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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE LETRAS
LICENCIATURA EM LÍNGUA ESTRANGEIRA - INGLÊS

LISLE LOPES VILAS BOAS

APROPRIAÇÃO DE MÍDIAS DIGITAIS PARA CIRCULAÇÃO,


APRENDIZAGEM E FORTALECIMENTO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE
SINAIS E DA CULTURA SURDA NA BAHIA.

Salvador
2019
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Lisle Lopes Vilas Boas

APROPRIAÇÃO DE MÍDIAS DIGITAIS PARA CIRCULAÇÃO,


APRENDIZAGEM E FORTALECIMENTO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE
SINAIS E DA CULTURA SURDA NA BAHIA.

Trabalho apresentado como avaliação do


componente curricular LetA06 – Projeto de
Pesquisa do curso de Licenciatura em
Língua Estrangeira (Inglês), no semestre
2019.2 da Universidade Federal da Bahia.

Orientador: João Ricardo Bispo de Jesus

Salvador

2019
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Sumário
1.PROBLEMA E PROBLEMATICA 4
2. JUSTIFICATIVA 7
3. OBJETIVOS 8

Objetivo Geral 8
Objetivo Específico 8
3. METODOLOGIA 9

4. RECURSOS FINANCEIROS 10

5. CRONOGRAMA 10

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 11
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1. PROBLEMA E PROBLEMATICA

A surdez é a “falta, perda absoluta ou diminuição considerável do sentido da


audição”1, e pode ser uma condição causada por muitos fatores, hereditários ou não.
Dentre esses fatores, podem ser citados por exemplo, os de origem Pré-natais
(adquirida por meio da mãe no período de gestação através de rubéola, sífilis,
citomegalovírus, toxoplasmose, drogas, remédios ototóxicos, entre outros; os i-
natais (causa adquirida durante o parto) como anóxia, fórceps, infecção hospitalar,
entre outros; e os Pós-natais (adquirida após o nascimento) através de meningite,
excesso de remédios, sífilis, sarampo, caxumba, exposição a fortes ruídos,
traumatismos cranianos, entre outros.
Sobre a história desses indivíduos, GESSER (2012, p. 71, apud CRUZ, 2016,
P.4), ponderam que:

A história dos surdos começa muda, apagada e triste. Começa


semelhante à história de diversos segmentos minoritários de pessoas
que se caracterizam por algum tipo de estranheza, como que
denunciando a dificuldade que o homem tem de aceitar o diferente, o
deficiente, o trabalhoso, o feio, o imperfeito.

Poucos documentos que registram a história das pessoas surdas na Antiguidade


ainda existem, e nos registros encontrados sobre essa fase da história, pôde-se saber que
no Egito, por exemplo, os surdos eram adorados, pois acreditava-se que serviam de
mediadores entre os deuses e os faraós, tornando-se temidos e respeitados pela
população. Diferentemente do Egito, na Grécia, os surdos eram vistos como
incompetentes, por não se comunicarem como os ouvintes, e assim julgava-se que não
seriam capazes de raciocinar, não possuindo direitos e muitas vezes condenados à
morte.
Em Roma, com a influência do povo grego, as pessoas com surdez eram vistas
como seres imperfeitos excluindo-os da vida em sociedade. Tempos depois, Santo
Agostinho defendeu que os pais de filhos surdos, os tinha porque seria uma forma de
pagar por algum pecado que haviam cometido. Acreditava também, que os surdos

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Definição enconttrada em dicionários como o Michaelis. Disponível em: <
https://michaelis.uol.com.br /moderno-portugue s/busca/portugues-brasileiro/surdez/ >
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podiam comunicar por meio de gestos, e que assim, em equivalência à fala, eram aceitos
para a salvação da alma.
Na Idade Média o surdo era visto como incapaz. Famílias nobres e influentes
que tinham filho surdo contratavam professores para educar seus filhos na tentativa de
evitar que fossem privados de seus direitos, pois nessa época ocorriam muitas
perseguições e mortes de pessoas que nasciam com alguma deficiência, sendo o início
da trajetória das pessoas com necessidades educativas especiais marcada pela exclusão.
A situação de vida das pessoas com surdez começou a melhorar no século XV
(aproximadamente no fim da idade média), época que começaram a surgir mais
pesquisas a respeito da surdez e já no século XVI, que houveram registros dos primeiros
educadores de surdos de no mundo ocidental, como como Cardano (1501-1576) que
com o intuito de ajudar seu filho surdo, descobriu que a escrita representava ideias e
pensamentos, e não somente ideias faladas e o monge Ponce de Léon que foi
considerado o primeiro professor de surdos na Espanha, fundador da primeira escola
para alunos com surdez em Valladolid, tendo desenvolvido uma metodologia de
educação para crianças surdas que incluía datilologia (representação manual das letras
do alfabeto), escrita e oralização.
No século XVII, o Espanhol Juan Pablo Bonet, seguindo a linha do trabalho
iniciado por Ponce de Léon, estudou e desenvolveu trabalho sobre os surdos. Escreveu
sobre as maneiras de ensiná-los a ler e a falar, por meio do alfabeto manual, porém
proibia o uso da língua gestual, optando o método oral. Juan Pablo Bonet Criou o
alfabeto manual e publicou um livro apresentando suas ideias para ensinar surdos a ler,
intitulado Redução das Letras e Arte de Ensinar a Falar os Mudos.
Após a Revolução Francesa e durante a Revolução Industrial, teve início um
período de disputa entre os dois métodos mais importantes da educação de surdos, os
métodos oralistas e os baseados na língua gestual. O abade Roch-Ambroise Cucurron
Sicard fundou a escola de Surdos de Bordéus, em 1782, e também apoiou a criação de
vários institutos de surdos em todo o país. 
Outro nome de destaque foi um professor considerado o “Pai dos Surdos”, foi o
abade Charles-Michel de L’Epée (1712-1789), que defendeu o uso da língua de sinais
ao invés do oralismo. L’EPée realizou um trabalho filantrópico e para isso aprendeu a
língua de sinais com duas irmãs surdas que usavam gestos para se comunicar. A partir
deste encontro, dedicou sua vida à educação das pessoas surdas. Para arrecadar dinheiro
para sua instituição, fazia apresentações em praças públicas. Sua obra mais importante
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foi publicada em 1776, intitulada “A Verdadeira Maneira de Instruir os SurdosMudos”,


na qual hava regras sintáticas da língua de sinais e também o alfabeto manual inventado
pelo Pablo Bonnet. Tardiamente, essa obra seria complementada com a teoria de abade
Roch-Ambroise Sicard (1742-1822), outro abade francês dedicado à educação de
surdos.
No Brasil, foi apenas em 1857, que os surdos começaram a ter visibilidade, por
iniciativa de D. Pedro II, que fundou o Instituto Imperial dos Surdos-Mudos dirigido
pelo professor surdo Francês Ernest Huet, que trouxe ao Brasil a língua de sinais
francesa. Em 1957, O Instituto Imperial dos Surdos – Mudos passa a chamar-se
Instituto Nacional de Educação de Surdos em consonância com os avanços na área da
surdez.
Durante muitos anos o INES foi a única escola para surdos do Brasil, e até os
dias de hoje é considerada importante referência educacional no país. Como afirma
Levy (1999, p.14) “[...] O currículo apresentado em 1856 tinha como disciplinas o
português, aritmética, história, geografia e a “linguagem articulada” e “leitura sobre os
lábios”, para os que tivessem aptidão”. O curso tinha a duração de seis anos, era
ofertado a alunos de ambos os sexos, pertencentes à faixa etária de sete a dezesseis
anos.
A Libras - Língua Brasileira de Sinais por meio Lei Nº 10.436, de 24 de abril de
2002, é reconhecida como meio legal de comunicação e expressão dos surdos, sendo a
sua L1, enquanto a Língua Portuguesa na modalidade escrita seria a L2.

As mãos não são o único veículo usado nas línguas de sinais para
produzir informação linguística. Os surdos fazem uso extensivo de
marcadores não manuais. Diferentes dos traços paralinguísticos das
línguas orais (entonação, velocidade, ritmo, sotaque, expressões
faciais, hesitações, entre outros), nas línguas de sinais, as expressões
faciais, (movimento de cabeça, olhos, boca, sobrancelha etc.) são
elementos gramaticais que compõem a estrutura da língua; por
exemplo, na marcação de formas sintáticas e atuação como
componente lexical. (GESSER, 2009, p.18)

Muitos acham que a língua de sinais é uma linguagem que permite a comunicação
através de gestos e não tem conhecimento de que a Libras é uma língua que contem
grmática como qualquer outra língua no mundo.
As Línguas de Sinais possuem todas as características das línguas orais, como a
polissemia, jogos de linguagem, etc com nível morfossintático complexo que abarca as
relações de usos de localizações espacial e manutenção da referência pronominal.
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Apesar das Leis e decretos que reconhecem a Libras como língua oficial da
comunidade surda, a realidade dessa comunidade não é tão fácil pois as barreiras
comunicativas existem,e a falta de cursos para aprendizagem da Língua, faz com que os
surdos ainda sejam marginalizados.
Dentro desse contexto, as mídias digitais proporcionaram um espaço para a
expressão dos surdos. Com a popularização e fácil acesso à internet, canais de surdos
surgiram no Youtube, assim como em outras redes sociais e a Língua brasileira de
Sinais e a cultura surda ganharam maior visibilidade.
Assim, esse trabalho visa investigar como as mídias digitais contribuem para a
aprendizagem e divulgação da Língua Brasileira de Sinais e Cultura surda na Bahia?
Portanto, através de um diálogo entre os conceitos de Língua e Linguagem e cultura e
cibercultura.
O objeto de estudo seriam as mídias digitais como forma de circulação,
aprendizgem, divulgação e fortalecimento da língua brasileira de sinais e da cultura e
identidade surda na Bahia. Para tal, serão analisados canais do youtube criados por
surdos baianos com o objetivo de ensinar e/ou divulgar a Libras e a cultura surda.
Para Monteiro (2014), as mídias digitais são baseadas em tecnologia digital
como a internet, os programas educacionais, jogos e a TV digital. Uma via de mão
dupla, na qual os usuários podem filtrar informações e enviar as suas opiniões e
expressões. Assim, a tecnologia vem sendo utilizada também como recurso didático no
ensino de línguas, e nesse contexto, a plataforma Youtube tem bastante destaque.
Classificada pela Google como uma plataforma de distribuição de conteúdos, o
Youtube, fundado em 2005, oportuniza aos seus usuários, descobrir, visualizar e
compartilhar vídeos de diversos conteúdos. Assim, o usuário pode criar um canal e
enviar os vídeos de um determinado conteúdo, sendo um espaço democrático e de fácil
acesso para novos aprendizados e quebra de preconceitos.

2. JUSTIFICATIVA

A escolha desse objeto foi influenciada por uma vontade de dar continuidade aos
estudos iniciados na graduação através da disciplina Libras – Língua Brasileira de sinais
e na pós-graduação a nível de especialização em Educação Especial e Inclusiva na
Faculdade Educacional da Lapa.
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Nessas duas experiências, o desejo de trabalhar com a Língua Brasileira de


Sinais e Cultura Surda surgiu e apenas tem se intesificado. Atualmente aprendo a Libras
em nível intermediário através do curso livre, Libras Tudo em Salvador,BA.
Esse projeto pode contribuir para os estudos na área da surdez e ensino da Libras
no cenário baiano e consequentemente brasileiro, pois tem como ponto de partida os
canais de surdos baianos voltados para divulgação da Língua Brasileira de Sinais e
cultura surda.
Ademais, nas pesquisas realizadas durante a elobração do projeto, não foram
encontradas pesquisas voltadas para o estudo dos canais do youtube como forma de
ensino e divulgação da Libras e cultura surda, porém foi encontrado uma dissertação do
pesquisador Edson Benedito dos Santos Junior sobre ensino o ensino da Libras com
enfase na web e no sistema de TV digital, que virou referência para o desenvolvimento
deste projeto e consequentemente o TCC.

3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Discutir a apropriação das mídias digitais para a aprendizagem, circulação e


divulgação da Língua Brasileira de Sinais, assim como da cultura surda, por meio dos
canais baianos do youtube, que visam a inclusão e a diminuição das barrreiras
comunicativas, dialogando com os conceitos e teorias sobre língua, cultura, identidade e
ciberespaço.
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Descrever os canais baianos do Youtube voltados para a Língua Brasileira de
Sinais e cultura surda.
 Identificar a visibilidade canais baianos do youtube para a aprendizagem,
circulação e divulgação da Língua Brasileira de Sinais e da cultura surda.
 Analisar como os canais de surdos baianos no youtube contribuem para a
aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais.
 Discutir os conceitos acerca do língua, cultura, identidade e ciberespaço para
explicar as relações entre os canais baianos do youtube e a aprendizagem e
divulgação da Língua Brasileira de Sinais e cultura surda.
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4. METODOLOGIA

A pesquia a ser desenvolvida é qualitativa de cunho documental. Serão


analisados três canais da plataforma youtube que tem como tema a Língua Brasileira de
Sinais e cultura surda. Os criadores desses canais são surdos baianos. Nesse contexto
foram selecionados os seguintes canais:
 Leo Viturino (professor universitário de Libras,
nordestino/baiano, surdo usuário de Libras e oralizado, LGBT+ que aborda em
seus vídeos assuntos contemporâneos, aulas de Libras - básico, LGBT+, como
viver sendo surdo, livros, filmes e séries − vídeos em Libras com legendas e
áudios em Português).
 Pense em Libras (canal criado por um casal baiano composto por
um surdo e uma ouvinte, com o objetivo de interagir com a Comunidade Surda,
apresentando-lhe o significado de expressões idiomáticas e metáforas da Língua
Portuguesa, que na maioria das vezes são desconhecidas pelos surdos).
 Tv ComuniLibras (canal com o intuito de levar informação e
entretenimento para todos os públicos e à comunidade Surda. Formado por uma
equipe de Surdos e ouvintes baiano, colocando em prática a inclusão social.
canal com o intuito de levar informação e entretenimento para todos os públicos
e à comunidade Surda. Formado por uma equipe de Surdos e ouvintes baiano,
colocando em prática a inclusão social.
Leo Viturino tem 35,3 mil inscritos e o canal foi criado em agosto de 2016. Já o
Pense em Libras tem 875 inscritos e foi criado em agosto de 2018. O TV ComuniLibras
possui 1,22 mil inscritos e foi criado em Julho de 2018.
A partir dos dados obtidos na própria plataforma e nos vídeos postados, serão
analisados os temas, tipos de abordagem e abrangência dos canais, aliados aos conceitos
de língua e linguagem a partir de textos do livro ‘Manual de Linguística’ de Mario
Eduardo Martelotta, de cultura e identidade de acordo com Stuart hall em ‘A identidade
cultural na pós-modernidade’ e sobre o ensino e divulgação da língua brasileira de
sinais e cultura surda na bahia por meio das mídias digitais com a dissertação de Edson
Benedito dos Santos Junior.
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5. RECURSOS FINANCEIROS

Elemento de despesa Valor específico Valor Geral


Computador R$1.300,00 R$1.300,00
Internet R$70,00 R$770,00
Papel Ofício - Impressão R$ 25,00 R$ 50,00
Tinta para impressão R$ 20,00 R$ 20,00
Impressora R$ 600,00 R$ 600,00
Material bibliográfico R$300,00 R$300,00

Total R$3.040,00

6. CRONOGRAMA

Período Objetivos a serem atingidos


Revisão de bibliografia sobre: sobre língua,
cultura, identidade e ciberespaço, tópicos
Jnaeiro a Março de 2020 de relevência em um mundo com constante
mudanças e apropriações tecnologicas e
digitais.
Estudo dos canais selecionados para a
Abril à Maio de 2020
pesquisa.
Redação da análise dos canais selecionados
Maio à Junho de 2020
do TCC.
Julho à Agosto de 2020 Redação da primeira versão do TCC.
Setembro à Outubro de 2020 Organização e Revisão do TCC.
Redação da versão final e defesa do
Novembro de 2020
projeto.
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REFERÊNCIAS:

BASTOS, M. A. P. C. ; CHAMPANGNATTE, D. M. O. . Cibercultura - Perspectivas


Conceituais, Abordagens Alternativas de Comunicação e Movimentos Sociais. Revista
de Estudos da Comunicação (Impresso), v. 16, p. 312-326, 2015.
BRASIL. Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de
Sinais – Libras e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, SEÇÃO
1, 25/04//2002, P. 23 (Publicação original)
_______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Decreto Federal nº
5.626, de 22 de dezembro de 2005.
CRUZ, S. R. ; ARAUJO, D. A. C. . A história da educação de alunos com surdez:
ampliação de possibilidades?. Revista Educação Especial (UFSM), v. 29, p. 373-384,
2016.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 7ª ed. Rio de Janeiro: DP&A,
2002.
MONTEIRO, Victor – A importância de utilizar as mídias na educação. Disponível em
<https://https://www.cpt.com.br/cursos-metodologia-de-ensino/artigos/a- importancia-
de-utilizar-as-midias-na-educacao2> acesso em: 15 de novembro de 2019.
OLIVEIRA, Q. M.; FIGUEIREDO, F. J. Q. de. Educação dos surdos no Brasil: Um
percurso histórico e novas perspectivas. Revista Sinalizar, v. 2, p. 174-197, 2017.
SANTOS JUNIOR, Edson Benedito dos. Convergência digital para apoio ao ensino de
libras, com ênfase na web e no sistema brasileiro de tv digital. 2011. 105 f. Dissertação
(mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Letras e Ciências
Exatas, 2011. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/98686>.

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