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EXTERNA
COMO
COMPREENDER E
UTILIZAR OS
RESULTADOS
Con ra informações sobre cada
etapa necessária para fazer um
uso pedagógico dessas provas.
O material inclui também
exemplos de planos de
formação para professores em
aplicação dados diagnóstico ação mudança
Leitura e Matemática e
entrevistas sobre o impacto
obtido ao colocar tudo isso em
prática.
CONTINUE
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AVALIAR PARA
A MUDANÇA
Como fazer das avaliações externas um
caminho para a constante re exão da prática
aprendizagem é um desa o
para todo gestor. aplicação
Enfrentá-lo exige que
diretores, coordenadores dados
pedagógicos e técnicos da
secretaria adotem uma série
de ações: fazer a leitura e a
diagnóstico
análise detalhada do boletim
com os resultados, reunir a ação
equipe para debater as
informações obtidas e, com
base no diagnóstico e nas
mudança
re exões realizadas, preparar
um plano para transformar
tudo isso em trabalho efetivo
na escola.
Nas próximas páginas, você
encontra dicas importantes
sobre como colocar essas
ações em prática. É ao passar
por todas essas etapas –
leitura de dados, diagnóstico
e plano de ação – que será
possível obter mudanças
reais no ensino e na
aprendizagem.
SE INICIA NA
SE INICIA NA
Ceará, Paraná, Pará, Espírito
Santo, Tocantins e EDUCAÇÃO
Maranhão.
INFANTIL
O QUE Criar classes homogêneas
É comum as escolas separarem as turmas por
NÃO desempenho e utilizarem os resultados das
avaliações externas para reforçar essas práticas.
FAZER Além do prejuízo psicológico provocado pelo rótulo,
essa estratégia ignora que a diversidade é bené ca,
que um estudante já avançado em determinada
habilidade pode contribuir com outro que ainda
não a dominou totalmente.
Parâmetros essenciais
Foi em 1988 que o Ministério da
Para
Educação (MEC) criou o Sistema de ampliar o
Avaliação da Educação Básica alcance das
(Saeb). Desde então, foram várias avaliações,
as mudanças, da adoção de novas estados e
metodologias que permitem a municípios
comparação de dados ao longo do também
tempo à inclusão de informações aplicam
para aumentar a relevância sistemas
pedagógica do material fornecido próprios de
às escolas e aos sistemas de ensino. exames.
Essas
A análise dos resultados das provas são
avaliações possibilita a criação de inspiradas
um painel da Educação no país, na
ferramenta fundamental na metodologia
elaboração de políticas públicas do Saeb,
para a área. Em uma perspectiva mas trazem
política, elas contribuem para elementos
de nir qual o direito de especí cos
aprendizagem básico que todo de cada
aluno deve ter assegurado. Esses rede.
parâmetros são essenciais para que
as redes e as escolas re itam quais
são as estratégias para promover
uma Educação de qualidade.
PREPARE-SE PARA
A APLICAÇÃO
10 dicas para o gestor organizar a escola antes dessas provas
1 Se informar sobre a prova, suas
características e objetivos no
portal do Ministério da Educação
(MEC) e do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP).
2
Manter atualizado os dados das
turmas que realizarão a prova
com base no Censo Escolar do ano
anterior, pois o INEP geralmente
entra em contato com algumas
escolas para fazer uma checagem
dessa informação;
3
Informar ao MEC/INEP os alunos
de inclusão e as condições
necessárias para assegurar sua
participação;
4
Conversar com os alunos sobre o
que é a avaliação, quais são seus
objetivos e como a escola pode
aproveitar os resultados. Reforçar
a importância de responder as
questões com seriedade;
5
Propor, no cotidiano das
avaliações em sala de aula, provas
no mesmo formato da Prova
Brasil, com testes e anotação de
respostas em gabarito, para os
alunos aprenderem a fazer
exercícios neste formato;
6
Realizar reunião de pais para
esclarecer sobre o que é a
avaliação, como a análise dos
resultados pode contribuir para
melhorar a aprendizagem dos
alunos e a responsabilidade dos
responsáveis em assegurar a
presença da criança ou jovem,
tanto no cotidiano escolar, quanto
no dia da aplicação da prova;
7
Orientar os professores quanto às
suas atribuições no dia da
aplicação, assim como na
preparação dos alunos para que
realizem com tranquilidade e
segurança a prova;
8
Assegurar a compreensão, pelos
estudantes e docentes, sobre a
necessidade do preenchimento
correto dos questionários
socioeconômicos aplicados no dia
do exame;
9
Organizar as salas de aula com a
quantidade correta de mesas e
cadeiras e um ambiente limpo e
agradável para a realização da
avaliação;
10
Garantir o ajuste da rotina da
escola de modo a favorecer tanto
os alunos que estiverem
realizando a prova, quanto
aqueles que estarão em aulas
normais. Por exemplo: ajustar
horário de merenda, entrada e
saída etc para que não ocorra
interrupções durante a aplicação.
O QUE Limitar a preparação a simulados
Muitos gestores acreditam que a preparação da
NÃO escola limita-se à aplicação de simulados ou até
mesmo situações de treino para a prova,
FAZER desvinculado das vivências cotidianas das aulas.
Isso é um grande equívoco, pois o principal
propósito do período que antecede a aplicação das
avaliações externas é o esclarecimento de toda a
comunidade escolar – pais, alunos, professores,
funcionários – sobre o que é a avaliação e quais as
garantias necessárias de organizações interna e das
famílias para a realização da prova.
ENTENDA O BOLETIM
DA PROVA BRASIL
INDICADORES CONTEXTUAIS
Para facilitar
a
compreensão,
vamos usar
como
exemplo o
boletim da
EM Jean
Piaget (nome
ctício).
1 A escala do 2 O indicador
Inse varia entre aponta a
1 e 7. Um proporção de Informe os
resultado docentes alunos sobre a
avaliação
próximo do 7 capacitados
Explique os
denota um para as áreas
objetivos,
grupo em que a em que
ressaltando
média dos lecionam. O
como os
alunos tem porcentual
resultados serão
família com baixo mostra
usados para
melhor situação que muitos não melhorar a
social e têm formação aprendizagem.
econômica. O ou são
índice da Jean graduados em
Piaget é 3, outras áreas e
portanto, a estão em sala
renda familiar sem dominar o
mensal está conteúdo
entre 1 e 1,5 especí co.
salário mínimo
e os pais têm
ensino
fundamental
completo.
O QUE Ter diferentes expectativas de aprendizagem
Há professores que lecionam no mesmo ano
NÃO escolar e consideram expectativas de
aprendizagem distintas. É essencial debater a
FAZER questão com a equipe com base na proposta
curricular da rede, no diagnóstico dos estudantes
e na matriz de referência das avaliações
externas. Isso garante a articulação entre o que o
docente quer ensinar e o que é direito do aluno
aprender.
+ EXTRA
PARTICIPAÇÃO NA AVALIAÇÃO
DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL
1
até nível 1 nível 2 nível 3 nível 4 nível 5 nível 6 nível 7 nível 8 nível 9
1 DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL
DOS ALUNOS POR NÍVEL DE
PROFICIÊNCIA EM MATEMÁTICA
As escalas de
pro ciência
(LP/Leitura
ou
Matemática)
possuem um
número de
níveis que
compreendem
um conjunto
de
habilidades
que os alunos
posicionados
em cada um
deles
provavelmente
dominam.
1 Em Leitura, a 2 O nível
escala possui 9 esperado de
níveis no 5o ano (0 aprendizagem em
a 350 pontos) e 8 Língua Portuguesa
Para efeito
níveis no 9o ano e Matemática para
de exemplo,
(200 a 400 5o e 9o ano está
publicamos
pontos). Em situado entre 3 e
um grá co
Matemática, são 4. Se o aluno
de Língua
10 níveis no 5o. alcançou níveis Portuguesa
ano (0 a 375 superiores a 4, o e um de
pontos) e 9 no 9o desempenho está Matemática.
ano (200 a 425 acima do É essencial,
pontos). esperado, mas se porém, que
cou abaixo de 3 gestores e
apresenta equipe
desempenho docente
insu ciente. analisem os
resultados
de todos os
grá cos do
3 A escola Jean 4 A similaridade boletim.
Piaget tem melhor das escolas é Isso para as
resultado em baseada nos duas
relação à indicadores disciplinas.
pontuação do contextuais.
estado e do
município quando
se compara os
alunos no nível
insu ciente.
Mesmo assim,
mais da metade
dos estudantes da
instituição se
encontra nesse
nível, abaixo,
portanto, da média
do Brasil.
O QUE Analisar apenas a nota média
A cena se repete: avaliações externas em mãos,
NÃO compara-se a nota obtida pela escola em relação
aos anos anteriores e pronto. Não! Há re exões
FAZER importantes que podem ser feitas. Se, por
exemplo, houve apenas mudanças nos
porcentuais de alunos com desempenho
adequado, mas não nos daqueles que estão nos
níveis mais baixos, dá para realmente dizer que o
aumento da nota re ete melhorias na
aprendizagem?
HORA DA PRÁTICA
Cinco propostas de ações para desenvolver na escola e obter
mais do que uma boa nota em avaliações externas
O QUE Culpar alunos
“Os estudantes com de ciência estão puxando a
NÃO nota para baixo”. A a rmação, ainda comum, não
é justi cativa para discriminação. Os diretores
FAZER podem informar ao Inep quais são os alunos
com de ciência, assim o desempenho deles não
irá compor a média da escola. Para isso, é preciso
ter um laudo que comprove o diagnóstico.
PLANO 1
REUNIR-SE COM TODOS OS
PROFESSORES
META
RESPONSÁVEIS IMEDIATA
Diretor e Discutir sobre o
coordenador que os alunos
pedagógico. ainda não
aprenderam
considerando os
resultados
comparativos
entre as avaliações
externas e as de
sala de aula.
+ EXTRA
PRAZO RECURSOS
Uma semana. Instrumentos de
acompanhamento
das
aprendizagens,
plataforma
Devolutivas
Pedagógicas, site
qedu.org.br e
proposta
curricular da
escola.
+ EXTRA
RESULTADOS
ESPERADOS
Levantamento das Monitore as ações
demandas da Os gestores
escola e da sala de precisam
aula e acompanhar a
planejamento de execução de todos
ações para os planos e fazer
melhoria das análise do que foi
condições de alcançado para, se
ensino de Leitura e for necessário,
de Matemática. rever as
+ EXTRA
estratégias.
O QUE Focar na propaganda
Nota do Ideb ou da Prova Brasil estampada em
NÃO cartaz na entrada da escola, com os parabéns pelo
aumento em relação à avaliação anterior. É normal
FAZER encontrar esse tipo de divulgação. O problema
ocorre quando esta é a única ação dos gestores
após receber os resultados. Cabe a eles promover
debates sobre o que esses dados revelam e
transformar isso em ações que garantam a
aprendizagem.
PLANO 2
COMPARTILHAR ANÁLISES COM
A SEMED
META
RESPONSÁVEIS IMEDIATA
Diretor e Socializar as
coordenador informações e
pedagógico. de nir plano de
apoio da secretaria
às ações
planejadas pela
escola.
PRAZO RECURSOS
A de nir pela Dados sobre os
equipe da resultados da
secretaria. instituição
sistematizados e
analisados.
+ EXTRA
RESULTADOS
ESPERADOS
Apoio da
secretaria no
planejamento das
ações da escola.
"ASSIM NOSSO TRABALHO NÃO FICA ISOLADO E
FORTALECE A PARCERIA NÃO APENAS COM A
SECRETARIA, MAS COM TODA A REDE."
VANUSA M. S. BARBOSA, DIRETORA ENTRE 2013 E 2016 DA
EMEIF ANTONIO ROZENDO NETO, EM SANTA INÊS, NO
MARANHÃO.
PLANO 3
AMPLIAR O CONHECIMENTO EM
LEITURA
META
RESPONSÁVEIS IMEDIATA
Diretor, Organizar espaços
coordenador especí cos e
pedagógico e ampliar a
professores. participação da
comunidade nas
ações de leitura.
PRAZO RECURSOS
Dois meses para Livros e materiais
realizar encontros para leitura.
de formação com
os professores e
iniciar um projeto
institucional com a
participação da
comunidade.
RESULTADOS ENCAMINHAMENTO
ESPERADOS Reunir docentes
Espaços em boas para de nir espaços
condições e maior de leitura e seus
envolvimento de usos (ou para
alunos e melhorar os já
comunidade nas existentes);
ações de leitura. elaborar projetos
institucionais de
leitura com
envolvimento de
familiares e
comunidade
escolar.
+ EXTRA
PLANO 4
AUMENTAR ACERVO DE
MATERIAIS DE MATEMÁTICA
META
RESPONSÁVEIS IMEDIATA
Dupla gestora e Melhorar as
docentes. condições para o
ensino de
Matemática na
escola.
PRAZO RECURSOS
Dois meses. Planilhas do
acervo da
instituição e do
orçamento,
internet, catálogos
de empresas e
ofício com a
solicitação para a
secretaria.
RESULTADOS
ESPERADOS ENCAMINHAMENTO
Acervo adequado Levantar o acervo
(especi car cada de jogos e
item) e em materiais,
quantidade compartilhar a
su ciente para necessidade de
todos os alunos e compra com
docentes. professores,
+ EXTRA
estudar orçamento,
de nir os materiais
necessários,
pesquisar preços e
compartilhar a
demanda com a
secretaria.
"PRECISÁVAMOS TRABALHAR MAIS MATEMÁTICA E A
SECRETARIA AJUDOU A AMPLIAR O ACERVO.TODOS
APROVARAM OS RECURSOS."
ANTONIO DJALMA CARVALHO JR, DIRETOR DA UEB JORGE
SALOMÃO EM MIRANDA DO NORTE, NO MARANHÃO.
PLANO 5
REALIZAR A FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
META
RESPONSÁVEIS IMEDIATA
Coordenador Trabalhar as
pedagógico. necessidades de
formação dos
docentes com foco
no ensino de
Leitura e de
Matemática.
+ EXTRA
PRAZO RECURSOS
De nir Sala de reunião,
cronograma de equipamentos e
formação. materiais para
formação.
RESULTADOS
ESPERADOS
Melhoria do
planejamento das
aulas e impacto na
aprendizagem dos
alunos.
MUDANÇA
Todas as etapas realizadas – aplicação, dados, diagnóstico e
ação – chega o momento de analisar quais os impactos que
podem ser obtidos na escola e nas redes de ensino. Leia a
seguir, três pontos de vista sobre mudanças possíveis.
ENTREVISTA # 1
USO PEDAGÓGICO DAS AVALIAÇÕES
EXTERNAS DEPENDE DE FORMAÇÃO
Especialista a rma também que é preciso
melhorar o diálogo entre gestor público e escola
para colocar em prática o uso efetivo dos
resultados dessas provas
O sociólogo paulista Nelson Gimenes é
pesquisador da Fundação Carlos Chagas e
também professor do mestrado pro ssional
de formação de formadores da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Em 2012, ele coordenou, juntamente com
Vandré Gomes da Silva, a pesquisa “Uso da
avaliação externa por equipes gestoras e
pro ssionais docentes: um estudo em quatro
redes de ensino público”, realizada pela
Fundação Carlos Chagas e Fundação Itaú
Social. A seguir, o especialista fala sobre suas
impressões acerca do uso pedagógico dos
resultados das avaliações externas e internas
pelas redes.
Com cerca de 24 mil habitantes, a cidade de
Miranda do Norte, no Maranhão, abriga 28
escolas públicas com 6.250 alunos, 25
diretores, 16 coordenadores pedagógicos e
298 professores divididos entre Educação
Infantil e Ensino Fundamental. Em 2009,
incomodada com os baixos resultados da rede
na Prova Brasil, a equipe gestora da secretaria
de Educação resolveu voltar os olhos para os
dados das avaliações externas e assim tentar
melhorar a qualidade da Educação local. A
seguir, o coordenador de Educação da
secretaria, Renato Moreira da Silva, relata o
que mudou na rede do município desde
então.
Vanusa Marques Silva Barbosa foi diretora,
entre 2013 e 2016, da EMEIF Antonio Rozendo
Neto, em Santa Inês, Maranhão. Trata-se de
uma escola rural, no povoado de Três Satubas.
Ela foi uma das muitas gestoras que
participou do programa Avaliação e
Aprendizagem, iniciativa da Fundação Itau
Social, com coordenação técnica da
Comunidade Educativa Cedac. Na entrevista,
Vanusa conta como compartilhou e discutiu
as informações obtidas por meio dos
resultados de avaliações externas com a
equipe e a comunidade escolar. E como essa
prática contribuiu para a aprendizagem dos
alunos.