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LÍNGUA

BRASILEIRA DE
SINAIS - LIBRAS
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS E O INTÉRPRETE DE
LIBRAS

Unidade de Aprendizagem 6

Patrícia Tomaz Mattão Rodrigues


APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo!

Estamos chegando ao final da nossa viagem ao universo do surdo, e


durante toda esta trajetória descobrimos um mundo novo. Por se tratar
de uma nova língua, fez-se necessário mergulhar na história. Com isso,
aprendemos acerca do processo histórico a fisiologia da audição, níveis
de surdez, datilologia, os aspectos gramaticais e os sinais em Libras.

Nesta unidade de aprendizagem, abordaremos a inclusão dos surdos e


a atuação do intérprete de Libras. Nesse sentido, iremos discutir alguns
aspectos legais que garantem ao surdo os seus direitos. Na unidade
anterior, aprendemos sobre os classificadores e suas características,
além dos sinais em Libras sobre os membros familiares.

Bons estudos!

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CONHEÇA O
CONTEUDISTA
Patrícia Tomaz Mattão Rodrigues

Possuo graduação em Pedagogia pelo Centro Universitário ICESP, sou


especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade
Albert Einstein. Possuo experiência na área da educação, atuando e
pesquisando os seguintes temas: formação de professores, linguagem,
processamento auditivo, educação inclusiva e língua brasileira de sinais.
Em busca de aprimorar o atendimento à pessoa com surdez, conclui a
segunda graduação em Fonoaudiologia, pelo Centro Universitário
Planalto do Distrito Federal – UNIPLAN. Estou cursando pós-graduação
em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) a pessoas com TEA no
contexto clínico.

Sou professora titular do Centro Universitário ICESP, desde 2010, nos


cursos de Pedagogia e Enfermagem com as disciplinas de LIBRAS,
Alfabetização e letramento, Ludicidade: movimento e corporeidade,
Didática, Planejamento, Metodologia de Ciências, Estágio II e TCC. Atuo
como professora do Ensino Fundamental I (alfabetização) e realizo
atendimento fonoaudiológico na área da linguagem, comunicação,
dislexia, TDAH (Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade), TPAC
(Transtorno no processamento auditivo central), TEA (Transtorno do
Espectro Autista) e gagueira.

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UNIDADE DE
APRENDIZAGEM 6

OBJETIVO DA UNIDADE:

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deverá apresentar os


seguintes aprendizados:

Conhecer as leis de inclusão para o surdo como direito assegurado;


Conhecer a importância do intérprete de Libras;
Aprender os sinais em Libras;
Reconhecer e praticar os sinais.

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INTRODUÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, iremos retomar o contexto histórico


focando nas leis de inclusão para o surdo, enfatizando o direito do
surdo no contexto social. Na Unidade de Aprendizagem I, aprendemos
sobre a trajetória histórica do surdo no decorrer de várias décadas; com
isso, tivemos a oportunidade de refletir sobre a contribuição do
desenvolvimento social, desmistificando conceitos acerca da pessoa com
surdez.

Retoma-se, aqui, à primeira visão social acerca do surdo no século XII, de


que os surdos não tinham direito à herança, não frequentavam nenhum
meio social e eram proibidos de se casar. Na Idade Média, com o
feudalismo, os surdos começaram a ter atenção diferenciada pelo Clero,
pois havia uma preocupação por não realizarem a confissão;
acreditavam que não apresentavam uma língua estruturante para seu
pensamento. Nos mosteiros da Igreja havia religiosos, padres e monges
que utilizavam uma língua gestual rudimentar, devido ao voto do
silêncio. Esses religiosos tinham a missão de educar os filhos surdos dos
nobres. Com o passar dos anos, tivemos grandes transformações na
história do surdo; um dos marcos relevantes foi o Congresso de Milão
em 1880, no qual foi discutido o melhor método de comunicação para o
surdo, considerando que as discussões acerca do melhor método
favorecem uma participação social e política da comunidade surda para
lutarem por seus direitos.

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LEIS DE INCLUSÃO

A comunidade surda, durante várias décadas, vem alcançando


conquistas imensuráveis. Iniciamos com a Declaração dos Direitos
Humanos, em 1948, que descreveu a necessidade de reconhecer o
direito das pessoas com deficiência; infelizmente, não havia
especificidade. No Brasil, há documentos legais que fortaleceram a
inclusão, principalmente no contexto educacional do surdo, por
exemplo:

Constituição Federal (BRASIL, 1988);


Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de
deficiência, instituindo a tutela jurisdicional de interesses coletivos
ou difusos dessas pessoas e disciplinando a atuação do Ministério
Público;
Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Declaração de
Jomtien, UNESCO, 1990);
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90);
Declaração de Salamanca, em 1994, delibera sobre princípios,
política e práticas para as necessidades educativas especiais, com
objetivo de orientar a prática de equalização de oportunidades para
as pessoas com deficiência;
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96);
Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência (Convenção
da Guatemala, Decreto nº 3.956/2001);
Decreto nº 6.571/2008, que dispõe sobre o atendimento educacional
especializado, regulamentando o parágrafo único do art. 60 da Lei
no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e acrescentando dispositivo
ao Decreto no 6.253, de 13 de novembro de 2007;
Decreto nº 6.949/2009, que promulga a Convenção Internacional
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo
Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007.

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A luta pelo reconhecimento dos direitos do surdo tem ganhado força e


amparo legal nas últimas décadas; apresentou as leis e os decretos
específicos para a pessoa com surdez ao longo dos anos.

Conselho Nacional de Trânsito – Contran. Resolução nº734/1989

Art.54 – O candidato à obtenção de carteira nacional de habilitação,


portador de deficiência auditiva igual ou superior a 40 decibéis,
considerado apto no exame otoneurológico, só poderá dirigir veículo
automotor das categorias A ou B.

Parágrafo 1º: Os veículos automotores dirigidos por condutores com a


deficiência auditiva de que trata este, deverão estar equipados com
espelho retrovisor interno que permita a visão da via, quando se tratar
de veículo de 4 rodas ou mais.

Parágrafo 2º os condutores de veículos automotores habilitados nas


categorias C e D e que, na renovação de exame de sanidade física e
mental, vierem a acusar deficiência auditiva igual ou superior a 40
decibéis, estão impedidos para a direção de veículos dessas categorias.

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Lei Nº 8160 de 08 de janeiro de 1991 – Dispõe sobre a


caracterização de símbolo que permita a identificação de pessoas
portadoras de deficiência auditiva“.

Art. 1º. É obrigatória a colocação, de forma visível, do “Símbolo


Internacional de Surdez” em todos os locais que possibilitem acesso,
circulação e utilização por pessoas portadoras de deficiência auditiva, e
em todos os serviços que forem postos à sua disposição ou que
possibilitem o seu uso.

Art. 2º. O “Símbolo Internacional de Surdez” deverá ser colocado,


obrigatoriamente, em local visível ao público, não sendo permitida
nenhuma modificação ou adição ao desenho reproduzido no anexo a
esta Lei.

Art. 3º. É proibida a utilização do “Símbolo Internacional de Surdez” para


finalidade outra que não seja a de identificar, assinalar ou indicar local
ou serviço habilitado ao uso de pessoas portadoras de deficiência
auditiva.

Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica à


reprodução do símbolo em publicações e outros meios de comunicação
relevantes para os interesses do deficiente auditivo, a exemplo de
adesivos específicos para veículos por ele conduzidos.

Símbolo Internacional de Surdez

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Decreto nº 2.592 de 15 de maio de 1998 – Aprova o Plano Geral de


Metas para a Universalização do Serviço Telefônico Fixo Comutado
Prestado no Regime Público.

Art. 10. A Concessionária do Serviço Telefônico Fixo Comutado na


modalidade Local deverá assegurar que, nas localidades onde o serviço
estiver disponível, pelo menos dois por cento dos Telefones de Uso
Público sejam adaptados para uso por deficientes auditivos e da fala e
para os que utilizam cadeira de rodas, mediante solicitação dos
interessados, observados os critérios estabelecidos na regulamentação,
inclusive quanto à sua localização e destinação.

PORTARIA nº 1.679, de 2 de dezembro de 1999 – Dispõe sobre


requisitos de acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências,
para instruir os processos de autorização e de reconhecimento de
cursos, e de credenciamento de instituições. O MINISTRO DE
ESTADO DA EDUCAÇÃO, no uso de suas atribuições, considerando o
disposto na Lei nº 9.131, de 24 de novembro de 1995, na Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, e no Decreto nº 2.306, de 19 de
agosto de 1997, e considerando ainda a necessidade de assegurar
aos portadores de deficiência física e sensorial condições básicas de
acesso ao ensino superior, de mobilidade e de utilização de
equipamentos e instalações das instituições de ensino.

Art 2º. A Secretaria de Educação Superior deste Ministério, com o apoio


técnico da Secretaria de Educação Especial, estabelecerá os requisitos,
tendo como referência a Norma Brasil 9050, da Associação Brasileira de
Normas Técnicas, que trata da Acessibilidade de Pessoas Portadoras de
Deficiências e Edificações, Espaço, Mobiliário e Equipamentos Urbanos.
Parágrafo único. Os requisitos estabelecidos na forma do caput, deverão
contemplar, no mínimo:

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c) para alunos com deficiência auditiva - Compromisso formal da


instituição de proporcionar, caso seja solicitada, desde o acesso até a
conclusão do curso:
- Quando necessário, intérpretes de língua de sinais/língua portuguesa,
especialmente quando da realização de provas ou sua revisão,
complementando a avaliação expressa em texto escrito ou quando este
não tenha expressado o real conhecimento do aluno;
- Flexibilidade na correção das provas escritas, valorizando o conteúdo
semântico;
- Aprendizado da língua portuguesa, principalmente, na modalidade
escrita, (para o uso de vocabulário pertinente às matérias do curso em
que o estudante estiver matriculado);
- Materiais de informações aos professores para que se esclareça a
especificidade linguística dos surdos.

Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999


Art.4º é considerada pessoa portadora de deficiência aquela que
enquadrar nas seguintes categorias:
1. De 25 a 40 debicais (d.b) – surdez leve;
2. De 41 a 55 (d.b) – surdez moderada;
3. De 56 a 70 (d.b) – surdez acentuada;
4. De 71 a 90 (d.b) – surdez severa;
5. De acima de 91 (d.b) – surdez profunda;
6. Acanhais (profunda).

Lei Nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Regulamento estabelece


normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade
das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida,
e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber
que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

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CAPÍTULO VII - DA ACESSIBILIDADE NOS SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO E


SINALIZAÇÃO

Art. 17. O Poder Público promoverá a eliminação de barreiras na


comunicação e estabelecerá mecanismos e alternativas técnicas que
tornem acessíveis os sistemas de comunicação e sinalização às pessoas
portadoras de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação,
para garantir-lhes o direito de acesso à informação, à comunicação, ao
trabalho, à educação, ao transporte, à cultura, ao esporte e ao lazer.

Art. 18. O Poder Público implementará a formação de profissionais


intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-
intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à pessoa
portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação.
Regulamento

Art. 19. Os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens


adotarão plano de medidas técnicas com o objetivo de permitir o uso da
linguagem de sinais ou outra subtitulação, para garantir o direito de
acesso à informação às pessoas portadoras de deficiência auditiva, na
forma e no prazo previstos em regulamento.

Lei Nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Regulamento Dispõe sobre a


Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. O
PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional
decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a


Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela
associados.

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I – garantir a universalização do atendimento especializado de


educandos portadores de deficiência cuja situação não permita a
integração em classes comuns de ensino regular;

II – garantir, progressivamente, a inserção dos educandos portadores de


deficiência nas classes comuns de ensino regular.

Lei Nº 4.304 de 07 de abril de 2004. Dispõe sobre a utilização de


recursos visuais, destinados às pessoas com deficiência auditiva, na
veiculação de propaganda oficial. A assembleia legislativa do estado
do Rio de Janeiro, decreta:

Art. 1º – As comunicações oficiais de campanhas, programas, informes,


publicidades e atos da administração direta e indireta do Estado,
difundidas pela televisão, deverão conter subtitulação (legendas) e terão
tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), a fim de
assegurar sua compreensão pelos portadores de deficiência auditiva,
em consonância com o disposto no art. 19 da Lei Federal N.º
10.098/2000.

Lei nº 4.309, de 14 de abril de 2004. Dorj 15.4.04 dispõe sobre o


ingresso de pessoas com deficiência auditiva nas universidades
públicas estaduais.

Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no


10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira
de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro
de 2000.

CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o - Este Decreto regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de


2002, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

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Lei nº 4.309, de 14 de abril de 2004. Dorj 15.4.04 dispõe sobre o


ingresso de pessoas com deficiência auditiva nas universidades
públicas estaduais.

Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no


10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira
de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro
de 2000.

CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o - Este Decreto regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de


2002, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

Art. 2o - Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela


que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por
meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente
pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras.

Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral,


parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por
audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.

CAPÍTULO II - DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR


CAPÍTULO III - DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIBRAS E DO
INSTRUTOR DE LIBRAS

Lei nº 11.796, de 29 de outubro de 2008 - Institui o Dia Nacional dos


Surdos. O Presidente da República Faço saber que o Congresso
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Fica instituído o dia 26 de setembro de cada ano como o Dia


Nacional dos Surdos.

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Lei Nº 12.319, de 1º de setembro de 2010. - Regulamenta a profissão


de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. O
PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional
decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - Esta Lei regulamenta o exercício da profissão de Tradutor e


Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.

Art. 2º - O tradutor e intérprete terá competência para realizar


interpretação das 2 (duas) línguas de maneira simultânea ou consecutiva
e proficiência em tradução e interpretação da Libras e da Língua
Portuguesa.

Observa-se que tivemos grandes avanços acerca da inclusão e


acessibilidade do surdo no contexto social. Hoje, no Brasil, o surdo tem
conquistado espaço na sociedade, fazendo jus aos seus direitos e, com
isso, tendo autonomia. Dentre as leis citadas, aprofundar-nos-emos na
Lei nº 12.319 de 1º de setembro de 2010, que dispõe sobre o
profissional Intérprete da Língua Brasileira de Sinais.

INTÉRPRETE DA LIBRAS

Para conhecer um pouco mais sobre o intérprete, iremos iniciar com o


significado da palavra; no entanto, o dicionário Aurélio descreve que
interpretar é traduzir ou verter de língua estrangeira ou antiga,
exprimindo a mesma mensagem. Ainda o mesmo autor relata que o
intérprete é aquele que serve de língua ou de intermediário para fazer
compreender indivíduos que falam idiomas diferentes. Logo, o
Intérprete da Língua Sinais é aquele que interpreta de uma dada língua
de sinais para outra língua, ou desta outra língua para uma determinada
língua de sinais. (Quadros, p.8, 2004).

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Para atuação deste profissional, faz-se necessária a graduação em


Tradução e Interpretação. No decreto n° 5.626 de 22 de dezembro de
2005, em seu Capítulo V, fica clara a exigência para se tornar um
intérprete. O artigo 17 do decreto relata que “A formação do tradutor e
intérprete de Libras – Língua Portuguesa deve efetivar-se por meio de
curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras –
Língua Portuguesa.” Infelizmente, o curso descrito no decreto não é
acessível aos profissionais que já atuam como intérpretes; sendo assim,
a Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – FENEIS, em
seu documento “O que é intérprete de língua de Sinais para pessoas
surdas?” (FENEIS, 1995) define a base de formação para atuação. São
elas:

Ter competência na Língua Portuguesa e na Língua Brasileira de


Sinais;
Possuir no mínimo o ensino médio completo, mas preferencialmente
ensino superior;
Ser membro ativo da Associação de Surdos local;
Possuir certificado expedido pela FENEIS;
Possuir certificado Exame PROLIBRAS – MEC;
Possuir alguma noção de outro idioma estrangeiro;
Ter noções suficientes de linguística, comunicação e técnicas de
tradução e interpretação;
Ter contato com surdos adultos com frequência comprovada;
Ter disponibilidade de tempo para estar presente onde se fizer
necessário.

Outro ponto muito importante para o profissional é a postura ética, pois


a função de traduzir/interpretar, dado que a atuação do intérprete é
baseada na interação e necessita da imparcialidade, é mediar a
comunicação entre os sujeitos. Deverá seguir criteriosamente o Código
de ética, o regimento interno do Departamento Nacional de Intérprete
da FENEIS/Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos.
Cabe ao intérprete sigilo, discrição, distância e fidelidade a mensagem
interpretada.

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O Código de Ética do Intérprete de Libras foi aprovado no 1º Encontro


Nacional de Intérpretes, realizado em 5 e 6 de novembro de 1992,
durante o DEF’RIO/92 na cidade do Rio de Janeiro (FENEIS- Federação
Nacional de Educação e Integração dos Surdos). Este é composto por 12
itens que fomentam a atuação deste profissional.

CÓDIGO DE ÉTICA DO INTÉRPRETE

1) O intérprete será uma pessoa de alto caráter moral, honesto,


confiável, consciente e de maturidade emocional. Ele guardará
informações confidenciais e não trairá confidências as quais foram
reveladas a ele.
2) O Intérprete manterá imparcialidade ou atitudes neutras durante o
decorrer da sua interpretação, evitando impor seus próprios pontos de
vista, a menos que lhe perguntem sua opinião.
3) O intérprete interpretará fielmente e da melhor maneira possível
sempre transmitindo o pensamento, intento e o espírito do falante. Ele
deverá lembrar os limites de sua particular função e não ir além da sua
responsabilidade.
4) O intérprete deverá reconhecer seu próprio nível de competência e
usar discrição em aceitar tarefas, procurando a assistência de outro
intérprete quando necessário.
5) O intérprete deverá adotar um modo conservador de se vestir,
mantendo a dignidade da sua profissão e não chamar atenção sobre si
mesmo.
6) O intérprete deverá usar discrição no caso de aceitar remuneração de
serviços e ser voluntário, onde fundos não estão disponíveis.
7) O intérprete jamais deverá encorajar pessoas surdas a buscarem
decisões legais ou outras que lhe favoreçam, simplesmente pelo fato do
intérprete ser simpático ao surdo.

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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

8) Em caso legal de interpretação, o intérprete deverá informar a corte


quando o nível de compreensão da pessoa surda envolvida é tal, que
interpretação literal não é possível e o intérprete terá de parafrasear
grosseiramente e reafirmar ambos: o que é dito ao surdo e o que o
surdo está dizendo à corte.
9) O intérprete deverá se esforçar para reconhecer os vários tipos de
recursos necessários a uma compreensão adequada por parte do surdo.
Aqueles que não conhecem a língua de sinais poderão requisitar
assistência de comunicação escrita. Aqueles que conhecem a língua de
sinais poderão ser assistidos pela tradução (interpretação oral da
palavra original), ou interpretação (parafraseando, definindo, explicando
ou fazendo conhecer a vontade do palestrante, sem considerar a
linguagem original usada).
10) Reconhecendo a necessidade do seu desenvolvimento profissional,
o intérprete irá se agrupar a colegas da área com o propósito de
compartilhar novos conhecimentos. Procurará compreender as
implicações da surdez e as necessidades particulares da pessoa surda.
Desenvolver suas capacidades expressivas e receptivas em
interpretação e tradução.
11) O intérprete deverá procurar manter a dignidade e a pureza da
língua de sinais. Ele também deverá estar pronto para aprender e
aceitar sinais novos, se isto for necessário para o entendimento.
12) O intérprete deverá se responsabilizar, sempre que possível, pela
manutenção do respeito do público ao surdo. Reconhecendo que
muitos equívocos (má informação) têm surgido pela falta de
conhecimento na área da surdez e do tipo de comunicação utilizada
pelos surdos.

PRATICANDO...

Sinais em Libras - Adjetivos

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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

Sinais em Libras – Meios de transporte

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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

Sinais em Libras – Meios de transporte

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Concluindo a Unidade

Ufa… concluímos o segundo módulo de aprendizagem com muito


conhecimento a ser propagado. Finalizamos a disciplina de Libras com
muita dedicação e troca de conhecimento. Sei que não foi fácil, pois
aprender uma nova língua requer desconstruir alguns paradigmas, mas
tenho certeza de que você superou todos os obstáculos e logo estará
aprimorando o seu conhecimento acerca da Língua Brasileira de Sinais.

Espero imensamente que a disciplina tenha sido prazerosa e despertado


o significado da Libras à vida de cada um, com grandes descobertas e
conscientização acerca da nossa responsabilidade social enquanto
ouvintes, pois aprender uma segunda língua significa também conhecer
outra cultura, outra forma de ver o próximo e o mundo.

Agradeço pela convivência e até a próxima!!

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DICA DO
PROFESSOR
Nesta unidade de aprendizagem, conhecemos as Leis de Acessibilidade
e Inclusão em Libras. Apresento a vocês um vídeo muito didático sobre
o que estudamos. Para saber mais, assista ao vídeo a seguir:

Vídeo I - Adjetivos
https://youtu.be/6eFdF7jwRKk

Vídeo II – Meios de transporte


https://youtu.be/KUBDiT5-8UQ

Vídeo III – Meios de comunicação


https://youtu.be/PdnFz8kp-PY

Dicionário de Língua Brasileira de Sinais


http://www.acessobrasil.org.br/libras/

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO

1 – Quais as contribuições das leis de acessibilidade e inclusão do


surdo no contexto social?
.

2- Escreva três itens do Código de ética do Intérprete de Libras:


1-
2-
3-

25
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo


as sugestões do professor:
Site: Biblioteca INES

Link: .: SophiA Biblioteca - Terminal Web :. (ines.gov.br)

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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Decreto nº 5.626 de 22 de Dezembro de 2005. Regulamenta a


Lei nº 10.436 de 24 de Abril de 2002. Diário Oficial da União, Brasília,
2005.

______. Lei Federal nº 10.436 de 24 de Abril de 2002. Dispõe sobre a


Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Brasília, 2002.

FERREIRA, A. B. de H. Dicionário Aurélio da língua portuguesa. Rio de


Janeiro: Nova Fronteira, 2020.

QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de sinais


brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

__________, R. M. de. O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais


e língua portuguesa. Secretaria de Educação Especial, Programa
Nacional de Apoio à Educação de Surdos. Brasília: MEC, SEESP, 2004

POKER, Rosimar Bortolini. Troca simbólica e desenvolvimento cognitivo


em crianças surdas: uma proposta de intervenção educacional. UNESP,
2001. 363p. Tese de Doutorado

Secretaria de Fazenda, Planejamentos, Orçamento e Gestão. Curso


Básico de Libras. Escola de governo – GDF. http://www.egov.df.gov.br.
2019.

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