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Aline P. Feza
A Faculdade Eficaz nasceu com o objetivo de promover a formação consciente
dos cidadãos de seus direitos e deveres sociais, primando pela cidadania e soli-
dariedade humana.
Nossa tarefa é trabalhar em nossos alunos habilidades e capacidades, para
que sejam cidadãos capazes de enfrentar as dificuldades cotidianas. Em nossos
cursos buscamos a excelência educacional, seja por sua preocupação perante o
avanço da ciência, da tecnologia, ou perante os anseios da sociedade moderna e
democrática.
A Faculdade Eficaz se propõe a ser uma mediadora na transmissão dos co-
nhecimentos já produzidos pela humanidade; ponte na articulação destes conhe-
cimentos com os novos, produzidos a partir das experiências vivenciadas pelos
discentes que é a construção do seu próprio saber e ainda: promover a integração
destes conhecimentos pela mobilização de competências já construídas, por sua
ampliação e pela construção de novas competências.
Portanto, entendemos que a nossa finalidade é formar profissionais com com-
petências e habilidades para atuar no contexto complexo e contraditório da eco-
nomia global, das políticas e das mudanças sociais, que afetam diretamente a vida
cotidiana, o trabalho e as formas de organização e qualificação profissional.
Ao ingressar na Faculdade Eficaz, os alunos terão a chance não apenas de
estudar uma nova profissão, ou aprimorá-la, mas também de ampliar sua visão de
mundo a partir do acesso à cultura e ao conhecimento. Isto, com certeza, tornando-
-os cidadãos mais ativos e mais plurais neste mundo globalizado em que vivemos,
assim como os torna mais bem preparados para o mercado de trabalho.
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da Libras para
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Surdos (L1)
Aline Pedro Feza
Olá alunos! Sejam bem-vindos à nossa disciplina de Metodologia do Ensino da Li-
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bras para pessoas surdas, inicialmente, nossos estudos envolvem o processo de aquisi-
ção da língua, como instrumento do desenvolvimento humano, para tal nos basearemos
na Teoria Histórico-Cultural, e, em especial, nos autores Vygotsky, Luria e Leontiev.
Sabe-se que a linguagem é o principal meio para o desenvolvimento do indivíduo,
cognitiva e socialmente, ela permite que as expressões dos nossos pensamentos se
tornem acessíveis favoreçam o nosso desenvolvimento integral. Assim, a linguagem é
muito mais do que desenvolver a fala, consiste em organizar as ideias de forma indi-
vidual e saber expressá-las por um canal comunicativo, seja ele a fala a escrita ou a
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sinalização. O desenvolvimento da linguagem dos surdos acontece à medida em que
eles são inseridos em sua língua materna L1, que no caso dos surdos brasileiros, é a
língua brasileira de sinais, a Libras.
A aquisição da linguagem para surdos ocorre a partir de quatro estágios, o primeiro
estágio, pré-linguístico, que é denominado como o estágio do balbucio, no qual os
bebês surdos emitem sons como forma de comunicação. Este estágio acontece, até
aproximadamente os doze meses de idade. Seguindo seu desenvolvimento, os surdos
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INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................11
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................28
INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................37
INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................59
SUMÁRIO
GUIA PRÁTICO DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA OS
SURDOS..............................................................................................70
CONSIDERAÇÔES FINAIS.................................................................76
INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................85
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................97
SUMÁRIO
UNIDADE 1
Aspectos da Linguagem
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDO
INTRODUÇÃO À UNIDADE
ção da língua de sinais pelos surdos, bem como práticas para o ensino desta língua na
modalidade L1. A unidade estará dividida em três tópicos. No tópico 01, discutiremos o
Vygotsky, que é um dos principais autores nas discussões sobre a linguagem. Este pes-
ele possui com o ambiente que o rodeia e o convívio com outros da mesma espécie. A
linguagem não é apenas uma expressão do conhecimento adquirido pelo sujeito, entre
gem, o ser humano não se constitui como um ser social, nem cultural.
Para Vygotsky (2001), pensamento e linguagem têm origens diferentes. No início da vida
humana o pensamento não era verbal e a fala não era intelectual. Desta maneira, o balbu-
cio e o choro da criança, nos primeiros meses de vida, são estágios do desenvolvimento
da fala, que não têm relação com a evolução do pensamento, sendo consideradas como
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
escola, ele possibilita a consciência reflexiva do aluno, ou seja, a percepção dos seus
próprios processos mentais. Para Vygotsky (1987 p. 79), “a reflexão chega à consciência
através dos portais dos conhecimentos científicos”, que se constitui na sociedade e nos
A linguagem é um veículo primordial para a interação, por meio dela são transmitidos os
significados, além disso, permite identificar as marcas culturais do grupo, no qual o indivíduo
está inserido, e através deste grupo, o sujeito aprende a perceber o mundo e interagir nele.
por isso, conforme enfatiza Vygotsky (1998), é necessário investir o máximo possível
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
você perceberá que existem propriedades universais na linguagem humana, que possi-
A língua é um mecanismo de comunicação, que pode ocorrer, por meio de escrita, sina-
lização ou fala, incidindo no objetivo comunicativo expresso pelos indivíduos, a partir dos
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
Fonte: A autora
cionada tanto ao campo verbal, palavras, frases, textos, livros, entre outros, quanto no
campo não verbal, no qual podemos “ler” as emoções de uma pessoa, as características
É fundamental que a linguagem tanto verbal como não verbal, ocorra como um processo comu-
nicativo, pelo qual as pessoas interajam entre si, ou seja, podemos estabelecer comunicação
A partir dos estudos de Luria (1986), constatamos que o surgimento da linguagem ocorre
no processo de trabalho socialmente dividido, pois, foi durante o trabalho que surgiu a
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
sistema de códigos que designavam objetos e ações. Logo esse sistema de códigos
começou a diferenciar as características dos objetos, das ações e suas relações (LURIA,
1986, p. 22).
a científica, a visual, entre outras. Cada área do conhecimento possui uma linguagem
própria, expressa por meio da língua – códigos verbais que estabelecem comunicação.
conforme Luria (1986), no ambiente que há seres humanos, existe linguagem, desta
forma todas as línguas são igualmente complexas e igualmente capazes de exprimir uma
ideia do universo e evoluem por meio do tempo. Por sua vez as línguas de sinais seguem
sua própria estrutura, não está ligada às estruturas sonoras de construção de palavras
das línguas orais auditivas, contudo define-se como língua assim como todas as demais
as línguas humanas as quais possuem um sistema finito de sons discretos (ou gestos),
que se combinam, formando elementos com significação ou palavras que, por sua vez,
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
palavras e frases, bem como recursos para se referir a um tempo passado, à capacidade
para o desenvolvimento humano. Desde seus primeiros dias de vida, os sujeitos entram
em contato com pessoas que se comunicam pela linguagem, quer seja oral, gestual ou
escrita, entre outros. Por meio dela, se apropriam da cultura humana. Nesse processo,
desenvolvem o pensamento.
sistema simbólico, que foi elaborado no decorrer da história social dos homens.
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
homens”, por sua vez, a apropriação do sistema linguístico ‘organiza’, pois, todos os pro-
só ele é capaz de planejar suas ações, a partir das condições apresentadas, executar o
Já o animal não consegue planejar suas ações, não consegue escolher um método mais
ta, do “ensaio e erro”. Sendo assim, concluímos que o intelecto do animal é prático e que
O mesmo ocorre com o ato intelectual do sujeito, que possui estrutura do pensamento
muito semelhante ao animal, quando muito pequeno, ele não é capaz de planejar suas
ações, guia-se, apenas pela atividade prática. No entanto, ainda encontramos no adulto
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
apresenta as diferenças entre essas duas linguagens, a dos homens e a dos animais.
Pelo termo linguagem humana, entendemos um complexo sistema de códigos que desig-
nam objetos, características, ações ou relações; códigos que possuem a função de codi-
A linguagem dos animais, ou melhor, suas manifestações fonéticas buscam somente ex-
O animal utiliza-se de sua linguagem para contagiar seus semelhantes, por exemplo,
quando em perigo, utiliza-se do “grito” para comunicar aos outros animais do bando, que
devem fugir. Ele “não está informando aos outros aquilo que viu, mas, antes, contagian-
jetos e abstrair propriedades e, por isso, de nenhuma forma pode ser considerado como
meio formador de pensamento abstrato. Esta “linguagem” é apenas um meio para a criação
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
nossas vidas e que ela possui funções, extremamente importantes, Marta Kohl, no livro
momento, foi criada com o objetivo explícito de comunicação entre os membros de uma
determinada espécie.
Essa função (...) é bem visível no bebê que está começando a aprender a falar: ele não
sabe ainda articular as palavras, nem é capaz de compreender o significado preciso das
palavras utilizadas pelos adultos, mas consegue comunicar seus desejos e seus estados
emocionais aos outros através de sons, gestos e expressões (KOHL, 2006, p. 42).
Segundo Kohl (2006), a função comunicativa da linguagem também está presente nos
animais, já que estes, também se comunicam, via algum tipo de linguagem, seja sonora
ou gestual, e, a linguagem, apresentada por eles, ainda tem, como objetivo principal, a
guagem é muito intensa, segundo Palangana (2001), neste momento, a palavra é capaz
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
Ainda, conforme indica Kohl (2006), ao nomear determinado objeto, estamos realizando
básico, usado pelo homem para planejar suas atividades; linguagem como elemento
to, propiciando-lhes condições de ser tanto sujeito como objeto desse comportamento”
Antes de Vygotsky desenvolver sua teoria acerca da relação entre pensamento e lin-
guagem, estes conceitos eram vistos de modo separado. Portanto, segundo Vygotsky
(2000), percebemos que os métodos oscilavam entre dois extremos: a plena fusão e a
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
não pode surgir nenhuma relação entre eles nem a questão pode constituir-se em objeto
Segundo o autor, o que existe entre eles é somente uma interação mecânica, uma intera-
dades de nos comunicarmos com os outros, seja pela linguagem gestual, oral, escrita,
visual, corporal, facial. Mas, quando se trata de ato comunicativo com o sujeito surdo, a
comunicação fica totalmente “travada“ para quem nunca teve contato com língua dos,
por essa razão, quando você precisar se comunicar diretamente com eles, lembre-se de
que a LIBRAS é uma língua que possui uma estrutura gramatical diferente da estrutura
do Português.
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
humano ou não, assim, linguagem pode ser compreendida na sua ação comunicativa,
Com base nesses, entendemos que a conversação é uma das partes da comunicação,
desta forma, a conversação entre comunidades surdas, acontecerá, por meio do uso
dos sinais, visto que este é o meio utilizado entre eles. Conversação em libras é um ato
A cultura de cada grupo de indivíduos, possui características próprias, tais como com-
portamentos e falas, as quais representam a sua vivência. A cultura traz em si, influências
A cultura surda está se fortalecendo, à medida que ocorrem as lutas das comunidades surdas
para obter respeito e valorização a sua diferença, pela aceitação de sua língua de sinais, sua
identidade, sua experiência visual com o mundo, pelo direito ao intérprete de língua de sinais,
porém, esta luta, embora antiga, ainda enfrenta muitas barreiras, entre elas, o preconceito.
mento de uma cultura surda, inserida em outra cultura, desse modo, há uma mistura de
buir para uma mudança de concepção, isto é, para um novo olhar. (NICOLOSO, 2010).
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
comunidade cultural são permeados por opiniões diferentes, estas podem ser aceitas por
outros grupos ou não, por isso, sempre haverá entre os grupos uma zona de conflitos.
A aceitação de uma ou outra opinião e, quando elas passam a possuir relação entre si,
Silva (2005): “as diferenças culturais seriam apenas a manifestação superficial de carac-
ficamente, das culturas minoritárias como os surdos. Segundo Silva 2005, o multicultura-
uma cultura nacional única e comum (SILVA, 2005, p. 89). Nesse contexto, Faeti (2005),
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
mática” (SOUZA, 1994, p. 127), ou seja, existe uma determinada fase em que pensamento
linguagem, a partir das duas fases sugeridas por Vygotsky: a primeira, fase pré-verbal do
pensamento, na qual intuímos que o pensamento evolui sem a ocorrência da fala, digo
A segunda, a fase pré-intelectual da fala, nesta, o sujeito ainda não tem domínio do pensamen-
verbais” (KOHL, 2006, p. 46). Neste momento, o choro, riso, balbucio, o grito, as expressões
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
difica-se, quer dizer, ocorrem mudanças estruturais e funcionais. A respeito desse mo-
A fala socializada ou fala exterior ocorre até aproximadamente os três anos de idade, é
uma fala direcionada para outras pessoas, com o intuito de comunicação, assim, nesta
etapa da vida, a criança procura estabelecer uma comunicação com o outro. Neste pe-
de ser dispersa e caótica. Também podemos caracterizar esta fase pela tradução do
pensamento em palavras.
ça de outra pessoa. Neste momento, o sujeito não tenta comunicar-se, não espera uma
resposta e nem ao menos se preocupa em saber se alguém está escutando. “É uma fala
2005, p. 166). Assim, a fala auxilia o planejamento de suas ações e a solução de proble-
mas, o infante usa a fala para explicitar seu raciocínio. O psicólogo da Bielorrússia reconhe-
Ao diminuir o uso da fala externa, substituindo-a por sussurros, até que desapareça
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
completamente e se torne interna. A fala interior é a fala para si mesmo, “uma linguagem
que está unicamente ao serviço do pensamento, não se empregando, como outros tipos
de linguagem, com fins de comunicação” (LEONTIEV, s/d, p. 38). Esta fase da fala não
pode ser visualizada como fala sem som, mas deve ser vista como uma fase possuidora
A fala interior caracteriza-se por uma sintaxe especial, isto é, omite o sujeito de uma frase,
todas as palavras de um diálogo, desta feita, possui uma sintaxe diferente. Essas carac-
terísticas estão presentes na fala interior, justamente, porque ela é um diálogo consigo,
Dessa forma, a linguagem interior, por sua semântica, nunca designa o objeto, nunca pos-
sui um caráter nominalmente restrito, ou seja, não possui “sujeito”; a linguagem interior
indica o que é necessário realizar, em que direção deve ser orientada a ação. (LURIA,
1986, p. 112).
Outra característica marcante da fala interior é a função planejadora, ou seja, a função de auxiliar
o indivíduo nas operações psicológicas. A partir dessa fase, a criança é capaz de efetuar opera-
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
abstrato, ou seja, das formas complexas superiores, além disso, a linguagem permitiu ao
Assim, compreendemos que o significado da palavra possui grande importância, uma vez
que esse significado proporciona a união entre fala e pensamento, é o significado que
sem significado é um som vazio, que não mais faz parte da fala humana. Cabe aqui,
inserir o pressuposto defendido por Vygotsky (2005, p. 6): “Uma vez que o significado
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
to. Por exemplo, quando perguntamos a uma criança o que é uma “flor”, o que é um “gato”
podemos obter dois tipos de respostas. No primeiro, a criança não determina um conceito,
mas sim reproduz alguma função ou algum traço típico do objeto ou ainda pode inserir o ob-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, trabalhamos as questões teóricas a respeito da aquisição da lingua-
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
A linguagem consiste em uma forma de interação, que abre espaço para as questões
sociais e que reflete sobre a cultura trabalhada, juntamente com a formação dos sujeitos,
língua de sinais como meio de comunicação, já a linguagem não verbal é o uso de ima-
gens, figuras, desenhos, símbolos, dança, tom de voz, postura corporal, pintura, música,
meio social, se interpenetra como expressões de vivências oriundas das relações entre os
Por fim, apreendemos que, desde seus primeiros dias de vida, os sujeitos entram em contato
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
com pessoas, que se comunicam pela linguagem, tanto oral, quanto gestual e escrita, é, por
meio dela, que os sujeitos se apropriam da cultura humana. Nesse processo, eles desenvol-
que designam objetos, características, ações ou relações; códigos que possuem a função de
O reconhecimento das formas sonoras das palavras leão e carne ativa os neurônios da
área de Wernicke, que dá acesso às áreas cerebrais, as quais reconhecem esses ele-
ticas com neurônios de representação dos nomes em Wernicke, que representam ele-
mentos, que podem estar envolvidos com a ação que o verbo descreve.
Dessa maneira, o reconhecimento do verbo comer na área de Broca, favorece a ativação dos
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
neurônios, referentes às palavras leão e comer, o que confirma que essas palavras obedecem
a sintaxe do verbo comer e fazem parte do campo semântico da ação desse verbo.
Acesso: 27/02/2020
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Unidade I - Aspectos da Linguagem
INDICAÇÃO DE LEITURA
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UNIDADE 2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDO
INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na primeira unidade, deste livro-texto, discutimos o processo da aquisição da linguagem,
em uma visão geral, assim, foi possível compreender, que a forma e o conteúdo da lin-
compartilhar conhecimentos.
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Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
unidade, voltaremos a discutir a linguagem, porém, a partir daqui, faremos isso de maneira
direcionada ao sujeito surdo, veremos como esse sujeito adquire a linguagem, quais são as
principais barreiras enfrentadas por eles, e, também conhecermos os recursos usados por
Stokoe, que analisou a American Sign Language (ASL), constatando que “os sinais eram
Neste cenário, as questões lexicais foram organizadas, conforme três aspectos: localiza-
Os sinais não eram imagens, mas símbolos abstratos e complexos, com uma complexa
estrutura interior. Ele foi o primeiro, portanto, a procurar uma estrutura, a analisar os sinais,
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Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
Somente em 1960, a língua de sinais foi aceita como língua, depois que Stokoe (1960) a
Com base nos estudos a respeito da língua de sinais investigou-se o processo de aqui-
sição da linguagem de surdos, que usam esta língua. Quadros (1997) constatou, que
lidade, que a língua se apresenta, seja auditivo-oral (línguas orais) ou seja visuo- espacial
conforme o input que recebem, tanto na língua oral quanto na língua de sinais. No tocante
Diante disso, as crianças surdas, que estão expostas à língua de sinais desde o
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Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
nascimento, e as crianças ouvintes expostas a uma língua oral, no mesmo período, “bal-
buciam, nas suas respectivas modalidades de língua, adquirem suas primeiras palavras/
sinais (por volta dos 12 meses), produzem suas primeiras combinações de palavras/
sinais (em torno dos 2 anos), aumentam, consideravelmente seu vocabulário e produzem
frases, com maior complexidade, entre os dois anos e meio e três anos” (QUADROS,
1997).
Fonte: A autora
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Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
língua de sinais, apontam, que esta habilidade contribui para a aquisição da linguagem, que ocor-
linguagem oral e escrita. Nos estudos acerca do tema, encontramos pesquisadores que
Ao refletir sobre as distorções na escrita dos surdos, entendemos que elas ocorrem, em
e espacial, na qual o processo de escrita está atrelado a uma língua oral auditiva. A fim
sobre um sistema de escrita para a língua de sinais. A escrita de sinais também conheci-
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Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
eletrônico: http://www.signwriting.org/brazil/
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Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
com todos os sentidos preservados, mas como ocorre a aquisição da linguagem para o
Sabemos que a língua de sinais é uma língua visuo-espacial, logo, o processo de aquisição
da mesma, precisa respeitar o espaço, assim, é fundamental entender também que os sis-
temas linguísticos de sinais se apresentam de maneira independente das línguas orais, eles
são compostos por regras gramaticais próprias, que utilizam os espaços e recursos visuais.
Com relação ao processo de aquisição da língua de sinais, Quadros (2011) é uma das
poucas estudiosas do tema, ainda são poucas as pesquisas na área e a maioria delas
entre os doze meses a dois anos de vida do sujeito, consiste em produzir gestos icônicos
para demonstrar seu desejo, essa produção gestual inicial é relativa ao balbucio do ouvin-
posteriormente, este processo acontece via correlações entre o que visualmente lhe é
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Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
O próximo é o Estágio das Primeiras Combinações, que tem início, logo após a apropria-
ção dos sinais, estes passam a ser utilizados na ordem de combinações frasais, primei-
que diz respeito às ligações lexicais e fonológicas, além disso, não ocorre a flexão dos
verbos. Para eliminar estas dificuldades e tornar a comunicação mais coesa, os surdos
utilizam duas estratégias com vistas a marcar as relações gramaticais, são elas: a incor-
poração dos indicadores e a ordem das palavras. Nesta fase, os surdos já começam a
fazer uso de uma pronominal, porém de forma ainda inconsistente. Estudos linguísticos
do contexto imediato, ou seja, que estejam presente no espaço, onde se encontra o não
Entre dois anos e meio e três anos, a criança surda inicia o processo de distinções e
não estejam presentes, fisicamente no espaço, no qual ela se encontra. Neste momento,
define, que neste momento, “as crianças utilizam os verbos sempre direcionais, achando
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Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
dos surdos e, a partir dos cinco até os seis anos, é que as crianças surdas começam
Vivenciados estes estágios pelo surdo, inicia-se o processo de Aquisição de L2, res-
saltamos, que a proposta de ensino de uma segunda língua para surdos surgiu de pois
ensinada a eles a L2 (língua oral), mais precisamente, a modalidade escrita. A L2, neste
de aquisição de L2 pelos surdos não ocorre de forma natural, pois as influências am-
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Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
Figura 4: Aquisição da L2
LEITURA COMPLEMENTAR
Aline Lemos Pizzio e Ronice Müller de Quadros. Aquisição da Língua de Sinais.
colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/aquisicaoDeLinguaDeSinais/assets/748/
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Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
às línguas faladas (Stokoe et alli, 1976; Bellugi & Klima, 1972; Siple, 1978). Quase em
linguagem em crianças surdas filhas de pais surdos (Hoffmeister, 1978; Meier, 1980;
Loew, 1984; Lillo-Martin, 1986; Petitto, 1987; Slobin, 1986). No Brasil, a língua de sinais
Felipe, 1992, 1993; Quadros, 1995, 1999) e a aquisição da língua de sinais brasileira nos
As investigações delineadas até então indicam que as crianças surdas, filhas de pais surdos,
adquirem as regras de sua gramática de forma muito similar às crianças adquirindo línguas
faladas. Assim, à medida que avançamos nos estudos, verificamos que a constituição da gra-
mática da criança independe das variações das línguas e das modalidades em que as línguas
se apresentam (Quadros, no prelo; Lillo-Martin e Quadros, 2007). Como diz Chomsky, seja a
língua como for, a faculdade da linguagem é algo comum entre os seres humanos:
ceptual-intencional) é ainda mais. O termo “articulatório” é tão restrito que sugere que a
faculdade da linguagem apresenta uma modalidade específica, com uma relação especial
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Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
aos órgãos vocais. O trabalho nos últimos anos em língua de sinais evidencia que essa
concepção é muito restrita. Eu continuarei a usar o termo, mas sem quaisquer implica-
ções sobre a especificidade do sistema de output, mantendo o caso das línguas faladas.
Na sua grande maioria, os linguistas têm se ocupado em identificar o que é comum entre as
línguas de sinais e as línguas faladas. Parte-se dos referenciais já propostos para as línguas
com várias línguas faladas e propõem-se análises das línguas de sinais. O investimento
nesta linha investigativa justificou-se, uma vez que na década de 60 havia um movimento
intenso no sentido de “provar” que as línguas de sinais eram, de fato, línguas naturais.
de identificar não apenas o que era “igual”, mas também o que era “diferente” com o
A pergunta que antes era “Como a linguística se aplica às línguas de sinais e aos estudos da
aquisição das línguas de sinais”? Passou a ser “Como as línguas de sinais e os estudos do
processo de aquisição das línguas de sinais podem contribuir para os estudos linguísticos”?
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Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
Os efeitos de modalidade
estudos de Petitto (1987) que argumenta que a criança surda produz gestos que diferem
dos sinais produzidos por volta dos 14 meses, analisando essa produção gestual como
parte do balbucio. Em outro estudo relacionado com este, Petitto & Bellugi (1988) obser-
varam que as crianças surdas com menos de dois anos não fazem uso da apontação
linguagem. As crianças surdas com menos de um ano de idade, assim como as crianças
sugere que nesse período parece ocorrer uma reorganização básica em que a criança
Surgem as primeiras combinações de sinais por volta dos dois anos das crianças sur-
das. Fischer (1973) e Hoffmeister (1978) observaram que a ordem usada pelas crianças
surdas durante esse estágio é SV, VO ou, ainda, num período subsequente, SVO. Meier
(1980) verificou que a ordem das palavras é utilizada para o estabelecimento das relações
crianças pode indicar a marcação (+) do parâmetro pro-drop (Lillo-Martin, 1991; Quadros,
49
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
são aceitos como gramaticais, pois a omissão de sujeitos e/ou objetos na língua de sinais
americana, assim como na língua de sinais brasileira, é feita sob certas condições que
Meier (1980) observou que, assim como o Japonês e o Croata, nem todos os verbos
da língua de sinais americana podem ser flexionados para marcar as relações grama-
para incorporar os pronomes como, por exemplo, os verbos ancorados no corpo, como
GOSTAR e PENSAR na língua de sinais brasileira. Isso sugere que as crianças surdas
devem adquirir duas estratégias para marcar as relações gramaticais: a incorporação dos
os casos em que não há o licenciamento de sujeitos e objetos nulos com verbos sem
objeto não pode ser nulo com verbos sem concordância. Portanto, mesmo a criança
tendo duas estratégias (ou ambos os parâmetros para a marcação de línguas pro-drop),
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Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
Petitto (1986) observou que, por volta dos dois anos de idade, ocorrem ‘erros’ de rever-
são pronominal, assim como ocorrem com crianças ouvintes. As crianças usam a apon-
surpresa constatar esse tipo de erro nas crianças surdas devido à aparente transparência
entre a forma de apontação e o seu significado. Esse tipo de erro e a evitação do uso dos
de aquisição da linguagem. A princípio, o fato das línguas de sinais serem gestuais e apa-
línguas faladas são observados em crianças adquirindo línguas de sinais. Petitto descarta
os sinais. Para Petitto, a criança usa o sinal ‘YOU‟ como um item congelado, não dêitico,
não recíproco e que refere somente a ela. Petitto (1987) também concluiu que, apesar da
não é óbvia para a criança dentro do sistema linguístico da língua de sinais americana,
51
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
Dos três anos em diante, as crianças começam a usar o sistema pronominal com referen-
tes não presentes no contexto do discurso, mas ainda apresentam erros. Algumas crianças
empilham os referentes não presentes em um único ponto do espaço. Petitto & Bellugi
(1988) observaram que, de três anos a três anos e meio, as crianças usam a concordância
verbal com referentes presentes. Entretanto, elas flexionam alguns verbos cuja flexão não é
aceita nas línguas de sinais. Bellugi & Klima (1990) identificam essa flexão generalizada dos
a generalizações verbais como ‘fazi’, ‘gosti’ e ‘sabo’ na língua portuguesa. Meier (1980)
detectou esse uso supergeneralizado observando que, nesse período, as crianças usam
os verbos como pertencentes a uma única classe verbal na língua de sinais americana, a
classe dos verbos com concordância, chamada por ele de verbos direcionais. Quando
principalmente no que se refere à iconicidade das línguas de sinais. De fato, alguns sinais
e processos, na ASL têm motivação icônica, apresentando alguma relação entre forma
52
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
da linguagem? Os estudos indicam que, apesar de haver uma aparente iconicidade nas
as mesmas características da aquisição dos mesmos aspectos linguísticos nas línguas fala-
das, o que é ilustrado pelos estudos mencionados até o presente momento. Lillo-Martin cita
a conclusão de Meier (1980) que diz que a modalidade não facilita a aquisição do sistema
da concordância verbal. Assim, considerando o input natural que as crianças surdas ana-
real dos argumentos nulos na língua de sinais americana. Segundo, as crianças demons-
tram o conhecimento das restrições que determinam quando os argumentos nulos podem
ocorrer. Lillo-Martin observou que a criança não pode analisar evidências negativas.
Vimos até aqui que já há algumas pesquisas sobre a estrutura e a aquisição das línguas
de sinais, mas ainda há muito a ser investigado. Por um lado, existe uma preocupação
em relação aos efeitos das diferenças na modalidade, fazendo com que os estudos das
53
Unidade II - Aquisição da Língua de Sinais
línguas de sinais sejam extremamente relevantes. Por outro lado, as similaridades encon-
sentido, o estudo das línguas de sinais tem apresentado elementos significativos para a
54
UNIDADE 3
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDO
INTRODUÇÃO À UNIDADE
Ao longo dos nossos estudos acerca da língua de sinais e da educação dos surdos, apren-
demos que a língua de sinais corresponde à identidade do surdo e sua representação cul-
tural. As políticas educacionais definem atualmente que o ensino do surdo deve acontecer
Muitos linguistas criticam o ensino bilíngue, por julgar que este ensino representa uma
dificuldade para os surdos na apreensão da língua portuguesa. Sendo assim, nesta uni-
dade, buscaremos elucidar, a você aluno, que embora traga alguns desafios, o ensino
bilíngue é o ensino mais adequado para o surdo, visto que preserva e garante a sua
gem dos surdos devem ser, previamente estabelecidas com a finalidade de minimizar as
países do mundo, acerca de uma filosofia educacional, que propiciasse êxito na edu-
cação dos surdos, já que as filosofias anteriores não trouxeram resultados confortáveis
59
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
linguística, as aulas, que eram sinalizadas e faladas ao mesmo tempo, como na aborda-
gem da comunicação total, não poderiam mais ser o veículo apropriado para a educação
e desenvolvimento das crianças surdas. Isso porque se constatou que o uso simultâneo
de línguas, não favorecia uma compreensão completa dos conteúdos transmitidos, até
porque muitos sinais eram omitidos com o uso concomitante com a fala. Sendo assim,
é a língua natural dos surdos. E desse modo, o bilinguismo passa a ser a nova filosofia
O bilinguismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser bilíngue, ou seja, deve
adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada a língua natural dos
surdos e, como segunda língua, a língua oficial de seu país (GOLDFELD, 2002, p. 42).
O passo inicial, para concretizar a proposta educacional do bilinguismo, foi dado pela
Suécia, o primeiro país a reconhecer o surdo como uma minoria linguística que tem direito
A proposta educacional bilíngue tem como objetivo, oferecer ao surdo o acesso às duas
línguas, ou seja, a primeira língua (língua de sinais) e a segunda língua, a falada e/ou a
escrita, que no caso do Brasil é o português. Porém, para que esse aprendizado acon-
teça, é necessário que o surdo esteja, o mais cedo possível em contato com pessoas
60
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
que sabem a língua de sinais, pois, esse contato é de fundamental importância, para o
domínio e conhecimento dessa língua, do mesmo modo como acontece com os ouvin-
tes, esta prática era para que nenhum atraso cognitivo viesse a acontecer.
Nos estudos de Britto (apud Goldfeld, 2002), afirma-se que, se a criança surda não for ex-
posta à língua de sinais, desde os seus primeiros anos de vida, sofrerá várias consequências:
te, pelo menos um dos principais instrumentos para a solução de tarefas que se
A família tem um papel essencial na filosofia bilíngue. Quanto mais cedo a criança for diag-
nosticada com a surdez e inserida em escolas e/ou ambientes que a ensinem a língua
de sinais, mais rápido ela se apropriará desse código linguístico, tendo acesso a uma
61
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
ção de sua identidade e na valorização dos seus direitos, de forma que ele possa buscar
sua inserção na sociedade do mesmo modo que os ouvintes. Além disso, sabemos, que
cerca de 90% dos surdos, são filhos de pais ouvintes, por isso, é fundamental que toda a
família possa aprender a língua de sinais, facilitando a comunicação entre a criança surda
Segundo Goldfeld (2002), “o conceito mais importante que a filosofia bilíngue traz é a de
que os surdos formam uma comunidade, com cultura e língua própria”, por este motivo, a
oralidade, dentro desta proposta, não é o único objetivo, além desta garantia é importante
entender o surdo e suas particularidades, sua língua (a de sinais), sua cultura, sua forma
de agir e pensar, entre outras. Só assim, os surdos poderão desenvolver suas habilida-
Hoje, em pleno século XXI, é possível compreender que as demais filosofias, citadas nesse
artigo, deram suas contribuições para a educação dos surdos, mas a que conseguiu apro-
ximar o surdo de uma linguagem efetiva, foi o bilinguismo. Esta filosofia introduziu os sinais
nas práticas educacionais, possibilitou a interação entre professor e aluno, entre os surdos e
ouvintes, já que, grande parte dos professores, que trabalham com os surdos, são ouvintes.
62
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
dez anos, por isso, nem todos os países implantaram essa filosofia. Entre os países adeptos do
Forma necessários muitos cuidados para a implantação do bilinguismo, tais como, a formação
de professores habilitados em língua de sinais. Vale ressaltar, que nem sempre é possível dispor
Salientamos, que no Brasil, nem sempre esses profissionais têm o domínio suficiente
Outro fator importantíssimo nesse processo são os materiais didáticos, estes devem ser
adequados para cada tipo de deficiência. Os intérpretes são fundamentais nessa ação,
pois, são eles que transmitirão os conteúdos para os alunos surdos. Assim, a tradução
da língua falada para a libras e da libras para a língua falada precisa ser muito eficiente,
Enfim, a educação de crianças especiais requer cuidados especiais. Por essa razão, mui-
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Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
das línguas falada e escrita por nove crianças surdas. Para se adequar a essa nova filoso-
fia, esse país planejou as etapas a serem seguidas no novo programa educacional, bem
como, a organização e formação de todo o corpo docente das escolas e instituições, que
Neste diapasão, o primeiro ano dessa experiência seria dedicado apenas ao aprendiza-
foi a linguagem gestual, para que os alunos pudessem aprender a base da edificação
nicação entre surdos e ouvintes. Somente após o segundo ano do programa, é que o
dinamarquês falado e escrito foi introduzido, como primeira língua estrangeira. E o mais
ças ouvintes, pois tinham o mesmo nível de leitura, e também passaram a escrever em
cacionais, obteve-se um índice altíssimo do nível de leitura e escrita das crianças surdas,
64
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
Além disso, melhoraram suas habilidades de leitura labial, facilitando sua interação na co-
munidade. O resultado eficaz desse programa foi reconhecido por vários países, órgãos
governamentais e, até mesmo, pela sociedade. Desta forma, quando uma família tem um
filho diagnosticado como surdo, deve buscar a sua inserção em escolas que ensinam a
língua de sinais e, consequentemente, seus familiares também aprenderão essa nova lin-
guagem. Até porque, para a criança surda, a língua oral será sempre uma segunda língua,
Para o surdo, o aprendizado da língua oral é um processo muito lento e difícil. Para apren-
der a falar, necessitamos dos recursos orais e auditivos e nos surdos esses recursos
são bloqueados pela perda auditiva. Por essa razão, muitos autores concordam que a
linguagem oral será sempre algo estranho na vida dos surdos. Sob esta lógica, Rocha-
Um deficiente auditivo não pode adquirir uma língua falada como língua nativa porque ele
não tem acesso a um sistema de monitoria que forneça um feedback constante para sua
fala. A língua falada sempre será um fenômeno estranho para o deficiente auditivo, nunca
de ansiedade ao usar a língua oral porque eles não têm nenhuma forma de controlar a
propriedade técnica e social da sua fala, exceto através de movimentos labiais e da reação
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Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
das pessoas a sua fala. O deficiente auditivo apesar de contar com expressões faciais e
movimentos corporais, não possui uma das fontes de informação mais rica da língua oral:
monitorar sua própria fala e elaborar sutilezas através da entonação, volume de voz, hesi-
tação, assim como extrair da produção de seu interlocutor sutilezas através da entonação,
no cotidiano das famílias de uma criança surda, para que o aprendizado dessa criança não
seja comprometido. Os teóricos do bilinguismo enfatizam que tanto os pais como os pro-
fissionais de educação, que convivem e trabalham com crianças surdas, tenham a consci-
ência das dificuldades que a surdez traz à vida dessas crianças, seja no processo escolar,
seja na vida pessoal. Haja vista que a falta de linguagem pode causar uma impossibilidade
comunicativa entre surdos e surdos e entre surdos e ouvintes. Infelizmente, muitas pessoas
não sabem se comunicar e interagir com os surdos. A falta de pessoas que dominem a
língua de sinais torna a interação social do surdo muito difícil. Faltam intérpretes em locais
nemas, shoppings, enfim, em ambientes que poderiam se adequar para que realmente a
inclusão dessas pessoas realmente acontecesse. Essa realidade só será possível quando
A falta da linguagem falada não inibe os surdos de se comunicar entre si e com os ou-
vintes. Cabe aos ouvintes aprender a língua de sinais para facilitar essa comunicação. A
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Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
surdos. Imaginem como deve ser difícil, querer se expressar e dialogar com alguém que
por uma comunidade linguística, ela pode ocorrer de forma oral, escrita ou sinalizada.
Toda língua é estruturada e traz consigo a representação de um grupo, isto é, sua identi-
dade e cultura. A linguagem, por sua vez, pode ser apresentada de diversas formas, sem
Pode, ainda, realizar-se por intermédio da música, dança, gestos, pintura, poesia, enfim
Toda língua pode ter diversas formas de linguagem, então, a linguagem pode representar a
interação das línguas e a união das pessoas via comunicação. Vale salientar, que conhecer
uma língua, não representa se apropriar de uma linguagem. Como, por exemplo, os autistas
não verbais, já que muitos deles conhecem a língua de seu país e a utiliza para nomear coisas e
objetos, porém não conseguem estabelecer comunicação para expressar desejos e opiniões.
67
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
Diante de diversos aspectos sobre a linguagem, abordaremos, num primeiro momento, o as-
pecto visual, nesta esteira, a linguagem visual pode ser definida como toda e qualquer forma
de comunicação, que não utiliza recursos verbais, demanda apenas imagens e símbolos. Os
elementos visuais constituem a substância básica daquilo que vemos, são a matéria-prima
de toda informação visual. A linguagem visual objetiva, através de símbolos e gestos, gerar
um significado, um sentimento ou uma ideia, por parte daquele, que visualiza essa imagem.
surdos? Pois bem, com a ausência da rota de aprendizagem sonora, o surdo desen-
volve, com mais propriedade, sua rota visual, quando seu processo de aprendizagem
ocorre, por intermédio da língua de sinais, esta rota visual potencializa-se ainda mais, por
causa da estrutura dos sinais, que consiste em uma modalidade visual e espacial. Para o
e proporcionam, por exemplo, que o verbo andar seja entendido pelo surdo de inúmeras
maneiras, como andar de um animal, andar de uma pessoa vaidosa ou o andar de um pai
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Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
sinal, visualmente, ele se classifica de acordo com o seu sujeito, é neste contexto, e, em
SAIBA MAIS
Entre as diversas atrações do Festival de Verão 2013, que aconteceu durante o Carnaval,
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Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
deve ser a primeira língua a ser aprendida pelo surdo, ao entendermos isso, precisamos
LIBRAS
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Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
LÍNGUA PORTUGUESA
• Gramática
Fonte: A autora
sobre língua de sinais e língua portuguesa, estamos nos referindo a canais comunicati-
vos, totalmente diferentes, com receptores e emisores de mensagens análogos, daí, vem
de aprendizagem dos sinais para os surdos. Diferentemente dos ouvintes, que aprendem
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Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
surdo em uma comudidade surda, para que ele possa interargir. O contato com
outros surdos estimula sua própria produção línguistica, a interação irá acontecer
2. Segundo passo a ser tomado no ensino de libras para a criança surda, é que este
ensino aconteça, por meio de um professor surdo, assim ela aprende a língua de
sinais com seus denominados pares linguisticos, ou seja, aqueles que possem a
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Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
3. O terceiro passo é relacionar aquilo que o surdo já viu e já viveu com a língua de
sinais, quer dizer, dar significado por meio da comunicação. Até que ocorra o
4. O quarto passo é utilizar imagens com o fito de dar siginificado para o significado
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Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
5. Quinto passo incide em dar sentido ao que esta sendo sinalizado, ou melhor, o
Esta explicação pode ser realizada de muitas maneiras, uma delas é mostrar o
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Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
75
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
CONSIDERAÇÔES FINAIS
Para concluir as reflexões e sistematizar os dados apresentados, tecemos algumas con-
siderações. Muitas são as atitudes, que devem ser tomadas no campo da educação dos
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Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
surdos, tal como na educação de todas as pessoas com deficiência, medidas efetivas
para que isso aconteça na vida do surdo, é necessário o reconhecimento coletivo sobre
blicas sejam privadas conhecem a Libras. Esse fator é capaz de comprometer, a comu-
nicação entre professores e alunos surdos que, por ventura, venham a estudar nessas
instituições.
LEITURA COMPLEMENTAR
STROBEL, Karin Lilian. METODOLOGIA DE ENSINO DE LIBRAS – L1. Universidade
Libras/eixoFormacaoPedagogico/metodologiaDeEnsinoEmLibrasComoL1/assets/631/
77
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
Ensinando LIBRAS
em uso, ou seja, estudá-la nas condições reais onde ela é produzida: na comunidade
surda, nas escolas de surdos, nas igrejas, nos meios de comunicação, na internet...
Por isso, é fundamental que o professor esteja em constante interação com o “mundo
surdo”, que veja a si mesmo como membro de uma cultura essencialmente visual, que
se coloque como “modelo linguístico e cultural” ante seus alunos, que, enfim, assuma
ele trabalhará “dialogicamente” com seus alunos e poderá contribuir para a formação de
78
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
comunicativa dos alunos surdos na Educação Básica. Para que este objetivo seja alcança-
do é preciso estipular quais procedimentos de ensino são mais adequados e eficazes, bem
como os recursos que escolheremos para nos auxiliar neste trabalho. Você verá mais sobre
isso na próxima Unidade, que tratará do planejamento. Por agora, vamos nos deter nas
questões relativas ao ensino de LIBRAS em suas várias faces: leitura de sinais e produção
Os estudos atuais sobre o ensino de língua materna ou primeira língua têm privilegiado as
metodologias que priorizam o trabalho com gêneros textuais, ou gêneros discursivos. Por
isso, esta proposta se fundamenta no ensino da língua materna ou primeira língua com
base nas situações reais de vida dos alunos, em enunciados que circulam no contexto
Sintetizamos aqui nosso entendimento sobre língua sinalizada, leitura, escrita e análise
79
Unidade III - Metodologia para Ensino da Língua de
Sinais para Surdos
Leitura
e ao lugar que cada uma ocupa no complexo sistema de relações sociais que caracterizam
a sociedade em que vivemos, marcada por profundas contradições. São estas as muitas
formas de interpretar que possibilitam a manifestação dos sentidos, dos significados, dan-
conceitual necessário à produção escrita. Como quem fala ou escreve deve ter o que falar
A leitura não está restrita à decodificação de símbolos gráficos, mas a todas as formas
de leitura, de todas as linguagens produzidas pelo homem em suas relações com outros
80
UNIDADE 4
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDO
INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, abordaremos as estratégias que compõem o ensino da língua de sinais, qual
multifacetada”, pois abrange vários domínios; é ao mesmo tempo física, fisiológica e psí-
quica; pertence ao domínio individual e social”; dessa forma, não é possível classifica-la em
nenhuma categoria de fatos humanos, uma vez que não se sabe como inferir sua unidade”.
Fiorin (2005), citando Karnopp (1999), a respeito da língua de sinais utilizada pelo sujeito
surdo, indica:
As línguas de sinais não usam sons, mas ninguém pode negar que haja uma organização
nos sinais usados, regras combinatórias para eles (por exemplo, é impossível, em língua
de sinais, um sinal produzido pelas duas mãos com movimentos diferentes; ou as mãos
85
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
a configuração das mãos for diferente, uma está sempre parada, servindo de apoio para a
não possuem estruturas e gramática de língua semelhantes. Nesta lógica, Sacks (1998)
A comunidade surda, assim como outras minorias linguísticas, por muito tempo foi atendida atra-
vés de práticas de ensino, que procuravam impor seu ideal homogêneo para a comunicação.
O bilinguismo veio para defender o caráter heterogêneo que o ensino para surdos requer.
O direito do cidadão surdo de ser educado em sua língua natural, a LIBRAS, e ter acesso
à língua portuguesa como segunda língua, passou a ser garantido perante a lei.
86
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
surdos, poucos são surdos puros , trazem consigo comorbidades , “os obstáculos en-
ouvintes, estes podem enfrentar muitas barreiras com uma criança surda, que ainda se
então, planejar suas propostas de trabalho. Para tanto, é fundamental que este tradutor
1. Configuração das Mãos consistem nas formas que as mãos tomam na realização
do sinal.
87
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
dar representatividade ao sinal de estar para cima, para baixo, dentro ou fora, para
um lado ou outro.
Os sinais são formados a partir da configuração das mãos, do movimento das mãos e
representam outro fator importante, visto que contribui para coerência na comunicação.
88
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
As línguas de sinais apresentam, como qualquer outra língua natural, todos os aspectos
mente não têm significado (fonemas), sendo necessária a combinação entre eles
Estas características comprovam, mais uma vez, que a língua de sinais, sofre variações,
que consistem em diversas formas de se referir a um objeto, alimento, entre outros, sem
Castilho (2010, p. 197) explica que, para estudar a variação linguística, é necessário sele-
89
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
Assim, entendemos que o homem, devido a suas próprias necessidades adquiriu, nos
primeiros anos de vida, a língua correspondente ao seu ambiente familiar e cultural. Todos
embora, o ato comunicativo, por si só, não garanta o aprendizado do aluno surdo. Outro
crita, sem trazer recursos de acesso para os discentes surdos, obrigando aos mesmos
os professores e os alunos são integrantes da dinâmica das relações sociais; tudo o que
acontece no meio escolar está atravessado por influências econômicas, políticas e culturais
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Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
do aluno surdo, primeira língua, e outra, na segunda língua, no caso do Brasil, a língua
zagem cultural. Dentre a lista de funções, apresentada por Libâneo (1994), destacam-se
assegurar a unidade e a coerência do trabalho docente, uma vez que torna possível inter-
(para que ensinar), os conteúdos (o que ensinar), os alunos e suas possibilidades (o que
ensinar) e a avaliação, que está intimamente relacionada aos demais. [...]. Facilitar a pre-
paração das aulas: selecionar o material didático em tempo hábil, saber que as tarefas
professor e alunos devem executar, replanejar o trabalho frente a novas situações que
O ato de planejar, como apresentado por Libâneo (1994), reclama um ser flexíveis com
aquilo que precisamos construir, a partir do que é existente dos alunos e que o material
possa ser utilizado, conforme as suas necessidades. É importante destacar, que a intenção
91
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
estabelecer um modelo único para este processo de ensino dos surdos, almejamos ape-
Avaliação: o que o aluno deve ter aprendido sobre o conteúdo. (LIBANEO, 1994, p. 45).
Seguindo estas etapas, apresentaremos dois planos de aula (Quadros 2 e 3), nestes,
quenta as séries iniciais e, que, ainda não se apropriou da língua de sinais, como meio de
PLANO DE AULA 1
Tema: Animais domésticos
Disciplina: Ciências
Série: 1º ano do ensino fundamental
• Apresentar os principais animais domésticos do meio urbano;
Atividade:
• Brincadeira de quem sou eu.
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Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
PLANO DE AULA 1
1. Apresentar imagens de animais domésticos mais comuns (cachorro,
coelho, gato, pássaros, peixe, rato/rameaste), verificar a reação do aluno
durante a apresentação e analisar se ele utiliza sons ou gestos para
simbolizar o animal
Metodologia:
93
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
PLANO DE AULA 1
Metodologia:
94
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
PLANO DE AULA 1
4. Brincadeira de quem sou eu: cada aluno deve pegar uma imagem se
direcionar e ficar na frente de um colega, e perguntar quem sou eu? Sem
mostrar a imagem, o aluno que perguntou deve começa a gesticular
Metodologia:
características do animal da figura que pegou (jeito de andar, tipo do pelo,
tipo do rabo...) o outro aluno deve adivinhar qual é o animal da figura e
sinalizar corretamente o nome do animal.
Recursos: 5. Fotos e ou imagens de animais verdadeiros.
6. Apresentação do sinal com parâmetros corretos e inserção do mesmo na
Avaliação:
comunicação.
PLANO DE AULA 2
Tema: Escola
Disciplina: Língua Portuguesa
Série: 1º ano do ensino fundamental
Atividade: • Nomeação e indentificação dos objetos da sala de aula
95
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
PLANO DE AULA 2
1. Apresentar os objetos que existem na sala de aula.
Metodologia:
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Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Encerramos nossos estudos, destacando a importância do conhecimento estrutural da
língua, além dos saberes de a libras ter uma gramática constituída, a partir de elementos
princípios básicos gerais. Estes princípios são usados na geração de estruturas linguísti-
implícitos e sentidos metafóricos, ironias e outros significados não literais. Estes princípios
regem também o uso adequado das estruturas linguísticas da LIBRAS, isto é, permitem,
aos seus usuários, usar estruturas nos diferentes contextos que se lhes apresentem, de
LEITURA COMPLEMENTAR
CABRAL, Rosangela de Melo. CÓDULA, Eduardo Beltrão. Os desafios no processo de
97
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
A Educação Inclusiva tem sido um dos temas mais discutidos na área educacional na
atualidade; entretanto, apenas “discutir” educação nesse processo de inclusão nada tem
dificultando o trabalho docente, aceitando profissionais sem formação superior para dar
Os profissionais da Educação, por sua vez, geralmente não encontram parceria fami-
escola e suas práticas pedagógicas, rompendo com os modos lineares do pensar e agir
98
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
Esses processos devem ser estabelecidos dentro da escola com a equipe de apoio.
Deve-se também enfatizar a importância da colaboração com os pais, que nesse caso
2007).
99
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
bilíngue e os desafios que enfrenta para garantir ao aluno com necessidades educacio-
soas. É por meio da linguagem que o homem estrutura seu pensamento e se comunica
com as pessoas, utilizando-a em dois processos: o verbal e o não verbal (BRASIL, 2006).
Crianças surdas e ouvintes aprendem a língua de forma semelhante e num mesmo es-
paço de tempo. No entanto, é certo que há diferenças individuais encontradas nos tipos
procuram criar e desenvolver alguma forma de linguagem, mesmo quando não tenham
Sendo assim, crianças surdas não desenvolvem a língua oral-auditiva justamente por não es-
tarem em contato com ela naturalmente, por causa da surdez (SILVA, 2015). Em um ambiente
linguagem oral, ainda que ela não apresente nenhum problema fonológico (HONORA, 2015).
100
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
Segundo MILANEZ et al. (2013), a educação para surdos se caracteriza a partir de dois
sinais, como sistema simbólico, é considerada específico ao indivíduo surdo, que, por
da criança surda com o meio social, inserindo-a no universo escolar, ajudando a construir
ções para que o alfabetizando seja capaz de ler, escrever e fazer uso real e adequado da
escrita com todas as suas funções (ARAÚJO, 2014; SIQUEIRA, 2012). É a partir dessa
necessidade que a criança vai construindo formas cada vez mais elaboradas de repre-
101
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
O bilinguismo é reforçado pela teoria de que o surdo deve ser bilíngue, ou seja, deve
adquirir como língua materna a língua de sinais, a língua natural dos surdos, e, como
Brito (2002) aponta uma questão para a adoção do bilinguismo, ou melhor, da educação
da Língua Brasileira de Sinais – Libras como o único meio, e somente ele, de comunica-
A aprendizagem de surdos e ouvintes acontece em uma sala de aula de acordo com o ritmo,
de um aluno ouvinte, visto que o aluno com deficiência auditiva utilizará pistas auditivas e
articulatórias para a construção da escrita. Entretanto, o professor (a) deve dispor de muito
mais recursos didático-pedagógicos quando se trata de uma turma com surdos e ouvintes,
102
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
suas capacidades como ser humano (BUENO, 1993; HONORA; FRIZANCO, 2009).
preconiza que “a Educação Especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos
orientar quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas co-
Ainda de acordo com a Política, o atendimento educacional especializado “tem como fun-
ção oferecer acessibilidade que elimine as barreiras para a plena participação dos alunos,
Uma das etapas mais importantes na vida escolar das crianças é a alfabetização (OLIVEIRA,
uma nova etapa, conhecendo novos caminhos, entrando efetivamente no mundo da leitura
e escrita (ARAÚJO, 2014; LUCCAS et al., 2012; SIQUEIRA, 2012; SOUZA, 2014). Porém
esta é uma fase complexa, em que as crianças costumam sentir muitas dificuldades,
103
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
a leitura e a escrita representam como também saber representar graficamente essa lin-
No entanto, a apropriação da escrita pelos surdos acontece de forma diferente, já que eles
possuem impedimento auditivo, o que torna a aprendizagem da escrita mais difícil, mes-
mo que ambas sejam visuais – Libras e escrita do português – porém com estruturas de
corpo – e o movimento das mãos para dar significado, intensidade e sentido à sua lingua-
gem (FERNANDEZ; ROMEIRO, 2016; SILVA, 2016). Isso não ocorre com a criança ouvinte,
para a construção das palavras até desenvolver a total oralidade e escrita (FARIA, 2011).
O processo de aprendizagem da escrita por meio de estímulos visuais faz com que esse
processo tenha mais sentido para a pessoa surda (FARIA, 2011). A Libras é o elemento
indispensável para que essa apropriação aconteça com sucesso, pois é a língua que dará
o subsídio necessário, visto que ela é a língua natural da pessoa surda (MICHELS, 2011).
104
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
co para os alunos com surdez incluídos na escola comum. Ele ocorre no horário contrário
mente surdo). Inicialmente é feito o diagnóstico do aluno, quando o atendimento será pla-
nejado a partir dos conhecimentos que o aluno tem sobre Libras (DAMÁZIO, 2007, p. 32).
fessor realize estudos e pesquisas dos termos técnico-científicos das diferentes áreas do
conhecimento (MILANEZ et al., 2013). Sua sistematização visa ampliar o léxico da Libras
105
Unidade IV - Plano de Aula da L1 para Surdos
De acordo com Michels (2011), a Educação Especial tem sido o ponto central para a
Muito se tem cobrado para a formação do professor de Educação Básica para que te-
nha acesso à Libras e realize a inclusão do aluno (a) surdo (a) no ensino regular (ALVES,
2009). Porém a educação continuada não é exigida para os docentes dos demais níveis
(IT), que estão formando os profissionais que estarão atuando na Educação Básica, seja
diretamente com o alunado na sala de aula, seja de forma indireta como apoio às ativida-
Brito (2012), em seu estudo, enfatiza a importância da escolha, pelo professor, do méto-
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de solucionar possíveis “faltas” desde a formação inicial dos professores que já atuam
em seus cursos específicos, para que estejam verdadeiramente preparados para exercer
mação dos professores pode se dar por intermédio da formação continuada. Não há
possuem em suas salas alunos considerados com deficiência: para atuar na Educação
Especial, o professor deve ter como base sua formação, inicial e continuada, conheci-
nos núcleos de acessibilidade das instituições de educação superior, nas classes hospi-
talares e nos ambientes domiciliares, para a oferta dos serviços e recursos de Educação
Portanto, é preciso haver intervenção nos sistemas de ensino, no sentido de fazer cum-
prir as exigências da legislação vigente, tanto nas adaptações físicas quanto em outros
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dessa escola, já que o indivíduo não estará apenas dentro de sala de aula. [...] Alguém
tem por obrigação treinar esses profissionais. Não adianta cobrar sem dar subsídios sufi-
cientes para uma boa adaptação desse indivíduo na escola. Essa preparação com todos
escolar para a necessidade da inclusão de uma clientela que tem seus direitos garantidos pela
Constituição, como deve acontecer com todo cidadão (ALMEIDA, 2011; PACHECO, 2007).
A prática docente precisa também ser estudada dentro das universidades; é preciso que,
Estudos como os de Alves (2009), Bueno (1993), Honora (2015) e Pacheco (2007) têm
de licenciatura, pois o processo deve-se iniciar não apenas na escola, com o professor já
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em atuação, mas também nos IES e IT, tanto para realizar o processo de inclusão como
fundamental que o professor consiga lidar de forma dinâmica com as duas línguas, que,
nesse caso, trata-se da sua língua oficial e da língua de sinais, a fim de escolher métodos
exigências básicas da educação (BRITO, 2012; 2015; FARIA, 2011; OLIVEIRA, 2011;
com base na pesquisa aqui realizada, os resultados evidenciam que professores ainda não
à ausência da aplicação das políticas públicas e de uma formação que se adéque a essa
público e privado nas diversas esferas e níveis de ensino do sistema educacional nacional. [...]
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Referências
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de línguas de sinais. Rio de Janeiro:
FEZA, Aline Pedro. Aquisição da linguagem escrita. São Paulo. Clube dos autores. 2013.
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SACKS, O. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo: Cia das
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____. Psicologia Pedagógica. Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes,
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