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TRABALHO DE LIBRAS

Prof: karianny Gerotto


Acadêmica: Simoni Nieri

1. A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é considerada uma Língua ou uma


Linguagem de sinais? Porque?

2. Quando se refere a comunidade surda, se diz que existe uma cultura surda.
Que cultura surda seria essa, todos os surdos estão nesta cultura? Somente
surdos podem fazer parte desta cultura?

3. Qual a relevância da aplicação da disciplina de Libras para sua formação?

A Língua Brasileira de Sinais, conhecida amplamente por Libras, é usada por


milhões de brasileiros surdos e também ouvintes. De acordo com o IBGE, há mais de
dez milhões de pessoas com alguma deficiência auditiva no Brasil. A educação de
surdos no país que resultou na criação da Libras remonta à instalação da primeira
escola para surdos no século XIX.
O desenvolvimento de políticas de inclusão para a comunidade surda fez com que,
em 2002, a Libras fosse reconhecida como língua oficial durante o governo de
Fernando Henrique Cardoso, pela Lei nº 10.436. Isso foi resultado de ampla
mobilização da comunidade surda na luta pela ampliação de seus direitos.

Origem da língua de sinais

A comunicação usando as mãos era uma realidade na Pré-História, mas, aos


poucos, foi substituída pela oralidade, pois as mãos começaram a ficar ocupadas pelo
manusear das ferramentas. Por causa da predominância da língua oral, os surdos
começaram a ser excluídos do convívio humano.
Na Grécia Antiga, os surdos não eram considerados seres humanos competentes,
pois, para os gregos, sem fala, não havia linguagem e nem conhecimento, por isso os
surdos eram abertamente marginalizados. Na Roma Antiga, os surdos também eram
privados de seus direitos e não podiam fazer seus testamentos.
Na Idade Média, por sua vez, até o século XII, a Igreja Católica considerava que a alma
dos surdos não era imortal, pois eles não podiam pronunciar os sacramentos. Foi
somente na Idade Moderna que surgiu o primeiro professor de surdos: Pedro Ponce de
León, um monge beneditino nascido na Espanha.
Pedro Ponce ensinava seus alunos a falar, ler e escrever para que eles pudessem
garantir suas heranças e, com isso, mostrou que os surdos eram capazes de aprender.
Esse monge beneditino conseguiu criar um manual que ensinava escrita e técnicas de
oralização, sendo capaz de ensinar surdos a falar diferentes idiomas.
Outras contribuições importantes foram dadas por Juan Pablo Bonet e por John
Bulwer, por exemplo. Bulwer é considerado um dos primeiros a defender o uso de
sinais gestuais para a criação de uma língua para surdos.
O grande nome no desenvolvimento de uma língua de surdos foi o do professor francês
Charles-Michel de l'Épée. Ele era um abade francês que se dedicou à educação dos
surdos com o objetivo de poder educá-los de acordo com os princípios do cristianismo.
Os especialistas do assunto dão a ele o título de “pai dos surdos” e afirmam que ele foi
o primeiro a criar, na segunda metade do século XVIII, um alfabeto de sinais para
alfabetizar surdos. Ele utilizou esse alfabeto para ensinar seus alunos surdos na escola
criada por ele em 1755.

Origem da Língua Brasileira de Sinais

A Língua de Sinais Francesa, desenvolvida a partir do método desenvolvido pelo


mencionado abade l'Épée, teve grande importância na consolidação da Língua
Brasileira de Sinais. Isso porque a Libras foi criada com base no método criado pelos
franceses no século XVIII.
Aqui no Brasil, o pioneiro na educação de surdos foi o professor francês Ernest Huet,
que se mudou para o Brasil em 1855 a convite do imperador d. Pedro II. Aqui no Brasil,
Huet esteve por trás da criação da primeira escola voltada para a educação de surdos,
o chamado Imperial Instituto de Surdos-Mudos.
Esse instituto foi criado por meio da Lei nº 839, de 26 de setembro de 1857, e
recebia, em regime de internato, apenas alunos do sexo masculino. O professor
francês, que também era surdo, lecionava e ocupava a direção da escola. Em 1861, no
entanto, Huet abandonou a direção do instituto e foi para o México.
Foi por meio de Huet que a Língua de Sinais Francesa foi trazida para o Brasil e foi por
meio dela que se estabeleceram as bases para a formulação de uma língua de sinais
própria do Brasil. A Libras foi consolidada a partir de sinais que já eram utilizados no
Brasil, juntamente à influência da Língua de Sinais Francesa e aos sinais criados por
L’Epée, chamados de “sinais metódicos”.
O sistema de ensino de Huet, que se baseava na utilização de sinais, teve sua
difusão parcialmente prejudicada aqui no Brasil por causa de uma decisão tomada no
Congresso de Milão, em 1880. Esse congresso determinou a proibição, na Europa, do
uso de sinais e determinou que a educação de surdos deveria acontecer apenas por
meio da oralização.
Essa decisão foi muito criticada e, na época, baseou-se em uma crença dos
delegados desse evento sobre uma possibilidade de cura para a surdez. Assim, foi
proibida a utilização de sinais em detrimento de uma educação baseada na oralização.
Apesar disso, a utilização de gestos na educação de surdos permaneceu sendo
utilizada.
Em 1911, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (antigo Imperial Instituto de
Surdos-Mudos) decidiu adotar a determinação do Congresso de Milão aqui no Brasil e
determinou que o oralismo puro deveria ser a única forma de educação dos surdos no
país.
A partir de então, a educação dos surdos por meio da língua de sinais foi
marginalizada, mas, mesmo assim, continuou sendo utilizada, uma vez que existia
grande resistência dos alunos surdos em serem educados apenas por meio do
oralismo puro.
Foi somente no final da década de 1970 que passou a ser utilizado um método
chamado Conhecimento Total, caracterizado pela utilização da língua de sinais,
linguagem oral e outros meios utilizados na educação de surdos e entendidos como
métodos que facilitavam a comunicação.
Nas décadas de 1980 e 1990, grupos em defesa da comunidade surda começaram a
se organizar e a exigir do governo brasileiro uma proposta de inclusão maior e mais
democrática para os surdos brasileiros. Nesse contexto, a língua de sinais ainda não
era entendida nacionalmente como uma língua.
A mobilização em torno da ampliação dos direitos dos surdos no Brasil resultou em
uma primeira grande conquista com a Constituição de 1988, uma vez que o texto
garante a educação como um direito de todos e também dá direito a atendimento
educacional especializado na rede regular de ensino.
Outros avanços aconteceram por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, de 1996 (Lei nº 9.394/96), e da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. A
Libras, porém, só foi reconhecida como língua a partir da citada Lei nº 10.436, que
determinou o seguinte:
Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira
de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de
comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora,
com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de
ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Essa lei foi regulamentada poucos anos depois por meio do Decreto nº 5.626, de
22 de dezembro de 2005. O conjunto dessas leis garantiu grandes avanços para o
Brasil na inclusão da comunidade surda, uma vez que estabeleceu o ensino de Libras
como parte da formação de professores no país, garantiu acesso a profissionais
especializados para atender esse público etc.

Principais características da Libras

A Libras é, ou deveria ser, a língua materna do surdo brasileiro, isto é, a primeira


língua com a qual ele tem contato. Ao contrário da língua portuguesa da modalidade
oral-auditiva, que tem como canal a voz, a Libras está diretamente ligada a movimentos
e expressões faciais para ser compreendida pelo receptor da mensagem.
Uma frase negativa, por exemplo, será interpretada graças ao movimento da
cabeça, e uma pergunta será entendida como questionamento pela expressão facial de
dúvida. Tais expressões faciais podem ser consideradas complementos dos sentidos
das frases ditas em Libras e, por isso, essa língua pertence à modalidade gestual-
visual.
Um dos principais aspectos que classificam a Libras como uma língua é a sua
organização gramatical própria. As suas estruturas frasais, por exemplo, não
obedecem à estrutura da língua portuguesa. Construções das orações em Libras são
mais objetivas e flexíveis, mesmo que, em sua maioria, sigam o padrão sujeito-verbo-
objeto. Por exemplo, a frase “Eu vou ao cinema hoje logo mais à noite”, em Libras pode
ser transmitida como “Eu-cinema-hoje-noite” ou “Hoje-noite-cinema”.
Outro ponto importante é que, na Libras, cada palavra possui um sinal próprio e,
quando ainda não há um sinal, podemos identificá-la com ajuda da datilologia, ou seja,
com a soletração por meio do alfabeto em Libras.

Curiosidades sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras

A Libras não é universal, cada país possui a sua própria língua de sinais.
O termo 'surdo-mudo' não existe mais, pois os surdos podem aprender a falar se
forem submetidos a técnicas de oralização. Por isso, o correto é dizer apenas surdo.
Na comunidade surda, cada pessoa recebe um sinal próprio. Esse sinal costuma ser
algo relacionado à aparência física, como cabelos longos, uma cicatriz ou até mesmo
aparelho em um dos ouvidos.

Libras: língua ou linguagem

Ao contrário do que muitos acreditam, a Libras não é uma linguagem, e sim uma
língua, pois é falada por um povo, possui regras, estruturas, sintaxe, semântica e
pragmática próprias e bem definidas. Já a linguagem é o mecanismo usado para
transmitir nossas ideias e pode ser tanto de forma verbal quanto não verbal.

Diferença entre língua e linguagem

O Dia Nacional do Surdo é comemorado em 26 de setembro em homenagem à


fundação da primeira escola de surdos no Brasil, que ocorreu no ano de 1857, no Rio
de Janeiro, e que hoje é o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines). Além do
Dia Nacional do Surdo, a comunidade surda tem outras datas importantes para
celebrar durante o mês e, com isso, temos o Setembro Azul.
01 de setembro: aniversário da Lei nº 12.319, que regulamenta o exercício da
profissão de tradutor e intérprete da Língua Brasileira de Sinais.
10 de setembro: Dia Mundial da Língua de Sinais, data que faz alusão ao congresso
sobre surdez em Milão, que ocorreu em 10 de setembro de 1880, em que o uso da
língua de sinais foi proibido em todo o mundo. Ao longo do tempo, a data foi
considerada marcante por causa da resistência da comunidade surda em permanecer
usando a língua de sinais.
30 de setembro: Dia Internacional do Surdo e Dia do Tradutor/Intérprete.

Lei da Acessibilidade

No Brasil, existem diferentes leis e decretos que tratam da acessibilidade de


pessoas com deficiência. No caso dos surdos, duas leis podem ser consideradas como
referência. A Lei da Acessibilidade, de 19 de dezembro de 2000, por exemplo, define
que o poder público deve garantir às pessoas com deficiência auditiva o direito à
informação, por meio da eliminação de qualquer barreira que possa impedir a
comunicação, e deve promover a formação de intérpretes de Libras.
A Lei n º 10.436, de 2002, conhecida como Lei da Libras, reconhece a Libras como
língua natural dos surdos e coloca como dever dos órgãos públicos apoiar e difundir a
Libras e promover a língua em cursos de licenciatura e fonoaudiologia. Além disso, a lei
também visa a garantir que o sistema de saúde ofereça atendimento adequado aos
surdos.

A relevância da aplicação de Libras para enfermagem

O profissional de enfermagem deve humanizar a assistência e para isso, deve se


preocupar com a relação de dialogicidade entre ambas as partes. Para que esse
propósito possa ser realizado é necessário haver suporte técnico e científico que
habilite a compreensão do universo linguístico, social e cultural do surdo, assim como
conhecer a técnica utilizada para a comunicação.
É importante que possamos compreender as formas de comunicação e a linguagem.
O enfermeiro deve dominar a linguagem para que no atendimento a pessoas surdas
possa haver assertividade na comunicação e cuidado. Um passo importante para tal
proposição é iniciar o conhecimento de Libras.
O alfabeto manual não é a única forma de expressão na formação de sentido. Vários
sinais representam atividades que apresentam movimentos, condição temporal,
valorização verbal, proposição de atividades e entre outros. Diversas expressões
podem ser aprendidas pelo enfermeiro para comunicação efetiva no atendimento.
Compreender a Linguagem Brasileira de Libras é muito importante.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SILVA, DANIEL NEVES. "Língua Brasileira de Sinais (Libras)"; Brasil Escola.


Disponível em:< https://brasilescola.uol.com.br/educacao/lingua-brasileira-sinais-
libras.htm>. Acesso em 10 de junho de 2021.

Disponível em:< https://pebmed.com.br/qual-e-a-importancia-do-conhecimento-


libras-por-enfermeiros>. Acesso em 15 de junho de 2021.

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