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Mariana Isidoro de
Alencastro
Revisão técnica:
Joelma Guimarães
Graduada em Pedagogia — ênfase em Educação Infantil
Especialista em Alfabetização
Especialista em Administração, Orientação
e Supervisão Escolar
Especialista em Educação Infantil
Mestre em Educação
ISBN 978-85-9502-459-5
CDU 378
Introdução
Desde os primórdios da humanidade há registros de pessoas “diferentes”,
ou seja, aquelas que estavam fora dos padrões da sociedade. Eram con-
sideradas dentro da normalidade aquelas pessoas com estatura similar
aos outros, com todos os membros, com capacidade de ver, ouvir, falar,
pensar e de procriar a espécie. Todas aquelas que não faziam parte desse
padrão eram consideradas “anormais”.
Tudo isso envolve as percepções da sociedade, como os conceitos de
ética e moral, que estão ligadas à época vivenciada. Associam-se também
os valores culturais e religiosos como influência. Dentro do contexto
religioso há registros de que na trajetória educacional dos surdos, os
padres, monges e frades tiveram um papel importantíssimo, pois eles
passaram a ensinar os surdos e as pessoas com deficiência. Essa ação dos
religiosos fez com que se iniciasse uma nova era na história dos surdos,
pois deu-se os primeiros passos para a integração em sociedade com o
objetivo de oportunizar o acesso à educação e ao trabalho aos surdos.
Na Grécia antiga, na qual se cultuava o corpo e a beleza física, as
pessoas com deficiência eram afastadas da sociedade, sendo privadas
do convívio social e posteriormente atiradas ao rio Tibre. Segundo Sil-
veira (2012), as pessoas com deficiência eram vistas como um perigo à
sociedade, já que eram incapacitadas de procriar a própria espécie. Em
74 História da educação de surdos
Metodologia oralista
Entre 1930 e 1947, o doutor Armando Paiva Lacerda desenvolveu sua meto-
dologia com base na oralização, a qual nomeou de pedagogia emendativa.
Acreditava-se que a oralização era a única forma de inserir o surdo na socie-
dade. O processo pelo qual uma sociedade expulsa alguns de seus membros
obriga a que se interrogue sobre o que, em seu centro, impulsiona essa dinâmica
(CASTEL, 1998 apud QUADROS, 2006, p. 14).
Comunicação total
Em 1970, conheceu-se a terminologia comunicação total. A educadora Ivete
Vasconcelos a trouxe para o Brasil, pois lecionava para surdos na universi-
dade de Gallaudet e a utilizava. Algumas décadas após a breve passagem
de Vasconcelos pelo território brasileiro, começou a ser difundido no país o
bilinguismo. As pesquisas realizadas na área da linguística pelas educadoras
Lucinda Ferreira Brito e Eulália Fernandes foram um grande incentivo para
o desenvolvimento e a difusão da educação de surdos no Brasil.
Com o passar dos anos, a oralização foi perdendo a força no processo de
ensino e aprendizagem dos surdos. Atualmente, nas escolas especiais para
surdos não é utilizada a oralização; no entanto, algumas escolas disponibilizam
o tratamento com fonoaudiólogo para as técnicas de oralização para aqueles
que desejam “falar”. Nas escolas de hoje em dia, a LSB é fundamental para
o aprendizado dos surdos, respeitando sempre as peculiaridades da língua e
da cultura da comunidade surda.
Bilinguismo
Em meados da década de 1980, surge o bilinguismo no Brasil. Muitos pesqui-
sadores linguistas começaram a estudar e a discutir sobre esse novo método
de ensino para surdos. Esta proposta reconhece o sujeito surdo e seu idioma, a
língua de sinais; além disso, essa prática educacional proporciona percepções
mentais, cognitivas e visuais e tem capacidade para analisar os conceitos de
modo subjetivo e objetivo sobre as informações recebidas, respeitando as
caraterísticas e regras gramaticais do idioma.
A declaração de Salamanca é considerada um dos principais documentos
mundiais, pois visa à inclusão social, consolidando a educação inclusiva e
tendo sua origem atribuída aos movimentos de direitos humanos. Uma das
implicações educacionais orientadas a partir da declaração de Salamanca
refere-se à inclusão na educação (FERREIRA, 2007).
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https://goo.gl/aJbxeD
Leituras recomendadas
FENEIS. Site. [S.l.]: FENEIS, c2017. Disponível em: <http://www.feneis.org.br/>. Acesso
em: 30 set. 2012.
FERREIRA BRITO, L.; FERNANDES, E. A aquisição do português por surdos sob uma
perspectiva semântico-pragmática. In: CONGRESSO DA SIPLE – DESAFIOS E RESPOSTAS
PARA O ENSINO DE PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA, 3., 2007, Brasília. Anais...
Brasília: UnB, 2007.
HONORA, M.; FRIZANCO, M. L. Livro ilustrado de língua brasileira de sinais: desvendando
a comunicação usada pelas pessoas com surdez. São Paulo: Ciranda Cultural, 2009.
MANZINI, E. J. Considerações sobre a elaboração de roteiro para entrevista semi-estru-
turadas. [S.l.: s.n., 2000?].
MANZINI, E. J. Entrevista semi-estruturada: análise de objetivos. In: MARQUEZINE,
M.C.; ALMEIDA, M.A; OMOTE, S. (Org.). Colóquios sobre pesquisa em educação especial.
Londrina: UEL, 2003, p. 11-25.
PERLIN, G.; MIRANDA, W. Ponto de vista: processos inclusivos em diferentes espaços
educativos. 5. ed. [S.l.: s.n.], 2003.
QUADROS, R. M. Estudos surdos I, parte A. [S.l.]: Editora Arara Azul, 2006.
QUADROS, R. M. Estudos surdos I, parte B. [S.l.]: Editora Arara Azul, 2006.
VILHALVA, S. Pedagogia surda. Petrópolis: Arara Azul, [2000?]. Disponivel em: <http://
www.editora-arara-azul.com.br/pdf/artigo8.pdf>. Acesso em: 30 set. 2012.
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