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Educação Especial Inclusiva

LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E SURDEZ

Ms. Joilsom Saraiva


Tema:

LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E SURDEZ


Introdução:
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E SURDEZ
Declaração de Salamanca

• Até 1980: no Brasil, seguia-se a tendência mundial do atendimento


educacional separado com vias à integração.

• 1990: início de uma perspectiva de inclusão social, a partir de


algumas leis mundiais e nacionais.

• Declaração de Salamanca: documento elaborado na Conferência


Mundial sobre Educação Especial, em Salamanca, na Espanha, em
1994.
Declaração de Salamanca

• Objetivo: fornecer diretrizes básicas para a formulação e reforma de


políticas e sistemas educacionais de acordo com o movimento de
inclusão social.

• Durante a Conferência, estiveram presentes representantes de 88


governos e 25 organizações internacionais, as quais reafirmaram o
compromisso de uma Educação para Todos, dentro do sistema regular de
ensino.
Declaração de Salamanca

• 5 tópicos:

1- toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a


oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem;

2- toda criança possui características, interesses, habilidades e


necessidades de aprendizagem que são únicas;
Declaração de Salamanca

3- sistemas educacionais deveriam ser designados e programas


educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta
a vasta diversidade de tais características e necessidades;

4- aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à


escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia
centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades;
Declaração de Salamanca

5 - escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os


meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se
comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e
alcançando educação para todos; além disso, tais escolas proveem uma
educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em
última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional
(SALAMANCA, 1994, p. 1).
Declaração de Salamanca

• Atuação dos governantes: aprimoramento dos sistemas


educacionais.

• Defesa da inclusão das crianças com necessidades educacionais


especiais em escolas regulares, bem como a adequação dos métodos
de avaliação e a devida formação de professores para atuarem nesse
contexto de ensino.
Declaração de Salamanca

• Após sua introdução, a Declaração é dividida em tópicos e apresenta 83


princípios, voltados para a estrutura da Educação Especial.

• Educação inclusiva x Educação Especial.

• Pedagogia centrada na criança.


Declaração de Salamanca

• Surdos: defesa do uso da língua de sinais como mediadora da


comunicação e da instrução, sendo que, tal contexto de ensino, seria
mais adequadamente realizado em escolas especiais ou classes
especiais dentro de escolas regulares.
LEI Nº 10.436 (2002)

• Conhecida como “Lei de Libras”.

• Reconhece, em seu artigo 1º, a


Língua Brasileira de Sinais (Libras) e
outros recursos associados a ela
como meios legais de comunicação
e expressão dos surdos brasileiros.
LEI Nº 10.436 (2002)

• Libras: “forma de comunicação e expressão, em que o sistema


linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical
própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias
e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil
(BRASIL, 2002, s. p.)”.
LEI Nº 10.436 (2002)

• Outras medidas: apoio ao uso e à difusão da língua pelo poder


público em geral e pelas empresas concessionárias de serviços
públicos, além da assistência à saúde das pessoas surdas,
garantindo atendimento e tratamento adequados.

• Educação de Surdos: a Lei prevê a inserção da Libras nos cursos de


formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério,
em seus níveis médio e superior, contudo, enfatiza que a Libras não
poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa.
DECRETO Nº 5.626 (2005)

• Regulamenta a Lei nº 10.436 e o artigo 18 da Lei nº 10.098, de 10 de


dezembro de 2000.

• Artigo 18: “O Poder Público implementará a formação de profissionais


intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-
intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à pessoa
portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação”
(BRASIL, 2000, s. p.).
DECRETO Nº 5.626 (2005)

• Pessoa surda: considerada como aquela


que, “por ter perda auditiva, compreende e
interage com o mundo por meio de
experiências visuais, manifestando sua
cultura principalmente pelo uso da Língua
Brasileira de Sinais” (BRASIL, 2005, s. p.).
DECRETO Nº 5.626 (2005)

• Perda auditiva: “a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um


decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de
500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz” (BRASIL, 2005, s. p.).

• Após o primeiro capítulo de Disposições Preliminares, o Decreto é


dividido em outros oito capítulos.
HISTÓRIA DA FENEIS
DECRETO Nº 5.626 (2005)

• Capítulo II: Da Inclusão da Libras como Disciplina Curricular:

• “A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos


cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em
nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições
de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos
sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
(BRASIL, 2005, s. p.)”.
DECRETO Nº 5.626 (2005)

• Capítulo III: Da formação do professor de Libras e do Instrutor de


Libras:

• Professor de Libras: nível superior (curso de graduação de licenciatura


plena em Letras: Libras ou Letras: Libras/Língua Portuguesa como
segunda língua).

• Instrutor de Libras: nível médio (cursos de educação profissional e de


educação continuada).
DECRETO Nº 5.626 (2005)

• Capítulo IV: Do uso e da difusão da Libras e da Língua Portuguesa para


o acesso das pessoas surdas à Educação:

• Trata da obrigatoriedade de as instituições de ensino garantirem o


acesso dos surdos à comunicação, à informação e à educação.
DECRETO Nº 5.626 (2005)

• tradutor/intérprete de Libras, o qual deve realizar um curso


superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em
Libras - Língua Portuguesa; (2) da garantia do direito à
educação das pessoas surdas;

• (3) da garantia do direito à saúde; e (4) do papel do Poder


Público e das empresas concessionárias para a difusão da
Libras.
DECRETO Nº 5.626 (2005)

• Capítulos VI: Da garantia do direito à educação das pessoas surdas ou


com deficiência auditiva:

• O Decreto prevê a organização de: (1) escolas e classes de educação


bilíngue (alunos surdos e ouvintes), com professores bilíngues; e (e)
escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino
(alunos surdos e ouvintes), com docentes cientes da singularidade
linguística dos alunos surdos e a presença de tradutores e intérpretes
de Libras - Língua Portuguesa.
DECRETO Nº 5.626 (2005)

• Conceito de Escola Bilíngue: instituições de ensino “em que a Libras e


a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução
utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo” (BRASIL,
2005, s. p.).

• Outras previsões: direito dos alunos surdos à escolarização no


contraturno, ao AEE, à utilização de recursos tecnológicos, à presença
do tradutor/intérprete, bem como à janela de Libras e às legendas em
vídeos veiculados em cursos a distância.
LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO (2015)

• Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa


com Deficiência e estabelece o Estatuto da
Pessoa com Deficiência.

• Deficiência: deixa de ser um atributo da pessoa


e passa a ser o resultado da falta de
acessibilidade que a sociedade e o Estado dão
às características de cada um.
LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO (2015)

• Art. 1º: a LBI é “destinada a assegurar e a promover, em condições de


igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por
pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania”
(BRASIL, 2015, s. p.).

• Surdos: foco no uso e na difusão da Libras, principalmente em relação


ao direito à educação.
LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO (2015)

• De acordo com a Lei, o poder público deve assegurar, criar,


desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar a “oferta
de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade
escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e
classes bilíngues e em escolas inclusivas” (BRASIL, 2015, s. p.),
evidenciando o que foi proposto inicialmente no Decreto nº 5.626
(2005).
LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO (2015)

• A lei prevê: “formação e disponibilização de professores para o


atendimento educacional especializado, de tradutores e intérpretes da
Libras, de guias intérpretes e de profissionais de apoio”, além da oferta
do ensino da língua de sinais e do “uso de recursos de tecnologia
assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes,
promovendo sua autonomia e participação” (BRASIL, 2015, s. p.).
LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO (2015)

• A lei prevê: “formação e disponibilização de professores para o


atendimento educacional especializado, de tradutores e intérpretes da
Libras, de guias intérpretes e de profissionais de apoio”, além da oferta
do ensino da língua de sinais e do “uso de recursos de tecnologia
assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes,
promovendo sua autonomia e participação” (BRASIL, 2015, s. p.).
LEI Nº 14.191, DE 3 DE AGOSTO DE 2021
LEI Nº 14.191, DE 3 DE AGOSTO DE 2021

"Art. 3º
..........................................................................................................
. XIV - respeito à diversidade humana, linguística, cultural e
identitária das pessoas surdas, surdo-cegas e com deficiência
auditiva." (NR)

Art. 2º A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de


Diretrizes e Bases da Educação Nacional), passa a vigorar
acrescida do seguinte Capítulo V-A:
LEI Nº 14.191, DE 3 DE AGOSTO DE 2021

DA EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE SURDOS

Art. 60-A. Entende-se por educação bilíngue de surdos, para os efeitos


desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida em Língua
Brasileira de Sinais (Libras), como primeira língua, e em português
escrito, como segunda língua, em escolas bilíngues de surdos, classes
bilíngues de surdos, escolas comuns ou em polos de educação bilíngue
de surdos, para educandos surdos, surdo-cegos, com deficiência
auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação ou
com outras deficiências associadas, optantes pela modalidade de
educação bilíngue de surdos.
LEI Nº 14.191, DE 3 DE AGOSTO DE 2021

§ 1º Haverá, quando necessário, serviços


de apoio educacional especializado, como
o atendimento educacional especializado
bilíngue, para atender às especificidades
linguísticas dos estudantes surdos.

§ 2º A oferta de educação bilíngue de


surdos terá início ao zero ano, na educação
infantil, e se estenderá ao longo da vida.
LEI Nº 14.191, DE 3 DE AGOSTO DE 2021

§ 3º O disposto no caput deste artigo será efetivado sem


prejuízo das prerrogativas de matrícula em escolas e classes
regulares, de acordo com o que decidir o estudante ou, no
que couber, seus pais ou responsáveis, e das garantias
previstas na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto
da Pessoa com Deficiência), que incluem, para os surdos
oralizados, o acesso a tecnologias assistivas.
LEI Nº 14.191, DE 3 DE AGOSTO DE 2021

Art. 3º A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e


Bases da Educação Nacional), passa a vigorar acrescida dos seguintes arts.
78-A e 79-C:

"Art. 78-A. Os sistemas de ensino, em regime de colaboração,


desenvolverão programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de
educação escolar bilíngue e intercultural aos estudantes surdos, surdo-
cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades
ou superdotação ou com outras deficiências associadas, com os seguintes
objetivos:
LEI Nº 14.191, DE 3 DE AGOSTO DE 2021

I - proporcionar aos surdos a recuperação de suas memórias históricas, a


reafirmação de suas identidades e especificidades e a valorização de sua
língua e cultura;

II - garantir aos surdos o acesso às informações e conhecimentos técnicos


e científicos da sociedade nacional e demais sociedades surdas e não
surdas."
LEI Nº 14.191, DE 3 DE AGOSTO DE 2021

"Art. 79-C. A União apoiará técnica e financeiramente os


sistemas de ensino no provimento da educação bilíngue e
intercultural às comunidades surdas, com desenvolvimento
de programas integrados de ensino e pesquisa.

§ 1º Os programas serão planejados com participação das


comunidades surdas, de instituições de ensino superior e de
entidades representativas das pessoas surdas.

§ 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos no


Plano Nacional de Educação, terão os seguintes objetivos:
LEI Nº 14.191, DE 3 DE AGOSTO DE 2021

fortalecer as práticas socioculturais dos surdos e a Língua


Brasileira de Sinais;

II - manter programas de formação de pessoal especializado,


destinados à educação bilíngue escolar dos surdos, surdo-cegos, com
deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou
superdotação ou com outras deficiências associadas;

III - desenvolver currículos, métodos, formação e programas


específicos, neles incluídos os conteúdos culturais correspondentes aos
surdos;

IV - elaborar e publicar sistematicamente material didático bilíngue,


específico e diferenciado.
LEI Nº 14.191, DE 3 DE AGOSTO DE 2021

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 3 de agosto de 2021; 200º da Independência e 133º da República.

JAIR MESSIAS BOLSONARO


Milton Ribeiro
Damares Regina Alves
XXXXXXXXX

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