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PÚBLICOS
2016
Governador
Paulo Henrique Saraiva Câmara
Secretário de Administração
Milton Coelho
4. Planejamento do Curso:
4.1. Carga Horária: 40 horas/aula
4.2. Conteúdo Programático: História da Educação dos Surdos; Cultura e Identidade
surda; Gramática e Direitos dos Surdos.
5. Metodologia:
5.1. Metodologia de Ensino: Aulas expositivas, Vídeos, Apostila, Dinâmicas, Práticas
diárias.
5.2. Metodologia de Avaliação: Ao final das aulas terão atividades avaliativas, ao final do
curso haverá uma prova e uma dramatização.
4
SUMÁRIO
2.5 Adjetivos
2.7 Advérbios
2.8 Verbos
2.9 Classificadores
3.1 Números
5
MÓDULO I
6
HISTÓRIA DA LÍNGUA DE SINAIS
IDADE ANTIGA
A surdez era vista como uma patologia, que incapacitava o surdo de raciocinar, exercer sua
cidadania, casar, constituir patrimônio, tomar decisões.
A Igreja Católica considerava que suas almas não eram imortais porque não tinham condições
de pronunciar os sacramentos. Segundo a visão aristotélica, a linguagem era o que dava
condição de humano ao indivíduo. Como os surdos não desenvolviam linguagem eram
considerados então como não humanos.
Os surdos tinham um destino pré-determinado; eram condenados a sofrer a mesma morte
reservada aos retardados ou deformados; morriam asfixiados ou tinham a garganta cortada, ou
eram lançados no precipício, no mar. A ideia negativa de que os surdos não eram educáveis
persistiu até o século XV, sendo mantidos à margem da sociedade, sem seus direitos
assegurados.
No Sistema Romano, os surdos eram privados de seus direitos legais. Entre os Egípcios e os
Persas, o seu destino era assunto de interesse religioso, pois sua debilidade era considerada
sinal dos deuses.
Tem-se pouca referência com relação aos surdos e a sua educação. No final da idade média,
iniciou-se um processo de reconhecimento do surdo como ser social.
Inicialmente, a educação se processava com um professor que ensinava os surdos a falar, ler e
escrever, para que pudessem adquirir os direitos legais aos títulos e à herança da família
(visão preceptora). Posteriormente, essa educação tornou-se institucionalizada (em escolas).
IDADE MODERNA
SÉCULO XVI
SÉCULO XVIII
Surge no cenário Charles Michel de L’epée (1750), abade francês, que desenvolve um
trabalho com os surdos nas ruas de Paris. Observou que os surdos se comunicavam por um
conjunto de gestos com significados funcionais. Utilizando-se dos gestos, desenvolveu
estratégias pedagógicas diferenciadas. A metodologia e os resultados eram registrados e
divulgados com a expectativa de que a sociedade compreendesse que o desenvolvimento
intelectual dos surdos dependia, essencialmente, de um canal de comunicação, O GESTUAL.
7
No século XVIII, o abade prosseguia com seu trabalho de educação dos surdos pelas ruas de
Paris, usando a língua de sinais para ensiná-los. Criou o Instituto Nacional para Surdos-
Mudos, a primeira escola a obter apoio público. Formou diversos professores para surdos que
criaram vinte e uma escolas na França e no resto da Europa.
L’epée foi considerado o pai dos surdos, e a corrente filosófica defendida por ele denominou-
se GESTUALISTA.
A corrente filosófica que surge com muita força denominou-se ORALISTA, baseada nas
ideias de SAMUEL HEINICK. Este defendia que os surdos precisavam desenvolver a
competência linguística oral e o comportamento dentro dos padrões “normais”.
Samuel Heinick, importante pedagogo e professor alemão, defendia que o desenvolvimento
cognitivo tinha origem no uso da palavra e trabalhava com os surdos a produção da fala. Era
reprimido tudo o que fizesse lembrar que os surdos não podiam falar como os ouvintes, a fim
de que eles fossem aceitos socialmente. Nesse processo, ficaram fora da possibilidade de
desenvolvimento educacional, pessoal e integração com a sociedade, obrigando-os a se
organizarem de forma clandestina.
Heinick fundou a primeira escola pública que utilizava apenas a língua oral na educação das
crianças surdas, considerando essa situação ideal para inseri-las na comunidade de ouvintes.
Esse método foi adotado por quase todos os países de língua alemã.
8
Na segunda metade do século XVIII, existiam,
basicamente, dois métodos de ensino de surdos:
9
IDADE CONTEMPORÂNEA
Um evento gerou uma radical mudança nos rumos da educação dos surdos. Considerado um
marco histórico, no ano de 1880, em Milão, ocorreu o I Congresso Internacional de
Educadores de Surdos. Esse evento foi organizado por uma maioria oralista com o propósito
de fortalecer suas convicções. Assim, o método alemão ganhava, aos poucos, a adesão dos
países europeus.
As discussões do Congresso foram realizadas por meio de debates acalourados, momentos em
que se apresentaram muitos surdos que falavam bem, com exceção da delegação americana
(apenas 05 membros) e de um professor britânico.
A única oposição clara ao oralismo foi apresentada por Gallaudet, baseada na metodologia de
L’Epée.
Todos os participantes, em sua maioria europeia e ouvintes, votaram, e, por aclamação,
venceu a metodologia oralista.
A língua de sinais foi banida e considerada um perigo para o desenvolvimento da linguagem
oral, e os professores surdos foram expulsos das escolas.
SÉCULOS XIX E XX
O Oralismo permaneceu sem grandes questionamentos, porém, após algumas décadas de
trabalho, havia uma grande insatisfação com os resultados da fala dos surdos. A maioria dos
surdos profundos, além de não revelar uma comunicação oral satisfatória, não apresentava
desenvolvimento na leitura nem na escrita, provocando um visível fracasso da metodologia.
10
UM NOVO
HORIZONTE
SÉCULO XX
O descontentamento com o Oralismo tomava conta do cenário educacional. A falta de
socialização dos surdos e os pequenos progressos apresentados induziram a novos
questionamentos sobre a educação dos surdos e surgiram novas propostas pedagógico-
educacionais em relação à educação da pessoa surda e volta ao cenário a perspectiva sobre o
uso da língua de sinais.
A Língua de Sinais foi estudada por meio das pesquisas de William Stokoe, em 1960 sendo
demonstrado que a Língua Americana de Sinais (ASL) apresentava todas as características
das línguas orais. Após a publicação de Stokoe, na década de 70, cresceram as pesquisas
voltadas para a Língua de Sinais e sua aplicação na educação e na vida dos surdos.
A grande insatisfação que pairava sobre o cenário educacional, desde os educadores até os
surdos deu origem a experiências envolvendo tanto a língua de sinais como outros métodos
manuais, desde que propiciassem uma melhor comunicação entre ouvintes e não ouvintes.
Nessa época, Dorothy Schifflet, que era professora e mãe de um surdo, iniciou uma nova
metodologia de ensino e introduziu língua de sinais, língua oral, leitura labial, treino auditivo
e alfabeto manual, denominado “Total Aproach”. Posteriormente, Roy Holcom adotou esse
trabalho e o rebatizou de Total Communication, dando origem à filosofia da Comunicação
Total.
Como ainda não havia uma metodologia única, muitas eram as experiências desenvolvidas
com os surdos. A Universidade Gallaudet, que utilizava o inglês sinalizado, adotou a
Comunicação Total e se tornou o maior centro de pesquisa dessa nova filosofia.
11
COMUNICAÇÃO TOTAL
A tendência ganhou impulso nos anos 70; a junção de métodos era permitida, como a língua
de sinais, leitura orofacial, amplificação e datilologia a fim de fornecer inputs linguísticos
para estudantes surdos, podendo eles se expressarem mediante a modalidade a que melhor se
adaptassem. Os profissionais que adotaram a filosofia em questão percebiam os surdos não
como portadores de uma patologia, mas sim, como uma pessoa capaz de se desenvolver e
superar suas limitações.
O objetivo é desenvolver uma comunicação real entre os surdos e os seus familiares,
professores e coetâneos, para que eles possam construir seu mundo e suas convicções
internamente. A oralização não é o objetivo em si da comunicação total, mas uma das áreas
trabalhadas para possibilitar a integração social do indivíduo surdo.
12
Após a euforia do momento inicial e análises avaliativas, observou-se que os surdos ainda
apresentavam sérias dificuldades para expressar sentimentos e ideias e comunicar-se em
contextos extraescolares.
Referente à escrita, os problemas apresentados continuam a ser muito importantes, sendo que
poucos sujeitos alcançam autonomia nesse modo de produção de linguagem, sendo poucos os
casos bem-sucedidos. E sobre os sinais, estes ocupam um lugar meramente acessório de
auxiliar da fala, não havendo um espaço para seu desenvolvimento.
SÉCULO XX
A Comunicação Total proporcionou maior resultado positivo que o oralismo, a observância
aos aspectos do desenvolvimento cognitivo dos surdos, a convocação dos familiares em prol
da educação dos filhos surdos. A filosofia vigente, porém, não privilegia o fato de a língua de
sinais ser a língua natural dos surdos; não privilegia o fato de ser um fenômeno natural da
comunidade surda nem sua carga cultural, inserindo recursos artificiais com o intuito de
facilitar a interação. Isso gera, em alguns casos, uma certa desordem na comunicação, uma
vez que o domínio dos recursos depende da habilidade individual de cada um, o que torna a
codificação confusa.
No final da década de 70, alguns educadores adotaram a Língua de Sinais, independentemente
da língua oral; com isso, o surdo deveria utilizar, em determinados momentos, a Língua de
Sinais e, em outros, a língua oral. Surgiu, então, a proposta do Bilinguismo a partir da década
de 80, ganhando adeptos em todos os países do mundo.
A reivindicação dos surdos para se comunicarem por meio da Língua de Sinais tem sua
legitimidade construída a partir dos anos 1960, quando as pesquisas das neurociências
começaram a oferecer as bases científicas que atribuíam às Línguas de Sinais o papel de único
instrumento capaz de atender as necessidades comunicativas dos surdos (RAMOS, 2011).
Os avanços dos estudos de neuroimagens por meio de exames, como a ressonância magnética
funcional e a tomografia computadorizada, por exemplo, permitiram analisar a atividade
sináptica das diversas regiões cerebrais, possibilitando a observação em tempo real da
funcionalidade do cérebro.
13
Fonte: Freitas (2012)
14
O conceito central da educação bilíngue afirma que os surdos formam uma comunidade com
cultura e linguagem próprias. Apresenta uma filosofia diferente do modelo oralista, porque
considera o canal viso-gestual de fundamental importância para a aquisição de linguagem da
pessoa surda. Diferencia-se também do modelo da comunicação total porque defende um
espaço efetivo para a língua de sinais no trabalho educacional.
O Bilinguismo defende que cada língua apresentada possui características próprias não
devendo nunca ser misturadas. A proposta é que sejam ensinadas duas línguas: a língua de
sinais como língua materna, e a outra do grupo ouvinte majoritário, língua país.
IMPORTANTE
A língua de sinais
estará sempre um
pouco mais
desenvolvida e
adiante da língua
falada, de modo que
a competência
linguística na língua
de sinais servirá de
base para a
competência na
aquisição da língua
falada.
Trata-se da
aprendizagem de
uma língua por
meio da
competência em
outra língua,
modelo natural dos
ouvintes, quando
aprendem uma
segunda língua. A
base é sua língua
materna.
15
filosofia em questão busca otimizar a relação entre o adulto surdo e a criança, abrindo um
caminho para o processo de construção de uma autoimagem positiva como sujeito surdo, sem
perder a possibilidade de se integrar a uma comunidade de ouvintes.
São poucos os países que implantaram a educação bilíngue. A aplicação prática não é simples
e exige cuidados especiais, formação de profissionais habilitados e diferentes instituições
envolvidas.
Projetos realizados em diversas partes do mundo, como Suécia, Estados Unidos, Venezuela e
Uruguai, têm princípios filosóficos semelhantes, embora se diferenciem em alguns aspectos
metodológicos. Diante desse panorama, é possível constatar que, de alguma maneira, as três
principais abordagens de educação de surdos, Oralista, Comunicação total e Bilinguismo,
coexistem com adeptos de todas elas nos diferentes países. Cada uma delas possui sua
história, uma ideologia, cada qual com seus prós e contras, embora não seja possível se
instituir uma metodologia sem levar em consideração os aspectos que propiciam o
desenvolvimento humano.
Como podemos observar as línguas de sinais são faladas em todo o mundo, para exemplificar
temos: comunidade surda britânica utiliza a British Sign Language (BSL); a francesa, a
Language Française des Signes (LFS); os surdos portugueses utilizam a LSP – Língua de
Sinais Portuguesa;b a comunidade estadunidense, a American Sign Language (ASL); e, claro,
a comunidade surda brasileira, a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
A Língua de sinais americana, bem como a língua brasileira de sinais tiveram suas origens na
língua francesa de sinais. Nos Estados Unidos, o americano Thomas Hoppins Gallaudet sensibilizado
com uma garotinha surda, Alice Cogswell de 8 anos, viaja à Europa em busca de novos métodos para
ajudar o desenvolvimento educacional desta menina, visto que não confiava muito nos métodos para
oralizar pessoas surdas que existiam naquela época no país. No Brasil, em 1855 um surdo francês,
Ernest Huet, em comum acordo com o imperador Dom Pedro II, chaga ao país e cria a primeira escola
nacional de surdos, atualmente o Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES na cidade do Rio
de Janeiro
16
A filosofia da Comunicação Total chegou ao Brasil, no final dos anos 70, após a visita de
Ivete Vasconcelos, educadora de surdos da Universidade de Gallaudet. O INES adotou a
Comunicação Total como metodologia para o ensino de suas turmas.
Na década seguinte, baseado nas pesquisas da linguista Lucinda Ferreira Brito sobre a Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS), o Bilinguismo tem início, passando a ser implantado em
algumas escolas e clínicas brasileiras, na década de 90.
SÉCULO XXI
Nesse século, houve o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras), como língua
da comunidade surda brasileira, através da Lei NO 10.436, de 24 de abril de 2002.
O Brasil se tornou Estado-parte e país signatário dos principais acordos e convenções
internacionais que estabelecem medidas de respeito aos Direitos Humanos, em um esforço
17
Ainda referente às missões, deve também subsidiar a Política Nacional de Educação, na
perspectiva de promover e assegurar o desenvolvimento global da pessoa surda, sua plena
socialização e o respeito às suas diferenças.
NOSSO OUVIDO
OUVIDO EXTERNO: Orelha e canal auditivo com a membrana timpânica no fundo do canal.
OUVIDO MÉDIO: 03 ossículos (martelo, bigorna, estribo) e a abertura da tuba auditiva.
OUVIDO INTERNO (labirinto): aparelho vestibular (equilíbrio) e cóclea (audição).
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SURDEZ
POSSÍVEIS CAUSAS
PRÉ-NATAIS PERINATAIS PÓS-NATAIS
A criança adquire a surdez por Problemas no parto Problemas após o
mieo da mãe, no período de nascimento
gestação.
GRAU DE PERDA
O Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, versa, em seu Art. 4º, que a pessoa portadora
de deficiência deve se enquadrar em uma das seguintes categorias:
Surdez leve 25 a 40 dB
PARCIALMENTE
SURDO Surdez moderada 41 a 55 dB
Surdez acentuada 56 a 70 dB
Surdez severa 71 a 90 dB
SURDO
Surdez profunda Acima de 91 dB
Anacusia
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ATENÇÃO
DESINFORMAÇÃO
Algumas pessoas acreditam que a comunicação gestual é um conjunto aleatório de gestos que
possibilitam uma comunicação qualquer.
LIBRAS, ou Língua Brasileira de Sinais, é a língua materna dos surdos brasileiros. Como
língua possui um sistema altamente estruturado, constituído de toda a complexidade gramatical
das línguas faladas, regras bem definidas e vários níveis de estrutura linguística, como morfologia,
sintaxe, semântica, pragmática, sendo também dotada de riqueza lexical e variações linguísticas.
Apenas na década de 60, as línguas de sinais passaram a ocupar um status linguístico.
Os itens lexicais, que nas línguas orais são denominados palavras, na língua de sinais, são
denominados “sinais”; estes possuem duas formas: icônicos ou arbitrários e conseguem,
devidamente aplicados dentro das regras da língua de sinais, descrever toda a complexidade
do pensamento humano.
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NA LÍNGUA ORAL: PALAVRAS NA LÍNGUA DE SINAIS: GESTOS
CURIOSIDADES
QUAL O CORRETO?
( ) Língua dos sinais
( ) Língua de sinais
Toque-o no ombro
21
QUANDO SURGIU O PRIMEIRO LIVRO?
O 1º livro em inglês, que descreve a língua de sinais, foi escrito por J. Bulwer, datado de 1644
(Ramos, 2011), quase quatro mil anos após o surgimento dos primeiros livros.
LEITURA LABIAL
Nem todo surdo faz leitura labial; estima-se que o surdo só compreende 20% da mensagem.
?O QUE É DATILOLOGIA...?
22
MÓDULO II
23
ASPECTOS LINGUÍTICOS
Ainda hoje, erroneamente, as línguas de sinais são vistas apenas como um conjunto de
pantomimas, uma combinação de gestos que permitem aos seus usuários uma comunicação
rudimentar (HICKOK; BELLUGI&KLIMA, 2001 apud BRASIL, 2011). Existe também, a
visão equivocada de que os surdos comunicam-se, escrevendo no ar as palavras da língua oral
por meio do alfabeto digital.
As línguas de sinais são sistemas altamente estruturados, constituídos de toda a complexidade
gramatical das línguas faladas, regras próprias e vários níveis de estrutura linguística, como
morfologia, sintaxe, semântica, pragmática, além de serem dotadas de riqueza lexical e de
sofrerem variações linguísticas.
Embora seja uma língua articulada espacialmente, lugar onde são constituídos seus
mecanismos fonológicos, morfológicos e sintáticos, certifica-se que as línguas de
sinais são icônicas e arbitrárias e que as formas icônicas não são universais.
Trata-se, portanto, de uma língua que possui os mesmos universais linguísticos das
línguas orais, caracterizando a formação dos sinais a partir dos fonemas e morfemas.
Percebe-se, ainda, por meio da sua morfologia e sintaxe, o seu caráter flexional,
complexo e econômico na produção e articulação das frases.(SOUSA, 2010).
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Em todo o mundo, há comunidades surdas, que usam a língua de sinais amplamente diferente
daquela da língua falada utilizada na mesma área geográfica. Isso comprova que as línguas de
sinais são independentes das línguas orais, uma vez que foram produzidas dentro das
comunidades surdas.
A Língua de Sinais Americana é diferente da Língua de Sinais Britânica que é diferente da Língua de
Sinais Francesa.
(ASL) (BSL)
(LSF)
24
Exemplo: a palavra NOME
ASL LIBRAS
25
A LIBRAS APRESENTA MUDANÇAS HISTÓRICAS
Com o passar do tempo, um sinal pode sofrer alterações.
Exemplo: AZUL
LÍNGUA DE SINAIS
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A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS É UMA LÍNGUA DE MODALIDADE GESTUAL-
VISUAL-ESPACIAL. DEVIDO À NATUREZA LINGUÍSTICA, A REALIZAÇÃO DE UM
SINAL PODE SER MOTIVADA PELAS CARACTERÍSTICAS DO DADO DA REALIDADE
A QUE SE REFERE, EMBORA ISSO NÃO É UMA REGRA.
Os itens lexicais, que nas línguas orais são denominados de palavras, nas línguas de sinais,
são denominados “sinais”.
LÍNGUAS ORAIS LÍNGUA DE SINAIS
Os sinais podem ser icônicos ou arbitrários, sendo capazes de descrever toda a complexidade,
concretude e abstração inerentes ao pensamento humano.
Exemplo:
CONVERSAR DEPRESSA
27
28
ESTRUTURA GRAMATICAL
PARÂMETROS
A LIBRAS tem sua estrutura gramatical organizada a partir de cinco parâmetros, que
estruturam sua formação nos diferentes níveis linguísticos. São cinco elementos que se
combinam de forma sequencial para a composição dos sinais:
1. Configuração de mãos
2. Ponto de articulação
3. Movimento
4. Direção
5. Expressão facial
CONFIGURAÇÃO DE MÃOS
Consiste na forma que a mão assume durante a realização de um sinal, trata-se da unidade
mínima de realização do sinal, comparando com a língua oral a configuração de mão é o
fonema.
São 64 configurações.
29
Exemplo:
Nas palavras veado e ontem, podemos observar que a configuração das mãos é diferente em
cada uma delas.
Veado ontem
PONTO DE ARTICULAÇÃO
É o espaço frente ao corpo ou em uma região do próprio corpo onde os sinais são executados.
Podem ser realizados diante do corpo, próximo ou tocando uma região.
Exemplo:
A palavra trabalho tem o ponto de articulação no espaço neutro
30
As palavras abaixo diferem apenas em relação ao local do ponto de articulação. Observe que
cada uma das figuras significa diferentes palavras.
(A configuração de mão e o movimento são iguais, sendo o ponto de articulação diferente, alterando totalmente o significado.).
MOVIMENTO
Os sinais podem ou não ter movimento, que consiste no deslocamento da mão no espaço,
durante a realização do sinal, podendo ser em linha reta, curva ou circular, realizado no
espaço ou sobre o corpo.
Galinha Homem
31
TIPOS DE MOVIMENTO
RETILÍNEO:
Helicoidal:
32
Circular:
Semicircular:
33
Sinuoso:
Angular:
34
DIREÇÃO
Durante a realização do sinal, a palma da mão assume uma direção: para cima, para baixo,
para frente, para a direita ou esquerda, para o corpo.
35
EXPRESSÃO FACIAL
Devido à modalidade viso-espacial da língua de sinais, as expressões faciais possuem uma
função decisiva na língua de sinais, pois substituem a entonação da voz usada na pontuação
das sentenças afirmativas, negativas, interrogativas e exclamativas.
O sinal precisa da expressão facial para ter seu significado completo.
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ESTRUTURA SINTÁTICA
FORMAÇÃO DAS FRASES
A ordem das frases em língua de sinais obedece a regras próprias, que refletem a forma pela
qual o surdo processa suas ideias, baseando-se em sua percepção visual-espacial da realidade.
Exemplos:
Eu gosto de rosa
Eu vou de carro
Exemplos:
Libras: EU IR CASA
Português: EU IREI PARA CASA (para - não se usa em LIBRAS, porque está incorporado ao verbo).
Libras: IDADE VOCÊ + expressão facial de interrogação
Português: QUANTOS ANOS VOCÊ TEM?
FLEXÃO DE GÊNERO
Não há flexão de gênero em Libras; quando é preciso explicitar o sexo, acrescenta-se o sinal
homem ou mulher.
Substantivos e adjetivos não são marcados.
Adjetivos, artigos, pronomes e numerais não apresentam flexão de gênero, apresentam-se em
forma neutra.
A forma de representação gráfica é @
Exemplo:
namorad@, gat@, fri@,amig@, pouc@, macac@.
37
ADJETIVOS
Sempre estará de forma neutra, não havendo marcador para masculino e feminino nem para
singular e plural.
Os adjetivos estarão posicionados na frase, após o substantivo que qualifica.
Ex: Blusa azul boit@
Menin@ bonit@
Gord@
Magr@
SISTEMA PRONOMINAL
PRONOMES PESSOAIS
EU TU ELE/ELES
Observe o quadro
SINGULAR DUAL TRIAL QUATRIAL PLURAL
Conf mão: G Conf mão: K Conf mão: Conf mão: 54 Conf mão:
ou V W Pessoa do
discurso +
Foto sinal
grupo
38
PRIMEIRA PESSOA
39
SEGUNDA PESSOA
Segunda do singular: VOCÊ - aponta para o interlocutor - a pessoa com quem se fala
VOCÊS – GRUPO
40
TERCEIRA PESSOA
Terceira do singular: EL@ - aponta para uma pessoa que não está na conversa ou para um
lugar convencionado para uma pessoa
Quando se quer falar de uma terceira pessoa presente, mas se deseja ser discreto, por
educação, não se aponta para essa pessoa diretamente. Ou se faz um sinal com os olhos e um
leve movimento de cabeça em direção à pessoa mencionada ou aponta-se para a palma da
mão (voltada para a direção onde se encontra a pessoa referida).
41
RESUMO
1ª pessoa do singular EU
PRONOMES DEMONSTRATIVOS
42
Vamos observar e comparar por meio da tabela
PRONOMES POSSESSIVOS
Não possuem marca para gênero, estando relacionados às pessoas do discurso e não, à coisa
possuída, como acontece em Português.
Os pronomes possessivos se relacionam com:
43
2ª pessoa te@ - A mão estará na configuração de P, porém o movimento é em direção à
pessoa com quem se fala.
PRONOMES INTERROGATIVOS
Que?
Quem?
Onde?
Quando
?
Os pronomes interrogativos QUE, QUEM e ONDE se caracterizam, essencialmente, pela
expressão facial interrogativa feita simultaneamente ao pronome. São usados no início da
frase.
Exemplos:
QUEM NASCER BRASIL?
QUE GOSTAR COMER?
ONDE NASCER VOCÊ?
Exemplos :
PESSOA, QUEM-É? Português: Quem é esta pessoa?
CARRO DE-QUEM-É? Português: De quem é este caderno?
QUANDO: a pergunta com quando está relacionada a um advérbio de tempo (hoje, amanhã,
ontem) ou está relacionado a um dia específico.
É preciso observar que há 3 sinais diferentes para QUANDO:
44
QUAL
COMO
PARA QUE
Os pronomes interrogativos qual, como e para que podem ser usados no início ou final da
frase, assim como POR-QUE, pois não há diferença entre o “por que” interrogativo e o
“porque” explicativo. O contexto da frase e as expressões faciais vão direcionar o conteúdo da
frase.
45
QUE HORAS E QUANTAS HORAS
Há dois sentidos
Que horas?
Aponta para o pulso + expressão interrogativa QUE HORA
Horas do dia?
Sinal hora + Numeral para quantidade + expressão facial para frase interrogativa?
OBS: Após 12h, começa-se a contar novamente: hora1, hora2 + sinal tarde, ou noite, ou
madrugada.
Exemplo:
Aula começar que hora hoje?
Você sair que hora?
46
PRONOME INDEFINIDO
47
Exemplos:
Ninguém (acabar)
Ter-não ninguém na sala.
Nenhum
Você ter telefone?
Eu, nenhum telefone.
Nenhum - Pouquinho
El@ comer tud@ ter-não nenhum-pouquinho.
ADVÉRBIOS DE TEMPO
PRESENTE
Nas expressões hoje e agora o que muda são as expressões facias.
AGORA HOJE
48
PASSADO
FUTURO
AMANHÃ FUTURO
Recapitulando:
Nenhum marcador = Ideia de tempo presente
Marcador de passado = Ação que foi realizada
Marcador de futuro = Evento que vai ser realizado
49
DICA
IMPORTANTE
Sinais para “MAIS”
50
ATENÇÃO
Na língua de sinais há substantivos e verbos que são representados pelo mesmo sinal, isso
também acontece com alguns adjetivos.
O intensificador muito e alguns advérbios de modo podem ser expressos por meio das
expressões facial e corporal.
51
Para intensificar uma ação, há uma repetição do sinal e uma incorporação de um movimento
lento.
Para estabelecer um modo rápido de se realizar a ação, existe uma repetição do sinal e a
incorporação de um movimento acelerado.
52
ENFIM, OS VERBOS...
Exemplo:
EU MORAR RECIFE;
EL@ MORAR RECIFE;
EL@ MORAR RECIFE.
DIVIDEM-SE EM:
Ex.:
comer: beber:
Comer comer maçã beber beber água beber café
53
b.1 Concordância número - pessoal – a orientação marca as pessoas do discurso; o
ponto inicial concorda com o sujeito e o final, com o objeto.
Exemplo:
Eu aviso você Você me avisa
Ex: Trocar
Exemplo:
54
b.3 Verbos que possuem concordância com a localização – referem-se ao local que
uma pessoa, objeto, animal ou veículo estão sendo colocados, carregados ou
manuseados. O ponto de articulação marca a localização.
Exemplo:
PARA RESUMIR
A NEGAÇÃO
Ela pode ser obtida por meio do sinal lexical NÃO, pela alteração do movimento do sinal
(negação interna). Ex.: SABER e NÃO – SABER
Ela também pode ser obtida pelo uso simultâneo do lexema verbal e da negação realizada com
o balanceamento da cabeça para os lados. Ex.: PRECISAR e NÃO PRECISAR
55
OS CLASSIFICADORES E OS ADJETIVOS DESCRITIVOS NA LIBRAS
Classificadores são uma forma pela qual a língua estabelece um tipo de concordância.
Exemplo:
Explicando a figura:
Na figura está sendo informado que existem duas pessoas e que elas estão passando uma pela
outra. Observe a figura 2 o classificador de pessoas.
56
TIPOS DE CLASSIFICADORES
Conf mão em V - para pessoas (uma ou mais pessoas andando, juntas ou separadas). A
orientação da palma da mão pode diferenciar o sentido do sinal, a depender da direção para
onde estiver voltada em relação ao corpo.
Conf mão em 4 - Pessoas (quatro pessoas andando juntas, pessoas em fila), árvores.
Conf mão em Y - Pessoas gordas, veículos aéreos, objetos altos e largos, de forma irregular
(jarra, peças decorativas, gancho de telefone, sapato de salto alto, chifre de touro ou vaca).
57
TIPOS DE
FRASE
Observe que as configurações de mão se repetem, o que vai determinar o sentido das
sentenças será o contexto da frase.
AFIRMATIVA
As expressões faciais farão o papel da entonação, do sinal a que se referem:
Expressão facial neutra.
Ex: El@ amig@
INTERROGATIVA
58
EXCLAMATIVA
FORMA NEGATIVA
DICA: Podem em algumas situações, ser utilizados dois tipos de negação ao mesmo tempo, o
movimento da cabeça + a mão em V no pescoço.
NÃO-PODER
59
Incorpora o movimento contrário ao sinal realizado
Ex.:
Ter não ter gostar não gostar
Faz um sinal negativo com a cabeça simultaneamente ao sinal que está sendo realizado.
Ex:
Conhecer não conhecer
IMPERATIVA
60
PARA RELEMBRAR
PARA REFLETIR
Aspectos morfológicos
Número e quantificação
Nos substantivos, a ideia do valor dual é expressa pela repetição do sinal e pela
anteposição ou posposição do número dois.
A pluralidade é obtida pela repetição do sinal três ou mais vezes e pela anteposição ou
posposição de sinais indicativos de números.
A ideia de plural é expressa, pospondo-se o sinal MUITO.
61
Ex.: Você mais bonit@ DO QUE el@
Do que1
62
NÚMEROS
CARDINAIS
63
ORDINAIS
Possuem a mesma forma dos números ordinais, porém eles possuem movimentos, sendo do 1º
ao 4º movimentos para cima e para baixo. Do 5º ao 9º, possuem movimentos para os lados. A
partir do 10º não apresentam mais nenhuma diferença, sendo o contexto a propiciar o sentido
da sentença.
QUANTIDADE
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VALORES MONETÁRIOS
Dinheiro Real
Nota Moeda
Para representar os valores de um mil até nove mil, também existe a incorporação do sinal
“vírgula”, podendo ser usado também o sinal de ponto.
Ex.:
65
Dez mil
Para valores de um milhão em diante, deve ser usado o numeral correspondente, acrescido do
sinal de vírgula, porém com um movimento rotativo e mais alongado, assim como a expressão
facial mais enfática.
Ex.:
Um milhão
66
SINAIS RELACIONADOS A COMPRAS
67
Porcentagem Juros Prestação Promoção
68
IDENTIDA
DE
E
CULTURA
SURDA
69
A COMUNICAÇÃO É UMA BARREIRA...
Você já imaginou acordar fora de seu país? Pessoas em sua volta falando um idioma
totalmente estranho? Os surdos vivenciam momentos difíceis em diversas fases de suas vidas,
nos hospitais, nas lojas, nas escolas, nas universidades, enfim...
Segundo o censo de 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), estima-se que, no Brasil, existam cinco milhões, setecentos e cinquenta mil surdos, e
cerca de 15 milhões de pessoas no mundo possuem algum tipo de perda auditiva de acordo
com os dados apresentados pela Organização Mundial de Saúde.
A perda de audição pode se desenvolver, mesmo sem haver casos na família e fatores de
riscos aparentes. A audição se inicia a partir do 5º mês de gestação, e qualquer recém-nascido
pode apresentar problemas auditivos ou adquiri-los nos primeiros anos de vida. Faz-se
necessário realizar o Teste da Orelhinha em todas as crianças ao nascerem, pois, quando os
bebês, que possuem perda auditiva diagnosticada cedo, iniciam o tratamento até os 06 meses
de idade, apresentam desenvolvimento muito próximo ao de uma criança ouvinte.
0 a 28 dias (recém-nascido)
- Histórico familiar;
- Infecção intrauterina (rubéola, sífilis, herpes genital ou toxoplasmose);
- Anomalia crânio-facial (deformações que afetam a orelha ou canal auditivo);
- Pré-maturidade eou baixo peso (inferior a 1.500 gramas ao nascer);
- Hiperbilirubinemia;
- Medicação ototóxica(antibióticos do tipo aminoglicosídeos);
- Meningite bacteriana;
- Necessidade de ventilação mecânica em UTI neonatal por mais de 05 dias;
- Dificuldades físicas associadas às síndromes neurológicas.
- Atraso na fala;
- Meningite bacteriana ou virótica;
- Trauma de cabeça associada à perda de consciência ou fratura craniana;
- Medicação ototóxica;
- Síndromes neurológicas;
- Infecção de ouvido persistente ou recorrente por mais de 03 meses.
70
Adultos
O SUJEITO SURDO
71
Mas tomemos essa questão da perspectiva relatada por uma colega
surda. Vou chamá-la de Paula. O irmão mais velho de Paula também é
surdo. Paula me disse que, ao contrário da sua experiência com a
surdez e com a língua de sinais, a experiência de seu irmão tinha sido
muito diferente. Ele foi oralizado, e ela, não. A ele foi negado, em
muitas ocasiões e contextos, o acesso à língua de sinais, vista como
uma língua perversa e inadequada. Mas sempre que ele estava com um
grupo de amigos surdos, os sinais eram naturalmente utilizados. Paula
me contou que, quando ela nasceu, os tempos eram outros: seus pais já
respeitavam mais a língua de sinais e também algumas escolas
permitiam seu uso. Nessa história, Paula não foi oralizada como seu
irmão, os dois são muito fluentes em LIBRAS; contudo, enquanto
Paula demonstrava curiosidade em fazer treino labial e
fonoarticulatório, seu irmão – com o intuito de preservá-la e protegê-
la – tenta convencê-la, a todo custo, a desistir disso, porque “a língua
dos surdos é a língua de sinais, e os surdos têm preconceito contra
aqueles que querem ou gostam da oralização (GESSER, 2009).
Podemos observar, com base nos relatos, dois pontos de vista bastante diferentes. A postura
do irmão é política e ideológica; preza por sua legitimidade como surdo e como ser humano
capaz, sobrevivente a traumas e discriminações sofridos por sua geração. Lembro aqui que a
oralização de Paulo lhe foi imposta. Paula, por sua vez, cresce num ambiente favorável ao seu
desenvolvimento; tem no seu irmão um interlocutor, uma identificação, o que faz despertar
naturalmente a vontade de ultrapassar as barreiras e desenvolver-se cada vez mais, além da
vontade de participar voluntariamente dos treinos fonoaudiólogos.
72
IDENTIDADE E CULTURA
73
COMUNIDADES SURDAS NO BRASIL
A educação dos surdos no Brasil ainda é uma questão em construção; ainda não se chegou a
um nível satisfatório, estando poucas escolas aptas a suprir as necessidades dos surdos, e
poucas instituições educacionais respeitam a condição bilíngue destes.
A trajetória do processo da educação dos surdos, que passou por diversas práticas filosóficas,
determinou a atual conjuntura educacional instaurada.
Desde a Declaração de Salamanca, da qual o Brasil é país assinante, e, portanto, país cujo
tratamento se adequa a todos os cidadãos portadores de necessidades educativas específicas,
observamos o crescente aumento de pessoas surdas nas instituições de ensino, porém sem
maiores especificidades as suas necessidades e anseios, onde o fracasso escolar, muitas vezes,
é evidente.
74
Como já vimos anteriormente, a linguagem é essencial à vida em sociedade; é por meio dela que
partilhamos ideias, emoções e experiências. É crucial que o indivíduo compreenda a linguagem do
país onde vive; caso contrário, suas oportunidades ficarão bastante reduzidas.
A fim de tornar a aprendizagem significativa, é essencial que os surdos sejam escolarizados em sua
língua materna, que é a língua de sinais. Nesse sentido, objetivando o desenvolvimento intelectual
dos surdos, as escolas devem adotar uma metodologia inclusiva que propicie não apenas a inclusão
social mas também a inclusão intelectual. A implantação de uma metodologia, de fato, inclusiva é
uma luta diária dos alunos surdos, dos pais de alunos surdos, do corpo pedagógico, enfim... A criança
surda aprenderá a escrita da língua portuguesa mediante a língua de sinais, pelo fato de ser a sua
língua materna, pois ela não possui ainda o domínio linguístico da língua de sinais, e, em alguns
casos, os professores também não, ficando assim instaurado o déficit no contexto escolar, na
representação, no significado das palavras, havendo, dessa forma, o comprometimento da aquisição
de conhecimento, cultura e socialização. O sucesso escolar depende, em grande parte, do domínio
do contexto ofertado pela escola; nesse caso, a linguagem escrita passa a ser uma ferramenta
essencial para a comunicação. Trata-se de uma forma mais fácil de compartilhamento das
informações entre surdos e ouvintes.
Trata-se de um assunto que deve ser ensinado por meio de metodologia adequada; ensinar a
gramática para um aluno surdo requer dedicação e habilidade, tanto quanto para qualquer aluno
que deseja aprender um segundo idioma.
Lembro aqui, o módulo II, no qual aprendemos sobre gramática, estrutura sintática e construção das
frases, textos nos quais existem frases na voz passiva, complemento indireto, orações relativas,
conjunções, artigos e pronomes, estes ao serem ensinados e/ou exemplificados aos alunos surdos
demandará por parte do docente um grande empenho e prática de ensino, pois a língua de sinais
deriva da modalidade viso-espacial, e, a maioria dos recursos linguísticos da língua oral são
desconsiderados, e/ou embutidos.
Qualquer que seja o conteúdo a ser ensinado será preciso que o aluno surdo entenda o contexto, o
significado da mensagem, para exemplificar as ironias, as metáforas, as mensagens subliminares,
enfim... É preciso adaptação curricular e metodológica nas instituições de ensino, e o corpo
pedagógico deve ter discernimento e vigilância para as questões da acessibilidade e inclusão
educacional.
75
PECULIARIDADES DA COMUNIDADE SURDA
O INTÉRPRETE
Não há nada mais peculiar para a comunidade surda que a presença do intérprete. Eles têm uma
importância valiosa na vida dos surdos; são promotores da interação com os ouvintes. O trabalho de
interpretar se iniciou em 1880, por meio do voluntariado das famílias dos surdos, nas igrejas e nos
pequenos grupos que se formavam. Muitas dessas pessoas foram convidadas a trabalhar
formalmente com a intermediação em congressos, instituições de ensino, atuando em todos os
níveis, inclusive nos níveis de graduação, e, na euforia urgente de se realizar a inclusão, foi
desconsiderada a formação profissional dos intérpretes, acarretando, assim, em diversos casos, o
comprometimento do significado e a contextualização dos temas a serem traduzidos.
Em 1988, aconteceu o I Encontro Nacional de Intérpretes de Língua de Sinais, organizado pela
FENEIS, que propiciou, pela primeira vez, o intercâmbio entre alguns intérpretes do Brasil e a
avaliação sobre a ética do profissional.
Segundo o MEC, o Intérprete de Língua de Sinais é a pessoa, que traduz e interpreta a língua de sinais
para a língua falada e vice-versa em qualquer modalidade que se apresentar (oral ou escrita).
O Intérprete de Língua de Sinais (IL) é o profissional que domina a língua de sinais e a língua falada
do país, podendo também dominar outras línguas, como o inglês, o espanhol, a língua de sinais
americana e fazer a interpretação para a língua brasileira de sinais ou vice-versa (por exemplo,
conferências internacionais). Além do domínio das línguas envolvidas no processo de tradução e
interpretação, é preciso ter qualificação específica para atuar profissionalmente de acordo com
alguns princípios éticos, que são:
1- Confiabilidade;
2- Imparcialidade;
3- Discrição;
4- Distância profissional (o profissional intérprete e sua vida pessoal são separados);
5- Fidelidade (a interpretação deve ser fiel); o intérprete não pode alterar a informação por
querer ajudar ou ter opiniões a respeito de algum assunto; o objetivo da interpretação é
transmitir o que realmente foi dito).
O intérprete de língua de sinais tem por missão traduzir fidedignamente o conteúdo e tornar
significativa a aprendizagem.
O intérprete que trabalha nas instituições de ensino tem sua atividade ainda num processo de
construção, pois há filosofias divergentes por parte da equipe pedagógica. Em muitas situações, os
conteúdos não são adaptados; em alguns casos, o intérprete não participa do planejamento escolar e
nem sempre os papéis de professores e intérpretes são definidos.
76
vezes, é impossível realizar uma tradução em absoluto, muitas vezes o IS precisa se esforçar bastante
e utilizar muita habilidade e técnica em busca de se fazer compreender um enunciado.
Devemos fazer algumas reflexões a respeito da metodologia empregada nas salas de aula inclusiva.
No caso dos alunos surdos, nós, docentes, devemos analisar se a presença do IS isenta o professor da
responsabilidade de transmitir o conteúdo aos alunos surdos? A inserção do IS em sala de aula supre
todas as necessidade educacionais dos alunos surdos?
É preciso estar atento às diferenças entre inclusão social e educacional. A construção do
conhecimento e o desenvolvimento intelectual dos alunos dependerão do planejamento das
partes envolvidas no processo de aprendizagem, sejam elas instituições, alunos, professores,
coordenadores, pedagogos, diretores, enfim, todas as ideias precisam convergir em prol do
desenvolvimento humano.
Existem tecnologias para uso da sociedade em geral, que facilitam o povo surdo, como o meio
digital de comunicação em tempo real e a distância, torpedos via celular, skype, vídeos, chats,
internet bem como a sua acessibilidade em variados espaços, como palestras, congressos,
aulas, cursos, julgamentos, possibilitada por intérpretes da língua de sinais, telão, cartazes,
etc.
Diversas iniciativas buscam facilitar a comunicação entre surdos e ouvintes, bem como objetivam
proporcionar maior autonomia aos surdos.
Telefone para surdos (TDD);
Instrumentos luminosos como a campainha em casas e escolas de surdos;
Despertadores com vibradores;
Legendas close-caption;
Babá com sinalizadores;
Aparelho de amplificação sonora individual;
Amplificadores para uso em telefones (surdez moderada ou severa);
Implante coclear;
Softwares para reabilitação de fala;
Aplicativos como hand talk, prodeaf, entre outros, disponíveis em celulares.
CLAWS, iniciativa desenvolvida na Escola Politécnica (Poli) da USP pelo engenheiro Stefan
José Oliveira Martins. O instrumento visa, principalmente, aumentar a autonomia na
utilização de informação virtual. CLAWS é um plugin, que pode ser utilizado no navegador da
internet, não dependendo da ferramenta ou funcionalidade do site para prover conteúdo
acessível. Em essência, ele é colaborativo, ou seja, depende da contribuição de seus usuários
para funcionar. Essa característica foi pensada com base em observações com um grupo de
jovens surdos, o qual apresentou uma notável capacidade de colaboração.
77
APARELHOS AUDITIVOS
Encontramos a solução para os problemas de audição? Eles são capazes de trazer a audição
para os surdos? É possível ser ouvinte e esquecer toda a cultura e vivência da comunidade
surda?
Muitos são os mitos e muitas as opiniões, inclusive divergentes, sobre os aparelhos auditivos.
Vamos estudar a respeito dessas tecnologias!
Lembramos aqui a questão dos percentuais de perda auditiva. Há também pessoas que foram
ouvintes por algum período, e, portanto, possuem uma memória auditiva. Nesse momento,
fazemos referência aos surdos de nascença. Existe uma crença, um marketing em que é
78
vendida a ideia de que os aparelhos auditivos possuem a capacidade de devolver a condição
de ouvinte de forma simples e eficaz, como mágica, ou seja, usou o aparelho e tudo está
resolvido.
Imaginemos uma pessoa completamente cega: ao colocarmos uma lente de contato,
restabeleceremos a sua visão?
Os aparelhos auditivos ao decodificarem o som, ou a linguagem, ampliam o som para as
pessoas que perderam a audição, ou que possuem um residual auditivo, podendo ter uma
resposta positiva de sua capacidade de voltar a ouvir. A prescrição do uso de aparelho é feita
após um sério acompanhamento médico, seguido de um teste audiométrico, e muitos fatores
são analisados, como idade, motivação, estado geral de saúde, pois são fatores determinantes
para o sucesso do procedimento.
Há alguns casos em que existe a recomendação dos fonoaudiólogos em relação aos aparelhos
auditivos. O público são as crianças que apresentam surdez severa ou profunda, porém o
objetivo é estimular a audição residual e fazê-las perceber os componentes acústicos da fala.
79
NOTÍCIAS DO MUNDO
A Fita Azul
Tornou-se parte da cultura surda usar uma fita azul que representa a história de luta. Uma
cultura, uma língua, um povo simbolizam a opressão enfrentada pelas pessoas surdas ao longo
da história. Hoje em dia, ela representa as suas silenciosas vozes em um mar de línguas
faladas.
FONTE: http://www.fcee.sc.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=274&Itemid=176
Dia do Surdo
ATENÇÃO
80
Com a finalidade de tornar o processo de identificação mais prático, a comunidade surda
institui o Sinal Pessoal, ou seja, uma identificação baseada na modalidade viso-espacial,
ressaltando características físicas e individuais, de fácil percepção.
O sinal geralmente é escolhido por uma pessoa surda; em alguns casos, é escolhido pelo
próprio usuário, embora não possa ser modificado.
Esses sinais são símbolos convencionados em todo o mundo para identificar os aspectos da cultura e
identidade surdas. O primeiro é o símbolo de língua de sinais, usado em todo o mundo, sendo o
único a ser incorporado ao léxico de todas as línguas. O segundo é o símbolo de surdo e, onde ele
estiver afixado, significará que há pessoas que se comunicam em sinais. O terceiro é o Símbolo
Internacional da Surdez sobre o qual você estudará posteriormente.
Esse sinal significa EU TE AMO; é a soma das iniciais, em datilologia, da expressão inglesa I
LOVE YOU, tendo sido incorporado ao léxico das línguas de sinais em todo o mundo não
apenas para declarar amor mas também como um símbolo da cordialidade entre as pessoas da
comunidade surda.
81
MÓDULO
IV
82
PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS
1854- Início da Educação Especial no Brasil, com a inauguração do Imperial Instituto dos
Meninos Cegos (atual Instituto Benjamin Constant), pelo Imperador D. Pedro II, na cidade do Rio
de Janeiro, com o objetivo de prepará-los, segundo sua capacidade individual, para exercício de
uma profissão liberal.
1857- Fundação do Imperial Instituto de Surdos Mudos, na cidade do Rio de Janeiro, que hoje é o
INES – Instituto Nacional de Educação de Surdos.
1954- Fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Surge o
ensino especial como alternativa à escola regular comum.
1961- A Lei de Diretrizes e Bases garante o direito da criança com deficiência à Educação, de
preferência na rede regular de ensino.
1971- A Lei 5.692 de 11 de agosto de 1971. traz um retrocesso jurídico, pois reforça as
escolas especiais.
1988- Promulgada a atual Constituição, versando sobre a educação, sendo direito de todos e
dever do Estado e da família, garantindo igualdade de condições para o acesso e permanência
na escola; E, em seu Art. 208; & III assegura atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
1990- Brasil assina a Declaração Mundial de Educação para Todos (Declaração de Jomtien);
1999 - O Decreto nº 3.298 dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência, regulamenta a Lei nº 7.853/89 e define a educação especial como
uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação
complementar da educação especial ao ensino regular.
2001 - Resolução CNE/CEB No 02 estabelece que é crime recusar a matrícula de crianças com
deficiência no ensino regular.
2002 - Lei No 10.436/02 Reconhece LIBRAS (língua brasileira de sinais) como meio legal de
comunicação e expressão.
83
2002 - A Portaria No2.678/08 aprova normas para uso, ensino, produção e difusão do alfabeto
braille em todas as modalidades de Educação.
2003 - O Ministério da Educação cria o “Programa Educação Inclusiva: Direito à
Diversidade”, com o objetivo de formar professores para atuar na disseminação da Educação
Inclusiva.
2004 - O Ministério Público Federal reafirma o direito à escolarização de alunos com e sem
deficiência no ensino regular mediante o documento “O Acesso de Alunos com Deficiência às
Escolas e Classes Comuns da Rede Regular”.
2008 - Decreto Legislativo 186/2008 - ratifica a Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência com status de emenda constitucional.
2008 - Decreto 6571/2008, que dispõe sobre o Atendimento Educacional Especializado. Esses
dois decretos estabelecem que devam ser assegurados sistemas educacionais inclusivos em
todos os níveis de ensino.
2009 - Decreto Executivo 6.949/2009, que ratifica a Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência, agora diretamente pelo Poder Executivo.
84
O QUE DIZ A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO
- Educação Especial
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às
peculiaridades da clientela de educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em
função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino
regular.
§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis
anos, durante a educação infantil.
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013):
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos para atender às suas
necessidades;
II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino
fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir, em menor tempo, o programa
escolar para os superdotados;
III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado,
bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;
IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive
condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante
articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas
áreas artística, intelectual ou psicomotora;
V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível
do ensino regular.
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições
privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio
técnico e financeiro pelo poder público.
85
Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos
educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na
própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo.
(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).
A inclusão passou a fazer parte da pauta, das mais significativas ações humanitárias entre as
nações, em se tratando de promoção da acessibilidade. A Declaração de Salamanca configura-
se como o documento mais abrangente e respeitado em todo o mundo. Trata-se de uma
resolução das Nações Unidas que norteia os princípios, a política e a prática em educação
especial.
Segundo a Organização Nacional das Nações Unidas (ONU), 10% da população mundial
tem alguma deficiência. A Lei 8.213/91 chamada de Lei de Cotas para deficientes, determina
uma cota mínima para pessoas com alguma deficiência em empresas com mais de 100
empregados. Isso trouxe benefícios para muitos deficientes que foram colocados no mercado
de trabalho. A proporção de vagas se dá na seguinte forma: de 100 a 200 empregados com 2%
de deficientes no quadro de funcionários, de 201 a 500, com 3%; de 501 a 1000, com 4% e
acima de 1001, com 5%. As empresas que não cumprem a demanda estão sujeitas à multas.
Para a Lei, a deficiência é considerada quando ocorre a perda ou anormalidade da estrutura ou
de sua função psicológica ou fisiológica.
86
RESUMO DAS PRINCIPAIS AÇÕES
ANO AÇÃO
1948 Declaração Universal dos Direitos Humanos
Link: http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm
Adotada pela ONU em 10 dez. 1948, esboçada, principalmente, por John Peters Humphrey (Canadá) e por várias
pessoas de todo o mundo, após o período pós-guerra, com o intuito de construir um mundo sob novos alicerces
ideológicos, estabeleceram as bases de uma futura paz, definindo áreas de influência das potências e acertado a
criação de uma organização multilateral que promovesse negociações sobre conflitos internacionais, para evitar
guerras e promover a paz e a democracia e fortalecer os Direitos Humanos.
"A Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser
atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo
sempre em mente esta Declaração, se esforcem, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses
direitos e liberdades, e pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu
reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios estados-membros quanto
entre os povos dos territórios sob sua jurisdição."
87
1994 Declaração de Salamanca
Link: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf
Espanha 1994, Trata-se de uma resolução das Nações Unidas que trata dos princípios, política e prática em educação
especial. Adotada em Assembleia Geral, apresenta os Procedimentos Padrões das Nações Unidas para a Equalização de
Oportunidades para Pessoas Portadoras de Deficiências, considerada mundialmente um dos mais importantes
documentos que visam à inclusão social, juntamente com a Convenção sobre os Direitos da Criança (1988) e
da Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990).
Link para Resolução No4 - Diretrizes Operacionais para o AEE Educação Básica:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/pceb013_09_homolog.pdf
88
LEGISLAÇÃO
Art. 1 Esta lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade
das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida mediante a supressão de
barreiras e de obstáculos nas vias e nos espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção
e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação.
CAPÍTULO VII
DA ACESSIBILIDADE NOS SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO E SINALIZAÇÃO
89
Art. 18. O Poder Público implementará a formação de profissionais intérpretes de escrita em braille,
linguagem de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à
pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação.
Art. 19. Os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens adotarão plano de medidas técnicas
com o objetivo de permitir o uso da linguagem de sinais ou outra subtitulação, para garantir o direito
de acesso à informação às pessoas portadoras de deficiência auditiva, na forma e no prazo previsto
em regulamento.
Esse projeto torna acessíveis aos portadores de deficiência auditiva as mensagens televisivas
dos Poderes da União e a propaganda eleitoral gratuita e dá outras providências.
Tem como objetivo proporcionar aos deficientes auditivos maior acesso à informação, como
forma de garantir-lhes participação efetiva no processo de investidura aos cargos eletivos por
meio da visualização de sinais adequados à sua condição física.
Art. 2º A Carteira de Livre Acesso, a que se refere o Artigo 1º, § 1º, da Lei nº 11.897, de 18
de dezembro de 2000 e que instrumentaliza o benefício da gratuidade de que trata esse
Decreto, será emitida pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos - EMTU/Recife,
após o recebimento dos documentos necessários pelos Municípios que compõem a Região
Metropolitana do Recife e o respectivo deferimento do benefício pela Superintendência de
Apoio à Pessoa com Deficiência - SEAD, órgão subordinado à Secretaria de Planejamento e
Desenvolvimento Social - SEPLANDES.
1º A Carteira de Livre Acesso tem validade de 02 (dois) anos, contados da data de sua
emissão, podendo a EMTU/Recife efetuar alteração no seu modelo, sempre que necessário,
90
objetivando resguardar os direitos dos beneficiários e mantê-la sempre adequada ao sistema
de fiscalização e controle de sua emissão.
§ 2º A cada 6 (seis) meses, contados a partir da data de sua emissão, deverá a Carteira de
Livre Acesso ser revalidada pela EMTU/Recife mediante a comprovação por parte do
beneficiário perante a EMTU/Recife de que permanece com a deficiência definida no Art. 1º
do presente Decreto.
Art. 1º Fica instituído o Dia Nacional do Deficiente Auditivo e do Surdo, que será
comemorado no último domingo do mês de setembro de cada ano.
Art. 2º Para o evento, deverão contribuir os órgãos públicos responsáveis pelo apoio às
pessoas portadoras de deficiência, com o fim de dar publicidade e esclarecimento ao público
da necessidade de respeito aos direitos de cidadania dessas pessoas.
91
Art. 3º É proibida a utilização do "Símbolo Internacional de Surdez" para finalidade outra que
não seja a de identificar, assinalar ou indicar local ou serviço habilitado ao uso de pessoas
portadoras de deficiência auditiva.
Art. 1º - Em todas as edificações públicas e privadas onde haja acesso público (escolas,
hospitais, postos de saúde, estações e terminais de transporte, creches, instituições financeiras
e prestadoras de serviços, comércio), deverão ser implantados dispositivos que possibilitem a
instalação de equipamento de telefonia para pessoas portadoras de deficiência auditiva,
deficiência da fala e surdas.
92
Telefone público para surdos
Art. 2º Para os fins desse Decreto considera-se pessoa surda aquela que por ter perda auditiva,
compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua
cultura, principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras.
CAPÍTULO II
CAPÍTULO IV
93
Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas
acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e
nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de
educação desde a educação infantil até à superior.
CAPÍTULO VII
Art. 25. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Sistema Único de Saúde -
SUS e as empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à
saúde, na perspectiva da inclusão plena das pessoas surdas ou com deficiência auditiva em
todas as esferas da vida social, devem garantir, prioritariamente aos alunos matriculados nas
redes de ensino da educação básica, a atenção integral à sua saúde, nos diversos níveis de
complexidade e especialidades médicas, efetivando:
CAPÍTULO VIII
Art. 26. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Poder Público, as empresas
concessionárias de serviços públicos e os órgãos da administração pública federal, direta e
indireta devem garantir às pessoas surdas o tratamento diferenciado, por meio do uso e
difusão de Libras e da tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa, realizados por
servidores e empregados capacitados para essa função, bem como o acesso às tecnologias de
informação, conforme prevê o Decreto no 5.296, de 2004.
§ 1o As instituições de que trata o caput devem dispor de, pelo menos, cinco por cento
de servidores, funcionários e empregados capacitados para o uso e interpretação da Libras.
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§ 2o O Poder Público, os órgãos da administração pública estadual, municipal e do
Distrito Federal, e as empresas privadas que detêm concessão ou permissão de serviços
públicos buscarão implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar às
pessoas surdas ou com deficiência auditiva o tratamento diferenciado, previsto no caput.
No dia 24 de abril de 2002, foi homologada a Lei Federal no 10.436, que reconhece a língua brasileira
de sinais como língua da comunidade surda brasileira. Caracterizou-se como um marco fundamental
no processo de reconhecimento e formação do profissional dos intérpretes da língua brasileira de
sinais, bem como a abertura de várias oportunidades no mercado de trabalho que são respaldadas
pela questão legal.
No Brasil, não há tradição na profissão de intérpretes. Apesar dessa lacuna, ocupam a 36ª posição no
quadro de profissionais liberais, segundo o artigo 577, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
que é a principal norma legislativa brasileira referente ao Direito do Trabalho e ao Direito Processual
do Trabalho.
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