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Língua Brasileira de

Sinais - Libras

Margarida Maria Teles


Verônica dos Reis Mariano Souza

São Cristóvão/SE
2010
Aula

VISÃO HISTÓRICA DA LÍNGUA


BRASILEIRA DE SINAIS

META
Discutir alguns pontos relevantes na história da evolução da Língua de Sinais.

OBJETIVOS
Ao nal desta aula, o aluno deverá:
analisar comparativamente as diferentes abordagens educacionais no processo
de educação das pessoas surdas.

OI!
Língua Brasileira de Sinais - Libras

VISÃO HISTÓRICA DA LÍNGUA BRASILEIRA


DE SINAIS
A história da Língua de Sinais está implícita na concepção de educação
das pessoas surdas ou deficientes auditivas, influenciadas por médicos e reli-
giosos num contexto político e sociocultural, ao longo dos séculos. De acordo
com Russo e Santos (1993): Deficiência auditiva pode ser definida como a
redução ou perda total da capacidade de detecção do som de acordo com
padrões estabelecidos pela American National Standards Institute (ANSI,
1989), expresso pelo Zero audiométrico (0 dB NA (Db-decibéis, NA-nível
de audição)), refere-se aos valores de níveis de audição que correspondem
à média de detecção de sons em várias frequências, por exemplo: 500 Hz,
1000 Hz, 2000 Hz e 3000Hz. Considera-se, em geral, que a audição normal
corresponde à habilidade para detecção de sons até 25 dBNA e a surdez
quando a perda de audição é profunda (maior que 91 dB NA), incapaz de
desenvolver a linguagem oral.
Durante a antiguidade até o século XV, os deficientes auditivos foram
tratados como seres primitivos, incompetentes e imperfeitos, castigados pe-
los Deuses. Sendo assim, como consequência eram abandonados, excluídos
dos direitos sociais e não podiam ser educados. Nesse período, era comum
a eugenia, ou seja, eliminação das pessoas deficientes, mal-formadas ou as
muito doentes, para controle social, visando a melhorar ou empobrecer as
qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente.
As primeiras controvérsias em relação à forma de comunicação dos
surdos ou deficientes auditivos são evidenciadas pelas afirmações de Aris-
tóteles o qual acreditava que o pensamento só seria concebido através da
palavra falada, negando aos deficientes auditivos a possibilidade de instrução.
“[...] Ensinava que os que nasciam surdos, por não possuírem linguagem, não
eram capazes de raciocinar [...]” (SOARES,1999,p.17). Enquanto Sócrates
(em 360 a.C.), declarou que “era aceitável que os Surdos comunicassem
com as mãos e o corpo”(Ibid., p 18). Vale ressaltar o pensamento de Santo
Agostinho que acreditava que “os Surdos podiam comunicar por meio de
gestos, que, em equivalência à fala, eram aceitos quanto à salvação da alma”,
mas, foi John Beverley (700 d.C.) que ensinou um surdo a falar pela primeira
vez, considerado como o primeiro educador de surdos.
Somente a partir da Idade Moderna que começou a se distinguir surdez de
mudez, surgindo indícios das três abordagens filosóficas na educação dos surdos:
o gestualismo (uso de sinais), o oralismo (língua na modalidade oral, “fala/som”)
e o método combinado (sinais, treino da fala e leitura labial). Essas abordagens
utilizadas pelos primeiros educadores serviram inicialmente para ensinar filhos
dos nobres a conseguirem privilégios legais. (LACERDA, 1998).
Segundo Soares (1999) e Moura (2000), a seguir, se encontram descritas
as principais abordagens filosóficas e seus respectivos defensores:

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Visão Histórica da Língua Brasileira de Sinais
Aula

ABORDAGENS DEFENSORES
1
Gerolamo Cardano (Médico Italiano, 1501-1576):
Interessou-se mais pelo estudo do ouvido, nariz e cére-
bro, escreveu a condução óssea do som. Segundo ele,
a escrita poderia representar os sons da fala e do pensa-
mento e a surdez não alterava a inteligência.

Juan Pablo Bonet (Espanhol. 1579-1629):


Baseado nos trabalhos de León, escreveu sobre as ma-
neiras de ensinar os surdos a ler e a falar por meio do
alfabeto manual e proibia o uso da língua gestual.

Johann Conrad Ammam (Médico Suíço,1669-1724):


Defensor da leitura labial; com o uso de espelhos, desco-
briu a imitação dos movimentos da linguagem, como
Treinamento da Fala (fala/
também a percepção através do tato das vibrações da
som) ou oralismo: defende
laringe. Considerava que a fala era uma dádiva de Deus
o aprendizado da língua oral,
e fazia com que a pessoa fosse humana e que o uso da
com o objetivo de aproximar
língua gestual atrofiava a mente.
os surdos ao máximo possível
do modelo ouvinte.
Sammuel Heinicke (Alemão,1729-1790):
Fundou uma escola de surdos, em Edimburgo (a
primeira escola de correção da fala da Europa); ensinou
vários surdos a falar, criando e definindo o método hoje
conhecido como Oralismo; edificou a aprimeira escola
pública para deficientes fisícos. Segundo ele, o pensa-
mento só é possível através da língua oral. (fala/som)

Alexander Graham Bell (Cientista Escocês, 1847-1922):


Era grande defensor do oralismo e opunha-se à língua
gestual e às comunidades de surdos, uma vez que as con-
siderava como um perigo para a sociedade. Foi professor
de surdos em Londres e desenvolveu a metodologia
denominada “fala visível”.

Jacob Rodrigues Pereira (Francês,1715-1780):


Era o maior opositor do Abade L’Epeé, usava gestos,
mas defendia a oralização dos surdos, iniciou o trabalho
de desmutização por meio da visão e do tato.

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Língua Brasileira de Sinais - Libras

Pedro Ponce de León (Monge Espanhol,1520-1584):


Iniciou a história sistematizada de educação dos surdos.
Fundou uma escola para professores de deficientes
auditivos e desenvolveu uma metodologia de educação
Métódo Combinado ou que incluia leitura e escrita, treinamento da fala e o
Bimodal: defende o uso da alfabeto manual.
língua oral, língua de sinais,
treinamento auditivo, leitura Thomas Hopkins Gallaudet (Prof. America-
labial e o alfabeto digital, entre no,1837-1917):
outros recursos. Era opositor ao oralismo puro, defendia os sinais
metódicos do Abade De L’Epee; fundou a escola de
Hartford para surdos, em abril de 1817. Gallaudet e seu
filho Edward Miner Gallaudet, instituíram nessa escola
a Língua Gestual Americana com o método combinado,
inglês escrito e o alfabeto manual. Em 1857, a escola
passou a ser Universidade Gallaudet.

Charles Michelde L’Épée (Abade Frances, 1712-1789):


Línguagem Gestual (hoje Criador da língua gestual (lingua de sinais), criou os
Língua de Sinais): considerada “sinais metódicos”. Reconheceu que essa língua existia e
importante veículo de aquisição se desenvolvia entre grupos de surdos, embora não fosse
de conhecimento, comunicação considerada uma língua com gramática, mas, com car-
e organização do pensamento acterísticas linguísticas apoiada no canal visual-gestual.
no desenvolvimento da pessoa Fundou o Instituto Nacional de Surdos-Mudos, em Paris
surda. (primeira escola pública de surdos do mundo).

Após a Revolução Francesa e durante a Revolução Industrial (séc.


XVIII), a disputa tornou-se mais acirrada entre os métodos oralista e os
baseados na língua gestual. No Congresso de Milão (1880) instituiu-se o
oralismo como filosofia oficial de educacão dos surdos, nesse período o
ensino da língua gestual passou a ser proibido nas escolas em toda a Europa.
Logo, o oralismo espalhava-se para outros continentes e, em
consequência disso, tornou-se a abordagem mais priorizada na educação
dos surdos, durante fins do século XIX e grande parte do século XX. De
acordo com Lacerda (1998), os resultados de muitas décadas de trabalho
nessa linha não mostraram grandes sucessos. O processo de aquisição da
fala era parcial e tardio em relação aos ouvintes, comprometendo o desen-
volvimento global dos surdos.
No ano de 1960, Willian Stokoe publicou artigos demonstrando que
a American Signan Language - Língua de Sinais Americana-ASL - possuía
características semelhantes às da língua oral. Nessa mesma década, Doraty

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Visão Histórica da Língua Brasileira de Sinais
Aula

Schifflet, professora e mãe de deficiente auditivo, utilizou o método que


combinava língua de sinais associada à língua oral, treinamento auditivo,
1
leitura labial e o alfabeto digital denominado “Total Approach”, traduzido
para “Abordagem Total” ou “Comunicação Total”. Embora esta tenha
apresentado avanços, a maioria dos surdos não consseguiram atingir níveis
acadêmicos compatíveis (idade/série), pois os sinais apenas representavam
recursos de auxílio da fala e não comprovavam desenvolvimento linguístico.
(LACERDA, 1998).
Na decada de 1970, a Suécia e a Inglaterra observaram que os
deficientes auditivos utilizavam em momentos distintos a oralização e a
língua de sinais, originando a filosofia bilíngue, ou seja, a utilização pelos
surdos da língua de sinais como primeira língua (L1) e , como segunda, a
língua majoritária do seu país (L2). Logo, expandiu-se na década seguinte
para todos os países esse tipo de educação que se contrapõe aos modelos
oralistas e à comunicação total, advogando que cada língua deve manter
suas carcterísticas próprias.

A HISTÓRIA DA LÍNGUA DE SINAIS NO BRASIL


No Brasil, a história da Língua de Sinais teve início com a fundação,
em 1857 do Instituto dos Surdos-Mudos, atualmente denominado INES-
Instituto Nacional da Educação de Surdos . O professor surdo, Ernest Huet,
veio da França a convite de Dom Pedro II e trouxe o “método combinado”,
sendo o currículo constituído por língua portuguesa, aritmética, linguagem
articulada e leitura sobre os lábios, entre outras.
Em 1862, Huet deixa o Instituto e em seu lugar assume Dr. Manuel
de Magalhães Couto (1862-1868) que, não tendo conhecimento a respeito da
educação de surdos, não prosseguiu com o trabalho educacional, levando o
Instituto a ser considerado um asilo de surdo em 1868. Nesse mesmo ano,
foi nomeado o Dr. Tobias Leite (1868-1896) para a direção do instituto,
restabelecendo o aprendizado da linguagem articulada e da leitura dos lábios.
Na gestão da professora Ana Rímoli de Faria Dória (1896), influen-
ciada pelo Congresso de Milão, o Instituto adotou oficialmente o método
oralista puro e implantou o primeiro Curso Normal de Formação de Profes-
sores para Surdos. A primeira turma formou-se em 1954, com 52 alunas/
professoras, de oito Estados brasileiros que disseminaram o método oral
no país. (SOARES,1999. p.90).
Na década de 1970, após visitar a Universidade Gallaudet, nos
Estados Unidos, a professora de surdos Ivete Vasconcelos retorna ao Brasil
trazendo a filosofia da “Comunicação Total”. Linguistas brasileiros, como
a professora Lucinda Ferreira Brito, começam a se interessar pelo estudo
da Língua de Sinais atribuindo o nome de Língua de Sinais dos Centros
Urbanos Brasileiros (LSCB). Entretanto, em 1994, após discussão com a

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Língua Brasileira de Sinais - Libras

comunidade Surda, Brito passa a utilizar a abreviação LIBRAS para desig-


nar a Língua Brasileira de Sinais que passou a ser legalmente reconhecida
através da Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, como língua própria da
comunidade de surdos do Brasil, servindo como meio legal de comunicação
e expressão.

CONCLUSÃO
No Brasil, os prós e os contras na história da LIBRAS são reflexos das
posições tomadas no mundo sobre a educação das pessoas surdas. Observa-
se que, atualmente, na educação dos surdos coexistem as três filosofias.
Cabe ressaltar que a implantação e uso da Comunicação Total, apesar de
ter ocorrido em um breve período, é o mais presente no cotidiano escolar
devido à ausência de formação dos profissionais numa filosofia bilíngue.

RESUMO
A história da Língua de Sinais está implícita na educação das pessoas
surdas. Da antiguidade até o século XV, não podiam ser educados. Era co-
mum a prática da eugenia. Foi na Idade Moderna que começou a se distinguir
surdez de mudez, surgindo indícios das três filosofias: oralismo, método
combinado ou comunicação total e linguagem gestual. No séc. XVIII, com
o Congresso de Milão (1880), instituiu-se o Oralismo como filosofia oficial
de educação dos surdos que permeou o século XIX e meados do século
XX. Em 1960, Willian Stokoe publicou pesquisas sobre a Língua de Sinais
Americana-ASL, afirmando que ela possuía características semelhantes às
da língua oral. No Brasil (1857), o INES-Instituto Nacional da Educação
de Surdos traz, a convite Dom Pedro II, o professor Francês Ernest Huet,
com o “método combinado”. A professora Ana Rímoli de Faria Dória,
influenciada pelo Congresso de Milão, adotou no instituto método oralista
e implantou o primeiro Curso Normal de Formação de Professores para
Surdos. A Professora Ivete Vasconcelos retorna dos Estados Unidos com
a “Comunicação Total. No entanto, linguistas como a professora Lucinda
Ferreira Brito inicia estudos da Língua de Sinais Brasileira-LIBRAS que
passou a ser reconhecida oficialmente através da Lei nº 10. 436 de 24 de
abril de 2002, considerada um marco para a comunidade surda brasileira.

PRÓXIMA AULA
Discorremos sobre a história da evolução da Língua de Sinais no
mundo e suas implicações na educação dos surdos. Assim, na próxima aula
discutiremos sobre Língua Brasileira de Sinais.

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Visão Histórica da Língua Brasileira de Sinais
Aula

ATIVIDADE 1
1- Com base no texto, faça uma análise comparativa entre as diferentes
abordagens educacionais, oralismo, comunicação total e bilinguismo, no
processo evolutivo da língua de sinais.

Sugestão:
Filme: E Seu Nome é Jonas (And Your Name Is Jonah (TV Film) –
USA/1979, é ensinada a língua de sinais para criança surda sair do isolamento.)

REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Especial Deficiência auditiva,Volume
I / organizado por Giuseppe Rinaldi et al. - Brasília: SEESP, 1997. Dis-
ponível em:www.dominiopublico.gov.br. Acesso em 15 set. 2009.
CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D. (Org.). Dicionário Enciclopédico
Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. 3. ed. São Paulo:
Edusp/ MEC, 2001.
LACERDA, Cristina B. F. de. Um pouco da história das diferentes
abordagens na educação dos surdos. In:_____. Cad. CEDES. 1998,
vol.19, nº. 46.
LEIS, DECRETOS E PORTARIAS. Disponível em: http://portal.mec.
gov.br/index.php?option=com_ content&view=article&id=12907. Acesso
em: 15 set. 2009.
MOURA, Maria Cecília. O SURDO: Caminhos para uma Nova Iden-
tidade. Revinter: Rio de Janeiro. 2000.
SOARES, Maria Aparecida Leite. A Educação dos Surdos no Brasil.
Campinas/SP: Autores Associados; Bragança Paulista, SP: EDUSEF,1999.
VILELA, Genivalda Barbosa. Histórico da Educação Surdo no Brasil.
Disponível em www.feneis.com.br. Acesso em: 11 mai. 2009.

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Aula

LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

META
Apresentar a Língua de Sinais enquanto estrutura linguística.

OBJETIVOS
Ao nal desta aula, o aluno deverá:
identicar os universais linguísticos comuns nas línguas orais e sinalizadas.

TUDO BEM ?
Língua Brasileira de Sinais - Libras

INTRODUÇÃO
A LIBRAS, assim como as línguas orais, é espontânea e surgiu da
interação e da necessidade de comunicação entre a comunidade surda
brasileira. É uma língua visual-espacial, ou seja, articula-se espacialmente
e é percebida visualmente. Assim, como qualquer língua, ela permite a
formação de conceitos descritivo, emotivo, racional, literal, metafórico,
concreto, abstrato, dentre outros.
Entretanto, entre essas duas línguas existem semelhanças e diferenças,
como na utilização de diferentes canais e estruturas gramaticais diversas.
Vale ressaltar que a comunidade surda de cada país fala uma Língua de Sinais
diferente. No Brasil, a LIBRAS não é a única língua de sinais, além dela há
registro de uma outra utilizada pelos índios URUBUS-Kaapor (LKSB), na
Floresta Amazônica. (FILIPE,1995).
Embora o papel social da língua de sinais seja secundário, pois o seu
uso se limita a algumas pessoas e lugares, sendo ela também alvo de pre-
conceito, pesquisas revelam seu status de língua e contribuiram fortemente
para o reconhecimento oficial da Língua Brasileira de Sinais, através da
Lei nº 10.436 de 24/04/2002. Essa vitória permitiu um maior e melhor
desempenho dos surdos brasileiros em suas funçãos como cidadão nos
espaços que ocupam atualmente na sociedade.
Segundo Castro e Carvalho (2005):

A força da Língua Brasileira de Sinais, suas características e


componentes fazem dela um poderoso instrumento linguístico que
permite o indivíduo surdo ser amplamente beneficiado com
todo o amplo conhecimento humano, inclusive a aquisição de uma
segunda língua, mesmo sendo oral ou escrita.

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Língua Brasileira de Sinais
Aula

UNIVERSALIDADE NAS LÍNGUAS ORAL-


AUDITIVA E GESTUALVISUAL
2
- Iconicidade: as formas linguísticas tentam copiar o referente real em
suas características visuais. Sendo que a motivação icônica é mais evidente
nas estruturas das línguas de sinais do que nas orais.

CARRO MOTO

BICICLETA AVIÃO

- Arbitrariedade e convencionalidade: não se depreende a palavra


simplesmente pela sua representatividade, cada comunidade vê os objetos,
seres e eventos representados em seus sinais ou palavras sob sua ótica.

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Língua Brasileira de Sinais - Libras

ÔNIBUS CAMINHÃO
- Variações linguísticas: todas as línguas sofrem variações geográficas
e sociais. É importante conhecer as variações linguísticas, mas na interação
com as pessoas usuárias dessa língua deve-se respeitar a variação local.

LIBRAS LIBRAS

SOLETRAR L.I.B.R.A.S

18
Língua Brasileira de Sinais
Aula

INCLUSÃO
INCLUSÃO

SÁBADO
- Produtividade, evolução, renovação, recusividade e funções da lingua-
gem: as línguas possuem as características da produtividade e aumento
do vocabulário introduzido pela comunidade em respostas às mudanças
culturais e tecnológicas.

COMPUTADOR INTERNET E-MAIL

19
Língua Brasileira de Sinais - Libras

(Aspectos contrastivos: as unidades fonológicas do sistema de de-


terminada língua oral se estabelecem por oposições contrastivas, ou seja,
em pares de palavras, isto é, a substituição de uma unidade fonológica
(uma letra) por outra, altera o significado da palavra.(pato – bato - mato).
Isso também ocorre nas línguas de sinais, sendo que, em vez de unidade
fonológica, mudam-se um dos parâmetros.

SÁBADO APRENDER

DESCULPE AZAR

TRABALHAR TELEVISÃO

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Língua Brasileira de Sinais
Aula

RESUMO 2
LIBRAS é uma língua visual-espacial, ou seja, articula-se espacialmente
e é percebida visualmente. É uma língua natural por ser adquirida pelas pes-
soas surdas sem que seja necessário o ensino sistemático. Existem diferenças
e semelhanças entre as línguas orais e visuais. No Brasil, a LIBRAS não é
a única língua de sinais, além dela há registro de uma outra utilizada pelos
índios URUBUS-Kaapor (LKSB), na Floresta Amazônica. Possui universais
linguísticos como a língua oral-auditiva nos aspectos contrastivos, variações
linguísticas, iconicidade, arbitrariedade e convencionalidade.

ATIVIDADE

1- Identifique os universais linguísticos comuns nas Línguas: Portuguesa e


LIBRAS, utilizando os exemplos demonstrados através da LIBRAS.

COMENTÁRIO SOBRE A ATIVIDADE

Dentre as diferentes abordagens educacionais de surdos, o oralismo


predominou durante quase um século impondo aos surdos uma
educação monolíngue que não garantiu o sucesso acadêmico. A
Comunicação Total foi apenas um período transitório até que fosse
definida a educação bilíngue. No processo da inclusão, esta última
proposta respeita o direito linguístico das pessoas surdas. Nesta aula,
foi bom aprofundar o estudo a respeito da LIBRAS, na próxima
discutiremos sobre EMPRÉSTIMOS LINGUÍSTICOS.

Sugestão:
Consulte o Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais
Brasileira, disponível na BICEN/UFS e os Sites: http://www.dominiopu-
blico.gov.br, www.acessobrasil.org.br/libras e www.dicionariolibras.com.br.

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Língua Brasileira de Sinais - Libras

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Especial Deficiência auditiva,Volume


III / organizado por Giuseppe Rinaldi et al. - Brasília: SEESP, 1997. Dis-
ponível em:www.dominiopublico.gov.br. Acesso em 15 set. 2009.
_______. Aspectos lingüísticos da língua brasileira de sinais/Secretaria
de Estado da Educação.SEED/SUED/DEE.Curitiba,1998. Disponível
em:www.dominiopublico.gov.br. Acesso em 29 ago. 2009.
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de língua de sinais. Rio
de Janeiro: Tempo Brasileiro/ UFRJ, 1995.
CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D. (Org.). Dicionário Enciclopédico
Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. 3. ed. São Paulo:
Edusp/ MEC, 2001.
CASTRO, Alberto Rainha; CARVALHO, Isa Silva. Comunicação Por
Língua Brasileira de Sinais. Brasília: SENAC/DF 2005.
FERREIRA BRITO, Lucinda. Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.
In: RINALDI, Giuseppi et al. Brasil, Secretaria de Educação Especial –
Deficiência Auditiva - Série Atualidades Pedagógicas. Brasília: SEESP, 1997.
FILIPE, Tânia Amara. Libras em Contexto, livro do estudante cursista.
Brasília: Programa Nacional de Apoio a educação dos Surdos: MEC/
SEESP, 2001.
LEIS, DECRETOS E PORTARIAS. Disponível em: http://portal.mec.
gov.br/index.php?option=com_ content&view=article&id=12907. Acesso
em: 15 set. 2009.

22
Aula
TIPOS DE EMPRÉSTIMOS
LINGUÍSTICOS E O SISTEMA
PRONOMINAL

META
Apresentar os principais empréstimos linguísticos e o sistema pronominal.

OBJETIVOS
Ao nal desta aula, o aluno deverá:
relacionar os tipos de empréstimos que a libras emprega de outras Línguas e
utilizar os pronomes.

COMO VAI VOCÊ?


Língua Brasileira de Sinais - Libras

INTRODUÇÃO

LEXICAIS: ALFABETO MANUAL: A datilologia ou soletração digital


é utilizada para traduzir nomes próprios ou palavras para as quais não se
encontram sinais em LIBRAS.

A B C Ç

D E F G

H I J K

24
Tipos de Empréstimos Linguísticos e o Sistema Pronominal
Aula

L M N
3O

P Q R S

T U V W

X Y Z

25
Língua Brasileira de Sinais - Libras

INICIALIZAÇÃO: A letra do alfabeto manual corresponde à letra em


português e representa o sinal. (FERREIRA-BRITO.1997)

SINAL CONFIGURAÇÃO DE MÃOS-CM LETRA

PEDAGOGIA

OUTRAS LÍNGUAS DE SINAIS: LÍNGUA DE SINAIS


AMERICANA-ASL

ANO

26
Tipos de Empréstimos Linguísticos e o Sistema Pronominal
Aula

LÍNGUA DE SINAIS FRANCESA-LSF 3


LARANJA VERMELHO

DOMÍNIO SEMÂNTICO: Quase todos os termos básicos de cores, com


exceção do amarelo, são empréstimos linguísticos, ou seja, não são termos
nativos. Assim, ampliam o vocabulário relacionado às cores.

COR AMARELO ROXO

27
Língua Brasileira de Sinais - Libras

AZUL BRANCO

CINZA PRET@ VERDE

Outros exemplos relacionados a cores para ampliar o vocabulário:

CLARO ESCURO VIOLETA

28
Tipos de Empréstimos Linguísticos e o Sistema Pronominal
Aula

BEGE ROSA PRATA 3

OURO/DOURADO

SISTEMA PRONOMINAL
PRONOMES PESSOAIS: A LIBRAS (LÍNGUA BRASILEIRA DE
SINAIS ) possui um sistema pronominal para representar as pessoas do
discurso: primeira pessoa, segunda pessoa e terceira pessoa (singular, dual,
trial, quatrial e plural):

29
Língua Brasileira de Sinais - Libras

EU DUAL TRIAL

QUATRIAL GRUPO/TOD@

PRONOMES DEMONSTRATIVOS E ADVÉRBIOS DE LUGAR:


na LIBRAS, os pronomes demonstrativos e os advérbios de lugar têm o
mesmo sinal, somente o contexto os diferencia pelo sentido da frase acom-
panhado de expressão facial

ESTE / AQUI ESSA / AÍ AQUELA / LÁ

30
Tipos de Empréstimos Linguísticos e o Sistema Pronominal
Aula

PRONOMES POSSESSIVOS: os pronomes possessivos, como os pes-


soais e demonstrativos também não possuem marca para gênero e estão
relacionados às pessoas do discurso e não à coisa possuída, como acontece
3
em português:

ME@ SE@ / TE@

PRONOMES INTERROGATIVOS (QUE, QUEM e ONDE):


caracterizam-se, essencialmente, pela expressão facial interrogativa feita
simultaneamente ao pronome.

QUE / QUEM ONDE QUANDO

31
Língua Brasileira de Sinais - Libras

COMO POR QUE / PORQUE QUAL

PRONOMES INDEFINIDOS

NADA NUNCA / SOLETRAR: NUN

RESUMO
A Libras, como as demais línguas, também incorpora léxico de outras
línguas. Os empréstimos linguísticos podem ser: lexicais através do alfabeto
manual, inicialização, bem como de outras línguas de sinais e de domínio
semântico. Assim como qualquer língua natural, também possui um sistema
pronominal para representar as pessoas do discurso.

32
Tipos de Empréstimos Linguísticos e o Sistema Pronominal
Aula

ATIVIDADE
3
Agora que você conhece os principais tipos de empréstimos da LIBRAS
e o sistema pronominal, aproveite para utilizá-los em contextos específicos.

COMENTÁRIO SOBRE A ATIVIDADE


Observa-se que a LIBRAS tem universais linguísticos comuns às
línguas orais-auditivas, como no caso da Língua Portuguesa, ou seja,
a arbitrariedade, iconicidade, produtividade e os aspectos contrastivos,
isto é, nas línguas orais são determinados pelas unidades mínimas/
fonológicas e em LIBRAS pelos parâmetros. Abordoumos os tipos
de empréstimos linguísticos e o sistema pronominal, como também
conhecer os sinais referentes às cores. Na próxima aula, pesquisaremos
a escrita da LIBRAS e os Sistema de Transcrição.

Sugestão:
Consulte o Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da Língua de Sinais
Brasileira, disponível na BICEN/UFS e os sites: www.acessobrasil.org.br/
libras e www.dicionariolibras.com.br.
História “O patinho Feio”.

REFERÊNCIAS
BRASIL: Contando Histórias em LIBRAS. INES - Instituto Nacional
de Educação de surdos.Rio de Janeiro/RJ. MEC/SEESP. 2003. CD-R
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de língua de sinais. Rio
de Janeiro: Tempo Brasileiro/ UFRJ, 1995.
CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D. (Org.). Dicionário enciclopédico
ilustrado trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. 3. ed. São Paulo:
Edusp/ MEC, 2006.
FERREIRA-BRITO, Lucinda. Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.
In: RINALDI, Giuseppi et al. Brasil, Secretaria de Educação Especial –
Deficiência Auditiva - Série Atualidades Pedagógicas. Brasília: SEESP, 1997.
FILIPE, Tânia Amara. Libras em Contexto, livro do estudante cursista. Bra-
sília: Programa Nacional de Apoio a educação dos Surdos, MEC;SEESP, 2001.
LEIS, DECRETOS E PORTARIAS. Disponível em: http://portal.mec.
gov.br/index.php?option=com_ content&view=article&id=12907. Acesso
em: 15 set. 2009.

33
Aula
ESCRITA DA LÍNGUA DE
SINAIS E O SISTEMA DE
TRANSCRIÇÃO EM LIBRAS

META
Demonstração da representação da escrita da LIBRAS

OBJETIVOS
Ao nal desta aula, o aluno deverá:
conhecer as formas de representação escrita da LIBRAS

ME@ NOME SE@ NOME


Língua Brasileira de Sinais - Libras

INTRODUÇÃO
ESCRITA DA LÍNGUA DE SINAIS

Até a década de 1970, a LIBRAS era considerada uma língua ágrafa,


as únicas formas de registro das línguas de sinais no mundo eram fotogra-
fias, desenhos de mãos, filmagens em vídeo cassete, atualmente através do
computador a língua é registrada em CD e DVD.
Em 1974, Valerie Sutton criou um sistema para escrever os movimentos
da dança, despertando a curiosidade dos pesquisadores da língua de sinais
dinamarquesa que estavam procurando uma forma de REPRESENTAR os
sinais, ou seja, escrevê-los. Nesse período, houve a transição de Dancewriting
da escrita de danças, para SignWriting, a escrita de sinais das línguas de sinais.
Pesquisas sobre a forma de escrita da LIBRAS iniciaram no Brasil em
1996, através do Dr. Antonio Carlos da Rocha Costa da PUC de Porto
Alegre/RS. Ele descobriu o SignWriting como sistema escrito de sinais
usado através do computador. Assim, formou um grupo de trabalho
envolvendo especialmente a Profª. Marianne Stumpf (surda na área de
computação na Escola Especial Concórdia) e a Profª. Márcia Borba.
Segundo Capovill(2001) a seguir estão expostas as formas de represen-
tação da escrita dos sinais da Libras.

MÃO NA VERTICAL
(eixo pulso-dedo na vertical)

PALMA P\ TRÁS

PALMA P\ O LADO

36
Escrita da Língua de Sinais e o Sistema de Transcrição em Libras
Aula

4
PALMA P\ A FRENTE

MÃO NA HORIZONTAL
(eixo pulso-dedo na horizontal)

PALMA P\ CIMA

PALMA P\LADO

PALMA P\BAIXO

37
Língua Brasileira de Sinais - Libras

O CÍRCULO, PUNHO ABERTO

PUNHO ABERTO COM DEDO INDICADOR

PUNHO FECHADO

PUNHO FECHADO COM DEDO INDICADOR

38
Escrita da Língua de Sinais e o Sistema de Transcrição em Libras
Aula

PENTÁGONO, A MÃO PLANA 4

A MÃO PLANA COM DEDOS ESPALHADOS

1- CONTATO SIMPLES
2- AGARRAR (SEGURAR ALGO)
3- TOCAR ENTRE (DOIS PONTOS)
4- BATER (FAZER CONTATO COM FORÇA)
5- ESCOVAR (CONTATO QUE DESLIZA DA SUPERFÍCIE PARA FORA)
6-ESFREGAR (CONTATO QUE DESLIZA PERMANECENDO NA SU-
PERFÍCIE)

39
Língua Brasileira de Sinais - Libras

1- SOBRE (EM CIMA DA SUPERFÍCIE)


2- SOB (EMBAIXO DA SUPERFÍCIE)
3- À ESQUERDA (LADO ESQUERDO DA SUPERFÍCIE)
4- À DIREITA (NO LADO DIREITO DA SUPERFÍCIE)
5- ATRAVÉS DE UMA SUPERFÍCIE OU ENTRE DUAS SUPERFÍ-
CIES (UMA EM CIMA E OUTRA EM BAIXO)
6- ATRAVÉS DE UMA SUPERFÍCIE OU ENTRE DUAS SUPERFÍ-
CIES QUE ESTÃO EM CADA LADO.

1 2 3

1- MOVIMENTO DE DOBRADIÇA DAS JUNTAS DA BASE


2- MOVIMENTO DE FECHAR E ABRIR
3- MOVIMENTO ÚNICO DE ABRIR

40
Escrita da Língua de Sinais e o Sistema de Transcrição em Libras
Aula

4- 5- 6-
4

4 - MOVIMENTO DE DOBRADIÇA JUNTAS DA BASE SE MOVEM


COM DEDOS RETOS
5 - MOVIMENTOS DUPLOS DE ABRIR
6 - MOVIMENTOS ALTERNADOS DOS DEDOS OU TEMOR DOS
DEDOS

1 2 3

41
Língua Brasileira de Sinais - Libras

1 - PONTO PRETO FLEXÃO DOS DEDOS E PONTO BRANCO


EXTENSÃO DOS DEDOS
2- DOIS PONTOS PRETOS INDICA FLEXÃO DUPLA
3 - DOIS PONTOS BRANCOS INDICAM EXTENSÃO DUPLA

EXEMPLOS: ITENS LEXICAIS REPRESENTADOS PELA SIGN-


WRITING (ESCRITA DA LIBRAS)

CANETA BORRACHA

LIVRO
ESCOLA

O Sistema de Escrita, Signwriting, ainda é pouco divulgado em nosso


país. Enquanto não temos domínio dessa forma de representação escrita e
visando a viabilizar o ensino sistematizado da Libras, é utilizado no Brasil
um “Sistema de Notação em Palavras” da Língua Portuguesa/Oral. Este foi
publicado em 2001, no livro Libras em Contexto, pelo grupo de pesquisa
da FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos),
sob a coordenação da Prof.ª Tânia Amara Filipe, em parceria com o MEC
(Ministério De Educação) e SEESP (Secretaria de Educação Especial).

42
Escrita da Língua de Sinais e o Sistema de Transcrição em Libras
Aula

SISTEMA DE TRANSCRIÇÃO EM LIBRAS


(SISTEMA DE NOTAÇÃO EM PALAVRAS)
4
Os sinais da LIBRAS são representados por itens lexicais da Língua
Portuguesa (LP) em letras maiúsculas.

CASA ESTUDAR CRIANÇA

Um sinal que é traduzido por duas ou mais palavras em Língua Portu-


guesa será representado pelas palavras correspondentes separadas por hífen.

NÃO-GOSTAR

PODER-NÃO QUANTAS-HORAS

43
Língua Brasileira de Sinais - Libras

Um sinal composto, formado por dois ou mais sinais, representados


por duas ou mais palavras, mas a ideia de uma única coisa, serão separados
pelo símbolo ^ .
MULHER^BENÇÃO=MÃE

HOMEM^BENÇÃO= PAI

Datilologia (alfabeto manual), usado para representar nome de pessoas,


localidades e outras palavras, ou seja, a palavra e apresentada letra por letra
separada por hífen.

T-A-N-I-A

44
Escrita da Língua de Sinais e o Sistema de Transcrição em Libras
Aula

Observação: Na LIBRAS, a pessoa além de dizer o nome em datilologia,


primeiro se apresenta pelo sinal que lhe foi dado pela comunidade surda.
4

ME@ SINAL TÂNIA

O sinal soletrado, empréstimo da língua portuguesa, passou a pertencer


à libras, é representado pela soletração do sinal em itálico.

R-S (reais)

P-A-I

45
Língua Brasileira de Sinais - Libras

D-I-A

Q-U-E-M (quem)

Em libras não há desinências para gênero (masculino e feminino) o


sinal representado por palavras da língua portuguesa que possui marca de
gênero, sendo assim a palavra está terminada com o símbolo @ . Para os
artigos, o gênero é determinado pelo item lexical sinalizado correspondente
a “HOMEM” e “MULHER” quando necessário, e só aparecem para seres
humanos e animais.
EL@ CUNHAD@ SOGR@

46
Escrita da Língua de Sinais e o Sistema de Transcrição em Libras
Aula

AMIG@ 4

Não há desinência que indique plural, há uma marca de plural pela


repetição do sinal, uma cruz(+) no lado direito acima do sinal que está
sendo repetido, ou alongamento do movimento.
CASA+(casas)

(Quantificador)MUIT@ ALEGRE (muito alegre)

O uso Formal e Informal é empregado de acordo com o contexto,


assim como nas demais línguas.

47
Língua Brasileira de Sinais - Libras

RESUMO
Dancewriting, escrita de danças criada pela dinamarquesa Valerie Sut-
ton, foi transformado para SignWriting, a escrita de sinais das línguas de
sinais. Pesquisas sobre a forma de escrita da LIBRAS iniciaram no Brasil em
1996, na PUC de Porto Alegre/RS através do Dr. Antonio Carlos da Rocha
Costa, mas, é utilizado no Brasil um “Sistema de Notação em Palavras”, da
Língua Portuguesa/Oral, publicado em 2001, no livro Libras em Contexto,
pelo grupo de pesquisa da FENEIS (Federação Nacional de Educação e
Integração dos Surdos), sob a coordenação da Prof.ª Tânia Amara Filipe.

ATIVIDADE
Agora que chegamos ao final desta aula, utilize os sinais das aulas ante-
riores e escreva um pequeno diálogo seguindo as normas do sistema de
transcrição da LIBRAS.

COMENTÁRIO SOBRE A ATIVIDADE


A Libras, como as demais línguas, também incorpora léxico de outras
línguas. Os empréstimos linguísticos pode ser : lexicais, alfabeto manual,
inicialização, de outras línguas de sinais e de domínio semântico. Espero
que tenha exercitado o vocabulário referente às cores.

Sugestão:
Consulte o Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais
Brasileira, disponível na BICEN/UFS e os Sites: www.ines.gov.br/paginas/
Revista/espaco25.pdf e www.dicionariolibras.com.br.
História: “Os três Ursos”

48
Escrita da Língua de Sinais e o Sistema de Transcrição em Libras
Aula

REFERÊNCIAS 4
FERREIRA-BRITO, Lucinda. Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.
In: RINALDI, Giuseppi et al. Brasil, Secretaria de Educação Especial –
Deficiência Auditiva - Série Atualidades Pedagógicas. Brasília: SEESP, 1997.
BRASIL: Contando Histórias em LIBRAS. INES - Instituto Nacional
de Educação de surdos.Rio de Janeiro/RJ. MEC/SEESP. 2003. CD-R
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de língua de sinais. Rio
de Janeiro: Tempo Brasileiro/ UFRJ, 1995.
CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D. (Org.). Dicionário Enciclopédico
Ilustrado Trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira. 3. ed. São Paulo,
SP: Edusp/ MEC, 2006.
FILIPE, Tânia Amara. Libras Em Contexto, livro do estudante cur-
sista. Programa Nacional de Apoio a educação dos Surdos, MEC;SEESP.
Brasília, 2001.
LEIS, DECRETOS E PORTARIAS. Disponível em: http://portal.mec.
gov.br/index.php?option=com_ content&view=article&id=12907. Acesso
em: 15 set. 2009.
QUADROS, Ronice Muller, de. Idéias para ensinar Português para
alunos surdos. Brasília: MEC, SEESP,2006.

49
Aula

ESTRUTURA GRAMATICAL
DA LIBRAS

META
Exposição da estrutura gramatical da LIBRAS.

OBJETIVOS
Ao nal desta aula, o aluno deverá:
aplicar a LIBRAS segundo a sua estrutura gramatical.

BO@ SORTE!
Língua Brasileira de Sinais - Libras

INTRODUÇÃO

ESTRUTURA GRAMATICAL DA LIBRAS

A Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS é uma língua de modalidade


gestual-visual: possui uma estrutura linguística semelhante a das diversass
línguas de modalidade oral auditiva;
Como todas as línguas orais-auditivas possui uma gramática própria,
definida pelos sistemas:

A) FONOLÓGICO (Línguas Orais-Auditivas) ou QUIROLÓGICO (Lín-


guas de Sinais - arte de coversar por meio de sinais feitos com as mãos. )
B) MORFOLÓGICO-----►PALAVRA/SINAL OU ITEM LEXICAL
C) SINTÁTICO-----►FRASE
D) SEMÂNTICO-----►SIGNIFICADO
E) PRAGMÁTICO-----► USO DO SIGNIFICADO–SENTIDO

ERRADO CERTO

DIFÍCIL FÁCIL

52
Estrutura Gramatical da LIBRAS
Aula

NÍVEL FONOLÓGICO
5
FONEMAS são sons que distinguem palavras.
FONEMAS: Ex.: /m/ /n/ /e/ i /a/ /menina/ menino / m/n/e/i/o
QUIREMAS: Segmento mínimo sinalizado. Corresponde ao fonema das
línguas faladas
MORFEMA: menor unidade composta de significado e significante.

Na Libras, segundo Quadros e Karnopp (2004), a fonologia/quirologia


procura determinar quais são as unidades mínimas que formam os sinais e
pretende estabelecer os padrões possíveis de combinação entre as unidades
e as variações no ambiente fonológico.

FONEMAS/QUIREMAS: PARÂMETROS
Os itens lexicais “sinalizados” convencionados pela comunidade surda
são baseados nos Parâmetros:
PARAMÊTRO+

a) Configuração de mãos b) Ponto de Articulação (Local)

53
Língua Brasileira de Sinais - Libras

c) Movimento d)Orientação e) Expressão Facial e Corporal

a- CONFIGURAÇÃO DE MÃOS: refere-se às diversas formas que as mãos


tomam na realização de um sinal (item lexical ou seja a palavra em LIBRAS
ou de qualquer outra língua de sinais). Segundo Willian Stokoe,1965 (apud
QUADROS,1997), foram registradas 43 configurações de mãos da Língua
de Sinais Americana-ALS. De acordo com Felipe (2005), a LIBRAS possui
64 configurações das mãos, sendo que o alfabeto manual utiliza apenas 27
destas para representar as letras.

54
Estrutura Gramatical da LIBRAS
Aula

b- PONTO DE ARTICULAÇÃO: é o local do corpo em que o item lexical


é realizado ou ao espaço neutro tridimensional, localizado diante do corpo
e limitado entre a cabeça e a cintura do falante em libras.

C.CABEÇA

NET@ MULHER HOMEM

55
Língua Brasileira de Sinais - Libras

TI@ SOBRINH@ FILH@ ADOTIVO

MADRINHA VOV@

T - TRONCO

PRIM@ FILH@ BEBÊ

56
Estrutura Gramatical da LIBRAS
Aula

B-BRAÇOS

EMOÇÃO
5

MÃO

CASAD@ AMANTE

VIUV@ COMPANHEIR@

57
Língua Brasileira de Sinais - Libras

EN- ESPAÇO NEUTRO

FAMÍLIA CRIANÇA NORA

GENRO MADRASTA

NOIV@ SOLTEIR@ NAMORAD@

58
Estrutura Gramatical da LIBRAS
Aula

c- MOVIMENTO E DIRECIONALIDADE: classificado quanto ao tipo,


à direção, à maneira e à frequência.
5

a- Movimento retilíneo

CADERNO CANETA BORRACHA

PORTA LÁPIS/ESTOJO

59
Língua Brasileira de Sinais - Libras

b- Movimento helicoidal:

PARENTE = FAMÍLIA^ROLAR

c) Movimento circular:

PROCURAR

60
Estrutura Gramatical da LIBRAS
Aula

d- Movimento semicircular :
5
APONTADOR INTELIGENTE

e- Movimento sinuoso:

SEMPRE

61
Língua Brasileira de Sinais - Libras

f- Movimento angular:

ESCREVER

c.1. Direcionalidade

a- Unidirecional : movimento em uma direção no espaço, durante a realização


de um sinal.

EDUCAÇÃO LÁPIS RÉGUA- 1

62
Estrutura Gramatical da LIBRAS
Aula

SENTAR CORRETIVO
5

MOCHILA PARECER PASTA

b- Bidirecional: movimento realizado por uma ou ambas as mãos, em duas


direções diferentes.

RÉGUA- 2 LIVRO

63
Língua Brasileira de Sinais - Libras

BRINCAR PRIMO

c- Multidirecional: movimentos que exploram várias direções no espaço,


durante a realização de um sinal.

MULTIPLICADOR

d- ORIENTAÇÃO (orientação de mãos)

64
Estrutura Gramatical da LIBRAS
Aula

Palma na vertical para direita 5

CONHECER

Palma na horizontal para baixo Palma na horizontal para cima

INCLUSÃO ESTUDAR:

e- EXPRESSÃO FACIAL E OU CORPORAL


Muitos sinais têm como traço diferenciador a expressão facial e/ou corporal,
em sua configuração.

65
Língua Brasileira de Sinais - Libras

Ex:. MEDO ALEGRE

RAIVA

EXPRESSÕES NÃO MANUAIS DA LIBRAS


Há sinais somente com a bochecha.
Ex.: ATO SEXUAL

Rosto / Parte Superior

66
Estrutura Gramatical da LIBRAS
Aula

a- Sobrancelhas franzidas

SENTIMENTO FALTA NINGUÉM


5

ALTO GRANDE AINDA

Sobrancelhas levantadas olhos arregalados

b - Parte Inferior

Bochechas infladas:

GORD@

67
Língua Brasileira de Sinais - Libras

Bochechas contraídas e lábios contraídos e projetados e sobrancelhas


franzidas:

MAGR@ GROSS@

NOV@ FINO

Correr da língua contra a parte inferior interna da bochecha:

LADRÃO

68
Estrutura Gramatical da LIBRAS
Aula

Franzir do nariz: 5

PORQUE QUAL

Balanceamento para frente e para trás (sim):

TAMBÉM PROBLEMA VELHO


Balanceamento para os lados (não):

FEI@ EMOÇÃO

69
Língua Brasileira de Sinais - Libras

Inclinação para frente:

AINDA TRISTE PRECONCEITO


Inclinação para o lado, inclinação para trás:

AMAR FELIZ
Os traços não manuais: as expressões facial e ou corporal, feitas si-
multaneamente com o sinal, estão representadas acima do sinal ao qual está
acrescentado alguma ideia.
A- ...afirmativa... Expressão facial neutra:

EX.:El@ INSTRUTORA

EL@ INSTRUTORA

70
Estrutura Gramatical da LIBRAS
Aula

B-...interrogativa... Sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento de


cabeça inclinando-se para cima.
5

VOCÊ APRESENTAR

C-... exclamativa...sobrancelhas levantadas e um ligeiro movimento de cabeça


inclinando para cima e para baixo.

...exclamativa...
BONITA ÁRVORE

BONIT@ ÁRVORE

71
Língua Brasileira de Sinais - Libras

D-... negativa... com o acréscimo do sinal não:


EU PROFESSOR NÃO

D.1 ...incorporação da negação...


NÃO- PREOCUPAR AINDA-NÃO

D.2 ...incorporação da negação... com incorporação do movimento contrário


ao sinal do negado:
GOSTAR GOSTAR-NÃO

72
Estrutura Gramatical da LIBRAS
Aula

RESUMO
Assim como todas as línguas orais-auditivas, a LIBRAS possui uma
5
gramática própria, definida pelos sistemas: Quirológico; Morfológico
(palavra/sinal ou item lexical); Sintático(frase); Semântico (significado)
e Pragmático (uso do significado–sentido). O nível quirológico são as
unidades mínimas que, em LIBRAS, representadas pelos cinco parâmet-
ros: 1.configuração de mãos; 2. Orientação; 3. ponto de articulação; 4.
movimento e, 5. expressão facial e corporal. Nos parâmetros observamos
seis tipos de movimentos: 1. retilíneo; 2. helicoidal 3. angular; 4. sinuoso;
5. circular e 6. semicircular. Além disso, três tipos de direcionalidade: 1.
unidirecional; 2. bidirecional e 3. multidirecional. Enquanto na orientação
a posição para cima, para baixo, à direita, à esquerda, e palma na horizontal
e vertical. O parâmetro expressão facial e ou corporal é fundamental para
a compreensão da informação. Logo, modificar um desses parâmetros
modifica o significado do sinal/palavra, é preciso estar atento para não
ocasionar dúvidas na comunicação.

ATIVIDADE
Pesquise na web artigos relacionados aos parâmetros da Libras.

COMENTÁRIO SOBRE A ATIVIDADE


Espero que tenha exercitado o vocabulário das aulas anteriores
escrevendo e traduzindo o diálogo em LIBRAS. Agora, concluímos o
estudo dos cinco parâmetros, na aula seguinte discutiremos os aspectos
morfológico, semântico e pragmático da LIBRAS.

Sugestão:
Veja o vídeo sobre os parâmetros da LIBRAS;
Consulte o Site: http://aprendolibras.blogspot.com, www.acessobrasil.org.
br/libras e www.dicionariolibras.com.br.

73
Língua Brasileira de Sinais - Libras

REFERÊNCIAS

INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DE SURDOS. Educação


de Surdos nº5. Rio de Janeiro: MEC/SEESP, 2007. 1 DVD-ROM.
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de língua de sinais. Rio
de Janeiro: Tempo Brasileiro/ UFRJ, 1995.
CAPOVILLA, F. C.; Raphael, W. D. (Org.). Dicionário Enciclopédico
Ilustrado Trilíngüe da Língua De Sinais Brasileira. 3. ed. São Paulo:
Edusp/ MEC, 2006.
CAGLIARI, Luís Carlos. Alfabetização e Lingüística. São Paulo: Scipi-
one, 15ª ed , 2008.
FILIPE, Tânia Amara. Libras em Contexto, livro do estudante cursista.
Brasília: Programa Nacional de Apoio a educação dos Surdos, MEC/
SEESP,2001.
FERREIRA-BRITO, Lucinda. Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.
In: RINALDI, Giuseppi et al. Brasil, Secretaria de Educação Especial –
Deficiência Auditiva - Série Atualidades Pedagógicas. Brasília: SEESP, 1997.
FERREIRA, Aurélio B. de Holanda. Dicionário da Língua Portuguesa.
Disponível em http://www.dicionariodoaurelio.com. Acesso em: 11 mai.
2009.
LEIS, DECRETOS E PORTARIAS. Disponível em: http://portal.mec.
gov.br/index.php?option=com_ content&view=article&id=12907. Acesso
em: 15 set. 2009.
QUADROS, Ronice Muller de. Educação de Surdos: Aquisição da
Linguagem. Artes Médicas: Porto Alegre, 1997.

74
Aula
ESTRUTURA GRAMATICAL DA
LIBRAS (NÍVEL MORFOLÓGICO,
SEMÂNTICO E PRAGMÁTICO)

META
Continuar o estudo sobre a estrutura gramatical da LIBRAS .

OBJETIVOS
Ao nal desta aula, o aluno deverá:
conhecer as especicidades da LIBRAS nos níveis: morfológico, semântico e
pragmático.

INFORMAL E/OU FORMAL?


Língua Brasileira de Sinais - Libras

INTRODUÇÃO

NÍVEIS: MORFOLÓGICO, SEMÂNTICO E PRAGMÁTICO

A Morfologia é o estudo da estrutura interna das palavras/sinais, bem


como das regras que determinam a sua formação. O nível morfológico da
língua é formado a partir de unidades mínimas com significação chamadas
morfemas. Alguns morfemas por si só constituem-se palavras/sinais, no
entanto, existem itens lexicais que necessitam da combinação de, no mínimo,
dois morfemas para sua formação.
De acordo com Quadros (2004), na Língua Portuguesa e em LIBRAS,
os processos de formação de palavras são realizados pela derivação, com-
posição e flexão.
Ex.: Língua Portuguesa:
Por derivação (prefixação) - “infeliz” (in+feliz)
Por composição: “guarda-sol” (guarda+sol)
Por flexão: “amando” (amar)
Em LIBRAS, é possível criar um novo sinal utilizando o significado de
um sinal já existente, porém num contexto que requer uma classe gramatical
diferente. O verbo “sentar” e o substantivo “cadeira”, assim como “ouvir”
e “ouvinte”, o sinal é o mesmo porém, no substantivo há uma reduplicação
do movimento no sinal do verbo.
Por derivação:
OUVIR / OUVINTE

SENTAR / CADEIRA

76
Estrutura gramatical da LIBRAS: nível morfológico, semântico e pragmático
Aula

Para os “sinais compostos”, junta-se duas bases de sinais preexistentes


para criar um novo sinal. Por composição: CASA^ESTUDAR “escola”
(junção de dois morfemas livres de significados independentes, o sinal de
6
“casa” ao sinal de “estudar”). Veja os exemplos apresentados na quarta aula.
Por composição:

“ESCOLA” - CASA^ESTUDAR
CASA ESTUDAR

“AÇOUGUE” – CASA^CARNE

CASA CARNE

77
Língua Brasileira de Sinais - Libras

Por flexão: “amando” (amar) “preocupado” (preocupar):

PREOCUPADO/PREOCUPAR AMADO/AMOR

Substantivos, adjetivos e verbos com raízes idênticas são representados


pelo mesmo item lexical, sinalizado com pouca mudança pragmática no
que diz respeito à intensidade ou à repetição do sinal.
No nível semântico, o sinal pode ser icônico ou arbitrário, mas pode
perder a iconicidade durante sua incorporação na estrutura da língua.
- Sinais iconicamente ligados ao campo semântico:

PEIXE/SEXTA-FEIRA SÁBADO/LARANJA

78
Estrutura gramatical da LIBRAS: nível morfológico, semântico e pragmático
Aula

- Sinais realizados em contato como corpo ou próximos às partes do


corpo pertencem a um campo semântico especifico:
6

COMER (perto da boca) INTELIGENTE (na cabeça)

- Um item lexical para vários significados:

LIVRE (liberdade, solto,...) CONTEXTO (unido, preso,...)

- Vários itens lexicais para a mesma ação de sentido próximo:

FALTAR:
FALTAR (faltar pessoa/coisa) FALTAR (estar ausente) FALTAR (faltar- ao encontro)

79
Língua Brasileira de Sinais - Libras

RESUMO
A morfologia estuda a estrutura interna das palavras/sinais e os proces-
sos de formação de palavras, que são realizados pela derivação, composição
e flexão. Os níveis semântico e pragmático é o estudo do significado indi-
vidual da palavra/sinal, do agrupamento destes nas sentenças, descreve a
significação das palavras no texto e no contexto, ou seja, permeia o nível
morfossintático. Segundo Quadros, uma descrição semântica pode ser feita
a nível da palavra ou sinal, da sentença e do discurso.

ATIVIDADE
Pesquise na web artigos relacionados à estrutura gramatical da LI-
BRAS e estabeleça semelhanças e/ou diferenças entre LIBRAS e a Língua
Portuguesa.

COMENTÁRIO SOBRE A ATIVIDADE


O vídeo mostra a importância do uso correto dos cinco parâmetros, por
isso, respeitar as regras é fundamental para entender a informação no
processo de comunicação. Estamos concluindo o estudo da Estrutura
Gramatical da LIBRAS (nível morfológico, semântico e pragmático),
discutiremos na próxima aula a SINTAXE da LIBRAS.

Sugestão:
Consulte o Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe da Língua de Sinais
Brasileira, disponível na BICEN/UFS e nos sites:
www.libraselegal.com.br
www.libras.com.br .
http://portal.mec.gov.br
http://www.ines.org.br
História: Curso Básico de LIBRAS

80
Estrutura gramatical da LIBRAS: nível morfológico, semântico e pragmático
Aula

REFERÊNCIAS
BRASIL: Curso Básico em LIBRAS. INES - Instituto Nacional de
6
Educação de surdos.Rio de Janeiro/RJ. MEC/SEESP. 2006. CD-R. Vol. 6.
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de língua de sinais. Rio
de Janeiro: Tempo Brasileiro/ UFRJ, 1995.
CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D. (Org.). Dicionário Enciclopédico
Ilustrado Trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira. 3. ed. São Paulo,
SP: Edusp/ MEC, 2006.
FERREIRA-BRITO, Lucinda. Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.
In: RINALDI, Giuseppi et al. Brasil, Secretaria de Educação Especial –
Deficiência Auditiva - Série Atualidades Pedagógicas. Brasília: SEESP, 1997.
FILIPE, Tânia Amara. Libras em Contexto, livro do estudante cursista.
Brasília:Programa Nacional de Apoio a educação dos Surdos, MEC;SEESP,
2001.

81
Aula
SINTAXE DA LIBRAS : VERBOS
E TEMPOS VERBAIS

META
Apresentar os tipos de verbos e os tempos verbais.

OBJETIVOS
Ao nal desta aula, o aluno deverá:
utilizar de acordo com o contexto os tipos de verbos e seu sistema de exão.

BEM! BEM-NÃO?
Língua Brasileira de Sinais - Libras

TIPOS DE VERBOS E OS TEMPOS VERBAIS


Segundo Ferreira-Brito (1997), a ordem preferencial das sentenças na
LIBRAS também é SVO, quando não há topicalização. Essa topicalização é
frequente na Língua Portuguesa, principalmente na fala coloquial, entretanto,
em LIBRAS a frequência é maior ou regra geral e pode materializar-se nas
sentenças OVS ou OSV.

“AMIG@, EL@ GOSTAR”

AMIG@ EL@ GOSTAR

“PESQUISAR, EL@ GOSTAR-NÃO”.

PESQUISAR ELA

GOSTAR-NÃO

84
Sintaxe da LIBRAS : verbos e tempos verbais
Aula

Em LIBRAS a ligação entre os elementos de uma estrutura sintática é


estabelecida no espaço e na direção utilizada para determinar que elemento
se liga a qual; uso inadequado ou ausência de conectivos, ou seja, elementos
7
de ligação (conjunções, preposições,...); omissão dos verbos de ligação (ser,
estar, ficar,...), na posição do verbo “estar” e o verbo “ter”, aparece como
verbo de ligação, por exemplo: Lígua Portuguesa: ela está doente, LIBRAS:
ELA TER DOENTE. Percebe-se que o número do substantivo é deter-
minado por classificadores, e a concordância de número com o verbo e
os adjetivos não ocorre. Há uma tendência dos verbos apresentarem em
sua forma infinitiva.

TIPOS DE VERBOS
Verbos direcionais: são os que possuem marca de concordância, a di-
reção do movimento, marca no ponto inicial no sujeito e no final o objeto.

”Eu ajudo você.” “Você me ajuda”

AJUDAR^VOCÊ ME^AJUDAR

85
Língua Brasileira de Sinais - Libras

“Eu pergunto” “Você me pergunta”

PERGUNTAR^VOCÊ ME^PERGUNTAR
“Eu respondo..” “Você me responde”

AVISAR^VOCÊ ME^AVISAR
Eu aviso você.” “Você me avisa”

EU^RESPONDER VOCÊ^RESPONDER

86
Sintaxe da LIBRAS : verbos e tempos verbais
Aula

Verbos não direcionais: são os que não possuem marca de concordância.


Quando se constrói uma frase é como se os verbos ficassem no infinitivo.
Os verbos não direcionais aparecem em duas subclasses:
7
Ancorados no corpo: são verbos realizados com contato muito próximo do
corpo. Podem ser verbos de estado cognitivo, emotivos ou experienciais, como:

CONHECER CONVERSAR APRESENTAR

FAZER FALAR PENSAR

ORGANIZAR LER PODER

87
Língua Brasileira de Sinais - Libras

PROCURAR RESUMIR SOFRER

Verbos que incorporam o objeto: quando o verbo incorpora o objeto, alguns


parâmetros modificam-se para especificar as informações.

TOMAR /BEBER

TOMAR-CAFÉ TOMAR-LEITE

BEBER-PINGA BEBER-CACHAÇA

88
Sintaxe da LIBRAS : verbos e tempos verbais
Aula

CORTAR-TESOURA/FACA 7

CORTAR-CABELO CORTAR-UNHA

CORTAR-FACA CORTAR-FATIAR

CAIR

COPO-CAIR

89
Língua Brasileira de Sinais - Libras

PAPEL-CAIR

TEMPOS VERBAIS
Quando se deseja especificar as noções temporais, acrescentam-se sinais
que informam o tempo presente, passado ou futuro, dentro da sintaxe da
LIBRAS.

Presente (agora / hoje)

HOJE AGORA

90
Sintaxe da LIBRAS : verbos e tempos verbais
Aula

LIBRAS. HOJE EU-IR DANÇAR

Português “Hoje vou dançar mãe”


7

HOJE IR DANÇAR

LIBRAS. AGORA EU-BRINCAR

Português. “Eu vou brincar.”

AGORA BRINCAR

91
Língua Brasileira de Sinais - Libras

Passado (Ontem / Anteontem /Amanhã/ Há muito tempo / Passou / Já /)

PASSADO JÁ ANTEONTEM

LIBRAS. ONTEM PORTUGÊS ESTUDAR.

Português. “Ontem estudei português.”

ONTEM PORTUGUÊS ESTUDAR


Futuro (amanhã / futuro / depois / próximo)

92
Sintaxe da LIBRAS : verbos e tempos verbais
Aula

LIBRAS: EU ESTUDAR AMANHÃ

Português “Amanhã irei estudar “


7

ESTUDAR AMANHÃ

CLASSIFICADORES (CL)

Em LIBRAS, são os marcadores de concordância de gênero para pes-


soas, animais ou coisas, ajudam construir a estrutura sintática, através de
recursos corporais que possibilitam relações gramaticais altamente abstratas.
Muitos classificadores são icônicos em seu significado pela semelhança entre
a sua forma ou tamanho do objeto a ser referido. (FERREIRA BRITO,
1995)

LIBRAS CARRO BATER POSTE

CARRO CARRO-BATER

93
Língua Brasileira de Sinais - Libras

ANDAR PESSOA/ANIMAL

ANDAR-PESSOA ANDAR-ANIMAL

RESUMO
Em LIBRAS, a ordem preferencial das sentenças, assim como em
Português, é SVO (sujeito, verbo e objeto ou complementos), quando não
há topicalização, são comuns as sentenças OVS ou OSV. Os verbos em
Libras têm a flexão em três tempos: presente, passado e futuro, além de
alguns incorporarem as características da ação, número pessoa, objeto, etc.

ATIVIDADE

Pesquise na web outos exemplos de classificadores da LIBRAS.

COMENTÁRIO SOBRE A ATIVIDADE


Percebem-se as semelhanças e as diferenças entre as duas Línguas, na
formação da palavra/sinal e o uso no contexto. Agora que concluímos
o estudo da ordem de formação das frases em LIBRAS, discutiremos
a seguir a legislação que garante o uso e difusão dessa língua.

Sugestão:
Consulte o Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais
Brasileira, disponível na BICEN/BIBUFS.
Sites:http://www.feneis.com.br/page/libras_nacional_integra.asp
História: “Verbos em Português”

94
Sintaxe da LIBRAS : verbos e tempos verbais
Aula

REFERÊNCIAS
BRASIL: Verbos em Português, INES-Instituto Nacional de Educação
7
de surdos.Rio de Janeiro/RJ. MEC/SEESP. 2006.CD-R
CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D. (Org.). Dicionário Enciclopédico
Ilustrado Trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira. 3. ed. São Paulo,
SP: Edusp/ MEC, 2006.
BRITO,Lucinda Ferreira. Por uma gramática de língua de sinais. Rio
de Janeiro: Tempo Brasileiro/ UFRJ, 1995.
FERREIRA-BRITO, Lucinda. Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.
In: RINALDI, Giuseppi et al. Brasil, Secretaria de Educação Especial –
Deficiência Auditiva - Série Atualidades Pedagógicas. Brasília: SEESP, 1997.
FILIPE, Tânia Amara. Libras em Contexto, livro do estudante cur-
sista. Brasília Programa Nacional de Apoio a educação dos Surdos,
MEC;SEESP,2001.

95
Aula

LEGISLAÇÃO E ENSINO
DE LIBRAS

META
Que o prossional compreenda que pode solicitar e exigir das instâncias
educacionais e jurídicas os cumprimentos das leis relacionadas à acessibilidade da
pessoa surda.

OBJETIVOS
Ao nal desta aula, o aluno deverá:
favorecer condições para que cada prossional envolvido com pessoas surdas
conheça as principais leis a respeito da Língua Brasileira de Sinais e os seus
benefícios.

LEI

LIBRAS
Língua Brasileira de Sinais - Libras

LEGISLAÇÃO E ENSINO DE LIBRAS


O Brasil é um dos países mais inclusivos do mundo, mas, existe ainda
um fosso profundo entre o texto legal e sua operacionalização. As leis são
descumpridas impunemente e o resultado é que uma ínfima parcela da popu-
lação mais esclarecida e de maior poder econômico exige o cumprimento
de seus direitos. No que se refere à língua de sinais, geralmente os livros
que tratam da surdez não abordam questões legais do ensino e do uso da
LIBRAS e algumas vezes o desconhecimento dessa legislação impede o
avanço dessa Língua e o pleno exercício dos direitos de seus usuários.
Como foi apresentada na aula anterior, a criação através do Decreto
Imperial nº 939 de 23 de setembro de 1857, do Instituto Imperial dos Me-
ninos Surdos do Imperador Pedro II, e considerada a primeira manifestação
em relação a políticas públicas para educação dos surdos brasileiros. Os
primeiros indícios da Língua de Sinais Brasileira sugiram com a vinda do
professor surdo Ernest Huet, considerado o primeiro instrutor de LIBRAS,
(ROCHA, apud SOUZA, 2007). Embora os registros dos sinais no Brasil da-
tem de 1875 com o nome de “Iconografia dos Signais dos Surdos-Mudos”,
de um ex-aluno desse Instituto, Flausino José da Gama.
Desde então, inicia-se no contexto nacional, com influência dos movi-
mentos internacionais, a luta contra a ideia da educação segregadora em
defesa da Educação para todos, no caso das pessoas surdas, o reconheci-
mento e o uso dos sinais, mesmo em períodos dominado pelo oralismo.
Esses movimentos materializados por profissionais, pais e as pessoas com
deficiência, apontam mudanças nas políticas públicas em favor do recon-
hecimento da língua de sinais.
O Brasil participou da Assembleia Geral da ONU, em 1987, a qual
declarou que os surdos “[...] devem ser reconhecidos como uma minoria lin-
guística, com o direito específico de ter suas línguas de sinais nativas aceitas
como sua primeira língua oficial e como o meio de comunicação e instrução,
tendo serviços de intérpretes para suas línguas de sinais”. No entanto, o
marco no processo de Educação das Pessoas com Deficiência no mundo
se deve à Declaração de Salamanca em 1994, sinalizando um paradigma
da inclusão nas políticas de educação, reconhecendo “... a importância da
linguagem de signos como meio de comunicação entre os surdos”.
De acordo com a LDBEN - Lei n°. 9.394/96, o Plano Nacional de
Educação 2000, o parecer do CNE/CEB nº 17/ 01, a Resolução CNE/CEB
n°. 2, de 11 de setembro de 2001 e a Declaração de Salamanca, destaca-se
que o grande avanço na educação é produzir a construção de uma escola
inclusiva para garantir o atendimento à diversidade humana.
A promulgação da Lei nº 10.98/2000, de acessibilidade, que regulamenta
o acesso das pessoas com deficiência em várias dimensões, como: aces-
sibilidade arquitetônica - sem barreiras ambientais físicas; comunicacional

98
Legislação e Ensino de Libras
Aula

- sem barreiras na comunicação interpessoal; metodológica – sem barreiras


nos métodos e técnicas; instrumental - sem empecilhos nos instrumentos
e utensílios de estudo; programática - sem barreiras invisíveis embutidas
8
em políticas públicas; atitudinal - por meio de programas e práticas de sen-
sibilização e de conscientização das pessoas em geral e da convivência na
diversidade humana resultando em quebra de preconceitos (ALVES, 2006),
contribui na transformação das escolas regulares em unidades inclusivas.
O seu capítulo VII e artigos 17,18 e 19 se referem às questões da surdez,
determinam a formação de profissionais intérpretes e de guias-intérpretes,
no caso das pessoas surdocegas, e serviços de radiodifusão sonora e de
sons e imagens, com o objetivo de permitir o uso da linguagem de sinais
ou outra subtitulação, para garantir o direito de acesso à informação às
pessoas portadoras de deficiência.
Dois anos após a promulgação da Lei nº 10.098/2000, a Língua Brasilei-
ra de Sinais é oficializada como meio legal de comunicação e expressão da
comunidade surda pela Lei nº 10.436/2002 e regulamentada pelo Decreto
nº: 5.626 de 22/12/2005:

Art. 3º A Libras deve ser inserida como disciplina curricular


obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do
magistério, em nível médio e superior, nos cursos de Fonoaudióloga,
pedagogia e licenciaturas, em instituições de ensino, públicas e
privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Assegurar a acessibilidade dos alunos e a oportunidade de satisfação


de suas necessidades educacionais especiais nos sistemas de ensino, ainda
não é uma prática vivenciada por todas as escolas, vivemos num paradoxo
de experiências positivas e negativas, necessitando de regulamentações que
aproxime texto legal de sua operacionalização.
A Resolução CEB 02/2001 de 20 de julho de 2004 instituiu Diretrizes
Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, no Art. 12 §2º:

Deve ser assegurada, no processo educativo de alunos que apresentam


dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais
educados, a acessibilidade aos conteúdos curriculares, mediante a
utilização de linguagens e códigos aplicáveis, como o sistema Braille e
a língua de sinais, sem prejuízo do aprendizado da língua portuguesa,
facultando-lhes e às suas famílias a opção pela abordagem pedagógica
que julgarem adequadas, [...]

O Decreto nº 5.626/2005 regulamenta a Lei de Libras e o art. 18 da Lei


no 10.098/2000 preconiza que o ensino da LIBRAS como primeira língua
e o Português como segunda, para pessoas surdas, tornando-se obrigatório,

99
Língua Brasileira de Sinais - Libras

desde a educação infantil até o ensino fundamental. Como também a dis-


ponibilização de equipamentos, de novas tecnologias assistivas, (qualquer
elemento que facilite a autonomia pessoal ou o acesso e o uso do meio
físico, de informação e comunicação e outros recursos didáticos. Além de ser
adotado o uso e a difusão de Libras nas comunidades escolar e familiar, devem
ser assegurados também os direitos a mecanismos de avaliação coerentes com
aprendizado de segunda língua; na modalidade escrita deve ser valorizado o
aspecto semântico e reconhecida a singularidade linguística; escolarização
em um turno diferenciado ao atendimento educacional especializado, para
o desenvolvimento de complementação curricular. (Portaria 3.284\2003 e
Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005).
Como consequência desses movimentos, em 2001 foi implantado o
Programa Nacional de Apoio a Educação de Surdos, norteando o uso
e a difusão da LIBRAS como veículo de desenvolvimento intelectual e
integração social das pessoas surdas no Brasil, com as seguintes ações: 1.
Curso de Língua Brasileira de Sinais para Instrutores e Multiplicadores
Surdos, Professores e Professores Interpretes; 2. Instituído nas Unidades
Federativas os Centros de Capacitação de Profissionais da Educação e de
Atendimento às Pessoas com Surdez - CAS; 3. Realização dos exames de
Proficiência em LIBRAS; 4. Curso de Educação Superior Bilíngue LIBRAS/
Português e regulamentação do atendimento aos alunos do ensino superior
pela Portaria 3.284/2003.
Esse arcabouço legal a respeito do direito à acessibilidade das pessoas
com deficiência é extenso, porém falta à sociedade se aproximar do texto
legal de sua operacionalização. Bem como, garantir o exercício do direito da
pessoa surda a uma escola de qualidade com uso e difusão de sua primeira
língua a LIBRAS. Há polêmica nas escolas inclusivas que dizem não es-
tarem preparadas para receber os surdos, os professores e intérpretes de
LIBRAS, e fazer cumprir o que está determinado pela lei. O espaço escolar
deve construir uma trajetória de luta desse segmento pelo direito político e
educacional, mesmo porque precisamos desviar a visão de que problemas
da surdez estão centrados na escolarização, é necessária uma ampliação para
o campo sócio-político, para que os surdos possam vencer as barreiras da
“submissão” imposta pelos ouvintismo.

RESUMO
O acervo legal que concede sustentabilidade à inclusão das pessoas com
deficiência no Brasil é extenso. Os primeiros da LIBRAS, surgiram com a
criação do INES em 1857, e a vinda do primeiro instrutor professor surdo
Ernest Huet. Desde então, influenciado por movimentos internacionais
como Assembleia Geral da ONU em 1987, a Declaração de Salamanca
em 1994. No Brasil, desencadearam políticas públicas contra uma educa-

100
Legislação e Ensino de Libras
Aula

ção segregadora e em defesa da educação para todos e o reconhecimento


e o uso da LIBRAS. A Lei nº 10.98/2000, de Acessibilidade, no capítulo
VII e seus art. 17,18 e 19, referente às questões da surdez, determina a
8
formação de profissionais intérpretes e de guias-intérpretes, no caso das
pessoas surdocegas, serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens.
A Lei nº 10.436/2002 de Libras, reconhecendo como disciplina curricular
obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do
magistério, em nível médio e superior, nos cursos de Fonoaudiólogia, Peda-
gogia e Licenciaturas, em todas instituições de ensino, públicas e privadas.
A Resolução CEB de 20 de julho de 2004 instituiu Diretrizes Nacionais
para a Educação Especial na Educação Básica, no Art. 12 §2º: “Deve ser
assegurada, no processo educativo de alunos que apresentam dificuldades
de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais educados, a aces-
sibilidade aos conteúdos curriculares, mediante a utilização de linguagens e
códigos aplicáveis, como o sistema Braille e a língua de sinais”; o Decreto nº
5.626/2005, regulamenta a Lei de Libras e o art. 18 da Lei no 10.098/2000,
ambas preconizam o ensino da LIBRAS como primeira língua e o Português
como segunda. Como consequência desses movimentos, em 2001 foi im-
plantado o Programa Nacional de Apoio a Educação de Surdos, norteando
o uso e a difusão da LIBRAS, como veículo de desenvolvimento intelectual
e integração social das pessoas surdas no Brasil.

ATIVIDADE
Considerando a legislação vigente a respeito da LIBRAS, como cada
profissional pode contribuir para que a sociedade compreenda que pode
solicitar e exigir das instâncias educacionais e jurídicas os cumprimentos
das leis relacionadas à acessibilidade da pessoa surda? Dê a sua sugestão.

Saiba mais:
Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.
Lei 10.436 de 24 de abril de 2002.
Decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005.
Decreto nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004.
Lei 9050 – ABNT/NBR.
Portaria 3.284, de 7 de novembro de 2003.
Resolução CEB 02/2001 de 20 de julho de 2004
Declaração de Salamanca, 1994.

Sugestão:
História: “ Introdução as operações matemática”

101
Língua Brasileira de Sinais - Libras

REFERÊNCIAS
ALVES, Denise de Oliveira. Sala de recursos multifuncionais: espaços
para atendimento educacional especializado - Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006.
Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaO-
braForm.do;jsessionid=70B544E026474533F2FB0DB465725CEE. Acesso
em: 12 jun. 2009.
klçlll
Leis, Decretos e Portarias. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
index.php?option=com_ content&view=article&id=12907. Acesso em:
15 set. 2009.
BRASIL. Ministério da Educação. Direito a Educação: Subsídios para
gestão dos sistemas educacionais/orientações gerais e marcos legais.
Brasília: Secretaria de Educação Especial. 2004.

102
Aula

SISTEMA DE NUMERAÇÃO
EM LIBRAS

META
Usar dos numerais cardinais e ordinais de acordo com o contexto.

OBJETIVOS
Ao nal desta aula, o aluno deverá:
representar, de acordo com o contexto, os numerais quando estiver em
relacionados a quantidade, ordem e classicação.

NÚMERO
Língua Brasileira de Sinais - Libras

SISTEMA DE NUMERAÇÃO
Segundo Filipe (2001), também em LIBRAS os numerais têm diferentes
formas de apresentação quando utilizados como cardinais, quantidades,
ordinais, medidas, idade, dias, mês, horas e valores.

1 - NÚMEROS CARDINAIS

104
Sistema de numeração em LIBRAS
Aula

2 - REPRESNTANDO QUANTIDADE

Quando representam quantidades, os numerais de UM até QUATRO


9
apresentam configuração de mãos diferentes. A partir do QUINTO têm
representação igual aos cardinais.

3 - NÚMEROS ORDINAIS:

Os números ordinais do PRIMEIRO até o NONO têm a mesma forma


dos cardinais, mas com movimentos.

- Do PRIMEIRO até o QUARTO os movimentos são para cima e para


baixo.

1º 2º 3º 4º

- Do QUINTO até o NONO os movimentos são para os lados.

5º 6º 7º

105
Língua Brasileira de Sinais - Libras

8º 9º 10º
- A partir do numeral DEZ não há diferença entre números cardinais e
ordinais.

PRIMEIRAMENTE PRIMEIRO LUGAR PRIMEIRA VEZ

RESUMO
O Sistema de representação dos números sofre variação quando
representa quantidade. Há uma repetição da configuração de mãos de 1
até 4, a partir do número 5 eles não modificam. Na representação dos
ordinais a direcionalidade e o movimento também se modificam.

106
Sistema de numeração em LIBRAS
Aula

ATIVIDADE 9
Aproveite para ampliar seu vocabulário, treinando o uso do sistema de
numeração em LIBRAS. Os sinais abaixo foram exemplificados, segundo
Capovilla (2006).

24 ABRIL 2002

LEI 10.436

PRESIDENTE DEVER

CONGRESSO COMUNICAR

LIBRAS SANCIONAR

107
Língua Brasileira de Sinais - Libras

DECRETAR USO NATURAL

IDÉIA LINGUÍSTICO

PRÓPRIA FEDERAL

APOIAR DIFUSÃO

FONOAUDIOLOGIA MUNICIPAL

ESTADUAL

108
Sistema de numeração em LIBRAS
Aula

COMENTÁRIO SOBRE A ATIVIDADE


9
Conhecer e compreender o que dizem as leis é muito importante
para que a acessibilidade da pessoa surda seja respeitada assim como
a Língua Brasileira de Sinais e os seus benefícios.

Sugestão:
Consulte o Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe da Língua de Sinais
Brasileira, disponível na BICEN/BIBUFS.

REFERÊNCIAS
CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D. (Org.). Dicionário Enciclopédico
Ilustrado Trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira. 3. ed. São Paulo,
SP: Edusp/ MEC, 2006.
FERREIRA-BRITO, Lucinda. Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.
In: RINALDI, Giuseppi et al. Brasil, Secretaria de Educação Especial –
Deficiência Auditiva - Série Atualidades Pedagógicas. Brasília: SEESP, 1997.
FERREIRA BRITO & LANGEVIN. Por uma gramática de língua de
sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro UFRJ, 1995
FILIPE, Tânia Amara. Libras Em Contexto, livro do estudante
cursista. Brasília Programa Nacional de Apoio a educação dos Surdos,
MEC;SEESP, 2001.

109
Aula

SURDEZ, EDUCAÇÃO E
INCLUSÃO SOCIAL

META
Discutir os meios para a equiparação de oportunidades entre surdos e ouvintes

OBJETIVOS
Ao nal desta aula, o aluno deverá:
compreender as peculiaridades da educação e da inclusão social e educacional do
surdo.

OBRIGAD@
Língua Brasileira de Sinais - Libras

SURDEZ, EDUCAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL


O termo inclusão, em sua amplitude, pode relacionar-se a implantações
e às implementações de políticas públicas voltadas principalmente à prática
da cidadania, incentivando respeito e valorizando as diferenças. No contexto
escolar, a inclusão pressupõe acessibilidade arquitetônica, comunicacional,
metodológica, instrumental, programática e atitudinal.
A questão da inclusão não é algo que envolve apenas a surdez, mas se
refere a uma reflexão mais ampla sobre a sociedade, buscando formas de
melhorar o relacionamento entre os sujeitos, reforçando identidades cult-
urais independentemente de diferenças linguísticas, religiosas, entre outras.
Propõe uma reflexão sobre a convivência harmoniosa dentro das diferenças
ampliando os conhecimentos sobre a realidade cultural dos grupos sociais,
sem restrições ou exigências de adaptações às regras de grupos majoritários.
A inclusão educacional das pessoas surdas tem sido polêmica, di-
vidindo opiniões. Pesquisas ressaltam que a educação de surdos na escola
regular valoriza as diferenças no convívio social. Poker (2001) afirma que
“as trocas simbólicas provocam a capacidade representativa desses alunos,
favorecendo o desenvolvimento do pensamento e do conhecimento em
ambiente heterogêneo de aprendizagem”.
No entanto, existem posições contrárias à inclusão desses nas turmas do
ensino regular, em decorrência da compreensão das formas de representação
da surdez como incapacidade ou de propostas pedagógicas cristalizadas
numa cultura majoritária dominante, que não considera a diversidade. Ainda
não se chegou a um consenso a respeito da melhor abordagem educativa
a respeito da educação dos surdos. As correntes monolíngues e bilíngues
travam acirrados debates a respeito desse tipo de educação. Além da opção
da língua existem os que pensam que a escola de surdos deve ser segregada,
outros que deve ser inclusiva, isto é, em turmas exclusivas de surdos ou em
turmas inclusivas. Conforme Skliar (1999): “essas posições contrárias ale-
gam que o modelo excludente das classes especiais estão sendo substituídos
por outro, em nome da inclusão, que não respeita a identidade surda, sua
cultura, sua comunidade”.
A Declaração de Salamanca (1994) preconiza uma educação inclusiva
onde todas as crianças podem aprender juntas, independentemente de suas
condições físicas, intelectuais, sociais, raciais, linguísticas, entre outras. No
caso do surdo, sua educação é prevista em sua língua nacional de signos, a
Língua de Sinais. Para Carvalho (2004),

não basta colocar as pessoas com deficiência em classes regulares,


se faz necessário assegurar-lhes garantias e práticas pedagógicas que
rompam as barreiras de aprendizagem a fim de não se fazer uma
educação excludente.

112
Surdez, educação e inclusão social
Aula

De acordo com a Política Nacional de Educação Especial, na perspectiva


da Educação Inclusiva (2008), os surdos devem ser incluídos em turmas de
ensino regular. A escola, os professores e especialistas devem oferecer os
10
seguintes serviços: Professor Intérprete Portuguesa/LIBRAS, na sala de
aula; aula de LIBRAS no turno contrário em salas de recursos, de acordo
com o nível em que o aluno se encontra; aula de Língua Portuguesa com
professor especialista em ensino Língua Portuguesa, modalidade oral e
escrita, quanto na língua de sinais para surdos como Atendimento Educa-
cional Especializado.

CONCLUSÃO
Dentro desse panorama há necessidade de se observar a seguinte
questão: diferentemente dos ouvintes, grande parte das crianças surdas
entram na escola sem aquisição de uma língua, uma vez que a maioria de-
las vem de famílias ouvintes que não conhecem ou não usam a Língua de
Sinais. Portanto, no caso do Brasil a necessidade de que a LIBRAS- Língua
Brasileira de Sinais seja, no contexto escolar, não só língua de instrução,
mas, disciplina a ser ensinada, pois a aquisição LIBRAS como primeira
língua das crianças surdas propicia a aquisição da Língua Portuguesa, se-
gunda língua, valoriza as diferenças e contribui para o desenvolvimento
das funções comunicativas e cognitiva.

RESUMO
A escola é imprescindível na formação dos sujeitos em todos os seus
aspectos. É um lugar de aprendizagem, de diferenças e de trocas de conhe-
cimento, de construção de identidade, de fomentação cultural, precisando,
portanto, atender a todos sem distinção, eliminando consideravelmente
fracasso, discriminação e exclusão. Por essa razão, o ensino de LIBRAS
deve ser incluído desde as séries iniciais para que o surdo possa adquirir
a sua primeira língua e posteriormente receber informações pertinentes à
segunda. Em Quadros (1997), “a implementação de uma proposta bilíngue–
bicultural no Brasil exige das escolas a abertura de espaços para profissionais
que possam servir de modelo linguístico e cultural para alunos surdos e que
atendam aos pressupostos da educação bilíngue”.

ATIVIDADE
Faça um fichamento do livro: Formação Continuada a Distância de
Professores para o Atendimento Educacional Especializado. Disponível
em http://www.dominiopublico.gov.br.

113
Língua Brasileira de Sinais - Libras

REFERÊNCIA
BOTELHO, Paula. Linguagem e Letramento na Educação de Surdos
– Ideologias e Práticas Pedagógicas, Belo Horizonte, Autêntica, 2002.
CARVALHO, Rosita Edler. Educação Inclusiva com os Pingos nos Is.
Porto Alegre, Mediação, 2004.
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, Espanha, 1994, disponível em
HTTP: //portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf acesso
em 30 de maio de 2009.
LEIS, DECRETOS E PORTARIAS. Disponível em: http://portal.mec.
gov.br/index.php?option=com_ content&view=article&id=12907. Acesso
em: 15 set. 2009.
PERLIN, Gladis T. T. Identidades Surdas. In: SKLIAR, Carlos (org).
A Surdez: Um Olhar Sobre as Diferenças, Porto Alegre, Mediação, 2005.
QUADROS, Ronice Muller de. Educação de Surdos: Aquisição da Lin-
guagem, Porto Alegre, Artes Medicas, 1997
REILY, Lúcia. Escola Inclusiva: linguagem e mediação, Campinas, Papi-
rus, 2004.
SILVA, Vilmar. As Representações do Ser Surdo no Contexto da Edu-
cação Bilíngue. In: QUADROS, Ronice Muller de (org). Estudos Surdos
III – Série de Pesquisas, Petrópolis, Arara Azul, 2008.
SKLIAR, Carlos (org). A Surdez: um olhar sobre as diferenças, Porto
Alegre, 2005, Mediação.
SOARES, Maria Aparecida Leite. Educação de Surdos no Brasil, Campi-
nas, Autores Associados, 1999.
QUADROS, Ronice Muller de (org). Estudos Surdos III – Série de Pes-
quisas, Petrópolis, Arara Azul, 2008.
Núcleo de Apoio à Inclusão do Aluno com Necessidades Educacio-
nais Especiais (NAI) PUC MINAS. Disponível em http://www. nai@
pucminas.br. Acesso em: 20 out. 2009.

114

Você também pode gostar