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INICIAIS.
QUEIROZ, Renato.1
DIAS, Mariana Andreotti.2
RESUMO
Este trabalho aborda reflexões de como a ciência geográfica tem sido aplicada nos anos
iniciais dentro da educação. Tal problemática consiste em refletir como os anos iniciais do
ensino fundamental têm uma grande relevância no desenvolvimento da compreensão do
mundo e da própria realidade do aluno. Essa questão se faz necessária uma vez que o
papel da geografia nesse contexto é essencial, pois torna possível enxergar o espaço do
ponto de vista social proporcionando ao aluno desde cedo, desenvolver o pensamento
crítico. O propósito central deste trabalho é mostrar que no Brasil, atualmente está posta
uma geografia tradicional, meramente descritiva baseada na exaltação de dados
geográficos e do pensamento de espaço de forma fragmentada sem inter-relação
limitando e muito a contribuição que essa ciência pode ter e prover acerca da concepção
de mundo. Para isso foram empregados os seguintes procedimentos pesquisa
bibliográfica e observação. Esse intento será fundamentado a partir de revisão
bibliográfica. A análise esclareceu que é preciso repensar o currículo encontrando
abordagens que tenham o sucesso em oportunizar para as crianças compreensões sobre
o indivíduo e seu papel social no espaço, bem como o próprio espaço e suas relações de
poder. Tendo em vista que nos anos iniciais ainda não possuem bagagem cognitiva deve-
se realizar esse processo de maneira simples e eficiente, e, sobretudo de forma criativa e
lúdica a fim de efetivar o conhecimento transmitido ao discente, mostrando que a
geografia vista por muitos como chata tendo a metodologia de ensino correta essa
realidade pode mudar.
1.Introdução
Refletir sobre aprender a pensar o espaço com crianças. Como instigar nas
crianças esse processo de alfabetização espacial? Ler o mundo, "que significa criar
condições para que a criança leia o espaço vivido" (CASTELAR, 2000, p. 30), pois a
educação geográfica contribui para a formação do conceito de identidade.
1
Licenciando em Geografia no Centro Universitário Internacional Uninter.
2
Docente no Centro Universitário Internacional Uninter.
1
Nos dias atuais é amplamente aceito a ideia de que a geografia é uma ciência
factual que investiga elementos naturais e sociais tomados em conjunto e em suas
interfaces, e ainda de acordo com Santos & Santos, 2017, a geografia no ensino dos anos
iniciais, no período do processo de alfabetização, tem importante papel em construir
referências espaciais a partir de uma alfabetização cartográfica que é a introdução de
atividades que desenvolvem as noções de ponto, linha, área, lateralidade, orientação,
localização, noção de espaço e tempo, que contribuirão na expansão da relação natureza-
sociedade. Um recurso pedagógico atraente que pode ser apresentado aos alunos é o
conjunto de aulas dinâmicas e lúdicas. A partir do pensamento dos autores supracitados,
pode-se internalizar que o aprendizado dos discentes com estratégias de ensino de forma
criativa e interessante podem ajudá-los no seu desenvolvimento cognitivo, cultural e
social ao longo da vida, reafirmando a importância dessa abordagem para esse segmento
da educação. Por sua vez, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de 2001 deixam
claro que
o estudo de Geografia possibilita, aos alunos, a compreensão de sua oposição
no conjunto das relações da sociedade com a natureza; como e por que suas
ações individuais ou coletivas, em relação aos valores humanos ou à natureza
têm consequência tanto quanto para a sociedade. Permite conhecer e
compreender as diferentes relações que são estabelecidas na construção do
espaço geográfico no qual se encontram inseridas, tanto em nível local como
mundial (BRASIL, 2001, p. 113).
Callai, (2005); afirma que partindo do fato de que a gente lê o mundo ainda muito
antes de ler a palavra, a principal questão é exercitar a prática de fazer a leitura do
mundo. Ao chegar na escola a criança vai aprender a ler as palavras, mas qual o
significado destas se não forem para compreender mais e melhor o próprio mundo. Há
um sentimento muito prazeroso ao ler e escrever uma palavra, contudo o desafio mais
prazeroso é o de atribuir significado a ela. Saber estimular a curiosidade no aluno é
primordial e o melhor caminho para isso é utilizar das experiências.
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para a aquisição desse processo do aprender deve ser considerada parte essencial da
constituição da aprendizagem da criança mediante a conquista da autonomia.
Para lidar com as situações de ensino e aprendizagem é preciso entrar em
contato com uma variedade de elementos, entre eles, uma formação geral a
partir da integração de conhecimentos e as de características específicas
propriamente ditas. Essas ações deverão ser acompanhadas de reflexão acerca
dos elementos constituintes do ato de ensinar e do ato de aprender, dando
significado e relevância aos conhecimentos essenciais para a compreensão da
realidade sociocultural, bem como os princípios sobre o desenvolvimento da
pessoa e do grupo na perspectiva de "como se aprende", criando situações de
"ensinagem". (NOOFS, 2016, p. 116)
Para Souza (2010, p.131), compreender a escola em todo seu contexto é necessário
fazer uma aproximação com as relações históricas e familiares dos personagens da vida
escolar.
2. Metodologia
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Este trabalho ainda quer mostrar que é possível trabalhar de forma instigante para
que o aluno adquira o conhecimento transmitido, de forma especial, os com temática em
geografia, até porque a geografia se encontra no nosso dia a dia. Para isso, de forma
breve, este trabalho levantará informações históricas sobre a educação e posteriormente
sugerirá a partir de exemplo lúdico como executar aulas de conteúdo dinâmico.
Assim sendo, o presente trabalho transcorrerá a partir do método indutivo
descritivo, visto que se utilizarão conceitos e ideias de autores que corroborarão para a
construção de uma análise científica sobre o nosso objeto de estudo.
3. Revisão Bibliográfica
É interessante ressaltar que a educação, por assim ser definida, está ligada ao
papel do professor, instrutor, monitor, facilitador, enfim, pessoas profissionais com o
3
MICHAELIS: Moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Melhoramentos, p.687.
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intuito de ensinar e/ou direcionar o indivíduo que recebe informações transformadoras
para conseguir sobreviver no mundo.
A educação, no sentido ensinar-aprender, pelo que sabemos e estudamos sempre
existiu. Em toda parte do mundo houve-se alguém que iniciou esse processo, e com base
na história, vemos que a partir do surgimento da linguagem, lá na pré-história, os
primeiros responsáveis pela educação eram todo e qualquer adulto. Sá e Coelho (s/d)
afirmam que as escolas e práticas pedagógicas existem desde a antiguidade. Este estudo
deteve-se, particularmente, na modalidade de ensino que se organizou a partir do
encontro do homem europeu com a cultura islâmica, a universidade.
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Explanado sobre educação e de como poderiam ser ministradas essas aulas
utilizando de métodos criativos para aguçar a vontade em aprender, é importante que
seja refletido sobre a metodologia de ensino ativa que é um caminho contemporâneo
compatível com uma prática reflexiva, desde que sejam providas atividades que incluam
oportunidades de reflexão, como algo que seja parte do próprio processo de
aprendizagem ativa (refletir acerca da própria aprendizagem).
Nesse sentido, o ensino de geografia se faz necessário nas primeiras fases da vida
com vistas a promover o desenvolvimento cognitivo, corporal, social e cultural do
indivíduo bem como contribuir para o entendimento das formas de relacionamento
humano e suas ações no ambiente e vice-versa. Logo, pode-se afirmar que a Geografia,
necessariamente, deve proporcionar a construção de conceitos que possibilitem ao aluno
compreender o seu presente e pensar o futuro com responsabilidade, ou ainda,
preocupar-se com o futuro através do inconformismo com o presente. Mas esse presente
não pode ser visto como algo parado, estático, mas sim em constante movimento e rumo
(STRAFORINI, 2001).
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incorporam a disciplina em suas práticas desconsiderando seu valor. E quando fazem uso
de conceitos geográficos não buscam relacionar com a vida dos alunos, o que é muito
importante, além de utilizar metodologias inadequadas com base, por exemplo, na
descrição de objetos ou memorização de conceitos.
Todo ensino de geografia começa na educação infantil e para ficar claro o exemplo
do ensino da alfabetização cartográfica mostra que com ludicidade é possível orientar os
alunos a compreender, e não somente memorizar, o ir para o norte, o ir para o sul, para o
leste, para o oeste. Ilustrando essa temática, existe uma canção de um grupo musical
intitulada “Os pontos cardeais” que ensina pedagogicamente localização, lateralidade,
espaço geográfico. Na prática, uma sugestão pode ser levar a turma de alunos para o
pátio e pedir que observe a posição do Sol e a localização de espaços como a quadra, a
cozinha e o banheiro. Pedir que olhem ao redor destacando o que fica em cada lado
(norte, sul, leste e oeste) e depois que se desloquem em direção ao sul, até o ponto mais
distante do pátio. Ao ouvir a música e gesticular com as mãos inicia-se o processo de
compreensão prática da localização. Toda criança quando questionada onde mora precisa
no mínimo entender que sua casa fica em determinado ponto partindo do quesito básico
em direita e esquerda.
A geografia escolar passa atualmente por diversas crises, Straforini (2001, p. 139)
cita que um dos pontos dessa crise está no fato de alguns componentes curriculares
terem diminuído a sua carga horária em detrimento do aumento de horas-aula de
disciplinas como português e matemática.
A educação em geografia seria tornar o ensino de geografia de forma que ele seja
significativo para a vida dos alunos, ou seja, ela permite que o aluno interprete o mundo
com base na articulação dos conteúdos com em seus conhecimentos prévios e esta será a
base que permitirá o desenvolvimento do pensamento abstrato, tornando a
aprendizagem significativa ao educando (CALLAI e MORAIS, 2017).
4. Considerações finais
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Geografia nos anos iniciais vinha apresentada ao aluno uma visão distorcida do conceito
de espaço geográfico, e ressalta a importância da teoria construtivista proposta por
Piaget, fica evidente que o ensino de Geografia dos anos iniciais pode contribuir de forma
significativa para o aprendizado do aluno, uma vez que esse sujeito a partir da leitura de
mundo reconheça o lugar como seu espaço vivido, além de outros lugares, que estão
próximos ou não da sua realidade.
De forma particular, ao observar as atividades propostas pelos demais colegas
professores no dia a dia, percebe-se uma supervalorização das disciplinas de Matemática
e Português em detrimento das demais nas atividades desenvolvidas com os alunos,
entendendo que o sistema apresenta maior cobrança nas disciplinas referidas por conta
de processos avaliativos para ingresso em universidades e/ou até mesmo para inserção
em cargos públicos. Dessa forma, defende-se que conteúdos relevantes de outras
disciplinas, como a geografia, por exemplo, não são trabalhados como deveriam e por
vezes, são deixados de lado nessa relevante etapa do desenvolvimento infantil.
O conhecimento adquirido na educação em séries iniciais pode servir de base para
a vida cotidiana e escolar dos alunos. Quando este conhecimento não ocorre de forma
significativa, e esta é a preocupação reflexiva deste trabalho, pode provocar dificuldades
na construção de noções de lateralidade, orientação espacial, interpretação de situações
e conceitos, bem como a possibilidade de ocorrer analfabetismo cartográfico como se
tem visto atualmente em discentes desorientados frente a essa questão.
Referências
BOUDOU, Christian Jean-Marie. Tópicos especiais em geografia: A história da Geografia.
2012 (aula 03) Disponível em:
https://cesad.ufs.br/ORBI/public/uploadCatalago/13531711052012Topicos_Especiais_em_Ge
ografia_Aula_03.pdf Acesso em 15 set 2022
CALLAI, Helena. Aprendendo a ler o mundo: a Geografia nos anos iniciais do Ensino
Fundamental. In: Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 66, p. 227-247, maio/ago. 2005.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/ccedes/a/7mpTx9mbrLG6Dd3FQhFqZYH/?
format=pdf&lang=pt Acesso em 23 set. 2022
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_____________ e MORAIS, M.M. Educação Geográfica, Cidadania e Cidade. Disponível em
https://revista.ufrr.br/actageo/article/view/4771/2416 Acesso em 03 de out 2022.
ILHA DOS SONHOS. Os pontos cardeais. São Paulo-SP: Paulinas/COMEP. 1997. Suporte
(2:58 min)
MANACORDA, Mario A. História da Educação: da antiguidade aos nossos dias. São Paulo:
Cortez Editora, 2010.
SANTOS, R.; SANTOS, L.R.S. Metodologia para ensinar geografia nos anos iniciais do
ensino fundamental: o relógio solar. Revista de Ensino de Geografia, Uberlândia, v. 8, n.
14, p. 28-47, jan./jun. 2017. Disponível em:
http://www.revistaensinogeografia.ig.ufu.br/N14/Art2-v8-n14-Revista-Ensino-Geografia-
Santos-Santos.pdf Acesso em 22 set.2022
Anexo
REFRÃO
Norte, Sul, Leste, Oeste
São os Pontos Cardeais
Eles servem na orientação
É só prestar muita atenção
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O sol nasce no Nascente
Ele morre no Poente
O Nascente é o Leste
E o Poente o Oeste
REFRÃO
Norte, Sul, Leste, Oeste
São os Pontos Cardeais
Eles servem na orientação
É só prestar muita atenção
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