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INTRODUÇÃO

À LÍNGUA DE
SINAIS

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
INTRODUÇÃO À LÍNGUA DE SINAIS

CONTEÚDO DO LIVRO
A LIBRAS – Linguagem Brasileira de sinais
A libras, não é apenas uma linguagem, uma vez que prestam as mesmas funções das línguas
orais, pois ela possui todos os níveis linguísticos e como toda língua de sinais, a LIBRAS é uma
língua de modalidade visual-gestual, sendo um conjunto de formas gestuais, não estabelecida
através do canal oral, mas através da visão e da utilização do espaço.

Como a língua de sinais se desenvolve de forma visual, é lógico e aceitável que os surdos se
comuniquem naturalmente utilizando as mãos, cabeça e outras partes do corpo, por estarem
privados da audição.
Sobre isto, SALLES (2004), menciona:
A LIBRAS é adotada de uma gramática constituída a partir de elementos Constitutivos das
palavras ou itens lexicais e de um léxico que se estruturam a partir de mecanismos fonológicos,
morfológicos, sintáticos e semânticos que apresentam também especificidades, mas seguem
também princípios básicos gerais. É adotada também de componentes pragmáticos
convencionais codificados no léxico e nas estruturas da LIBRAS e de princípios pragmáticos que
permitem a geração de implícitos sentidos metafóricos, ironias e outros significados não literais.
A LIBRAS é a língua utilizada pelos surdos que vivem em cidades do Brasil, portanto não é uma
língua universal.

As Línguas de Sinais no Mundo


Na metade do século XVIII, abade francês Charles-Michel, desenvolveu um sistema de sinais
para alfabetizar crianças surdas que serviu como base para utilização do método. Na época, as
crianças com deficiências auditivas e na fala não eram alfabetizadas. O abade fundou, em 1755,
a primeira escola para surdos, ensinando o alfabeto a seus alunos com gestos manuais
descrevendo letra por letra. Esse método foi, então, aperfeiçoado ao longo dos séculos nos
vários países onde foi adotado. "Em 1856, o conde francês Ernest Huet, que era surdo, trouxe
ao Brasil a língua de sinais francesa", afirma Moisés Gazale, diretor da Federação Nacional de
Educação e Integração de Surdos (Feneis), no Rio de Janeiro.

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Em 1966, o médico americano OrinCornett deu uma importante contribuição a essa linguagem,
unindo a utilização dos sinais com a leitura labial. Atualmente, cada país tem sua própria
linguagem de sinais para surdos. Todas elas derivam do alfabeto manual francês, mas podem
apresentar pequenas variações em função da gramática local. No Brasil o sistema é conhecido
como Libras: Língua Brasileira de Sinais.
Em sociedades onde predominavam o espírito guerreiro e a idolatria pela perfeição física (como
Esparta e Roma) havia sacrifícios daqueles que nasciam fora do padrão da “normalidade”, isto
é, com algum tipo de deficiência física ou mental. De modo geral, nas sociedades do mundo
considerado antigo e/ou clássico, o povo surdo era marginalizado: estereotipados como
“anormais”, isolados, presos, considerados párias e vistos como improdutivos ou inúteis.
Existiram tentativas de resgate dos surdos do anonimato durante século XX, contudo o
ouvintismo cada vez mais ganhava força e legitimidade pelos discursos científicos, sobretudo
pela visão clínica que, de modo geral, encara a surdez como uma doença.
A década de sessenta ainda seria marcada pelos estudos de Dorothy Schifflet (1965),
constituindo a Abordagem Total, e Roy Holcom (1968), que fundamentou a Comunicação Total.
Nas décadas seguintes, diversos países perceberam que a língua de sinais deveria ser utilizada
independentemente da língua oral, isto é, o surdo deveria utilizar sinais em determinadas
situações e a oral em outras ocasiões, e não concomitantemente, como era feito. As décadas de
1980 e 1990 marcaram o desenvolvimento da filosofia Bilíngue, que, a partir de então,
popularizou-se pelo mundo.
No Brasil, percebemos a convivência das três principais abordagens pedagógicas, em que
divergências sempre existiram – oralismo, comunicação total e bilinguismo. A educação surda
iniciou aqui durante o Segundo Império quando Dom Pedro II trouxe o professor surdo francês
HernestHuet. Em 1857 foi fundado o Instituto Nacional de Surdos-Mudos (atual Instituto
Nacional de Educação dos Surdos – INES). Em 1911 foi estabelecido o oralismo puro, contudo,
de forma marginalizada, outras filosofias perduraram.
No site ("HowStuffWorks - Como funciona a linguagem de sinais". Publicado em 04 de junho de
2007 - atualizado em 25 de junho de 2008.Disponível em:
http://pessoas.hsw.uol.com.br/linguagem-dos-sinais.htm.
Acesso em: 1 out. 2013), temos que:
“Durante séculos, os deficientes auditivos ou surdos se basearam na comunicação com os outros
através de dicas visuais. Conforme a comunidade dos surdos cresceu, as pessoas começaram a
padronizar os sinais, construindo um vocabulário e gramática ricos, que existem
independentemente de qualquer outra língua. Um observador casual de uma conversa na
linguagem dos sinais pode descrevê-la como graciosa, dramática, nervosa, engraçada ou
irritada, mesmo sem saber o que um único sinal quer dizer”.
“Existem centenas de linguagem de sinais. Onde houver comunidades de surdos, você os
encontrará se comunicando com vocabulário e gramática específicos. Dentro de um mesmo
país, encontramos variações regionais e dialetos: como em qualquer língua falada, é possível
encontrar pessoas em regiões diferentes que transmitem o mesmo conceito de formas
distintas”.
Pode parecer estranho para quem não entende a linguagem dos sinais, mas os países que
possuem a mesma língua falada não têm necessariamente uma linguagem de sinais em comum.
A linguagem americana de sinais (ASL) ou Ameslan e a linguagem britânica de sinais (BSL) se
desenvolveram independentemente uma da outra, então seria muito difícil ou até mesmo
impossível para um surdo americano se comunicar com um surdo britânico. De qualquer forma,

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muitos dos sinais da ASL foram adaptados da linguagem francesa de sinais (LSF), de forma que
um usuário da ASL na França provavelmente conseguiria se comunicar claramente com os
surdos de lá, mesmo as línguas faladas sendo completamente diferentes.
Cada país tem a sua própria língua gestual. Tomando como exemplo alguns países lusófonos,
vemos que utilizam diferentes línguas de sinais: no Brasil existe a Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS), em Portugal existe a Língua Gestual Portuguesa (LGP), em Angola existe a Língua
Angolana de Sinais (LAS), em Moçambique existe a Língua Moçambicana de Sinais (LMS).
Além disso, da mesma forma que acontece nas línguas faladas oralmente, existem variações
linguísticas dentro da própria língua de sinais, isto são, regionalismos e/ou sotaques. Essas
variações se devem a ligeiras diferenças culturais e influências diversas no sistema de ensino do
país, por exemplo. Há, inclusive, uma língua de sinais pretensamente universal, análoga ao
Esperanto, conhecida como Gestuno, que é usada em convenções e competições internacionais.
Nesse sentido, podemos concluir que a origem da linguagem de sinais remonta possivelmente
à mesma época ou a épocas anteriores àquelas em que foram sendo desenvolvidas as línguas
orais. Uma pista interessante para esta possibilidade de as línguas de sinais terem se
desenvolvido primeiro que as línguas orais é o fato que o bebê humano desenvolve a
coordenação motora dos membros antes de se tornar capaz de coordenar o aparelho
fonoarticulatório.
Também é comum aos ouvintes pressupor que as línguas de sinais sejam versões sinalizadas das
línguas orais; por exemplo, muitos acreditam que a LIBRAS é a versão sinalizada do português;
que a Língua Americana de Sinais é a versão sinalizada do inglês; que a Língua Japonesa de Sinais
é a versão sinalizada do japonês; e assim por diante. No entanto, embora haja semelhanças ou
aspectos comuns entre as línguas de sinais, devido a um certo contágio linguístico, as línguas de
sinais são autônomas, não derivando das orais e possuindo peculiaridades que as distinguem
umas das outras e das línguas orais.
A língua de sinais é tão natural e tão complexa quanto as línguas orais, dispondo de recursos
expressivos suficientes para permitir aos seus usuários expressar-se sobre qualquer assunto, em
qualquer situação, domínio do conhecimento e esfera de atividade. Mais importante, ainda: é
uma língua adaptada à capacidade de expressão dos surdos.

LIBRAS: História e Evolução


A LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) é uma língua natural usada pela maioria dos surdos do
Brasil. Diferente de todos os idiomas já conhecidos, que são orais e auditivos, a libras é visual-
gestual, é uma língua pronunciada pelo corpo.
No período de 1500 a 1855, já existiam muitos surdos no país. Nessa época, a educação era
precária. Em 1855, o professor francês surdo, chamado Hurt veio ao Brasil, e em 1887, foi
fundado o primeiro Instituto Nacional de Surdos Mudos no Rio de Janeiro.
No período de 1970 a 1992, os surdos se fortalecerem e reivindicaram os seus direitos. Desde
aquela época, as escolas tradicionais existentes no método oral mudaram de filosofia e, até hoje,
boa parte delas vêm adotando a comunicação total.
Em 2002, foi promulgada uma lei que reconhecia a Língua Brasileira de Sinais como meio de
comunicação objetiva e de utilização das comunidades surdas no Brasil. Em 2005, foi
promulgado um decreto que tornou obrigatória a inserção da disciplina nos cursos de formação
de professores para o exercício do magistério em nível médio (curso Normal) e superior

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(Pedagogia, Educação Especial, Fonoaudiologia e Letras). Desde então, as instituições de ensino


veem procurando se adequar a essa lei.
Em 1911, seguindo os passos internacionais que em 1880 no Congresso de Milão proibira o uso
da Língua de Sinais na educação de surdos, estabelece- se que o INSM passaria a adotar o
método oralista puro em todas as disciplinas. Mesmo assim, muitos professores e funcionários
surdos e os ex-alunos que sempre mantiveram o hábito de frequentar a escola, propiciaram a
formação de um foco de resistência e manutenção da Língua de Sinais.
Somente em 1957, por iniciativa da diretora Ana Rímoli de Faria Doria e por influência da
pedagoga Alpia Couto, finalmente a Língua de Sinais foi oficialmente proibida em sala de aula.
Medidas como o impedimento do contato de alunos mais velhos com os novatos foram
tomadas, mas nunca o êxito foi pleno e a LIBRAS sobreviveu durante esses anos dentro do atual
INES.
Podemos afirmar que os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos
com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do
corpo ou um espaço em frente ao corpo. Estas articulações das mãos, que podem ser
comparadas aos fonemas e às vezes aos morfemas, são chamadas de parâmetros, portanto, nas
Línguas de Sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros:

➢ configuração das mãos: são formas das mãos, que podem ser da datilologia (alfabeto manual)
ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros), ou pelas duas
mãos do emissor ou sinalizador. Os sinais APRENDER, LARANJA e ADORAR têm a mesma
configuração de mão;

➢ ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo esta
tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do corpo até à
cabeça) e horizontal (à frente do emissor). Os sinais TRABALHAR, BRINCAR, CONSERTAR são
feitos no espaço neutro e os sinais ESQUECER, APRENDER e PENSAR são feitos na testa;

➢ movimento: os sinais podem ter um movimento ou não. Os sinais citados acima tem
movimento, com exceção de PENSAR que, como os sinais AJOELHAR, EM-PÉ, não tem
movimento;

➢ orientação: os sinais podem ter uma direção e a inversão desta pode significar ideia de
oposição, contrário ou concordância número-pessoal, como os sinais QUERER E QUERER-NÃO;
IR e VIR;

➢ expressão facial e/ou corporal: muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados
acima, em sua configuração tem como traço diferenciador também a expressão facial e/ou
corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos somente com a bochecha como
LADRÃO, ATO-SEXUAL.
Na combinação destes cinco parâmetros, tem-se o sinal. Falar com as mãos é, portanto,
combinar estes elementos que formam as palavras e estas formam as frases em um contexto.

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