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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB

INSTITUTO DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA, PORTUGUÊS E LÍNGUAS CLÁSSICAS
PROFESSOR: MS. Gláucio de Castro Júnior

GRAMÁTICA DA DATILOLOGIA
PORTUGUÊS E LSB
A LSB é uma língua de modalidade
gestual-visual porque utiliza como
canal ou meio de comunicação,
movimentos gestuais e expressões
faciais que são percebidos pela visão.
A gramática da LSB tem os seus princípios
de estruturação e organização, onde na
comunicação os Surdos e os falantes da LSB
nos traz o modelo de sua construção, na
representação de seus valores culturais com os
múltiplos artefatos culturais nas manifestações
linguísticas de seus significados e significantes.
• Sabemos que as diferenças não estão
somente na utilização de canais
diferentes, estão também nas estruturas
gramaticais de cada língua.
Assim, convenhamos pesquisar e
mostrar como é a utilização do espaço na
LSB, numa tentativa de organizar o enfoque
da pesquisa para uma análise linguística do
uso do espaço em um dos parâmetros que é
a Configuração de Mão para conhecer a
Gramática da Datilologia.
DATILOLOGIA

Woll (1977) faz um levantamento histórico do material


impresso na Inglaterra sobre Línguas de Sinais,
mostrando que a partir de 1880 começam a aparecer
pequenos panfletos, provavelmente destinados à venda
para arrecadação de fundos, geralmente consistindo
em ilustrações de sinais (em fotos ou desenhos), com
ou sem descrições de como produzi-los.
• Um panfleto denominado "language of silent
word" (1914) apresenta fotos de boa
qualidade de 143 sinais e mais o alfabeto
manual. Até 1938, quando novo panfleto foi
publicado pelo national institute for the deaf,
essa foi a "cartilha" dos interessados em
língua de sinais.
Em 1922 foi publicado pela British Deaf and Dumb
Association, "the British Deaf times", que, além das
ilustrações de sinais continham informações e
anedotas sobre surdos, ilustrações do alfabeto
manual e ilustrações sobre cenas surdas (uma
festa), a visita da rainha vitória a uma surda
fazendo uso do alfabeto manual.
Porém, os alfabetos datilológicos
ou alfabetos manuais têm uma
história um pouco mais antiga,
coincidindo com as primeiras
tentativas formais de educação de
Surdos.
Vem do século XVI, com o espanhol Pedro Ponce de Léon
(1520- 1584), monge da ordem dos Beneditinos e que viveu
no monastério de Onã, em Burgos, a invenção do primeiro
alfabeto manual conhecido, publicado por Juan Martin Pablo
Bonet em 1620 em um livro intitulado Reduccion de las letras
y artes para enseñar a hablar a los mudos. O trabalho de
Ponce de Léon está registrado nos livros da instituição
religiosa que relata sucesso de uma metodologia que incluía
datilologia, escrita e fala e levou seus três alunos surdos a
falar grego, latim e italiano, além de chegar a um alto nível de
compreensão em física e astronomia.
• Em meados do século XVIII foi levado à França por Jacob
Rodriguez Pereira e subseqüentemente para os Estados
Unidos em 1816 (através de Gallaudet) esse "alfabeto de
uma mão", que pode ser reconhecido como o ancestral dos
alfabetos manuais atuais. Outra corrente, o "alfabeto de duas
mãos", atualmente ainda em uso na Inglaterra e algumas de
suas ex-colônias, aparentemente não mantém relação com o
alfabeto de Bonet, tendo suas origens menos claras.
Segundo Woll, o alfabeto publicado anonimamente em 1698

com o nome de “Digitilíngua" deve ser o inspirador do atual.


• A datilologia atual também conhecida
como alfabeto manual, é utilizada para
informar (representar) coisas que
ainda não possuem um sinal na
LIBRAS, para expressar nomes e

palavras de línguas estrangeiras.


Alfabeto Manual e Números (AJA, 2004)
• Mesmo que grande parte dos estudos
linguísticos seja resultado da pesquisa de
ouvintes no sentido de ensinar o Surdo
através da datilologia, a maior parte das
comunidades surdas de todo o mundo
utilizam a datilologia em suas línguas de
sinais.
GRAMÁTICA DA DATILOLOGIA

• Postura e situações de uso


• Gramática da acentuação na datilologia
• Datilologia e Sinais soletrados
• Datilologia e Empréstimos Linguísticos
• Datilologia e números: expressões de números
ordinais, cardinais e valores monetários
• Processos derivacionais e flexionais no uso da
datilologia
• A Datilologia acontece de dentro para fora e nunca de
fora para dentro.
• O espaço adequado para a datilologia depende do
meio em que o falante da língua for sinalizar, por
exemplo, se estiver em um ambiente de filmagem o
ideal é que a datilologia prossegue na frente do
ombro e não na frente do rosto, pois o contato visual
e as expressões faciais são princípios inerentes das
línguas de sinais.
• É desejável que ao realizar a datilologia
se tenha uma seqüencialidade, bem
como a movimentação e este movimento
foi denominado por MOVIMENTO
DATILOLÓGICO, pois é mais fácil
perceber a palavra na datilologia.
• É pelo léxico que identificamos a cultura de
um povo de uma comunidade, então as
influências são historicamente analisadas,
pois se temos 100 anos de Língua de
sinais, percebemos um acréscimo vocabular

com o uso da técnica da datilologia.


• E, também, uma convencionalização dos
sinais, pois a comunicação é uma
característica imprescindível para a
comunicação e inserção do indivíduo surdo
na comunidade e nas representações
através das múltiplas produções culturais
na percepção da modalidade viso-espacial.
• O processo de criação de sinais na Libras
está associado às regras datilológicas,
então é possível perceber que acontece em
dois campos:
▫ No primeiro é quando se tem o campo
onde o receptor não conhece o sinal e
utiliza-se a datilologia para representar o
sinal que foi falado pelo emissor,
No segundo plano se tem o conhecimento
do falante da língua que instiga a pesquisar o
próprio sinal para aquele termo que foi
mostrado e com isso, percebe-se que a
utilização da interpretação-explicativa é muito
importante para a compreensão do receptor do
termo para o qual não existe o sinal
e, também, para a criação desse
sinal e neste processo está inserido
a necessidade de convencionalizar o
sinal criado e para isso existe
algumas implicações que têm que
ser levadas em conta,
• Por exemplo para a palavra SÓDIO existe
diferentes contextos de uso, então o processo
sintático, semântico e pragmático também
influencia no processo de criação, principalmente
no que se refere às construções morfossintáticas
que são estruturas que parecem sem sentido, mas
possuem informações dependendo do contexto da
situação e seu uso.
• E, por isso a datilologia em si tem
seus aspectos positivos e negativos,
mas associadas a outros estudos
lingüísticos é possível compreender a
sua gramática, bem como a definição
das suas regras.
CONCLUSÕES
▫ A compreensão da gramática da datilologia
irá auxiliar no sentido colaborativo da criação
de materiais na LSB, visando atender a seus
contextos específicos da modalidade viso-
espacial, principalmente na elaboração e
produção de livros didáticos visuais, dentre
outros materiais.
Além disso, essa pesquisa das inúmeras
possibilidades que a Datilologia oferece e que são
produzidas por inúmeros contextos reforça uma
pesquisa anterior em desenvolvimento pelos
pesquisadores Castro Junior e Faulstich que
permitirá aliar e direcionar para os estudos da
Central Linguística de um sistema colaborativo.
que possibilitará a organização de um grande
banco de dados, com informações e sinais
específicos da LSB, possibilitando um grande
e rápido avanço na criação e formação de
um banco de dados terminológicos brasileiro
de sinais filmados e ou gráficos em LSB
Além da consolidação das regras
datilológicas, morfológicas, semânticas e
sintáticas da LSB, ambos imprescindíveis para as
construções conceituais na LSB, principalmente
no que se refere as especificidades dos níveis
lingüísticos da LSB como elemento de
construção e pesquisa da gramática de Língua
de Sinais
e as peculiaridades dessa língua exigem portanto
que o pesquisadores da Libras entendam os
conceitos de diferentes processos associados à
modalidade viso-espacial nos diferentes
parâmetros, pensando em novas práticas
pedagógicas e linguísticas que considerem a
realidade bilíngüe do surdo.

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