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LIBRAS
adaptada
Acadêmica Letícia Elen
AULA 1- HISTÓRICO DE LIBRAS
• Entender como as pessoas surdas conseguiram se adaptar em sociedade
• IDADE ANTIGA:
4000 a.C. no Egito Antigo: Os egípcios foram o povo que acolheram bastante o povo com
deficiência. Os surdos eram considerados como criaturas privilegiadas, enviados dos deuses
(não falavam e entendiam só a língua dos deuses e não a língua humana). Entretanto, não
tinham vida ativa e nem eram educados.
o Servos, trabalhos adaptados aos deficientes
o Surdos – comunicação superior
O filosofo Heródoto classificava os surdos como “seres castigados pelos deuses”
o Culto a perfeição (Roma e Grécia)
384 a.C. - Aristóteles (384-322): “... de todas as sensações, é a audição que contribui mais
para a inteligência e o conhecimento... portanto, os nascidos surdos se tornam insensatos e
naturalmente incapazes de razão”
o Ensinamentos falados
o Acolhidos pelas famílias, eram escondidos
• IDADE MÉDIA:
476 d.C. - Surdos eram sujeitos estranhos e motivo de curiosidade. Eram proibidos de receber
a comunhão por serem incapazes de se confessar, proibidos de casar entre si, de receber
herança e de votar. Muitas vezes eram marginalizados e escondidos pela família.
o Igreja católica
o Nobres beneficiavam-se por questões de herança → educação dos surdos
483 – 527 d.C. - Em Roma os surdos eram considerados castigados ou enfeitiçados, eram
abandonados. Era comum crianças surdas serem jogadas no rio Tibre, escravos nos moinhos
de trigo. Só sobreviviam os que os pais protegiam e escondiam.
o Penhascos e montanhas
• IDADE MODERNA:
1500 - Girolamo Cardano: médico filosofo tinha um filho surdo. Reconhecia a habilidade do
surdo para a razão, utilizava a língua de sinais e a escrita. “A surdez e a mudez não é o
impedimento para desenvolver a aprendizagem e que o meio melhor dos surdos
aprenderem é a escrita... É um crime não instruir um surdo”. Aqui surge o interesse em educar
surdos por serem filhos de ricos e a questão religiosa (poder e religião).
o Pessoas influentes (médicos) com filhos surdos → educação
1560 - Melchor de Yebra (1526 – 1586): Monge
franciscano de Madrid. Escreveu o livro “Refugium
Infirmorum” que descreve e ilustra o alfabeto manual da
época. Nessa época só os surdos que conseguiam falar
tinham direito à herança. Não é ele que consideramos
o precursor do alfabeto manual. Não foi tao relevante
para a história.
1584 - Pedro Ponce de Leon (1520 – 1584): Monge espanhol. Primeiras experiências de ensino
com educação de filhos de nobres. Uso da dactilologia (soletração manual), escrita e
oralização.
1620 - Espanhol Juan Pablo Bonet (1579 – 1633): PRIMEIRO ALFABETO MANUAL*. Precursor do
oralismo.
o Algumas letras usadas até hoje
o Similaridade
1741 - Jacob Rodrigues Pereira (1715 – 1780): Pioneiro (mas não o principal) do ensino de
surdos na França. Oralizou a irmã surda. Ensinou a leitura labial. É importante saber que: hoje
NEM TODOS OS SURDOS ENTENDEM A LEITURA LABIAL. “é só falar devagar que vai entender”
mentira!
1755 - Alemao Samuel Heinicke (1727 – 1790): Suas
ideias originaram a primeira escola pública para
surdos baseadas na língua oral. Fundador do oralismo.
Rejeição à língua de sinais. Ele tentava curar,
medicalização da surdez.
o Método alemão (fundador do oralismo)
o Entrave no histórico
1759 - Francês Charles Michel L’Epée (1712 – 1789): a língua de sinais francesa
é considerada precursora de todas as línguas de sinais existentes. Aproxima-
se dos surdos que andavam pelas ruas de Paris. Cria a primeira escola pública
para surdos = Instituto Nacional de Surdos-Mudos de Paris. Aprendeu os sinais
com duas irmãs gêmeas surdas. Resolveu melhorar a língua de sinais
aprendida (signes méthodiques). Melhora a comunicação e o
desenvolvimento intelectual dos surdos. Relacionado a questão religiosa. Não é linguagem
de sinais = é LÍNGUA DE SINAIS*.
o Forma de comunicação simples → transformada em língua organizada
o Saída dessas pessoas das ruas
• IDADE CONTEMPORÂNEA:
1802 - Jean Marc Gaspard Itard (1774 – 1838): Médico cirurgião e psiquiatra francês.
Começou testes para erradicação ou “diminuição” da surdez para que o surdo tivesse
acesso ao conhecimento. Achava que única maneira de salvar o surdo seria através do
desenvolvimento da fala. Dissecou cadáveres surdos. Aplicou cargas elétricas nos ouvidos
de surdos. Furou membranas timpânicas de alunos. Colocou cateteres nos ouvidos de alunos
em pesquisas. Fraturou o crânio de alguns alunos. Usou sanguessugas dentro dos ouvidos
(tratamento da moda).
1850 - Alexander Grahn Bell (1874 – 1922): Defensor do Oralismo (não era muito a favor da
língua de sinais). Julgava a língua de Sinais imprecisa e inferior à fala. Língua de sinais apenas
como apoio à língua oral. A família dele tentava criar aparelhos para melhorar a vida dos
surdos. Sua esposa era surda. Criou o telefone.
o Família influente
BRASIL (1855): Eduard Huet (1822 – 1882): Professor surdo francês chega ao Brasil sob
aprovação de Dom Pedro II (reinado com políticas para deficientes: criou escola para
meninos cegos e crianças surdos). Pouco incentivo à educação dos surdos até então.
o Rio de Janeiro, inspirado em L’Epee
1857 - Fundação da primeira escola para educação para os surdos em 26 de setembro:
Collégio Nacional para Surdos-Mudos. Hoje: Instituto de Educação dos Surdos (INES).
o Protestos para manter a escola
BRASIL (1875) Flausino José da Gama: publica “Iconografia dos Sinais dos Surdos-Mudos”
primeiro dicionário e língua de sinais no Brasil.
o “apostila”
26 de setembro: dia Nacional da surdez*
Congresso de Milão – Itália – 1880: Participantes ouvintes envolvidos na educação dos surdos
para decidir qual método utilizado na educação de surdos: oralismo ou língua de sinais.
Influência de Alexander Graham Bell. Resultado: PROIBIÇÃO DA LÍNGIA DE SINAIS NA
EDUCAÇÃO DOS SURDOS. Corrente oralista. Interesses políticos, econômicos filosóficos e
religiosos; Avanços da medicina; Surdez sendo considerada uma anomalia orgânica, sujeita
à cura. Muita gente envolvida, mas poucos surdos convidados.
o Votação com pouquíssimos surdos
1960 - Linguista William Stokoe (1920-2000): Sistematiza os primeiros estudos científicos
referentes à Lingua de Sinais Americana – ASL. Surge uma concepção sócio-antropológica:
surdez como experiência visual, diferença linguística e cultural, comunidade linguística
minoritária, compartilham uma linguagem e valores culturais, socialização, identidade
grupal, auto-reconhecimento e identificação como surdo.
o Língua de sinais não conjuga verbos, é mais “simples” como o inglês
BRASIL (1987) - Fundada a FENEIS no Rio de Janeiro: Federação Nacional de Educação e
Integração dos Surdos. Quando tentaram fechar o INES, tiveram as manifestações.
1997 - Closed Caption (legenda oculta). Iniciada pela primeira vez no Brasil, na Rede Globo,
no Jornal Nacional em setembro. Outros canais começam a aderir. Até então, para o surdo
se informar ele tinha que comprar jornal em papel para ler ou ter alguém em casa para
passar a noticia para ele.
1998 - Movimentos sociais. Luta pelo reconhecimento da diferença linguística. Luta por
direitos. Estados brasileiros começam a reconhecer a Libras como Língua – Paraná* Lei
Estadual 12.095/1998. Considera libras a segunda língua oficial do Paraná.
2002 - O Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, sanciona em 24 de abril, a lei
que reconhece a Libras como língua oficial.
❖ Abril de 2002 – Lei º10.436 de 24 de abril de 2002, Dispõe sobre a Língua Brasileira de
Sinais – Libras Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a
Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
2005 - Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005 (define quem é o indivíduo surdo, que
vai precisar de intérprete e professor, ou seja, o ensino) - Dispõe do surdo como aquele que
interage com o mundo por meio de experiências visuais; Usa a Libras; Libras como disciplina
curricular obrigatória nos cursos de formação de professores (licenciatura) e de
Fonoaudiologia, e optativa nos demais cursos; Formação de professores, instrutores e
intérpretes de Libras.
o Tempo para inserir
2006 – Iniciado primeiro curso universitário de LETRAS/LIBRAS na modalidade licenciatura da
UFSC em Florianópolis – SC
2008 – Bacharel em LETRAS/LIBRAS (formação de tradutores e intérpretes)
*Receptor no osso temporal (uma parte é raspada para acomodação da parte interna do
aparelho) + parte externa, que fica fixa por um imã (mas a pessoa pode tirar essa parte externa)
*A existência do nervo auditivo é obrigatória
*Hiperexcitação dos neurônios pode causar dor de cabeça, cansaço mental, por isso
recomenda-se que se faça o procedimento em crianças, não em adultos
• SURDO-CEGUEIRA (deficiência múltipla)
A pessoa surdo-cega é "aquela que tem uma perda substancial da visão e da audição, de
tal forma que a combinação das duas deficiências cause extrema dificuldade na conquista
de metas educacionais, vocacionais, de lazer e sociais. Meio de comunicação é o TATO.
• 1 – Configurações de mãos
São as formas das mãos (como a mãe está), que pode ser da datilologia ou outras formas
feitas pela mão predominante. Basicamente, é como a mão está posicionada na hora de
“falar”, não se aplica apenas as letras do alfabeto (“mão em B”), há várias configurações de
mão (mais de 60 tipos) que entram como parâmetro.
Ex.: Y: desculpa, evitar e azar (esses 3 sinais usam a mesma configuração de mão)
C: comunicação, quente, rápido
• 2 - Ponto de articulação
Local onde é feito o sinal, é o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo
esta tocar alguma parte do corpo (tem sempre que considerar a mão dominante, por
exemplo, os sinais de algumas cores usavam o dorso na mão não dominante) ou estar no
espaço (sem encostar em nenhuma parte do corpo, sem depender de uma parte específica
do corpo para fazer sentido, ou seja, o sinal não precisa ser feito na frente da testa para que
o seu significado seja entendido, ou no peito como “gostar”. “A mão fica voando”).
Ex.: Espaço: trabalhar, brincar, libras
Testa: aprender, bobo
Peito: ter, meu, eu
• 3 - Movimento
Os sinais podem ter movimento ou não. Os sinais ditos estáticos, eles não ficam totalmente
parados, porque você vai precisar fazer algum movimento para executá-lo, mas a
configuração final é estática.
Ex.: Movimento: rir, conhecer, viajar, festa
Estáticos: sentar, em pé, castigo
• 4 – Orientação/direção
Os sinais podem ter uma direção e a inversão desta pode significar ideia de oposição,
contrário ou concordância número-pessoal. Se o sinal tem movimento, ele tem uma
orientação, já os estáticos não têm orientação
Direita: nome, direita; p/ baixo: tarde Ex.: Obrigado, avisar você/avisar-me (“te avisar” vai
fazer o sinal de “Y” encostando o polegar no queixo e levando a mão para frente, mas se
você fizer o movimento contrário, de forma que mantém a mesma configuração de mão,
mas você aproxima ao invés de afastar e com o quinto dedo apontado em sua direção – no
“te avisar” era o polegar apontando para você – muda o sentido, significando “avisar-me)
• BÔNUS
Sinais icônicos → como o sinal é feito já é um ícone que significa (bebê, casa, dirigir) – você
olha e já vê na hora o que é. Ex: vermelho não é um sinal icônico
NÃO entram nos parâmetros. Representam o sinal por sua execução, definindo o ícone.
São aqueles sinais possíveis de serem entendidos mesmo sem ter conhecimento em libras.
Ex.: bebê (como se estivesse embalando um bebê nos braços), casa (juntar as mãos, como
se formasse o telhado da casa), dirigir (como se as mãos estivessem no volante do carro).
Questões relacionadas a escrita
Quando se lê um texto/roteiro de libras, a parte do português é escrito normalmente
(respeitando todas as regras ortográficas), mas quando uma frase é para ser executada em
libras, as palavras são escritas TODAS em letras maiúsculas, essa é uma forma de diferenciar
o que seria em libras e o que seria língua portuguesa na hora de escrever.
Ex.: Língua portuguesa/Libras
Meu nome é José/MEU NOME JOSÉ → J-O-S-É
Outra questão relacionada a escrita é o gênero, por exemplo, no português para diferenciar
professor de professora, usa-se o A, contudo em libras quando cabe o gênero em uma
palavra é usado “@” no final (PROFESSOR@), dando a entender que pode ser professor ou
professora; nos casos em que é identificado o gênero, escreve-se normalmente (ex.: a
professora de biologia faltou hoje, ficaria: PROFESSORA BIOLOGIA FALTAR HOJE)
CLASSIFICADOR: “fila grande”, ao invés de colocar o sinal de grande, “aumentar o sinal de
fila”, pilha de papel
@: significa que a palavra cabe gênero. Ex: Medic@