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AULA 3

AVALIAÇÃO EM
METODOLOGIAS ATIVAS

Profª Joice Martins Diaz


CONVERSA INICIAL

Nesta aula abordaremos assuntos relacionados à avaliação e à sua


importância no processo de ensino-aprendizagem. Estudaremos sobre o ato de
avaliar, suas características e conceitos, assim como alguns tipos de avaliação. A
avaliação da aprendizagem deve ser pensada como um ato pedagógico contínuo,
que estar sempre presente no cotidiano escolar, não só para os alunos, mas
também para todos aqueles envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.
Pensando a avaliação como um ato intrínseco, a consequência disso nada mais
é que uma forma de incentivar e motivar os alunos a progredirem em seus
estudos. Dessa forma, por mais complexa e detalhista que seja a avaliação, é
notável a diferença que o ato de avaliar provoca, positivamente, no cotidiano
escolar dos alunos assim como na sua vida como um todo. Para tanto, é
necessário e muito importante pensar na organização e nas estratégias de
avaliação, para que elas se tornem aliadas no processo de ensino-aprendizagem,
trazendo contribuição valiosa para o professor, para toda comunidade escolar e
para a vida pessoal de cada aluno.

TEMA 1 – O ATO DE AVALIAR

A avaliação do conhecimento escolar, segundo a LDB – Lei de Diretrizes e


Bases da Educação (Brasil, 1998), tem como determinação a observação de
critérios de forma contínua e cumulativa na atuação do aluno, sempre priorizando
aspectos qualitativos e quantitativos.
Nogueira Neto; Silva; Bittencourt (2015, p. 669) descrevem a avaliação
conforme as determinações da LDB:

tomando como métrica base a avaliação contínua e cumulativa do


aprendizado, amplamente utilizada para a verificação da assimilação do
conhecimento escolar, pode-se associar o bom desempenho dos alunos
à correta assimilação dos conteúdos.

O professor como o detentor do saber e do conhecimento caracteriza a


mediação pedagógica tradicional (Libâneo, 1994). Nesse tipo de mediação
pedagógica, o professor transmite a informação, e os alunos as consomem por
meio de anotações em cadernos, atividades mediadas por livros.
Após isso, aguardam a arguição, feita no momento da avaliação, que tem
como objetivo verificar se os alunos de fato prestaram atenção e respondem de
acordo com o que foi informado. Essa forma de avaliação, que exige do aluno a

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reprodução do que ele aprendeu, tem como consequência a compreensão
superficial do conhecimento e também visões, perspectivas e considerações
limitadas sobre o que o professor apresentou (Garcia, 2018)
A Figura 1 é apresentada como forma de retratar esse cenário:

Figura 1 – Modelo de pensamento tradicional – forma de mediação

O professor entrega o conteúdo.

O aluno recebe esse conteúdo na versão do professor.

Na avaliação, o aluno o devolve, demonstrando capacidade de registro, de reprodução, de


memória e de atenção.
Fonte: Garcia, 2018, p. 152.

Destacado como um forte tema presente na vida das pessoas, pelo fato da
associação dos resultados à tomada de decisão (Both, 2011), a avaliação envolve
conotações e concepções diferentes, que requerem atenção e forma ampla de
análise.
Seguindo nessa perspectiva, a forma de mediação pedagógica vai ao
encontro de uma pedagogia diferenciada (Oliveira, 2012) influenciada por linhas
de correntes pedagógicas progressistas, envolvendo elementos da Escola Nova,
que teve como percursor o filósofo John Dewey, que pensa e se preocupa com o
lugar do aluno neste processo (Garcia, 2018).
Apresenta-se a Figura 2 como forma de retratar esse cenário:

Figura 2 – Modelo de pensamento renovado – mediação pedagógica

O professor orienta e estimula o interesse de aprendizagem do aluno.

O aluno tem a oportunidade de refletir, de reagir, de ser mais autônomo.

Na avaliação, o aluno combina informações, produz conteúdos e expõe ideias.


Fonte: Garcia, 2018, p. 153.

O ato de avaliar a aprendizagem, presencialmente ou a distância, é uma


tarefa que requer reflexão no sentido de se questionar sua função e finalidade,
bem como saber em qual pressuposto epistemológico essa ação está pautada.

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Existem classificações diferenciadas com relação à avaliação, que vão
desde a ideia de avaliar para punir e classificar, até a oportunidade de aprendizado
no próprio momento da avaliação. Assim, para Perrenoud (1999, p.183),

A avaliação não é uma tortura medieval. É uma invenção mais tardia,


nascida com os colégios, por volta do século XVII, e tornada indissociável
do ensino em massa que conhecemos desde o século XIX, com a
escolaridade obrigatória. Algum dia teria havido, na história da escola,
consenso sobre a maneira de avaliar ou sobre os níveis de exigência? A
avaliação inflama necessariamente as paixões, já que estigmatiza a
ignorância de alguns para melhor celebrar a excelência de outros. Quando
resgatam suas lembranças de escola, certos adultos associam a avaliação
a uma experiência gratificante, construtiva; para outros, ela evoca, ao
contrário, uma sequência de humilhações.

Para Luckesi (2018), as avaliações são voltadas para o futuro, enquanto os


exames, para o passado, considerando inválido investir em atos de avaliação sem
que haja um desejo de investimento e melhoria para o futuro do aluno.
Destacado como um forte tema presente na vida das pessoas (Both, 2011),
pelo fato da associação dos resultados à tomada de decisão, a avaliação envolve
conotações e concepções diferentes, que requer atenção e forma ampla de
análise. Segundo Both (2017, p. 19),

as diferentes formas de obtenção de resultados resumem-se


praticamente a duas categorias: avaliação e verificação. Possivelmente
a mais embaraçosa seja a verificação, talvez pelo fato de ela ser menos
envolvente. Por outro lado, sabe-se que a verificação igualmente se
torna bem menos trabalhosa que avaliação, não é mesmo? Você
consegue delinear a diferença entre as duas? A verificação pode
compreender elementos de avaliação, tornando-se até mesmo um
processo misto. Já a avaliação, por sua vez, não invade a área
verificativa, sob pena de vir a perder sua característica essencialmente
crítico-construtiva e qualitativa.

O mesmo autor faz uma comparação entre avaliação e verificação,


conforme apresentado no Quadro 1:

Quadro 1 – Comparação entre avaliação e verificação

AVALIAÇÃO VERIFICAÇÃO
Dinâmica Estatística
Qualitativa Quantitativa
Diagnóstica Constatação
Democrática Autoritária
Construtiva Verificativa
Subjetiva Metafísica
Autônoma Submissa
Fonte: Both, 1992b, p. 17, citado por Both, 2017, p. 43.

Essa descrição contida no quadro acima tem por objetivo apresentar o


significado da avaliação em seu formato processual (também chamada de
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formativa e somativa). Enquanto a avaliação acontece ao longo do ano letivo de
forma qualitativa, a verificação se aplica no final de uma etapa escolar, de forma
quantitativa.

TEMA 2 – TIPOS DE AVALIAÇÃO

As avaliações chamadas formativa ou processual e somativa “compõem a


coluna central da qual derivam todas as demais iniciativas consequentes da ação
de avaliar” facilitar a aprendizagem (Both, 2011, p. 30).
Luckesi (1995) inclui a avaliação classificatória e diagnóstica nessa
composição de iniciativas para fins de avaliação.
A avaliação formativa e a somativa são duas formas complementares de
avaliação do progresso dos alunos nas escolas. Embora o objetivo comum seja
estabelecer o desenvolvimento e os pontos fortes e fracos de cada aluno, cada
tipo de avaliação fornece ideias e ações diferentes para os educadores. A chave
para a prática holística da avaliação é entender o que cada método contribui para
os objetivos finais (melhorar os níveis de escolaridade e o aprendizado individual
dos alunos) e maximizar a eficácia de cada um. Ambos os termos são
onipresentes, embora, às vezes, os professores não tenham clareza quanto aos
tipos mais eficazes de avaliação somativa e aos métodos mais criativos de
avaliação formativa.
O Quadro 2 resume as principais características de cada tipo de avaliação:

Quadro 2 – Resumo das características de cada tipo de avaliação

Encontra-se sempre próxima do aluno em sua fase


escolar, acompanhando-o passo a passo e dia a dia em
seu esforço de estudante, mantendo o empenho pela
Avaliação formativa ou processual melhoria do desempenho desse aluno. São
instrumentos desta avaliação: observação do
desempenho e da contribuição do aluno; conselho
pedagógico; estudo de caso; seminário; debate;
trabalho em grupo; relatório individual (Both, 2011, p. 31
e 33)
Avalia o aluno de modo pontual e utiliza instrumentos
como provas, testes, trabalhos, a fim de identificar se o
Avaliação somativa aluno está em condições de dar continuidade em seus
estudos ou se precisa ficar retido (Garcia, 2018. p. 158)
Com a intenção de planejar novas estratégias de
aprendizagem, esta avaliação tem como função
Avaliação classificatória e classificar saberes e verificar aqueles saberes já
diagnóstica incorporados, e com isso desenvolver potencialidades
com base no que o aluno já aprendeu (Luckesi, 1995)
Fonte: Both, 2011; Garcia, 2018; Luckesi, 1995.

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Romanowski e Wachowicz (2006, p. 89) definem a avaliação formativa e
somativa da seguinte forma:

A avaliação da aprendizagem adota duas modalidades, a


formativa e a somativa. A avaliação formativa é a que procura
acompanhar o desempenho do aluno no decorrer do processo de
aprender e a somativa é a realizada no final desse processo e visa
indicar os resultados obtidos para definir a continuidade dos
estudos, isto é, indica se o aluno foi ou não aprovado.

Exemplos de avaliação somativa:

• Exames de final de semestre ou intermediários;


• Trabalho cumulativo por um período prolongado, como um projeto final ou
portfólio de criativos;
• Testes de final de unidade ou de capítulo.

De acordo com Luckesi (2018), podemos utilizar a avaliação


diagnóstica quando a ação ainda está em andamento e seus resultados ainda
podem ser modificados. O uso dos resultados de uma avaliação diagnóstica é
natural e universal e subsidia o professor nas decisões futuras para que se possa
obter qualidade e melhores resultados em sua prática docente.
A avaliação formativa é mais diagnóstica do que avaliativa. É usado para
monitorar o estilo e a capacidade de aprendizagem dos alunos, para fornecer
feedback contínuo e permitir que os educadores melhorem e ajustem seus
métodos de ensino e que os alunos melhorem seu aprendizado.
A avaliação formativa ajuda os alunos a identificar seus pontos fortes e
fracos e direcionar as áreas que precisam de trabalho. Também ajuda educadores
a reconhecer no que os alunos estão tendo dificuldades e resolver os problemas
imediatamente, usando essas informações para identificar áreas de força e
fraqueza em toda a instituição e para desenvolver estratégias de melhoria.

TEMA 3 – AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM COMO COMPONENTE DO ATO


PEDAGÓGICO

Dada a importância da avaliação para a aprendizagem dos alunos, é


importante considerar a melhor forma de medir a aprendizagem que você deseja
que seus alunos alcancem. Para Luckesi (2011, p. 171), “sem os conhecimentos
emergentes do ato de avaliar-como um ato de investigação científica-, a ação
pedagógica e seus resultados serão aleatórios e, possivelmente, insatisfatórios”.

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O ato de avaliar, sua forma e os instrumentos que desejam ser utilizados
devem estar presentes no ato pedagógico como um todo, além de previsto no
currículo escolar. A avaliação deve ser pensada não apenas como forma de
integrar notas, mas também como uma forma de motivar os alunos. A avaliação
se torna uma ferramenta para entender a aprendizagem dos alunos, identificar
barreiras invisíveis e nos ajudar a melhorar nossas abordagens de ensino. A
avaliação é parte integrante da instrução, pois determina se os objetivos da
educação estão sendo alcançados ou não. A avaliação afeta as decisões sobre
notas, colocação, avanço, necessidades instrucionais, currículo e, em alguns
casos, financiamento. A avaliação nos inspira a fazer essas perguntas difíceis:
“Estamos ensinando o que pensamos estar ensinando? ” “Os alunos estão
aprendendo o que deveriam aprender? ” “Existe uma maneira de ensinar melhor
o assunto, promovendo melhor aprendizado? ”. Os alunos de hoje precisam
conhecer não apenas as habilidades básicas de leitura e aritmética, mas também
habilidades que lhes permitam enfrentar um mundo que está mudando
continuamente. Eles devem ser capazes de pensar criticamente, analisar e fazer
inferências. Mudanças na base de habilidades e conhecimentos de que nossos
alunos precisam exigem novos objetivos de aprendizado; esses novos objetivos
de aprendizado mudam a relação entre avaliação e instrução. Os professores
precisam ter um papel ativo na tomada de decisões sobre o objetivo da avaliação
e o conteúdo que está sendo avaliado. Neste contexto, segundo Luckesi (2011,
p. 172),

Convém distinguir duas modalidades de avaliação: a utilizada


para avaliar um objeto já configurado e concluído e a utilizada para
avaliar um objeto em construção. Respectivamente, temos, então,
a avaliação de certificação e a avaliação de acompanhamento de
uma ação.

Neste sentido, é importante o professor refletir sobre a forma como está


avaliando o aprendizado do seu aluno e analisar alguns pontos, como:

• Qual é a base de conhecimento do aluno?


• Qual é a base de desempenho do aluno?
• Quais são as necessidades do aluno?
• O que tem que ser ensinado?
• Avalia o progresso do meu aluno?
• Quais métodos ou abordagens de ensino são mais eficazes?

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• Que mudanças ou modificações são necessárias para ajudar o aluno que
apresenta alguma dificuldade?
• O que o aluno aprendeu?
• O aluno pode falar sobre o novo conhecimento?
• O aluno pode demonstrar e usar as novas habilidades em outros projetos?

A avaliação bem planejada pode também motivar o desempenho. Nesse


sentido, é importante observar por meio da autoavaliação do aluno assim como
pela autoavaliação do professor, por exemplo:

• Para a autoavaliação do aluno:

• Agora que estou no comando do meu aprendizado, como estou?


• Agora que sei como estou, como posso melhorar?
• O que mais eu gostaria de aprender?

• Para autoavaliação de professores:

• O que está funcionando para os alunos?


• O que posso fazer para ajudar mais os alunos?
• Em que direção devemos seguir?

A avaliação da aprendizagem envolve os professores, utilizando-se de


evidências sobre o conhecimento, a compreensão e as habilidades dos alunos
para informar seu ensino.

TEMA 4 – AVALIAÇÃO COMO PROCESSO E MOTIVAÇÃO NO ENSINO


APRENDIZAGEM

A educação é considerada um investimento no ser humano em termos de


desenvolvimento de recursos humanos, habilidades, motivação, conhecimento e
afins. A avaliação ajuda a construir um programa educacional, avaliar suas
realizações e melhorar sua eficácia, assim como tem uma forte contribuição para
a estrutura da personalidade dos alunos, principalmente para os jovens.
Atualmente, é válido pensar e planejar a avaliação como um ato
investigativo, como um poderoso e rigoroso recurso metodológico, que investiga,
interpreta e descreve a realidade. Alguns conhecimentos emergem do ato de
avaliar e, sem eles, os resultados das ações pedagógicas podem ser aleatórios e
com grandes chances de ser insatisfatórios (Luckesi, 2011).

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Perrenoud (1993, p. 173) define a avaliação como o processo que

ajuda o aluno aprender e o professor a ensinar. A ideia base é bastante


simples: a aprendizagem nunca é linear, procedem por ensaios, por
tentativas e erros, hipóteses, recuos e avanços: um indivíduo aprenderá
melhor se o seu meio envolvente for capaz de lhe dar respostas e
regulações sob diversas formas.

Complementando essa ideia, Hoffmann (2003, p. 116) afirma que a


avaliação dialógica “vai conceber o conhecimento como apropriação do saber pelo
aluno e pelo professor, como ação-reflexão-ação que se passa na sala de aula
em direção a um saber aprimorado, enriquecido, carregado de significados, de
compreensão”.
Nesse cenário, o feedback é visto como auxílio no processo avaliativo, no
que diz respeito a dados qualitativos, podendo sistematizá-los a fim de que sirvam
como auxilio em todo processo de ensino-aprendizagem. Isso se dará pelos
resultados obtidos por meio das avaliações que serão retomadas e analisadas
para fins de auxílio no desenvolvimento da aprendizagem. O feedback construtivo
periódico e oportuno, que reconhece os pontos fortes e as áreas de melhoria, é
percebido pelos alunos como encorajador e útil para reforçar sua confiança e
independência. O tom do feedback verbal ou escrito deve sempre comunicar
respeito pelo aluno e por qualquer trabalho realizado, assim como deve ser
específico o suficiente para que os alunos saibam o que fazer, mas não tão
específico que o trabalho seja feito para eles.
Incluir as autoavaliações dos alunos ao fornecer feedback é um elemento
importante no processo, pois, ao longo de suas vidas, os alunos devem ser
incentivados a refletir sobre sua própria prática. Essa refletividade necessária
pode ser desenvolvida abrindo qualquer sessão de feedback com perguntas
abertas que convidam os alunos a compartilhar suas reflexões e autoavaliação.
Ao fornecer o feedback para o seu aluno, atente-se à alguns pontos como:

• Revele aspectos positivos encontrados na análise da sua avaliação;


• Explore a própria compreensão e sentimentos do aluno sobre a
experiência;
• Identifique algo em que o aluno precise melhorar e o incentive e apoie, para
que ele se sinta seguro e com vontade de progredir;
• Ofereça oportunidade para o aluno refletir e responder (por escrito, se
possível) ao feedback.

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Para Both (2017), a avaliação, pensada como metodologia de ensino,
perpassa os diversos níveis escolares, sempre pensando no ritmo e
peculiaridades do desempenho dos alunos, em cada um desses níveis.
A avaliação como aprendizado ocorre quando os alunos são seus próprios
avaliadores. Os alunos monitoram seu próprio aprendizado, fazem perguntas e
usam uma série de estratégias para decidir o que sabem e podem fazer, e como
usar a avaliação para novos aprendizados.
Compreender as complexidades na avaliação dos alunos e em nosso
ensino é um processo contínuo. Abordar o processo de forma colaborativa de
maneira que envolva consistentemente os alunos como participantes ativos, em
vez de destinatários passivos, pode apoiar seu sucesso e inspirar nosso ensino.
Medir a eficácia de nosso próprio ensino em relação à preparação dos alunos para
praticar com segurança, ética e de acordo com as competências para ingressar
na prática também não é simples. No entanto, se estamos buscando avaliar a
aprendizagem dos alunos ou nosso próprio ensino, conhecer os critérios para os
resultados esperados nos ajudará a entender o que está sendo medido. Medição,
avaliação, feedback e classificação são termos usados na avaliação da
aprendizagem do aluno e do nosso próprio ensino.

TEMA 5 – PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE UMA AVALIAÇÃO

A avaliação desempenha um papel importante no processo de ensino-


aprendizagem e deve ser realizada em um processo contínuo, ajudando na
formação dos valores de julgamento, status educacional ou desempenho do
aluno.
Para o desenvolvimento de uma boa avaliação que, de fato, contribua com
o processo de ensino aprendizagem, é necessário realizar algumas observações,
como:

5.1 A experiência de aprendizagem:

• Os objetivos e os resultados da aprendizagem estão claramente


estabelecidos desde o início e atingidos por meio das atividades de
aprendizagem e ensino?
• O conteúdo do currículo é relevante e apropriado para o curso e o
conhecimento existente dos alunos?

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• Os alunos são motivados e ativamente engajados no aprendizado? Eles
estão atentos e participam quando necessário?
• O conteúdo é apresentado de maneira eficaz e atraente, empregando uma
variedade de métodos?

5.2 Avaliação da aprendizagem:

• O método de avaliação é claro, transparente e válido?


• Os critérios de avaliação estão acessíveis e estão no nível correto?
• Os critérios de avaliação estão construtivamente alinhados com as
atividades de aprendizagem e ensino e com os resultados pretendidos?
• A qualidade do feedback é apropriada e está ligada à melhoria do
desempenho do aluno?

5.3 Currículo:

• O currículo é desafiador o suficiente e mantém o interesse dos alunos?


• Quão razoável é a carga de trabalho envolvida?
• O currículo desenvolve conhecimento e experiência de habilidades
relevantes para o programa e o desenvolvimento profissional individual?
• Os alunos aproveitam o suporte e os recursos?

Uma avaliação do ensino será normalmente projetada para os alunos como


os principais participantes da experiência de aprendizado e ensino. No entanto,
há uma vantagem significativa em buscar também a avaliação por outros meios. O
feedback de colegas e de outros funcionários, bem como dos alunos, permite a
triangulação do aluno de diferentes perspectivas, o que aumenta a confiabilidade
e a validade dos resultados do processo de avaliação. Essa correlação fornece
insights sobre o nível de harmonia ou desarmonia das percepções entre os
parceiros no processo de ensino-aprendizagem. Pares internos e externos podem
ser convidados a participar da avaliação, a fim de introduzir uma perspectiva mais
ampla sobre, por exemplo, os padrões acadêmicos da provisão educacional.
Antes de projetar uma avaliação, é necessário definir:

• Como e por quem os dados brutos serão processados para gerar


resultados?
• A quem os resultados serão relatados e com que detalhes?
• Quem é responsável por tomar medidas à luz da os resultados.
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É necessário lembrar que a condução correta para a elaboração de uma
avaliação que apresente bons e produtivos resultado não depende do que foi
exposto acima, mas também de outros critérios que devem ser bem analisados.
Neste contexto, seguindo as afirmativas de Both (2011, p. 58)

Claros critérios e reconhecimento de valores humanos são componentes


que deveriam estar perenemente presentes no ato de avaliar, mas, como
se sabe, isso nem sempre ocorre na medida certa. Tal negativa
acadêmica pode causar muitas vezes consequências irrecuperáveis na
aprendizagem, por conta de: precária, defasada e ultrapassada
formação dos formadores de recursos humanos; precária formação
acadêmica e humana dos recursos humanos em formação; formação
muitas vezes forjada em teóricos por conta de serem ídolos acadêmicos
do momento, mesmo que ultrapassados profissionalmente no tempo e
no espaço. Essas são apenas algumas das causas que levam a quebrar
o necessário elo entre claros critérios e reconhecimento de valores no
ser humano no ato de avaliar, com vistas a uma aprendizagem do tempo
presente, atualizada e consequente.

O processo de avaliação representa uma mensagem importante sobre


ensino e aprendizagem: que as ações de sala de aula de um professor devem se
basear em uma análise cuidadosa da compreensão do aluno. Existe um análogo
para o desenvolvimento profissional dos professores: que o design e a
implementação das experiências de aprendizagem dos professores devem refletir
uma análise cuidadosa de sua compreensão do assunto em questão.

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REFERÊNCIAS

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2011.
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avalia, é avaliando que se ensina. Curitiba: InterSaberes, 2017
BRASIL. Lei n. 9,394, de 20 de dez. 1996. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 23 dez. 1996.
GARCIA, M. S. S. Mobilidade tecnológica e planejamento didático. São Paulo:
Editora Senac, 2018.
HOFFMANN, J. Avaliação – mito e desafio: uma perspectiva construtivista. 41.
ed. Porto Alegre: Educação e Realidade, 2003
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994
LUCKESI, C. C. Avaliação em educação: questões epistemológicas e práticas.
São Paulo: Cortez, 2018.
_____. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São Paulo:
Cortez, 1995.
_____. Avaliação das aprendizagem: componentes do ato pedagógico. São
Paulo: Cortez, 2011
NOGUEIRA NETO, A.; SILVA, A. P.; BITTENCOURT, I. I. Uma análise do impacto
da utilização de técnicas de gamificação como estratégia didática no aprendizado
dos alunos. Anais do XXVI Simpósio Brasileiro de Informática na Educação
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ie.org/pub/index.php/sbie/article/viewFile/5336/3699>. Acesso em: 15 nov. 2019.
OLIVEIRA, D. G. A mediação pedagógica como prática docente: uma análise da
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PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens –
entre duas lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PERRENOUD, P. A construção do êxito e fracasso escolar. Madrid: Morata,
1993.
ROMANOWSKI, J. P. WACHOWICZ, L. A. Projeto pedagógico do curso de
pedagogia na modalidade a distância da Faculdade Internacional de
Curitiba. Curitiba: Faculdade Internacional de Curitiba, 2006.
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