto de colheita varia de acordo com o órgão da planta, estágio de
desenvolvimento e a época do ano e hora do dia. A distribuição das substâncias ativas
numa planta pode ser bem irregular, conforme visto na Unidade 2. Alguns grupos de
substância localizam-se preferencialmente em partes específicas, por exemplo os
flavonoides, de maneira geral, estão mais concentrados na parte aérea da planta; os
alcaloides (nas quinas) responsáveis pelo seu poder curativo estão presentes em somente
uma camada da casca, não se disseminando para as outras. Os alcaloides, em geral, e os
óleos essenciais concentram-se mais pela manhã, e os glicosídeos, à tarde.

Algumas plantas medicinais e a relação com seus princípios ativos em termos de


localização e estágio de desenvolvimento:

• Camomila = o camazulelo e outras substâncias estão mais concentrados nas flores.


É necessário conhecer que parte deve ser colhida para que se possa estabelecer o
ponto ideal.

• Jaborandi = apresenta baixo teor de pilocarpina (alcaloide) quando jovem.

148
• Alecrim = apresenta maior teor de óleos essenciais após a floração, sendo uma
das exceções entre as plantas medicinais de um modo geral. A concentração de
princípios ativos durante o dia pode variar muito.

O consumo de plantas medicinais frescas garante uma ação mais eficaz dos poderes
curativos nelas presentes, embora isso nem sempre seja possível, o que torna a secagem
um método de conservação eficaz quando bem conduzido. O beneficiamento das plantas
medicinais engloba vários processos, desde os cuidados quando da colheita, visto
anteriormente, como da secagem do material.

É bom relembrar que o órgão vegetal, seja ele folhas, flor, raiz ou casca, quando recém-
colhido, apresenta elevado teor de umidade e substratos, o que concorre para que a ação
enzimática seja aumentada.

A secagem, em virtude da evaporação de água contida nas células e nos tecidos das
plantas, reduz o peso do material. Por essa razão promove aumento percentual de
princípios ativo sem relação ao peso do material.

Quadro 4.1: Órgão vegetal e porcentagem da redução do peso após a secagem

Órgão vegetal Redução do peso em %

Folhas 20-75
Casca 40-65
Gemas 62
Lenho da árvore 30-70
Raízes 25-80
Flores em geral 15-80
Flor de camomila 66

Fonte: Rodrigues (2004)

COMERCIALIZAÇÃO

O Decreto nº 5813, publicado em 2006, aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais


e Fitoterápicos (PNPMF) (Brasil, 2006a), sendo um dos principais instrumentos
norteadores para o desenvolvimento de ações e programas de plantas medicinais e
149
fitoterapia na saúde pública. Este Decreto traz diretrizes para desenvolvimento da cadeia
produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos (Brasil, 2006a). Já a Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS contempla diretrizes, ações e
responsabilidades dos entes federais, estaduais e municipais para inserção de serviços na
rede pública, dentre outras práticas, as plantas medicinais e a fitoterapia (BRASIL, 2006b;
BRASIL, 2008). As ações decorrentes dessa Política, manifestadas em um programa, são
imprescindíveis para melhorar: o acesso da população às plantas medicinais e
fitoterápicos; a inclusão social e regional; o desenvolvimento agrícola, industrial e
tecnológico; a promoção da segurança alimentar e nutricional; o uso sustentável da
biodiversidade brasileira e a valorização/preservação do conhecimento tradicional das
comunidades e povos tradicionais (Brasil, 2009).

Considerando-se o valor das plantas medicinais não apenas como recurso terapêutico,
mas também como fonte de renda para a agricultura familiar, torna-se importante
estabelecer linhas de ação voltadas ao desenvolvimento de técnicas de manejo sustentável
ou cultivo, visando à utilização destas espécies, aliada à manutenção do equilíbrio dos
ecossistemas tropicais (REIS, 1996; SHELDON et al., 1997).

Acredita-se que o aumento do consumo das plantas medicinais e as políticas e programas


governamentais devam ser vistos como oportunidades para alternativas de renda na
produção familiar, e portanto devem ser melhor divulgados, diante da falta de
conhecimentos e informações constatadas na aquisição e venda dos produtos.

Quanto à comercialização, Lourenzani et al. (2004) argumentam que o mercado de


plantas medicinais poderia ser estruturado de forma mais eficiente observando-se a
existência de três diferentes canais de comercialização: a) informal; b) farmácias de
manipulação e c) indústrias. Esses canais devem satisfazer a demanda por meio do
fornecimento de mercadorias e serviços no lugar, quantidade, qualidade e preços
adequados.

O mercado e a comercialização de plantas medicinais apresentam peculiaridades que


fazem com que seja necessário um conhecimento detalhado de ambos, para que se possa
ser bem-sucedido na comercialização da produção. O produtor deve buscar dados sobre

150
o mercado e a comercialização referentes às espécies que ele escolheu para cultivar.

Deve-se lembrar também que o mercado para espécies medicinais, aromáticas e


condimentares não se restringe ao uso medicinal. Este grupo de espécies tem aplicações
na indústria de alimentos, bebidas, produtos intermediários (como óleos essenciais e
extratos vegetais), produtos de limpeza, higiene e cosméticos, medicamentos para uso
humano e veterinário. O apelo de ingredientes naturais em diversos grupos de produtos
faz com que a demanda dos mesmos apresente taxas de crescimento superiores aos
produtos convencionais.

O mercado para plantas medicinais é bastante restrito, embora crescente. Portanto o


primeiro passo é localizar os compradores (potenciais) do produto. Estes são ervanários,
farmácias de manipulação e laboratórios fitoterápicos, bem como atacadistas de plantas
medicinais. Porém, outros compradores não podem ser esquecidos, tais como: Programas
de fitoterapia de Prefeituras Municipais e Pastorais da Saúde e da Criança, indústrias de
extração de óleo, indústrias de cosméticos e perfumaria, indústrias de alimentos e bebidas,
indústrias de produtos de limpeza e seus fornecedores, lojas de produtos naturais e
artesanais, restaurantes, feiras e outros. Para localizar empresas que atuam nas áreas
mencionadas pode-se contatar o Ministério de Indústria e Comércio, Ministério da
Agricultura, Secretarias estaduais de Indústria e Comércio e de Agricultura, SEBRAE,
Associações e Federações do ramo. Com base em levantamentos de interesse de mercado
deve ser feita a seleção das espécies mais adaptadas à região de produção.

Para atender aos requisitos de qualidade estabelecidos pelo mercado, o produtor deve
considerar que, além dos equipamentos de cultivo usuais, é necessária uma unidade de
secagem e armazenagem. O custo dessa unidade básica dependerá do tamanho da área de
produção, mas ela pode ser construída em módulos, permitindo sua ampliação na medida
em que o volume de produção aumente. Os custos variáveis de produção de plantas
medicinais, aromáticas e condimentares envolve as despesas de custeio, desde a
implantação da cultura até o término da secagem, e é determinado pela espécie que se vai
cultivar e o sistema de cultivo (policultivo), devendo ser planejado e quantificado em
planilhas específicas.

151
4.7 Para saber mais

Livros

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Santuário, 2012.

Sites

• https://alimentacaosaudavelesustentavel.abae.pt/wp-
content/uploads/2016/02/PAMC-terra-fria.pdf- Plantas medicinais, aromáticas e
condimentares

4.8 Atividades

Planeje a instalação de uma horta composta por plantas medicinais aromáticas e


condimentares, levando em consideração as plantas benéficas e as associações que devem
ser evitadas.

152
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