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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

Centro de Humanidades / Centro de Ciências e Tecnologia


Unidade Acadêmica de Administração e Contabilidade (UAAC)
Unidade Acadêmica de Matemática (UAMat)

Curso: Administração, Matemática

Disciplina: Libras Professora: Maria Adriana

Aluno(a): Jonathan Mota; Joel Oliveira, Richard C. Figueiredo Data: 23.05.2023

EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO BRASIL: ASPECTOS LEGAIS, HISTÓRICOS E POLÍTICOS.

RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar os aspectos legais, históricos e políticos voltados à
educação dos surdo no Brasil, fazendo uma reflexão desde as correntes comunicativas que impulsionaram
suas conquistas, o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais e as leis que norteiam e garantem a
inclusão dos mesmos, desde o ensino regular ao ensino superior. Realizou-se uma análise bibliográfica
onde foram coletadas informações legais acerca do assunto. Após análise pôde-se compreender que o
processo de inclusão acontece, porém não em sua totalidade, tendo muitos de seus direitos esquecidos ou
até mesmo negados.

INTRODUÇÃO
A pessoa com deficiência foi vista de maneiras diversas devido às influências sociais, religiosas,
culturais. Foram vários abandonos, extermínios e o constante repúdio que marcaram a história da
educação especial até que fosse possível garantir direitos e reconhecer as pessoas com deficiência como
indivíduos com limitações, porém com capacidades para progredir, especificamente do surdo, como
também todo o empenho para que fossem respeitadas sua cultura e sua forma de comunicação. O que
difere as línguas de sinais das oralizadas é, principalmente, o som. Aspectos associados à gramática, à
estrutura e complexidade da língua também fazem parte de sua construção, e inclusive foram esses os
argumentos utilizados para que a Língua Brasileira de Sinais fosse reconhecida como uma língua oficial
do Brasil.

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO BRASIL


Para entender o processo de educação formal para as pessoas surdas no Brasil é preciso voltar a
1822, em Paris, quando nasceu Eduard Huet, que aos doze anos ficou surdo em decorrência das sequelas
de sarampo. Por ser membro de uma família da nobreza, Huet sempre teve acesso às melhores instituições
de ensino, como o Instituto Nacional de Surdos de Paris, escola onde viria a dar aula. Dom Pedro II
conhecia o trabalho de Eduard e tinha interesse em fundar uma escola para atender a população surda no
Brasil, assim, o professor veio morar no Rio de Janeiro em 1855, a convite do próprio imperador, e

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fundou o Colégio Nacional Para Surdos-Mudos – atual Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES.
Naquela época, a língua de sinais utilizada no instituto tinha influência francesa, por conta de seu
fundador.
Num período em que a discriminação contra as pessoas surdas era prática comum, e que o lugar
social destinado a elas era o da incompetência ou marginalidade, é possível afirmar que a criação do
Collégio Nacional representou um progresso para a comunidade surda da época.
Assim, a língua de sinais vinha aos poucos ganhando espaço no Brasil e no mundo, até sofrer um
retrocesso com o Segundo Congresso de Milão, em 1880. Este foi um evento organizado pela Pereira
Society, uma fundação criada por Jacob Rodrigues (1715-1786), educador e grande defensor do oralismo.
Nessa época havia uma valorização da língua falada e a língua de sinais era vista como involução da
linguagem. O evento foi formado por um grupo de mais de 160 educadoras e educadores, quase todos
ouvintes, que tinham o objetivo de emancipar métodos de educação para pessoas surdas. O congresso
chegou a oito diretrizes que, de modo geral, defendiam a oralização de pessoas surdas, reforçando noções
como a superioridade da oralização e desqualificação ou exclusão da língua de sinais.
A comunidade surda sofreu muito com as consequências dessas orientações, uma vez que suas
demandas não foram acolhidas e suas línguas não foram respeitadas. Tais práticas e concepções
prejudicaram a formação regular de muitas crianças em todo o mundo, já que eram impedidas de usar a
língua de sinais. Além do oralismo, mais duas correntes filosóficas de ensino para surdas e surdos
também se destacam: comunicação total e bilinguismo.
A comunicação total consiste em adotar quaisquer ferramentas que possam ajudar na troca de
informações, como mímica ou leitura labial. Essa metodologia passou a ganhar destaque a partir da
década de 60, após pesquisas confirmarem a ineficácia do oralismo.
Nas décadas de 80 e 90, percebe-se que a língua de sinais deveria ser usada emancipadamente da
língua oral, destacando-se, então, o bilinguismo. Nessa corrente, (as)os estudantes são livres para usarem
e desenvolverem a Libras – no caso do Brasil – , pois para esse grupo a língua de sinais é sua língua
materna, enquanto o português é desenvolvido na forma escrita como segunda língua.

ASPECTOS LEGAIS E POLÍTICOS


Mesmo com todos os entraves que a comunidade surda sofreu, ela seguiu lutando por seus direitos
e pela legitimação de sua língua primária. Embora a Constituição Federal de 88 no Art. 206 já
estabelecesse algumas iniciativas em garantir a educação especializada na rede regular de ensino, assim
como no Estatuto da Criança e do Adelescente (ECA), que reforça o princípio estabelecido na
Constituição, ao afirmar ser dever do Estado garantir o atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência, foi apenas em 2002, que a Libras (Língua Brasileira de Sinais) foi reconhecida
como língua e meio de comunicação legal da população surda, que se tornou um marco importantíssimo
na história da educação surda no Brasil. Por meio da lei n°10.436, tornou-se oficial o atendimento a
pessoas surdas em empresas e concessionárias de serviços públicos, o que possibilitou o acesso desse
grupo a universidades e instituiu a obrigatoriedade do ensino de Libras em alguns cursos de Ensino
Superior. A Lei 10.436 de 2002 passa a reconhecer a LIBRAS como segunda língua oficial do país.
Segundo esta lei:
Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de
Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único.
Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão,
em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria,
constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de
comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Art. 2º Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias
de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua

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Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente
das comunidades surdas do Brasil. (BRASIL, 2002)
Além da lei 10.436 de 2002, o Decreto 5626/2005, em seu artigo 3º passa a tratar a LIBRAS como
disciplina curricular obrigatória para os cursos que fazem formação de professores, como também, nos
cursos de Fonoaudiologia, tanto em instituições públicas, como em instituições privadas de ensino. A
partir deste Decreto, a LIBRAS deixa de ser de uso exclusivo de surdos e especialistas e passa a ser
disseminada em outros meios, tendo um de seus objetivos alcançados: a propagação da língua.
Em 2019 foi criada a Diretoria de Políticas de Educação Bilingue de Surdos (Dibeps), que tinha
como meta a implementação de políticas educacionais voltadas para o ensino bilíngue, o fomento de
pesquisa formação na área de educação de surdos, além da criação de escolas com ensino de Libras.
Embora constitua um grande passo para a comunidade surda, porém a fragilidade das medidas ainda
revela a superficialidade com que está sendo implementada na prática, visto que a Dibeps chegou a ser
extinta poucos anos após a sua criação. Após uma intensa repercussão negativa a respeito da extinção do
órgão, o MEC afirmou o compromisso de manter as demandas do Dibeps em funcionamento dentro da
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi).
Mesmo após os avanços que temos hoje em dia em relação à educação surda a algumas décadas atrás,
notamos a necessidade de um fortalecimento das políticas de inclusão.
Provavelmente, grande parte das professoras e professores que tem em sua sala de aula estudantes
surdas e surdos precisará pensar em práticas bilíngues, buscando alfabetizá-las (los) em língua portuguesa
como segunda língua. Assim, é necessário desenvolver estratégias que acolham e contemplem o contato
com a escrita, tendo como objetivo incluir esse grupo, mas sempre respeitando a Libras como sua língua
materna.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A história da educação de surdos no Brasil é reflexo da concepção de como a sociedade enxergava
a pessoa surda, limitada e incapaz. A evolução desse olhar coincide com a evolução das políticas
educacionais para surdos no Brasil e no mundo. Desse modo, a trajetória da educação de surdos se
fortalece. Barreiras são quebradas e novos paradigmas surgem, pois embora nos dias atuais exista a
previsão legal da inclusão dos alunos com deficiência em todo o processo de aprendizagem, na prática
ainda notamos ser pouco executado, é uma inclusão quase embrionária comparada ao tamanho da
comunidade(no caso dos surdos) e as necessidades vividas no dia a dia, mesmo que no papel, a inclusão
já seja realidade a décadas. Concluímos que ainda falta muito esforço não só da sociedade ouvinte em
entender as necessidades do povo surdo, mas dos governantes em aplicarem as demandas legais previstas
para a educação surda, como forma a materializar a inclusão e integração da comunidade surda na
sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição (1988). Artigo nº 206, de 5 de outubro de 1988. Constituição Federal 1988.
Brasília, DF, Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso em: 23/05/2023.

BRASIL. Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990. Dispõe Sobre O Estatuto da Criança e do Adolescente e
Dá Outras Providência. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm> .
Acesso em: 23/05/2023.

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CUNHA, Jéssica Maria Rosa da; OLIVEIRA, Francismara Janaina Cordeiro de; FARIAS, Elizabeth
Regina Streisky de. A INCLUSÃO DOS ALUNOS SURDOS: ASPECTOS LEGAIS. VI Congresso
nacional de educação. CONEDU. Disponível em:
<https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2019/TRABALHO_EV127_MD1_SA11_ID3742_01
082019133826.pdf >. Acesso em: 23 maio 2023.

AGÊNCIA O GLOBO. MEC diz que diretoria de educação para surdos será integrada à secretaria
da pasta. [S. l.], 5 jan. 2023. Disponível em:
https://exame.com/brasil/mec-diz-que-diretoria-de-educacao-para-surdos-sera-integrada-a-secretaria-da-p
asta/. Acesso em: 23 maio 2023.

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