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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS I e II:

Ensino e Extensão
MARIANA ARANHA MOREIRA JOSÉ
ANA MARIA DOS REIS TAINO

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS I e II:


Ensino e Extensão

1ª Edição

Taubaté
Universidade de Taubaté
2014
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Coordenação Acadêmica Profa.Ma.Rosana Giovanni Pires
Coordenação Pedagógica Profa.Dra.Ana Maria dos Reis Taino
Coordenação Tecnológica Profa. Ma. Susana Aparecida da Veiga
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Coord. de Área: Ciências Humanas Profa. Ma. Fabrina Moreira Silva
Coord. de Área: Linguagens e Códigos Profa. Dra. Juliana Marcondes Bussolotti
Coord. de Curso de Pedagogia Profa. Dra. Ana Maria dos Reis Taino
Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Gestão e Negócios Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira
Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Recursos Naturais Profa. Dra. Lídia Maria Ruv Carelli Barreto
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Autor Mariana Aranha Moreira José
Ana Maria dos Reis Taino

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Ficha catalográfica elaborada pelo SIBi


Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU

J831p José, Mariana Aranha Moreira


Práticas pedagógicas I e II: ensino e extensão / Mariana Aranha Moreira José; Ana
Maria dos Reis Taino. Taubaté: UNITAU, 2012.
63p. : il.
ISBN: 978-85-65687-69-0
Bibliografia

1. Professor. 2. Ensino-aprendizagem. 3. Práticas pedagógicas. 4. Projetos didáticos. I.


Taino, Ana Maria dos Reis. II. Universidade de Taubaté. III. Título.
PALAVRA DO REITOR

Palavra do Reitor

Toda forma de estudo, para que possa dar


certo, carece de relações saudáveis, tanto de
ordem afetiva quanto produtiva. Também, de
estímulos e valorização. Por essa razão,
devemos tirar o máximo proveito das práticas
educativas, visto se apresentarem como
máxima referência frente às mais
diversificadas atividades humanas. Afinal, a
obtenção de conhecimentos é o nosso
diferencial de conquista frente a universo tão
competitivo.

Pensando nisso, idealizamos o presente livro-


texto, que aborda conteúdo significativo e
coerente à sua formação acadêmica e ao seu
desenvolvimento social. Cuidadosamente
redigido e ilustrado, sob a supervisão de
doutores e mestres, o resultado aqui
apresentado visa, essencialmente, às
orientações de ordem prático-formativa.

Cientes de que pretendemos construir


conhecimentos que se intercalem na tríade
Graduação, Pesquisa e Extensão, sempre de
forma responsável, porque planejados com
seriedade e pautados no respeito, temos a
certeza de que o presente estudo lhe será de
grande valia.

Portanto, desejamos a você, aluno, proveitosa


leitura.

Bons estudos!

Prof. Dr. José Rui Camargo


Reitor

v
vi
Apresentação
Estudar Práticas Pedagógicas nos Cursos de Pedagogia e nas demais Licenciaturas
permite ao aluno refletir sobre a importância da consciência docente acerca da
concepção de ensino e de aprendizagem e de sua operacionalização no interior das
escolas. Acreditamos que o processo de formação do educador ocorre
concomitantemente com o seu processo de formação pessoal, sobretudo se
considerarmos que educar é um ofício eminentemente humano.

Os saberes construídos ao longo da trajetória docente vão se consolidando na medida


em que o professor permite ser avaliado e quando, consciente e livremente, adota uma
atitude de humildade diante do conhecimento, de si mesmo, dos alunos e dos demais
membros da escola, atitude esta a qual denominamos interdisciplinar (FAZENDA,
2001).

A reflexão sobre os princípios que direcionam as práticas pedagógicas jamais poderiam


estar dissociadas de sua efetiva realização no interior das escolas. A oportunidade de
refletir sobre a própria prática é fundamental no processo formativo do professor e deve
ser objeto constante de estudos e pesquisas.

Pensando sobre isso, propomos que você, aluno e futuro professor, possa exercer as
atividades presentes neste Livro-texto, refletindo sobre cada etapa de seu
desenvolvimento: desde o planejamento até a avaliação. Realizar Sequências Didáticas,
Projetos de Trabalho e Projetos Institucionais será de grande relevância para a sua
formação acadêmica e profissional.

Aproveite bem essa oportunidade e sane todas as suas dúvidas: reflita com seus colegas,
divida com o professor da escola e dos espaços educativos nos quais você for atuar e
troque mensagens com os professores que coordenarão os trabalhos. Aproveite esta
oportunidade privilegiada de estudos e de atuação. O processo de formação docente é

vii
algo que começa agora, em sua formação inicial, e deve se perpetuar ao longo de sua
trajetória docente.

Por isso, este Livro-texto propõe a realização de leituras, reflexões e ações que
permitam um constante aprimoramento da Prática Pedagógica, elemento indispensável
para a melhoria da qualidade da Educação em nosso país.

As autoras

viii
Sobre as autoras

MARIANA ARANHA MOREIRA JOSÉ – Graduada em Pedagogia pela Faculdade


Maria Augusta Ribeiro Daher (2001), é Mestre em Educação: Currículo, pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (2006). Atualmente é pesquisadora do Grupo de
Estudos e Pesquisas em Interdisciplinaridade (GEPI), e doutora em Educação:
Currículo, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2011). Tem experiência
na área de Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) e
do Ensino Superior. Foi funcionária do Serviço Social da Indústria – SESI/SP por dez
anos e professora do curso de Pedagogia da Faculdade de Pindamonhangaba – FAPI.
Sua pesquisa aborda os aspectos da Gestão Escolar e da Formação Inicial e Continuada
de professores, com ênfase nos estudos sobre interdisciplinaridade. É autora dos Livros-
texto “Currículo e diversidade cultural” e “Gestão da Sala de Aula” e coautora do Livro-
texto“Atividades teórico-práticas de aprofundamento II e Atividades acadêmico-
científico-culturais II”, ambos pela Universidade de Taubaté.

e-mail: mariana-aranha@uol.com.br

ANA MARIA DOS REIS TAINO – Graduada em Pedagogia pela Universidade do


Vale do Paraíba (1978), com mestrado e doutorado em Educação (Currículo) pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2002-2008). Tem experiência na área de
Educação Básica como professora, diretora e supervisora de ensino nas escolas públicas
do Estado de São Paulo. Na Educação Superior atua como docente e coordenadora do
Curso de Pedagogia no Núcleo de Educação a Distância da Universidade de Taubaté, e,
em programas de Formação Continuada de Professores. Atualmente é também
pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Interdisciplinaridade-GEPI–PUC/SP
e professora colaboradora do mestrado de Desenvolvimento Humano da Universidade
de Taubaté. É coautora dos Livros-texto “Atividades teórico-práticas de
aprofundamento I e II e Atividades acadêmico-científico-culturais I e II”, pela
Universidade de Taubaté.

e-mail: anam.reis@uol.com.br

ix
x
Caros(as) alunos(as),
Caros( as) alunos( as)

O Programa de Educação a Distância (EAD) da Universidade de Taubaté apresenta-se


como espaço acadêmico de encontros virtuais e presenciais direcionados aos mais
diversos saberes. Além de avançada tecnologia de informação e comunicação, conta
com profissionais capacitados e se apoia em base sólida, que advém da grande
experiência adquirida no campo acadêmico, tanto na graduação como na pós-graduação,
por mais de 35 anos de História e Tradição.

Nossa proposta se pauta na fusão do ensino a distância e do contato humano-presencial.


Para tanto, apresenta-se em três momentos de formação: presenciais, livros-texto e Web
interativa. Conduzem esta proposta professores/orientadores qualificados em educação a
distância, apoiados por livros-texto produzidos por uma equipe de profissionais
preparada especificamente para este fim, e por conteúdo presente em salas virtuais.

A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e
subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como
subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e
atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das unidades, dicas de leituras e
indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo
estudado.

Os momentos virtuais ocorrem sob a orientação de professores específicos da Web. Para


a resolução dos exercícios, como para as comunicações diversas, os alunos dispõem de
blog, fórum, diários e outras ferramentas tecnológicas. Em curso, poderão ser criados
ainda outros recursos que facilitem a comunicação e a aprendizagem.

Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua
disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais
atores desta formação.

Para todos, os nossos desejos de sucesso!

Equipe EAD-UNITAU

xi
xii
Sumário
Palavra do Reitor .............................................................................................................. v

Apresentação .................................................................................................................. vii

Caros(as) alunos(as) ........................................................................................................ xi

Objetivos........................................................................................................................... 2

Introdução ......................................................................................................................... 3

Unidade 1. A prática pedagógica e o cotidiano do professor ...................................... 5

1.1 Ser professor: dimensão pessoal e profissional .......................................................... 5

1.2 O que são práticas pedagógicas ................................................................................ 10

1.2.1 O ensino e a aprendizagem .................................................................................... 12

1.3 Ações no cotidiano da escola.................................................................................... 14

1.4 Síntese da Unidade ................................................................................................... 16

1.5 Para saber mais ......................................................................................................... 17

Unidade 2. A prática pedagógica, o ensino e a aprendizagem.................................. 19

2.1 Sequência didática .................................................................................................... 21

2.1.1 Passo a passo de uma sequência didática .............................................................. 23

2.2 Projeto Didático ........................................................................................................ 28

2.2.1 Passo a passo de um Projeto Didático ................................................................... 32

2.3 Síntese da Unidade ................................................................................................... 40

2.4 Para saber mais ......................................................................................................... 40

Unidade 3. Prática pedagógica e extensão .................................................................. 41

3.1 O Projeto da Escola .................................................................................................. 41

3.1.1 Detectando a urgência social ................................................................................. 42

3.1.2 Todos trabalhando ................................................................................................. 43

xiii
3.2 Síntese da Unidade ................................................................................................... 48

3.3 Para saber mais ......................................................................................................... 48

Atividades ....................................................................................................................... 49

Referências ..................................................................................................................... 63

xiv
Práticas Pedagógicas
ORGANIZE-SE!!!
Você deverá usar de 3
a 4 horas para realizar
cada Unidade.

EMENTA

Atividades paralelas ao curso que possibilitem o reconhecimento de


habilidades e competências do aluno, fora do ambiente escolar.
Estimulação da prática de estudos independentes, transversais,
interdisciplinares, contextualizadas nas relações com o mundo do trabalho
escolar e fora dele, estabelecidas ao longo do curso, integradas às
particularidades pedagógicas e de aprendizagem. O projeto de ação.

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Objetivo Geral

Desenvolver os elementos das práticas pedagógicas, a partir do


desenvolvimento do trabalho em sala de aula.

Subsidiar e preparar os alunos para o planejamento e a programação de


sequências didáticas, projetos didáticos e projetos institucionais, propiciando-
lhes a vivência e a reflexão da prática docente.

os

Obj eti vos

Objetivos Específicos

 Compreender como a relação professor-aluno influencia na aprendizagem


e na construção do conhecimento;

 Entender a importância do planejamento didático para o bom


desenvolvimento das atividades pedagógicas;

 Desenvolver sequências didáticas, projetos de trabalho e projetos


institucionais em espaço escolar e não escolar;

 Vivenciar a prática docente em suas várias etapas dos processos de ensino


e aprendizagem: do planejamento das aulas à avaliação do processo ensino-
aprendizagem.

2
Introdução
Ser professor exige, na prática, uma profunda imersão no trabalho
cotidiano.
Ivani Fazenda

A temática deste Livro-texto enfatiza as “Práticas Pedagógicas”, ampliando o olhar do


aluno para a vivência de uma prática docente consciente e contextualizada. Esse
movimento é incentivado pela realização de atividades que estimulam a reflexão sobre a
realidade existente nas escolas, a necessidade de planejar boas práticas e das
possibilidades de executá-las.

O presente Livro-texto foi organizado em três Unidades, as quais, de maneira articulada,


promoverão a discussão sobre a prática pedagógica e o cotidiano do professor, suas
atribuições de planejamento e execução de práticas que promovam a aprendizagem dos
alunos, ligadas às demandas sociais da realidade dos discentes e da escola.

É fundamental que o educador adquira a compreensão de que a forma como ele ensina
influencia diretamente a aprendizagem dos alunos; portanto, torna-se fundamental, ao
planejar, pensar sobre qual a melhor estratégia a ser utilizada para que os aluns possam,
de fato aprender. Por isso, é imprescindível que o professor tenha sempre consciência da
relevância acadêmica, social e cultural na formação do alunado, cuidando de sua própria
formação e buscando constantemente novas possibilidades de estudo e de
aprendizagem.

Na Unidade 1, A prática pedagógica e o cotidiano do professor, abordamos o que


são as práticas pedagógicas e a sua importância no cotidiano do professor. Uma
abordagem significativa é dada ao processo de autoformação docente, vez que o
professor é um ser humano que se encontra com outros seres humanos que também
estão em processo de formação.

Na Unidade 2, A prática pedagógica, o ensino e a aprendizagem, serão abordados os


princípios que envolvem os conceitos de ensino e de aprendizagem. Embora muitos os

3
coloquem em uma situação de ação e reação, verificaremos que isso nem sempre
acontece se a prática do ensino do professor não for pensada a partir da forma como os
alunos aprendem. Muitas vezes, quando se tenta ensinar sem prestar atenção em como
determinado grupo de alunos aprende, o resultado, estará fadado ao fracasso.
Abordaremos as sequências didáticas e os projetos didáticos como possibilidades de
pensar as ações de ensino e de aprendizagem na escola.

Na Unidade 3, A prática pedagógica e extensão, relembra que o professor, como


membro fundamental da escola, tem o papel de desenvolver projetos que considerem as
urgências sociais por ela enfrentadas. Ao estabelecer parcerias com outros professores,
com os funcionários, com seus alunos, com as famílias e com os demais membros da
comunidade possibilita que novas ideias criativas e concretas aos poucos se tornem
realidade e acabem, por sua vez, transformando aquela realidade específica.

4
Unidade 1

Unidade 1 . A prática pedagógica e o cotidiano do


professor
Estar vivo é assumir a educação do sonho no cotidiano.
Para permanecer vivo, educando a paixão, os desejos de vida e de morte, é
preciso educar o medo e a coragem.
Medo e coragem em ousar.
Medo e coragem em assumir a solidão de ser diferente.
Medo e coragem em romper com o velho.
Medo e coragem em construir o novo.
Medo e coragem em assumir a educação desse drama, cujos personagens são
nossos desejos de vida e morte.
Educar a paixão (de morte e de vida) é lidar com esses dois ingredientes
cotidianamente através da nossa capacidade, força vital (que todo ser humano
possui uns mais, outros menos, em alguns anestesiada) de desejar, sonhar,
imaginar e criar.
Somos sujeitos porque desejamos, sonhamos, imaginamos e criamos na
busca permanente da alegria, da esperança, do fortalecimento da liberdade, de
uma sociedade mais justa, da felicidade a que todos temos direito (FREIRE,
M., 2008, p. 34).

Abordaremos nesta Unidade as dimensões da profissão do professor: a importância de


considerar o seu desenvolvimento pessoal vinculado ao seu desenvolvimento
profissional. Em consequência de tal estudo, veremos a importância que a prática do
professor possui no processo de construção do ensino e na aprendizagem dos alunos.

1.1 Ser professor: dimensão pessoal e profissional


O cotidiano das ações do professor está pautado em um universo de relações: dele com
ele mesmo, dele com seus colegas de profissão, dele com o conhecimento, dele com
seus alunos e com toda a comunidade escolar. Exatamente por este motivo, torna-se
impossível pensar sobre a profissão docente dissociado da pessoa do professor.

5
Nóvoa (2000) confirma este pensamento ao dizer que é impossível separar o “eu”
profissional do “eu” pessoal, já que ambos garantem ao professor a possibilidade de
questionar, intuir e de agir diante de seus alunos.

A maneira como cada um de nós ensina está diretamente dependente daquilo


que somos como pessoa quando exercemos o ensino: Será que a educação do
educador não se deve fazer mais pelo conhecimento da disciplina que ensina?
[...] Eis-nos de novo face à pessoa e ao profissional, ao ser e ao ensinar. Aqui
estamos. Nós e a profissão. E as opções que cada um de nós tem de fazer
como professor, as quais cruzam a nossa maneira de ser (NÓVOA, 2000, p.
17).

Acreditamos que o professor vai sendo formado ao longo de sua trajetória pessoal e
profissional. Poderíamos afirmar que o processo de formação dos professores poderia
ocorrer de forma bastante simplista: todos os recém-formados participariam de
encontros, cujo roteiro seria semelhante a uma receita, colocando-os em uma forma bem
definida, rígida e reprodutora. Nela se aprenderiam e se repetiriam métodos, técnicas,
materiais e conteúdos, testados durante anos.

Porém, existe outra forma de se compreender a formação de professores, que


acreditamos ser mais complexa e mais eficaz, justamente por considerar as variáveis
pessoais e profissionais que o envolvem. Furlanetto (2004, p. 25) afirma que a formação
dos professores, ao invés de colocá-los em
uma forma, deve dar forma aos processos,
de maneira que o professor possa “buscar os
próprios contornos, aqueles que possibilitem
sua expressão”.

Assumiremos, aqui, a segunda concepção,


que considera o processo de formação
profissional do professor um processo
dinâmico, realizado de forma contínua e
permanente, e incapaz de dissociar seus

Figura 1.1 – Buscando os próprios avanços pessoais dos profissionais.


contornos
Fonte: Para a autora,
<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Picto
figo_Friendship.png>
6 Acesso em: 12 maio 2012
O professor intervém em um meio ecológico complexo, em um cenário vivo
e mutável, definido por interações simultâneas, além de enfrentar múltiplas
situações para as quais não encontra respostas elaboradas, o que o obriga a ir
além das regras (FURLANETTO, 2004, p. 10).

Moreira José (2011a) acredita que para

a adequada interferência nesse universo de complexidade, o papel do


autoconhecimento é fundamental. À medida que ocorre sua ampliação dentro
do universo pessoal e profissional do professor, maior segurança se
estabelece em sua prática, em seu agir. Um dos meios para a ampliação do
autoconhecimento, utilizado em pesquisas qualitativas e fenomenológicas,
sobretudo na área da Educação (mais precisamente nos estudos referentes à
Formação de Professores), é caracterizado pelo resgate das Histórias de Vida
(MOREIRA JOSÉ, 2011a, p.93).

Entender que a História de Vida do professor é importante para o seu processo de


formação ainda é um desafio na atualidade. No entanto, os profissionais que a resgatam
experimentam um processo de aprimoramento do seu autoconhecimento e uma
compreensão mais aprofundada dos problemas e dos sucessos que envolvem sua
atividade docente. Isso porque os momentos de reflexão permitem uma análise mais
consciente sobre a subjetividade das relações pessoais entre professores e alunos, o
momento histórico que o professor atravessa, além dos diferentes processos de
aprendizagem vivenciados por alunos e professores.

Moreira José (2011a) afirma que:

Para o professor, a observação de suas próprias vivências constitui uma


experiência extremamente pessoal, ao mesmo tempo em que intrinsecamente
coletiva. O movimento interior de retorno às origens e a reflexão sobre suas
particularidades permite ao educador em formação reviver e rememorar
aspectos sagrados inerentes a sua História de Vida. Ao mesmo tempo, ao
realizar a materialização de suas experiências através de um texto escrito, de
uma imagem ou escultura, por exemplo, sempre o faz com a intencionalidade
de uma função socializadora, no sentido de compartilhar com o outro,
presente no grupo, sua trajetória de vida (MOREIRA JOSÉ, 2011a, p. 94).

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Deparamo-nos com uma preocupação com a pessoa do professor, compreendendo-o
muito além de suas atribuições em sala de aula e na escola. Ao contrário: essa
concepção admite que a ações que o professor pratica em sala de aula são resultado de
seu processo de formação pessoal e profissional e traduzem suas crenças, sua ideologia
e seu entendimento de como ocorrem os processos de ensino e de aprendizagem
(MOREIRA JOSÉ; TAINO, 2011).

Paulo Freire (1997) acredita que é no encontro entre Progressivamente, a atenção


professores e alunos, em sua relação dialógica, que a exclusiva às práticas de ensino
tem vindo a ser complementada
aprendizagem ocorre. É nesta relação que ambos têm por um olhar sobre a vida e a
pessoa do professor. [...]. O
a possibilidade de se descobrirem e de se formarem. professor é uma pessoa; e uma
parte importante da pessoa é o
Por este motivo, o fazer pedagógico exige relações professor. Estamos no cerne do
processo identitário da profissão
de amorosidade, de respeito, de querer bem aos docente que, mesmo nos tempos
educandos. Para o autor (FREIRE, 1997, p. 7-9), o áureos da racionalização e da
uniformização, cada um
processo de ensinar exige atenção do professor a três continuou a produzir no mais
íntimo da sua maneira de ser
aspectos essenciais: professor (NÓVOA, 2000, p. 15).

Não há docência sem discência: O processo de ensinar exige que o


professor pesquise e reflita criticamente sobre sua prática, e o faça com
rigorosidade metódica, pois o conhecimento está em constante
transformação. Da mesma forma, faz com que o docente respeite os saberes
dos educandos e, a partir deles, os faça avançar, muito mais que por suas
palavras, mas pela corporeificação delas pelo exemplo. Além disso, é preciso
aceitar o risco do novo, rejeitando sempre qualquer forma de discriminação.

Ensinar não é transferir conhecimento: Partindo da concepção de que o


homem é inacabado e está em constante processo de aprendizagem, ensinar
exige bom senso para apreender a realidade, tolerância, humildade e respeito
à autonomia de ser do aluno. Da mesma forma, exige alegria, esperança,
curiosidade e convicção de que a mudança é possível.

Ensinar é uma especificidade humana: O homem, ao ensinar outros


homens (independente da fase da vida em que estejam), necessita ser
generoso, comprometido e seguro de sua competência profissional. Além
disso, deve compreender que a educação é uma forma de intervenção no
mundo e, por isso, precisa saber escutar seus alunos (e a si próprio), ter

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disponibilidade para o diálogo para tomar decisões conscientes, com
liberdade e autoridade que lhe são próprias. Por fim, precisa compreender
que ensinar é reconhecer que a educação é ideológica, ao mesmo tempo em
que também é querer bem aos educandos (MOREIRA JOSÉ, 2011b, p. 31).

Arroyo (2000) recorda que a docência é uma atividade eminentemente humana. Ao


professor é dada a autoridade perante os conteúdos, às metodologias e aos rumos
tomados durante as aulas. É ele o delimitador dos caminhos a serem percorridos,
legitimado pela autoridade inerente a quem se responsabiliza pelo que faz.

Quando recuperamos as formas de ensinar e de aprender, o como os


processos de formação, não estamos abandonando as dimensões a formar, os
saberes a aprender, a cultura e os significados a internalizar, os hábitos a
incorporar... O que estamos propondo é que se equacione a pluralidade dessas
dimensões como conteúdos de nossa humana docência. Quando se cria o
hábito de dar a devida centralidade ao como aprender e ensinar, como
propiciar o desenvolvimento pleno dos educandos em cada ciclo-tempo de
vida, os conteúdos a trabalhar recuperam sua centralidade. Os docentes vão
se colocando como questão coletiva que dimensões formar, que
potencialidades desenvolver, que sujeitos sociais e culturais, cognitivos,
éticos e estéticos, que linguagens dominar, que hábitos e competências, de
que ferramentas culturais se apropriar. Por que não reconhecer que tudo isso
são os conteúdos de nossa humana docência? (ARROYO, 2000, p. 117-118).

A partir do momento no qual ocorre a


compreensão dessas questões, essenciais à
formação do professor, este profissional passa a
vivenciar a docência como uma atividade que
vai além do ensino de conceitos historicamente
acumulados. É realmente possível a crescente
aproximação do aluno da experiência humana
da descoberta, da pergunta, da curiosidade, da
criticidade e, consequentemente, da autoria
(MOREIRA JOSÉ, 2011, p. 31).

Figura 1.2 – A Humana Docência


Verificamos, assim, que o processo de tornar- Fonte:
<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:User-
se professor também se caracteriza pela student-assistant.svg>
Acesso em: 12 maio 2012
possibilidade de se exercer a profissão com

9
autonomia, desapegando-se dos modismos que, muitas vezes, interferem na rotina da
escola e da rigidez, que impedem que enxerguemos novas possibilidades de ação.

Perrenoud (2000), por sua vez, aponta que, embora não seja possível dissociar a pessoa
do professor de seu ser profissional, é preciso estar atento ao desenvolvimento de
algumas competências para que o seu fazer profissional permaneça em consonância
com o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. Para o autor, o professor, ao
organizar e dirigir situações de aprendizagem precisa estar atento às progressões
alcançadas pelos discentes, reconhecendo a heterogeneidade das turmas, bem como as
características pessoais de cada aluno.

No Livro-texto Gestão da Sala de Aula (MOREIRA JOSÉ, 2011b), é possível


aprofundar as competências propostas por Perrenoud (2000) sobre o desenvolvimento
da profissão docente.

Um grande desafio para o professor atualmente está em enfrentar os dilemas éticos que
envolvem sua profissão, sem descuidar do seu próprio processo de formação e da
formação de seus alunos.

Para Moreira José (2011b), as decisões que o professor precisa tomar em sala de aula
envolvem necessariamente aquilo que acreditam, além dos conhecimentos que possuem
sobre a disciplina que ensinam. Como trazer à consciência tais crenças, a fim de que
contribuam com a melhoria de sua prática pedagógica, será nosso objeto de estudo a
partir de agora.

1.2 O que são práticas pedagógicas


Da mesma forma que em outras produções (MOREIRA JOSÉ; TAINO, 2011),
tornamos a afirmar que os termos “ação pedagógica” e “prática pedagógica” se
constituem na ação do professor em sala de aula, não existindo diferenciação conceitual
entre eles. Pensar sobre a prática pedagógica do educador requer um processo de

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reflexão sobre os aspectos presentes nos referenciais teóricos e no imaginário de cada
um de nós sobre o que é ser um bom professor.

Um dos objetivos de qualquer bom profissional consiste em ser cada vez


mais competente em seu ofício. Geralmente se consegue esta melhora
profissional mediante o conhecimento e a experiência: o conhecimento das
variáveis que intervêm na prática e a experiência para dominá-las. A
experiência, a nossa e a dos outros professores. O conhecimento, aquele que
provém da investigação, das experiências dos outros e de modelos, exemplos
e propostas. Mas como podemos saber se estas experiências, modelos e
exemplos e propostas são adequados? (ZABALA, 1998, p. 13).

É necessário que o professor esteja constantemente atento às concepções de práticas


pedagógicas que possui. Estas não são fruto apenas dos processos formativos por ele
enfrentados. São resultados concretos de suas vivências escolares, de suas experiências
docentes, de suas constantes observações e leituras e, fundamentalmente, das relações
estabelecidas com seus grupos de alunos.

Da mesma forma, compreendemos que a prática pedagógica não é uma ação neutra,
focada – apenas – nos conteúdos escolares. Ela está carregada de intenções, de sentidos,
de crenças pessoais, conceituais e políticas. Por isso, ela precisa ser enxergada como
uma prática intencional e complexa, elemento fundamental de reflexão e constantes
avaliações.

Assim, é essencial compreender que o ato de


planejar se constitui como parte fundamental do
processo de construção da prática pedagógica.
É ele que oferece dados fundamentais para a
sua operacionalização, desde a reflexão sobre
elementos mais subjetivos e ideológicos (como
a concepção de cidadão e de educação que a
escola possui), até a reflexão sobre elementos Figura 1.3 – A Complexidade da Prática
de ordem mais prática, como a melhor forma de Pedagógica exige constante reflexão
Fonte:
<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:User-
student-assistant.svg>
Acesso em: 12 maio 2012
11
introduzir as discussões sobre os conteúdos a serem ensinados em determinada aula.

O planejamento das práticas pedagógicas exige a compreensão dos processos de ensino


e de aprendizagem. Sua articulação com os elementos do cotidiano da escola e das
características dos grupos de alunos oferece ao docente possibilidades de alcançar bons
resultados com seus alunos. A seguir, oferecemos possibilidades de reflexão sobre essas
duas categorias, a fim de aprofundarmos nossa discussão sobre estes temas.

1.2.1 O ensino e a aprendizagem


Entendemos que, antes de planejarmos nossas aulas é preciso compreender a diferença
entre os termos ensino e aprendizagem. É comum que muitos coloquem os dois termos
juntos, formando uma expressão única, o que daria a impressão de que os dois
processos se confundem e se complementam a todo momento. No entanto, isso não
ocorre bem assim...

Nem toda ação de ensino por parte do professor desencadeia a aprendizagem do aluno.
Quem nunca saiu de uma aula com a sensação de não ter realmente entendido o assunto
discutido pelo professor? Freire, P. (1997) foi um crítico convicto da educação bancária,
dessa forma de “despejar” conteúdos sobre os alunos, desconsiderando seus
conhecimentos anteriores. Tal prática era reconhecida como a ideal para o ensino, mas,

Weisz (2004, p. 19) afirma que no


início de sua carreira docente não
conseguia compreender o
conhecimento que seus alunos já
possuíam sobre aquilo que ela
queria ensinar, pois “não havia
conhecimento científico
acumulado que [...] permitisse
superar um ponto de vista
adultocêntrico: a forma pela qual
se costuma conceber a
aprendizagem das crianças a partir
da própria perspectiva do adulto
Figura 1.4 – Será que os alunos aprendiam? que já domina o conteúdo que se
Fonte: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Colearn_- quer ensinar. Desta forma, não é
possível compreender o ponto de
_learning_together.jpg>
vista do aprendiz, pois não se pode
Acesso em: 12 maio 2012
enxergar o objeto de seu
conhecimento com os olhos de
quem ainda não sabe”.
12
será que os alunos realmente aprendiam?

Esse processo considerava fundamental o ponto de vista adultocêntrico da


aprendizagem. Não se pensava sob a ótica do aluno, em quais seriam as melhores
estratégias, o melhor tempo ou a melhor forma de ensinar para aprender.

Quando essa é a perspectiva do professor, ele, do lugar de quem já sabe,


define o que é mais fácil e o que é mais difícil para os alunos e quais os
caminhos que eles devem percorrer para realizar as aprendizagens desejadas
(WEISZ, 2004, p. 19).

A perspectiva de aprendizagem deve estar focada na compreensão de que o


conhecimento é produto da ação e da reflexão do aluno (WEISZ, 2004) a partir de um
conhecimento que já possui sobre um conhecimento novo. Ao professor, cabe à tarefa
de criar condições para que o aluno exerça a sua ação de aprender na medida em que
participa de situações que favoreçam a sua relação com esse conhecimento novo. Tal
compreensão implica aceitar a condição de que os alunos são sujeitos pensantes, que
agem e interagem no ambiente, construindo relações e conhecimentos com o meio e
com seus pares.

Queremos com essa reflexão compreender que a


“O conhecimento novo
aparece como resultado de um
aprendizagem do aluno depende de um conjunto de
processo de ampliação, escolhas que o professor faz durante o planejamento de
diversificação e
aprofundamento do suas formas de ensino. “Porque, tendo consciência
conhecimento anterior que ele
[o aluno] já detém. Assim disso ou não, todo ensino se apoia em uma concepção
sendo, é inerente à própria
concepção de aprendizagem de aprendizagem” (WEISZ, 2004, p.22). Por isso, é
que se vá buscar o
preciso que o docente compreenda a importância de
conhecimento prévio que o
aprendiz tem sobre qualquer assumir uma postura investigativa e questionadora.
conteúdo” (WEISZ, 2004, p.
24).
Compreendemos que é muito difícil para o professor
que já domina o conteúdo pensar sob o ponto de vista do aluno que ainda não aprendeu.
No entanto essa atitude é fundamental para o sucesso – ou para o fracasso – da
aprendizagem dos alunos. Para Weisz (2004, p. 29),

13
[...] é muito difícil para o professor manter-se dentro de uma visão
construtivista se ele não tiver uma postura intelectual a guiá-lo e lembrar-lhe
o tempo todo que o seu olhar não é igual ao olhar da criança, que ele vê o
conhecimento de um lugar onde o conhecimento já está construído e que, por
isso, precisa se apoiar no conhecimento científico disponível, única forma de
recuperar o olhar de quem está em processo de construção.

Portanto, é preciso que o


professor tente compreender
quem são seus alunos, suas
diferenças, semelhanças e
particularidades para poder
planejar a forma mais adequada
de ensinar para determinada
turma. Consequentemente, o
processo de aprendizagem dos

Figura 1.5 – Colocar-se do ponto de vista do aluno alunos ocorrerá com mais
Fonte: <blogdicasdesucesso.blogspot.com.br/2011/03/pontos- sucesso.
de-vista-e-pensamento-restrito.html>
Acesso em: 12 maio 2012

1.3 Ações no cotidiano da escola


Quando mergulhamos no cotidiano da escola, muitas vezes corremos o risco de nos
deixarmos influenciar pela avalanche da diversidade de acontecimentos que ocorrem ao
mesmo tempo todos os dias: o aluno que aprendeu, o que não aprendeu, o que brigou, o
que refletiu, o que se arrependeu, o que está sofrendo, o que conquistou uma grande
vitória, o que burlou as regras, o que veio sem uniforme, o que esqueceu o material, o
que trocou o livro,... Quem convive na escola sabe que esses são apenas pequenos
exemplos do que ocorre todos os dias o tempo todo.

No entanto, não podemos esquecer que a escola é um espaço de aprendizagem.


Aprendizagem do conhecimento socialmente acumulado, aprendizagem de relações,
14
aprendizagem de vida. Freire, P. (1997) compreende a escola como um espaço de
formação do humano, um espaço em que todos são humanos, e que, por isso, estão
todos em formação:

Escola é...
o lugar onde se faz amigos
não se trata só de prédios, salas, quadros,
programas, horários, conceitos...
Escola é, sobretudo, gente,
gente que trabalha, que estuda,
que se alegra, se conhece, se estima.
O diretor é gente,
O coordenador é gente, o professor é gente,
o aluno é gente,
cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor
na medida em que cada um
se comporte como colega, amigo, irmão.
Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’.
Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir
que não tem amizade a ninguém
nada de ser como o tijolo que forma a parede,
indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
é também criar laços de amizade,
é criar ambiente de camaradagem,
é conviver, é se ‘amarrar nela’!
Ora, é lógico...
numa escola assim vai ser fácil
estudar, trabalhar, crescer,
fazer amigos, educar-se,
ser feliz (FREIRE, P., 1997, p. 45).

15
Aos que participam da gestão da escola (e o
As ações que ocorrem no interior da
escola precisam se configurar em um professor é parte fundamental desse processo de
todo planejado. Isso não significa
desconsiderar os imprevistos que nela
gestão), é fundamental entender que esse
surgem, o que seria impossível. ambiente precisa ser planejado. No livro-texto
Significa, principalmente,
compreender que a escola possui um Gestão da Sala de Aula (MOREIRA JOSÉ,
Projeto Institucional, coerente e
conhecido por todos, norteador de 2011b) verificou-se a importância que o ato de
todas as decisões tomadas, inclusive
aquelas decorrentes de situações planejar possui no processo de aprendizagem dos
inesperadas.
alunos e na constituição do Projeto Político
Pedagógico da escola.

Se no âmbito da sala de aula o professor se pergunta “o que os alunos já sabem?”, “o


que ainda não conhecem?”, “o que deve ser ensinado?”, “como deve ser ensinado?”,
“quando?” e “onde ensinar?” (FREIRE, M. 1997), no âmbito da escola devemos
perguntar “que tipo de homem queremos formar?”, “quais os melhores meios para
isso?”, “que concepção de currículo possuímos?”, “quais mecanismos de ensino e
aprendizagem serão adotados?”, “como os alunos serão avaliados?”, “quais os projetos
mais adequados para a clientela atendida pela escola?”, “como colocá-los em prática?”,
“onde?”, “como?”, “quando?”.

Por este motivo, torna-se imprescindível um estudo mais atento e detalhado das
questões que envolvem o ensino do professor e os processos de aprendizagem dos
alunos, ao que nos deteremos na próxima Unidade.

1.4 Síntese da Unidade


Nesta Unidade vimos a importância que a formação pessoal do professor tem sobre o
seu processo de formação profissional, sobretudo se consideramos que o papel do
professor vai muito mais além de ensinar conteúdos escolares.

Da mesma forma, verificamos que as práticas pedagógicas exigem o planejamento de


boas situações de aprendizagem, ou seja, aquelas que fazem sentido para o aluno.
Vimos, também, que nem toda ação de ensino significa que o aluno aprendeu. Para que
16
o aluno de fato aprenda é preciso conhecer o que ele já sabe, o que precisa saber e quais
as melhores estratégias para que isso se concretize. Tal procedimento só pode ser
realizado por meio de um planejamento consciente, que considere o maior número de
variáveis possíveis.

1.5 Para saber mais


Filme

O filme “Um sonho possível” é uma opção interessante para refletirmos sobre as
diferentes formas de aprender e a importância de estarmos atentos às manifestações de
cada aluno. Muitas vezes, grandes potenciais não são descobertos porque não prestamos
atenção à sutileza com que os alunos os manifestam.

Ficha técnica:

Título: Um sonho possível


Título Original: The Blind Side
País/Ano: EUA/ 2009

Sinopse: Michael Oher era um jovem negro, filho de uma mãe viciada e não tinha onde
morar. Com boa vocação para os esportes, um dia ele foi avistado pela família de Leigh
Anne Tuohy andando em direção ao estádio da escola para poder dormir longe da
chuva. Ao ser convidado para passar uma noite na casa dos milionários, Michael não
tinha ideia que aquele dia iria mudar para sempre sua vida, tornando-se mais tarde um
astro do futebol americano.

Fonte: www.adorocinema.com/filme/filmes-132048. Acesso em: 12 maio 2012.

Livro

Uma boa leitura para aprofundar esta Unidade é o livro “O diálogo entre o ensino e a
aprendizagem”, da educadora Telma Weisz. Ele relata a experiência da autora no início
de sua carreira como professora, a partir da reflexão sobre as teorias que fundamentam
os processos de aprendizagem.
17
Site

Caso queira saber mais sobre os temas desta Unidade, pesquise em artigos, teses e/ou
dissertações nos sites a seguir:

BIBLIOTECA NADIR GOUVEA KFOURI (PUC – SP)

www.pucsp.br

BIBLIOTECA DIGITAL DE TESES E DISSERTAÇÕES (USP)

http://www.teses.usp.br

BANCO DE TESES E DISSERTAÇÕES DA CAPES

http://www.capes.gov.br

18
Unidade 2
Unidade 2 . A prática pedagógica, o ensino e a
aprendizagem

Se eu fixar meu olhar em um aluno e ele corresponder, terei um instante em


minha fase de vida onde a interação entre eu e o aluno será em um único
sentido, em um único momento. Tive a intencionalidade de olhar o aluno,
mas esta minha intencionalidade despertou no aluno o desejo de me olhar
também, então nós dois, neste momento, que é um tempo único, saímos da
questão do olhar e subimos a um patamar maior, que é transcendente, está
fora de ambos (eu e o aluno), onde os desejos foram cooptados de forma que
ambos subiram juntos em um momento de transcendência onde podemos
realizar coisas que estão além da fusão de nossos olhares, coisas muito mais
eternas. Talvez em uma breve fusão de olhares possamos cooptar o olhar da
humanidade toda! (FAZENDA, 2001, p. 225).

Esta Unidade irá aprofundar os conceitos próprios das Práticas Pedagógicas, bem como
os elementos que as constituem. Veremos que elas estão carregadas da intencionalidade
própria do professor e da cultura da escola. Não poderíamos deixar de discutir duas
formas comumente utilizadas para organizar o trabalho pedagógico dentro da sala de
aula: as sequências didáticas e os projetos de trabalho.

O estudo desta Unidade tem como objetivo permitir que o professor aprofunde seus
estudos sobre como decidir qual a melhor estratégia didática para cada momento da
aprendizagem de seu grupo de alunos. Para tanto, é fundamental que o conhecimento
teórico esteja em profunda consonância com as práticas exercidas, de fato, com os
alunos. Isso requer do docente uma postura ética e comprometida diante da escola, do

19
conteúdo, dos alunos e de si mesmo, postura essa denominada de “atitude
interdisciplinar” por Fazenda (2001).

A atitude interdisciplinar, também aprofundada no Livro-texto Gestão da Sala de Aula


(MOREIRA JOSÉ, 2011) exige do professor um olhar atento e uma postura que reflita
suas ações em prol da aprendizagem dos discentes. Essa atitude considera a totalidade
complexa que envolve o ambiente em que o professor atua, desde os processos
formativos do próprio professor, até as nuances próprias dos conteúdos escolares, sem
deixar de lado a realidade social e cultural dos discentes. O olhar atento, nesse sentido, é
condição precípua para a organização de boas situações
de aprendizagem, aquelas coerentes e contextualizadas
com ambas as realidades e que promovem
aprendizagem com sentido.

Perrenoud (2001) Tematizar os conteúdos


significa pensar em como propor
afirma que os boas situações de aprendizagem
para os alunos. As boas situações
conteúdos escolares de aprendizagem são aquelas em
que os estudantes colocam em
precisam ser
jogo o saber que já possuem a
Figura 2.1 – O Olhar atento “tematizados” e fim de ampliá-lo, a partir de
Fonte: intervenções, sejam elas
<http://commons.wikimedia.org reorganizados em realizadas pelo professor, por
/wiki/File:Eye_(blue).jpg> materiais de apoio ou por seus
Acesso em: 12 maio 2012 função da realidade colegas.
sobre a qual o professor
trabalha, considerando seus limites e suas exigências. Da mesma forma, é preciso
compreender o que a experiência do aluno demonstra para relacioná-la com os saberes
considerados eruditos. Isso somente é possível se os professores tiverem consciência de
seus próprios limites e de suas competências, ou seja, como;:

 identificam e superam obstáculos e problemas para realizar um


projeto,

 consideram estratégias realistas para resolver um problema (tempo,


recursos e informações),

 optam pela estratégia menos ruim, conscientes das oportunidades e


riscos, e das etapas que ela envolve (planejamento, implementação,
20
mobilização de outras pessoas, ajuste, reavaliação e, se necessário,
mudança de estratégia),

 respeitam princípios éticos, como equidade e liberdade,

 controlam emoções, humores, valores, simpatias e inimizades sempre


que interferirem na eficácia ou na ética da atividade,

 cooperam com outros profissionais,

 extraem ensinamentos para serem usados nas próximas atividades,


documentando operações e decisões (PERRENOUD, 2001 apud
MOREIRA JOSÉ, 2011, p. 55).

Esse movimento constante de reflexão sobre a prática, sobre a realidade dos alunos e do
meio em que vivem tende a proporcionar o planejamento de boas situações de
aprendizagem, contextualizadas, partindo do real rumo a uma complexidade cada vez
maior.

Veremos a seguir duas formas possíveis que o professor possui para organizar sua
prática pedagógica com o foco na aprendizagem contextualizada dos alunos: as
sequências didáticas e os projetos de trabalho.

2.1 Sequência didática


As sequências didáticas são formas de organizar
A sequência didática é um conjunto de
o trabalho pedagógico com os alunos a partir de propostas com ordem crescente de
dificuldade. Cada passo permite que o
uma sequência de tarefas que vão se tornando próximo seja realizado. Os objetivos são
focar conteúdos mais específicos, com
cada vez mais complexas com o objetivo de começo, meio e fim (por exemplo, a
regularidade ortográfica). Em sua
permitir que os alunos aprendam algo específico. organização, é preciso prever esse
tempo e como distribuir as sequências
em meio às atividades permanentes e
As sequências de atividades decorrem de um
aos projetos. É comum confundir essa
conteúdo específico (ou de um bloco de modalidade com o que é feito no dia a
dia. A questão é: há continuidade? Se a
conteúdos) e pertencem a um determinado resposta for não, você está usando uma
coleção de atividades com a cara de
contexto. Ao serem observadas, elas fazem sequência. Fonte:
http://revistaescola.abril.com.br Acesso
em: 24 fev. 2012.
21
“sentido”, possuem uma lógica. É possível perceber que elas vão se tornando cada vez
mais complexas para que o aluno possa realmente aprender o que foi proposto.

Não é característica de uma sequência didática


que a última atividade seja a de socialização do
que foi aprendido pelos alunos. Ela simplesmente
termina quando o professor verifica que os
alunos aprenderam, ou seja, atingiram os
objetivos planejados.

Os Referenciais Curriculares Nacionais para a


Educação Infantil (BRASIL, 1998), oferecem
alguns bons exemplos de sequências didáticas.
Um deles explica como o professor pode propor
atividades para que os alunos avancem em

Figura 2.2 – A atividades cada vez relação à representação gráfica da figura


mais complexas humana:
Fonte:<https://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Jacobs_Ladder_toy.JPG>
Acesso em: 12 maio 2012

[...] se o objetivo é fazer com que as crianças avancem em relação à


representação da figura humana por meio do desenho, podem-se planejar
várias etapas de trabalho para ajudá-las a reelaborar e enriquecer seus
conhecimentos prévios sobre esse assunto, como observação de pessoas, de
desenhos ou pinturas de artistas e de fotografias; atividades de representação
a partir destas observações; atividades de representação a partir de
interferências previamente planejadas pelo educador, etc. (BRASIL, 1998, p.
56).

Ao pensar na rotina de suas aulas, o professor não precisa “parar” todo o seu trabalho
para iniciar uma sequência didática. As atividades que a compõem podem ocorrer uma,
duas, três ou quatro vezes por semana... Sua durabilidade vai depender dos objetivos
propostos pelo professor e das respostas que os alunos vão dando a cada tarefa
realizada.

22
2.1.1 Passo a passo de uma sequência didática
Uma sequência didática exige que o professor delimite quais conteúdos pretende
trabalhar em função de seus objetivos e de suas expectativas de aprendizagem para a
turma com a qual trabalha. A partir disso, elabora uma sequência de atividades que vão
se tornando cada vez mais complexas, como num “passo a passo”, ou seja, a atividade
anterior “prepara” para a próxima.

De uma maneira geral, as Sequências Didáticas possuem em sua estrutura os seguintes


aspectos além do título: Objetivos e Conteúdos (ou Expectativas de Aprendizagem);
Atividades e Avaliação.

Algumas escolas trabalham com a nomenclatura “Expectativas de Aprendizagem” em


substituição aos termos “Objetivos” e “Conteúdos”. A diferença entre um e outro se dá
na escrita do Plano de Trabalho: quando a organização é feita por “Expectativas de
Aprendizagem”, a redação do Plano condensa objetivos e conteúdos em um texto único,
como, por exemplo, no caso de Ciências: “Discutir a preservação ambiental a partir da
compreensão de como vivem as plantas de áreas alagadas, como o igapó, conhecendo
suas adaptações para sobreviver nesses ambientes”. Se a redação estivesse separada por
Objetivos e Conteúdos, seria redigida como abaixo:

Objetivos
- Compreender como vivem as plantas de áreas alagadas.
- Conhecer espécies das áreas de igapó
- Conhecer adaptações de algumas plantas à sobrevivência nesses ambientes.
- Discutir a preservação ambiental.
Conteúdos
- Igapós
- Ecossistemas amazônicos
- Florestas.
- Preservação.
- Adaptações à sobrevivência.
Fonte:< http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-2/meio-ambiente-
especies-habitam-igapos-639042.shtml> Acesso em: 04 mar. 2012.

23
As atividades da sequência didática não precisam acontecer numa sequência de aulas
ininterruptas. É possível que elas ocorram em um intervalo maior de tempo, ou seja,
entre uma atividade e outra podem existir atividades de outra natureza, como aquelas
provenientes de projetos da escola ou de atividades permanentes que o professor já
estabeleceu com a turma. Isso porque as relações existentes na escola são extremamente
dinâmicas. Embora exista um planejamento intencional das aulas e dos horários, muitos
imprevistos podem acontecer, além da
As atividades permanentes se
própria necessidade que o professor tem de constituem como outro tipo de
Modalidade Organizativa. Elas acontecem
realizar outros tipos de atividades com regularidade nas aulas e não
precisam estar ligadas a nenhum projeto
concomitantemente com a temática de ou sequência. Elas “servem para
determinada sequência didática. Por este familiarizar os alunos com determinados
conteúdos e construir hábitos. Por
motivo, é absolutamente flexível o tempo exemplo: a leitura diária em voz alta faz
com que os estudantes aprendam mais
para a sua realização. No entanto, não sobre a linguagem e desenvolvam
comportamentos leitores. Ao planejar esse
recomendamos que exista um intervalo tipo de tarefa, é essencial saber o que se
quer alcançar, que materiais usar e quanto
muito grande entre a realização de uma tempo tudo vai durar. Vale sempre contar
atividade e outra da sequência, garantindo a para as crianças que a atividade em
questão será recorrente – ao longo do
linearidade de sua concretização. semestre ou mesmo do ano todo”. Fonte:
<http://revistaescola.abril.com.br/planeja
mento-e-avaliacao/planejamento/quebra-
As Sequências Didáticas podem exigir a cabeca-426234.shtml> Acesso em: 24
fev. 2012.
utilização de quaisquer materiais didáticos,
desde que eles contribuam para a aprendizagem dos alunos. Abaixo é possível verificar
uma Sequência Didática de Inglês, cujo material escolhido foi um livro paradidático.
Sua função é auxiliar os alunos a escreverem receitas em inglês:

Objetivos
- Compreender a organização do texto instrucional receita em inglês.
- Ativar conhecimentos prévios na língua materna sobre esse gênero.
- Reconhecer a função do uso de verbos no imperativo em inglês.
- Usar verbos no imperativo.
- Escrever uma receita em inglês.
Conteúdo: Tempo imperativo.
Anos: 6º ao 9º ano.
Tempo estimado: Cinco aulas.
Material necessário: Livro Kids in the Kitchen (Micah Pulleyn e Sarah
Bracken, 48 páginas., Ed. Sterling II) ou receitas culinárias variadas em
inglês.

Desenvolvimento
1ª etapa
24
Se for usar o livro, mostre a capa aos alunos e explore o título. Questione:
sobre o que trata esse livro? Ele traz histórias? Pode ser usado para fazer uma
pesquisa, por exemplo? Que textos encontramos nele? Se usar as receitas
avulsas, mostre-as aos alunos, explorando seu formato - primeiro
ingredientes e medidas e depois modo de fazer. Independentemente do
material escolhido, pergunte de que maneira o modo de preparo é descrito: O
texto é escrito desta forma: "Could you beat theeggs, please?" ou desta:
"Once upon a time there was a girl and she liked to beat eggs". Essas
perguntas têm como propósito levantar a discussão sobre a importância do
uso de verbos no imperativo no gênero receita. Faça a checagem das ideias
levantadas pelos estudantes e anote as mais relevantes no quadro.
2ª etapa
Faça a leitura das receitas escolhidas e comente as ideias levantadas pelos
alunos anteriormente e o que de fato encontraram na receita. Proponha que
observem a objetividade da linguagem usada, percebida, em grande parte,
pela forma como os verbos são usados. Peça que os alunos destaquem a
posição dos verbos dentro do texto e a regularidade dessa posição. Leve-os a
concluir que é preciso usar verbos no imperativo para construir um texto
instrucional do tipo receita.
3ª etapa
Lembre com os alunos a estrutura de uma receita, relendo algumas, e enfoque
os possíveis títulos para os ingredientes (Ingredients/What You’ll Need) e
para o modo de fazer (How to Prepare/ Preparation/ Directions/ What to
Do). Proponha a produção coletiva de um texto de receita. Eles terão de
colaborar pensando no título e no modo de preparo. Escreva os seguintes
ingredientes no quadro: 5 bananas, 1 tables poon sugar, 1 tables poon flour,
1 teas poon baking powder, oilor butter. Limite em seis as etapas da receita:
diga que em todas elas é necessário ensinar o leitor a usar os ingredientes de
forma adequada. Nesse ponto, será preciso usar verbos imperativos, como to
add (adicionar), to mix (mexer) e to heat (aquecer). Escreva os verbos no
infinitivo no quadro, em uma ordem que não corresponda à que eles vão
aparecer. Construa o texto com as hipóteses das etapas pensadas pelos alunos
e comente sobre as incoerências em relação ao preparo correto.
4ª etapa
Organize os estudantes em duplas para que produzam uma nova receita.
Escreva no quadro a quantidade máxima de ingredientes e também as
medidas que poderão usar: tables poon, teas poone 1/2 cup, entre outras.
Apresente os seguintes verbos no infinitivo e informe que eles podem usar
até cinco deles: to mix (mexer), to add (adicionar), to stir (agitar), to mash
(misturar), to boil (ferver), to pour (misturar), to heat (aqueçar), to fry (fritar),
to bake (assar), to cook (cozinhar), to serve (servir). Permita também que
usem o dicionário para eventuais consultas. Ao fim da atividade, faça uma
roda de leitura das receitas.

Avaliação
Avalie as receitas produzidas, analisando a coesão e as marcas do gênero
receita (o uso de imperativos no início de cada frase, por exemplo).
Fonte:<http://revistaescola.abril.com.br/lingua-estrangeira/pratica-
pedagogica/escrita-receitas-ingles-624753.shtml.> Acesso em: 04 mar. 2012.

Abaixo, podemos observar que a Sequência Didática de Arte, organizada para o 6º ano
do Ensino Fundamental, tem em sua estrutura “Expectativas de Ensino e
Aprendizagem”.

25
Artes Visuais: Entender os elementos presentes na gramática da linguagem
visual, estabelecendo e articulando relações de como estas estão presentes na
produção artística, pessoal e do grupo, bem como nas diversas culturas.

Dança: Desenvolver e explorar figuras e desenhos gestuais, utilizando


diversas partes do corpo, bem como diferentes esforços.

Teatro: Observar e analisar a produção dos outros grupos.

Música: Integrar as linguagens plásticas e musicais. (SESI-SP, 2003, p. 63).

As atividades foram redigidas em forma de texto, o que não interfere na qualidade de


sua elaboração. Elas estão dispostas de forma que as expectativas de ensino e de
aprendizagem pudessem ser atingidas pelos alunos, conforme pode ser observado
abaixo:

Desenvolvimento das atividades


Em relação ao desenvolvimento dessas expectativas de ensino e
aprendizagem, propomos uma atividade utilizando-se o “quadro”. O objetivo
é ampliar o conceito de quadro.
Antes de mostrar o “quadro”, a obra, convidamos o aluno a pensar sobre o
que é um quadro.
Os alunos pensarão sobre todas as possibilidades de “quadro” (possibilitar
aos alunos pensarem que existem quadro de pintura, quadro psicológico,
quadro de professores, quadro de alunos do SESI, quadro econômico do
bairro, da cidade e do país etc.) e farão comparações a partir de alguns
questionamentos:
Todos os quadros trazem informações?
Todos os quadros proporcionam leituras?
Sugerir que façam pesquisas nos Centros Educacionais SESI-SP a respeito do
quadro de funcionários, no posto médico do bairro, sobre o quadro das
doenças mais frequentes na população local, e, assim, montar painéis com os
dados obtidos e propor que os alunos socializem suas descobertas.
Durante a socialização, acentuar a importância da oralidade como forma de
organizar as ideias e o pensamento lógico.
É hora de dialogar, ouvir o aluno e mediar a sistematização dos saberes,
identificando e analisando os conhecimentos trazidos pelo grupo. Analisar o
pesquisado, o vivenciado, o refletido, estabelecendo relações do
conhecimento anterior com as infinitas hipóteses levantadas na realização de
determinadas (ou indeterminadas) aprendizagens.
Depois de refletir/dialogar sobre as dimensões que os conceitos abrangem,
apresentar uma obra de arte ao aluno e pensar nas hipóteses que o artista
propõe por meio da obra.
Analisar, além dos elementos das gramáticas da linguagem visual (ponto,
linha, plano, luz e sombra, equilíbrio, profundidade, cor, textura, perspectiva,
temática etc.), o contexto em que está inserido a obra, suas múltiplas formas
de interação entre emoções e afetividade, identificando o que está “velado”
dentro do quadro do artista, se colocando na obra, fazendo relações com o
que vê e o que entende, transcendendo o quadro através da moldura, entrando
na obra e interagindo com o artista que a criou.
Convidar os alunos para observarem na imagem da obra a sensibilidade e as
emoções do artista, as críticas que ele faz em relação ao mundo que retratou,
bem como sua relação com o momento histórico em que viveu.
26
Promover a interdisciplinaridade intencional que a obra permite, levantando
as questões: em que época está inserida a obra? Em que país? Qual o tipo de
arquitetura? Qual era o estilo de vida da época?
Quais valores éticos que a obra apresenta? O que causa curiosidade ou
estranheza na obra?
Propor que os alunos construam uma moldura e um de cada vez passe por
ela, sendo “obra”, sentindo-se “obra”, vivenciando um contexto próprio e
individual, analisando o olhar que o grupo tem de todos enquanto “obra” e o
olhar que cada um tem de si e do outro enquanto “obra”.
Formar grupos em que, ao som de uma música, os alunos fiquem
sensibilizados para a construção de uma “obra de arte”, utilizando-se do
próprio corpo, com movimentos de forma estática, representando e
dramatizando situações de interação artista/ator, promovendo a
experimentação do criador/criatura, do ator/autor, contemplando o
sentimento que proporciona a si e ao outro.
Solicitar que os grupos observem diferentes obras de arte, comparando-as,
analisando-as, refletindo sobre elas. Escolher uma e “pousar” o olhar estético,
interagindo com ela, sentindo os movimentos da obra, sons que ela
proporciona, representando sonoramente com o próprio corpo e graficamente,
com o uso de cores, movimentos do corpo, gestos espontâneos e adereços.
Discutir qual ou quais culturas, de qual ou quais países, valorizam as linhas e
cores em detrimento da imagem como produção de arte, por exemplo a arte
islâmica (dos árabes), onde Alá não tem forma física, portanto, não possui
representação por meio da imagem. Nesta cultura, voltada para a
religiosidade, a arte é decorativa e ornamental, desenvolvida por meio da
linha em forma de arabescos e de tapetes. As mesquitas são amplamente
decoradas com arabescos, nos quais emaranhados de linhas, cores, flores,
ramagens, grinaldas e frutos se entrelaçam num movimento artístico.
Propor pesquisas desta cultura (arabescos, músicas, danças) e promover a
interdisciplinaridade com o grupo. Confeccionar um painel com a arte dos
arabescos e as informações obtidas da pesquisa (registrar os conhecimentos
adquiridos) e socializar com todo o CE, por meio da exposição do painel.
Assistir com os alunos a vídeos de filmes que mostrem esta cultura, a fim de
que percebam nas imagens as informações da pesquisa que realizaram
(SESI-SP, 2003, p. 63-65).

Os exemplos acima permitem que cada educador possa refletir sobre diferentes formas
de organizar sua própria prática pedagógica, a partir de situações concretas de
aprendizagem. As Sequências Didáticas se constituem em uma modalidade organizativa
para viabilizar que o trabalho do professor transcorra o mais próximo possível da forma
como foi planejado. No entanto, há outra forma de organizar o trabalho docente: a
elaboração de Projetos Didáticos, conforme veremos a seguir.

27
2.2 Projeto Didático
Os projetos didáticos, ou projetos de trabalho, são compostos por um conjunto de
atividades que se organizam em função de uma situação problema que os alunos
precisam resolver em determinada disciplina (no caso do Ensino Fundamental e Médio)
ou em determinado Eixo de Trabalho (no caso da Educação Infantil). A resolução dessa
situação problema desencadeia um produto final, ou seja, a socialização com a
comunidade escolar do que foi aprendido pelos alunos durante o decorrer do projeto.

Projeto didático é um tipo de organização e planejamento do tempo e dos


conteúdos que envolvem uma situação-problema. Seu objetivo é articular
propósitos didáticos (o que os alunos devem aprender) e propósitos sociais
(o trabalho tem um produto final, como um livro ou uma exposição, que vai
ser apreciado por alguém). Além de dar um sentido mais amplo às práticas
escolares, o projeto evita a fragmentação dos conteúdos e torna a garotada
corresponsável pela própria aprendizagem.
Fonte: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/14-
perguntas-respostas-projetos-didaticos-626646.shtml> Acesso em: 24 fev.
2012.

O problema apresentado nos projetos


didáticos frequentemente está
relacionado ao conteúdo da disciplina
que o professor está trabalhando e não
a questões sociais apresentadas na
escola e em seu entorno. A este outro
tipo de projeto discutiremos na
próxima Unidade.

Como o projeto de trabalho parte de


Figura 2.3 – Looking Into The Future 2005 80"
x 90 Acrylic on Canvas – uma situação-problema a ser
Solucionar problemas: o grande desafio dos solucionada, suas etapas precisam ser
Projetos Didáticos
Fonte:<http://www.britto.com/portuguese/front/ compartilhadas a todo o momento com
Originas>
Acesso em: 12 maio 2012 os alunos, a fim de verificarem se já
existem respostas suficientes para o problema inicial ou se ele originou outros
questionamentos.

28
Alguns projetos como fazer uma horta ou uma coleção, podem durar um ano
inteiro, ao passo que outros, como, por exemplo, elaborar um livro de
receitas, pode ter uma duração menor. Por partirem sempre de questões que
necessitam ser respondidas, possibilitam um contato com as práticas sociais
reais. Dependem, em grande parte, dos interesses das crianças, precisa ser
significativo, representar uma questão comum para todas e partir de uma
indagação da realidade. É importante que os desafios apresentados sejam
possíveis de serem enfrentados pelo grupo de crianças (BRASIL, 1998a, p.
58).

Optar por realizar um projeto didático requer do professor uma atitude de abertura ao
inesperado e exige dos alunos disposição para construir e compartilhar conhecimento.
Muitos professores, no entanto, possuem dúvidas sobre quando optar por realizar
projetos didáticos com suas turmas. A seguir, listamos algumas dicas sobre quando
realizar os projetos.

Educação Infantil
Conteúdos
Natureza e sociedade, linguagem oral e comunicação e exploração e
linguagem plástica.
Porque é adequado
- Aproxima as crianças de práticas sociais, como a busca por informações e a
apresentação delas.
- Traz um novo propósito para a leitura em aula: ler para estudar e para saber
mais sobre um tema.
Erros mais comuns
- Planejar projetos curtos (de uma semana) porque envolvem os pequenos.
- Focar o acabamento do produto final, descaracterizando a produção das
crianças.

Língua Portuguesa
Conteúdos
Sistema alfabético de escrita, comunicação oral, comportamentos escritores e
leitores.
Porque é adequado
- Fornece um contexto favorável de leitura e escrita aos que não estão
alfabetizados.
- Articula o conhecimento sobre o sistema de escrita aos conteúdos
relacionados à linguagem.
- Favorece a união dos propósitos didáticos aos sociais, já que a turma sabe
para quem, por que e o que escrever.
Erros mais comuns
- Desperdiçar a oportunidade de refletir sobre o sistema alfabético.
- Planejar as mesmas atividades para alunos alfabéticos e não alfabéticos.
- Trabalhar sempre com os mesmos propósitos de leitura, escrita e oralidade.
- Focar o trabalho no produto final.

29
Matemática
Conteúdos
Leitura, escrita, comparação e ordenação de escrita numérica.
Porque é adequado
- Traz os números nos contextos cotidianos, o que nos anos iniciais dá mais
sentido às atividades, apesar de não ser imprescindível.
Erros mais comuns
- Simular mercadinhos e não propor a reflexão sobre as operações utilizadas.
- Dar mais atenção ao produto final, deixando em segundo plano o conteúdo
que se quer ensinar.

Ciências
Conteúdos
Procedimentos e atitudes científicas.
Porque é adequado
- Mostra à turma a importância de buscar soluções, interpretar dados,
observar e registrar descobertas.
- Promove a divulgação dos conhecimentos produzidos pelos alunos para
destinatários reais.
Erros mais comuns
- Passar meses pesquisando um tema.
- Não propor a reflexão sobre a importância dos procedimentos realizados.
- Deixar de orientar a pesquisa.

História
Conteúdos
Procedimentos de pesquisa e História oral e local.
Porque é adequado
- Cria situações significativas de pesquisa, semelhantes às vividas por
historiadores.
- Garante que os alunos leiam e escrevam sobre o tema para um destinatário
real, o que é essencial para preservar as características sociais da linguagem
nessa área.
Erros mais comuns
- Aceitar a simples cópia de informações.
- Não ajudar na interpretação dos textos.
- Ignorar as relações entre o passado e o presente.
- Adaptar textos ou apenas usar aqueles considerados de fácil leitura.

Geografia
Conteúdos
Geografia física e Geografia cultural
Porque é adequado
- Evita a fragmentação do saber geográfico.
- Permite articular os diferentes campos de estudo da área, como o relevo
relacionado a estudos de caso na cidade e no campo.
Erros mais comuns
- Pedir apenas textos descritivos.
- Não desenvolver a cartografia temática.
- Deixar de lado o trabalho investigativo.
- Não relacionar a paisagem à cultura.

Educação Física
Conteúdos
Práticas da cultura corporal e conhecimentos sobre o corpo
Porque é adequado

30
- Possibilita o estudo das manifestações corporais, unindo as questões sociais,
físicas, culturais e econômicas envolvidas nessas práticas.
- Ajuda a mudar a concepção das aulas, colocando as práticas corporais como
parte de um processo maior de aprendizagem.
Erros mais comuns
- Deixar de sistematizar os conhecimentos adquiridos durante o trabalho.
- Não pedir que os alunos produzam materiais escritos e de apoio à pesquisa.
- Supervalorizar as aulas práticas e dar menos atenção às questões teóricas.

Língua estrangeira
Conteúdos
Comportamentos leitores e escritores
Porque é adequado
- Coloca os alunos em situações sociais de uso do idioma, como a ida ao
cinema.
- Possibilita à turma entrar em contato com outros falantes, além de textos,
vídeos e jogos interativos.
Erros mais comuns
- Planejar sem adequar os desafios à experiência anterior de cada estudante.
- Usar materiais não adequados às características da turma.

Arte
Conteúdos
Produção e reflexão sobre Arte
Porque é adequado
- Cria situações significativas de pesquisa, semelhantes às vividas por
historiadores.
- Garante que os alunos leiam e escrevam sobre o tema para um destinatário
real, o que é essencial para preservar as características sociais da linguagem
nessa área.
Erros mais comuns
- Pedir que os alunos sempre façam releituras e não incentivar que criem.
- Organizar o produto final sem a participação dos estudantes.
- Não incluir o trabalho de todos no produto final.
Fonte:< http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/14-
perguntas-respostas-projetos-didaticos-626646.shtml> Acesso em: 24 fev.
2012.

Os Projetos Didáticos têm como objetivo fundamental proporcionar aprendizagens


significativas aos alunos, sobretudo por permitirem que, do planejamento à avaliação, o
processo seja todo compartilhado. É uma Modalidade Organizativa que permite que o
discente assuma o papel de coautor de sua aprendizagem, inclusive se responsabilizando
por ela, principalmente quando participa de atividades de pesquisa, crítica e reflexão.

Por este motivo, o professor precisa assumir, também, uma postura de pesquisador,
atento aos caminhos tomados pelo Projeto e aos interesses do grupo de alunos,
garantindo a coerência do tema com as expectativas de aprendizagem e com os
procedimentos de ensino escolhidos. Ainda que aos alunos caiba o papel de coautoria, o
professor possui a responsabilidade maior sobre o aprendizado, uma vez que é ele quem
31
direciona o que os alunos precisam aprender, bem como o tempo e as estratégias para
isso.

A fim de auxiliar a reflexão sobre essa Modalidade Organizativa, abaixo veremos como
planejar um Projeto Didático.

2.2.1 Passo a passo de um Projeto Didático


Para se elaborar um Projeto Didático é preciso estar atento a alguns procedimentos, sem
esquecer que ele é um instrumento para que o professor ensine determinados conteúdos
compartilhando e negociando com os alunos as etapas de trabalho, os conhecimentos
adquiridos e os rumos das investigações.

Conforme vimos no Livro-texto Gestão da Sala de Aula (MOREIRA JOSÉ, 2011),


algumas etapas são fundamentais nos Projetos Didáticos, a saber:

 Levantamento de conhecimentos prévios;

 Levantamento do que se deseja aprender;

 Definir as fontes e onde procurar informações;

 Estabelecer uma sequência de atividades;

 Produto Final.

Para atender a essas etapas, o professor precisa ter em mente que o planejamento
minucioso de suas ações tem papel fundamental no sucesso do trabalho. Listamos,
abaixo, algumas delas:

1. Tema: delimitar e conhecer bem o assunto que será estudado e pesquisá-lo


previamente.
2. Objetivos: escolher uma meta de aprendizagem principal e outras
secundárias que atendam às necessidades de aprendizagem
3. Conteúdos: ter clareza do que as crianças conhecem e desconhecem sobre
o tema e o conteúdo do trabalho.
4. Tempo estimado: construir um cronograma com prazos para cada
atividade, delimitando a duração total do trabalho.
5. Material necessário: selecionar previamente os recursos e materiais que
serão usados, como sites e livros de consulta.
6. Apresentação da proposta: deixar claro para a sala os objetivos sociais do
trabalho e quais os próximos passos.

32
7. Planejamento das etapas: relacionar uma etapa à outra, em uma
complexidade crescente.
8. Encaminhamentos: antecipar quais serão as perguntas que você fará para
encaminhar a atividade.
9. Agrupamentos: prever quais momentos serão em grupo, em duplas e
individuais.
10. Versões provisórias: revisar o que a garotada fez e pedir novas versões do
trabalho.
11. Produto final: escolher um produto final forte para dar visibilidade aos
processos de aprendizagem e aos conteúdos aprendidos.
12. Avaliação: prever os critérios de avaliação e registrar a participação de
cada um ao longo do trabalho.
Fonte:< http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/14-
perguntas-respostas-projetos-didaticos-626646.shtml.> Acesso em: 24 fev.
2012.

Da mesma forma que nas Sequências Didáticas, a redação dos Projetos Didáticos pode
condensar objetivos e conteúdos nas Expectativas de Aprendizagem ou mantê-los
registrados de forma separada.

O Projeto Didático “Qualidade de vida nas cidades: como aferir?”, pensado para o 8º e
9º ano do Ensino Fundamental, possui objetivos e conteúdos registrados de forma
separada, conforme é possível verificar abaixo:

Objetivos
a) Utilizar recursos da leitura, escrita, observação e registro em diferentes
linguagens em procedimentos de pesquisa.
b) Construir e organizar critérios de avaliação da qualidade ou condições de
vida em cidades utilizando quadros-síntese, textos ou esquemas gráficos.
c) Compreender e avaliar processos de organização do espaço da cidade por
meio de pesquisas, entrevistas e leitura e produção de textos e imagens.
Conteúdos
- Cidade
- Urbanização
- Urbanidade
- Qualidade de vida
Fonte:<http://blog.clickgratis.com.br/marasousa30/318912/projeto+ensino+f
undamental+II+Geografia.html.> Acesso em: 12 maio 2012.

Já o Projeto “O processo de fermentação em massas comestíveis”, para o 5º e 6º ano,


estabeleceu o registro de expectativas de ensino e aprendizagem:

Analisar rótulos e embalagens de produtos industrializados para verificar e


comparar pesos e volumes descritos, composição/valores nutricionais.
Reconhecer que os alimentos são alterados pela ação de micro-organismos.
Comparar saberes populares e científicos.
Utilizar adequadamente instrumentos de medidas e as respectivas unidades
de comprimento, peso e volume.
Relacionar flutuação com densidade (SESI-SP, 2003, p. 77).

33
Algumas escolas, por sua vez, preferem que o registro dos conteúdos seja especificado
quanto à sua tipologia, conforme vimos no Livro-texto Gestão da Sala de Aula
(MOREIRA JOSÉ, 2011), separando-os em conteúdos conceituais, conteúdos
procedimentais e conteúdos atitudinais. Isso pode ser visto no Projeto “Geografia é
vida: meio ambiente – você é quem faz a diferença”.

IV - Objetivos
Conceituais
- Conhecer o bioma de nosso estado (cerrado); - Catalogar as árvores nativas
do cerrado plantadas em nossa escola; - Reconhecer o processo histórico
(colonização) e de desenvolvimento socioeconômico (ocupação e utilização
do espaço) e as consequências ambientais hoje; - Ler e interpretar imagens; -
Estabelecer relações de família e moradia; - Conhecer as relações entre o
homem e o ambiente em que vive.
Procedimentais
- Explorar textos a partir do auto conhecimento; - Coletar dados por meio de
pesquisas e observações; - Produzir textos; - Observar e analisar fatos,
situações de forma a garantir a boa qualidade de vida; - Confeccionar
maquetes; - Registrar experiências vividas pelo grupo.
Atitudinais
- Respeitar e valorizar o meio ambiente local; - Plantar mais árvores na
escola de espécie nativas de nosso bioma; - Apreciar e ler vários livros,
artigos, sobre o meio ambiente; - Possibilitar a integração com as pessoas e o
ambiente; - Desenvolver o autoconceito (minha atitude faz a diferença, para
mim e para o mundo/sociedade).
Fonte: <http://pt.scribd.com/doc/19119481/PROJETO-DE-GEOGRAFIA>.
Acesso em: 12 maio 2012.

Quanto ao registro das etapas das atividades, é importante mencionar sua semelhança
com a Sequência Didática: elas devem obedecer uma coerência com o tema e com as
expectativas de aprendizagem, além de oferecerem situações mais complexas com as
quais os alunos devam entrar em contato. No entanto, o grande diferencial do Projeto
Didático é o Produto Final, ou seja, a culminância do projeto, uma forma de
compartilhar com a comunidade escolar o que foi aprendido durante todo o tempo de
trabalho.

Exatamente por se tratar de uma atividade que condensa e expõe o aprendido, não
recomendamos que atividades como excursões, passeios ou visitas se caracterizem
como um produto final de um projeto, uma vez que esse tipo de atividade desencadeia
muitos questionamentos posteriores em sala de aula e, por isso, devem ocorrer no início
ou no meio de um projeto em andamento.

34
No Projeto “Sarau- Reconstruindo a Escola Literária Romântica”, o Produto Final foi
pensado exatamente nesse sentido, o de socializar as produções feitas pelos alunos.

Na 2º etapa os alunos a partir das leituras, selecionarão as obras; definirão os


personagens para elaboração das apresentações do Sarau.
Será montada na Câmara dos vereadores uma noite Literária denominada
Sarau, onde serão convidados os professores, colegas de outras classes, pais e
amigos para visitar e apreciar uma noite cultural através da leitura das obras e
representação teatral dos respectivos autores da escola Literária.
Fonte:<http://www.cefaprojuina.com/portal/index.php?option=com_content
&view=article&id=272:sarau-literario&catid=57:autoria&Itemid=71>
Acesso em: 12 maio 2012.

O Projeto Didático “Matemática da reciclagem”, apresenta o registro das atividades em


“etapas”, partindo da eleição dos objetivos e conteúdos, conforme podemos observar a
seguir:

Objetivos
Analisar, por meio de ferramentas matemáticas, a reciclagem de lixo.
Conteúdos
Operações básicas.
Proporção.
Regra de três.
Porcentagem.
Equações.
Construção de gráficos e tabelas.
Anos: 4º ao 6º.
Tempo estimado: De um a dois meses.
Material necessário: Jornais e revistas.
Desenvolvimento
1ª Etapa - Apresente o problema a ser estudado debatendo a importância da
reciclagem. Por que é necessária? Quem a pratica de fato? Peça que os alunos
coletem reportagens sobre o tema e proponha o trabalho prático: um estudo
sobre os números da reciclagem. Divida a classe em grupos, cada um
responsável pela pesquisa de um insumo reciclável: papel, vidro ou alumínio,
por exemplo. Para incentivar a turma, organize um plano de coleta de latas de
alumínio a fim de arrecadar fundos para a compra de algum bem para a
escola.
2ª Etapa - Decidido o tema que cada grupo vai pesquisar, formule perguntas
sobre ele que possam ser respondidas com grandezas matemáticas.
Exemplos:
Quanto lixo é produzido em média por uma pessoa adulta?
Quanto desse material é reciclado?
Quantas latas de alumínio são produzidas no Brasil? E recicladas?
Um quilo de alumínio corresponde a quantas latas de refrigerante?
3ª Etapa - Nesta fase, os alunos interpretam os dados pesquisados, aplicando
conteúdos matemáticos para obter novos dados. Usando operações básicas, é
possível calcular a quantia que pode ser arrecadada:
Número de alunos x número de latas por aluno = total de latas por mês
Número de latas por mês x meses do ano letivo = total de latas por ano
Total de latas por ano ÷ 75 latas (equivalente a 1 quilo de alumínio) = quilos
de latas por ano

35
Quilos por ano x R$ 1,50 (preço do quilo de lata) = quantia arrecadada
Estimule a turma a registrar processos e resultados por escrito.
4ª Etapa - Debata como os números obtidos podem ser apresentados de
forma simples ao grupo. Incentive a turma a pesquisar diversos tipos de
gráficos e tabelas: em barras, setores etc. Se houver acesso ao programa
Excel, apresente diferentes maneiras de elaborar gráficos no computador.
Produto final
Apresentação dos resultados na forma de pôsteres ou seminários.
Avaliação
Verifique o uso de fontes confiáveis, a avaliação dos resultados, a precisão
nos cálculos e a aplicação adequada de ferramentas matemáticas.
Fonte: <http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica-
pedagogica/matematica-reciclagem-428271.shtml>
Acesso em: 04 mar. 2012.

Algumas escolas, ainda, solicitam que os professores justifiquem a relevância de se


realizar determinado projeto didático. Para isso, os professores, a partir das pesquisas
realizadas sobre o tema, elaboram um texto introdutório, comprovando sua importância
e, em seguida, discorrem sobre as demais etapas do Projeto. Foi o que aconteceu com o
Projeto “Qualidade de vida nas cidades: como aferir?”, conforme veremos a seguir:

Conteúdo
O Urbano
Introdução
"Rio, 40 graus / Cidade maravilha / Purgatório da beleza e do caos." Assim
inicia a canção elaborada por Fernanda Abreu, cantora e compositora carioca.
Mais adiante, a letra traz a seguinte passagem: "Capital do sangue quente /
Do melhor e do pior / Do Brasil." O título da canção – Rio, 40 graus – é o
mesmo do filme de Nelson Pereira dos Santos, que inovou na linguagem e na
temática na época em que foi produzido, no ano 1955. A obra de Nelson, que
influenciaria uma geração de cineastas do Cinema Novo, entre eles Glauber
Rocha, conta a história de cinco garotos vendedores de amendoim em seu
percurso pela cidade, apresentando situações no "morro" e no "asfalto".
Por que a compositora afirma que o Rio de Janeiro traz o melhor e o pior do
Brasil? Há muitas respostas, mas certamente podemos considerar entre elas
que a Cidade Maravilhosa ficou conhecida, de um lado, por sua singular
beleza: um ambiente de maciços cristalinos entremeados por inúmeras praias
à entrada de uma baía, onde se ergueu a segunda metrópole brasileira; nos
morros, barracos, casebres e casas de alvenaria terminadas nos finais de
semana; no asfalto, edifícios cercando o mar. Mas assim como outras cidades
brasileiras, o Rio de Janeiro vive um cotidiano em que se combinam, entre
outros problemas, a falta de saneamento básico e moradias dignas para todos,
precariedade dos transportes coletivos, congestionamentos, segregação
espacial e um permanente clima de insegurança e violência em zonas da
cidade – atingindo especialmente os mais pobres.
Esse quadro indica um tema interessante e bastante relevante para um projeto
coletivo de trabalho na escola: como medir e avaliar a qualidade ou
condições de vida nas cidades brasileiras? Sob quais critérios? Existe um
único entendimento do que seja qualidade de vida, extensivo a todos? O que
se espera que uma cidade deva oferecer aos seus habitantes?
A relevância do tema vincula-se também ao ritmo e estrutura da urbanização
brasileira referida aqui ao aumento da população urbana e a expansão ou

36
crescimento de cidades (o que não esgota as concepções de urbanização; esta
pode ser entendida também como a expansão do modo de vida urbano para
além dos limites da cidade). Segundo dados da PNAD 2007 (ano-base 2006),
o país conta hoje com 83% de sua população vivendo em cidades, algo em
torno de 140 milhões de habitantes.
O Censo demográfico de 1940, realizado pelo IBGE, o primeiro a fazer a
distinção entre população rural e urbana, registrou que apenas 1/3 da
população nacional vivia em cidades no período. Portanto, a maior parte dos
brasileiros passou a experimentar diariamente a "dor" e a "delícia" de viver
na cidade.
Entre outras perspectivas, a ideia de urbanidade oferece uma ferramenta para
refletir sobre a vida nos núcleos urbanos. Antes de tudo, é preciso fazer
algumas considerações sobre a cidade. Conforme o geógrafo francês Jacques
Lévy, ela é um objeto essencialmente geográfico marcado pela conjunção de
diversidade e densidade e concentração de pessoas e atividades. Ela foi criada
em praticamente todas as sociedades humanas para superar ou eliminar as
distâncias espaciais e permitir as interações sociais. Elas se constituíram,
assim, no berço principal da filosofia, da política, das ciências e das artes.
Trata-se de um ambiente de evidente artificialidade, uma obra humana por
excelência.
Assim, a urbanidade refere-se ao que a cidade deve ser e deve ter. Portanto,
deve ser avaliada em relação ao que ela pode oferecer, tal como ela é, e não
em relação ao que não é próprio dela. Uma cidade com bom potencial de
urbanidade reúne um grande número de pessoas com diversidade de tipos, o
que propicia relações sociais múltiplas e diversificadas (contrariando
concepções do planejamento urbano moderno, que buscavam, ao contrário, a
homogeneidade social). Além disso, a ideia de urbanidade assinala que uma
cidade deve, antes de tudo, assegurar a todos os seus moradores o acesso aos
recursos disponíveis. Isso começa pela existência de um bom sistema de
mobilidade e existência de espaços públicos. Como ressalta o recente estudo
do Fundo de População da ONU, "O estado da população urbana mundial em
2007", trata-se de resguardar o direito à cidade que todos têm inclusive os
recém-chegados.

Essa proposta de projeto didático tem o objetivo de oferecer aos estudantes


instrumentos e critérios para que possam avaliar as condições ou qualidade
de vida nas cidades e propor soluções e alternativas. Nesse sentido, a cidade
em que vivem será o laboratório principal para desenvolver um projeto dessa
natureza.
a) Utilizar recursos da leitura, escrita, observação e registro em diferentes
linguagens em procedimentos de pesquisa.
b) Construir e organizar critérios de avaliação da qualidade ou condições de
vida em cidades utilizando quadros-síntese, textos ou esquemas gráficos.
c) Compreender e avaliar processos de organização do espaço da cidade por
meio de pesquisas, entrevistas e leitura e produção de textos e imagens.
Conteúdos
-Cidade
-Urbanização
-Urbanidade
-Qualidade de vida
Ano: 8º e 9º
Tempo estimado: Variável
Desenvolvimento das atividades
1ª etapa Para organizar um projeto de trabalho na escola, o ponto de partida é
a escolha do tema. O tema pode proceder de um fato da atualidade, de uma
experiência comum, de um episódio ocorrido na escola, pode pertencer ao

37
currículo oficial ou surgir a partir de uma proposição inicial do professor. Em
geral, para proceder a essa escolha, os alunos partem do que já sabem, de
suas experiências anteriores, de outros projetos já realizados na escola.
Alunos e professor deverão se interrogar a respeito de sua relevância,
interesse e se efetivamente atende às necessidades de aprendizagem da
turma.
Dessa forma, é decisiva para a realização do projeto a participação dos
estudantes na definição do tema, focos, metodologias e planejamento das
etapas (ver quadro-síntese em anexo), mesmo que a ideia inicial tenha
surgido de outras fontes. Proponha que os estudantes reflitam em torno da
questão da cidade, de sua qualidade de vida e da extensão dos eventuais
benefícios da vida urbana a todos os habitantes. Para uma sensibilização
inicial, você pode propor que os estudantes coletem, selecionem e organizem
letras de canções sobre a cidade criadas por artistas brasileiros. A turma pode
promover uma audição das canções selecionadas e debater perspectivas e
focos para o projeto a partir delas (ver sugestões em anexo). Esse trabalho
pode ser feito também com notícias, frases sobre cidades e vida urbana ou
textos de apoio. É essencial finalizar essa etapa com uma questão ou conjunto
de questões e hipóteses que deverão nortear o projeto e serem respondidas
por ele, além de permitir a elaboração de objetivos gerais e específicos.
2ª etapa Definido o tema geral, é preciso definir o que os estudantes já sabem
e o que precisam saber para a consecução do projeto. Trata-se de uma
avaliação diagnóstica inicial no âmbito do projeto, que dará a partida para
criar seqüências e ordenar os conteúdos, definindo quais as principais fontes
de informação a serem buscadas. Nesse momento, pode-se definir a
abrangência do projeto e quais sub-temas, processos e conceitos ele vai
envolver no seu percurso de realização, cabendo aqui ao professor um
importante papel na definição dos principais conteúdos e procedimentos.
O que pode ser verificado para avaliar a qualidade de vida da cidade?
Considere em primeiro lugar que as cidades são espaços construídos sobre
uma base natural em que podem aparecer morros, fundos de vale, cursos
d’água, solos e coberturas vegetais. Uma cidade em que os solos estão
impermeabilizados, por exemplo, está sujeita a enchentes, face à dificuldade
de infiltração e ao aumento do escoamento superficial da água.
Um segundo quesito diz respeito ao ambiente construído, envolvendo as
edificações e seus usos, as atividades econômicas e as infra-estruturas (redes
técnicas de água, energia, saneamento) e serviços urbanos (coleta de lixo,
transportes, varrição e limpeza de ruas etc.). Especial atenção deve ser dada
ao sistema viário, aferindo as condições e funcionamento do transporte
coletivo, organização da malha viária, o peso da circulação de automóveis
individuais, existência ou não de alternativas de deslocamento (ciclovias,
passeios e caminhos para marcha pedestre etc.).
Outro dado imprescindível é a existência de espaços públicos de acesso
irrestrito, que pode ser utilizado pelos moradores. Neles, é importante
verificar a disponibilidade de equipamentos (como brinquedos para crianças)
e serviços. As cidades podem ser avaliadas em sua condição estética (por
exemplo, se há poluição visual, preservação de fachadas e outros) e se os
ambientes são aprazíveis, convidando ao convívio social. Do mesmo modo,
pode-se verificar se há diversidade ou homogeneidade social. É importante
atentar aqui para o zoneamento da cidade, que normalmente restringe alguns
usos e pode provocar verdadeiros "desertos" urbanos (zonas comerciais com
muito movimento durante o dia e desertas à noite, ou bolsões residenciais
com pouco movimento durante o dia).
Apresente esse conjunto de pontos aos estudantes e proponha que eles
discutam e ampliem com outras sugestões. Eles poderão também criar

38
indicadores, definindo uma escala de valoração das condições em que se
encontram as edificações, infra-estruturas e equipamentos urbanos.
3ª etapa Uma vez organizados os campos para pesquisa e investigação, é
importante definir responsabilidades individuais e coletivas para a coleta,
seleção e tratamento das informações. É fundamental definir também de
antemão o que deverá ser obtido por meio de pesquisas em livros, revistas
especializadas, bancos de dados e documentos oficiais (tais como plantas e
planos diretores do município) o que vai ser obtido em trabalhos de campo,
com entrevistas, sondagens e visitas a órgãos públicos e outra instituições.
Deve-se garantir tempos e espaços na sala de aula, biblioteca e laboratório de
informática da escola para a organização e tratamento das informações. Vale
a pena também detalhar quais serão as formas de registro utilizadas, como
anotações (que podem ser feitas em planilhas ou quadros), gravação de voz
ou filmagens. A organização desta etapa deve ser feita previamente, de modo
a garantir os recursos técnicos e humanos necessários.
4ª e 5ª etapas Estas são as últimas etapas, momento de planejar os produtos
finais, a apresentação dos resultados e a avaliação geral do projeto,
enfocando um balanço, propostas e alternativas para a melhoria da qualidade
de vida e dos níveis de urbanidade na cidade.
Os produtos finais poderão ser preparados preliminarmente nas etapas
anteriores. Por exemplo, recolhendo material audiovisual para a elaboração
de vídeos ou transparências, ou organizando informações em quadros, mapas,
gráficos e tabelas que irão compor um documento escrito. Havendo
possibilidade, os documentos audiovisuais podem ser produzidos em
programas especiais no laboratório de informática. Um relatório ou texto
dissertativo do projeto deve contar com uma estrutura que contenha título,
introdução, justificativa, objetivos, metodologias, resultados e conclusões e
referências bibliográficas.
Combine com os estudantes a forma de apresentação dos resultados, que
podem envolver etapas com a própria turma e depois para grupos de turmas
ou para toda a escola. Documentos, equipamentos, materiais, tempos e
espaços para apresentações públicas devem ser organizados ou preparados
previamente.
Avaliação
A avaliação final e auto-avaliação devem levar em conta os objetivos
estabelecidos para o projeto e os processos e produtos com os quais os alunos
estiveram envolvidos. Para tanto, podem ser organizadas sessões coletivas
com toda a turma, retomando as etapas, os resultados e a participação e
envolvimento dos estudantes. É importante que eles possam expressar
livremente suas opiniões sobre o percurso percorrido.
Para a avaliação de cada estudante, leve em conta as aprendizagens ocorridas
ao longo do processo e toda a produção individual e coletiva no âmbito do
projeto. Contam aqui os processos e os produtos e resultados. Se necessário,
prepare avaliações individuais após o balanço final do trabalho desenvolvido.
Fonte:<http://blog.clickgratis.com.br/marasousa30/318912/projeto+ensino+f
undamental+II+Geografia.html>. Acesso em: 12 maio 2012.

Os Projetos Didáticos se constituem em outra Modalidade Organizativa possível de se


planejar e executar no dia a dia da escola. O importante é que o professor tenha clareza
de suas intenções de ensino e de aprendizagem e faça a adequação de cada momento à
melhor estratégia. Refletir sobre o grupo de alunos que possui, o currículo que deve

39
cumprir, o tempo e os materiais disponíveis e a cultura da escola, é condição essencial
para o sucesso de seu trabalho docente.

2.3 Síntese da Unidade


Nesta Unidade, vimos que as Práticas Pedagógicas exigem do professor uma atitude de
abertura diante do desconhecido, ou seja, que ele assuma a posição de constante
pesquisador a fim de garantir a qualidade das aprendizagens dos alunos.

Apresentamos duas possibilidades de organizar tais práticas: as Sequências Didáticas e


os Projetos de Trabalho, ou Projetos Didáticos. Utilizados cada um de acordo com os
objetivos propostos pelo docente, são ferramentas que podem garantir o sucesso da
atuação do professor na sala de aula.

2.4 Para saber mais


Livro

Uma boa leitura para aprofundar esta Unidade é o livro O que é Interdisciplinaridade?
organizado pela educadora Ivani Fazenda e publicado pela Editora Cortez. Os autores
que participaram de sua edição retratam elementos importantes da atitude
interdisciplinar, sobretudo no cotidiano das escolas.

40
Unidade 3
Unidade 3 . Prática pedagógica e extensão

Se, na verdade, o sonho que nos anima é democrático e solidário, não é


falando aos outros, de cima para baixo, sobretudo, como se fôssemos os
portadores da verdade a ser transmitida aos demais, que aprendemos a
escutar, mas é escutando que aprendemos a falar com eles. Somente quem
escuta, pacientemente e criticamente o outro, fala com ele, mesmo que em
certas condições precise falar a ele (FREIRE, p. 1997, p. 127-128, grifos do
autor).

Abordaremos nesta Unidade os elementos que compõem a prática pedagógica e sua


aplicabilidade em projetos de extensão que considerem a urgência social da escola e da
comunidade nas quais o professor está inserido.

3.1 O Projeto da Escola


A escola, como uma organização social e aprendente, possui uma visão de mundo, de
homem e de sociedade. A partir dessa visão, organiza seu currículo de forma a garantir
que os cidadãos por ela formados sejam coerentes com aquilo que acredita.

Tais crenças estão contidas em seu Projeto-Político-Pedagógico, conforme vimos no


livro-texto Gestão da Sala de Aula (MOREIRA JOSÉ, 2011). Isso porque a escola,
enquanto comunidade social, extrapola a função de transmitir o conhecimento
historicamente acumulado. A ela cabe a função de transmitir valores e crenças, bem
como formar o espírito crítico dos alunos frente às mais diversas situações que os
rodeiam e que envolvem o mundo de uma maneira mais geral.

Para que seja eficiente, o Projeto Pedagógico deve considerar a realidade da escola, de
seus alunos, funcionários e professores. Deve considerar também os anseios e

41
exigências da sociedade atual, compreendendo que
o micromundo da escola está inserido num mundo
maior mais complexo e interligado.

É no cotidiano da escola que o aluno vai


estabelecendo relações com os colegas, com os
problemas sociais apresentados e com as
necessidades da escola, do bairro e da cidade.
Enfim, é no contexto escolar que o aluno vai
experimentando seu papel de cidadão, exercendo
Figura 3.1 - Abapuru, de Tarsila do
Amaral – O Projeto Político seus direitos e seus deveres, a partir das situações
Pedagógico deve considerar a
oferecidas em seu cotidiano.
realidade da comunidade escolar
Fonte:<http://pt.wikipedia.org/wiki/
Abaporu>
Acesso em: 13 maio 2012

3.1.1 Detectando a urgência social


Uma possibilidade de inserir os alunos na participação da vida social é a realização de
Projetos Coletivos que se relacionem com os problemas enfrentados pela escola e pela
comunidade.

As práticas de ensino e de aprendizagem que ocorrem no interior das escolas


estão fundamentadas nas concepções que os professores possuem de como o
ensino se organiza e de como os alunos aprendem. Da mesma forma, as
relações estabelecidas com os alunos, na criação de projetos coletivos,
traduzem essa prática (MOREIRA JOSÉ; TAINO, 2011).

Um passo possível é a criação de um grupo de alunos que representem o universo


discente que, dentre outras atribuições, verifique uma urgência social que a escola esteja
enfrentando e planeje ações na tentativa de transformar a realidade.

Algumas escolas conferem esse papel ao Grêmio Escolar. Outras estabelecem uma
relação com os representantes – ou líderes – de classe. A forma de organização da
escola reflete a maneira como ela encara a formação da criança e do adolescente,
delegando a eles – ou não – a responsabilidade por planejar e executar projetos
coletivos.

42
O interessante é discutir com esses alunos os
problemas reais da escola, como a sujeira durante o
intervalo, o desperdício de água, o consumo
excessivo de doces e refrigerantes, a prática de
bulling, a pichação nas paredes dos muros da
escola, etc. O importante é dividir a

Figura 3.2 – O papel da organização responsabilidade com os alunos durante todo o


dos alunos na efetivação de bons processo de discussão: desde o momento de
projetos nas escolas
Fonte:<https://commons.wikimedia.org/ discutir os principais problemas – ou as principais
wiki/File:Grupo_de_Jovenes_STR.jpg>
Acesso em 13 maio 2012 urgências sociais – até a operacionalização das
ações pontuais.

3.1.2 Todos trabalhando


Projetos coletivos e institucionais são uma excelente oportunidade de desenvolver a
atitude cidadã nos alunos. O importante é que toda a escola esteja envolvida e
comprometida com o trabalho. Os professores precisam estar atentos àqueles alunos que
demonstrem capacidade de liderança e espírito de equipe para compor o grupo. A
equipe de gestão precisa estar aberta para receber críticas e sugestões e prover o grupo
com o necessário para que o projeto se torne realidade, além de mobilizar todos os
funcionários da escola para que se crie um “clima” favorável à sua execução.

Porém, algumas vezes, a formação desse grupo de alunos não acontece na escola. Seja
por dificuldade de se reunirem, seja por outros obstáculos, as reuniões não acontecem e
a escola continua a apresentar vários problemas sociais. O que fazer? Alguns
professores “instauram” uma rotina de desenvolvimento de trabalhos coletivos, com
cunho social, nas próprias turmas nas quais lecionam.

Outra estratégia que algumas escolas utilizam é definir determinados projetos para
serem trabalhados por todas as disciplinas, pois acreditam ser de extrema importância
para a formação do cidadão consciente. São projetos como esses os que enfatizam o
consumo consciente de água, a importância da reciclagem do lixo, o comportamento
leitor, a instauração de uma cultura de paz na escola, entre outros.

43
Dada a realidade da escola e as possibilidades
apresentadas por sua clientela, há uma infinidade
de projetos coletivos e institucionais que podem
ser realizados. Basta oferecer oportunidade para
que os alunos falem, expressem seus desejos, suas
necessidades e suas opiniões sobre a realidade que
os rodeia.
Figura 3.3 – Projetos Institucionais:
uma possibilidade de instaurar uma O Projeto “Ética e Cidadania: eleições” é um
cultura de paz nas escolas
Fonte:<https://commons.wikimedia.org/ exemplo de como saberes de natureza atitudinal
wiki/File:Peace_dove_blue_sky.png>
Acesso em: 13 maio 2012 podem transformar a realidade de determinadas
escolas, como veremos, a seguir. Observe:

Projeto - Ética e Cidadania: Eleições


1. Justificativa
A cidadania só tem sentido como testemunho e prática de conhecimentos que
levam à ação. É urgente levantar as bandeiras cidadãs e aprender a mobilizar
conhecimentos para fazer intervenções solidárias. É um direito dos nossos
alunos.
A ação que motivou o Projeto – Ética e Cidadania, que foi desenvolvido nas
aulas de informática, na Biblioteca Digital Josué Inácio Peixoto, foi a
campanha do agasalho. Depois de uma grande campanha que arrecadou
várias peças, os alunos entregaram parte das doações a asilos de nossa cidade
e de uma cidade vizinha e, o restante, a crianças de escolas rurais de
Cataguases.
A entrega em um dos asilos se transformou em festa porque as crianças
levaram, além das roupas, alegria e um saboroso e farto lanche que foi
saboreado junto com os internos. Tornando a visita perfeita, a banda “Os
Românticos”, do GPT Teatro de Bonecos, colocou todos para dançar com
animadas músicas e muita descontração.
Depois de tanto empenho dos alunos, resolvi dar continuidade ao projeto,
envolvendo-os em várias atividades cidadãs, dando ênfase às eleições que
passo a descrever a seguir.
2. Objetivos
- Despertar a consciência cidadã das crianças participantes do projeto;
- Proporcionar aos alunos oportunidades para que possam questionar, criticar,
dar opiniões do que seria preciso mudar para que possamos viver num país
melhor;
- Incentivar a criança, desde cedo, a participar da política de forma ativa,
mostrando a importância de bons governantes para qualquer país;
- Observar de forma crítica as promessas dos candidatos, verificando se
realmente há possibilidade de cumpri-las;
- Conhecer o significado do voto consciente;
- Ajudar na formação de cidadãos conscientes de suas potencialidades,
conhecedores de seus direitos e responsabilidades.
3. Conteúdos curriculares
As atividades desenvolvidas tiveram início durante as aulas de informática na

44 Biblioteca Digital Josué Inácio Peixoto. Depois se estenderam em parceria


com os professores de todas as matérias, colocando em prática a
interdisciplinaridade, tão importante para o aprendizado dos alunos.
4. Metodologia
Quando comecei a dar aulas de informática educativa, achava limitado o
trabalho com softwares educacionais e buscas na Internet. Foi então que dei
início a modestas ações cidadãs que sempre foram apoiadas pela instituição.
Participamos da campanha Natal sem Fome, de intercâmbios virtuais através
de fóruns, emails e chats com outras escolas, fizemos teatro e plantamos
árvores.
Em 2004, iniciamos a campanha do agasalho, e foi a partir daí que
desenvolvemos, a meu ver, o melhor trabalho envolvendo Ética e Cidadania.
Como já foi citado na justificativa, arrecadamos agasalhos e fomos a asilos
levar um pouco de alegria e carinho aos velhinhos.
Logo depois participamos ativamente, pela segunda vez, das eleições,
buscando informações sobre as propostas dos candidatos, levando a eles
nossas sugestões e deixando claro que os eleitos seriam cobrados por aquilo
que prometessem. Estas ações em muito contribuíram para o crescimento do
projeto. A seguir estão listadas as atividades desenvolvidas desde o início da
campanha eleitoral.
- Listagem dos problemas existentes na cidade e observação das propostas
dos candidatos, verificando se o que estavam prometendo resolveria algum
deles;
- Bate-papo em sala de aula com o tema: “O que cada candidato já fez pelo
seu bairro?”;
- Entrevista com candidatos à Prefeitura e à Câmara de Vereadores;
- Participação de representantes dos alunos da Biblioteca Digital no último
debate dos candidatos à prefeitura de Cataguases, no dia 25 de setembro, no
Teatro Rosário Fusco, promovido pelo Instituto Cidade de Cataguases;
- Bate-papo: comparação da cidade de Cataguases de ontem e de hoje. Como
era a cidade (estrutura física)? Como eram os costumes e a convivência
familiar, quais eram os principais valores? O que mudou? Destaque para os
pontos positivos e negativos. O que esperamos da cidade para o futuro?
- Pesquisas em livros, revistas, jornais, folhetos, fotos, Internet;
Depois dessas atividades, foram entregues títulos de eleitor para cada criança.
As eleições foram feitas com personagens da literatura infantil. Por
determinação do juiz eleitoral não pudemos utilizar as fotos nem os nomes
dos candidatos à prefeitura de Cataguases. Apesar deste contratempo, a
eleição foi um sucesso. Os personagens tinham planos de governo e foi
criado um programa de computador para que a eleição pudesse ser realizada.
Entre os candidatos estavam a boneca Emília, defensora das florestas e dos
animais; o Menino Maluquinho, amigo do livro; a Bruxa Keka, que defendia
o direito de todos a comer meleca, e a personagem Mônica, empenhada em
sua incansável luta contra os meninos.
Embora fictícios, os candidatos não deixaram de ter significado político, pois
todos possuíam planos de governo. Uns bons e outros ruins, dando
oportunidade às crianças de pensarem e escolherem os melhores. O resultado
das eleições comprovou a capacidade política dos pequenos que elegeram o
Menino Maluquinho como melhor “prefeito” e a boneca Emília para sua
“suplente”. A Bruxa Keka, pobrezinha, teve apenas dois votos.
Durante todo o projeto, mensagens eram trocadas através de recursos na
Internet como Fórum e Chat, entre os alunos da Biblioteca Digital e do
Colégio Santo Antônio em Belo Horizonte/MG, que também participaram de
ações solidárias, enriquecendo as experiências de ambos.
Sites utilizados:
www.plenarinho.gov.br
www.educarede.org.br

45
www.eleitor.org.br
www.ecokids.com.br
www.colegiosantoantonio.com.br
www.chica.org.br
5. Avaliação
A avaliação foi feita no decorrer do processo, quando eram observadas as
reações dos alunos, como o seu empenho em participar da arrecadação dos
agasalhos e alimentos, assim como seu interesse em conhecer os planos de
governo dos candidatos. Destaque avaliativo para a elaboração das perguntas
que foram feitas aos candidatos à Prefeitura e à Câmara de Vereadores.
Esse projeto recebe apoio da Cia Industrial Cataguases -
http://www.cataguases.com.br
E maiores informações podem ser obtidas nos sites
http://andreatoledo.zip.net
www.chica.org.br
Fonte:<http://www.educared.org/educa/index.cfm?pg=internet_e_cia.inform
atica_principal&id_inf_escola=180>. Acesso em: 12 maio 2012.

A seguir, há um relato de um Projeto Institucional coordenado por alunos do Ensino


Médio na disciplina de Arte.

No início do ano de 2007, enquanto era diretora da Escola SESI do Ipiranga,


muitas mudanças estruturais ocorreram por iniciativa dos órgãos gestores do
SESI-SP. Dentre elas, a implementação gradativa do Ensino Médio no
período da tarde, onde, até então, estudavam apenas as crianças da Educação
Infantil e dos ciclos iniciais do Ensino Fundamental. Todos os membros da
equipe docente e funcionários se encontravam diante de um dilema: seria
possível promover uma convivência saudável e prazerosa entre estas duas
faixas etárias tão distintas?
Juntamente com a professora de Arte foi iniciado um Projeto Institucional
denominado “111 maneiras de olhar”. Aproveitamos um projeto antigo das
turmas de Educação Infantil, que se intitulava “Arte e Cultura” e o
adaptamos à realidade do Ensino Médio. O objetivo principal era a
compreensão, por parte dos adolescentes recentemente ingressos na escola,
que a instituição possuía uma história e que esta história era construída por
todos, desde os alunos menores, de quatro anos. Resgatamos todas as obras
dos artistas vistos pelas crianças da Educação Infantil nos últimos cinco
anos, para que os alunos do Ensino Médio escolhessem com quais delas
gostariam de trabalhar. Dentre os artistas apresentados, os alunos elegeram
os seguintes: Aldemir Martins, Romero Brito e Tarsila do Amaral, todos
brasileiros.
Após escolherem quatro obras de cada autor, os alunos do Ensino Médio
iniciaram uma atividade árdua, que durou seis meses: ampliaram cada uma
das obras e as reproduziram no muro externo da escola. Embora simples esta
atividade permitiu que o grupo de alunos se integrasse e se descobrisse
participante da história e do cotidiano da escola. Esta turma formou-se em
2009 e, coincidentemente, não tivemos um único problema de caráter
disciplinar.
Percebe-se que o modo como o muro foi pintado foi reflexo da atitude
atribuída por cada aluno à tarefa, desde a escolha das obras, das cores, dos
materiais e da divisão dos trabalhos. Por meio deles mesmos, nos anos
seguintes, as atividades foram se ampliando: pintaram alguns corredores da
escola, depois o refeitório.
Em março do ano de 2010, a professora de Arte obteve o reconhecimento de
seu trabalho através da conquista de uma homenagem especial, realizada
46
pelos organizadores do Prêmio “Construindo a Nação”, após a inscrição de
seu projeto na Comissão Organizadora do prêmio (MOREIRA JOSÉ, 2011,
p. 243-244).

Os Projetos Institucionais oferecem a oportunidade de alunos e professores exercitarem


sua cidadania, sobretudo quando envolvem toda a comunidade escolar. A escola, cada
vez mais, precisa estar atenta às exigências sociais e culturais da atualidade e oferecer
oportunidades para que toda a comunidade aprenda com ela.

Não é mais possível pensar em uma escola que trabalhe apenas com os conteúdos
escolarizados. É cada vez mais necessário que se vivenciem situações concretas e
cotidianas, que se reflita sobre problemas reais e que se pense em soluções e estratégias
coerentes com o socialmente vivido.

É fato que, atualmente, muitos outros espaços são considerados educativos: aqueles
advindos de atividades propostas para crianças e adolescentes por ONGs, por exemplo,
aqueles que oferecem reforço escolar e são mantidos por entidades religiosas e
filantrópicas, aqueles que ensinam música, teatro e artes plásticas, aqueles que atendem
crianças e adolescentes em situação de risco, entre tantos outros. Esses espaços também
carecem da elaboração de Projetos que compreendam a realidade social e cultural
vivenciada por seus alunos e lhes permitam aprender de forma contextualizada, com
sentido.

Já existem muitos projetos dessa natureza realizados em parceira com Universidades,


com as próprias escolas nas quais os alunos atendidos por essas entidades estão
matriculados, com entidades privadas e com instituições religiosas. Muitos tratam de
temáticas atuais, como “Sustentabilidade”, “Preservação do Meio Ambiente”, “Ética e
tolerância”, “Respeito às diferenças”, “Sons da Vida”, “Artesanato solidário”, entre
outros.

A escola é o espaço privilegiado para a formação pessoal e profissional, não só do


aluno, mas também do professor e de todos os funcionários. Os demais espaços
educativos também o são na medida em que tomam consciência de seu papel no
processo de formação pessoal e profissional daqueles que ali atuam e daqueles que ali
são assistidos.
47
A disposição para realizar projetos dessa natureza já é um grande sinal de que tais
espaços vêm se preparando para formar seres humanos cada vez mais humanos, abertos
aos imprevistos e às necessidades da atualidade.

3.2 Síntese da Unidade


Esta Unidade demonstrou que a escola e os demais espaços educativos têm o papel de
desenvolver projetos e atividades que extrapolem os conteúdos escolares e considerem a
realidade enfrentada por ela mesma e por seus alunos. O trabalho de envolvimento de
todos os membros da comunidade escolar traz enormes benefícios para a formação de
todos os envolvidos, alunos, professores e funcionários.

3.3 Para saber mais


Filme / Livro

Uma boa maneira de aprofundar as reflexões propostas por esta Unidade é ler o livro e
ver o filme Preciosa. Eles relatam a experiência de uma jovem abusada pelos pais, com
dificuldades de aprendizagem e que tem sua vida transformada a partir da intervenção
de uma professora.

Sites
http://www.bancocultural.com.br/
www.sustentabilidade.philips.com.br/
sustentabilidade.santander.com.br/
www.ipe.org.br/projetos
http://projetoagua.org.br/
www.projetoguri.org.br/
www.casademusica.org/projetos
http://www.iniciativaverde.org.br/__novosite/amigo-da-floresta.php

48
Atividades
As atividades poderão ser feitas na escola e fora dela, em outros espaços educativos e
poderão ser relacionadas como Atividades Complementares.

Incluir orientação dos passos para:

 escolha do projeto (tipo, sugestões de títulos);


 definição do local (sugestões);
 definição da carga horária;
 autorização para a realização da atividade/projeto;
 outras providências.

Sequência Didática

Chegou o momento de você planejar e colocar em prática uma Sequência Didática.


Elaboramos um roteiro para que você possa seguir!

PARTE 1: Abaixo temos um quadro que você deverá preencher enquanto estiver
planejando. Mais abaixo, registramos as explicações para cada item do quadro.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA
___________________________________________________________

1) Local: ______________________________________________________________
2) Carga Horária: ______________________________________________________
3) Turma: _____________________________________________________________
4) Disciplina: __________________________________________________________
5) Expectativas de aprendizagem (ou objetivos e conteúdos): __________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
6) Atividades
1ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
49
2ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
3ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
4ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
5ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
6ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
7ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
7) Avaliação:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
8) Outras providências: _________________________________________________
______________________________________________________________________
9) Autorização: ________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Como preencher o quadro acima:

1) LOCAL: Escolha o local onde você realizará a Sequência Didática. Ela poderá ser
feita na escola ou em outros espaços educativos, mas lembre-se sempre de que o
objetivo principal de uma Sequência Didática é educativo: uma aprendizagem que
depende da anterior e vai se tornando cada vez mais complexa. Você pode colocar em
prática uma Sequência Didática em uma escola, conversando antes com a direção e com
o professor de sala. No entanto, você também pode realizá-la em uma ONG que tenha
turmas de reforço escolar, por exemplo.

2) CARGA HORÁRIA: Estabeleça a Carga Horária para a realização da Sequência


Didática. Por exemplo: se as 07 atividades forem realizadas em uma escola, se cada
atividade tiver a duração de 50 minutos (01 aula), incluindo a avaliação, a duração da
sequência será de 50 minutos, multiplicados por 08 aulas, ou seja, 6 horas e 40 minutos.
Se as atividades forem desenvolvidas em uma ONG e tiverem, cada uma, 01 hora de
duração, a Carga Horária será de 08 horas.

50
3) TURMA: Se a Sequência for realizada em uma escola, determine qual a turma em
que o trabalho será realizado, como por exemplo: 8º ano, 9º ano, 1ª série do Ensino
Médio, etc. Se for em outro espaço educativo, mencione a forma de organização dos
alunos, como a idade, a proximidade de ano de escolaridade, o agrupamento por
dificuldade de aprendizagem.

4) DISCIPLINA: Se a sua sequência didática for realizada em uma turma de Ensino


Fundamental ou Ensino Médio, determine qual disciplina será trabalhada, por exemplo,
Língua Portuguesa. Não se esqueça, porém, de que as escolas possuem autonomia
curricular e, por isso, algumas não se organizem em disciplinas. Obedeça, sempre, a
nomenclatura adotada pela escola. Da mesma forma, se o trabalho for realizado em
outro espaço educativo, mencione qual a disciplina, objeto de estudo.

5) EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM (ou objetivos e conteúdos): Após


escolhida a disciplina, você precisará definir os objetivos de aprendizagem da sequência
didática a partir dos conteúdos próprios da disciplina. Por exemplo, se você escolheu a
disciplina de Língua Portuguesa no 2º ano do Ensino Fundamental, você precisa
verificar com a professora da turma qual conteúdo precisa ser aprofundado com a turma
para atingir quais objetivos. Nesse momento é possível escolher qual a melhor forma de
redação: ou Objetivos e Conteúdos ou Expectativas de Aprendizagem.

6) ATIVIDADES: Em seguida, planeje as sete atividades, de forma que permita que os


alunos atinjam os objetivos propostos.

7) AVALIAÇÃO: Registre a forma como a avaliação será realizada.

8) AUTORIZAÇÃO: É preciso um parecer do diretor da escola ou do responsável pelo


espaço educativo autorizando a realização das atividades na Instituição pela qual é
responsável.

9) OUTRAS PROVIDÊNCIAS: Registre as demais providências necessárias para a


realização das atividades.

51
Os exemplos de Sequência Didática que oferecemos foram escritos como sugestão de
trabalho para os professores, por isso foram registradas como orientações: “faça assim”,
“registre de tal forma”, “pergunte aos alunos”, “questione os demais professores”. No
caso do seu plano, não se esqueça de adequar a linguagem!

PARTE 2: Agora que o Plano da Sequência Didática está pronto, chegou o momento de
registrar como ela transcorreu. Para isso, você deverá preencher um DIÁRIO DE
BORDO descrevendo e comentando como se realizou cada atividade. Para cada
atividade você deverá descrever como ela foi feita e como os alunos responderam a ela,
ou seja, se a atividade foi facilmente executada e se alguns alunos tiveram dificuldade
(quais, como foram sanadas, com qual estratégia). Acrescente outros comentários que
julgar importantes para a reflexão das atividades.

DIÁRIO DE BORDO
Sequência Didática: ___________________________________
1ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
52
5ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
6ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
7ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Avaliação
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Projeto Didático

Da mesma forma como ocorreu na atividade com a Sequência Didática, elaboramos um


roteiro para que você possa colocar em prática um Projeto Didático.

PARTE 1: Observe que o quadro abaixo deve ser preenchido por você enquanto
planeja as etapas do Projeto. No entanto, as etapas “Levantamento dos conhecimentos
prévio”, “O que queremos aprender” e “Produto Final” devem ser discutidas com o
grupo de alunos.

PROJETO DIDÁTICO

_____________________________________________________________

1) Local: ______________________________________________________________
2) Carga Horária: ______________________________________________________
3) Turma: _____________________________________________________________
4) Disciplina: __________________________________________________________

53
5) Expectativas de aprendizagem (ou objetivos e conteúdos): __________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
6) Atividades
1ª atividade: (Levantamento dos Conhecimentos Prévios)_____________________
______________________________________________________________________
2ª atividade: (O que os alunos querem aprender sobre o tema do Projeto)________
______________________________________________________________________
3ª atividade: (Discussão sobre onde procurar informações)____________________
______________________________________________________________________
4ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
5ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
6ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
7ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
8ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
9ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
10ª atividade:__________________________________________________________
______________________________________________________________________
7) Produto Final:_______________________________________________________
______________________________________________________________________
8) Avaliação:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
9) Outras providências: _________________________________________________
______________________________________________________________________
10) Autorização: _______________________________________________________
______________________________________________________________________

Da mesma forma que no quadro da “Sequência Didática”, os itens 1, 2, 3, 4 e 5 do


quadro acima, referente ao “Projeto Didático” devem ser preenchidos conforme a
organização da escola ou do espaço educativo e a intenção didática do professor,
conforme veremos abaixo:

54
1) LOCAL: Escolha o local onde você realizará o Projeto Didático. Ele poderá ser feito
na escola ou em outros espaços educativos, mas lembre-se sempre de que o objetivo
principal de um Projeto Didático é educativo: as aprendizagens se tornam cada vez mais
complexas a partir do tema estudado e caminham em direção a um produto final. Você
pode colocar em prática o Projeto Didático em uma escola, conversando antes com a
direção e com o professor de sala ou em outro espaço educativo. Para este último caso,
no entanto, é preciso estar atento à continuidade dos alunos durante a realização dos
trabalhos, uma vez que as atividades são sequenciais e dialogadas constantemente com
os membros do grupo de trabalho.

2) CARGA HORÁRIA: Estabeleça a Carga Horária para a realização do Projeto


Didático. Para o cálculo, siga as mesmas instruções de como registrar a Carga Horária
das Sequências Didáticas.

3) TURMA: Da mesma forma que na Sequência Didática, não se esqueça de mencionar


para qual turma o Projeto Didático foi planejado (no caso das escolas) ou para qual
agrupamento de alunos (no caso de outro espaços educativos).

4) DISCIPLINA: Não esqueça de mencionar qual disciplina será o foco do Projeto.


Vale lembrar que existe a possibilidade de se trabalhar com mais de uma disciplina
formal dentro de um Projeto Didático.

5) EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM (ou objetivos e conteúdos): Após


escolhida a disciplina, você precisará definir os objetivos de aprendizagem do Projeto a
partir dos conteúdos próprios da disciplina. Mesmo tendo a participação dos alunos no
quesito “o que queremos aprender”, o projeto didático segue os objetivos didáticos
propostos pelo professor. É ele quem tem o papel de direcionar a aprendizagem dos
alunos e negociar o tempo e a intensidade dispensados a cada momento das relações
estabelecidas em sala de aula. Nesse momento é possível escolher qual a melhor forma
de redação: ou Objetivos e Conteúdos ou Expectativas de Aprendizagem.

6) ATIVIDADES: Em seguida, planeje as atividades, considerando a especificidade das


três primeiras. Em concordância com o professor da sala (ou o responsável pelo espaço
educativo) em que você desenvolverá o projeto, estabeleça uma boa estratégia didática
55
para realizar o Levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema do
projeto, ou seja, aquilo que eles já sabem sobre o assunto.

Em seguida, pense na 2ª atividade, a qual deve discutir a respeito do que os alunos


gostariam de aprender sobre o tema. Esse é um momento importante de negociação com
o grupo e de oportunidade de replanejamento por parte do professor. Muitas vezes os
discentes apontam caminhos importantes que haviam passado despercebidos no
momento do planejamento. Já é interessante negociar com o grupo, nesse momento,
qual será o Produto Final do Projeto, ou seja, o que eles apresentarão à comunidade
como forma de socializar o que foi aprendido. Se o Produto Final escolhido for a
realização de um Sarau de Poesias, por exemplo, ao se discutir os recursos e
providências necessários para a efetivação do Projeto, os alunos deverão pensar,
inclusive na lista de convidados e forma de divulgação, organização das apresentações,
etc.

A 3ª atividade se mostra uma consequência das anteriores, pois define as melhores


formas que o grupo possui de aprender o proposto, dentro das possibilidades que a
escola e a realidade oferecem.

A partir desses três primeiros passos, você deverá planejar as demais atividades que
atendam seus conteúdos e objetivos, atrelados às expectativas de aprendizagem dos
alunos.

7) PRODUTO FINAL: Registrar o Produto Final definido com o grupo para socializar o
que foi aprendido durante a sua realização. São exemplos de produto final:

-a escrita de um livro de receitas atrelado a sua apresentação ao público,

-uma noite de autógrafos de um livro de poesias escrito pelos alunos, com


apresentação de sarau,

-uma feira cultural ou feira de ciências,

-a confecção de um mural com a síntese do que foi aprendido pelos alunos,


etc.

8) AVALIAÇÃO: Registre a forma como a avaliação será realizada.


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9) AUTORIZAÇÃO: É preciso um parecer do diretor da escola ou do responsável pelo
espaço educativo autorizando a realização das atividades na Instituição pela qual é
responsável.

10) OUTRAS PROVIDÊNCIAS: Registre as demais providências necessárias para a


realização das atividades.

PARTE 2: Da mesma forma que ocorreu com a Sequência Didática, você deverá
preencher um DIÁRIO DE BORDO, enquanto discorrem cada uma das etapas do
Projeto Didático. O maior objetivo do Diário de Bordo é a reflexão que ele permite
sobre cada uma das atividades realizadas, sugerindo novas atitudes e redirecionamentos.

DIÁRIO DE BORDO
Projeto Didático: ________________________________________

1ª Atividade (Levantamento de Conhecimentos Prévios):


Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2ª Atividade (O que os alunos querem aprender):
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3ª Atividade (Discussão sobre onde procurar informações):
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
5ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
6ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
57
7ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
8ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
9ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
10ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Produto Final:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Avaliação:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Projeto de Extensão

Chegou o momento de você realizar um PROJETO DE EXTENSÃO, atrelado à


urgência social da escola ou da comunidade na qual o Projeto será executado!
Primeiramente, é preciso que você realize uma entrevista com o responsável pela
Gestão da Escola ou do Espaço Educativo, a fim de conhecer a realidade por ele
enfrentada, os principais problemas e, consequentemente, as principais possibilidades
de intervenção.

Verifique se o local possui algum grupo de alunos já organizados, com os quais você
possa conversar para verificar a visão deles quanto às problemáticas reais e suas
possibilidades de intervenção.

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A partir desses dados, planeje um Projeto que seja possível executar.

PARTE 1: Abaixo temos um quadro que você deverá preencher enquanto estiver
planejando. Mais abaixo, registramos as explicações para cada item do quadro.

Projeto de Extensão: _____________________________


1) Local: ______________________________________________________________
2) Carga Horária: ______________________________________________________
3) Turma: _____________________________________________________________
4) Expectativas de aprendizagem (ou objetivos e conteúdos): __________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
5) Atividades:
1ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
2ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
3ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
4ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
5ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
6ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
7ª atividade:___________________________________________________________
______________________________________________________________________
6) Produto Final:_______________________________________________________
______________________________________________________________________
7) Avaliação:__________________________________________________________
______________________________________________________________________
8) Outras providências: _________________________________________________
______________________________________________________________________
9) Autorização: ________________________________________________________
______________________________________________________________________

Da mesma forma que nos quadros da Sequência Didática e Projeto Didático, o Projeto
de Extensão possui algumas particularidades, expressas a seguir:

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1) LOCAL: Escolha o local onde você realizará o Projeto de Extensão. Como seu
objetivo principal é social, ele possui maior liberdade de escolha quanto ao local de sua
realização. Pode ser realizado em ONGs, Igrejas, Comunidades, Associações de
Bairros, etc. No entanto, o local precisa oferecer as condições necessárias para a sua
efetivação.

2) CARGA HORÁRIA: Estabeleça a carga horária para a realização do Projeto. Para o


cálculo, siga as mesmas instruções de como registrar a Carga Horária das Sequências
Didáticas e Projetos Didáticos.

3) TURMA: Da mesma forma que na Sequência Didática e no Projeto Didático, não


esqueça de mencionar para qual turma o Projeto de Extensão foi planejado (no caso das
escolas) ou para qual agrupamento de alunos (no caso de outros espaços educativos).

4) EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM (ou objetivos e conteúdos): Será preciso


explicitar quais são as expectativas de aprendizagem do Projeto de Extensão. Nesse
caso, não trabalharemos com os conteúdos escolarizados (embora eles possam
aparecer). As expectativas de aprendizagem se referem ao trabalho com a ética, com
valores, com o meio ambiente, ou seja, com conteúdos de outra natureza, sobretudo os
que focam procedimentos, atitudes e valores. Uma boa dica é consultar os Parâmetros
Curriculares Nacionais em sua publicação sobre os Temas Transversais. Há uma
infinidade de possibilidade de discussões pertinentes à formação integral de crianças,
jovens, adolescentes e adultos.

5) ATIVIDADES: Em seguida, planeje as atividades que serão realizadas. Lembre-se de


que os Projetos de Extensão possuem como objetivo principal o trabalho com a urgência
social de determinada comunidade. As atividades precisam traduzir essa preocupação e
tentar oferecer subsídios para melhorá-la.

6) PRODUTO FINAL: Registrar o Produto Final definido com o grupo para socializar o
que foi aprendido durante a sua realização. São exemplos de produto final:

- a confecção de um minijornal educativo,

- a apresentação de uma peça teatral sobre determinado tema,


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- a confecção e distribuição de panfletos explicativos, etc.

7) AVALIAÇÃO: Registre a forma como a avaliação será realizada.

8) AUTORIZAÇÃO: É preciso um parecer do diretor da escola ou do responsável pelo


espaço educativo autorizando a realização das atividades na Instituição pela qual é
responsável.

9) OUTRAS PROVIDÊNCIAS: Registre as demais providências necessárias para a


realização das atividades.

PARTE 2: Da mesma forma que nas atividades anteriores, você deverá preencher um
DIÁRIO DE BORDO enquanto discorrem cada uma das etapas do Projeto de Extensão.
O maior objetivo do Diário de Bordo é a reflexão que ele permite sobre cada uma das
atividades realizadas, sugerindo novas atitudes e redirecionamentos.

DIÁRIO DE BORDO

Projeto de Extensão: ________________________________________


1ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
5ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
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6ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
7ª Atividade:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Produto Final:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Avaliação:
Dia: ___/___/____.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

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Referências

ARROYO, M. G. Ofício de professor: imagens e autoimagens. 7. ed. Petrópolis/RJ:


Vozes, 2000.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.


Referencial curricular nacional para a educação infantil. v. 1. Introdução. Brasília:
MEC/SEF, 1998.

FAZENDA, I. C. A. (Org.). Dicionário em construção: Interdisciplinaridade. São


Paulo: Cortez, 2001.

FREIRE, M. Avaliação e planejamento: a prática educativa em questão. São Paulo:


Espaço Pedagógico, 1997.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática docente. 6. ed. São


Paulo: Paz e Terra, 1997.

MOREIRA JOSÉ, M. A. De ator a autor do processo educativo. Tese de Doutorado.


2011. 288 f. Tese (Doutorado em Educação)-Programa de Pós-Graduação em Educação:
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PUC/SP, 2011.

______. Gestão da sala de aula. Taubaté, SP: UNITAU, 2011.

______. ; TAINO, A. M. R. ATPA II/AACC II. Taubaté, SP: UNITAU, 2011.

NÓVOA, A. (Org.). Vidas de professores. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

PERRENOUD, P. Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza. Porto Alegre: Artes


Médicas, 2001.

SESI-SP. O fazer pedagógico. São Paulo: SESI-SP editora, 2003.

WEISZ, T. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2004.

ZABALA. A. A Prática Educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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