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Versão - Julho/2018
Este documento foi elaborado por lideranças surdas representadas em todo o país por meio de
um grupo de trabalho instituído a partir do Seminário Nacional do Inventário Nacional da
Língua Brasileira de Sinais (Ministério da Cultura/IPHAN, Instituto de Políticas
Linguísticas/IPOL e Universidade Federal de Santa Catarina) com demais lideranças surdas
brasileiras convidadas, constituindo um grupo de trabalho de líderes surdos estabelecidono
WhatsAppi
O documento contempla pessoas surdas, surdocegas e surdas com implante coclear usuários
de Libras
1 "0 WhatsApp é cibercultura e, enquanto ferramenta ou suporte tecnológico para uso no ciberespaço, está
inserido no meio social, modificando a forma como os sujeitos interagem com o mundo e com o outro.(...) O
WhatsApp, portanto, ao carregar e propagar os discursos de uma sociedade, veicula sentidos, inclusive pelo
próprio manuseio do aplicativo; ele é um suporte que disseminadiscursos, os insere em uma historicidade,
adquirindo uma ordem discursiva ou uma materialidade significativa."(BARBOSA, 201 6)
RESUMO
No mês de agosto de 2017, foi criado um grupo de trabalho(GT) com surdos de referência da
comunidade surda incluindo os professores surdos bilíngues de instituições federais com
representaçãonacional, com o objetivo de analisar, discutir e promover propostas que
efetivem a equidade social, cultural e linguística dos surdos nas diferentes instâncias com uma
propostaviável, tendo por base a perspectivae vivência da pessoa surdo. Este documento
apresentapolíticas no sentido de implementar o que está previsto na convenção dos direitos
humanos regulamentada pelo Decreto N' 6.949/2009, assim como a Lei l0.436/2002, o
Decreto 5.626/2005e o Plano Nacional de Educação, Lei 13.005/2014,e a Lei Brasileira de
Inclusão n' 13.146/2015(LBI) que prevê questões relacionadas com a Língua Brasileira de
Sinais (].,abras), o direito linguístico das pessoas surdas e a educação bilíngue (Libras e Língua
INTROD[J('ÃO
DE INTERVENÇÃO
2. PROPOSTAS
2.i NO ÂMBno ACADÊMiCO
2.2NO ÂMBITO EDUCACIONAL
2.3NO ÂMBITO SOCIAL
2.4NO ÂMBITO GO\ORNAMENTAL
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ANEXOS
Nota técnica de concursos públicos elaborado no ano de 2013.
Nota Técnica 01/2017 de atuação do tradutor, intérpretee guia-intérpretede Libras e
Língua Portuguesa em materiais audiovisuais televisivose virtuais elaborado no ano
de 2017.
INTRODUÇÃO
A proposta de criação deste documento partiu de uma discussão que ocorreu na rede
(2) propostas de intervenção com a perspectiva surda, tendo em vista ações que garantam a
e6etivação dos direitos humanos das pessoas surdos envolvendo diferentes níveis, entre eles:
acadêmico, educacional, social e govemamental.
i São pessoas tidas como r4erência dentro das comunidades por terem um conhecimento linguístico-culmral
destacado dos denmis indivíduos e por desempenharemuma função social de destaque.seja em decorrência de
seu conhecimentolinguístico-cultural e/ou em deconência de sua atuação na valorimção e promoção da língua
e (üz czl!/zzrnlza camzznízãade.(Guia do INDL, volume 1, página 41).
Seguindo os princípios da Convenção dos Direitos Humanos da ONU, regulamentada
no Brasil por meio do DecretoN' 6.949/2009e a cidadaniabrasileiraestabelecida
pela
Constituição Brasileira, os surdos devem ter garantido os seus direitos. O Decreto 5.626/2005
reconhecea pessoa como "aquela que, por ter perda auditiva,compreendee interagecom o
mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da
Língua Brasileira de Sinais - Libms". A Federação Mundial dos Surdos (World Federation for
the Deaf -- WFD) tem como sua principal prioridade, a garantia dos direitos humanos aos
surdos em todo, considerando os seguintesaspectos: (1) o respeito e aceitação da língua de
sinais; (2) a efetivação da educação bilíngue; (3) o Direito Linguístico em Língua de Sinais à
informação que circula socialmente; e(4) a interpretação de/para língua de sinais.
surdos. No entanto, as fomias de implementação das ações propostas precisam ser repensados.
Diante dos acontecimentos a partir de 2002, o presente GT apresentapropostas de intervenção
que garantam os direitos dos surdos de forma efetiva no Brasil. São poucas instituições que
entendem
a especiâlcidade
linguísticados surdose se organizam
paradesenvolver
a
comunicação com pessoas surdas por meio da Libras, apesar do seu reconhecimento legal.
Diante disso, foi estruturada,a partir das discussões entre surdos de referência do
Brasil, as propostas de intervenção para assegurar os direitos humanos das pessoas surdas
conforme apresentado na próxima parte do documento.
2. PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO
2.1.i Administl.atino
- a língua portuguesa não pode ser fator de exclusão dos surdos nos processos
seletivos;
- a língua portuguesa, quando integrar os processos de seleção, deve ser avaliado como
- para contratação de professores de Libras, deve ser dada prioridade aos professores
swdos, seguida da prioridadejá estabelecidapor meio do Decreto 5.626/2005a
formação de professores de Libras surdos;
os candidatosouvintes devem realizar as provas em Libras, considerandoa
pertinência da sua área na Libras;
- deve ser garantida a presença de intérpretes de Libras/Língua Portuguesa
devidamente qualinlcados;
- quando houver provas de Língua Portuguesa e redação, estas devem ser elaboradas
em português como segunda língua para surdos, garantindo-se a tradução para a Libras
quando pertinente e a correção da redação avaliada por uma banca com conhecimento
de pós-graduação;
- manter a prioridade aos surdos nos cursos de formação de professores de Libras
(Decreto 5.626/2005);
Língua Portuguesa);
- estabelecer a prioridade aos surdos para o ensino da Libras
planejamento das ações que envolvem a Libras e a participação das pessoas surdas
observandoa Convençãoda ONU, promulgadacom valor constitucional
peloDecretoN'
6.949, de 25 de agosto de 2009, que ratifica o papel de organizações representativas, como a
FENEIS, na elaboração e implementaçãode legislação e políticas educacionais das pessoas
com deficiência, quando, no inciso 3 do artigo 4, declara: 'Na elaboraçãoe implementaçãode
legislação e políticas para aplicar a presenteConvenção e em outros processos de tomada de
decisão relativos às pessoas çom deficiência, os Estados Partes realizarão consultas estreitas e
envolverão ativamentepessoas com deficiência, inclusive crianças com deõciência, por
intermédio de suas organizações representativas'
2.1.2 Deptlnamento/Unidade
b. Criação de cargos
- criação do cargo de assessortextual(Língua Portuguesae Libras) para que faça
assessoria textual na Língua Portuguesa para atenderas demandas dos professores
surdosem cada departamento
no qual estejamintegradoscom a ânalidadede
assessorar na elaboração de projetos, relatórios, memorandos, artigos e outros
trabalhos demandados pela universidade;
- criação do código de vaga para o revisor de textos bilíngues Libras/Língua
Portuguesa;
- criação de cargo de guia-intérpretee comunicador tátil(Libras/Língua Portuguesa)
para atender aos alunos e/ou professores surdocegos.
2. 1.3 Formação
2.2.1 ,Administrativo
- Gestor educacional bilíngue surdo ou ouvinte bilíngue para atuar na rede de ensino
a. Difusão da Libras
bilíngue para alunos surdos. No caso das crianças surdocegas e surdas com outros
comprometimentos,é necessário prever profissionais com fomiação específica,
prioritariamente surdos, além de serem fluentes na Libras.
b. Recursos e materiais pedagógicos
Toda a escola deverá ter no seu quadro administrativo( escola bilíngue e escolas pólos)
- O ensino aos surdos deve acontecer por meio de uma educação bilíngue confomie
Libras como L2 para os alunos ouvintes, no caso das escolas pólos e escolas inclusivas.
- Estabelecer parâmetros de referência de ensino de Libras como LI para a educação básica até
o ensino médio
- Estabelecer parâmetros de referência de ensino de Libras como L2.
- Ofertar fomlação sobre a carteira profissional de alunos surdos do ensino médio
maüiculados na rede de ensino com apresentação de diversos cursos superiores.
- Ofertar cursos preparatórios para o UNEM em Libras para os candidatos surdos
- Estender a obrigatoriedade da disciplina de Libras prevista pelo Decreto 5.626/2006
seguintes itens:
4) Viabilizar aos familiares da criança surda participar de cursos de Libras como L2,
bem como, o acesso a comunidade surda, por meio de programas sociais que incluam
visitas com orientaçõessobre a interação com a criança surda nas próprias
residências das famílias ou em ambiente que sejam familiares à criança.
8) Garantir que a criança surda aprenda a ler e escrever na Libras, por meio da escrita
de sinais - SignWriting, como forma de consolidar a relação com a escrita.
10) Criar projeto para subsidiar, direcionar metas e fomecer recomendações para
Educação de Surdos numa perspectiva da política linguística e educação de surdos,
contemplando
tambémo povo indígena,o povo da água(ribeirinha),os
aftodescendentes,
o povo cigano e demais povos surdos que tem sua língua no
contexto especíHlcoà sua cultura, assegurando assim a política linguística almejada.
- Realizar a avaliação/seleção/acompanhamento
de intérpretesde Libras por meio de
uma banca com profissionais incluindo surdos em parceria com a FEBRAPILS, para
profissionais.
- Calar uma comissão para validar
l 0 l r a atuação
monitorar r
aca dos proÊlssionais
l e
de intérprete e
tradutor de Libras
2.3.2 Acessibilidade
Pro©ssionais
Estes profissionais devem ter formação superior na área de Letras Libras Bacharelado e ou
áreas aümsreconhecidas por instituiçõesde fonnação e ou representativascomo a FENEIS e a
FEBJ{APILS.
2.2.3Formação
a. Pessoas surdas
Guia-IntérpreteLibras/Tátil/Língua Portuguesa
Tradutor e Intérprete surdo
Tradutor (escrita)
Tradutor (videoLibras)
2.4.1 ,4dministraãva
FEBRAPH,S).
- Os concursos para professores que irão aduarna área da Educação dos Surdos e seus
b. Acessibilidade Comunicacional
Idealizadores
Colaboradores
Dra. Ana Resina Souza e Campello - Membro do Mor/d cedera/ion oÍ/Ae .Deaf-- mD e
Instituto Nacional de Educação de Surdos/INES
Anderson Ferreira Carvalho - .4ssocíczçâodos Szzrdosde .4.BC
)\n\õdxnCampos de A-bten- Escola Estadia! Francisco Batespara SurdosBH/MG
Antonio Cardos de Cardoso - Universidade cedera/ de /'er/zambzzco/Z./FPE
FabiaXa, M.oxãxs Balbosa, - Universidade Federa! do Recôncavo da Sabia/UFRB
F alicXsço Rocha - Presidente da FENEIS
Dra. Gladis Perlin - C/níversidadecedera/ de Sa/zfaCzzfarína/t/FSC
Jackson da Silva Vale - ZI/diversidade do Es/ado do .4mazozzai/ZI/Z,4M
rosé Anal de i.\lna ]ülCint - Universidade Federal do Pemambuco/UFPE
Juliana Tasca Lohn - t/diversidade Federcz/ de Sa/z/a Cb/ari/za/ZI/FSC
Dra. Karin Lilian Strobel - C/níveis/ande .F'ede/"a/ de Sa/zfcz (bfarl/za/t/FSC
Kelly Samara Pereira Lemos - Universidade Estadual do Piauí4)y
Ms. Marmelo Lúcio Correia de Amorim - Universidade cedera/ do .Rio G/'a/zde da
Sul/UFRGS
Dra Mariana lsaac Campos - C/diversidade/'edema/de S2o Cbr/osWFSCar
Ms. Mytna SeXemo- UniversidadeFederal do Rio de Janeiro/UFRJ
M.s. NeXson'P\menta,- InstitutoNacional de Educação de Surdos/INES
Paulo Roberto Amaral Vieira -- .4ssocíação dos Surdos de São raiz/a
Ms. Rimar Ramalho regala - CJníversídade .1%dera/ de São (hr/osMFS(:HR
Ms. Rodrigo Nogueira Machado - C/nivers]dade]%de/"a/de Cbará - C/FC
Dr. Rodrigo Rosso Marquês - (/diversidade .ilQdera/ de Sa/zfa Ca/ar//zMFSC
Simone Patrícia Soares de Souza - t./niversídade f'edema/do Rfo Gra/zde do .Nb/"fe/27FM
Ms. Sylvia Lia Grespan Neves - .fhcu/dada de Cíé/zcias J14édícasda Sa/zfa Caia de São jazz/o
SênüaMa«a de (11)\\xeka,- Presidente da FEBRÀPiLS e Professora da rede Municipal de Belo
Horizonte
Ms. Thiago Albuquerque - Un/versidade Fede/a/ de Per/zambt/co/t/FPE - Comam
Ms. VanessaLimo Vidal - Z)!re/ora.Regíona/da /%mais/Cearáe C/níversídade
cedera/de
Cearã - UFC
Ms. Shir]ey Vi]ha]va -- C/n]versidade cedera/ de ]l/a/o Grosso do SuZ7UFMS
Entidades executantes/apoiadores
, Z,ei n' 3./4ó//5 - .[.B/. ]nstitui a Lei Brasileira de ]nc]usão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, 2015.
PAULA, Heloisa Vitoria de Castro de; PAULA, Maristela Vigente de. Direitos Humanos da Criança e
Adolescente um olhar histórico-social In: AVA
UFG- Catalão 2015. Disponível em:
Acossado em:13. ago.2015.
SASSAKI, R. K.. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 3. ed. Rio de Janeiro: WVA, 2007
PORTAjiIAS n' 1.060/2013 e n' 91/2013, contendo subsídios para a Política Linguística de
Educação Bilíngue Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa.Relatório do Grupo de
Trabalho (Página 19)
,ANEXOS
©
Vota Técnica 02/2017 - Sobre a contrataçãodo serviço de interpretaçãode
Libras/Português e pro$ssiottais Intérpretes de Libras/Português elaborado no ano de
2Q} 7.
©
Código de Conduta e Ética da Febrapits