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INSTITUTO FEDERAL EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO

MARANHÃO, CAMPUS CAXIAS

ATIVIDADE DE REPOSIÇÃO

CAIO DE JESUS BRITO DO VALE

Libras e Tecnologia de Alimentos

CAXIAS-MA
2023
A educação dos surdos no Brasil se inicia com o interesse de Dom Pedro II pela
educação dos surdos devido ao seu genro, o príncipe Luís Gastão de Orléans, por ele
ser parcialmente surdo. Contudo não a confirmação desse fato. No ano de 1955 Dom
Pedro convidou Ernest Huet, um professor surdo francês e sua esposa a virem ao
Brasil, com o objetivo de fundar uma escola para surdos. Em 26 de setembro de 1857
é fundado o INES, como hoje é conhecido na cidade do Rio de Janeiro. Que também
servia como um asilo somente para meninos surdos de todo o Brasil. No início o
professor surdo Ernest Huet, teve enormes dificuldades para lecionar no INES, visto
que as famílias brasileiras não reconheciam Huet como cidadão e não confiavam no
seu trabalho pedagógico. Ele tinha poucos alunos. Muito diferente do professor surdo
Laurent Clerc que foi aos Estados Unidos, que também era surdo e que fazia o mesmo
trabalho numa escola para surdos, como Huet. Ambos eram franceses. Por motivos
pessoais Ernest Huet, após cinco anos na direção do Instituto, afastou-se dos seus
trabalhos e viajou para o México em 1861, deixando que diretores ouvintes
assumissem a direção do Instituto. A escola do INES era o ponto de referência dos
professores e alunos surdos da espoca. época. Eles usavam a língua de sinais
francesa, trazida por Huet, e misturavam com a existente no país. Esta mistura
originou mais tarde a língua brasileira de sinais – Libras, que usamos hoje. Assim
como as línguas orais, as línguas de sinais se constituem a partir de outras existentes.
A partir da década de 1980 a 1990, os sinais voltaram a ser utilizados, mais a
precisamente a filosofia educacional chamada de Comunicação Total. Filosofia essa
que se originou nos Estados Unidos, com objetivo de melhorar a educação dos surdos.
Essa filosofia contempla toda forma de comunicação possível, ou seja, a fala, os
sinais, o teatro, a dança, mímica, etc. As escolas especiais iniciaram lentamente o uso
de sinais, já que elas estavam enraizadas no oralismo. Aos surdos se deu voz e os
professores ouvintes aprenderam os sinais com seus próprios alunos. Um clamor se
levantou na educação especial para a abertura de novos caminhos, caminhos estes
mais democráticos, mais naturais com o uso dos sinais. A língua de sinais no Brasil
ainda não era oficial e não era ainda entendida como uma língua. Paralelamente a
esses eventos relativos aos surdos, estava acontecendo o Manifesto dos Educadores
Democratas em Defesa do Ensino Público, de 1959. Os educadores brasileiros mais
expressivos reunidos naquele ano, faziam um manifesto ao povo e ao governo
de então, reiterando o primeiro manifesto de 1932, de modo aberto e democrático.
Neste intento, objetivam reivindicar mais atenção à educação no país, mais luz para
a obscura ignorância na sociedade e na política, maior e melhor formação para os
professores, entre outros itens. O manifesto reivindicava uma visão democrática e
cidadã, de valores eternos como a honestidade, a verdade, o respeito, a
responsabilidade. Entre 1980 e 1990, ocorreu um movimento parecido quando
educadores conclamam por uma escola aberta e democrática, com uma política
educacional centrada em valores democráticos e onde alunos, pais e educadores
pudessem ser livres na convivência e vivência cultural e na experimentação e
pesquisa científica. Tanto na escola de surdos quanto nas escolas de ouvintes e na
sociedade brasileira em Geral, um renascimento estava sendo clamado. Os
manifestos chamavam a atenção da Sociedade e do governo, de que estava na hora
de mudar, de melhorar a situação. Enquanto os surdos clamavam pela sua língua, por
uma língua que poderiam usar para pensar, comunicar e interagir, ambos os
manifestos reivindicavam abertura, democracia, Respeito, liberdade e cidadania.
A partir da Constituição Brasileira de 1988, nosso país iniciou sua prática
Democrática em todos os âmbitos, níveis e situações da sociedade. A democracia
ficou mais concreta e também na área da educação especial e nos movimentos surdos
passou a ocorrer uma maior participação de todos, com o interesse e do apoio de
todos a tornar a acessibilidade e a inclusão uma realidade. Isto se refere às próprias
pessoas com deficiência. Eles mesmos “arregaçam as mangas” e vão discutir suas
possibilidades, Seus sonhos e direitos. a Constituição Federal de 1988, nos artigos
205 e 208, bem como a LDB – Lei de Diretrizes e Bases, nos artigos 4ª, 58, 59 e 60,
garantem às pessoas surdas o direito de igualdade de oportunidade no processo
educacional. Contudo, isso não tem sido uma realidade nas nossas escolas.
A Constituição dá possibilidades para a construção de novos caminhos,
respeitando os direitos de todos, e isso inclui as pessoas com deficiência, suas
necessidades de acessibilidade e inclusão educacional e social. Uma lei que deve ser
mencionada, a qual se refere à educação de todas as pessoas com deficiência, é a
de número 10.098 de 19 de dezembro de 2000. Ela é o início das práticas dos direitos
das pessoas com deficiência, junto com seus familiares e simpatizantes. Ela
estabelece normas gerais e critérios básicos e promoção da acessibilidade das
pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Conforme a lei n°10.098/00
destacamos o artigo 18: “O Poder Público implementará a Formação de profissionais
intérpretes de escrita em braile, língua de sinais e de guia intérpretes, para facilitar
qualquer tipo de comunicação direta à pessoa portadora de deficiência sensorial e
com dificuldade de comunicação”. O segundo documento importante a ser destacado
é o Decreto n° 5.626 de 22 de dezembro de 2005, o qual regulamenta a lei da Libras
de n°10.436 de 24 de abril de 2002 é um documento específico sobre o uso e a difusão
da Libras, como uma língua oficial no país. A promulgação desse Decreto foi um passo
notável na história da educação dos surdos no Brasil, e coloca nosso país à frente de
muitos países desenvolvidos, devido à visão e prática modernas de respeito, de
inclusão e acessibilidade, como o mundo exige nos dias de hoje. Que surgiu com
algumas determinações inovadoras, como o documento dá o status de língua à Libras
– Língua Brasileira de sinais. Com isso, o governo reconhece publicamente que esta
língua precisa ser pesquisada nas universidades e ministrada em cursos formais com
as demais línguas orais vivas hoje. Assim como ela orienta que Libras deverá ser
ministrada como uma disciplina obrigatória em todos os cursos de licenciatura do
ensino superior, bem como no curso de fonoaudiologia. Ela deverá ser difundida em
todos os níveis escolares, bem como em órgãos e departamentos de empresas
públicas e particulares. Outro aspecto interessante é que o Decreto cria cursos
superiores de letras-Libras, oportunizando uma formação superior para os
interessados. Da mesma forma, cria cursos de formação para tradutores/intérpretes
de Libras também a nível superior, oportunizando novos locais de emprego para estes
profissionais. Garantindo assim os direitos das pessoas surdas na sociedade.

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