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A cartografia do abastecimento e consumo de alimentos no

entorno do bairro do Tenoné, Belém-PA: um estudo realizado


por alunos do ensino médio da Escola Estadual Professora
Palmira Gabriel

Ivaneide Coelho Santos1


Erika Pereira dos Santos2

1 INTRODUÇÃO

O artigo aqui apresentado pretende fazer um relato de experiência acerca


do trabalho desenvolvido na disciplina Geografia, em turmas de primeiro
ano do ensino médio na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio
Palmira Gabriel, no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
à Docência- PIBID/IFPA. As atividades do PIBID, que é um programa de
incentivo e valorização do magistério e de aprimoramento do processo de
formação de docentes para a educação básica, tiveram, nesta escola, início no
mês de agosto de 2017 e estenderam-se até o mês de fevereiro de 2018 com
a participação de quatro alunos bolsistas do curso de Geografia do Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA – Campus Belém,
mediados pela supervisão da docente Ivaneide Coelho Santos, entre os quais
foram atribuídas as funções de elaborar planos de ação para atuar nas turmas
do ensino médio no primeiro e terceiro ano.
Uma das ações desenvolvidas com os alunos do primeiro ano teve como
abordagem a cartografia do abastecimento e consumo dos alimentos na área
de entorno do bairro do Tenoné, pertencente ao município de Belém - Pará,
onde a escola está situada. Trata-se de um estudo preliminar realizado por

1
Especialista em Educação Cultura e Organização Social/Universidade Federal do Pará-UFPA,
professora supervisora do Programa Institucional de Iniciação à Docência-Pibid/Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará -IFPA, Docente na EEEFM Palmira Gabriel - Email:
neidecoelho@yahoo.com.br.
1
Graduanda de licenciatura em Geografia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecno-
logia do Pará IFPA, bolsista do Programa Institucional de Iniciação à Docência-Pibid/Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará IFPA - Email: erikaorutuff@gmail.com.
um grupo de alunos, envolvido em um conjunto de ações que buscavam
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despertar neles mesmos as questões que relacionam o campo à cidade por


meio de produção cartográfica e, assim, desenvolver uma compreensão quanto
a inter-relação campo-cidade no seu dia a dia.
Pensar no ensino de geografia no nível básico implica na elaboração
e sistematização de práticas e métodos que mobilizem o educando em um
processo significativo de aprendizagem, uma vez que esse é um campo de saber
que tem como conceito básico o espaço geográfico e suas multidimensões,
sua estrutura, forma e interações (CASTROGIOVANI, 2012, p. 11). Lidar
com um conceito que está em constante transformação é um desafio presente
na realidade da escola que envolve e inquieta o professor.
O trabalho educativo, no sentido mais geral, exige o uso de estratégias
que envolvam aluno e professor no processo ensino/aprendizagem. Na
concepção socioconstrutivista, de acordo com Cavalcante (2010, p.138),
“ensinar é uma intervenção intencional nos processos intelectuais e afetivos
do aluno buscando sua relação consciente e ativa com os objetos de
conhecimento”. Para esta autora, a construção do conhecimento é o maior
objetivo do ensino e, nesse processo, os conteúdos e métodos devem ser
articulados intencionalmente pelo professor, levando-se em conta as condições
concretas de quando, onde e como realizar.
O conhecimento no ensino é um processo que ocorre a partir da interação
do aluno com o saber escolar; essa interação se dá por meio de atividades que
propiciem o desenvolvimento de instrumentos cognitivos que, no caso da
aprendizagem em geografia, destacam-se a observação, localização, relação,
compreensão, descrição, expressão e representação. Porém, a atividade deve estar
dirigida a um objetivo que mobilize o sujeito, (CAVALCANTE, 2010, p. 145).
Nessa perspectiva, o presente trabalho buscou desenvolver suas
atividades baseado em práticas que mobilizem o educando na construção de
conhecimento, usando como instrumento a cartografia.
A cartografia tem um papel muito relevante no processo de
compreensão e interpretação dos fenômenos do espaço geográfico e, portanto,
imprescindível como instrumento pedagógico no desenvolvimento da prática
no ensino de geografia, pois através das representações cartográficas temos
condições de perceber as dinâmicas espaciais ao longo do processo histórico
e assim nos situar nesse contexto enquanto sociedade, já que:

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Na análise geográfica da organização social do espaço a

A cartografia do abastecimento e consumo de alimentos no em torno do bairro do Tenoné, Belém – PA


relação sociedade/natureza se faz através do trabalho que
por ser um ato social, leva a transformações territoriais
para a construção de espaços diferenciados conforme os
interesses da produção do momento (ALMEIDA, 1989).

Assim, o espaço representado traz em si o ponto de partida, não só


para sua interpretação, mas também para um questionamento de como
se processam essas transformações espaciais. Portanto, faz-se necessário
desenvolver uma familiarização com a linguagem cartográfica com vistas
a favorecer a prática com a cartografia na escola. Deste modo, pensar o
aluno não só como um leitor de representações cartográficas, mas como um
mapeador, pois, de acordo com Passini (1989), “iniciando o aluno em sua
tarefa de mapear, estamos, portanto, mostrando os caminhos para que se
torne um leitor consciente da linguagem cartográfica”.
Neste ponto, Callai (2012) nos desperta para uma questão muito
relevante na tarefa de passar para o papel os fatos e fenômenos que se
processam nos lugares, que é a importância dos mapeamentos serem feitos
a partir de dados concretos, reais, pois, assim,é possível o desencadear da
reflexão e a construção do conhecimento.
Então, na perspectiva do uso da cartografia como um instrumento de
ensino-aprendizagem, este trabalho apresenta como objetivo geral desenvolver no
aluno a compreensão da relação campo-cidade a partir da produção e circulação
dos alimentos por ele consumidos; despertar no aluno a importância da pesquisa
de campo para a produção e sistematização de dados cartográficos e despertar a
importância das representações cartográficas como instrumento de interpretação
do espaço. De modo mais específico buscou-se estimular a pesquisa por meio de
levantamento de dados, confecção de mapas mentais e produção de infográfico.
Para obter resultados foram empreendidos alguns passos que
possibilitaram um trabalho conjunto entre professor, bolsista e alunos; isto
será melhor explicitado no item que trata dos resultados e discussões.

2 METODOLOGIA

A pesquisa foi desenvolvida ao longo do 4a bimestre, entre os meses


de outubro e dezembro, a partir de um plano de ação, e foi definida em oito

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passos envolvendo o professor, a aluna bolsista/PIBID e os alunos das turmas
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do primeiro ano do ensino médio. A metodologia aplicada foi um estudo


do meio, no qual os alunos foram pesquisadores e pesquisados, tendo em
vista que o ponto de partida para o levantamento dos dados teve início com
uma diagnose da turma a respeito de seu padrão de consumo de alimentos.
O primeiro passo foi uma aula expositiva que abordou o conteúdo da
disciplina que teve como tema o espaço rural e seus aspectos conceituais. O
passo seguinte foi a exibição do filme “Nas Terras do Bem Virá”, um recurso
audiovisual que trata dos conflitos no campo da Amazônia,a partir do qual se
desenvolveram debates e reflexões acerca do tema. O terceiro passo foi a diagnose,
um levantamento a partir de um questionário objetivo que tratou do padrão
alimentar dos alunos e os pontos de distribuição de alimentos na sua comunidade.
A palestra, proferida pela aluna bolsista/PIBID, foi o quarto passo
desenvolvido no plano de ação e teve como tema o processo de expansão e
ocupação da Augusto Montenegro por grandes empreendimentos imobiliários
e comerciais. Após a palestra foi solicitada aos alunos a elaboração de um
mapa mental; o quinto passo buscou identificar os principais pontos de
comércio de alimentos no entorno do bairro do Tenoné.
O sexto passo foi a visita de campo, um levantamento de dados por
meio de um questionário junto aos pontos comerciais. O infográfico foi o
sétimo passo,com a produção dos alunos a partir da pesquisa de campo. Como
oitavo e derradeiro passo de todo o processo foi feito uso de uma Tecnologia
Educacional, em forma de batalha naval,como meio de avaliação, a partir
de perguntas e respostas na modalidade oral.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Aqui, para efeito didático, vamos abordar passo a passo todo o processo
que envolveu a realização do projeto com ênfase para os aspectos mais
relevantes para atingir os objetivos.
O plano de ação foi elaborado em torno de um tema previamente
definido pela professora, segundo o seu planejamento anual com uma aula
expositiva: foi o primeiro passo que abordou o conteúdo da disciplina que
tinha como tema o espaço rural. Neste ponto inicial tratou-se dos principais
elementos que caracterizam essa dimensão do espaço geográfico e suas

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relações com a cidade. Outras aulas expositivas aconteceram ao longo do

A cartografia do abastecimento e consumo de alimentos no em torno do bairro do Tenoné, Belém – PA


desenvolvimento do plano de ação e tinham o caráter de discutir os aspectos
conceituais referentes ao conteúdo trabalhado.
Audiovisual: o passo seguinte foi a apresentação do filme “Nas terras
do Bem Virá”, um documentário que mostra a trajetória do processo de
ocupação e colonização da região amazônica, a expansão da fronteira agrícola
desde o período militar, abordando os conflitos agrários, trabalho escravo e a
degradação ambiental. A partir da exibição do filme, as aulas foram seguidas
de debates e reflexões sobre o tema quando então surgiram questionamentos
do tipo: Qual relação essas pessoas envolvidas nos conflitos tem com a cidade?
Qual a conseqüência desses conflitos para a população do campo e para a
cidade? Quais produtos nós consumimos na cidade, fruto de trabalho escravo?
Qual a origem regional das pessoas que são vitimas de trabalho escravo?
Diagnose: o terceiro passo foi um levantamento realizado a partir de
um questionário, tratando do padrão alimentar dos alunos, o que eles mais
consomem, os pontos de distribuição de alimentos a que eles têm acesso em
seu bairro, etc. Desse levantamento resultou uma diagnose, que apontou
quais os principais alimentos consumidos e quais pontos de comércio mais
frequentados por eles. Foi constatado nessa diagnose que eles frequentam
principalmente as grandes redes de supermercados, mercadões existentes no
bairro, e também a feira do bairro, como pontos de abastecimento.
Quanto ao tipo de alimento consumido por eles foram selecionados os
dez itens que apareceram com mais frequência nos questionários, que foram:
arroz, feijão, café, açúcar, leite em pó, carne bovina, frango, peixe, tomate e
cebola. Esses dados foram a base para a construção de um questionário a ser
utilizado em outra tarefa, que será relatada posteriormente quando tratarmos
da pesquisa de campo.
A palestra foi o quarto passo desenvolvido no plano de ação e teve
como tema o processo de expansão e ocupação da Augusto Montenegro por
grandes empreendimentos imobiliários e comerciais. Nesta ação, o enfoque
principal foi demonstrar a divisão socioespacial do entorno da rodovia, e
como se transformou durante os anos, mudando seu padrão de moradia que,
em meados de 1960, era de poucas residências.

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“[...] A urbanização forjada pelo Estado num primeiro
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momento, propiciando a ocupação espontânea


subsequentemente, visto que já na década de 1960 as
pessoas que não achavam espaços dentro da Primeira Légua
Patrimonial migravam para essa área, configurando-a como
uma “zona de expansão urbana” (DIAS, 2014).

Quando o potencial do entorno da rodovia passou a ser observado


pelas construtoras, devido aos baixos valores dos terrenos, deu-se início a
construção de conjuntos habitacionais. A “Nova Belém”, assim chamada
pelo mercado imobiliário, passou a atrair empresas do ramo da construção
civil para um novo modelo de empreendimento imobiliário: os condomínios
horizontais e, logo após, os condomínios fechados de alto padrão, o que fez
com que o volume da população do entorno da Rodovia Augusto Montenegro
aumentasse de uma forma consideravelmente rápida, atraindo, com isso,
um grande número de empreendimentos para atender a este novo público
consumidor, nisto incluem-se restaurantes, lojas, shopping center, e um
grande número de supermercados e hipermercados.

[...] Onde se encontrava um local de expansão


preponderantemente espontânea, com uma população
elevada, mas um baixo poder de renda, passa-se a ter um
espaço com empreendimentos privativos ancorados em
uma rede crescente de serviços, fluxo de mercadorias e
pessoas, estimuladas pela expansão propiciada pela ação
de grandes construtoras e imobiliárias. Os condomínios
murados são constituídos para a classe social mais
abastada e que, por conseguinte, tem acesso aos serviços
disponibilizados nesse novo contexto com maior facilidade
(DIAS, 2014).

O debate que se segue após a palestra teve como foco contextualizar o
bairro do Tenoné, na Augusto Montenegro, e analisar a chegada de grandes
redes de supermercado nessa área, bem como localizá-las no bairro com o
auxílio das imagens de satélite apresentadas na palestra, em que os alunos
tiveram uma boa participação.

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Mapa mental: no encontro seguinte, após a palestra, foi solicitada aos

A cartografia do abastecimento e consumo de alimentos no em torno do bairro do Tenoné, Belém – PA


alunos a elaboração de um mapa mental, constituindo-se no quinto passo, no
qual foram apresentados os principais pontos de comércio de alimentos no
bairro do Tenoné, tendo como ponto de referência a Av. Augusto Montenegro
(Figura 1). O mapa mental, de acordo com Pontuschka (2007), ajuda-nos a
compreender o valor que o indivíduo atribui a determinados lugares ou objetos
presentes nesses lugares. Então, assim foi possível verificara importância dada
aos mercados presentes no entorno do bairro, segundo tamanho e estrutura
para atender às demandas de consumo. Além disso:

“Os mapas mentais possibilitam a seu autor incluir


elementos subjetivos que, na maioria das vezes, não estão
presentes nos mapas tradicionais. Essa característica torna
mais rica essa representação de próprio punho, por incluir
contextos que podem ampliar a compreensão do espaço
[..]” (RICHTER, 2011, p.125).

Alguns alunos não realizaram essa atividade, outros estabeleceram


comparações entre os mapas. Com base nos mapas produzidos pelos alunos
foi possível observar a visão que cada um tem do espaço a sua volta e as
peculiaridades observadas por eles, assim também como a capacidade que
eles têm de se localizar no espaço.
Trabalho de campo: o passo mais complexo a ser desenvolvido pelo
aluno foi uma tarefa na qual os alunos, munidos de um questionário, foram
aos pontos comerciais levantar informações acerca da origem dos alimentos
comercializados nesses estabelecimentos. Nesta etapa foram selecionados
quatro grupos de alunos para fazerem a pesquisa de campo. O questionário
buscava identificar a procedência dos dez alimentos mais indicados por eles
mesmos durante a diagnose e na atividade com os mapas mentais. Os alunos
se dirigiram a estes locais munidos de ofício da escola que os respaldavam para
a realização desta pesquisa; ao chegarem a esses locais, os mesmos procuraram
um funcionário responsável e com isto foi realizada a coleta dos dados.
Dificuldades: os alunos relataram que durante as pesquisas tiveram
dificuldades para obter algumas informações dos funcionários dos locais
visitados, assim como em alguns lugares foram mal recebidos ou simplesmente
ignorados. Com isto, não conseguiram obter algumas informações. Mediante

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tal empecilho, os alunos buscaram duas alternativas: uma foi checar as
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informações junto às embalagens e rótulos de alguns produtos nas prateleiras,


e a outra foi por meio de buscas na internet. No entanto, ainda assim, alguns
questionários ficaram incompletos.
Infográfico: foi o produto da pesquisa de campo feita pelos alunos
mediante os dados obtidos com os questionários, um trabalho detalhado que
exigiu atenção, observação, identificação, classificação e muita paciência, pois
foi todo montado artesanalmente.
Os alunos, munidos dos questionários preenchidos, de um mapa do
Brasil em branco e lápis de cor, identificavam a origem de cada alimento,
descrita nos questionários. Cada um era identificado por uma cor diferente;
de acordo com o alimento, sua cor era traçada no mapa na área que indicava
a sua procedência. Cada vez que aquele alimento aparecia na mesma área um
novo traço era acrescentado ao mapa; assim, foi possível verificar a quantidade
de vezes que aquele alimento aparecia em um mesmo lugar ou região, e daí
entender não só de quais lugares vinha o feijão, por exemplo, como também
a quantidade de feijão que vinha desse lugar. Assim foi quantificado o volume
desse alimento por local de origem, entre volume baixo, volume médio e
volume alto, conforme a frequência que os alimentos apareciam por região.
A identificação da procedência dos alimentos que são comercializados
nos mercados pesquisados foi feita através de setas que os indicavam pela cor
e o volume pela espessura da seta. Identificados os dados e definida a legenda,
o infográfico foi montado tendo como base cartográfica os mapas do Pará, que
foram confeccionados por um aluno, e um mapa do Brasil, que foi recortado
3
de um calendário antigo do IBGE . Os mapas então foram dispostos em uma
folha de papel 40kg e as setas aplicadas sobre os mapas, conforme o movimento
de origem e destino, saindo, portanto, de várias regiões do Brasil e se dirigindo
para o estado do Pará,com as pontas das setas direcionadas a Belém.
Essa atividade evidenciou uma pequena fragilidade de alguns alunos
ao que se refere aos conhecimentos de localização regional e de direção; por
outro lado, a confecção do infográfico despertou a atenção dos alunos para
a quantidade de produtos que não são da nossa região; esses dados geraram
algumas reflexões e questionamento do tipo: “não sabia que vinha feijão de tão

3
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

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longe”, “não sabia que vinha tanta coisa do Maranhão”; “será que a distância

A cartografia do abastecimento e consumo de alimentos no em torno do bairro do Tenoné, Belém – PA


interfere no preço do feijão?”.
Um dos objetivos pretendidos com a construção deste infográfico foi
de demonstrar aos alunos o produto final das pesquisas realizadas por eles,
assim também como mostrar uma visão cartográfica da distribuição dos
alimentos (Figura 1).

Figura 1: Infográfico elaborado com base em pesquisa de campo

Fonte: autores.

Avaliação: foi elaborada pela bolsista PIBID uma Tecnologia


Educacional similar a uma batalha naval, produzida juntamente com os alunos,
que participaram ativamente de sua construção. Ao final da sistematização
dos dados e da produção do infográfico foi realizada uma avaliação a partir
de perguntas e respostas referentes ao tema da palestra e os ministrados em
sala de aula, além de perguntas referentes ao filme e ao infográfico elaborado
a partir da pesquisa de campo feita pelos alunos. A avaliação ocorreu da
seguinte forma: os alunos se dividiram em cinco grupos; cada grupo escolhia
uma letra e um número referente à pergunta desejada pelo grupo; os alunos

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podiam conversar entre os participantes do seu grupo durante um minuto
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e logo após falar a resposta do grupo, cada resposta certa valia um ponto;
foram realizadas cinco rodadas em que cada grupo podia acumular até cinco
pontos; durante a avaliação, o infográfico podia ser consultado quando haviam
perguntas referentes a ele, pois uma das propostas da atividade era fazer com
que os alunos conseguissem ler estes dados.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos com o plano de ação foram parciais, do ponto


de vista da metodologia, pois no caso da pesquisa de campo, por exemplo, os
dados levantados ficaram incompletos; por um lado, porque alguns alunos
não entenderam o questionário, por outro, os entrevistados deram pouca
importância ao levantamento de dados conduzido pelos alunos. Acredita-se
que essa falha possa ser corrigida com um processo de treinamento na aplicação
do questionário e também com uma visita prévia junto aos locais pesquisados.

Figura 4: Socialização dos resultados da pesquisa com a turma

Fonte: autores.

Porém, do ponto de vista dos objetivos, os resultados foram


satisfatórios, pois os produtos elaborados com os dados obtidos ao longo de

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toda a ação, como o mapa mental e o infográfico, ficaram prontos e foram

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bastante explorados na etapa final do projeto, que foi a prova oral (Figura
4). Além da utilização dos produtos como fonte de informação, a confecção
do infográfico, por exemplo, gerou algumas polêmicas e perguntas acerca
da origem de alguns produtos, tais como: Como representar a quantidade?
Que símbolo usar para representar o volume dos produtos e a definição das
cores na legenda? Todos esses fatores levaram os alunos a reflexões e à busca
de soluções.
Sendo assim, considera-se que a produção cartográfica conduz o aluno
a um olhar mais reflexivo acerca do mapa como instrumento de informação,
interpretação e planejamento. Além disso, as atividades que se seguiram,
como a prova oral, possibilitaram a maior socialização do trabalho como um
todo, pois, aí, toda a turma foi envolvida, e não só as equipes responsáveis
pelo levantamento de dados.
Considerando que os diversos passos do plano de ação exploraram
habilidades e competências variadas, o resultado geral foi muito positivo.
Todos os passos foram complementares para a conclusão da temática abordada
na sala de aula e serviu como base para análises e discussões no âmbito local,
regional e nacional na questão da relação campo-cidade.
É de extrema importância destacar o papel do Programa de Iniciação
à Docência como condutor de projetos de prática de ensino nas escolas de
educação básica. A presença da equipe PIBID na Escola Palmira Gabriel
promoveu um ambiente dinâmico e inovador, que foi evidenciado com
os resultados gerais das turmas envolvidas nas ações do projeto, seja pelo
desempenho no rendimento como também no processo de interação com a
escola, professores, entre as turmas e até mesmo com o IFPA, uma vez que a
presença dos alunos de graduação no ambiente da escola despertou, em alguns
casos, a curiosidade e estímulo entre os alunos, na perspectiva de também
ingressar na instituição como meio de prosseguir no caminho do estudo, a
fim de obter-se qualificação profissional. Em termos gerais, as respostas dos
alunos ao programa PIBID foram muito positivas.

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REFERÊNCIAS
Entre a Escola e a Academia: saberes e fazeres da prática docente nas experiências do PIBID-geografia

CALLAI, Helena Copetti. Estudar o lugar para compreender o mundo. Ensino


de Geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre. Mediação,
v. 10, p. 71-112, 2012.
CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos. Apreensão e compreensão do espaço
geográfico. Ensino da Geografia: práticas e textualizações no cotidiano, v. 10,
p. 11-70, 2012.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção de
conhecimentos. Papirus Editora, v. 16, 2010.
DIAS, Pereira Alan et al. Análise sócio espacial tendo como recorte a Avenida
Augusto Montenegro. VII Congresso Brasileiro de Geógrafos. Vitória- ES:
AGB, 2014.
PASSINI, Elza Y.; ALMEIDA, Rosangela D. O espaço geográfico: ensino e
representação. São Paulo: Contexto, 1989.
PONTUSCHKA, NídiaNacib; PAGANELLI, TomokoIyda; CACETE,
NúriaHanglei. Para ensinar e aprender Geografia. Cortez, 2007.
RICHTER, Denis. O mapa mental no ensino de Geografia: concepções e
propostas para o trabalho docente. Coleção PROPG Digital (UNESP), 2011.

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