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ENFOQUES METODOLÓGICOS –
A CRIANÇA, O ESPAÇO E O
TEMPO
Taubaté
Universidade de Taubaté
2014
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ser reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade.
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Palavra do Reitor
Bons estudos!
Caro aluno, este módulo tem como proposta a qualificação da formação inicial e
continuada do professor das séries iniciais do ensino fundamental, visando à
operacionalização da prática do ensino em Geografia e História.
O módulo objetiva sua especialização na prática do magistério, desejando que você faça
do seu trabalho uma prática transformadora, permitindo ousar, dar passos além, cativar
o aluno para o conhecimento desta que, a meu ver, é a disciplina-eixo do currículo
escolar, a Geografia/História.
Sobre a autora
A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e
subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como
subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e
atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das unidades, dicas de leituras e
indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo
estudado.
Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua
disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais
atores desta formação.
Equipe EAD-UNITAU
Sumário
Palavra do Reitor ............................................................................................................. ix
Apresentação ................................................................................................................... xi
Sobre as autoras .............................................................................................................xiii
Caros(as) alunos(as) ....................................................................................................... xv
Ementa .............................................................................................................................. 1
Objetivos........................................................................................................................... 3
Introdução ......................................................................................................................... 5
Unidade 1. Eixos geradores do conhecimento curricular de Geografia e História . 7
1.1 Pressupostos teóricos do ensino de História e Geografia ........................................... 7
1.2 Eixos geradores do conhecimento ............................................................................ 13
1.3 Metodologia do ensino da História e Geografia e a prática pedagógica em sala de
aula ................................................................................................................................. 16
1.4 Síntese da Unidade ................................................................................................... 19
1.5 Atividades ................................................................................................................. 19
1.6 Para Saber Mais ........................................................................................................ 22
Unidade 2 Estudos de Geografia fundamentos e procedimentos metodológicos ... 25
2.1 Estudos de Geografia ................................................................................................ 25
2.2 PCN de Geografia para o 1º e 2º ciclos .................................................................... 26
2.3 O trabalho coletivo na escola.................................................................................... 28
2.4 Conteúdos e métodos em Geografia na sala de aula nas sérias iniciais do ensino
fundamental .................................................................................................................... 29
2.5 Recursos Didáticos ................................................................................................... 47
2.6 Alfabetização Cartográfica ....................................................................................... 48
2.6.1 Orientação Espacial ............................................................................................... 49
2.6.2 Coordenadas Geográficas ...................................................................................... 50
2.7 Mapas ....................................................................................................................... 51
2.7.1 Um pouco da história da cartografia ..................................................................... 51
2.7.2 O trabalho com mapas na escola ........................................................................... 52
2.7.3 Escala ..................................................................................................................... 54
2.7.4 Projeções cartográficas .......................................................................................... 55
2.8 Síntese da Unidade ................................................................................................... 56
2.9 Atividades ................................................................................................................ 56
2.10 Para saber mais ...................................................................................................... 58
Unidade 3. Ensino de História – fundamentos e procedimentos metodológicos ..... 59
3.1 Ensino de História .................................................................................................... 59
3.2 PCN de História para 1º. e 2º ciclos ......................................................................... 61
3.3 Objetivos do ensino de História .............................................................................. 64
3.4 Conteúdos e métodos em História na sala de aula nas séries iniciais do ensino
fundamental .................................................................................................................... 65
3.5 O Estudo do meio como recurso didático ................................................................. 72
3.6 Iconografia ................................................................................................................ 73
3.7 O Tempo ................................................................................................................... 75
3.8 História do Brasil ...................................................................................................... 77
3.8.1 Os Indígenas: localização e cultura ....................................................................... 78
3.8.2 O colonizador: localização e cultura ..................................................................... 78
3.8.3 A organização da vida brasileira pelos portugueses .............................................. 80
3.8.4 A escravidão negra: o encontro das culturas ........................................................ 82
3.9 Como utilizar documentos históricos na sala de aula ............................................... 84
3.10 Síntese da unidade .................................................................................................. 85
3.11 Atividades ............................................................................................................... 86
3.12 Para saber mais ....................................................................................................... 88
Unidade 4. A Inclusão de crianças com necessidades especiais e o ensino de
História e de Geografia ................................................................................................ 89
4.1 Considerações ........................................................................................................... 90
4.2 Adaptações do método de ensino e da organização didática .................................... 90
4.3 Adaptações do sistema de avaliação ......................................................................... 91
4.4 Cuidados metodológicos........................................................................................... 93
4.5 Síntese da Unidade ................................................................................................... 94
4.6 Atividades ................................................................................................................. 94
4.7 Para saber mais ......................................................................................................... 95
Referências ..................................................................................................................... 97
Referências complementares .......................................................................................... 98
Enfoques
Metodológicos
A Criança, o Espaço e o ORGANIZE-SE!!!
EMENTA
Ementa
1
2
Objetivo Geral
Oportunizar ao aluno-mestre ser um elemento ativo no seu próprio processo
de ensino-aprendizagem por meio do exercício dos seus processos de
pensamento, estimulando-o durante todo o módulo e garantindo a articulação
entre conhecimento teórico e prática profissional no estudo dos fundamentos
e das metodologias do ensino de Geografia e História, para o 1º e 2º ciclos do
ensino fundamental. Buscar a recuperação de suas vivências escolares em sua
formação precedente, proporcionando-lhe uma reflexão sobre elas e
permitindo-lhe vivenciar o exercício do ensino interdisciplinar de História e
Geografia junto aos alunos das séries iniciais.
Objetivos Específicos
3
Desenvolver criativamente materiais e procedimentos didáticos que
facilitem a compreensão, pela criança, da relação espacial entre as próprias
crianças e entre as crianças e os objetos;
4
Introdução
5
6
Unidade 1
Podemos pensar que a História e a Geografia fazem parte de nossa vida cotidiana,
porém podemos também estudá-las formalmente na escola.
A história da educação no Brasil registra que História e Geografia sempre foram parte
essencial do currículo escolar da educação básica. Na época dos jesuítas, eram dadas
como conteúdo a História Sagrada ou as Histórias de vidas de santos (hagiografia) e
seus conteúdos eram combinados com os da Geografia, o que acabou dando início à
disciplina de Estudos Sociais.
Podemos argumentar, porém, que estudar detalhes das sociedades antigas certamente
não aumenta muito nossas chances de nos darmos bem na vida, pois nenhuma empresa
vai contratar um funcionário baseando-se no fato de que ele tem ótimos conhecimentos
de História da Grécia ou sabe o nome das capitais de todos os países do mundo, por
exemplo. Por isso, muita gente acha que História e Geografia são disciplinas que não
servem para nada. Porém, isso não é verdade. Estudar História e Geografia é, sim,
muito importante para nos darmos bem na vida. Vejamos os argumentos, abaixo, que
comprovam isso.
Moreira (2008) afirma que o ser humano não é simplesmente uma coisa entre outras,
um ser que pouco ou nada faz além de trabalhar e consumir. Pelo contrário, o ser
humano é um ser de cultura, e é isso que faz a vida humana tão variada e rica. Sob esse
7
ponto de vista, podemos concluir que História e Geografia são disciplinas muito
importantes. Elas nos tornam mais conscientes de nossa identidade social.
Em sua obra, Moreira (2008) dá-nos um exemplo interessante que ilustra melhor o
papel da História e da Geografia em nossa vida. O exemplo foi tirado do filme Blade
Runner, o caçador de androides, do diretor Ridley Scott, a saber: “Uma das
personagens do filme, suposta filha de um cientista importante, descobre que é na
verdade um androide, isto é, uma máquina com forma humana. Todas as lembranças
que ela tinha desde a infância não eram experiências reais que tinha vivido, mas
informações implantadas pelo cientista em seu cérebro cibernético. A partir do
momento em que descobre a verdade sobre si mesma, ela passa a viver uma crise
existencial. Tal crise, no entanto, não se deve à indignação por a terem feito de tola,
mas sim, ao fato de não ter mais certeza de quem era realmente”.
Você já assistiu a esse filme? Assista e reflita. Esse conflito da personagem significa
que é por meio de nossas experiências passadas que construímos para nossa própria
identidade. Sabemos quem somos no presente porque podemos estabelecer relações
entre as experiências que vivemos no passado e que nos tornaram o que somos hoje. É
exatamente por termos consciência de nossa própria identidade que somos capazes de
agir efetivamente no presente. É por conhecermos nosso próprio passado que somos
capazes de entender nosso papel no presente e agir no mundo de modo a transformá-lo
no futuro.
Pense a respeito da sua identidade individual. Quem é você? Qual seu papel no mundo?
Como pode transformar a sociedade em que vive de modo a melhorá-la?
Se pensar melhor, concluirá que não temos somente uma identidade individual, temos
também uma identidade social. Somos, por exemplo, paulistas. Existe uma identidade
comum a todos os paulistas do norte ou sul de São Paulo, que ultrapassa todo o âmbito
da individualidade de ser de Taubaté. O “ser paulista” já existia antes do nosso
nascimento e, provavelmente, vai continuar existindo mesmo que mudemos para a
França ou outro lugar qualquer. “Ser paulista” é parte essencial do que somos hoje, com
nosso sotaque, nossos hábitos alimentares, nosso vocabulário específico. Conhecer e
8
compreender a história do povo paulista e a geografia do estado de São Paulo é,
portanto, conhecer-nos e compreender-nos melhor também.
Portanto, o conhecimento que o aluno traz de casa e que deve ser valorizado é o ponto
de partida. Nossa meta deve ser a ultrapassagem desse ponto, pois se for para o aluno
reproduzir o que já sabe, de que adianta a escola?
Mas fazer isso não é simples. Os conceitos de História e Geografia são noções
abstratas, como o conceito de tempo, rotação, translação, cultura, e, quanto mais novo
for o aluno, mais difícil é para ele compreender esses conceitos.
Por isso, caro aluno, o trabalho do professor não deve ser somente o de construir
conceitos, mas também sistematizar esse conhecimento, por meio de práticas realizadas
na realidade do aluno com projetos interdisciplinares que objetivam modificar ou
conhecer o ambiente em que se vive.
10
Para ajudar você a entender como apresentar o conceito dentro da sua historicidade e
espaço próprio e fazer com que o conceito seja compreendido, Schmidt e Cainelli
(2004) sugerem:
Em relação a conceitos, devemos ter cuidado para não reproduzir estereótipos quando
não há uma necessária reflexão a respeito. Por exemplo, o conceito de região nordeste
que se tem introjetado como o de região pobre, povoada por pessoas sem cultura, e
como uma “sub-raça”. Essa ideia do nordestino pobre e sem ação é repassada em
poesias, imagens, músicas. Um sólido conhecimento de História e de Geografia pode
evitar esses estereótipos.
Mas lembro que a realidade do aluno é somente ponto de partida do trabalho docente,
pois nosso trabalho é caminhar com os conceitos conduzindo-o ao acesso ao patrimônio
11
cultural da humanidade, imprescindível para a nossa compreensão enquanto sujeitos no
mundo.
Para que sejam ricas em significado, as aulas de História e Geografia devem abarcar a
realidade local, mais imediata, tendo como ponto de partida o que o aluno já conhece.
Mas não se trata apenas de constatar o já conhecido, mas também lançar um olhar novo
sobre o cotidiano, assumir, junto com o aluno, uma postura de dúvida. Por exemplo:
por que praticamente todo município tem uma rua ou praça chamada Tancredo Neves?
Para nós, a resposta é evidente. Para o nosso aluno, não. O mesmo pode ser feito a
partir da observação de prédios antigos, da entrevista com pessoas mais velhas, da
observação do espaço geográfico da escola (por meio de uma excursão por todos os
ambientes da escola).
Para você fazer uma auto-avaliação sobre o que acabamos de estudar nesta subunidade,
sugiro alguns exercícios no final deste capítulo. Faça-os e avalie-se. Tenho certeza de
que vai gostar da prática.
12
1.2 Eixos geradores do conhecimento
Os eixos geradores do conhecimento formam o que chamamos de estrutura conceitual
básica de uma disciplina. Os conceitos básicos são instrumentos de trabalho para a
análise e compreensão da realidade. Os conceitos de espaço e tempo são básicos no
estudo da Geografia e da História. É nessas duas dimensões que as relações sociais
humanas travam-se, transformando a natureza, produzindo cultura, construindo a
história.
O espaço ganha existência concreta e visível no chão que pisamos, na terra que
habitamos (espaço geográfico). O tempo ganha existência concreta e visível nos dias e
nas noites que se sucedem, nas condições meteorológicas (sol, chuva, ventos), por
exemplo. Mas além da experiência concreta, espaço e tempo ganham dimensão
abstrata, não visível, por meio do espaço social (relações sociais humanas) onde
vivemos, que é distinto do chão ou espaço geográfico que ocupamos. Por meio dessas
relações, os homens produzem cultura concreta (objetos, instrumentos) e abstrata
(normas de comportamento social).
13
Nível de Explorará em todas as séries as experiências que os
desenvolvimento de alunos já têm ao chegar à escola, relativas aos
conceitos específicos da conceitos específicos da série. Privilegiará o trabalho
série com conceitos específicos da série.
Cuidará para que os conceitos já trabalhados
Nível de ampliação dos especificamente em séries anteriores sejam
conceitos continuamente retomados e ampliados nas séries
seguintes.
Séries
1ª ano 2ª ano 3ª ano 4ª ano 5ª ano
Nível
- Relações - Relações sociais - Relações sociais - Relações sociais - Relações sociais
sociais -Tempo
- Espaço geográfico:
- Tempo dias do mês
Exploratório
(vivências)
- Natureza (cronologia)
- Cultura: -Tempo histórico:
.História local e hoje, ontem,
do cotidiano amanhã,
.Comunidade presente,
indígena passado, futuro.
14
Séries
1ª ano 2ª ano 3ª ano 4ª ano 5ª ano
Nível
-O estudo da -Espaço: - Espaço terrestre: Espaço terrestre: -Tempo histórico
paisagem local . divisões: .orientação: norte,sul, .movimento de e espaço
-Nomear domínios e leste, oeste translação geográfico
elementos fronteiras .divisão: continentes e .divisão política: país brasileiro ontem
componentes -Representação oceanos -Espaço Brasil: e hoje
das paisagens espacial . movimento de rotação .divisão política -Etnias
-Representar o -Representação da Terra -Espaço local: formadoras do
espaço escolar terrestre: - Tempo geográfico: .município povo brasileiro,
. globo .calendário, dia, hora -Tempo histórico: ontem e hoje
. mapa-múndi -Tempo histórico: .pessoa, local, longa - História das
- Natureza: .transformações: natureza duração organizações
. água e terra e cultura, ontem e hoje - História das populacionais:
- Cultura: - Representação organizações -Deslocamentos
. na água e na temporal: populacionais: populacionais
terra . tempo de curta duração -Deslocamentos -Organizações e
.História local e -Cultura: populacionais lutas de grupos
Específico da série
15
Séries
1ª ano 2ª ano 3ª ano 4ª ano 5ª ano
Nível
- Deslocamento - Natureza - Natureza - Natureza - Natureza
espacial escolar - Cultura - Cultura - Cultura - Cultura
Ampliação
Você chegou a ter aulas assim? Com certeza, um ou outro professor deve ter usado essa
metodologia, pois não é tão difícil assim encontrar práticas pedagógicas reprodutivistas.
16
- quando se faz do “próximo” para o “distante”: estuda-se primeiro a escola e
depois a cidade;
Com essas situações, a criança vivenciaria noções de dentro e fora, limites e fronteiras.
Ela seria iniciada em uma representação espacial por meio do desenho feito após cada
experiência e trabalharia adequadamente para esse fim. Depois disso, a passagem para
mapas e globo seria uma questão de grau, uma vez que a confecção de tais
representações, por profissionais, é facilmente compreensível para a criança pelo
recurso do desenho, da fotografia, quando vivenciados por ela.
17
Vamos lembrar a ideia do subtema anterior que nos recomenda trabalhar a partir da
realidade e das experiências do aluno. Até chegar ao 1º ano, a criança já viveu no
mínimo 6 anos na sua família, tendo, portanto, dominado os conhecimentos necessários
para sobreviver, bem como os conhecimentos sobre o bairro onde vive. O que temos
visto é que a escola desconsidera esse conhecimento e trabalha um modelo de família e
de lar estereotipado (papai-mamãe-filhinho), que nada tem a ver com a realidade vivida
pelo aluno no grupo social (pais separados, mães solteiras, avós assumindo netos,
homossexuais adotando filhos).
São comuns nos livros de História, Geografia ou Estudos Sociais cenas como a de um
casal de cor branca, sentado em torno de uma mesa farta, numa sala limpa e agradável,
acompanhado de duas ou três crianças, para representar a família reunida na hora da
refeição. Acompanha o desenho um texto que é lido sem questionamentos e análises,
com os dizeres: Esta é minha família.
Na escola, vemos um trabalho formal e vazio, no qual as crianças não sabem direito o
nome da professora, dos colegas, da diretora.
Para concluir, podemos dizer que é preciso substituir a apreensão fragmentada da vida
social, à qual os alunos estão sendo expostos, por uma compreensão articulada da vida
social, no seu funcionamento e na sua historicidade. Somente, assim, formaremos
sujeitos críticos, capazes de uma atuação consequente de sua realidade.
18
1.4 Síntese da Unidade
Esta unidade apresentou, no item 1.1, as razões que justificam estudar História e
Geografia e os pressupostos teóricos dessas disciplinas, enfatizando como o aluno
aprende os conceitos históricos e físicos. Conclui mostrando como o estudo da História
e da Geografia aguça e amplia nossa compreensão da realidade social e no ajuda a
nortear a ação social no presente. Apresenta também, no item 1.2, os eixos geradores
do conhecimento que formam o que chamamos de estrutura conceitual básica de uma
disciplina. São apresentados os conceitos de espaço e de tempo como básicos no estudo
da Geografia e da História, esclarecendo que é nessas duas dimensões que as relações
sociais humanas travam-se, transformando a natureza, produzindo cultura, construindo
a história. É sugerido no final desse subitem um quadro curricular de Geografia e
História para o ensino fundamental 1. Finalmente, o item 1.3 apresenta um breve
histórico da educação brasileira sobre a prática pedagógica em História e Geografia,
expondo, em seguida, os critérios básicos que norteiam a metodologia dessas
disciplinas. Para concluir, recomendo que precisamos trocar essa apreensão parcial da
vida social que as escolas apresentam aos alunos, por uma outra mais articulada da vida
social, no seu funcionamento e na sua historicidade. Penso que, com essa nova
metodologia, conseguiremos formar sujeitos críticos, com condições cidadãs de
atuarem de maneira transformadora em sua realidade.
1.5 Atividades
Para ampliar sua reflexão sobre o tema, a leitura do texto Contribuição das Ciências
Humanas para a formação do aluno do Ensino Fundamental, do livro de Heloísa Dupas
Penteado (PENTEADO, H. D. Metodologia do Ensino de História e Geografia. 2. ed.
revista e ampliada. São Paulo: Cortez, 2008. p.27-28), é bastante enriquecedora. No
texto, a autora faz uma reflexão sobre o papel das ciências humanas na formação
integral do homem, utilizadas amplamente em História e Geografia, analisando sua
importância.
19
CONTRIBUIÇÃO DAS CIÊNCIAS HUMANAS PARA A FORMAÇÃO DO
ALUNO DO ENSINO FUNDAMENTAL
- perceber o sentido dos processos que orientam o constante fluxo social, bem como o
sentido de sua intervenção nesse processo.
A presença das Ciências Humanas nas cinco séries do Ensino Fundamental, através das
disciplinas História e Geografia, devem garantir a iniciação do estudante nessa
preparação de forma mais ampla. Para isso, é necessário assegurar para cada série um
conhecimento significativo, ainda que introdutório, que possa ser utilizado pelo
estudante ao longo de sua vida, na convivência com seus semelhantes, como um
instrumento que lhe possibilite pensar sua realidade e melhor conhecê-la, para melhor
atuar nela e se apossar dela, em vez de ser por ela engolido.
Assim, o mínimo de saber significativo provindo das Ciências Humanas que se pode
deixar com alguém que tenha passado um ano pelos bancos escolares é a introdução ao
conhecimento de que “o homem é um ser construtor e criador; que faz a natureza,
juntamente com outros homens, para garantir a sua sobrevivência”.
O avanço possível nesse conhecimento, para quem permanece ao longo das séries
iniciais do Ensino Fundamental, é saber que “a vida social construída pelo homem é
20
reconstruída ao longo das gerações; que essa reconstrução não significa necessariamente
avanços ou melhorias”.
ATIVIDADE APLICADA
Prepare uma aula introdutória para o 5º ano, a partir da leitura da poesia acima. O
objetivo é construir com os alunos uma noção do que é História e Geografia e quem são
seus sujeitos.
UMA CIDADE sem passado. Produção de Michael Verhoeven. Alemanha: Play Art
Home Vídeo, 1989. DVD (115 min). Legendado. Inglês e Português.
22
Esse filme permite várias reflexões, por exemplo, a forma como se desenvolve a
pesquisa histórica e os interesses envolvidos no registro oficial da História.
Um garoto viaja no tempo, voltando ao ano de 1955. Nesse filme, é possível perceber as
transformações no espaço geográfico de uma cidade.
Por meio da convivência entre dois monges, que compartilham a solidão em um lago
rodeado por montanhas, são apresentadas as quatro estações do ano, enfatizando cada
aspecto de suas vidas. Nesse filme, é possível perceber a influência das estações em
nossas vidas e a produção cultural em cada uma delas.
Sites
Caso queira saber mais sobre os temas desta Unidade, pesquise em artigos e outras
produções científicas e culturais nos sites a seguir:
23
24
Unidade 2
Dada a nossa realidade atual, a Geografia não pode somente ser descritiva ou tão-
somente servir para interpretar o mundo política e economicamente. Antes de tudo, ela
deve ser aquela que trabalha com as relações socioculturais da paisagem em seus
elementos físicos e biológicos, por meio de investigações das relações entre esses
elementos que formam o espaço geográfico. Esse espaço geográfico é aquele produzido
pelo homem que organiza social e economicamente a sociedade. Portanto, o homem é o
sujeito que constrói e transforma esse espaço constantemente. O aluno sabendo de sua
realidade consegue influenciá-la enquanto cidadão.
Sabe-se que muitos professores das séries iniciais, sem acesso a um conhecimento
técnico e teórico constante e profundo, continuam trabalhando com seus alunos a
Geografia somente descritiva e sem sentido, fora da realidade deles. Uma Geografia
nada transformadora.
25
É necessário, que já nas séries iniciais, o professor trabalhe tendo o espaço geográfico
como tema central: conceitos de paisagem, território e lugar.
Como nos mostra os PCN de Geografia, no momento atual, o meio técnico científico
informacional adquiriu um papel fundamental e, em meio ao processo de globalização e
massificação, o mundo convive com novos conflitos e tensões, tais como o declínio dos
estados-nações, a formação de blocos econômicos, a desterritorialidade e outros temas
que recuperem a importância do saber geográfico. Há uma multiplicidade de questões
que, para serem entendidas, necessitam de um conhecimento geográfico bem estudado.
A Geografia trabalha com as relações entre o processo histórico, que regula a formação
das sociedades humanas, e o funcionamento da natureza, por meio da leitura do espaço
geográfico e das paisagens. Em todos os anos do Ensino Fundamental, a análise das
paisagens não pode ser feita na forma de
descrição, e sim na dinâmica de suas
transformações.
27
2.3 O trabalho coletivo na escola
Para desenvolver este tema, nos basearemos nos objetivos gerais de Geografia para o
ensino fundamental e nos objetivos de Geografia do 1º e 2º ciclos, presentes nos
Parâmetros Curriculares Nacionais, editados pelo Ministério da Educação (1998).
29
Séries
Nível
- Cultura: (cronologia)
.História local e - Tempo
do cotidiano histórico: hoje,
.Comunidade ontem, amanhã,
indígena presente, passado,
futuro.
Nesse sentido, o professor irá trabalhar com seus alunos a formação de atitudes
adequadas para que convivam em seu ambiente escolar de forma organizada e saudável,
levando-os a aprender a conviver num espaço público (seu ambiente escolar) e, ao
mesmo tempo, aprender conhecimentos específicos do ensino de Geografia.
Os três primeiros objetivos que serão trabalhados no 1º semestre são:
1 – Relações Sociais
O professor deve ter em mente que os alunos dessa série estão chegando à escola,
portanto o ensino deve acontecer de forma exploratória e suas vivências devem ser
consideradas como conteúdo.
O professor quando organiza com seus alunos o trabalho escolar (normas de
convivência, comportamentos, relações sociais), no nível exploratório, prepara-os para a
aprendizagem de Geografia e os ajuda a desenvolver a oralidade, a observação das
normas orientadas por critérios, o registro gráfico de observações feitas, o saber
vivenciar situações coletivas. Essas situações ajudam no bom desenvolvimento e
rendimento do trabalho escolar, além de propiciar condições para o exercício da
cidadania. Devem, portanto, ser levadas a sério.
Além de se trabalhar as relações sociais num nível
de vivências, o aluno deve ser percebido dentro de
seu grupo social que é a classe, formada por
indivíduos com características parecidas ou muito
diferentes entre si. O professor deve ajudar o aluno
a perceber sua identidade, dos seus colegas e do
professor. Figura 2.4 - Relações sociais na
escola
Como isso pode ser feito? Veja a Figura 2.4, ela Fonte:
http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/
retrata as relações sociais das crianças na escola, arquivos/File/imagens/5pedagogia/7escola
sua interação, comunicação entre colegas e dewey.jpg
Acesso em 16 jul. 2010.
professor.
31
Os alunos devem observar e identificar seu grupo por meio de jogos, brincadeiras e
conversas. Eles devem se perguntar a respeito do próprio grupo:
- nosso grupo é grande?
- quantos meninos há? E quantas meninas?
- quais as idades?
- quem é o mais novo? E o mais velho?
- o que temos de parecido?
O professor deverá saber lidar com as respostas e prestar atenção na coerência delas.
Por meio das respostas, deve-se usar a criatividade nas atividades seguintes, no sentido
de ir caracterizando o grupo formado pela classe.
Atividades propostas:
a) recorrer a jogos e brincadeiras para que os alunos se envolvam nas atividades de
reconhecimento do grupo e de si mesmo em relação ao grupo;
b) convidar, abertamente, o aluno a falar ou brincar de par ou ímpar para se decidir
quem fala primeiro;
c) provocar seus alunos para que se sintam desafiados, recorrendo a diversos meios que
resultem em respostas a respeito das características da classe: faixa etária, composição
sexual, tamanho do grupo, componentes etc.
d) encaminhar perguntas que especifiquem a finalidade do grupo na série em que estão
(Por que estamos aqui?);
e) trabalhar atividades que levem os alunos a identificarem os nomes de todos (Vamos
decorar os nomes começados com a?; Agora vamos decorar os nomes da primeira
fileira?);
2 – Tempo
O tempo deverá, na série citada, ser trabalhado de forma exploratória. Assim, deve-se
sempre colocar a data na lousa e solicitar que os alunos coloquem-na no caderno.
Por meio de documentos fornecidos pelos alunos à escola, o professor deve conhecer a
história de cada um, pois, muitas vezes, os alunos desconhecem informações sobre si
mesmos. Faz-se necessário, portanto, conferir as informações fornecidas para a escola
com aquelas dadas pelos alunos, relativas a tempo, como data de nascimento, hora do
3 – Espaço
Este conceito será trabalhado na série em questão, também, em nível exploratório.
Nesse sentido, o professor irá direcionar o conceito de espaço por meio de perguntas e,
até, registros. Seguem algumas questões que possibilitam trabalhar essa relação
espacial:
a) Onde está nossa classe?
b) Existem classes próximas? Quais?
c) Onde estão os banheiros?
d) Nossa classe está próxima à diretoria?
Essas perguntas serão respondidas após uma visita dos alunos à escola, para que
percebam referências e localizações. Depois, é importante registrar os espaços em
desenhos. Portanto, o esquema a ser seguido para a obtenção dessa observação espacial
deve obedecer aos seguintes passos:
- iniciação com perguntas;
- visitação em toda escola para averiguação das perguntas feitas;
- elaboração de respostas depois de muita observação;
- desenhos das respostas, identificando a localização da sala de aula.
33
- elemento natural é tudo aquilo que existe e que não foi feito e transformado pelo
homem;
- elemento cultural é tudo aquilo que existe e foi feito ou transformado pela ação do
homem.
O professor pode propor também:
- observação do caminho do aluno de casa até a escola;
- visita a algum local da cidade (zona rural ou urbana);
Atendendo a essas atividades, os alunos irão classificar os elementos da natureza ou
elementos culturais transformados pelo homem. Essa sistematização pode variar desde
escrita, desenhos ou colagens de figuras trazidas pelos alunos ou pelo professor.
Nesse semestre, o professor pode propor as seguintes atividades:
- brincar de agricultura (plantar e cuidar de plantas);
- brincar de comércio (montar feiras ou lojas, situações em que os alunos serão
vendedores, fornecedores ou compradores);
- brincar de produzir algo (fazer um bolo, uma salada ou uns pães e experimentar na
hora do lanche);
- visitar uma indústria alimentícia que produza algo relacionado ao universo alimentar
do aluno;
- contar uma história e, depois, classificar os elementos naturais e culturais que nela
aparecem (registrar em desenhos, por exemplo).
O conceito de relações sociais deve ser feito em nível exploratório no início do ano
letivo.
Os conceitos específicos da série serão: espaço, natureza e cultura.
Os passos seguidos devem ser os mesmos (perguntas, observações, registros e
brincadeiras-exercício para fixação), o que será mudado é o nível de sistematização do
conceito que se trabalhou.
34
Conceito de Tempo
Registrar, diariamente, na lousa, a data do dia, em relação ao dia anterior, e as condições
do tempo (condições meteorológicas).
O professor deve criar condições para que seus alunos identifiquem passado, presente e
futuro.
O trabalho com jogos na sala de aula ou no pátio será importante para que o aluno
adquira os conceitos de domínio e fronteira. Por exemplo, o jogo Caça ao tesouro (feito
numa folha de papel colocada no chão): para se chegar ao tesouro, os alunos percorrerão
locais (domínios) demarcados e fronteiras difíceis de serem ultrapassadas (vale a
criatividade do professor para montar esses jogos).
Trabalhar com a ideia da localização da escola (e quem são os vizinhos da escola) ou da
casa do aluno (e quem são os seus vizinhos) corresponde a um trabalho introdutório dos
conceitos de limite, fronteira, vizinhança.
Após um bom trabalho desses conceitos com jogos e brincadeiras a situação que se
segue é de representações bem concretas de pessoas, lugares e tudo que existe na Terra.
Começar o trabalho com fotos de satélites da Terra e, em seguida, explorá-las por meio
de questões como:
- o que é isso?
- o que vemos?
- o que não vemos? (elementos da Terra que não são vistos pela foto)
35
Observe a Figura 2.5 que representa o planeta Terra através de uma foto de satélite.
Apresentar, na sequência, o globo
terrestre e formular as seguintes
questões:
- o que é isso? - o que ele
representa?
- o que vemos aqui que não vemos
Figura 2.5 - Foto tirada por satélite: vista noturna da na foto anterior? Em seguida,
Terra. trabalhar com os alunos de uma
Fonte: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive
/arquivos/File/imagens/3fisica/8vista.jpg maneira mais concreta, por meio de
Acesso em 16 jul. 2010.
brincadeiras, jogos, exercícios, de
acordo com as sugestões abaixo:
- colocar um boneco de papel numa parede. A cara do boneco deverá ser pintada e
transformada em alvo, sendo este observado pelos alunos de diferentes lugares
(próximos ou distantes). Os alunos deverão descrever o que veem de perto ou de longe
até que percebam que o alvo é só um pontinho pintado. Após o tempo necessário à
observação, deve-se perguntar aos alunos suas diferentes impressões ao observar o alvo
de longe e de perto. A conclusão a que se deve chegar é que quanto mais longe do
boneco o observador está, mais ele enxerga o conjunto, assim como se deve perceber
que o alvo se resume numa marca com caneta, e quanto mais perto o observador está,
menor sua visão do conjunto, possibilitando a percepção de detalhes;
- Para perceber as distâncias, conforme citado acima, pedir que os alunos observem um
alvo de cima para baixo (“zoom”), comentando as percepções de grande, pequeno,
longe, perto, detalhado, menos detalhado, etc.
- tirar fotografias de perto e de longe para que os alunos observem o todo e as partes
(detalhes).
Deve-se trabalhar, também, com o globo terrestre para que os alunos observem, mexam,
manipulem, girem , seguindo os próximos passos:
- observar terra e água e suas respectivas cores;
- passar o dedo nos oceanos e descobrir seus respectivos nomes;
- passar o dedo nos rios e, igualmente, descobrir seus respectivos nomes;
Natureza e cultura
Pontos cardeais
Todos os dias durante uma semana, os alunos irão observar a natureza fixando-se na
posição do sol (onde está ele em relação ao prédio da escola e a sua casa, registrando
sua posição por meio de desenhos do prédio e da casa, frente, fundos, lado direito e
esquerdo). Orientar significa buscar o Oriente (significa nascente). Sendo assim, o
“nascer” do Sol nessa posição diz respeito à direção (sentido) leste ou Oriente. Esse
modo de orientação é muito antigo e se baseia em estendermos nossa mão direita na
direção da nascente do Sol (leste ou oriental). O braço esquerdo esticado estará na
direção oposta (oeste ou ocidental). À frente, estaremos voltados para o norte (direção
setentrional ou boreal) e,
finalmente, nossas costas estarão
voltadas para o sul (meridional ou
austral).
A Figura 2.9 representa essa forma
de orientação:
Figura 2.9 – Orientação pelo Sol O registro deverá ser feito a partir
Fonte: http://www.brasilescola.com
Acesso em 25 mar. 2010. de onde o sol “nasce” e se “põe”
em relação à escola e à casa de
cada aluno.
No final da semana, uma conclusão deverá ser cobrada dos alunos acerca da posição do
sol, com base em seus desenhos (o sol nasce e se põe sempre do mesmo lado?). O aluno
deve perceber com essas atividades que a escola ou a casa servem como referências. Na
escola, por exemplo, o sol nasce atrás e na sua casa nasce na frente (a casa foi
construída de frente para o sol, leste, e a escola foi construída de costas para o sol
nascente, ou oeste.
39
Os alunos devem concluir que o sol se põe do lado contrário ao que ele nasce.
Brincadeiras podem ser feitas com o caça tesouro. Nessa atividade, o professor distribui
um mapa do tesouro com orientações a partir de um ponto de referência, como, por
exemplo, dê cinco passos para frente, agora três passos para o leste, agora 10 passos
para o oeste, volte quatro passos para o leste etc.
Depois que o aluno fixar bem a orientação leste/oeste, o professor deve trabalhar frente
e costas, como, por exemplo: Se tenho a minha direita (com meu braço esticado) o
nascente (leste) e a minha esquerda o poente (oeste), o que terei a minha frente? E atrás
de mim?
Sistematizando, essas direções são
chamadas de pontos cardeais.
Identificando esses pontos
convencionados como cardeais pode-se
construir a chamada “Rosa dos Ventos”
com as direções intermediárias.
A Figura 2.10 representa a Rosa dos
Ventos:
Figura 2.10 - Rosa dos Ventos
Fonte: www.tvpendrive.com.br
Acesso em 25 mar. 2010. O espaço
40 material concreto, como, por exemplo, com uma bola de isopor presa a uma haste,
representando o globo terrestre, e uma lanterna. A partir disso, girar a bola de isopor
bem devagar da esquerda para a direita a fim de se perceber que a sombra também gira
na mesma direção (repetir girando ao contrário). Seria bem interessante se essa
atividade fosse feita numa sala escura, podendo usar como material, uma bola de isopor
e a lanterna como já dito, ou mesmo o globo terrestre que é o modelo reduzido da Terra
onde o aluno deverá manipulá-lo, simulando o movimento da Terra.
Aos poucos, o professor deve traçar na bola de isopor a divisão da Terra em leste e oeste
(conceitos de meridiano de Greenwich) e a divisão norte e sul (linha do Equador).
Ao final, sistematizar os conceitos:
- dia e noite;
- duração do movimento;
- nome correto do movimento, rotação.
Em seguida, para que o aluno perceba o tempo de forma concreta e observe o ciclo da
vida, organize um mural com fotos se seu animal de estimação, fotos dele próprio e de
seus pais.
Para representar o tempo, pode-se trabalhar com a história da cidade e seus habitantes.
Para isso, proponha aos alunos:
- entrevistas com seus pais ou idosos da cidade, para obterem o relato da história da
cidade (como era e como é hoje);
- levantamento das transformações feitas na cidade (boas ou ruins?);
- levantamento do perfil da cidade há 30, 20, 10 anos;
- construção de uma linha do tempo num cartaz, no qual, por exemplo, cada 10 cm
equivale a 10 anos, colocando, a partir disso, os principais fatos e as principais
mudanças ao longo dos anos.
Esse tipo de atividade gera a ampliação dos conceitos espaço natural e espaço cultural
(modificado, transformado)
Para o trabalho com as crianças, no 4º ano, o professor deve observar algumas questões.
O trabalho específico dessa série prende-se ao espaço terrestre (movimento de
Movimento de translação
Para se trabalhar o movimento de translação, o professor deve retomar o conceito de
rotação da Terra, os pontos cardeais e a duração do dia. Para a aplicação do conceito,
pode usar o pátio, fazendo um desenho da trajetória do movimento da Terra em relação
ao Sol. Um aluno poderá ser o Sol e outro a Terra, orientando, dessa forma, os dois
movimentos simultaneamente. Em seguida, simular os dois movimentos por meio do
globo terrestre. Aos poucos, sistematizar a duração do movimento de translação, bem
como das suas consequências: as estações do ano, suas datas e características.
O professor deverá usar as fichas-registros para o tempo meteorológico diário, mensal e
anual, momento em que os alunos terão oportunidade de anotar as condições do tempo
diariamente e ao longo dos meses, perfazendo um ano. Assim, poderão registrar as
características dos meses para sistematizar a estação do ano correspondente.
Espaço: Brasil
O globo terrestre deverá ser sempre usado, mas, para o estudo do Brasil, o professor
deverá usar um mapa-múndi (com cópia para os alunos).
Os alunos deverão identificar no mapa os continentes, os oceanos e o Brasil, espaços
que deverão ser destacados por meio da pintura.
O professor poderá incentivar o conhecimento dos lugares por meio de jogos, como, por
exemplo, contar uma história que narre uma viagem feita ao redor do mundo, e, à
medida que o professor conte essa história, os alunos deverão mostrar, com um pincel, a
trajetória (localização dos continentes, dos oceanos etc).
43
O professor deve propor
atividades que levem o
aluno a perceber as
fronteiras dentro do Brasil
(suas regiões), para
introdução dos conceitos
de país, estado e
município. Para isso, o
aluno deverá observar o
Brasil inserido no
continente (América do
Sul), os estados no país e
os municípios no estado
Figura 2.12 – Mapa do Brasil Divisão Política dos Estados
Fonte://pt.wikipedia.org/wiki (do todo para as partes).
Acesso em 25 mar. 2010. Observe a Figura 2.12 que
retrata a divisão política do Brasil:
Após a sistematização de conceitos com país, estado deve-se retomar o trabalho
específico com o município, focando, agora, os conceitos de natureza (espaço natural) e
cultura (espaço modificado pelo homem) de forma ampliada.
Para isso, sugerem-se as seguintes atividades:
- passeio pelos arredores da escola, utilizando um roteiro de observação, roteiro que
dependerá da localização da escola - zona urbana ou rural;
- observação da natureza do município (terra e água);
- fotos de espaços durante o passeio para melhor visualização posteriormente;
- descrição do que foi visto no passeio: terra (altos e baixos, montanhas), vegetação,
água (rios), ambientes limpos ou sujos, etc.
Toda a experiência do aluno deverá ser aproveitada e também todos os elementos
possíveis que possam ampliar conceitos como: água poluída, chuva, temperaturas, tipos
de construção, direções, relevo etc.
44
Representação do tempo histórico
Esses conceitos serão trabalhados em História, como também em Geografia. Focar, por
exemplo, a construção da linha do tempo para a vida do aluno (ideias retomadas do
trabalho com o 3º ano).
Trabalhar com folha de papel, e, em cada centímetro da folha, poderá representar um
ano da vida do aluno, podendo, assim, serem lembrados os principais acontecimentos da
sua vida.
Essa linha poderá se estender para a vida da família do aluno e para a vida da cidade e,
até, do Brasil, focando os principais acontecimentos: municipais, estaduais e federais.
O trabalho poderá ampliar-se explorando o que ocorre de mais significativo em cada
estação do ano (temperaturas, chuvas, ventos, roupas apropriadas, fenômenos, enchentes
ou secas).
Por fim, ampliar os conceitos de elementos da natureza como: planalto, planície, rios e
lagos, buscando sempre proporcionar ao aluno a observação e visualização na prática, se
possível. Senão, trabalhar com figuras diversas para diferenciação.
O ensino de Geografia no 5º ano é visto como uma ampliação de aprendizagens de
outras séries.
O urbano e o rural
Nesse ano, o trabalho com o urbano e o rural deve ser aprofundado. É necessário que o
aluno compare paisagens e perceba os diferentes modos de vida. O professor deve
propiciar condições e atividades para que o aluno localize diferentes povos do Brasil e
defina seus modos de vida.
Nesse momento, os alunos devem perceber as diferentes relações entre a cidade e o
campo, no sentido social, cultural e ambiental. Mas, não é só isso. O professor deve dar
oportunidades para que o aluno identifique as diversas relações entre campo/cidade:
modos de vida, formas de trabalho, produção etc.
São também retomadas questões relativas à posição, localização, fronteira e extensão
das paisagens.
É, também, pertinente o estudo das tecnologias para o conhecimento das sociedades em
diferentes circunstâncias históricas; a busca de tecnologia para superação de problemas
relacionados à sobrevivência, percebendo as modificações e transformações das
45
paisagens, bem como as consequências dessas modificações para eles e para as
paisagens.
O trabalho será feito em níveis local, regional e nacional, no que se refere à construção e
ao desenvolvimento de tecnologias nas diferentes culturas (populações ribeirinhas,
grupos indígenas, imigrantes japoneses etc) na estruturação de seu espaço geográfico,
analisando como as sociedades vivem hoje.
O professor deve ficar atento às características do espaço local urbano ou rural onde
vivem os alunos e poderá usar muitas estratégias para que o aluno reconheça sua
realidade, como: entrevistas com moradores locais, filmes que comparem duas
realidades e visitas que possibilitem a observação das áreas. Depois, deve acontecer a
sistematização em sala de aula, utilizando-se, por exemplo, de imagens para análises.
Observe as figuras abaixo que retratam o espaço rural e o espaço urbano:
46
2.5 Recursos Didáticos
O professor, quando planeja sua aula, deve sempre se perguntar antes:
- O que pretendo ensinar? (estabelecer a meta que se quer alcançar, a partir de seus
objetivos);
- Como vou ensinar? (relacionar os métodos para que os objetivos da aula sejam
alcançados pelos alunos);
- O que vou utilizar em minha aula? (refere-se à prática, aos recursos usados);
Veja um exemplo:
O professor deve sempre adequar seus métodos e recursos aos temas e objetivos da aula,
mas sempre variar o máximo que puder, para que seus alunos, ao saírem de casa para a
escola, sintam-se motivados para assistir à aula de Geografia. O aluno deve sempre se
sentir desafiado e o professor deve sempre mexer com sua motivação. Para isso, o
professor deverá ser criativo, procurando sempre dar oportunidade à participação ativa
de seus alunos.
- nunca se esqueça do uso das experiências de seus alunos para o enriquecimento das
informações;
- use ilustrações, o que tornará o ensino mais concreto e a assimilação dos conceitos
facilitada;
- valorize os desenhos dos alunos e se mostre interessado por suas produções; dessa
forma, é possível analisar se os conceitos trabalhados foram assimilados;
47
- use mapas sempre que possível, pois o aluno deve, desde os primeiros anos do
ensino fundamental, saber manusear mapas e gostar dessas delineações
convencionais;
O professor deve, portanto, por meio da Cartografia Básica e Temática, ajudar o aluno a
vir o espaço geográfico como algo significativo e que faça sentido para sua vida.
É tarefa importante da escola, preparar seus alunos a terem condições de usar mapas,
interpretá-los e identificar sua linguagem. O professor deve ter o mapa como parte
integrante das aulas e ter um bom nível de leitura desse instrumento de ensino, pois,
quanto melhor for seu nível de leitura, melhor mediador ele será para ajudar seus alunos
a avançar na interpretação do mapa.
À medida que o aluno avança nos níveis de interpretação de mapas e gráficos, torna-se
reflexivo e crítico, conseguindo identificar um problema proposto, analisá-lo e
investigar caminhos que o leve a uma solução. O aluno deve tornar-se um “mapeador”
(leitor de mapas) e, assim, desenvolver aos poucos as formas de representação espacial
e os códigos linguísticos da linguagem cartográfica.
48
2.6.1 Orientação Espacial
O esquema corporal serve de base cognitiva para que a criança consiga entender e
explorar o espaço. À medida que a criança vai adquirindo conceitos, a partir da
linguagem, também vai transferindo o esquema corporal (acima/abaixo,
direita/esquerda, frente/atrás) para os objetos, como, por exemplo: em frente a minha
casa ou atrás da escola.
O trabalho que envolve atividades corporais que ajudem na construção do espaço pela
criança deve ser feito em conjunto com os professores de Educação Física (essas
atividades devem ser trabalhadas em todas as idades). Sabe-se que a orientação espacial
está intimamente ligada à atividade corporal e os referenciais de localização no espaço
são adquiridos por meio do trabalho com o esquema corporal.
Dessa forma, deve-se trabalhar com as crianças atividades que envolvam o corpo, como,
por exemplo, fazer um mapa do corpo. Essa atividade pode ser trabalhada em duplas, da
seguinte forma: uma criança faz o contorno detalhado (numa folha de papel manilha,
por exemplo) do corpo do colega, de frente e depois de costas. O aluno deve
identificar/escrever os lados direito, esquerdo, cima, baixo na imagem (feita em
tamanho real no papel maninha). O professor vai, então, trabalhar, na figura, os lados
direito, esquerdo frente e costas. O trabalho deve ser bem elaborado (e concluído), pois
representa pré-requisito na compreensão de referenciais mais amplos como, por
exemplo, as coordenadas geográficas.
49
2.6.2 Coordenadas Geográficas
- construir um relógio de sol (gnomon) e colocá-lo num lugar plano iluminado pelo
sol durante o dia todo, possibilitando a ampliação das noções norte, sul, leste e oeste.
50
A cada hora, a trajetória do sol será observada através da sombra e o aluno deverá
perceber que quanto mais alto o sol estiver (até ficar a pino), mais curta a sombra vai
estar na estaca (a menor será quando o sol estiver a pino).
- trabalhar com o globo terrestre, pois essa é a melhor maneira de o aluno enxergar a
esfericidade da Terra. Uma vez que o aluno poderá manipular o globo e simular os
movimentos da Terra (rotação e translação), será possível o trabalho de orientação e
localização pelo professor.
É claro que o trabalho de orientação e localização deve ser construído em toda vida
escolar, sendo a observação do céu o início desse trabalho.
2.7 Mapas
O mapa é a representação da Terra por meio de sua redução e projeção num plano;
sendo assim, ele traz representações do mundo em diferentes épocas, o que corresponde
a um instrumento poderoso que desperta interesse militar e político. Deve-se perceber a
diferença entre as limitações técnicas e a ideologia de quem fez o mapa, bem como as
circunstâncias históricas.
O mapa não é somente determinado pela técnica. Ele expressa ideias a respeito do
mundo, considerando diferentes culturas e circunstâncias históricas. Sua produção ao
longo da história deve-se a interesses políticos, militares, religiosos. A produção de
mapas teve também fins práticos, como as navegações, guerras, conquistas.
51
No século IV a.C., na Grécia, já se admitia a esfericidade da Terra.
Os gregos conceituaram o trópico como um limite para as terras em que o sol ficava a
zênite (pino) no verão, ao observarem a trajetória do Sol com uma declinação no céu.
Eles também conceituaram o equador,
os pólos e dividiram as zonas
climáticas do planeta.
O caminho de casa até a escola é o primeiro passo para se observar e “ler” o espaço que
está conhecendo. O aluno vai descobrir mais tarde a classificação dos elementos da
paisagem, pois vai exigir deles uma elaboração mais precisa. À medida que o aluno
consegue classificar os elementos, compará-los, ver semelhanças e diferenças, é
52
importante que ele mesmo construa símbolos para que a codificação seja significativa
para ele.
O uso de mapas não pode ficar restrito somente à identificação de lugares e paisagens.
O aluno deve dominar a linguagem cartográfica e se perceber enquanto cidadão capaz
de resolver problemas do cotidiano, ajudado pelo conhecimento que tem de mapa.
2.7.3 Escala
Construindo o mapa, o aluno aprende. Deve fazê-lo a partir do seu espaço mais
próximo, da sua vivência, para que, aos poucos, consiga perceber o mais distante, o
desconhecido e o desafiador.
Para se representar qualquer espaço, é necessário uma redução que seja proporcional
para caber no papel. Isso será trabalhado por meio do uso da escala, que é a relação
entre a medida do mapa e a do terreno.
Pode-se iniciar o conceito de escala trabalhando, por exemplo, uma foto em vários
ângulos: frente, só rosto (mas sempre de perto), explorando seus detalhes (grande
escala). Depois, deve-se trabalhar com outras fotos: de longe, de corpo inteiro, para que
o aluno perceba a perda de detalhes (pequena escala).
- medir as paredes da sala usando um barbante, que será, depois, dobrado ao meio
continuamente até que caiba em uma folha de papel manilha;
- contar quantas vezes o barbante foi dobrado para que se perceba quantas vezes o
comprimento da parede foi reduzido;
54
Isso resultará na percepção do aluno de que a escala indica a redução da distância e não
da área.
- o aluno observará a sala de aula para perceber os objetos que fazem parte dela
(carteiras, mesa armários etc);
- o aluno poderá, então, escolher quais as sucatas que irá usar para a confecção da
maquete;
- o aluno deve localizar seus colegas tendo a si próprio como referencial (quem é o
colega que se senta a sua direita? E esquerda? Frente? Atrás?);
2.9 Atividades
A linguagem cinematográfica deve ser usada nas aulas de Geografia, pois um filme
permite o uso de muitas linguagens integradas ao todo. O professor deve junto com seus
alunos selecionar filmes que estejam relacionados ao programa e à disciplina. A
atividade que proponho é que você assista ao filme O JARRO (The Jar), produção e
direção de Ebrahim Foruzesh. Irã. Cult Filmes Distribuidora. 1992, VHS (83 min.).
Dublado.
56
Agora faça uma análise sob as seguintes vertentes:
1 – Analise o filme sob a ótica das fotografias, paisagens mostradas e relacione essas
paisagens com as do Brasil. Como aproveitar as paisagens mostradas no filme para o
desenvolvimento de conceitos geográficos?
3 – Analise o filme sob o ponto de vista do gênero. Qual o papel da mulher na área onde
se passa o filme? Separe as paisagens naturais e culturais e as relacione com outras
regiões semelhantes no mundo.
ATIVIDADE APLICADA
57
2.10 Para saber mais
Filmes
CENTRAL do Brasil. Produção de: Walter Salles, Brasil: Sony, 1998. DVD (112 min.).
Sem legenda. Português. Baseado na história original de Walter Salles, o filme retrata a
vida dos nordestinos nas grandes cidades e o choque de culturas.
O filme retrata a questão da água e os crimes cometidos por empresários corruptos que
desviam a água da Companhia de Saneamento Básico para valorizar terras mais áridas.
O JARRO (The Jar), Produção e direção: Ebrahim Foruzesh. Irã. Cult Filmes
Distribuidora, 1992. VHS (83 min.). Sem legenda em português. Dublado.
Sites
Caso queira saber mais sobre os temas desta Unidade, pesquise em artigos e outras
produções científicas e culturais nos “sites” a seguir:
TV ESCOLA-MEC. <www.tvebrasil.com.br/salto/>
58
Unidade 3
Diante dessa complexidade da História, penso que, para refletir sobre seu ensino, é
necessário dividir a abordagem em primeiro ciclo (1º ao 3º ano) e segundo ciclo (4º ao
5º ano).
59
No caso do primeiro ciclo, considerando-se que as crianças estão no início da
alfabetização, deve-se dar preferência aos trabalhos com fontes orais e iconográficas e, a
partir delas, desenvolver trabalhos com a linguagem escrita.
Por isso, é importante que o professor crie situações rotineiras, nas suas aulas,
procedendo a questionamentos diante dos acontecimentos e das ações dos sujeitos
históricos. Dessa forma, possibilita que os acontecimentos sejam interpretados e
compreendidos, a partir das relações (de contradições ou de identidade) que estabelecem
com outros sujeitos e outros acontecimentos do seu próprio tempo e de outros tempos e
de outros lugares.
São favorecidas, assim, as diferentes leituras de jornais e revistas, o debate sobre
problemas do bairro ou da cidade e as pesquisas de cunho social e econômico entre a
população; a identificação de diferentes propostas e compreensões defendidas na
sociedade para solucionar seus problemas; as situações em que as crianças organizam as
suas próprias soluções e estratégias de intervenção sobre a realidade (escrever cartas às
autoridades, fazer exposições para informar a população); o aprendizado de como ler
documentos variados, tanto aqueles que podem ser encontrados na realidade social
(construções, organização urbana, instrumentos de trabalho, meios de comunicação,
vestimentas, relações sociais e de trabalho) como também produções escritas, imagens e
filmes.
61
Quais são as temáticas específicas desta disciplina?
A História trabalha com a temporalidade, isto é, a relação do ser humano com o tempo,
os sujeitos e os fatos históricos. Os PCN abrem novas perspectivas ao lembrar o
professor de que o tempo não é apenas linear (hoje, amanhã, depois de amanhã, 2001,
2002 etc), os sujeitos históricos não são apenas os grandes personagens e que os fatos
históricos não se restringem aos acontecimentos políticos. Para tanto, é preciso ter um
repertório de história cultural, história da mulher, história da criança etc. O primeiro
passo é saber que existem outras histórias a serem exploradas. É preciso confrontá-las
com o mundo real e com o cotidiano das crianças e dos jovens. A cada momento é
preciso fazer a ligação entre passado e presente.
Uma das grandes dificuldades é a falta de tradição no ensino de História. Durante muito
tempo, os professores ensinaram Estudos Sociais, uma disciplina que se apoiava no
nacionalismo e nas datas cívicas, como a independência e a proclamação da República.
Eram fatos isolados e não se dava importância ao processo histórico.
62
Como se trabalham os eixos temáticos?
O jeito mais fácil de tratar os eixos temáticos é por meio dos subtemas propostos nos
PCN. O fundamental é que o passado só faz sentido na relação com o presente.
Muitos dados permanecem, pois servem como balizas para a compreensão do mundo
contemporâneo. O que muda é a relação com eles. A memória é usada em diferentes
situações na vida. O fundamental é saber transferir o conhecimento adquirido para a
vida diária.
As datas servem para nos localizarmos no tempo, entender o que veio antes e depois.
Uma proposta interessante é o trabalho com o período que um determinado evento
ocupa no tempo (duração do tempo). Algumas durações são curtas, outras mais longas,
outras longuíssimas.
Mesmo que os livros sejam ruins, eles podem ser aproveitados. Apresentando vários
deles, é possível mostrar que há opiniões diferentes, vinculadas a diferentes posições
ideológicas. O livro também pode ser uma fonte para o trabalho com imagens, como as
reproduções de obras de arte.
A História proposta pelos PCN é o conhecimento na relação com a vida das pessoas. É
este aprendizado significativo que vai gerar uma determinada atitude. Nesse sentido, é
importante escolher temas que possibilitem a ação no mundo, problemas que têm de ser
enfrentados
Para desenvolver esse tema, vamos nos basear nos objetivos gerais de História para o
ensino fundamental e nos objetivos de História do 1º e 2º ciclos, presentes nos
Parâmetros Curriculares Nacionais, editados pelo MEC (1998).
64
Os objetivos serão somente apresentados para conhecimento. Posteriormente, à medida
que estudarmos metodologia e recursos didáticos, refletiremos a respeito deles.
OBJETIVOS GERAIS DE HISTÓRIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL
Espera-se que, ao longo do ensino fundamental, os alunos gradativamente possam ler, compreender sua
realidade, posicionar-se, fazer escolhas e agir criteriosamente. Nesse sentido, os alunos deverão ser capazes de:
• identificar o próprio grupo de convívio e as relações que estabelecem com outros tempos e espaços;
• organizar alguns repertórios histórico-culturais que lhes permitam localizar acontecimentos numa multiplicidade
de tempo, de modo a formular explicações para algumas questões do presente e do passado;
• conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos sociais, em diversos tempos e espaços, em suas
manifestações culturais, econômicas, políticas e sociais, reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles;
• reconhecer mudanças e permanências nas vivências humanas, presentes na sua realidade e em outras
comunidades, próximas ou distantes no tempo e no espaço;
• questionar sua realidade, identificando alguns de seus problemas e refletindo sobre algumas de suas possíveis
soluções, reconhecendo formas de atuação político-institucionais e organizações coletivas da sociedade civil.
EMENTA
OBJETIVOS GERAIS
67
CICLO: 1º SÉRIE: 2º ano
Nível de N.º de Abordagem e Recursos
Objetivo Específico Conteúdo
Nº Eixo/Temas Aprendiz. aulas Metodológicos
Construir a sua - Nome completo - Perguntas iniciais
identidade social escolar; do aluno, - Observações orientadoras
Desenvolver uma professor, diretor, - Registro das respostas
vivência organizada das escolar, prenome alcançadas
relações sociais escolares. de funcionários. - Brincadeiras – exercícios.
História local - Normas de
e do conduta para: 15
cotidiano: . Ir ao banheiro Exploratóri
01 -A . Jogar lixo no o 1º
localidade: cesto (vivências) seme
• Relações . Pedir a palavra stre
sociais . Respeito à
equipe escolar e
entre colegas
. Preservação do
meio ambiente
escolar
Iniciar a construção de - Dia do Registro diário e
“identidade temporal” aniversário do sistemático na lousa: da
Situar-se no tempo aluno, da data completa do dia, das
cronológico imediato localidade, do condições meteorológicas,
História local Brasil. 15 em quadrinho fixado na
e do - Data da aula, do sala.
Exploratóri 1º
cotidiano: dia anterior, do dia Fazer perguntas para
02 o
-A posterior. seme desenvolver deslocamento
(vivências)
localidade: no tempo (antes/depois: vc
stre
• Tempo nasceu no passado,
presente ou futuro? E seus
pais, antes ou depois de
você? (sugestão:
dinossauros).
Observar e comparar História local Conceito de Usar ocorrências da vida
culturas. e do cultura: tudo o que cotidiana para desenvolver
Ampliar o vocabulário cotidiano: resulta do trabalho conceito de cultura: (papel
oral e escrito como -A do homem. de bala jogado ao chão –
natureza e cultura. localidade: Cultura: história)
• Cultura - do sítio urbano 15 Interdisciplinaridade com
Específico
03 Obs: - do sítio rural 1º e 2º Geografia.
do 1º ano
interdisciplin semestre -Usar literatura infantil
aridade com
o conteúdo
de espaço
físico urbano
e rural
Continuar seu contato - A história dos - Pesquisa sobre a herança
com a história dos antepassados cultural dos povos
antepassados indígenas. indígenas. indígenas;
Avaliar a relação da História local - Relação da - Vivenciar: músicas,
15
comunidade com os povos e do comunidade com costumes, comida e outros.
indígenas do passado. cotidiano: os povos indígenas Exploratóri 2º
04 Identificar objetos cultura do passado o
semes
culturais que é herança - - Herança cultural (vivências)
dos povos indígenas da Comunidades dos povos tre
localidade. indígenas indígenas da
Caracterizar o modo de localidade
vida dos guaianás,
jerominis e puris.
68
CICLO: 1º SÉRIE: 3º ano
Nível de N.º de Abordagem e Recursos
Objetivo Específico Conteúdo
Nº Eixo/Temas Aprendiz. aulas Metodológicos
Construir a sua - Nome completo - Perguntas iniciais
identidade social escolar; do aluno, - Observações orientadoras
Desenvolver uma professor, diretor, - Registro das respostas
vivência organizada das escolar, prenome alcançadas
relações sociais escolares. de funcionários. - Brincadeiras – exercícios.
- Normas de
História local e
conduta para: 15
do cotidiano:
. Ir ao banheiro Exploratóri
-A
01 . Jogar lixo no o 1º
localidade:
cesto (vivências) semestr
• Relações
. Pedir a palavra e
sociais
. Respeito à
equipe escolar e
entre colegas
. Preservação do
meio ambiente
escolar
Situar-se no tempo - Datas: Registro diário e
cronológico . aula presente sistemático na lousa: da
História local e
Apreender . dia data completa do dia, das
do cotidiano:
transformações ao longo anterior/passado condições meteorológicas,
-A
do tempo próximo; . dia em quadrinho fixado na
localidade:
Representar o tempo de• Tempo posterior/futuro 15 sala.
curta duração; - a natureza local Fazer perguntas para
Exploratóri 1º
02 Ler horas: relógio não Obs:
no passado e no
o
desenvolver deslocamento
digital; presente seme no tempo (antes/depois: vc
interdisciplinari (vivências)
Ler e utilizar o dade com o
- a cultura local no
stre
nasceu no passado,
calendário passado e no presente ou futuro? E seus
conteúdo de
presente pais, antes ou depois de
natureza e
- dia: 24 horas você? (sugestão:
cultura de
- semanas, meses, dinossauros).
Geografia.
ano.
69
CICLO: 2º SÉRIE: 4º ano
Nível de N.º de Abordagem e Recursos
Objetivo Específico Conteúdo
Nº Eixo/Temas Aprendiz. aulas Metodológicos
Construir a sua - Nome completo - Perguntas iniciais
identidade social escolar; do aluno, - Observações orientadoras
Desenvolver uma professor, diretor, - Registro das respostas
vivência organizada das escolar, prenome alcançadas
relações sociais escolares. de funcionários. - Brincadeiras – exercícios.
História local - Normas de
e do conduta para: 15
cotidiano: . Ir ao banheiro Exploratóri
01 -A . Jogar lixo no o 1º
localidade: cesto (vivências) seme
• Relações . Pedir a palavra stre
sociais . Respeito à
equipe escolar e
entre colegas
. Preservação do
meio ambiente
escolar
Construir representação - linha do tempo: Registro diário e
do tempo histórico; . da vida do aluno sistemático na lousa: da
Representar o tempo .de seus familiares data completa do dia, das
longo; . da localidade condições meteorológicas,
Representar o tempo da História local onde se situa a 15 em quadrinho fixado na
História do Brasil e do escola sala.
Exploratóri 1º
cotidiano: . de objetos Fazer perguntas para
02 o
-A culturais seme desenvolver deslocamento
(vivências)
localidade: . três grandes no tempo (antes/depois: vc
stre
• Tempo períodos da nasceu no passado,
História do Brasil presente ou futuro? E seus
pais, antes ou depois de
você? (sugestão:
dinossauros).
Observar, descrever e História local - Vestuário Usar ocorrências da vida
registrar a cultura nas e do - Transporte cotidiana para desenvolver
diferentes estações do cotidiano: - Alimentação conceito de cultura: (papel
ano. -A - Lazer de bala jogado ao chão –
localidade: história)
• Cultura 15 Interdisciplinaridade com
Específico
03 Obs: 1º e 2º Geografia.
do 1º ano
interdisciplin semestre - Usar literatura infantil
aridade com
o conteúdo
de natureza e
cultura de
Geografia
Continuar seu contato - A história dos - Entrevista com professor
com a história dos antepassados de História sobre a história
antepassados indígenas indígenas do Brasil dos antepassados indígenas
do Brasil. - Relação da brasileiros;
Avaliar a relação do comunidade - Pesquisa sobre a herança
História local brasileira com os cultural dos povos
povo brasileiro com os 15
e do
povos indígenas do povos indígenas do indígenas brasileiros;
cotidiano: Exploratóri 2º
passado e de hoje. passado e de hoje - Excursão a um museu
04 cultura o
Identificar objetos - Herança cultural seme indígena;
- (vivências)
culturais que é herança dos povos - Vivenciar: músicas,
Comunidades stre
dos povos indígenas indígenas costumes, comida e outros.
indígenas brasileiros
brasileiros.
Caracterizar o modo de
vida dos índios do Brasil e
compará-los com os da
sua localidade.
70
CICLO: 2º SÉRIE: 5º ano
Nível de N.º de Abordagem e Recursos
Objetivo Específico Conteúdo
Nº Eixo/Temas Aprendiz. aulas Metodológicos
Construir a sua identidade - Nome completo - Perguntas iniciais
social escolar; do aluno, - Observações orientadoras
Desenvolver uma vivência professor, diretor, - Registro das respostas
organizada das relações escolar, prenome alcançadas
sociais escolares. de funcionários. - Brincadeiras – exercícios.
- Normas de
História local e conduta para:
do cotidiano: . Ir ao banheiro Explora- 15
01 - A localidade: . Jogar lixo no tório 1º
• Relações cesto (vivências) semestre
sociais . Pedir a palavra
. Respeito à
equipe escolar e
entre colegas
. Preservação do
meio ambiente
escolar
Deslocar-se no tempo da - antes e depois da Registro diário e sistemático
história do Brasil; chegado do na lousa: da data completa
Identificar permanências e português do dia, das condições
mudanças ao longo do tempo. colonizador meteorológicas, em
- datas quadrinho fixado na sala.
significativas de Fazer perguntas para
História local e
nossa história Explora- 15 desenvolver deslocamento
do cotidiano:
02 - espaço brasileiro tório 1º no tempo (antes/depois: vc
- A localidade:
nos primórdios e (vivências) semestre nasceu no passado,
• Tempo
hoje presente ou futuro? E seus
- povos pais, antes ou depois de
componentes da você? (sugestão:
população do Brasil dinossauros).
nos primórdios e
atualmente
Comparar a cultura do Brasil História local e - Ferramentas Usar ocorrências da vida
no tempo da chegada do do cotidiano: - Utensílios cotidiana para desenvolver
colonizador e hoje. - A localidade: -Moradias conceito de cultura: (papel
• Cultura -Adornos de bala jogado ao chão –
- Vestuário história)
Obs: - Usos e costumes 15 Interdisciplinaridade com
Específico
03 interdisci- das etnias 1º e 2º Geografia.
do 1º ano
plinaridade formadoras do Semestre -Usar literatura infantil
com o povo brasileiro
conteúdo de
natureza e
cultura de
Geografia
Continuar seu contato com a - A história dos - Entrevista com professor
história dos antepassados antepassados de História sobre a história
indígenas do Brasil. indígenas do Brasil dos antepassados indígenas
Avaliar a relação do povo - Relação da brasileiros;
brasileiro com os povos comunidade - Pesquisa sobre a herança
História local e
indígenas do passado e de brasileira com os cultural dos povos indígenas
do cotidiano: Exploratór 15
hoje. povos indígenas do brasileiros;
04 cultura io 2º
Identificar objetos culturais passado e de hoje - Excursão a um museu
- Comunida- (vivências) semestre
que é herança dos povos - Herança cultural indígena;
des indígenas
indígenas brasileiros. dos povos - Vivenciar: músicas,
Caracterizar o modo de vida indígenas costumes, comida e outros.
dos índios do Brasil e brasileiros
compará-los com os da sua
localidade.
71
Em relação aos métodos, nas dinâmicas das atividades propõe-se que o professor:
É necessário que o professor, por meio de rotinas, atividades e práticas, ensine-os como
dominar procedimentos que envolvam questionamentos, reflexões, análises, pesquisas,
interpretações, comparações, confrontamentos e organização de conteúdos históricos. A
pesquisa e a coleta de informação devem fundamentar a construção de uma ou mais
respostas para os questionamentos disparados no início do trabalho. Essas respostas
devem ser registradas: texto, álbum de fotografia, livro, vídeo, exposição, mural,
coleção de mapas etc.
72
criar atividades, anteriores à saída, que envolvam levantamento de hipóteses e de
expectativas prévias;
3.6 Iconografia
A iconografia (do grego eikon, imagem, e graphia, descrição, escrita) é uma forma de
linguagem visual que utiliza imagens para representar determinado tema. A palavra
ícone quer dizer literalmente imagem. A iconografia estuda a origem e a formação das
imagens. No estudo da História, a pesquisa iconográfica pode enriquecer um texto sobre
um período histórico com imagens de esculturas, obras arquitetônicas, quadros ou
fotografias de pessoas.
Para ensinar aos alunos como aprofundar seu olhar diante das imagens, é preciso
considerar a foto como documento histórico e adotar procedimentos para dela colher
informações, tanto de seu conteúdo quanto de sua forma.
73
O professor precisa orientar os alunos para que, ao olhar uma foto, procurem identificar,
por exemplo, os hábitos familiares, a origem social das pessoas, a forma de trabalho dos
operários de uma fábrica, a arquitetura dos prédios e os serviços urbanos da cidade, e
assim por diante.
Estudando a questão do
trabalho no Brasil, por
exemplo, é possível escolher
uma foto (conforme Figura
3.1) que remeta a uma cena
cotidiana do século passado e
incentivar os alunos a
debaterem o tema retratado,
Figura 3.1 - Fundação Nacional Pró-Memória
Fonte: http://www.cultura.gov.br/site/categoria/politicas/museus/ levantando questões a
Acesso em 16 jul. 2010.
respeito. Escolhemos, por
exemplo, uma foto tirada por Marc Ferrez, em 1882 (acima), de escravos indo para a
colheita de café, no Rio de Janeiro. A partir dessa exposição, é possível perguntar aos
alunos:
• Quem são os personagens? Como são suas roupas e seus adornos? Qual será a época
em que viveram? Qual será a atividade ou a ocupação de cada um? Quais objetos
aparecem na cena? Como é o cenário? Existe vegetação? De que tipo? O que está em
primeiro plano? E em plano de fundo? Parece uma cena corriqueira? Será uma festa ou
comemoração?
Por outro lado, a realidade da foto pode ser contraposta à realidade atual, discutindo:
• Seria possível, hoje em dia, uma cena como essa? As pessoas atuais se vestem desse
modo? O que o fotógrafo quis registrar ou comunicar? Vocês já viram outra foto
74
parecida? Vocês conhecem outros fotógrafos antigos? Que outros fotógrafos conhecem?
Poderiam comparar o trabalho deles com este?
Além dessas indagações, as crianças também podem fazer uma pesquisa a respeito do
fotógrafo: quem é, qual sua história, em que época viveu, em que lugar fez a foto, por
que motivo quis fotografar a cena etc.
É possível, também, incentivar os alunos a relacionarem a foto com contextos históricos
mais amplos, pedindo para pesquisarem eventos da história brasileira relacionados a
informações extraídas daquela imagem.
3.7 O Tempo
O tempo é um dos conceitos mais complexo de ser entendido.
75
ATIVIDADES COM O TEMPO
registro com os alunos do dia da semana e do mês, do mês e do ano, dos aniversários,
das festas, dos feriados, dos dias de descanso, dos acontecimentos do passado e do
presente que estão estudando;
O tempo, como elemento cultural que estabelece ritmos para as atividades humanas,
pode ser trabalhado por meio de estudos e pesquisas sobre os reguladores do tempo
(relógios, ciclos naturais):
76
comparações sobre os reguladores do tempo da sociedade em que os estudantes vivem e
os reguladores de comunidades diferentes — de localidades rurais ou urbanas e de
culturas de outros tempos e espaços.
Veja um modelo:
Séc XV Séc XVI Séc XVII Séc XVIII Séc XIX Séc XX Séc XXI
1501 1601 1701 1801 1901 2001
77
1500 1600 1700 1800 1900 2000
Para a identificação do grupo indígena da região e estudo do seu modo de vida social,
econômico, cultural, político, religioso e artístico, devem ser levantadas as seguintes
informações:
Introduzir o conteúdo com provocações feitas aos alunos: Aonde chegou o colonizador
português no Brasil em 1500? De onde veio? O que veio fazer aqui?
78
O professor, após as provocações, deverá:
Isso feito, é preciso que o professor reconstitua o clima da época em que viagens pelos
oceanos (profundos e desconhecidos) constituíam grande risco de vida e os perigos
previsíveis, aliados ao desconhecimento e a recursos técnicos ainda incipientes (por
exemplo, caravelas movidas a vento) reforçavam lendas apavorantes, como a de seres
misteriosos, como as sereias (metade mulher, metade peixe) que surgiam das
profundezas dos oceanos, entoando canções muito melodiosas que encantavam os
navegantes, e estes, enlouquecidos, se atiravam nas águas e morriam afogados.
Esse é o momento propício para “dar asas à imaginação” das crianças com
problematizações, a exemplo das seguintes:
Como são os navios que viajam do Brasil para Portugal hoje? (fazer um cartaz
com figuras de caravelas de 1500 e embarcações que navegam hoje é um
exercício elucidador);
79
Será que viajar pelos oceanos naquela época era a mesma coisa que fazer
viagens espaciais hoje? Quem de vocês, se estivesse naquela época, teria
coragem de fazer aquela viagem? (colher tanto as respostas afirmativas quanto
as negativas).
Após essas atividades, os alunos podem ler textos sobre a vida do branco europeu, fazer
dramatizações a partir dessas leituras, observar gravuras das naus de Cabral e, com base
nessas gravuras, descrever a população da época.
a organização da vida no Brasil passou a ser feita pelos portugueses, após a sua
chegada. Era o rei de Portugal que estabelecia as normas e leis para a vida aqui.
80
Segundo essas normas, os portugueses tinham o poder de mandar em todos
(inclusive nos índios), vigiar se as normas eram obedecidas e castigar quem nas
as obedecesse;
os portugueses, em 1822, que aqui estavam apoiados por muitos brasileiros
nascidos ao longo de três séculos (1500 a 1822), resolveram que essas normas
passariam a ser feitas aqui por um rei do Brasil e não mais pelo rei de Portugal.
Isso levou Dom Pedro (filho do rei de Portugal, que aqui o representava) a
proclamar a independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 1822;
o Brasil, que até essa data era colônia de Portugal (pertencia a Portugal), passou
a ser um império;
um império é governado por um rei ou imperador; um rei ou imperador é
sempre filho de outro rei ou imperador e, portanto, não é escolhido pelo povo;
o Brasil continuou império até 15 de novembro de 1889, quando foi proclamada
a república pelo marechal Deodoro da Fonseca;
uma república é governada por um presidente, eleito pelo povo, que o escolhe
com o seu voto.
Expor para os alunos a reprodução de pinturas do rei de Portugal, de Dom Pedro I, de
Marechal Deodoro da Fonseca, é um modo de familiarizá-los com personagens de
nossa história.
Nesse ponto, os alunos já terão condições de ir completando a representação da história
do Brasil, colocando na linha do tempo os períodos colônia, império e república.
Observe abaixo um modelo:
COLÔNIA IMPÉRIO REPÚBLICA
Séc XV Séc XVI Séc XVII Séc XVIII Séc XIX Séc XX Séc XXI
1501 1601 1701 1801 1901 2001
1500 1600 1700 1800 1900 2000
Independência do Brasil
Proclamação da República
81
O professor deverá fazer a linha do tempo da história do Brasil na lousa, acompanhado
pelos alunos que deverão reproduzi-las em seus cadernos.
Deverá haver uma preparação. Decidir o que trazer para a brincadeira, o lugar onde
acontecerá (classe, pátio), a arrumação do espaço etc.
83
Leitura de textos em que se explicitem as condições em que se deu o encontro dos
brancos, negros e índios pode ser feita como fechamento dos trabalhos ou ao longo
dele.
Cabe ao professor ensinar os seus alunos a realizarem uma leitura crítica de produções
de conteúdos históricos, distinguindo contextos, funções, estilos, argumentos, pontos de
vista, intencionalidades. Didaticamente, é importante que os alunos aprendam a
identificar as obras de conteúdo histórico (textos feitos por especialistas, livros
didáticos, enciclopédias e meios de comunicação de massa) como sendo construções
que contemplam escolhas feitas por seus autores (influenciados em parte pelas ideias de
sua época), a exemplo de: seleção de fatos históricos, destaque feito a determinado
sujeito-histórico, organização temporal das análises e das relações entre
acontecimentos.
Podem ser criadas situações em que os alunos aprendam a questionar e dialogar com os
textos, por meio das seguintes questões: Em que contexto histórico o texto foi
produzido? Quais fatos e sujeitos históricos foram privilegiados? Existiria a
possibilidade de privilegiar outros sujeitos e outros fatos? Como o tempo está
organizado? Quais os argumentos defendidos pelo autor? Como está organizado o
ponto de vista do autor? Existem outras pessoas que defendem as mesmas ideias?
84 Como pensam outras pessoas? Como se pode pensar de modo diferente do autor? Qual
é a opinião pessoal sobre o que o autor defende? Os questionamentos sobre as obras
propiciam, necessariamente, trabalhos de pesquisa pelos alunos e seleção, por parte do
professor, de materiais complementares que auxiliem a identificação de contextos e o
discernimento dos pontos de vista dos autores.
Cabe, também, ao professor ensinar como questionar uma obra, como promover
momentos em que seus alunos possam lê-la mais criticamente, mediante comparação e
confrontação com outras obras que se distinguem por enfocarem abordagens
diferenciadas.
85
3.11 Atividades
Para ampliar sua reflexão sobre o tema, vamos fazer algumas atividades.
a- V, V, V b- F, F, F c- F, V, V d- F, F, V
86
São corretas as alternativas:
Escreva um texto em que você exponha as razões pelas quais se deve fazer uso dos
documentos históricos nas aulas de História.
Quais são os cuidados que o professor deve ter ao abordar os documentos em sala de
aula?
87
ATIVIDADE APLICADA
Elabore questões, sobre o assunto urbanização, para entrevistar uma pessoa idosa. Faça
uma coleta de dados que possibilite a identificação do entrevistado e redija as questões
em linguagem acessível ao aluno.
Filmes
Sites
Caso queira saber mais sobre os temas desta Unidade, pesquise em artigos e outras
produções científicas e culturais nos “sites” a seguir:
TV ESCOLA–MEC. <www.tvebrasil.com.br/salto/>
88
Unidade 4
Unidade 4 . A Inclusão de crianças com necessidades
especiais e o ensino de História e de
Geografia
89
4.1 Considerações
Para que as crianças com necessidades especiais possam ser plenamente incluídas,
devem ser feitas adaptações curriculares, que a lei prevê. São respostas educativas que
devem ser dadas pelo sistema educacional de forma que favoreça a todos os alunos e,
dentre estes, os que apresentam necessidades educacionais especiais: o acesso ao
currículo; a participação integral, efetiva e bem sucedida em uma programação escolar
tão normal quanto possível; a consideração e o atendimento as suas peculiaridades e
necessidades especiais na elaboração do projeto político pedagógico da escola e do
plano de ensino do professor.
As necessidades especiais revelam que tipos de estratégias, diferentes das usuais, são
necessárias para permitir que todos os alunos, inclusive as pessoas com deficiência,
participem integralmente das oportunidades educacionais, com resultados favoráveis,
dentro de uma programação tão normal quanto possível.
Para adaptar o trabalho escolar à nova realidade das escolas (crianças com necessidades
especiais de aprendizagem), pergunte-se ao planejar: Haverá, na área de História,
conceitos que lhe seriam mais úteis para o exercício da cidadania e para a aquisição de
uma vida com maior qualidade?
90
Professor de educação especial apoiando aluno com deficiência em classe
regular de ensino;
Aluno com deficiência recebendo apoio individual em sala de recursos, em
horário inverso ao que estuda;
Professor intérprete de libras dando apoio ao professor da sala regular e aos
surdos mudos nela matriculados;
Uso de material apropriado à deficiência do aluno.
91
Aspectos socioafetivos: não existe uma personalidade única nem estereotipada da
criança com síndrome de Down; cada uma delas tem a sua própria maneira de ser, de
pensar, de falar; é, por isso, imprescindível conhecê-la e respeitá-la tal como é.
Contudo, os traços comuns nessas crianças precisam ser distinguidos entre elas.
92
4.4 Cuidados metodológicos
Ao trabalhar com crianças com necessidades especiais de aprendizagem, alguns
cuidados metodológicos devem ser tomados, como, por exemplo:
93
O ensino deve ser dirigido para aspectos práticos da vida da criança, pois
permitirá um melhor desenvolvimento social (resolver situações por meio da
utilização prática das regras sociais etc).
4.6 Atividades
QUESTÕES PARA REFLEXÃO
Escreva um texto em que você exponha as razões pelas quais se deve fazer uso,
principalmente, de jogos e histórias para o trabalho com crianças portadoras de
necessidades especiais.
Com relação à inclusão de crianças com necessidades especiais, quais os conceitos que
lhe seriam úteis para o exercício da cidadania e a aquisição de uma vida com qualidade?
ATIVIDADE APLICADA
94
4.7 Para saber mais
Filmes
SEMPRE amigos. Produçãode Ron Underwood. EUA: Fox Filmes, 2002. DVD (119
min). Legendado. Inglês e Português.
É sobre a história de dois meninos e da amizade entre eles. Kewin sofre de distrofia
muscular e é superdotado. Max, com 13 anos, tem pouca inteligência, é muito arredio e
não tem amigos, é forte e grande. Uma grande amizade entre eles se inicia quando
Kewin e sua mãe se tornam vizinhos de Max.
UMA lição de amor. Produção de Jessie Neslon. EUA: Playarte Distribuidora, 2002.
DVD (132 min). Legendado. Inglês e Português.
95
Sites
Caso queira saber mais sobre os temas desta Unidade, pesquise em artigos e outras
produções científicas e culturais nos “sites” a seguir:
TV ESCOLA-MEC. <www.tvebrasil.com.br/salto/>
96
Referências
BRASIL.Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental Geografia e História. Brasília:
MEC/SEF, 1998.
PINSKY, J.; PINSKI, C. B. Por uma história prazerosa e consequente. In: KARNAL, L.
(Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto,
2005.
Sites
<www.brasilescola.com>. Acesso em 25 mar. 2010.
<www.tvpendrive.com.br>. Acesso em 25 mar. 2010.
<www.esteio.com.br>. Acesso em 25 mar. 2010.
97
Referências complementares
ALMEIDA, R. D. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. 3. ed. São
Paulo: Contexto, 2003.
PINSKY, J.; PINSKI, C. B. Por uma história prazerosa e consequente. In: KARNAL, L.
(Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto,
2005.
98