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50 f.
ISBN:
CDU: 376-05.34:004
Gamificação no Ensino INCLUSIVO de Surdos MÓDULO 1
APRESENTAÇÃO
Caro(a) cursista!
Em nosso trajeto, faremos leituras e solucionaremos enigmas que nos levarão às chaves
que desbloqueiam as próximas fases. Assim, empenhados em avançar em cada etapa,
conquistaremos nossos objetivos, que são o conhecimento e a inclusão.
Que a aventura...
COMECE!
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SUMÁRIO
1 Educação escolarizada de surdos 05
1.1 Aspectos legais da educação de surdos 06
1.2 Cultura surda 10
1.3 Pedagogia Visual 13
RESUMO 17
REFERÊNCIAS 18
EDUCAÇÃO
ESCOLARIZADA
DE SURDOS
Gamificação no Ensino INCLUSIVO de Surdos MÓDULO 1
EDUCAÇÃO
ESCOLARIZADA
DE SURDOS
“Olho do mesmo modo como que poderia escutar. Meus olhos
são meus ouvidos. Escrevo do mesmo modo que me exprimo por
sinais. Minhas mãos são bilíngues. Ofereço-lhes minha diferença.
Meu coração não é surdo a nada neste duplo mundo...”
Emmanuelle Laborit
OBJETIVOS
Iniciamos, aqui, mais uma etapa da nossa jornada de leituras. Dessa forma, é importante
partirmos do entendimento de que as políticas públicas voltadas às pessoas surdas são
resultado de muitas reivindicações individuais e coletivas tanto de surdos quanto ouvin-
tes por direitos, inclusão e acessibilidade à comunidade surda que, apesar das conquis-
tas, ainda necessita de representatividade nos diferentes espaços sociais.
É importante pontuar que alguns avanços legais foram percebidos ao longo da história
e que as conquistas não significam que na prática aconteçam. Conhecer a legislação é
importante, pois a hegemonia ouvinte e o padrão de “normalidade” até o momento são,
infelizmente, barreiras que precisam ser transpostas pelas pessoas surdas. E estas bar-
reiras são, principalmente, atitudinais.
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Gamificação no Ensino INCLUSIVO de Surdos MÓDULO 1
Vamos, então, observar a linha do tempo que apresenta os decretos e as leis relativos à
educação escolarizada de pessoas surdas no Brasil, a partir do ano de 2000.
2005
2000 Decreto nº 5626: trata sobre a formação
e certificação do tradutor e intérprete
Lei Federal nº 10.098: dispõe sobre a de Libras/Língua Portuguesa que poderá
formação de profissionais intérpre- 2002 acontecer em cursos de profissionaliza-
tes de escrita em braile, língua de ção, de extensão universitária e/ou de
formação continuada em instituições de
2009
sinais e de guias-intérpretes, para Lei Federal nº 10.436: reconhe-
ensino superior. Além disso, insere obri-
facilitar qualquer tipo de comunica- ce a Língua Brasileira de Sinais Decreto nº 6.949: promulga a
gatoriamente a Libras na grade curricular
ção direta à pessoa com deficiência (Libras) como meio de comunica- Convenção Internacional dos
dos cursos de formação de professores,
sensorial e com dificuldade de ção e expressão das comunidades licenciatura e cursos de Fonoaudiologia, Direitos das Pessoas com Defi-
comunicação. surdas do Brasil. em instituições públicas ou privadas. ciência.
2010
2011 Lei Federal nº 12.319: regulamenta o exercício
da profissão de tradutor e intérprete da
Decreto nº 7.611: dispõe sobre a
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
educação especial, o atendimento
em território nacional.
educacional especializado e a pro-
dução e distribuição de recursos
de acessibilidade que possibilitam
o acesso ao currículo.
2014
Lei Federal nº 13.005: trata também da garantia da
oferta de professores (as) do atendimento educacional
especializado, profissionais de apoio ou auxiliares, tra-
dutores (as) e intérpretes de Libras, guias-intérpretes
para surdos-cegos, professores de Libras, prioritaria-
mente surdos, e professores bilíngues.
2015 2021
Lei Federal nº 13.146: dispõe sobre a oferta de educação Lei Federal nº 14.191: inclui a educação bilín-
bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade gue de Surdos como modalidade de ensino
escrita da Língua Portuguesa como segunda língua, em independente na Lei de Diretrizes e Bases da
escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas. Educação Nacional (LDB).
Como você pôde perceber, este compilado de leis é referente às conquistas relacionadas
ao ensino de Surdos. Graças a reivindicações individuais e coletivas das comunidades
surdas, outras garantias legais também já foram alcançadas.
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Gamificação no Ensino INCLUSIVO de Surdos MÓDULO 1
Nesse sentido, este decreto aquece muitas discussões acerca da inclusão desse grupo
nas escolas regulares. Tais discussões não podem ser findadas, visto que o desenvolvi-
mento humano não se faz apenas pelo cognitivo, mas também pelas relações interpes-
soais que promovem o enxergar e o compreender ao outro.
SAIBA MAISMAIS
SAIBA
VOCÊ PODERÁ ACESSAR O TEXTO DO DECRETO Nº10.502/2020 no link abaixo:
https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/936694859/decreto-10502-20
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Gamificação no Ensino INCLUSIVO de Surdos MÓDULO 1
BÔNUS PELA
BÔNUS LEITURA!
PELA LEITURA!
NO LINK ABAIXO, VOCÊ ENCONTRA UMA PRODUÇÃO DA TV
INES SOBRE O HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESCOLARIZADA
DE SURDOS NO MUNDO. CONFIRA!!!
https://www.youtube.com/watch?v=kcVHHBQh7hM
Muitos são os estereótipos relacionados às pessoas surdas. Estereótipos estes que estão
associados à falta de algo, de deficiência, inaptidão, dentre outros que reforçam a ideia
de inferiorização (SKLIAR, QUADROS, 2000). Portanto, as lutas por acessibilidade e ci-
dadania continuam para além do que é registrado em leis.
Pensar em uma política pelas diferenças exige um olhar mais atento às especificidades
e suas implicações. Para que as mudanças sejam efetivas e eficientes, é imprescindível
a participação política das pessoas surdas, pois suas vivências e suas percepções con-
ferem propriedade para o que deve constar no currículo escolar (QUADROS, 2003). A
representatividade surda necessita habitar os espaços políticos. As legislações orques-
tradas por ouvintes são mais eficientes com a participação daqueles cuja experiência
visual é o que dá significado a tudo à sua volta.
O estereótipo de ser deficiente e, por conta da “deficiência”, não possuir habilidades cog-
nitivas tal qual ouvintes “padrão” demonstra apenas o quanto a sociedade é carente de
esclarecimentos relacionados à surdez e o quanto precisamos avançar nessa temática.
Isto posto, é importante pontuar que a Língua de Sinais, embora seja reconhecida por
lei como meio de comunicação e expressão, ainda é pouco conhecida pela comunidade
oral-auditiva.
DICA
DICA DE FILME
DE FILME
O FILME “O MILAGRE DE ANNE SULLIVAN” É
INSPIRADO NA HISTÓRIA DE HELLEN KELLER
E SUA PROFESSORA ANNE SULLIVAN. A JOVEM
FOI A PRIMEIRA PESSOA SURDOCEGA A CON-
QUISTAR UM BACHARELADO.
A HISTÓRIA DE KELLER É
INSPIRADORA.
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Gamificação no Ensino INCLUSIVO de Surdos MÓDULO 1
É necessário o entendimento de que não existe uma única cultura disponível. Os muitos
contextos sociais e étnicos apresentam diferentes perspectivas que são percebidas na
cultura, na língua e nas diferentes identidades (SKLIAR, QUADROS, 2000). Nesse senti-
do, as experiências de vida, as manifestações artísticas, as crenças, os diferentes con-
textos sociais, os interesses coletivos, as políticas, as significações vão construindo a
cultura de um povo.
Dessa forma, os elementos que utilizamos para expressar nossas ideias, costumes e
características compõem a nossa cultura. As manifestações culturais são, pois, a
concretude dos nossos pensamentos. Assim, os pensamentos são influenciados ou
construídos a partir das nossas vivências e toda a gama de estímulos que recebemos.
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Gamificação no Ensino INCLUSIVO de Surdos MÓDULO 1
Para facilitar seu entendimento, o mapa mental abaixo traz os artefatos culturais surdos,
segundo Strobel (2016):
Vida social e
Família ARTEFATOS CULTURAIS esportiva
Artes Política
Materiais (Acessibilidade
visuais e tecnologia assistiva)
Assim como ocorre com as diferentes culturas, a cultura surda também é construída e
manifestada a partir das experiências e interações com os seus semelhantes e que são re-
fletidas no comportamento e posicionamento em diferentes espaços formais ou informais,
dentre eles, o meio familiar e escolar (PERLIN, STROBEL, 2014). Os ambientes escolares
precisam de representatividade surda para que o indivíduo se reconheça no outro e se de-
senvolva consciente de suas potencialidades e fortalecendo sua identidade.
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Gamificação no Ensino INCLUSIVO de Surdos MÓDULO 1
Surdo que não tem contato com a comunidade surda; não utiliza Língua de Si-
Flutuante
nais; prefere utilizar aparelho auditivo, pois não se aceita como surdo.
Por possuir resíduo auditivo, não se identifica como surdo; prefere oralizar e não
Intermediária
utilizar a Língua de Sinais.
Surdo que não tem contato com a comunidade surda na infância e possui traços
Transição de ouvintização; a identidade surda é construída à medida que passa a interagir
com os outros surdos, num processo de des-ouvintização.
Fonte: elaborado pelas autoras. Adaptado de PERLIN, G. As diferentes identidades surdas. In: Revista da
Feneis, ano 4, n.14, p.15-16, 2002.
A empatia é um dos fatores que reforça a busca por alternativas adequadas para compre-
ender de fato as necessidades do outro. De acordo com Quadros e Massuti (2007, p. 261),
“A empatia de uma CODA é um processo de abertura ao conjunto de problemáticas vistas
a partir de ângulos comuns aos surdos”. Desse modo, é válido reforçar que reconhecer as
configurações identitárias dos alunos é importante para que o planejamento das ativida-
des possa acontecer de maneira inclusiva e exitosa.
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Gamificação no Ensino INCLUSIVO de Surdos MÓDULO 1
Caro(a) cursista!
BÔNUS PELA
BÔNUS LEITURA!
PELA LEITURA!
PARABÉNS!! VOCÊ GANHOU A DICA DE UM UM DOCUMEN-
TÁRIO QUE RETRATA O COTIDIANO DE PESSOAS CODA,
INTITULADO “NASCIDOS NO SILÊNCIO”. DISPONÍVEL EM:
https://culturasurda.net/2014/08/14/nascidos.....
A Língua de Sinais é resultado das experiências visuais das pessoas surdas. Experiências
estas que se revelam, por exemplo, em narrativas, manifestações artísticas e culturais,
por meio de estruturas linguísticas próprias da língua visual-espacial.
ATENÇÃO!
A Pedagogia Visual pode ser compreendida como aquela que é construída a partir da ex-
periência visual, que tem como base o signo visual e, por isso, este é tão importante no pro-
cesso de ensinar e aprender (CAMPELLO, 2008). Assim, uma prática que valorize o signo
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Gamificação no Ensino INCLUSIVO de Surdos MÓDULO 1
visual, contextualizada com a arte, narrativas e demais aspectos culturais surdos é uma
pedagogia que inclui o estudante surdo e reverbera positivamente na aprendizagem deste.
Nesse sentido, faz-se necessária uma proposta pedagógica que se utilize de referências
visuais e espaciais, bem como de materiais concretos para melhor exemplificação dos
conteúdos trabalhados e, consequentemente, maior entendimento por parte dos estu-
dantes que têm melhor compreensão pelo canal visual. Então, perceber as peculiarida-
des de cada aluno, em suas diferentes características auditivas e cognitivas, que com-
põem a sala de aula é fundamental para nortear a prática docente.
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Gamificação no Ensino INCLUSIVO de Surdos MÓDULO 1
Para amparar sua compreensão sobre Pedagogia Surda, apresentamos a seguir alguns
apontamentos feitos pela autora Shirley Vilhalva (2002):
Caro(a) cursista!
Sabemos que o trabalho docente não segue um modelo padrão aplicável a todos os con-
textos. Entretanto, a criatividade, a dedicação e a empatia são essenciais para que a
missão de ensinar seja bem-sucedida. Nesse sentido, as estratégias pedagógicas de-
senvolvidas devem ser significativas aos estudantes, de modo que se perceba a aplica-
ção do conhecimento teórico à vida prática.
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Gamificação no Ensino INCLUSIVO de Surdos MÓDULO 1
BÔNUS
BÔNUS PELA
PELA LEITURA!
LEITURA!
ASSISTA À PALESTRA DA PROF.ª DRA. ANA REGINA CAM-
PELLO SOBRE PEDAGOGIA SURDA E PRÁTICAS PEDAGÓGI-
CAS. ACESSE O LINK ABAIXO:
https://www.youtube.com/watch?v=i2PoG-RbRmM
Compreendendo que a pessoa surda tem o canal visual como sua forma principal de
percepção e comunicação, é fácil o entendimento de que sua cultura e construção iden-
titária são diferentes das pessoas com percepção oral-auditiva. E, desse modo, a Língua
Brasileira de Sinais - Libras - é a forma de comunicação e expressão legítima da pessoa
surda, por isso é tão importante que a aquisição desta aconteça o mais cedo possível.
Sobre a Língua de Sinais, Quadros (2007, p. 55) afirma que “esta língua é, antes de tudo,
a imagem do pensamento dos surdos e faz parte da experiência vivida da comunidade
surda”. Então, por mais criativo e dedicado que seja o docente, é fundamental que este
conheça a estrutura linguística de seus alunos, suas particularidades e ritmos de apren-
dizagem para que o trabalho seja exitoso. Isso deve acontecer tanto no desenvolvimento
das habilidades cognitivas quanto nas relações interpessoais tão importantes dentro e
fora do ambiente escolar.
PARABÉNS!!!
VOCÊ CONQUISTOU DOIS BÔNUS PELA
CONCLUSÃO DA UNIDADE!!! CONFIRA:
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Gamificação no Ensino INCLUSIVO de Surdos MÓDULO 1
resumo
A Lei nº 10.436/ 2002, que legitima a Língua de Sinais, foi um marco im-
portante para que o sujeito surdo se utilize da Libras e que sua livre expres-
são por meio dela seja garantida;
Segundo Perlin (2002), a identidade surda pode ser classificada em: Polí-
tica, Híbrida, Embaçada, Flutuante, Intermediária, de Transição e Diáspora;
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Gamificação no Ensino INCLUSIVO de Surdos MÓDULO 1
REFERÊNCIAS
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Gamificação no Ensino INCLUSIVO de Surdos MÓDULO 1
CAMPELLO, Ana Regina. Pedagogia Visual; Sinal na Educação dos Surdos. In: QUA-
DROS, Ronice M. & PERLIN, Gladis (org.). Estudos Surdos II. Petropolis: Editora Arara
Azul. 2007.
LIMA, Márcia Raika e Silva. Alunos da educação especial incluídos na escola de educa-
ção básica: significações de professores. 1. ed. Curitiba: Appris, 2020.
PERLIN, Gladis; STROBEL, Karin. História cultural dos surdos: desafio contemporâneo.
Educar em Revista, Curitiba, Brasil, Edição Especial n. 2/2014, p. 17-31. Editora UFPR.
PERLIN, G. As diferentes identidades surdas. In: Revista da Feneis, ano . 4, n.14 p. 15-16.
Disponível em: https://issuu.com/feneisbr/docs/revista_feneis_14. Acesso em: 25 out.
2021.
QUADROS, Ronice Müller de. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Ale-
gre: Artmed, 2007.
QUADROS, Ronice Muller de; MASSUTI, Mara. CODAS brasileiros: Libras e Português em
zonas de contato. In: QUADROS, R. M. de; PERLIN, G. (org.). Estudos Surdos II. Petró-
polis, RJ: Arara Azul, 2007, p. 238-266. Disponível em: https://www.researchgate.net/
publication/295466993_Brazilian_codas_Libras_and_Portuguese_in_contact_zones.
Acesso em: 3 nov. 2021.
STROBEL, Karin. Surdos: vestígios culturais não registrados na história. Tese (Doutora-
do em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal
de Santa Catarina, 2008. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/
handle/123456789/91978/261339. pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 23 out.
2021.
STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. 4. ed. Florianópolis: Editora
da Universidade Federal de Santa Catarina, 2016. Disponível em: https://www.academia.
edu/41857386/As_imagens_do_outro_ sobre_a_cultura_surda. Acesso em: 30 out. 2021.
VILHALVA, Shirley. (org). A pedagogia surda. Rio de Janeiro: Arara Azul, 2002. Disponí-
vel em: www.editora-arara-azul.com.br). Acesso em 30 mar. 2022.
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