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RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar os aspectos legais, históricos e políticos voltados à
educação dos surdo no Brasil, fazendo uma reflexão desde as correntes comunicativas que impulsionaram
suas conquistas, o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais e as leis que norteiam e garantem a
inclusão dos mesmos, desde o ensino regular ao ensino superior. Realizou-se uma análise bibliográfica
onde foram coletadas informações legais acerca do assunto. Após análise pôde-se compreender que o
processo de inclusão acontece, porém não em sua totalidade, tendo muitos de seus direitos esquecidos ou
até mesmo negados.
INTRODUÇÃO
A pessoa com deficiência foi vista de maneiras diversas devido às influências sociais, religiosas,
culturais. Foram vários abandonos, extermínios e o constante repúdio que marcaram a história da
educação especial até que fosse possível garantir direitos e reconhecer as pessoas com deficiência como
indivíduos com limitações, porém com capacidades para progredir, especificamente do surdo, como
também todo o empenho para que fossem respeitadas sua cultura e sua forma de comunicação. O que
difere as línguas de sinais das oralizadas é, principalmente, o som. Aspectos associados à gramática, à
estrutura e complexidade da língua também fazem parte de sua construção, e inclusive foram esses os
argumentos utilizados para que a Língua Brasileira de Sinais fosse reconhecida como uma língua oficial
do Brasil.
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fundou o Colégio Nacional Para Surdos-Mudos – atual Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES.
Naquela época, a língua de sinais utilizada no instituto tinha influência francesa, por conta de seu
fundador.
Num período em que a discriminação contra as pessoas surdas era prática comum, e que o lugar
social destinado a elas era o da incompetência ou marginalidade, é possível afirmar que a criação do
Collégio Nacional representou um progresso para a comunidade surda da época.
Assim, a língua de sinais vinha aos poucos ganhando espaço no Brasil e no mundo, até sofrer um
retrocesso com o Segundo Congresso de Milão, em 1880. Este foi um evento organizado pela Pereira
Society, uma fundação criada por Jacob Rodrigues (1715-1786), educador e grande defensor do oralismo.
Nessa época havia uma valorização da língua falada e a língua de sinais era vista como involução da
linguagem. O evento foi formado por um grupo de mais de 160 educadoras e educadores, quase todos
ouvintes, que tinham o objetivo de emancipar métodos de educação para pessoas surdas. O congresso
chegou a oito diretrizes que, de modo geral, defendiam a oralização de pessoas surdas, reforçando noções
como a superioridade da oralização e desqualificação ou exclusão da língua de sinais.
A comunidade surda sofreu muito com as consequências dessas orientações, uma vez que suas
demandas não foram acolhidas e suas línguas não foram respeitadas. Tais práticas e concepções
prejudicaram a formação regular de muitas crianças em todo o mundo, já que eram impedidas de usar a
língua de sinais. Além do oralismo, mais duas correntes filosóficas de ensino para surdas e surdos
também se destacam: comunicação total e bilinguismo.
A comunicação total consiste em adotar quaisquer ferramentas que possam ajudar na troca de
informações, como mímica ou leitura labial. Essa metodologia passou a ganhar destaque a partir da
década de 60, após pesquisas confirmarem a ineficácia do oralismo.
Nas décadas de 80 e 90, percebe-se que a língua de sinais deveria ser usada emancipadamente da
língua oral, destacando-se, então, o bilinguismo. Nessa corrente, (as)os estudantes são livres para usarem
e desenvolverem a Libras – no caso do Brasil – , pois para esse grupo a língua de sinais é sua língua
materna, enquanto o português é desenvolvido na forma escrita como segunda língua.
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Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente
das comunidades surdas do Brasil. (BRASIL, 2002)
Além da lei 10.436 de 2002, o Decreto 5626/2005, em seu artigo 3º passa a tratar a LIBRAS como
disciplina curricular obrigatória para os cursos que fazem formação de professores, como também, nos
cursos de Fonoaudiologia, tanto em instituições públicas, como em instituições privadas de ensino. A
partir deste Decreto, a LIBRAS deixa de ser de uso exclusivo de surdos e especialistas e passa a ser
disseminada em outros meios, tendo um de seus objetivos alcançados: a propagação da língua.
Em 2019 foi criada a Diretoria de Políticas de Educação Bilingue de Surdos (Dibeps), que tinha
como meta a implementação de políticas educacionais voltadas para o ensino bilíngue, o fomento de
pesquisa formação na área de educação de surdos, além da criação de escolas com ensino de Libras.
Embora constitua um grande passo para a comunidade surda, porém a fragilidade das medidas ainda
revela a superficialidade com que está sendo implementada na prática, visto que a Dibeps chegou a ser
extinta poucos anos após a sua criação. Após uma intensa repercussão negativa a respeito da extinção do
órgão, o MEC afirmou o compromisso de manter as demandas do Dibeps em funcionamento dentro da
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi).
Mesmo após os avanços que temos hoje em dia em relação à educação surda a algumas décadas atrás,
notamos a necessidade de um fortalecimento das políticas de inclusão.
Provavelmente, grande parte das professoras e professores que tem em sua sala de aula estudantes
surdas e surdos precisará pensar em práticas bilíngues, buscando alfabetizá-las (los) em língua portuguesa
como segunda língua. Assim, é necessário desenvolver estratégias que acolham e contemplem o contato
com a escrita, tendo como objetivo incluir esse grupo, mas sempre respeitando a Libras como sua língua
materna.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A história da educação de surdos no Brasil é reflexo da concepção de como a sociedade enxergava
a pessoa surda, limitada e incapaz. A evolução desse olhar coincide com a evolução das políticas
educacionais para surdos no Brasil e no mundo. Desse modo, a trajetória da educação de surdos se
fortalece. Barreiras são quebradas e novos paradigmas surgem, pois embora nos dias atuais exista a
previsão legal da inclusão dos alunos com deficiência em todo o processo de aprendizagem, na prática
ainda notamos ser pouco executado, é uma inclusão quase embrionária comparada ao tamanho da
comunidade(no caso dos surdos) e as necessidades vividas no dia a dia, mesmo que no papel, a inclusão
já seja realidade a décadas. Concluímos que ainda falta muito esforço não só da sociedade ouvinte em
entender as necessidades do povo surdo, mas dos governantes em aplicarem as demandas legais previstas
para a educação surda, como forma a materializar a inclusão e integração da comunidade surda na
sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição (1988). Artigo nº 206, de 5 de outubro de 1988. Constituição Federal 1988.
Brasília, DF, Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso em: 23/05/2023.
BRASIL. Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990. Dispõe Sobre O Estatuto da Criança e do Adolescente e
Dá Outras Providência. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm> .
Acesso em: 23/05/2023.
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CUNHA, Jéssica Maria Rosa da; OLIVEIRA, Francismara Janaina Cordeiro de; FARIAS, Elizabeth
Regina Streisky de. A INCLUSÃO DOS ALUNOS SURDOS: ASPECTOS LEGAIS. VI Congresso
nacional de educação. CONEDU. Disponível em:
<https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2019/TRABALHO_EV127_MD1_SA11_ID3742_01
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AGÊNCIA O GLOBO. MEC diz que diretoria de educação para surdos será integrada à secretaria
da pasta. [S. l.], 5 jan. 2023. Disponível em:
https://exame.com/brasil/mec-diz-que-diretoria-de-educacao-para-surdos-sera-integrada-a-secretaria-da-p
asta/. Acesso em: 23 maio 2023.
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