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2014
Editorial
Comitê Editorial
Magda Maria Ventura Gomes da Silva
Lucia Ferreira Sasse
Marina Caprio
Rosaura de Barros Baião
Gladis Linhares
Organizadores do Livro
Gabriela Maffei Moreira
Tatiana Palazzo
Autor do Original
Luciana Andrade Rodrigues
ri o Educação de Surdos................................................. 7
Objetivos da sua aprendizagem......................................... 9
má
Você se Lembra?..................................................................... 9
1.1 Antiguidade.......................................................................... 10
1.2 Idade Média.............................................................................. 12
Su
necessidades especiais.
Esse livro está estruturado em cinco capítulos. O capítulo 1, in-
Ap
Você se Lembra?
Pergunte a seus pais e irmãos mais velhos e responda também você:
Com quantos alunos surdos vocês estudaram? A maioria das respostas
deve ser “com nenhum”, mas hoje podemos estar contribuindo para mu-
dar essas respostas.
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
1.1 Antiguidade
Na Antiguidade, a deficiência era vista como incapacidade; as pes-
soas não podiam produzir nem eram livres para “cuidar” de suas vidas.
Segundo Perlin (2002,p.16):
A história dos surdos é escrita pela história da educação e a história
da educação dos surdos foi sempre contada pelos ouvintes. É na-
tural que muitos surdos tenham se apropriado dela como se fosse
verdade absoluta e a tenha absorvido exatamente como lhes foi dito,
isto é, que eles eram deficientes, menos válidos, incapazes [...].
No livro da lei dos hebreus (século XIII a.C) a Torá, podia-se ler:
“[...]quem dá a boca ao homem? Quem o torna mudo ou surdo, capaz de
ver ou cego? Não sou Eu, Javé?” (Êxodo, IV:11).
“— Ser surdo e ser mudo é a vontade do Senhor e, por isso, que
pode o homem fazer?”
A deficiência era justificada pela religião, por castigo. Consequen-
temente, não se prestava atendimento educacional e social. O deficiente
nem mesmo participava da família como um de seus membros.
Entretanto, no século V a.C, Sócrates (470-399 a.C) já afirmava que
os surdos tinham que usar o gesto e a pantomima para se comunicarem.
Sócrates, em 360 a.C, fez a seguinte reflexão: “Se não tivéssemos
voz nem língua, mas apesar disso desejássemos manifestar coisas uns
para os outros, não deveríamos, como as pessoas que hoje são mudas,
empenhar-nos em indicar o significado pelas mãos, pela cabeça e por ou-
tras partes do corpo?”
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Sócrates e Platão
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Caminhos Históricos da Educação de Surdos – Capítulo 1
Naquela época, nascer surdo era visto como uma punição dos deu-
ses. Para Aristóteles (384-322 a.C), a falta da audição fazia com que o
aprendizado fosse comprometido ou mesmo nem ocorresse. Também,
segundo ele, era inútil o Estado investir na educação da pessoa surda, pois
“o pensamento é impossível sem a palavra”. Sêneca faz uma das citações
mais drásticas quanto a nascer com deficiência:
Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros bra-
vios; cortam-se as cabeças das ovelhas enfermas para que as demais
não sejam contaminadas; matamos os fetos e os recém-nascidos
monstruosos; se nascerem defeituosos e monstruosos afogamo-
-os, não devido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos as coisas
inúteis das saudáveis. (SÊNECA apud SILVA, 1986, p. 129)
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Aristóteles
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Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
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Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
mesmo naquelas que possam adquirir a surdez com o tempo. Segundo ele,
a criança com deficiência auditiva aprenderia a falar mesmo sem ouvir.
Sabe-se que, na Europa, as mudanças na postura em relação aos de-
ficientes continuaram ocorrendo. Na Espanha, Juan Pablo Bonet publicou,
em 1620, a primeira obra impressa sobre a educação de deficientes audi-
tivos: Reducción de las letras y artes para enseñar a hablar a los mudos
(Redução das letras e artes para ensinar os mudos a falar). Nessa obra
levantaram-se questões sobre as causas da deficiência auditiva e dos pro-
blemas da comunicação oral, foi citada a idade ideal para as crianças sur-
das serem educadas (de 6 a 8 anos) e também a fala era ensinada por meio
de alfabeto digital, leitura e gramática. Mesmo usando sinais, percebe-se
que o objetivo educacional da época era a oralidade.
Em seu método, Bonet apresentava o alfabeto manual (datilologia)
no ensino da leitura e da escrita. Entretanto, apesar do uso da datilologia,
ele era radicalmente contra o uso da língua gestual.
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16
Caminhos Históricos da Educação de Surdos – Capítulo 1
WIKIMEDIA
experiência.
Percebendo-se a necessidade de organizar a educação e os rumos a se-
rem tomados mundialmente quanto à comunicação das pessoas com surdez,
foi fundada a Federação Mundial de Surdos (WFD), em Roma, em 1951.
Com os estudos feitos em 1967 por Roy Holcomb, introduziu-se a
expressão Total Communication como filosofia de comunicação, e não
como um método, associando novamente oralidade e sinais.
Temos como uma das definições para essa filosofia de comunicação:
A filosofia da Comunicação Total tem como principal preocupação
os processos comunicativos entre surdos e surdos e entre surdos e
17
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
WIKIMEDIA
20
Caminhos Históricos da Educação de Surdos – Capítulo 1
fundamentais.
b) Não constitui discriminação a diferenciação ou preferência
adotada pelo Estado Parte para promover a integração social ou
o desenvolvimento pessoal dos portadores de deficiência, desde
22
Caminhos Históricos da Educação de Surdos – Capítulo 1
reito da matrícula a existência dos profissionais, uma vez que não se pode
negar vaga em função de uma deficiência. Outra informação importante
é que agora se entende a educação especial como modalidade de aten-
dimento; ela é vista como suporte para que o aluno avance na educação
básica, em salas regulares, como é dito na educação inclusiva.
A Resolução nº2 também define quem é a clientela de alunos com
necessidades educacionais especiais, como cita o artigo 5º:
Capítulo II
Da inclusão da libras como disciplina curricular
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Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
Atividades
01. Vamos testar os conhecimentos adquiridos. Julgue verdadeiras (V) ou
falsas (F) as assertivas a seguir.
(( ) Aristóteles acreditava que os surdos poderiam ser educados.
(( ) Em 1815, o americano Thomas Hopkins Gallaudet foi à Europa co-
nhecer os diferentes métodos de educação para surdos. No ano seguinte,
voltou aos Estados Unidos com Laurent Clerc, um dos primeiros professo-
res surdos, para auxiliá-lo na criação de uma escola.
(( ) A primeira instituição para surdos criada no Brasil data de 1875, em
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São Paulo.
(( ) Sócrates, já na Antiguidade, percebia que a comunicação dos surdos
necessitava dos gestos.
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Caminhos Históricos da Educação de Surdos – Capítulo 1
02. F
aça uma análise dos últimos 10 anos e da legislação com relação à
área da surdez.
03. F
ale resumidamente sobre a Convenção da Guatemala e a Declaração
de Salamanca, os avanços e o que está sendo feito efetivamente.
Reflexão
Neste capítulo iniciamos uma contextualização dos caminhos árdu-
os percorridos pelas pessoas com surdez, seja na família, seja na escola ou
na sociedade. A questão central sempre foi a aceitação da diferença.
Em cada época, em função de crenças e de objetivos políticos e eco-
nômicos, vimos a forma como eram tratados aqueles que tinham alguma
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Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
Leituras recomendadas
CAIADO, Katia Regina Moreno; LAPLANE, Adriana Lia Friszman
de. Programa Educação inclusiva: direito à diversidade - uma aná-
lise a partir da visão de gestores de um município-polo. Disponível
em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
97022009000200006&lng=pt&nrm=iso>.
28
Caminhos Históricos da Educação de Surdos – Capítulo 1
SACKS, O. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Pau-
lo: Companhia das Letras, 1998.
Referências
ARANHA, M.S. Paradigmas da relação da sociedade com as pes-
soas com deficiência. Revista do Ministério Público do Trabalho, Ano
XI, no. 21,março, 2001, pp. 160-173.
29
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
No próximo capítulo
Estudaremos as questões clínicas, nomenclaturas e se existe dife-
renças entre surdos e deficientes auditivos. Atenção, pois serão quebrados
mitos com relação a preconceito associado a maneira como nos referimos
as pessoas com surdez.
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Questões Clínicas da
Surdez e as Nomenclaturas
Neste capítulo, conversaremos sobre o
Você se lembra?
Várias doenças e infecções ou mesmo a introdução de objetos no ouvido
podem ocasionar a surdez. Você se lembra de ser informado dos cui-
dados com a sua audição? Já conheceu pessoas que tinham a audição
perfeita e, por uma doença ou qualquer outro fato, ficaram surdas?
Pois é, pense nisso. As pessoas não nascem somente com a defi-
ciência e podem no decorrer da vida passar a ser pessoas com
deficiência.
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
Ouvido Ouvido
Ouvido Externo
Médio Interno
Canal
Osso
semicircular
temporal Estribo
Martelo Janela
oval Nervo
auditivo
Pavilhão
Auditivo Cóclea
Canal
Auditivo Timpano
externo Bigorna
Trompa de
Lenticular Eustáquio
a propagação da
( 5 ) sai cóclea para a
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trompa de Eustáquio
32
Questões Clínicas da Surdez e as Nomenclaturas – Capítulo 2
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Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
Perda leve
35
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
OTNAYDUR / DREAMSTIME.COM
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Questões Clínicas da Surdez e as Nomenclaturas – Capítulo 2
41 a 70 db
Dificuldade para ouvir uma voz
ANDRAS CSONTOS / DREAMSTIME.COM
71 a 90 db
WIKIMEDIA
Acima de 91 db
37
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
38
Questões Clínicas da Surdez e as Nomenclaturas – Capítulo 2
Surdo
Atividades
Para reforçar nosso estudo vamos associar:
01. Q
ual a definição, de acordo com a sócio-antropologia, de surdo e de-
ficiente auditivo?
02. O
que uma criança com perda auditiva moderada consegue perceber
auditivamente?
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Reflexão
Neste capítulo, o objetivo foi mostrar um pouco da deficiência au-
ditiva, suas causas, características e necessidades mais elementares. É im-
40
Questões Clínicas da Surdez e as Nomenclaturas – Capítulo 2
portante pensarmos que qualquer pessoa pode vir a ser surda se cuidados
não forem tomados para a sua saúde auditiva.
Durante a vida, temos a oportunidade de perceber e ter o prazer de
ouvir vários sons distintos, como sons dos pássaros, uma música, até mes-
mo o barulho dos carros, das buzinas, enfim, podemos perceber o mundo
à nossa volta por meio dos sons. Nossa atenção é guiada, muitas vezes,
pelo sentido da audição. Para muitos, o silêncio incomoda; imagine nunca
ter escutado, nem seu nome, nem a mãe chamando, como seria entender o
mundo sem esse sentido?
Talvez valha a pena citar Helen Keller, que escreveu um texto cha-
mado “Três dias para ver”. Depois faça uma reflexão:
Várias vezes pensei que seria uma bênção se todo ser humano, de
repente, ficasse cego e surdo por alguns dias no princípio da vida
adulta. As trevas o fariam apreciar mais a visão e o silêncio lhe en-
sinaria as alegrias do som.
De vez em quando testo meus amigos que enxergam para descobrir
o que eles veem. Há pouco tempo perguntei a uma amiga que volta-
va de um longo passeio pelo bosque o que ela observara. “Nada de
especial”, foi a resposta.
Como é possível, pensei, caminhar durante uma hora pelos bosques
e não ver nada digno de nota? Eu, que não posso ver, apenas pelo
tacto encontro centenas de objetos que me interessam. Sinto a de-
licada simetria de uma folha. Passo as mãos pela casca lisa de uma
bétula ou pelo tronco áspero de um pinheiro. Na primavera, toco os
galhos das árvores na esperança de encontrar um botão, o primeiro
sinal da natureza despertando após o sono do inverno. Por vezes,
quando tenho muita sorte, pouso suavemente a mão numa arvorezi-
EAD-14-Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão – Proibida a reprodução – © UniSEB
Leituras recomendadas
SASSAKI,R.K. Terminologia sobre deficiência na era da in-
clusão. Disponível em <http://www.educacaoonline.pro.br/
index.php?option=com_content&view=article&id=69:termin
ologia-sobre-deficiencia-na-era-da-inclusao&catid=6:educacao-
inclusiva&Itemid=17>.
Referências
BRASIL. Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competên-
cias para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alu-
nos surdos. 2. ed. SEESP/MEC. Brasília: MEC, 2006.
No próximo capítulo
No próximo capítulo estudaremos as línguas orais e as gestuais,
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Comunicação, Línguas
Orais e de Sinais
Neste capítulo, discutiremos as diferen-
Você se lembra?
Você se lembra do cinema mudo? Conseguimos entender
Charles Chaplin mesmo sem nada ouvir, apenas observan-
do suas expressões faciais e corporais.
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
3.1 Comunicação
Antes de iniciarmos o estudo das línguas orais e gestuais, vamos
pensar a respeito da comunicação, que é a base do nosso estudo.
Comunicação vem do latim communicatio, que quer dizer “atividade
realizada conjuntamente”, pois a palavra tem este significado religioso:
Ou seja, como diz Vanoye (2003, p.1), “[...] toda comunicação tem por
objetivo a transmissão de uma mensagem”, que traz a ideia mais simples de
conversa, do diálogo entre duas ou mais pessoas (emissor é quem produz a
mensagem – receptor é quem recebe a mensagem), e isso pode ocorrer de
várias maneiras por gestos, fala, escrita, meios de comunicação etc.
A comunicação estabelece uma relação com alguém ou com alguma
coisa e através desta relação ocorrem as modificações, pois vivemos em
sociedade.
Sabe-se que a comunicação nasceu na pré-história, como forma de
expressão que ocorria por meio de desenhos nas paredes das cavernas, de-
pois retorna na invenção da escrita pelos sumérios, em 3.500 a.C. e assim
por diante a comunicação vai se desenvolvendo com as sociedades, pois
tem varias funções que são lhe atribuídas através de mensagens como in-
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ções entre alunos com e sem deficiência nesse processo de inclusão, pois a
linguagem é tida como um processo fundamental para os homens.
A comunicação humana é um processo que envolve a troca de infor-
mações; ela tem os sistemas simbólicos como suporte para este fim. Exis-
te uma infinidade de maneiras de se comunicar: oralmente ou por meio de
gestos e de mensagens enviadas utilizando-se as redes sociais, bem como
a escrita, que permite interagir com as outras pessoas e efetuar algum tipo
de troca informacional.
Para a semiótica, o ato de comunicar é a materialização do pensa-
mento/sentimento em signos conhecidos pelas partes envolvidas. Estes
símbolos são transmitidos e reinterpretados pelo receptor. Hoje, é interes-
sante pensar também em novos processos de comunicação, que englobam
as redes colaborativas e os sistemas híbridos, que combinam comunicação
de massa, comunicação pessoal e comunicação horizontal.
Para entendermos o que é língua, devemos começar conhecendo a
palavra-chave da linguística bakhtiniana, que é diálogo. Só existe língua
onde há possibilidade de interação social, dialogal. A língua é um traba-
lho empreendido conjuntamente pelos usuários, é uma atividade social, é
enunciação.
SVITLANA10 / DREAMSTIME.COM
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Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
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Comunicação, Línguas Orais e de Sinais – Capítulo 3
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Comunicação, Línguas Orais e de Sinais – Capítulo 3
A B C D E F
G H I J K L
M N O P Q R
S T U V W X
Y Z 1 2 3 4
5 6 7 8 9 0
49
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
3.5 Oralismo
Essa corrente metodológica foi precursora na educação dos surdos
no mundo. A crítica central a esse método é que ele enfatiza que somente
depois da aquisição da língua oral os surdos seriam capazes de se desen-
volver, tanto social quanto academicamente.
Com o Congresso de Milão, houve grande avanço e predomínio, por
mais de 110 anos, da língua oral para os surdos. Silva & Favorito (2009)
relatam que foram anos que somente trouxeram atrasos no desenvolvi-
mento da comunidade surda. Os fracassos das crianças no desenvolvi-
mento da fala eram atribuídos à pouca estimulação ou à falha nas técnicas
utilizadas, e tais fracassos comprometiam a escolarização e a profissiona-
lização, que eram quase nulas. (SKLIAR, 1997; PACCINI, 2007; SILVA
& FAVORITO, 2009).
O oralismo tem a fala como objetivo. Para que ela se desenvolva,
utiliza três procedimentos para esse aprendizado: treinamento auditivo,
leitura labial e aparelho de amplificação sonora individual (AASI).
que “[...] a visão oralista se impôs, com as teses de que só a fala permite
integração do surdo à vida social e de que os sinais prejudicam o desen-
volvimento da linguagem, bem como a precisão das ideias”.
Behares (1990) entende a educação oralista como sendo uma forma
de atendimento que busca minimizar a deficiência auditiva por meio da
fala com a leitura oro-facial.
51
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
52
Comunicação, Línguas Orais e de Sinais – Capítulo 3
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Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
BILLYFOTO / DREAMSTIME.COM
Pantomina
3.7 Bilinguismo: L1 e L2
O bilinguismo foi evidenciado na década de 1960, com os estudos
e as pesquisas de Stokoe quanto à complexidade linguística da língua de
sinais. Essa corrente destaca que a língua primeira, materna, para o surdo,
é a língua de sinais. Assim, o idioma do país passa a ser o segundo código
de comunicação desse indivíduo. Nessa proposta, a criança surda é expos-
ta, no contexto escolar, às duas línguas. O objetivo central é perceber essa
pessoa enquanto cidadão que faz parte de uma comunidade surda com
uma cultura própria.
55
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
escrita.
56
Comunicação, Línguas Orais e de Sinais – Capítulo 3
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Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
Atividades
01. O que difere as línguas orais das línguas de sinais?
03. Q
uando e por quem foi descoberto o status linguístico da língua de
sinais?
EAD-14-Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão – Proibida a reprodução – © UniSEB
04. O
que fez com que a Comunicação Total não conseguisse atingir o
desenvolvimento dos surdos por completo?
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Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
06. E
xplique quais são a L1 e a L2, de acordo com o bilinguismo, para o
surdo brasileiro.
08. Q
ual seria a principal diferença entre a comunicação total e o bilin-
guismo?
Reflexão
Depois dos estudos realizados, é importante pensar que, sendo a co-
municação a base dos relacionamentos entre as pessoas, a língua de sinais
ter adquirido caráter de língua auxiliou muito no desenvolvimento das
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Comunicação, Línguas Orais e de Sinais – Capítulo 3
Leituras recomendadas
BRITO,F. Por uma gramática das línguas de sinais. Rio de Janei-
ro: Tempo Brasileiro, 1995. Disponível em: <http://www.ines.org.br/
ines_livros/FASC7_INTRO.HTM>.
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Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
Referências
CAVALCANTI, M. C.; SILVA, I. R. Já que ele não fala, podia ao me-
nos escrever... O grafocentrismo naturalizado que insiste em normali-
zar o surdo. In: Linguística aplicada, suas faces e interfaces, Campi-
nas: Mercado de Letras, 2007, p. 219-242.
No próximo capítulo
No próximo capítulo, estudaremos as diferentes filosofias da comu-
nicação na área da surdez. Entenderemos como atualmente se dá a edu-
cação bilíngue, que mostra o surdo com uma pessoa que tem a língua de
sinais como língua materna e o português como segunda língua.
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Atendimentos Educacionais
Especializados (AEE) para Sur-
dos e Deficientes Auditivos
4 Os contextos educacionais para surdos nos dias
lo
atuais podem seguir uma orientação monolíngue
ou bilíngue, ou seja, é possível encontrar situações de
ít u
Você se lembra?
Você se lembra de ter estudado com a presença de um intérpre-
te na sala de aula quando você ainda era criança? A presença deste
profissional hoje já é uma realidade em muitas unidades educacio-
nais, em eventos e nos programas de TV.
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
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Atendimentos Educacionais Especializados (AEE) para Surdos e Deficientes Auditivos – Capítulo 4
demais alunos.
67
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
[...] o português é para eles uma segunda língua, pois a língua de si-
nais é a sua primeira língua, só que o processo não é o de aquisição
natural por meio da construção de diálogos espontâneos, mas o de
aprendizagem formal na escola. O modo de ensino/aprendizagem
da língua portuguesa será, então, o português por escrito, ou seja, a
compreensão e a produção escritas, considerando-se os efeitos das
EAD-14-Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão – Proibida a reprodução – © UniSEB
Trabalhar com textos para alunos surdos pede, sempre que possível,
que estes contenham temas relacionados à experiência dos aprendizes,
levando a um maior envolvimento pessoal e provocando reações e ma-
nifestações. Além disso, é interessante o uso de imagens, que podem ser
retiradas de artigos de revistas e jornais, bem como propagandas.
Os textos a serem usados para o ensino/aprendizagem de português
escrito estão relacionados à concepção interacionista.
71
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
74
Atendimentos Educacionais Especializados (AEE) para Surdos e Deficientes Auditivos – Capítulo 4
75
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
Atividades
01. Descreva com suas palavras os AEEs da área da surdez.
02. O
processo de avaliação de um texto em português de um aluno surdo
deve ocorrer respeitando-se quais características?
1.
2.
3.
____________________
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76
Atendimentos Educacionais Especializados (AEE) para Surdos e Deficientes Auditivos – Capítulo 4
b)
____________________
c)
____________________
Reflexào
Sabemos que o processo de inclusão é necessário, e não somente
para as pessoas com deficiência, mas acima de tudo para tornarmos nossas
escolas mais democráticas e humanas. Porém, faz-se necessário que ati-
tudes sejam tomadas; necessita-se de investimento econômico e político
para que realmente tenhamos uma educação que comungue dos ideais de
uma educação que atenda bem a todos.
Leituras recomendadas
DAMAZIO,M.F.M.; LIMA,C.V.P. SILVA,A. Atendimento Edu-
cacional Especializado pessoas com surdez. São Paulo: MEC/
SEESP,2007.
Referências
______.Decreto nº4176, de março de 2002.Regulamenta a Lei Federal
nº10436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a língua brasileira de
sinais LIBRAS. Disponível em: <http://www.mec.gov.br/seesp/leis>.
No próximo capítulo
No próximo capítulo, iniciaremos o aprendizado e o conhecimento
da língua brasileira de sinais (LIBRAS), quais seriam os primeiros con-
tatos e por onde devemos iniciar esse processo de ensino-aprendizagem.
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78
Iniciando o Conhecimento
e o Aprendizado da Língua
de Sinais
5 Para iniciarmos o aprendizado da LIBRAS,
lo
é fundamental sabermos qual caminho devemos
percorrer. Estudaremos uma língua que necessita ob-
ít u
Você se lembra?
Você conhece o jogo “Imagem e Ação”? Já pensou o quanto usa-
mos nosso corpo para passar as mensagens? Então, saber que o corpo
“fala” e as mãos também faz toda diferença para aprender essa língua.
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
80
Iniciando o Conhecimento e o Aprendizado da Língua de Sinais – Capítulo 5
sais. Ainda para esta autora, as expressões faciais e corporais têm funções
importantes na Língua Brasileira de Sinais, uma vez que elas preenchem a
função de entonação, com o intuito de diferenciar as sentenças afirmativas
das negativas, das que têm como objetivo a solicitação, e mesmo das sen-
tenças imperativas.
Quadros e Karnopp (2000) trazem um quadro (mostrado abaixo)
de expressões não manuais da língua brasileira de sinais e confirmam as
informações de outros autores sobre esse fenômeno. Veja:
81
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
Parte superior
sobrancelhas franzidas
olhos arregalados
sobrancelhas levantadas
Parte interior
bochechas infladas
bochechas contraídas
franzir do nariz
Cabeça
82
Iniciando o Conhecimento e o Aprendizado da Língua de Sinais – Capítulo 5
Tronco
para frente
para trás
A B C D E F
G H I J K L
M N O P Q R
S T U V W X
Y Z 1 2 3 4
5 6 7 8 9 0
Mão em L Ontem
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Alemanha
84
Iniciando o Conhecimento e o Aprendizado da Língua de Sinais – Capítulo 5
Água
João
1,2,3...
Número (tem movimento)
Telefone (estático)
85
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
Figura 1
Fonte: LIBRAS em Contexto(2007,p.23)
Por que?
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Triste
Observe que nas figuras anteriores o sinal está associado a uma ex-
pressão facial correspondente.
86
Iniciando o Conhecimento e o Aprendizado da Língua de Sinais – Capítulo 5
a. b. c.
d. e. f.
g. h. i.
j. k. l.
Para muitas pessoas, a comunicação por meio dos sinais ocorre pela
soletração das vogais e consoantes, mas o uso do alfabeto datilológico é
apenas um dos recursos das línguas de sinais, cuja função é a soletração
de palavras tais como nomes próprios, siglas, empréstimos, que ainda não
possuem sinais próprios ou que, para determinado grupo ou pesssoa, seja
desconhecido.
Os pronomes são indicados por apontamento.
Segundo Brito (2008), os pronomes pessoais em LIBRAS:
87
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
Eu
El@
Nós
Você
88
Iniciando o Conhecimento e o Aprendizado da Língua de Sinais – Capítulo 5
ME@
SE@
Onde?
Porquê?
?
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Qual?
?
2008/2009
maio
Quando?
89
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
Quantos?
!
Os verbos são usados no infinitivo. Segundo Brito (2008):
2008/2009
maio
90
Iniciando o Conhecimento e o Aprendizado da Língua de Sinais – Capítulo 5
2008/2009
maio
?
2008/2009
maio
CL Classificador
Andar (animal)
Andar (pessoa)
Figura 2
92
Iniciando o Conhecimento e o Aprendizado da Língua de Sinais – Capítulo 5
171
69
2 3
1
4 5
7 8 6
#
*
9
0
Figura 3
Quantidade
Figura 4
respeito.
Aprender a sinalizar: oi, obrigado, por favor, desculpa, bom dia, boa
tarde e boa noite faz toda diferença e aproxima nossa teoria da prática, faz
com que tenhamos uma concepção com uma atitude condizente.
Bom dia
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Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
Bom dia!
Boa Tarde!
Boa noite!
Desculpa!
Obrigado!
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Iniciando o Conhecimento e o Aprendizado da Língua de Sinais – Capítulo 5
Por favor!
Oi!
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G H I J K L
M N O P Q R
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S T U V W X
Y Z 1 2 3 4
5 6 7 8 9 0
Figura 5
97
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
Bigode Testa
Fonte: LIBRAS em Contexto (2007, p.34 e 35)
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Iniciando o Conhecimento e o Aprendizado da Língua de Sinais – Capítulo 5
Nome
Idade
Endereço
1, 2, 3...
Número
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Apartamento
Bairro
99
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
Cidade
CEP
Estado
País
Telefone
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Celular
100
Iniciando o Conhecimento e o Aprendizado da Língua de Sinais – Capítulo 5
RG
to é a ideia central.
Exemplo: “Ir ao supermercado” envolve verbos (comprar, vender,
pagar, procurar, comer, beber, gostar), alimentos (carne, frutas, bolacha,
pão, arroz), bebidas (água, cerveja), uso de dinheiro, entre outras coisas.
Com esse tema podemos enfocar vários assuntos, os diálogos serão
úteis para o dia a dia, pensando que as pessoas podem auxiliar os surdos
em vários locais não somente em ambientes escolares, mas em bancos,
hospitais, delegacias etc.
101
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
103
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
WIKIMEDIA
Figura 7
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Iniciando o Conhecimento e o Aprendizado da Língua de Sinais – Capítulo 5
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Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
106
Iniciando o Conhecimento e o Aprendizado da Língua de Sinais – Capítulo 5
mente.
O componente interno é inserido no ouvido interno por meio de
cirurgia e é composto de uma antena interna com um ímã, um receptor es-
timulador e um cabo com filamento de múltiplos eletrodos envolvido por
um tubo de silicone fino e flexível.
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Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
WIKIMEDIA
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Iniciando o Conhecimento e o Aprendizado da Língua de Sinais – Capítulo 5
WIKIMEDIA
Atividades
01. Que número são estes?
a) _________________
b) _________________
a) _______________________
b) _______________________
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c) _______________________
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Iniciando o Conhecimento e o Aprendizado da Língua de Sinais – Capítulo 5
04. Cite alguns recursos da tecnologia que auxiliam as pessoas com surdez.
05. Cite alguns recursos da tecnologia que auxiliam as pessoas com surdez.
06. P
ense nos locais que você frequenta. Quais têm acessibilidade para as
pessoas com surdez
Reflexão
Agora vamos pensar por ser uma língua com todas as características
das demais a LIBRAS deve ser estudada e aprofundada por muito tempo.
Além da convivência com surdos fazer com que haja maior fluência e
aprendizado.
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Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão
Leituras recomendadas
BRASIL. Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competên-
cias para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alu-
nos surdos. 2 ed. SEESP/MEC. Brasília: MEC, 2006.
FELIPE, T.A. Introdução à Gramática de LIBRAS. In: BRASIL,
Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Espe-
cial. Educação especial: Deficiência Auditiva. Brasília, 1997.
FERREIRA-BRITO, L. Por uma gramática de Línguas de Sinais.
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995
QUADROS, R. M. de. Educação de Surdos: A Aquisição da Lingua-
gem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
______; KARNOPP, L.B. Língua de Sinais Brasileira: estudos lin-
guísticos. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004.
RAIÇA, Darcy (org.). Tecnologias para a Educação Inclusiva. São
Paulo, AVERCAMP.
Referências
BRITO, F. Por uma gramática das línguas de sinais. Rio de Janei-
ro: Tempo Brasileiro, 1995. Disponível em: <http://www.ines.org.br/
ines_livros/FASC7_INTRO.HTM>
CAPOVILLA,F.C.&RAFHAEL,W.D. Dicionário enciclopé-
dico ilustrado trilíngue da língua brasileira de sinais. São
Paulo,SP:EDUSP,2001.
MRECH, Leny Magalhães. A informática e a construção do conhecimento
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