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A formação de professores de Geografia: o PIBID na

1
unidade escolar professor Joca Vieira, Teresina-PI
2
Nildemar Pereira da Silva
3
Aline Soares de Lima

1 INTRODUÇÃO

As últimas décadas têm sido marcadas por intensas transformações


socioeconômicas e espaciais que impulsionaram debates no pensamento
filosófico e científico. Nesse contexto, as diversas áreas do conhecimento, em
especial as ciências humanas, procuraram estudar os processos de mudanças
e seus desdobramentos. Segundo Cavalcanti (1998, p. 15):

Anuncia-se, nesta virada do século, uma nova era. Termos


como sociedade pós-industrial, sociedade pós-capitalista,
sociedade pós-moderna, revolução informacional, terceira
revolução industrial, revolução tecnocientífica, sociedade
informática têm sido utilizados para denominar os
fenômenos socioeconômicos, culturais e políticos que têm
caracterizado a sociedade contemporânea.

Assim, a Geografia, como uma ciência social, está diretamente


vinculada a essas transformações (CAVALCANTI, 1998). Diante desse
cenário de mutações gerais da sociedade e de sua dinâmica espacial é

1
Este artigo é uma parte da monografia: Formação de professores de Geografia na UFPI:
o PIBID na Unidade Escolar Professor JocaVieira. Com autoria de Nildemar Pereira da
Silva e orientado pela Professora Doutora da Universidade Federal do Piauí- UFPI, Mugiany
Oliveira Brito Portela.
2
Mestrando em Geografia pela Universidade Estadual do Acaraú – UVA e professor da
Secretaria da Educação do Ceará - SEDUC/CE. E-mail: nildemarpsilva@gmail.com.
3
Professora do Instituto Federal de Educação e Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA, Campus
Belém. Mestranda em Geografia pela UFPA. alinelimageo@gmail.com
pertinente pensar no ensino de Geografia, uma vez que o conhecimento da
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mesma é fundamental para organização e interpretação da realidade.


A Geografia também passou por transformações que impulsionaram o
surgimento da designada Geografia(s) Crítica (s) a partir da década de 1970,
que visa formar cidadãos críticos diante uma sociedade dialética a partir de
novas estratégias de ensino. Porém, conforme Kaercher (2003, p. 175) “[...]
o ensino de geografia ainda é muito tradicional e fragmentado da realidade,
parecendo pouco interessante e pouco útil para seus alunos”.
As práticas de ensino de Geografia têm se transformado muito desde a
implantação desta disciplina na base curricular da educação básica brasileira.
Transcorridos quase dois séculos e as várias transformações, provocadas,
entre outros fatores, pelo desenvolvimento acelerado da tecnologia com
muitos artefatos têm provocado muitas alterações no mundo.
O presente trabalho apresenta um diagnóstico sobre a formação
de professores de Geografia. Através de uma pesquisa qualitativa com os
bolsistas, o coordenador e a supervisora do PIBID/UFPI de Geografia na
Unidade Escolar professor Joca Vieira, localizada na zona Sudeste de Teresina
– PI. O objetivo geral deste texto consiste em analisar as contribuições do
PIBID na formação de professores de Geografia na percepção dos bolsistas,
do coordenador e da supervisora do programa na Unidade Escolar Professor
Joca Vieira, Teresina-PI.
No que concerne à maneira como o trabalho foi segmentado, as três
etapas procedimentais foram: pesquisa bibliográfica, elaboração e aplicação
de questionários a nove bolsistas do PIBID/UFPI de Geografia e entrevistas
aplicadas ao coordenador e a supervisora da Unidade Escolar Professor Joca
Vieira no segundo semestre de 2013.

2 O PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À


DOCÊNCIA – PIBID DE GEOGRAFIA NA UNIDADE ESCOLAR
PROFESSOR JOCA VIEIRA

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID),
constitui em uma parceria entre o governo federal, a universidade pública
e a escola pública. O programa teve início com o lançamento da primeira
Chamada Pública MEC/CAPES/FNDE no 01/2007, publicado no DOU

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- Diário Oficial da União, em 13/12/2007 e foi instituído pelo Decreto no

A formação de professores de Geografia: o PIBID na unidade escolar professor Joca Vieira, Teresina-PI
7.219, de 24 de junho de 2010 (BRASIL, 2010).
O PIBID consiste em um incentivo que visa o aperfeiçoamento e a
valorização da formação de professores para atuar na educação básica. O
programa promove a inserção dos licenciandos no contexto das escolas
públicas desde o início da graduação, para que os mesmos desenvolvam
atividades didático-pedagógicas sob orientação de um professor da escola e
o coordenador do programa em suas respectivas áreas.
O programa diferencia-se de outras políticas educacionais
anteriormente implantadas por permitir uma maior interação entre os
diversos atores sociais vinculados à educação pública: alunos, professores,
estudantes de licenciaturas de curso superior e professores de licenciatura
de ensino superior. Essa dinâmica de aproximação entre licenciandos e
as escolas públicas proporciona um ambiente positivo para a criação de
soluções, onde todos os envolvidos são beneficiados.
Dada a relevância para formação de professores enfatizada pelo
programa, cabe salientar que a pesquisa foi realizada com bolsistas e ex-
bolsistas da Unidade Escolar Professor Joca Vieira, localizada na Zona
Sudeste de Teresina-PI.Segundo o Projeto Político Pedagógico (PPP) da
escola, criado em 2000, a instituição de ensino foi fundada e inaugurada
em agosto de 1971, no governo de Alberto Tavares Silva com Raimundo
Wall Ferraz à frente da secretaria de educação. O PPP, também informa
que a escola faz parte da 20a GRE, que pertence a 4a Diretoria Regional de
Educação, que por sua vez, está sob jurisdição da secretaria de educação
do Piauí.E justifica-se sua escolha em função da experiência vivida como
participante do programa e, principalmente por conta dos resultados
positivos alcançados pelo mesmo na instituição.

3 ALGUMAS EXPERIÊNCIAS DO PIBID/UFPI DE GEOGRAFIA
NA UNIDADE ESCOLAR PROFESSOR JOCA VIEIRA

O PIBID de Geografia da Unidade Escolar Professor Joca Viera


realizou diversas atividades buscando superar algumas práticas no ensino
de Geografia. Uma vez que o programa defende que o ensino de Geografia
necessita do uso de metodologias mais eficazes e que sejam mais adequadas

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às exigências da sociedade contemporânea, tais como as oficinas pedagógicas,
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aulas de campo, dentre outras.


Desta forma, o educando precisa ser inserido como sujeito protagonista
na produção do conhecimento, pois o que se pretende formar não é uma
máquina operante com funções pré-estabelecidas, mas um cidadão consciente,
crítico e reflexivo da sua realidade e do seu poder de ação. Behrens (2010,
p. 55) afirma que:

O ensino como produção de conhecimento propõe


enfaticamente o envolvimento do aluno no processo
educativo. A exigência de tornar o sujeito cognoscente
valoriza a reflexão, a ação, a curiosidade, o espírito crítico,
a incerteza, a provisoriedade, o questionamento, e exige
reconstruir a prática educativa proposta em sala de aula.

Nesse sentido, a escolha das atividades desenvolvidas decorreram da


identificação das dificuldades de aprendizagem ou do baixo conhecimento de
alguma temática por parte dos alunos da escola. Também é relevante salientar
que todas as atividades desenvolvidas pelo PIBID tinham o envolvimento
do coordenador de área, da professora supervisora e dos bolsistas, em todos
momentos, desde a escolha da atividade até a execução e reflexão sobre a mesma.
Dentre as atividades desenvolvidas pelo PIBID de Geografia na
Unidade Escolar Professor Joca Vieira, houve uma oficina que abordou o
processo de globalização, um Júri-simulado sobre o sistema socialista e o
sistema capitalista e uma oficina sobre climatologia.

3.1 Oficina sobre globalização

O procedimento metodológico adotado para a realização desta


oficina, operacionalizada como uma atividade prática baseou-se na pesquisa
bibliográfica feita em livros e web sites e foi organizada da seguinte forma:
planejamento do projeto da oficina com a elaboração dos objetivos,
conteúdos relevantes e estratégias que instigassem a motivação e participação
dos educandos da escola.
A oficina foi desenvolvida com um universo de cinquenta alunos das
turmas de 3o Ano do Ensino Médio, pensada e executada visando mostrar as

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várias faces da globalização. A atividade, também, consiste em uma estratégia

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didática que possibilita um maior diálogo entre a teoria da geografia acadêmica
e a prática da geografia escolar. Segundo Silva et al (2012, p. 1) “essa oficina foi
concebida e praticada como uma estratégia lúdica, onde os educandos discutiram
o conteúdo e construíram o conceito de globalização de forma interativa.
A etapa final da oficina correspondeu à elaboração de atividades
realizadas pelos próprios educandos, como painéis, histórias em quadrinhos,
paródia e uma dramatização (Figura 1). Foi marcante a participação interativa
dos alunos, durante o planejamento das atividades e da apresentação.

Figura 1: Atividades desenvolvidas pelos educandos nas oficinas:


Construção de painéis (A) Histórias em quadrinhos (B)

Paródia (C) Dramatização (D)

Fonte: SOUSA (2012).

Todas essas atividades colaboraram para a construção do conceito de


globalização pelos próprios alunos, além de manifestar a afetividade entre
os alunos e sensibilidade crítica que ninguém discute sobre esse processo.
Conforme Silva; Sousa; Santos; Andrade (2012, p. 3):

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Concluímos que atividades que motivam e centram os
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alunos como sujeitos do processo de ensino aprendizagem


são bem recebidas pelos alunos e constituem-se em um
verdadeiro prazer em aprender, despertam a criticidade dos
alunos, a socialização e as suas várias habilidades. Assim
verificamos que os alunos compreenderam de forma
melhor os conteúdos como também se conscientizaram
de que são cidadãos atuantes na sociedade, podendo
transformar seu cotidiano com seu poder de decisão e
com valores que sejam aliados a afetividade, respeito e
solidariedade ao outro.

3.2 Júri simulado sobre capitalismo x socialismo

O quadro da atividade foi organizado e dividido em doze momentos, a


saber: 1o- Coordenador (juiz) apresenta o assunto e a questão a ser trabalhada,
orienta os participantes e abre a sessão; 2o- Advogado de acusação (promotor)
acusa o réu (a questão em pauta); 3o- Advogado de defesa, defende o
réu; 4o- Advogado de acusação toma a palavra e continua a acusação; 5o-
Testemunha de acusação é ouvida; 6o- Advogado de defesa retoma a defesa;
7o- Testemunha de defesa é ouvida; 8o- O advogado de acusação formula
suas últimas acusações contra o réu; 9o- O advogado de defesa responde as
últimas acusações feitas pela acusação; 10o Jurados decidem a sentença junto
com o juiz; 11o Leitura e justificativa da sentença pelo juiz; e 12o O público
avalia o debate entre os advogados, destacando aspectos positivos e negativos.
O júri simulado foi realizado em três turmas do 3o (A; B e C) ano do
ensino médio. A atividade funcionou da seguinte forma: os alunos criaram
teses sobre um determinado assunto. Cada turma se dividiu em dois grupos,
onde cada um contou com dois advogados e uma testemunha como seus
representantes. Os grupos em questão eram o do Sistema Socialista e do
Sistema Capitalista. Foi eleito um (a) juiz (a) para coordenar a atividade e
também um corpo de jurados de seis pessoas entre alunos e monitores que
auxiliaram no julgamento das evidências e julgaram o réu declarando na
sentença final, a absolvição ou a condenação (SOUSA; SILVA, SANTOS;
ANDRADE, 2012).
O Sistema Capitalista foi o réu, acusado de ser um sistema que traz
desigualdades sociais para a humanidade, causando assim fome e miséria para

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as populações desfavorecidas. Faziam parte desse grupo, dois advogados de

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defesa do réu e uma testemunha que relatava o lado positivo de se viver em
um país que adotou o Sistema Capitalista.
O Sistema Socialista se constituiu como o grupo da acusação, no qual
contou com dois advogados de acusação e uma testemunha que auxiliou nos
argumentos defendidos contra o Sistema Capitalista. Esse grupo, além de
acusar o grupo opositor deveria se utilizar do seu sistema para demonstrar
para o grupo e para o juiz (a) e corpo de jurados qual seria o melhor sistema
para a população mundial. Os demais alunos da sala correspondiam ao
público desse jurado, onde esses tinham papel de relevância, uma vez que,
esses auxiliavam os advogados de seus respectivos grupos na elaboração de
argumentos em defesa ou em acusação do réu.
As avaliações individuais apresentaram respostas positivas no que
se refere ao proveito que os educandos obtiveram com a realização do júri
simulado. Demonstraram em suas respostas que a atividade proporcionou
um melhor aprofundamento do conteúdo e manifestaram a opinião de que
houve um maior interesse dos alunos com a oportunidade de se vivenciar
aulas mais dinâmicas além de terem tido maior interesse pela disciplina de
Geografia (SOUSA; SILVA; SANTOS; ANDRADE, 2012).
As respostas dos educandos sobre o júri simulado confirmam as
argumentações sobre a necessidade da ocorrência de aulas mais dinâmicas,
como expressa os seguintes alunos: (ALUNO “A” DO 3o ANO “B”, 2012)
“Me deixou com vontade de aprender mais de geografia”; (ALUNO “B” DO
3o ANO “A”, 2012)“Aprendi com mais rapidez, pois a aula foi envolvente
e agradável”; (ALUNO “C” DO 3o ANO “C”, 2012)“Agente tem mais
interesse em aprender geografia, pois na hora todo mundo participa sem
olhar papel, mas sim o que estudou”;(ALUNO “D” DO 3o ANO “A”, 2012)
“O júri facilitou bastante a aprendizagem do conteúdo estudado, pois nem
sempre só com o professor conseguimos aprender tudo” (SOUSA, SILVA;
SANTOS; ANDRADE, 2012).

3.3 Oficina sobre Climatologia

Outra atividade foi a oficina sobre Climatologia, intitulada intencional-


mente de “Teresina: quente mesmo, e daí?” objetivando instigar os educandos

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a participarem da mesma, foi desenvolvida com alunos do 3º Ano do
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Ensino Médio da Unidade Escolar Professor Joca Vieira. Inicialmente, o


objetivo da oficina foi o de aproximar os conceitos-chave da climatologia e
a vivência cotidiana dos alunos, considerando a realidade climática da cidade
de Teresina-PI.
Em relação à execução da oficina, esta foi dividida em cinco etapas, a
saber: a primeira, discussão sobre o conteúdo em questão em sala de aula com
a participação de um professor de Geografia da UFPI; a segunda, definição
do campo de pesquisa, reconhecimento do mesmo e preparação dos alunos
para as atividades práticas; a terceira, coleta dos dados em campo, foi realizada
com o auxílio de um instrumento digital (Termo-Higro-Anemômetro) para
observação do comportamento da temperatura do ar (ºC), da umidade relativa
do ar (%) e da velocidade do vento (m/s).
A quarta etapa tratou da análise dos dados, da confecção do material
(banners) e socialização dos resultados da pesquisa; e a quinta e última etapa
tratou da culminância da oficina com a apresentação dos resultados, pelos
alunos, no pátio da escola e para toda comunidade. Ao final, foi realizada
uma avaliação com os alunos sobre a importância da oficina como estratégia
de ensino.
Quanto aos locais eleitos (o ponto I a Norte da escola, o ponto II a
Leste da escola, o ponto III a Sul da escola e o ponto IV a Oeste da escola)
para observações in loco eram importantes que oferecessem constituição
de elementos físicos distintos. A intenção de tal critério foi aobservação
de realidades distintas, para que assim os momentos de debates e a análise
fossem o mais enriquecedor possível.
A coleta de dados sobre os aspectos naturais e socioeconômicos dos
referidos pontos foram realizados pelos educandos, porém com a supervisão
dos monitores do PIBIB (figura 2). Cabe salientar que as medições
aconteceram simultaneamente às 06:30h, 09:30h, 12:30h, 15:30h e 18:30h e em
cada um desses horários os alunos relataram suas sensações térmicas, o fluxo
de pessoas e de veículos nos locais, tudo isso com a finalidade de possibilitar
uma interpretação precisa da variação climática na escala microclimática.

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Figura 2: Estudante da escola Joca Vieira coletando dados atmosféricos e

A formação de professores de Geografia: o PIBID na unidade escolar professor Joca Vieira, Teresina-PI
outra recebendo orientação do bolsista do PIBID/UFPI Geografia

Fonte: Silva; Sousa (2013).

A partir da análise da participação dos alunos em todas as etapas da


oficina, foi concluído que estes se sentiram motivados a participarem das
aulas de geografia e, assim, do processo de ensino-aprendizagem. Concluiu-
se, também, que quando os educandos são envolvidos diretamente na
pesquisa e construção do conhecimento, o interesse e a aprendizagem sobre
o conteúdo em foco se ampliam. Durante o desenvolvimento desta oficina
foi perceptível à dedicação e assimilação dos conceitos pelos alunos, uma vez
que relataram com precisão os conhecimentos adquiridos (SILVA; SOUSA;
SILVA; ANDRADE, 2013).
Pode-se inferir que uma característica marcante em todas as atividades
desenvolvidas pelo PIBID de Geografia na Unidade Escolar Professor Joca
Vieira é que o educando sempre aparece como sujeito ativo no processo de
ensino-aprendizagem, que se caracteriza como uma estratégia muito eficaz no
ensino de Geografia. A partir dos resultados de cada atividade desenvolvida
pelo grupo foram produzidos artigos que foram divulgados em eventos
sobre o ensino de Geografia.

4 CONTRIBUIÇÕES DO PIBID/UFPI DE GEOGRAFIA PARA


FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Antes de apresentar as respostas dos bolsistas, cabe frisar que o nome


deles foi substituído por letras para preservar a identidade dos mesmos.

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Na questão que indagava se os bolsistas pretendiam exercer a profissão
Entre a Escola e a Academia: saberes e fazeres da prática docente nas experiências do PIBID-geografia

de professor de Geografia após a conclusão do curso de graduação


(Licenciatura plena em Geografia), todos responderam que sim. Nas demais
questões procurou analisar a importância PIBID nessa decisão.
A análise da questão que procurava identificar se o fato dos
entrevistados a participarem do PIBID contribuiu para a identificação
com a profissão docente, foi unânime que o PIBID influenciou de forma
positiva. Fato que se comprova a partir da declaração dos mesmos sobre a
referida indagação, conforme o bolsista “A” (2014):

[...] “quando entrei na universidade ainda tinha essa


dúvida comigo, tinha o curso apenas como um estágio
para alcançar outra profissão que não exigisse tanto
minha dedicação, entretanto com o passar do tempo e
principalmente com o contato com a sala de aula através
do programa, pude perceber que por mais que pense
em desenvolver outras atividades, estar em contato com
os alunos, acompanhar seu desempenho será sempre a
primeira escolha. O programa me motivou de certa forma,
para a profissão que escolhi e cada vez mais aposto na
educação como um meio fundamental na transformação
da sociedade, está sendo utilizada para formar cidadãos
críticos perante sua realidade”.

Segundo o bolsista “B” (2014):

“Como participante do programa me identifiquei ainda mais


com a licenciatura, porque essa experiência me possibilitou
o contato com a sala de aula, onde pude relacionar a
teoria e à prática do processo de ensino aprendizagem.
Oportunizou-me verificar os percalços do sistema público
de ensino, bem como conseguir visualizar que podemos
ter em nossa prática atitudes simples, e utilizar métodos e
recursos alternativos que dinamizem mais as aulas e que
as tornem mais prazerosas tanto para nós professores
quanto para nossos alunos. Alunos que, pela minha
experiência, observei que estão cada vez mais desmotivados
a participarem das discussões propostas em sala de aula”.

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Diante dessas respostas observa-se a relevância do PIBID no incentivo

A formação de professores de Geografia: o PIBID na unidade escolar professor Joca Vieira, Teresina-PI
à profissão docente. Ainda de acordo com o bolsista “A” quando entrou no
curso de licenciatura ainda não tinha certeza que queria exercer a profissão
docente e após participar do PIBID criou uma identidade com a profissão
docente e o bolsista “B” que embora já pretendesse ser professor, garantiu
que o programa fortaleceu, ainda mais, a sua identidade com a profissão.
Observa-se nas declarações dos bolsistas que o programa proporciona
uma aprendizagem que não foram contemplados no decorrer do curso
da graduação, isso ficou claro quando foram indagados se nas atividades
do PIBID tiveram oportunidade de elaborar conhecimentos aplicáveis
ao cotidiano docente que não tiveram em outros momentos como aluno
de ensino médio ou durante a licenciatura em Geografia, como pode ser
observado nas palavras do bolsista “C” (2014):

No desenvolver do programa pude criar alguns mecanismos


para tornar mais fácil o contato com os alunos, assim
como algumas habilidades ligadas ao desenvolvimento
das aulas, a apreensão dos conteúdos pelos alunos. Além
da organização nos debates, maior intelecção em perceber
as diversas situações vividas em sala de aula e contorná-las
da melhor forma possível.

O programa proporcionou o desenvolvimento de atividades inovadoras


que podem ser aplicadas na educação básica, como pode ser percebido no
comentário do bolsista “D” (2014) “ao longo do PIBID foram realizadas diversas
oficinas com o intuito de aproximar os alunos dos conteúdos de Geografia, entre
elas, a oficinas de Cartografia, Climatologia, globalização e aulas de campo”.
Uma grande contribuição do programa para formação dos
licenciandos foi a realização de pesquisas, uma vez que quando os mesmos
foram questionados se o PIBID possibilitou e incentivou a realização de
pesquisas no âmbito do ensino de Geografia, as respostas foram 100%
afirmativas. Para o bolsista “E” (2014):

[...] o programa em seus vários eixos estava de certa


forma instigando o bolsista a pesquisar, pois se era
exigido a confecção de oficinas, o bolsista a partir dos
resultados estava publicando artigos; nas observações

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em sala, buscávamos sempre mecanismos para ensinar
Entre a Escola e a Academia: saberes e fazeres da prática docente nas experiências do PIBID-geografia

determinados conteúdos de difícil assimilação pelos alunos


através de metodologias inovadoras, apresentávamos
os resultados e publicava-os. Tivemos vários artigos
publicados, em âmbito local, regional, nacional e
internacional proporcionado pelas observações e
experiências do programa e pelos incentivos financeiros.

Na última questão quando os licenciandos foram indagados sobre a


contribuição do PIBID para sua formação como professor Geografia, as
respostas dos bolsistas evidenciaram a grande relevância do programa para
formação de professores, conforme as citações a seguir:
Conforme o bolsista “E” (2014):

A maior contribuição é a experiência e o contato com


a sala de aula, mesmo antes do estágio, pois para ser
professor precisamos não apenas de teorias, precisamos
principalmente sentir a dinâmica, a complexidade da sala
de aula. Sendo que esse programa é de extrema relevância
para a formação de professores, pois o estágio, pelo menos
na grade curricular a qual meu curso pertence, deixa a
desejar esse contato com sala de aula, não obstante este
contato com campo de trabalho, em qualquer profissão, se
mostra importante, pois é na prática que vamos relacionar
os conhecimentos teóricos, é na pratica que seremos
atuantes, e realmente saberemos se nos identificamos com
nossa profissão.

Para o bolsista “F” (2014):

A maior contribuição do PIBID para minha formação foi


o contato direto com a sala de aula e a superação dos meus
medos, pois antes do programa era muito tímida, pouco
confiante e tinha medo de falar em público, principalmente
por não acreditar em mim. Por isso, o programa foi
fundamental para eu enfrentar os obstáculos tanto de
cunho pessoal como profissional.

Segundo o bolsista “G” (2014):

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[...] oportunidade de um maior contato com a sala de aula,

A formação de professores de Geografia: o PIBID na unidade escolar professor Joca Vieira, Teresina-PI
onde pude observar a dinâmica da sala e as dificuldades
enfrentadas na profissão. A partir dessas experiências
pude refletir sobre o papel que desempenhamos e/
ou desempenharemos como futuros educadores, esse
pensar sobre o futuro exige que a cada dia tenhamos a
necessidade de elaborar alternativas para chamar a atenção
e o interesse dos alunos para com os conteúdos, assim
como buscar sempre refletir sobre o porquê ensinar e
como posso contribuir para transformar a realidade atual
da escola pública.

Mediante a análise das respostas dos questionários aplicados aos


bolsistas de Geografia, foi perceptível as contribuições do programa para
formação dos mesmos. Também é evidente a aproximação dos bolsistas
da realidade da profissão na escola pública e seu papel na busca por uma
educação pública de qualidade.
Essa concepção é corroborada na entrevista realizada com o
coordenador e a supervisora do PIBID/UFPI de Geografia na escola Joca
Vieira, ambos relataram que o PIBID contribui significativamente com
a formação dos bolsistas, possibilitando um contato direto dos bolsistas,
ainda em processo de formação, com a realidade escolar e com a profissão
docente na educação pública ao passo que adquirem estratégias de aproximar
a geografia acadêmica da geografia escolar.
Com relação à avaliação dos mesmos sobre a formação dos bolsistas,
as respostas foram muito positivas. Para o coordenador “o bolsista é um
aluno privilegiado, pois, de uma maneira geral, está melhor preparado
para exercer a profissão docente [...]”. Conforme a supervisora “O aluno
bolsista pode-se considerar um privilegiado, pois na atuação no programa
entra em contato com realidade escolar e adquiri metodologias de ensino
que os prepara para sua atuação profissional”.
A partir das repostas das entrevistas do coordenador e da
supervisora, percebeu-se a existência uma sintonia na visão de ambos sobre
as contribuições do PIBID para a formação dos bolsistas. Também há
uma sintonia entre a concepção dos bolsistas sobre as contribuições do
programa para sua formação e a avaliação do coordenador e da supervisora
sobre a avaliação da formação dos bolsistas.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entre a Escola e a Academia: saberes e fazeres da prática docente nas experiências do PIBID-geografia

A presente pesquisa procurou contribuir com as discussões e


reflexões sobre a importância de políticas de formação de formação de
professores no Brasil, em especial através do PIBID, a partir de um estudo
com participantes do PIBID/UFPI de Geografia na Unidade Escolar
Professor Joca Vieira.
O PIBID consiste em uma importante estratégia para desafios da
formação docente no país, uma vez que o bolsista entra em contato com a
realidade escola e o cotidiano da profissão docente, realiza pesquisas, aprimora
os conhecimentos da área e da prática pedagógica, enriquecendo assim, a
formação docente. Tornando- se, um profissional crítico e reflexivo, pois a
partir de suas respostas demonstraram reconhecer o papel transformador
do professor na sociedade e na educação pública.
As respostas dos bolsistas permitiram inferir que o programa contribui
para uma maior identificação dos mesmos com a profissão docente, mesmo
daqueles que ingressaram no curso ainda com incertezas se realmente
almejavam seguir na profissão. Quanto aos entraram no curso decididos
da escolha pela profissão docente o programa intensificou, ainda mais, essa
identificação.
Apesar das fragilidades do sistema educacional brasileiro, o que inclui
a própria escola, o PIBID tem auxiliado na retomada da esperança por
melhorias no ensino. Almejou-se com este trabalho destacar esses aspectos e
demonstrar que esse programa representa uma nova possibilidade para uma
das carreiras mais belas e importantes da sociedade, o magistério.
Portanto o PIBID apresenta muitas contribuições para a formação
docente, pois possibilita a vivência e o desenvolvimento de atividades na
escola, o que os permiti aquisição de aprendizagens e enriquecimento da
formação docente. Fato que ficou evidente na sintonia das palavras do
coordenador e da supervisora do PIBID/UFPI de Geografia ao afirmarem
que o bolsista é um licenciando privilegiado, em virtude de uma aproximação
do mesmo com a escola no decorrer da graduação permitindo-lhe geralmente
uma melhor preparação para o exercício da profissão docente.

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REFERÊNCIAS

A formação de professores de Geografia: o PIBID na unidade escolar professor Joca Vieira, Teresina-PI
BEHRENS, M. A. O paradigma emergente e a prática pedagógica. 4. ed.
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COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL
SUPERIOR. PIBID - Programa de Bolsa de Iniciação á Docência.

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Disponível em: http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid. Acesso
Entre a Escola e a Academia: saberes e fazeres da prática docente nas experiências do PIBID-geografia

em: 18 dez. 2013 b.


COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL
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