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EDUCAÇÃO BÁSICA
Resumo:
Nas discussões com os professores da rede estadual de ensino, durante a realização das
oficinas de Disseminação da Política Curricular e da Gestão Escolar, realizada pela Secretaria
de Estado de Educação, nos trinta e dois Núcleos Regionais de Educação do Estado do
Paraná, surgiu a necessidade de refletir sobre as questões relativas à Cartografia, na disciplina
de Geografia. Para muitos professores do Ensino Fundamental e Médio a Cartografia é vista
mais como um conteúdo da Geografia do que propriamente uma linguagem a ser
desenvolvida com os alunos. As interpretações dadas a esta situação fizeram aumentar as
dificuldades dos alunos em interpretar e analisar mapas. Muitos permaneceram no estágio de
copiá-los e colori-los. O desenvolvimento da linguagem cartográfica é necessário desde os
primeiros anos do Ensino Fundamental. Cabe aos professores alfabetizar cartograficamente
seus alunos, de forma gradativa e continua. Não é possível deixar a alfabetização cartográfica
concentrada em poucos momentos da vida escolar do aluno. Como seria estudar um fenômeno
em Geografia sem saber onde ele ocorreu? Qual é sua exata localização? Como entender a
organização do espaço geográfico, sem o auxílio dos conhecimentos cartográficos? Portanto,
a Cartografia é entendida como uma linguagem de fundamental importância na construção do
conhecimento da Geografia. Para tanto, os professores devem estar preparados para utilizarem
os conceitos e saberes da Cartografia a fim de formarem alunos mapeadores, capazes de fazer
análises críticas e reflexivas envolvendo os conteúdos geográficos, pois, tanto a Geografia
como a Cartografia são ligadas ao mesmo objeto - a investigação do espaço.
entendimento sobre o espaço, considerando que o professor organiza suas aulas de maneira
que estas dialoguem a teoria com os saberes cotidianos.
É na escola com o auxílio do professor que a criança desenvolverá a lateralidade de
forma clara. Antes disso, obviamente que ela deve ter desenvolvido as primeiras relações
espaciais denominadas de topológicas elementares que começam a se estabelecer desde o
nascimento e são a base para o entendimento das relações espaciais mais complexas,
trabalhadas durante as atividades escolares na faixa dos 6 - 7 anos. Dessa maneira, as
primeiras relações espaciais construídas pelas crianças
Uma atividade realizada na escola que auxilia a criança na construção das noções de
lateralidade a partir do esquema corporal é a construção do mapa do próprio corpo. Segundo
Almeida e Passini (1999) a criança deve compreender a diferença entre concreto e a
representação, preparando-se para a utilização dessas noções em outras representações.
Mapeando o próprio corpo a criança toma consciência de sua estatura, da posição de seus
membros e dos lados de seu corpo.
A cada etapa de seu desenvolvimento a criança estabelece novas relações, verificando
o que está próximo ao lugar onde mora, qual e como é a seqüência de estabelecimentos de sua
rua, como os elementos estão organizados no espaço, o que separa a sua casa da casa do
vizinho, ou o seu prédio com o prédio vizinho, enfim como os objetos que fazem parte do
espaço encontram-se organizados. Essas relações são a base para o entendimento do espaço
geográfico. A partir delas a criança estará preparada para aprofundar o entendimento sobre os
estudos que de fronteiras e as divisões políticas entre municípios, estados e países. Cabe
destacar que os conceitos geográficos também são importantes para o entendimento dessas
relações. Portanto a
forma, constitui-se num saber a ser ensinado e que não foi aprendido pelo docente
(KATUTA, 2000, p. 13).
As noções propostas por Simielli (2007) precisam ser superadas e entendidas pelos
alunos. O aluno entre 6 e 7 anos, muitas vezes apresenta dificuldade em entender a visão
vertical e oblíqua, considerando que no seu cotidiano ele tem uma visão lateral dos elementos
que compõem o espaço geográfico. Transpor essa dificuldade requer do professor subsídios
como a utilização de elementos presentes no dia-a-dia da sala de aula. A própria borracha ou a
mesa utilizada pelo aluno servirá no entendimento dessa noção, pois ele terá condições de
visualizar estes objetos de cima, tendo assim uma visão vertical dos mesmos. Outro recurso
são as imagens de satélite disponibilizadas na Internet, possibilitando a visão vertical até
mesmo da residência do próprio aluno. Essas imagens também auxiliam no entendimento da
noção de escala, pois é possível aproximar e distanciar a imagem do solo, aumentando ou
diminuindo a visualização dos detalhes que se pretende pesquisar.
O aluno consegue entende a imagem tridimensional com mais facilidade, pois faz
parte de sua realidade é algo concreto. A passagem da imagem tridimensional para a
bidimensional é um pouco mais complexa. O desenvolvimento dessa noção ocorre a partir do
momento em que o aluno, entre 7 e 10 anos, constrói maquetes que representam a imagem
tridimensional. Por exemplo, com a maquete da sala de aula, o aluno poderá visualizar a sala
de cima, numa visão vertical. Dessa forma ele tem condições de projetar a representação em
uma imagem bidimensional. O desenvolvimento dessa noção exige do aluno um certo grau de
abstração.
Para Simielli (2007) “as representações cartográficas são feitas a partir de elementos
básicos: pontos, linha e área”. A complexidade dos desenhos amplia-se de acordo com a faixa
etária e a série freqüentada pelo aluno. Utilizar a escola como ponto de partida, no
entendimento das representações cartográficas e da legenda facilita a compreensão, pois
partimos do concreto para o abstrato. Como o lugar é conhecido pelo aluno, uma
possibilidade é fotografar a escola. A partir da imagem da escola o aluno fará a representação,
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tendo a visão lateral como foco. A estruturação da legenda é iniciada através dos elementos da
foto. Posteriormente com o auxilio das imagens de satélite a representação passará para a
visão oblíqua. Nesse processo o aluno amplia seu entendimento sobre a representação
cartográfica e a legenda.
Almeida e Passini (1999) defendem que somente aos 11-12 anos é que a criança
começa a entender o espaço concebido. A partir dessa fase a criança compreenderá, por
exemplo, a área representada em um mapa.
A linguagem cartográfica é introduzida gradativamente, através do trabalho
pedagógico realizado pelo professor. Portanto, para saber
A autonomia intelectual do professor deve ser respeitada e ele deve definir quais
estratégias utilizará para ensinar a leitura cartográfica, considerando o domínio dos conceitos
geográficos que a envolvem em cada conteúdo abordado. Os professores devem ser usuários
críticos de mapas e mediadores da aprendizagem dos alunos para que estes se tornem leitores
competentes de mapas. Quanto mais os professores estiverem preparados, melhores serão os
resultados da aprendizagem dos alunos. Assim, se
(...) o professor concebe a Geografia, como uma disciplina que tem por função
descrever lugares, o uso que se fará do mapa possivelmente será o de mera
localização e haverá maior ênfase na realização de descrições. Por outro lado, se o
docente concebe a Geografia como uma disciplina que tem por função ensinar ou
contribuir para que o aluno entenda melhor as territorializações produzidas pelos
homens, o uso que se fará do mapa possivelmente será outro, pois apesar de ser
utilizado enquanto meio de orientação e localização, poderá também ser utilizado
enquanto recurso que pode encetar análises e explicações geográficas da realidade
mapeada (KATUTA, 2000, p.6).
Trabalhar com mapas não significa apenas colorir e copiar, ou simplesmente mostrar
os mapas para os alunos, isso não garante o ensino da Cartografia, é necessário levar o aluno à
reflexão, a construção a partir de seu conhecimento do lugar, do seu entorno, do concreto para
o abstrato, do particular para o geral. A função de um mapa é diferenciada para cada usuário
e para o que se pretende com ele. Nesse sentido, um professor vê o mapa diferente de um
aluno,
o interesse que eles tem, ou deveria ter, em relação ao mapa é o de utilizá-lo para
estabelecer raciocínios geográficos, visando ao entendimento da territorialidade
produzida pela sociedade é preciso lembrar, no entanto, que para que isso ocorra
faz-se necessário a aprendizagem de noções, habilidades e conceitos importantes
para que a leitura do mapa seja profícua e sua utilização ultrapasse, assim, a mera
reprodução dos contornos dos mapas políticos, como temos visto ocorrer inúmeras
vezes. (SOUZA J. DE S., KATUTA, A. M. 2001, p. 113).
O estudo de diferentes mapas deve considerar a faixa etária do aluno, dos anos iniciais
do Ensino Fundamental. Entre 06 a 09 anos de idade o trabalho deve ficar focado na
alfabetização cartográfica, iniciando com elementos das representações gráficas e
posteriormente com as representações cartográficas.
Portanto as
Considerações Finais
A Geografia deve usufruir do mapa para o entendimento do que se pretende estudar
em todos os níveis de ensino, em todas as séries. Concentrar o uso da cartografia na 5ª série
do Ensino Fundamental ou no 1º ano do Ensino Médio leva a alguns questionamentos. Como
nas demais séries não utilizaremos mais a linguagem cartográfica? O ideal para o
desenvolvimento de um bom trabalho, o uso da cartografia deveria ser uma constante em
todas as séries/ anos do Ensino Fundamental ao Médio. Trabalhar com mapas não significa
dar aula de mapas, mas usufruir da linguagem cartográfica para espacializar os fenômenos e
fatos estudados pela Geografia, desenvolvendo a Cartografia Escolar, garantindo a
transposição didática do que é trabalhado na Cartografia Temática durante a graduação em
Geografia.
Portanto temos diferentes mapas para diferentes usuários é importante fazer essa
diferenciação com os alunos. Vale ressaltar a necessidade de levar o aluno à leitura dos
elementos que compõem os mais diversos mapas. O potencial de leitura depende da trajetória
escolar dos alunos. Obviamente que o aluno de 4ª série/5° ano tem um potencial de leitura
diferente do aluno de 1º ano do Ensino Médio. Os elementos cartográficos apresentados aos
alunos são aprofundados gradativamente e concomitantemente aos conteúdos trabalhados na
disciplina de Geografia.
Quando se refere ao fazer pedagógico aplicado nas aulas de Geografia para o Ensino
Fundamental e Médio da rede de educação básica do Estado do Paraná, considera-se que a
Secretaria de Estado da Educação mantém constantes programas de formação continuada que
objetivam discussões pedagógicas entre professores da área de Geografia e que abordam a
linguagem cartográfica na perspectiva da leiturização corroborada com o processo de
alfabetização. O processo que envolve discussões teórico-metodológicas em torno da
utilização da linguagem cartográfica como ferramenta de discussão dos conteúdos
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, R. D. de., PASSINI, E. Y. O espaço geográfico: ensino e representação. São
Paulo: Contexto. 1999. 7 ed.
GENTILE, P. O tesouro nos mapas: a cartografia nos permite ler e interpretar a realidade e
pode entrar no currículo desde a Educação Infantil, com brincadeiras e jogos. Revista Nova
Escola, São Paulo, ed. 150, março 2002. Disponível em
http://revistaescola.abril.com.br/geografia/fundamentos/tesouro-mapas-426510.shtml. Acesso
em: 20 jul. 2009.
_________. Primeiros Mapas: Como entender e construir. São Paulo: Ática, 1993.
SMITH, N. Contornos de uma política espacializada: veículos dos sem tetos e produção de
escala geográfica. In: ARANTES, A. (org) O espaço da diferença. Campinas. Papirus, 2000.