Você está na página 1de 1

INTRODUÇÃO A LIBRAS Huet, e o convite era para que o francês iniciasse a

O QUE É LIBRAS – LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS educação de surdos aqui. Ernest Huet era surdo desde os
seus 12 anos de idade e adepto do método de Charles
A Federação Nacional de Educação e Integração de Michel de l’Épée. Sua atuação no Brasil iniciou-se
Surdos – FENEIS define a Língua Brasileira de Sinais – quando foi fundado, em 1857, o Imperial Instituto dos
Surdos-Mudos, instituição que atualmente é conhecida
Libras como a língua materna dos surdos brasileiros e, como Instituto Nacional de Educação de
como tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa Surdos ou Ines.
interessada pela comunicação com esta comunidade.
Como língua, está composta de todos os componentes O francês foi o diretor do colégio entre 1857 e 1861, e o
pertinentes às línguas orais, como gramática, semântica Instituto Imperial dos Surdos-Mudos só recebia alunos
em regime de internato do sexo masculino. O trabalho de
pragmática, sintaxe e outros elementos preenchendo,
Huet permitiu que uma língua de sinais própria de nosso
assim, os requisitos científicos para ser considerado país fosse desenvolvida, e a atual Libras surgiu mediante
instrumento linguístico de poder e força. Possui todos a junção de sinais da língua francesa com sinais
elementos classificatórios identificáveis numa língua e utilizados pelo abade L’Épée. Esse sistema de ensino
demanda prática para seu aprendizado, como qualquer implantado por Huet no Brasil predominou até o começo
outra língua. (...) do século XX.
Segundo Sánchez (1990) a comunicação humana “é Isso porque, em 1880, foi realizado o Congresso de
essencialmente diferente e superior a toda outra forma de Milão, na Itália, e lá ficou definido que a educação dos
comunicação conhecida. Todos os seres humanos nascem surdos deveria ser realizada por meio da oralização, isto
com os mecanismos da linguagem específicos da espécie, é, pela fala. Assim, os sinais ficaram proibidos de ser
e todos se desenvolvem normalmente, independentes de utilizados e as línguas de sinais que existiam foram
qualquer fator racial, social ou cultural”. Uma colocadas como “inferiores”, sendo obrigação o ensino
utilizar-se dos idiomas nacionais. Apesar disso, os sinais
demonstração desta afirmação se evidencia nas línguas
continuaram sendo utilizados pelos surdos.
oral-auditiva (usadas pelos ouvintes) e nas línguas viso-
espacial (usadas pelos surdos). As duas modalidades de Essa tendência seguiu em nosso país até a década de
línguas são sistemas abstratos com regras gramaticais. 1970, quando o Brasil começou a valer-se da filosofia da
Entretanto, da mesma forma que as línguas orais-auditivas comunicação total. Essa metodologia educacional
não são iguais, variando de lugar para lugar, de acredita que a oralização apenas não é capaz de garantir
o desenvolvimento educacional pleno do aluno surdo,
comunidade para comunidade a língua de sinais também sendo necessário mesclar o oralismo com outros
varia. recursos, como a língua de sinais. Assim, passou-se a
A Língua Brasileira de Sinais não é a língua de um país, mas, é acreditar que o aluno surdo deve desenvolver-se
a língua de um povo que se autodenomina de Povo Surdo. Os no bilinguismo, aprendendo o português e a Libras.
surdos deste povo são pessoas que se reconhecem pela ótica
cultural e não medicalizada possuem uma organização política A partir da Nova República, sobretudo depois da virada
de vida em função de suas habilidades, neste caso a principal é do século XXI, a comunidade surda conquistou
a habilidade visual, o que gera hábitos também visuais e uma importantes direitos. Uma conquista muito importante
língua também visual. deu-se com a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que
No entanto, a palavra – surdo – possui vários sentidos. O determinou que a Libras deve ser reconhecida
mais usado é aquele ligado à idéia de doença, de falta, de como meio legal de comunicação e expressão da
incapacidade, de deficiência. Nem todos os surdos se comunidade surda brasileira e que o poder público
identificam como surdos há aqueles que ouvem pouco deve fornecer meio para o uso e difusão da Libras no
e/ou usam a oralidade indentificando-se como deficiêntes Brasil.
auditivos, outros com o mesmo histórico preferem
No âmbito educacional, a educação de todos os
indentificar-se como surdo, logo não se tem uma
brasileiros foi reconhecida como um direito
definição exata do termo.
na Constituição de 1988, que abriu espaço para que leis
fossem regulamentadas para garantir o acesso do surdo a
A LIBRAS NO BRASIL
uma educação pública e de qualidade. Assim, por
No Brasil, a educação dos surdos e o surgimento exemplo, ao aluno surdo ficou garantido, por lei, o
da Libras, tem ligação com d. Pedro II, imperador entre direito de um acompanhamento especializado.
1840 e 1889. Em 1855, d. Pedro II convidou para o
Brasil um professor francês que se chamava Ernest

Você também pode gostar